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Autora: Profa. Giusepina D’Amico Lopes Colaboradores: Prof. Ricardo Scalão Tinoco Prof. José Carlos Morilla Estudos Ambientais e Saneamento Urbano Professora conteudista: Giusepina D’Amico Lopes Engenheira civil com habilitação em Engenharia Sanitária pela PUC-Campinas e mestre em Saneamento e Meio Ambiente pela Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp. Como professora do Ensino Superior desde 2000, ministrou aulas na Universidade São Judas Tadeu e no Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa. Atualmente, é professora adjunta da UNIP. No curso de Engenharia Civil da UNIP, ministra as seguintes disciplinas: Hidráulica e Hidrologia, Sistema de Tratamento de Água e Esgoto e Estudos Ambientais e Saneamento Urbano. A partir de 2011, assumiu a coordenação do curso de Engenharia Civil dos campi Jundiaí e Limeira do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas da UNIP. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) L864e Lopes, Giusepina D’Amico. Estudos Ambientais e Saneamento Urbano / Giusepina D’Amico Lopes. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 112 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Recursos naturais. 2. Abastecimento de água. 3. Saneamento. I. Título. CDU 628 W504.67 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Vitor Andrade Lucas Ricardi Sumário Estudos Ambientais e Saneamento Urbano APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 CONCEITO DE ECOSSISTEMA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CRESCIMENTO URBANO ......................................................................................................................................9 1.1 Conceito de ecossistema ......................................................................................................................9 1.1.1 Ecossistema terrestre............................................................................................................................. 10 1.1.2 Ecossistema urbano ............................................................................................................................... 12 1.1.3 Ecossistema primitivo ........................................................................................................................... 13 1.1.4 Ecossistema rural .................................................................................................................................... 14 1.2 Desenvolvimento sustentável ......................................................................................................... 14 1.3 Crescimento urbano ............................................................................................................................ 15 2 RECURSOS NATURAIS ................................................................................................................................... 20 2.1 Recursos naturais renováveis .......................................................................................................... 20 2.2 Recursos naturais não renováveis ................................................................................................. 21 2.3 Utilização dos recursos naturais .................................................................................................... 22 3 QUALIDADE AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA ............................................................................... 23 3.1 Qualidade do ar ..................................................................................................................................... 23 3.2 Qualidade da água ............................................................................................................................... 26 3.3 Qualidade do solo ................................................................................................................................. 28 3.4 Qualidade de vida ................................................................................................................................. 31 4 ATIVIDADES HUMANAS E AS MUDANÇAS AMBIENTAIS GLOBAIS .............................................. 32 4.1 Alterações climáticas .......................................................................................................................... 33 4.2 Perda da biodiversidade ..................................................................................................................... 34 4.3 Contaminação dos recursos hídricos ........................................................................................... 36 4.4 Impactos ambientais urbanos versus ocupação de áreas de risco .................................. 40 4.4.1 Deslizamentos e erosão ........................................................................................................................ 42 4.4.2 Enchentes urbanas ................................................................................................................................. 45 4.4.3 Ilhas de calor............................................................................................................................................. 47 4.4.4 Efeito estufa .............................................................................................................................................. 50 4.4.5 Poluição ...................................................................................................................................................... 53 Unidade II 5 IMPORTÂNCIA DO SANEAMENTO ............................................................................................................. 63 6 ABASTECIMENTO DE ÁGUA ......................................................................................................................... 65 6.1 Distribuição da água na Terra ......................................................................................................... 66 6.2 Ciclo hidrológico ................................................................................................................................... 66 6.3 Água na transmissão de doenças .................................................................................................. 68 6.4 Qualidade da água ............................................................................................................................... 71 6.4.1 Classificação da água ............................................................................................................................ 74 6.4.2 Padrões de qualidade ............................................................................................................................75 7 TECNOLOGIAS EM SANEAMENTO AMBIENTAL .................................................................................... 76 7.1 Noções sobre sistemas de tratamento de água ....................................................................... 76 7.1.1 Captação de águas superficiais ......................................................................................................... 76 7.1.2 Tratamento de água............................................................................................................................... 78 8 TRATAMENTO DE ESGOTOS ......................................................................................................................... 87 8.1 Lagoas facultativas .............................................................................................................................. 92 8.2 Lodos ativados ....................................................................................................................................... 94 7 APRESENTAÇÃO Prezado aluno, Esta disciplina almeja capacitar o futuro profissional a relacionar e aplicar o conhecimento das diferentes áreas que compõem o saneamento básico. Os objetivos gerais deste livro-texto são desenvolver o raciocínio, o interesse e a intuição técnico-científica do aluno, incentivando o estudo no tocante às questões ambientais e ao saneamento. Serão abordados os conceitos essenciais sobre meio ambiente, para melhor compreensão dos problemas ambientais e apresentar os principais componentes de produção e abastecimento de água em áreas urbanas, sistemas de coleta e transporte de esgotos. Nesse contexto, serão estudados aspectos como o tratamento de questões gerais quanto à gestão desses sistemas, conflitos de uso, soluções convencionais e novas tendências. Por fim, serão apresentadas questões da política de gestão dos recursos hídricos no âmbito federal e estadual e propostas para a minimização dos principais problemas pertinentes ao saneamento urbano e conflitos com outros usos de água. INTRODUÇÃO É possível identificar que, com o passar dos anos, o meio ambiente tem sido tema de vários congressos e de reuniões nacionais e internacionais. De fato, isso se dá pelo pouco cuidado que estamos tendo com ele. É preciso haver conscientização. Preservar e conservar o meio ambiente e os recursos naturais é vital, somente assim será possível haver desenvolvimento sustentável, o que permitirá uma melhor qualidade de vida para a sociedade. Deve-se usar de forma adequada, ética e racional o que a natureza nos oferece. Existem várias definições para o meio ambiente; para preservá-lo corretamente, é preciso saber quais são as principais definições. O meio ambiente propriamente dito é o conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural, composto de atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera. Já na área de ecologia, o meio ambiente envolve os ecossistemas, divididos basicamente em duas partes: natural e artificial. O meio ambiente natural é o mais conhecido e o que está sendo discutido na maioria de reuniões e congressos a respeito de preservação do meio ambiente e da natureza. Divide-se em quatro categorias: recursos naturais renováveis e não renováveis; recursos inesgotáveis; recursos energéticos; e recursos não energéticos. Os recursos são os insumos necessários para a sobrevivência do ecossistema e da sociedade que não passaram por nenhuma transformação relevante pelas mãos humanas. O meio ambiente artificial corresponde a tudo o que houve de modificação, por exemplo, às cidades, e tudo o que faz parte delas, como os edifícios, os espaços públicos e os equipamentos utilizados como bem comum. Envolve também as áreas rurais, pois compreende todo e qualquer lugar habitado pelos cidadãos. Este livro-texto destacará como o meio ambiente vem sendo afetado pelo crescimento da população e como a área de engenharia pode ajudar com os sistemas de captação e drenagem. 9 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Unidade I 1 CONCEITO DE ECOSSISTEMA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CRESCIMENTO URBANO 1.1 Conceito de ecossistema Para entender um pouco do ecossistema, é preciso lembrar alguns conceitos básicos da ecologia. A ecologia é a área da biologia que estuda o meio ambiente e os seres vivos que nele habitam e tem como objetivo entender e monitorar o funcionamento de toda a natureza. Para não haver interpretações equivocadas, deve-se acentuar o significado de alguns termos: Quadro 1 Biosfera Regiões do planeta onde existem seres vivos. Biótopo Área geográfica onde se encontra uma comunidade. Comunidade Conjunto de populações de espécies diferentes que vive em uma mesma área geográfica. Ecossistema Local de interação entre seres vivos (fatores bióticos) e fatores físicos e químicos (fatores abióticos). Habitat Local em que determinada espécie vive. Nicho ecológico Papel ecológico de uma espécie em uma comunidade. Envolve seus hábitos alimentares, sua reprodução, suas relações ecológicas e outras atividades. Pirâmide ecológica Representação gráfica do fluxo de energia e matéria em um ecossistema. População Conjunto de seres vivos da mesma espécie que vive em determinado local. O conceito de ecossistema é um conjunto de comunidades de seres vivos que vivem em um determinado local e estão em comum interação com o meio ambiente, de maneira equilibrada, estável e autossuficiente. O termo foi usado pela primeira vez em 1930 pelo ecólogo Arthur George Tansley, cuja intenção era explicar a complexa interação entre os organismos e as comunidades em que vivem e os fluxos de energias e materiais, e desde então essa palavra faz parte do vocabulário de cientistas. Quanto maior a biodiversidade (quantidade de espécies), maior a capacidade de recuperação do ecossistema, possibilitando as melhores absorções e reduções das alterações ambientais. O problema atual é que, ao longo do tempo, os seres humanos têm criado produtos e processos que interferem direta ou indiretamente nesse equilíbrio. A sequência de transferência de energia e matéria, que é natural, vem sofrendo com essa intervenção, prejudicando todo o processo. 10 Unidade I O ecossistema global é formado por vários ciclos e processos independentes, os quais ocorrem de maneira equilibrada e sincronizada. O ecossistema global possui algumas subdivisões, tais como terrestres e aquáticos, e suas classificações são feitas conforme os seres vivos e os organismos que nele vivem. Só existe vida nesse planeta devido ao Sol, que é fonte de luz, calor e energia. A quantidade necessária desses itens mantém a Terra na temperatura adequada para os seres que nela habitam e ainda contribui para a camada de ozônio, que filtra os raios ultravioleta, os quais são prejudiciais à vida. Lembrete O habitat é o espaço físico do ecossistema, lugar onde são oferecidas as condições naturais necessárias para a subsistência e a reprodução das espécies. Nicho ecológico é o modo de vida em que um organismo se vincula aos fatores bióticos e abióticos do meio, através de diversas condições físicas, químicas e biológicas. 1.1.1 Ecossistema terrestre No ecossistema terrestre, existem as plantas, os animais, as bactérias, o oxigênio, o gás carbônico e o nitrogênio. Estes, em comunhão, fazem parte da cadeia alimentar, que se inicia com a fotossíntese das plantas e termina em decomposição, reiniciando todo o ciclo. As cadeias alimentares são ciclos que mantêm o ecossistema em perfeito equilíbrio e que raramente excedem quatro ou cinco níveis ou grupos de seres vivos. • Fatores bióticos: são todos os seres vivos da comunidade (plantas e animais) que existem em número e espécie suficientes para assegurar a alimentação e existência um do outro, desempenhando diferentes papéis em um ecossistema e ocupando diferentes níveis tróficos. Como exemplo, destacam-se: produtores, consumidores e decompositores; macroconsumidores; microconsumidores. Produtores (plantas) Consumidores (sapos,gafanhotos) Decompositores (bactérias, fungos) Figura 1 – Fatores bióticos • Fatores abióticos: são todas as partes sem vida do ambiente. Esses fatores são fundamentais para a sobrevivência das espécies, atuando inclusive no metabolismo dos seres vivos. A seguir, serão ilustrados alguns exemplos: — água, ar, solo, atmosfera, luz; 11 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO — substâncias inorgânicas: ciclos dos materiais; — compostos orgânicos: ligam o biótico-abiótico; — regime climático; — temperatura; — luz; — pH; — oxigênio e outros gases; — humidade; — solo. Figura 2 – Fatores abióticos O ecossistema terrestre é formado por ciclos e cada fator tem sua importância em cada etapa, podendo sofrer alterações quanto às dimensões que são consideradas. Pode ser considerado um imenso ecossistema, envolvendo todos os ecossistemas existentes (ecosfera). Deve-se atentar que há uma diferença entre ecossistema e bioma, e essa diferença ocorre devido à geografia do espaço ao qual se refere. 12 Unidade I Observação O bioma é geograficamente mais abrangente e é predominantemente definido de acordo com um conjunto de vegetações com características semelhantes, além de outros requisitos, por exemplo, a Mata Atlântica. Entretanto, como o ecossistema pode ser considerado em grande escala, as definições ficam um pouco confusas. Contudo, para grandes extensões de território (de dimensões regionais), em geral se usa a denominação bioma. 1.1.2 Ecossistema urbano O ecossistema urbano nada mais é do que o ecossistema terrestre com a interferência humana, por exemplo, uma cidade. É formado por componentes biológicos (animais, plantas e outras formas de vida) e componentes físicos (ar, solo, clima, água e topografia); também é integrado por estruturas que foram construídas (edifícios, estradas, redes de energia e esgotos). O pulmão do ecossistema urbano é formado por uma diversidade de espaços verdes (pátios, parques, árvores e edificações ecologicamente corretas). Mesmo que o cinza da cidade e o verde dos parques estejam bem fragmentados, ambos funcionam em conjunto como um único organismo, mantendo o equilíbrio entre os membros e o meio ambiente. Figura 3 – Exemplo de ecossistema urbano: cidade de Maringá/PR Geralmente, os ecossistemas urbanos sofrem profunda alteração, decorrentes da decisão humana, como a poluição, o desmatamento e a construção civil, sujeitos a modificações rápidas de tipo de solo e da cobertura vegetal, bem como a temperatura e quantidade de água. As alterações também podem ser provenientes de causas naturais, como as mudanças climáticas e os desastres naturais. 13 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Observação Uma questão extremamente importante para os ecossistemas urbanos é a sua capacidade de criar ambientes saudáveis, quer para o ecossistema natural, quer para os cidadãos. Para a preservação da Terra, existe uma concentração de ozônio em forma de gás na atmosfera que protege o planeta contra os raios ultravioletas do Sol, que são perigosos para nossa saúde. Quando se toma uma decisão que pode alterar ou desestabilizar o ecossistema, poderão ocorrer as seguintes consequências: • Efeito estufa: devido à poluição do ar, está havendo uma grande concentração de gás carbônico na atmosfera. Assim, mesmo com a absorção dos raios solares pela camada de ozônio, uma barreira de gás, os raios solares conseguem atingir a Terra e outros são irradiados em forma de calor. Consequentemente, a Terra aquece e o calor não retorna para a atmosfera, elevando cada dia mais sua temperatura. • Chuva ácida: é a água pura, sem cheiro, cor ou gosto. Torna-se ácida quando, na atmosfera, mistura-se com os poluentes de indústrias e os gases emitidos pelos automóveis. Esse tipo de chuva causa muitos danos ao meio ambiente e a única forma de sanar esse problema é reduzir a emissão de gases poluentes e diminuir a poluição do ar. 1.1.3 Ecossistema primitivo É o conjunto de seres que tiveram uma pequena ou nenhuma alteração nas características naturais do ecossistema considerado. Isso ocorre por causa de aspectos como: a relação da área total desse ecossistema em questão e a área de intervenção antrópica; o tipo de atividade antrópica realizada; as características abióticas e bióticas do ecossistema, como o tipo de solo e de subsolo, chuva, radiação solar, ventos, arranjo da cadeia trófica, existência de espécies endêmicas, entre outros, que conferem maior ou menor fragilidade ao ecossistema. Figura 4 – Exemplo de ecossistema primitivo 14 Unidade I 1.1.4 Ecossistema rural É o principal responsável pelas mudanças significativas do ecossistema primitivo, as quais são causadas pelo conjunto de atividades agropecuárias. Trata-se, primordialmente, de um ecossistema exportador, cujas características são: • Produção de alimentos para os humanos e foco no atendimento à demanda local (agricultura de subsistência). Exemplos: — Desenvolvimento de processos para importação energéticas, em forma de fertilizantes químicos, combustível para a movimentação de equipamentos para preparo do solo, plantio e colheita, bombeamento de água para irrigação de culturas, transportes de insumos para a área de produção e de produtos para a área de consumo. — Desenvolvimento e estudos de importação biótica com a utilização de espécies vegetais e animais de outras regiões, inclusive em sistemas de monocultura, para manutenção e produção de produtos que possam garantir sustento e alimento dos seres. • Alteração na vegetação primitiva, visando à implantação das áreas para a agricultura ou para a pecuária. — Estudos de geologias, geografias e relevos, podendo ou não sofrer alterações, com o intuito de desenvolvimentos do solo para os devidos tipos de uso e ocupação, tais como o aproveitamento de uma área plana, para o melhor desenvolvimento da pecuária ou montes com temperaturas mais amenas, para produção de vegetais. Figura 5 – Exemplo de ecossistema rural 1.2 Desenvolvimento sustentável Cria métodos, produtos, técnicas ou tecnologias de maneira sustentável para que possa atender a humanidade no presente sem comprometer as futuras gerações. 15 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Não se pode desenvolver algo, independentemente da necessidade, sem antes analisar e compreender os fatores ambientais, sociais, tecnológicos, políticos e econômicos que acompanharam a nossa história. Ao refletir a respeito de modelos de desenvolvimentos e direções adotadas recentemente, pode-se evitar a antropização. Saiba mais Antropia é a ciência que estuda a chamada antropização, ação do ser humano sobre o meio ambiente (biótipo ou biomassa); também pode ser a ação, o ato ou o resultado da atuação humana sobre a natureza com a intenção de modificação, independentemente do juízo de valor que é feito. Leia a reportagem a seguir para entender melhor o assunto: SOUSA, R. Ação antrópica. Mundo Educação, [s.d.]. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/acao-antropica.htm. Acesso em: 12 nov. 2019. A ação antrópica, em escala global, faz com que os ambientes naturais sejam alterados significativamente, sobretudo pela falta de critério no uso dos recursos naturais e pela poluição em todo o meio ambiente físico, causando muitos impactos ambientais, sociais e ecológicos. De fato, algo preocupante para as futuras gerações, que ficarão mais expostas a doenças e terão uma qualidade de vida inferior. Em relação à interferência dessa ação nos ecossistemas, o ecossistema primitivo pode sofrer ou não uma pequena mudança, pois ele pode ser alterado, transformando-se num ecossistema rural. Quanto ao ecossistema urbano, as alterações são mais significativas, pois interferem diretamente na densidade demográfica, na desproporcionalidade do ambiente construído e do natural, bem como nos ciclos do meio ambiente. 1.3 Crescimento urbano O crescimento urbano está se tornando um tema muito presente em congressos e reuniões ambientalistas e de estados,visto que o aumento da população está em constante ascensão. Para manter um desenvolvimento sustentável, é necessário que sejam realizados diversos planos e projeções para atender essa demanda. Segundo o relatório da ONU de 2014, foi estimado que 54% da população mundial vivem em áreas urbanas. Para 2050, projeta-se um aumento que poderá chegar a 66%, afetando principalmente países de baixa renda ou em estado de pobreza (ONU, 2015). 16 Unidade I 90 70 50 30 10 80 60 40 20 0 1960 1975 2000 2025 2018 Ano Brasil América do Sul América Latina e Caribe Pr op or çã o ur ba na (p or ce nt ag em ) 2050 Porcentagem urbana por região e sub-região Figura 6 – Projeção do crescimento urbano mundial Em relação à área urbana, África e Ásia apresentam maior população e projeção de crescimento, podendo chegar a 90% de sua totalidade até 2050, uma vez que seu desenvolvimento urbanístico está caminhando a passos largos. Quanto à Índia, China e Nigéria, a maior parte a população está concentrada nas áreas rurais, e a estimativa é que até 2020 haja urbanização, elevando a estatística de pessoas alocadas em áreas urbanas nesses países. Em áreas rurais, a população vem crescendo lentamente desde 1950, e a Índia está no topo do ranking, com aproximadamente 857 milhões de pessoas, seguido da China, com 635 milhões (BID, 2014). Figura 7 – Crescimento populacional 17 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Nesse contexto, administrar o aumento populacional e manter a urbanização sustentável é um grande desafio para obter êxito no desenvolvimento. Observação Segundo Maglio (2010), a Constituição Estadual de São Paulo de 1967 foi o ponto principal para a criação de planos diretores para o desenvolvimento integrado dos municípios, o que foi mantido em ementa no ano de1969. Esse plano foi aplicado em todos os estados brasileiros e hoje todos os municípios possuem um plano diretor, devendo apresentar periodicamente as alterações necessárias para comportar o crescimento populacional estimado para o Estado. Para tal, os governantes podem buscar financiamentos e recursos para atender a demanda. No Brasil, o crescimento urbano teve uma ascensão significativa e chega atualmente a 80% de sua população total. A ação dos administradores públicos, a falta de planejamento familiar e a chegada de refugiados exigem políticas públicas mais eficazes e organização para manter o equilíbrio social. Hoje as grandes cidades precisam administrar e melhorar a questão de moradia habitável e mobilidade pública para atender os fluxos de forma qualitativa. 1950 1975 2000 População rural e urbana (Brasil) Ano 0 50 100 150 200 250 2025 Po pu la çã o (m ilh õe s) 2050 20 18 Rural Urbana Figura 8 – População urbana versus rural Conforme preceituado na reunião Eco92, foi assinado um tratado no qual destacava-se que as questões urbanas, rurais e ambientais deveriam ser tratadas de maneira única. Esse conceito foi registrado e serviria para atender e planejar ações voltadas ao crescimento populacional (ONU, 1992). 18 Unidade I Um grande exemplo do não cumprimento da Eco92 é a ocupação irregular em áreas de proteção ambiental ou em áreas de risco pela população mais desprovida. Assim, são criadas favelas e há aumento do fluxo de pessoas. Em contrapartida, não ocorre melhoria no acesso aos serviços urbanos, tais como transporte, saúde, segurança, educação e emprego. Figura 9 – Comunidade Figura 10 – Congestionamento 19 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Figura 11 – Descarte de esgoto em rios Além dos problemas apontados nas figuras anteriores, há inúmeras questões causadas pelo crescimento urbano sem o devido planejamento. Nesse contexto, deve-se acentuar o uso em grande escala dos recursos naturais sem a devida projeção futura, podendo gerar sua escassez. Observação Alguns estudos apresentam diferenças significativas entre o ambiente natural e o urbano, e uma das principais é a poluição atmosférica, que pode sofrer danos pelos fatores climáticos, que acabam favorecendo a formação de novos poluentes e dificultando sua dispersão. Por exemplo, citam-se fatores como ausência de chuvas, inversão térmica e aumento da temperatura local, comprometendo a qualidade do ar do ecossistema. Um dos principais itens que piora a qualidade de vida nos centros urbanos são as ilhas de calor, que têm como causas: • diminuição e falta de manutenção das áreas verdes urbanas, pois a evapotranspiração realizada pelas plantas auxilia a regularização térmica; • importação de energia para atendimento à demanda de atividades urbanísticas, por exemplo, transporte, produção industrial e iluminação; • absorção de quantidade significativa de calor ao longo do dia pelas edificações, áreas impermeáveis e vias de circulações asfaltadas. 20 Unidade I Outro ponto a ser acentuado é a excessiva impermeabilização do solo, o que causa o aumento de enchentes e alagamentos, potencializando os reflexos negativos na saúde pública e nas atividades humanas, desbalanceando os fluxos de energia e a utilização dos recursos naturais. 2 RECURSOS NATURAIS São classificados como recursos naturais os bens da natureza que podem ser usufruídos para sobrevivência, bem-estar e conforto dos seres humanos. Entre os mais importantes para nossa sobrevivência, destacam-se o ar e a água. Esses recursos podem ser extraídos de forma direta ou indireta, sofrendo ou não alterações para seu uso. Exemplos: carvão, energia elétrica e petróleo. Com o passar dos anos, foram criadas muitas tecnologias e maneiras de aproveitar os recursos que o meio ambiente fornece para facilitar as atividades da humanidade. Contudo, é impossível criar ar e água, pois esses elementos são recursos naturais renováveis. Aliás, a ausência de ar e água é a principal ameaça para a qualidade e para a extinção da vida. Para entender melhor o tema, devemos classificar os recursos como renováveis e não renováveis, o que será estudado a seguir. 2.1 Recursos naturais renováveis São itens inesgotáveis, mas que sofrem renovações, seja pelo meio ambiente, seja pela ação humana. Exemplos: luz solar, ventos e água. Figura 12 – Exemplo de vento 21 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Figura 13 – Exemplo de água e luz 2.2 Recursos naturais não renováveis São recursos que não podem ser substituídos ou cuja renovação ocorra de forma lenta, levando milhares de anos para ser concluída. Exemplos: petróleo e minérios em geral. Figura 14 – Petróleo Lembrete A água, mesmo que classificada como recurso natural renovável, pode se tornar escassa, devido à má utilização e à poluição dos rios. 22 Unidade I 2.3 Utilização dos recursos naturais Como destacado anteriormente, os recursos naturais estão cada dia mais escassos. O Brasil é uma das nações mais ricas em recursos naturais. Seu solo é de excelente qualidade, o que lhe confere destaque na agricultura, tanto para consumo interno quanto para exportação. Além da agricultura, é possível encontrar outros recursos minerais no solo. Atualmente, a exploração de recursos minerais é uma atividade com grande potencial, e o principal minério exportado pelo Brasil é o ferro; cerca de 90% de sua produção é para comércio exterior, sendo muito utilizado como matéria-prima para a fabricação de aço e manganês. Mais de 75% da produção mundial de extração do metal nióbio e ferronióbio são do Brasil, que fica pareado com outros países em potencial, como China, Canadá, Rússia, Austrália e Estados Unidos (VASCONCELOS, 2019). Figura 15 – Exploração de minérios de ferro Segundo a ONU (2015a), mais de 18% da população mundial não têm acesso à quantidade mínima de água potável para consumo, e esse dado pode ser agravado caso o padrão de consumo não seja alterado. Conforme foi acentuado, o ar e a água são os principais recursos para a sobrevivência dos seres. O Brasil tem a maior reserva de água doce do planeta e a maior área de florestas, recursos estes que devem serprotegidos, pois são de extremo valor para a vida. Tais elementos sofreram grande devastação nos últimos anos, e isso poderá esgotá-los e inclusive provocar a redução da existência dos seres vivos. Os recursos naturais não renováveis, que têm como principal exemplo o petróleo, são utilizados como fonte de energia. Estudos já comprovaram que futuramente o petróleo será um item escasso, por isso a ciência vem desenvolvendo outros materiais para substitui-lo ou ser usado como alternativa. A indústria automobilística tem realizado testes e comercializações de veículos movidos a gás natural e a eletricidade e tem criado metodologias mecânicas com diferentes fontes de energia. Para entender um pouco mais como é definido esse padrão de consumo destacado neste livro-texto, é preciso saber como tudo começou. 23 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO O padrão de consumo é definido pela quantidade da utilização de recursos naturais necessários para atender à demanda da sociedade, tais como alimentação, moradia, lazer, transporte e qualquer outro item que venha ser necessário. O problema é que o desenvolvimento tecnológico e o crescimento populacional têm crescido de forma exponencial, e sem a efetividade de sistemas de políticas ambientais e de integração nos planos horizontais e verticais, o que acaba exigindo maior disponibilidade de recursos naturais, muitas vezes ultrapassando a capacidade de autorrecuperação dos sistemas naturais e dificultando a gestão para a melhoria da qualidade de vida e conservação do meio ambiente. Observação Vale salientar que as revoluções industriais e a agricultura são os pontos que mais causam impactos e alterações nos sistemas naturais. A questão não é atual: já em 1972 a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em Estocolmo foi um marco para discutir os problemas ambientais em âmbito internacional. 3 QUALIDADE AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA A qualidade ambiental é um termo muito usado para caracterizar as condições ambientais em âmbitos nacionais e internacionais. Existem diversas normas, reuniões, conselhos, congressos, órgãos públicos e privados e ONGs que atuam de forma ininterrupta no tocante ao controle da qualidade do meio ambiente. No Brasil, o órgão responsável é o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). A qualidade ambiental pode ser dividida em áreas: ar, água, solo e vida. Por meio de reuniões e congressos, criaram-se diversas normas e padrões pré-estabelecidos para acompanhar essa qualidade, algo essencial para a preservação da vida. 3.1 Qualidade do ar A camada que envolve a Terra é composta de uma mistura de gases (99% de oxigênio e nitrogênio) e a exposição à poluição atmosférica é tão antiga quanto o fogo. Contudo, o controle da qualidade do ar só foi iniciado por conta do aumento excessivo da taxa de morbidade e mortalidade do período de expansão econômica do pós-Segunda Guerra. A qualidade do ar é um direito da sociedade, o que está previsto na Constituição (BRASIL, 1988). Para tal, existe uma gestão que acompanha minuciosamente cada etapa. A figura a seguir ilustra como é feito esse gerenciamento. 24 Unidade I Controlar a situação Limites da emissão; legislação e padrões de emissão; uso do solo; combustíveis Identificação do problema Monitoramento; inventários; fontes; avaliação de impactos ambientais Formulação de políticas Modelagem de alternativas; avaliação de cenários; análise de custo-benefício Figura 16 – Gestão da qualidade do ar Essa gestão é monitorada de forma frequente e baseada nos programas que serão devolvidos para melhoria dos problemas identificados. De forma geral, avalia-se um grupo de poluentes, que serve como indicador da qualidade do ar, tais como dióxido de enxofre (SO²), poeira em suspensão, monóxido de carbono (CO), ozônio (O³) e dióxido de nitrogênio (NO²), os elementos que mais causam efeitos adversos ao meio ambiente. Saiba mais Para saber mais sobre as emissões e índices medidos no Brasil, consulte: BRASIL. Instituto de Energia e Meio Ambiente. 1º Diagnóstico da rede de monitoramento da qualidade do ar no Brasil. Brasília, 2014. Disponível em: https://www.mma.gov.br/images/arquivo/80060/Diagnostico_Rede_ de_Monitoramento_da_Qualidade_do_Ar.pdf. Acesso em: 13 nov. 2019. Para que esses resultados sejam computados, é necessário definir uma determinada medida. Para tal, deve-se considerar o tempo de coleta das informações, além de estabelecer regiões e locais corretos para implantar as estações de amostragem, sempre obedecendo a critérios, como: • priorizar locais de maior potencial de exposição; • instalar o equipamento nas áreas onde possuem entradas de ar, considerando a direção predominante do vento; • fixar o equipamento em locais onde há possibilidade de desenvolvimento, a fim de analisar o efeito da expansão e o aumento do risco na qualidade do ar; 25 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO • evitar locais onde haja obstáculos, mesmo que não sejam grandes fontes de poluição, tais como chaminés, edifícios e árvores; • instalar o equipamento a uma altura que diminua a possibilidade da reentrada de partículas e os efeitos diretos dos veículos. O Conama criou um padrão nacional para os respectivos tempos de amostragem e métodos de medição, para cada tipo de poluente, conforme tabela a seguir. Tabela 1 – Padrões nacionais de qualidade do ar Poluente Tempo de amostragem Padrão primário (μg/m3) Padrão secundário (μg/m3) Método de medição Partículas totais em suspensão (PTS) 24hs¹ MGA² 240 80 150 60 Amostrador de grandes volumes Partículas inaláveis (PI) 24hs¹ MAA³ 150 50 150 50 Separação inercial/filtração Fumaça 24hs¹ MAA³ 150 60 100 40 Refletância Dióxido de enxofre (SO²) 24hs¹ MAA³ 365 80 100 40 Pararosanilina Dióxido de nitrogênio (NO²) 1h MAA³ 320 100 190 100 Quimiluminescência Monóxido de carbono (CO) 1h¹ 8h¹ 40.000 35 ppm 10.000 9 ppm 40.000 35 ppm 10.000 9 ppm Infravermelho não dispersivo Ozônio (O³) 1h¹ 160 160 Quimiluminescência Adaptado de: Conama (1990). Saiba mais Para saber mais sobre as resoluções e os planos desenvolvidos pelo Conama, acesse: http://www2.mma.gov.br Assim, quando é evidenciada a emissão de gases em taxas elevadas, são criados planos e são desenvolvidos mecanismos, emergenciais ou não, para o tratamento dos gases emitidos antes que eles 26 Unidade I sejam lançados na atmosfera. É vital mudar o padrão de consumo, criar políticas públicas integradas e desenvolver senso crítico para melhorar a qualidade de vida e o desenvolvimento urbano. 3.2 Qualidade da água A água é o suporte básico para o desenvolvimento e a manutenção de todas as formas de vida. Para determinar a qualidade da água, são avaliadas suas características físicas, químicas e biológicas, podendo passar do conceito de boa ou ruim para adequada ou inadequada, dependendo de sua destinação. A avaliação de características físicas inclui a determinação de temperatura, turbidez, sólidos (suspensos, dissolvidos e totais), a condutividade e até a análise de sua cor. A análise de características químicas indica as espécies iônicas (sódio, manganês, ferro, chumbo etc.), compostos orgânicos naturais (lipídios, carboidratos e proteínas), compostos orgânicos sintéticos (agroquímicos, solventes, surfactantes, pesticidas), gases (oxigênio, amônia), pH, alcalinidade e dureza. No aspecto biológico, é possível examinar a água pela presença de organismos patogênicos, espécies de algas, organismos bentônicos e bioensaios. Figura 17 – Água A Resolução n. 20 do Conama dividiu as águas em três tipos (doce, salinas e salobras) e as classificou em nove subclasses (CONAMA, 1986). Conforme sua utilização, tais preceitos foram modificados pela Resolução n. 357, que estipulou subclassificações e fez alterações dos índices nas faixas de uso (CONAMA, 2005). Saiba mais Para saber mais sobre as subclassificações e as faixas de uso da água, consulte as referências a seguir: CONAMA.Resolução n. 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília, 2005. Disponível em: http://www. mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf. Acesso em: 11 nov. 2019. 27 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO CONAMA. Resolução n. 393, de 8 de agosto de 2007. Dispõe sobre o descarte contínuo de água de processo ou de produção em plataformas marítimas de petróleo e gás natural, e dá outras providências. Brasília, 2007. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre. cfm?codlegi=541. Acesso em: 11 nov. 2019. CONAMA. Resolução n. 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução n. 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Brasília, 2011. Disponível em: http://www2.mma.gov. br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646. Acesso em: 11 nov. 2019. O quadro seguinte apresenta um resumo das classes de água doce: Quadro 2 Tipo de classe Destinação Classe especial Abastecimento doméstico (sem prévia ou com simples desinfecção) Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas Classe 1 Abastecimento doméstico (após tratamento) Proteção de comunidades aquáticas Recreação de contato primário (natação, mergulho etc.) Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas ou frutas que se desenvolvem rente ao solo ou que são ingeridas cruas, sem remoção de películas Criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação humana Classe 2 Abastecimento doméstico (após tratamento convencional) Proteção das comunidades aquáticas Recreação de contato primário Irrigação de hortaliças e plantas frutíferas Criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies destinadas à alimentação humana Classe 3 Abastecimento doméstico (após tratamento convencional) Irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras Dessedentação de animais Classe 4 Navegação Harmonia paisagística Usos menos exigentes Adaptado de: Conama (1986). Uma vez classificada a água, é necessário que o monitoramento e o controle sejam executados de maneira efetiva e periódica. No Brasil, foi instituída a Política Nacional de Recursos Hídricos, baseada na Lei n. 9.433/97. Realizando nacionalmente, hoje esse processo é conduzido pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que, por sua vez, delega aos comitês de bacias hidrográficas uma subdivisão em nível regional, a qual consegue gerir e monitorar com mais precisão a qualidade da água do país. 28 Unidade I 3.3 Qualidade do solo O solo é formado por uma camada na superfície da crosta terrestre, com espessura variável e diversos tipos de estrutura. Constituído de minerais e substâncias orgânicas, predominantemente em formas granulares, o solo apresenta diversas propriedades, tais como permeabilidade, porosidade e textura, permitindo a sobrevivência de inúmeros seres vivos – micro e macroscópicos. Pode-se dizer que o solo também desempenha funções diversificadas e fundamentais, visto que a interação com os processos e as classificações físicas, químicas e biológicas são constantes, podendo sofrer diversas alterações. Observação As alterações originais provêm da degradação causada por fenômenos físicos, como fissuras, estilhaçamentos, penetração de raízes, dilatação. As alterações evolutivas são decorrentes de fenômenos químicos, como dissolução das rochas calcárias, ação corrosiva de certos vegetais e hidrólise nas rochas silicosas. Figura 18 – Tipos de solo Entre as principais funções do solo, destacam-se o fato de ser: • essencial à vida terrestre, animal e humana; • crucial para a produção de alimentos e matérias-primas; • fator de controle natural dos ciclos de elementos e energia dos ecossistemas; • filtro bioquímico essencial nas trocas entre a atmosfera e a litosfera; • um grande reservatório natural de água doce. 29 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Saiba mais Para saber mais sobre as classificações dos solos, leia: MAGLIO, I. C. Saneamento, saúde e ambiente. Barueri: Manole, 2010. Devido ao crescimento populacional, atualmente está se fazendo grande uso do solo e sem o correto planejamento. Assim, foram criados diversos programas e planos de ação para garantir o controle e a qualidade do solo. É vital entender que uma das primeiras atuações a ser executada é garantir o uso do solo dentro da ética ambiental, pois ele é considerado um recurso natural e um ecossistema vivo fundamental. No Brasil, o órgão que gerencia o solo em âmbito nacional é o Ministério do Meio Ambiente, e este delega a órgãos estatutários, como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), a fiscalização e o controle para que tais medidas sejam mais efetivas. Quando se fala em qualidade do solo, de forma genérica, trata-se da capacidade do solo em desempenhar as funções essenciais para o homem e o meio ambiente, mantendo sua fertilidade e sua correta utilização, para que as futuras gerações possam usufruir dos mesmos benefícios que o solo promove. Deve-se avaliar que, para cada tipo de uso, o solo precisa de uma determinada qualidade e característica. Para moradia ou desenvolvimento urbano, não é necessário haver um tratamento específico, e sim a criação de elementos que possam fundamentar as edificações, bem como manter espaços que permitam a permeabilidade da água. Figura 19 – Edificações Já no âmbito agrícola, o solo precisa ser tratado constantemente ou produzir cultivos diversificados, pois a melhor forma de manter e melhorar sua qualidade é aumentando a matéria orgânica; assim, o solo ficará mais fértil, elevando a capacidade de retenção de água e de nutrientes. 30 Unidade I Figura 20 – Agricultura O solo também é usado para disposição de resíduos, sejam eles perigosos, inertes ou não inertes. É preciso fazer uma avaliação minuciosa do local onde serão levados esses depósitos, para que não haja contaminação do lençol freático, emissão descontrolada de gases e interferência no ecossistema da região. Figura 21 – Aterro sanitário Segundo a Cetesb (1976), existem vários instrumentos que podem ser aplicados para prevenção, controle da poluição e contaminação do solo, tais como: • padrões de emissões; • padrões de condicionamento de fontes; • padrões de qualidade ambiental; 31 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO • padrões de condicionamento de projetos; • usos legalmente pré-estabelecidos; • legislação e fiscalização; • licenciamento ambiental; • instrumentos econômicos; • banimento de tecnologias e produtos; • responsabilização pós-consumo. Lembrete Sempre que houver degradação, utilização incorreta ou passivos ambientais, deve-se avaliar cada caso com sua devida particularidade, a extensão dos danos causados e a necessidade de elaborar um plano de recuperação e remediação. 3.4 Qualidade de vida A qualidade de vida indica o nível das condições básicas e suplementares dos seres humanos e está diretamente relacionada à qualidade do meio ambiente. É necessário preservar e respeitar o meio ambiente, para garantir a sustentabilidade e uma melhora na qualidade de vida atual e de gerações futuras. Como a humanidade é diretamente conectada e influenciada pelo meio ambiente, quanto maior sua qualidade, melhor será seu estado de saúde física, mental, psicológica e emocional. A Organização Mundial da Saúde (OMS) criou um questionário científico que possibilita a verificação dos níveis de qualidade de vida das pessoas, de acordo com a região, a cultura e os grupos sociais em que vivem. Historicamente, o conceito de qualidade de vida teve sua origem no século XX, preocupando-se com a saúde do trabalhador. À época, identificavam-se os efeitos negativos na saúde dos operários causados pelo tempo de permanência e pelas condições no local detrabalho, o que prejudicava a produção da indústria e a vida do trabalhador. Em 1950 a OMS definiu que a saúde ocupacional é uma ciência que visa ao alto grau de bem-estar físico, social e mental dos trabalhadores. Em 1958, o economista John Kenneth Galbraith apresentou uma visão diferente dos objetivos de crescimento econômicos de tipo quantitativo, para a melhor qualidade na condição de vida dos homens (ONU, 2015a). Após esse período, criou-se a conscientização de que só seria possível melhorar a saúde do trabalhador e sua qualidade de vida se houvesse um 32 Unidade I melhor desenvolvimento da infraestrutura social, a mudança na jornada de trabalho e a conservação e a manutenção do meio ambiente. Hoje muitas empresas e organizações revelam uma preocupação com a qualidade de vida do trabalhador e buscam mensurar periodicamente o nível de satisfação dos profissionais, criando métodos e desenvolvimentos que possibilitem o melhor desempenho em sua atividade. Dessa forma, a economia da organização ou a empresa terão um crescimento saudável. Observação O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um modo de medir a qualidade de vida nos países, comparando fatores como riqueza, qualidade do processo de alfabetização, educação, expectativa média de vida e índice de natalidade e mortalidade. A qualidade de vida está diretamente ligada à saúde; ter hábitos saudáveis, cuidar bem do corpo, ter uma alimentação equilibrada, manter bons relacionamentos, ter tempo para o lazer fazem com que o ser humano melhore seu humor. Desse modo, permite-lhe adquirir uma nova forma de visualizar um problema, por exemplo, obter uma melhor solução, diminuir os níveis de estresse e manter um equilíbrio entre saúde e qualidade de vida. Qualidade de vida é diferente de padrão de vida. Padrão de vida é uma medida que quantifica a qualidade e a quantidade de bens e serviços que determinada pessoa ou grupo pode ter acesso. 4 ATIVIDADES HUMANAS E AS MUDANÇAS AMBIENTAIS GLOBAIS A relação entre a atividade humana e as mudanças ambientais remonta às primeiras civilizações. Para o desenvolvimento da sociedade, eram necessárias algumas mudanças, e não havia planejamento e um profundo conhecimento de suas interferências. Há autores que defendem que as mudanças ambientais tiveram início com a Revolução Industrial, mas estudos mostram que o meio ambiente já vinha sofrendo alterações há milhares de anos, por conta de fatores como agricultura, imigrações, pecuária, desflorestamento, e as catástrofes eram classificadas como causas naturais. Segundo Diamond (2005), algumas sociedades, como os maias, os habitantes da ilha de Páscoa e os mochicas sofreram ruína devido ao extermínio ecológico, pois não tinham a capacidade de entender que a fragilidade do meio ambiente, combinada com a ganância, permitia a exploração de recursos naturais além dos limites da sustentabilidade. Naquela época, as mudanças climáticas eram consideradas provenientes de causas naturais, porém ocorriam em âmbito regional. Obviamente, após a Revolução Industrial, essas mudanças climáticas provenientes das atividades humanas se agravaram e tomaram uma proporção mundial, causando vários desastres ambientais. 33 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Observação Desastre é o efeito final sobre um ecossistema causado por vários fenômenos e processos que sofreram evoluções sistemáticas. O desastre pode ser natural ou antrópico, causando danos à humanidade, à economia e ao meio ambiente. 4.1 Alterações climáticas Atualmente, a questão da ecologia e do meio ambiente e suas modificações é um tema frequente na vida dos seres humanos. De fato, trata-se de um assunto que exige estudos e a criação de planos para melhorar a qualidade do meio ambiente. A população, de maneira geral, quando questionada sobre alterações climáticas, cita como principal fator o aquecimento global. O aquecimento global é o aumento da temperatura na camada de ar próxima à superfície da Terra. Todavia, existem muitas alterações que estão ocorrendo, sobretudo o aquecimento, que tem como fonte o efeito estufa. Efeito estufa é um fenômeno natural de aquecimento térmico da Terra, essencial para manter a temperatura do planeta em condições ideais para a sobrevivência dos seres vivos; é formado por uma camada de gases que cobre a superfície da Terra, composto principalmente de gás carbônico, metano, vapor e ozônio. Devido à emissão em demasia de gases com o efeito estufa, as alterações climáticas atuais são provenientes dos seguintes aspectos: • aumento da temperatura na superfície terrestre e nos oceanos; • derretimento das calotas polares; • aumento do nível médio do mar. O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) relatou que a temperatura mundial, ao longo de 150 anos, sofreu um aumento mediano de 0,8 ºC; acentuou, ainda, que se não forem tomadas providências, esse aumento pode chegar até 4 ºC em 2100, o que ocasionaria catástrofes irreversíveis para a humanidade. Com base nesse estudo e para evitar impactos mais graves, muitos países aderiram à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC), cujo objetivo é definir políticas de emissão dos gases para limitar o aumento da temperatura em menos de 2 ºC. Para que tais metas sejam alcançadas, será necessário reduzir, em nível mundial, as emissões dos gases com efeito estufa em 50% (AEA, 2018). Atualmente, as principais fontes dos gases com efeito estufa, segundo o IPCC (AEA, 2018), são: 34 Unidade I • queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) na produção de eletricidade, nos transportes, na indústria e nos lares (CO2); • agricultura (CH4) e mudanças na utilização dos solos, como o desmatamento (CO2); • aterro de resíduos (CH4); • utilização de gases fluorados industriais. Saiba mais Para saber mais sobre as alterações climáticas, leia: AGÊNCIA EUROPEIA DO AMBIENTE (AEA). Mitigação dos efeitos das alterações climáticas. AEA, 2018. Disponível em: https://www.eea.europa. eu/pt/themes/climate/intro. Acesso em: 13 nov. 2019. AGÊNCIA EUROPEIA DO AMBIENTE (AEA). Sobre as alterações climáticas. AEA, 2016. Disponível em: https://www.eea.europa.eu/pt/themes/climate/ about-climate-change. Acesso em: 13 nov. 2019. Consulte também: https://www.ipcc.ch O Brasil é o quarto país em emissão de gases do efeito estufa, atrás de China, Estados Unidos e União Europeia. Tal cenário é devido ao desenvolvimento industrial desses países, que vêm aumentando as suas emissões. Destaca-se, nesse contexto, que a maior parte das emissões se dá pelo desmatamento e pelas alterações no solo. Para diminuir a emissão dos gases do efeito estufa, deve-se adotar as seguintes ações: minimizar o desmatamento; investir no reflorestamento e na conservação das áreas naturais; incentivar o uso de energias renováveis; utilizar biocombustíveis; diminuir o consumo de energia elétrica; evitar queimadas; fazer o correto uso e destinação de resíduos. 4.2 Perda da biodiversidade A biodiversidade é a variedade de vida existente na Terra, podendo ser macro ou microscópica. Estudos indicam que há mais de 100 milhões de espécies que habitam o nosso planeta. Conforme foi estudado neste livro-texto, os ecossistemas e os seres que neles habitam funcionam em perfeito equilíbrio, um depende do outro para manter a qualidade e o desenvolvimento, permitindo que os ciclos sejam sempre renovados. 35 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Somos parte integrante dos ecossistemas e fazemos parte da biodiversidade, e nosso grande desafio é adotar medidas para um desenvolvimento sustentável, sem prejudicar e comprometer o meio ambiente. O Brasil deve ter uma proteção especial, visto que os quatro biomas mais ricos estão em nossas terras, não só pela diversidade da fauna e da flora, mas também pela importância para o equilíbrio global (Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Pantanal). Figura 22 – Desmatamento A perda da biodiversidade é um problema que, mesmotratado de forma contundente, causa muita preocupação. Espécies foram extintas devido às alterações climáticas, algo que ocorre até hoje. Estima-se que haja uma redução de até 10% das espécies nos próximos trinta anos. A poluição do ar também é uma grave questão. Gases nocivos e tóxicos são produzidos e dispensados na atmosfera, e a mistura deles com a água da chuva forma a chuva ácida, que contamina e prejudica os ecossistemas. De maneira resumida, elencam-se algumas causas e efeitos que ameaçam a vida: • Desmatamento: destruição dos habitats, principal responsável pela redução da biodiversidade em âmbito global. • Agronomia e pecuária: destruição de florestas, através de queimadas, para expansão dos campos. • Crescimento urbano: avanço sobre habitats naturais e de preservação ambiental. • Poluição: envenenamento da água e do ar, causando morte de várias espécies. • Exploração excessiva de plantas e animais: diminuição da biodiversidade. Somente será possível minimizar as perdas, os desastres e as catástrofes por meio do uso consciente dos recursos naturais, com o desenvolvimento de maneira sustentável, garantindo um futuro melhor para o planeta. 36 Unidade I Saiba mais Para saber mais sobre a biodiversidade e demais alterações, consulte as referências a seguir: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Impactos sobre a biodiversidade. Brasília, [s.d.]b. Disponível em: https://www.mma.gov.br/biodiversidade/ biodiversidade-global/impactos.html. Acesso em: 13 nov. 2019. O QUE é biodiversidade. eCycle, [s.d.]. Disponível em: https://www.ecycle. com.br/3188-o-que-e-biodiversidade. Acesso em: 13 nov. 2019. WWF-BRASIL. O que é biodiversidade. [s.d.]. Disponível em: https:// www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/biodiversidade/. Acesso em: 13 nov. 2019. 4.3 Contaminação dos recursos hídricos Durante séculos a água foi considerada um bem de quantidade infinita, visto que ela possui a capacidade de autodepuração. Entretanto, com o passar dos anos e o crescimento urbano, os índices de poluentes e esgotos lançados aumentaram, e, consecutivamente, sua capacidade diminuiu, promovendo uma poluição mais agressiva. A superfície do planeta tem como principal ocupação a água, totalizando 75% de sua área total. Segundo a ONU (1989), 8% da água disponível para consumo são destinados ao consumo humano, e os 92% restantes são divididos entre as indústrias e a agricultura. Oceanos e mares (salgada) 97% Consumo (doce) 0,30% Geleiras, neves, locais inacessíveis (doce) 2,70% Figura 23 – Porcentagem versus tipos de água na Terra 37 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Cerca de 11,6% da água doce superficial do planeta está em terras brasileiras, espalhada por todo o território; para maior controle, são analisadas de acordo com as regiões em que se encontram. Proporcionalmente, a quantidade de água existente em determina região não equivale à quantidade de habitantes que nela reside (ANA, 2012). Amazônia 45,10% Tocantins – Araguaia 11,30% Atlântico – nordeste oriental 3% Parnaíba 3,90% Atlântico – nordeste ocidental 3,40% São Francisco 7,50% Atlântico – leste 4,40% Paraguai 4,30% Paraná 10,30% Atlântico – sudeste 2,70% Atlântico – sul 2,20% Uruguai 2% Figura 24 – Porcentagem dos recursos hídricos versus região hidrográfica Para evitar desperdício, controle e conservação, foi criado em 1924 um decreto federal, conhecido como Código de Águas, porém nunca implantado, em virtude da sensação de fartura que se tinha à época. Contudo, com o passar dos anos e diversos estudos, foi identificado que a principal fonte poluidora dos recursos hídricos é a destinação incorreta dos esgotos industriais, em especial pela contaminação da agricultura. De fato, isso pode prejudicar os recursos hídricos superficialmente ou de forma subterrânea. Observação Poluição e contaminação têm definições diferentes. Poluição é o ato ou ação humana de poluir, degradar as características do meio ambiente, seja por meio de remoção, seja por meio de adição de substâncias, de maneira que prejudique a saúde. Contaminação é transmissão de germes nocivos ou infecciosos; infecção por contato. 38 Unidade I A seguir, destacam-se as principais consequências da poluição da contaminação: • aumento das doenças provenientes do contato com a água contaminada, causando grandes impactos na saúde humana; • diminuição da quantidade e da qualidade da água; • aumento nos custos de tratamento da água e da produção de alimentos; • estagnação na indústria e na agricultura. Figura 25 – Poluição de recursos hídricos Como a água é um recurso vital, foram criadas diversas legislações para gerenciar, controlar, fiscalizar e punir os principais responsáveis pela poluição ou contaminação, resguardando o meio ambiente e os recursos hídricos. Saiba mais A Constituição da República Federativa do Brasil garante a todos os seres o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Para saber mais, consulte: BRASIL. Presidência da República. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 11 nov. 2019. 39 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO É necessário que os conceitos de poluição e contaminação estejam bem claros, pois as maneiras de combater e solucionar essas degradações estão ligadas diretamente às suas classificações. Figura 26 – Contaminação dos recursos hídricos Nem sempre a água poluída estará contaminada, mas a contaminada certamente estará poluída. De qualquer forma, o uso da água ficará comprometido em ambos os casos. Para que a água volte a ter boa qualidade, deve-se efetuar o correto tratamento. Atualmente, podemos classificar os principais tipos de poluentes: • Lixos que desoxigenam a água: materiais vegetais e animais. • Agentes contaminantes: bactérias e vírus. • Nutrientes vegetais: fertilizantes, como nitratos e fosfatos. • Compostos químicos orgânicos: pesticidas e detergentes. • Outros produtos químicos: ácidos de mineração e ferro de siderúrgicas. • Sedimentos de erosão: areia e lama no leito do rio, que pode destruir organismos que vivem na interface sólido-líquido. • Substâncias radioativas: lixo de mineração, processamento de materiais radiativos e o próprio material radiativo usado. • Calor oriundo da indústria: água para refrigeração industrial. Dessa forma, é preciso avaliar sempre todo processo que possa gerar resíduos poluentes ou contaminantes. Aplicando as melhores soluções e destinações dos resíduos, pode-se garantir que os recursos hídricos e o meio ambiente sejam tratados de forma consciente. 40 Unidade I 4.4 Impactos ambientais urbanos versus ocupação de áreas de risco O crescimento urbano teve uma grande evolução após a Revolução Industrial; sabe-se que diversas características do ecossistema rural foram alteradas com esse desenvolvimento, causando um grande desafio para os gestores. O crescimento em demasia e a falta de políticas para garantir um desenvolvimento sustentável causaram o desbalanceamento dos ciclos, a impermeabilização em grandes escalas dos solos, a alteração nos cursos das águas e a desproporcionalidade entre os ambientes natural e urbano. Enfim, todos esses problemas afetam diretamente o meio ambiente, causando muitas oscilações e impactos ambientais. Estudos recentes mostram que, mesmo que os gestores criem políticas ambientalistas, visando à melhor utilização dos recursos naturais, à qualidade de vida e a não escassez para as gerações futuras, de nada adiantaria se os homens não se conscientizarem e aderirem a tais políticas. Segundo a Constituição (BRASIL, 1988), todo cidadão tem direito: à qualidade de vida, desde o ar que respira, que deve ter baixos índices de poluição; à água de qualidade, que deve ser potável e atender a quantidade necessária para o consumo humano; à moradia, que engloba desde a residência habitável a que tem direito, como as cidades, asruas, o lazer. Todas as necessidades citadas garantem que o cidadão tenha qualidade de vida. Não é difícil notar nas grandes cidades moradias à beira de rios ou em áreas de riscos, e essas instalações vem crescendo constantemente. Observação Áreas de risco são regiões que estão propícias a desastres naturais, como inundações ou deslizamentos. No Brasil, diversos estudos identificaram que na última década as moradias de risco cresceram de modo exponencial, principalmente pelo aumento do crescimento urbano. Com o sonho de uma melhor qualidade de vida, as pessoas se mudam para as grandes cidades em busca de melhores oportunidades, gerando uma enorme demanda para os governos. Existem vários serviços assistenciais que auxiliam as pessoas a adquirir uma moradia digna e em condições habitáveis, mas nem todas conseguem. Os impactos ambientais mais comuns no Brasil são: • Deslizamento de terra: considerado o principal desastre, pois gera um grande número de vítimas. • Enchente: dá-se principalmente pela falta de permeabilidade no solo e pela destinação incorreta dos esgotos. • Erosão: ocasionada pela alteração incorreta nos cursos d’água e pela impermeabilização do solo. • Seca: utilização incorreta e em demasia da água. 41 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Figura 27 – Ocupação das áreas de riscos Há vários projetos que vêm sendo desenvolvidos para a reestruturação de algumas áreas, a conscientização da população e o remanejamento para áreas legais. A principal instituição responsável pelo monitoramento das áreas de riscos no Brasil é a Defesa Civil, que também possui um serviço de assistência à população em casos emergenciais. A ONU (1989) considerou que em 1990 se daria o início da Década Internacional para Redução dos Desastres Naturais (DIRDN), tendo como finalidade a redução da perda de vidas humanas, danos e transtornos socioeconômicos nos países em desenvolvimento provocados por desastres naturais. Podem ser considerados desastres naturais: escorregamentos; terremotos; erupções vulcânicas; tsunamis; inundações; vendavais, seca e desertificação; incêndios; pragas de gafanhotos; além de outras calamidades de origem natural. A Defesa Civil alerta que inúmeras medidas podem ser tomadas para que os desastres sejam prevenidos, sejam estruturais, sejam não estruturais. Destaca que a escolha da medida a ser tomada interfere diretamente na disponibilidade de recurso financeiro repassado pelo governo. Saiba mais Para saber mais sobre legislações, decretos e recomendações da Defesa Civil, consulte: SÃO PAULO (ESTADO). Decretos, leis federais e recomendações. São Paulo: Defesa Civil, [s.d.]. Disponível em: http://www.defesacivil.sp.gov.br/ decretos-leis-federais-e-recomendacoes/. Acesso em: 13 nov. 2019. 42 Unidade I 4.4.1 Deslizamentos e erosão Levantamentos e estudos realizados pela ONU (2015b) apresentam que nas duas últimas décadas as quantidades de vítimas de desastres naturais foram de aproximadamente 3 milhões de pessoas e que economicamente os prejuízos passaram de U$ 23 bilhões. Por causa desses números alarmantes, foram determinadas metas internacionais para diminui-los: • Otimizar as condições para minoração das consequências dos eventos danosos. Assim, é necessário considerar o histórico e a questão econômica de cada país para criar sistemas de alerta e desenvolver estruturas resistentes, garantindo efetividade e rapidez nos planos de ações. Salienta-se, ainda, a assistência em países em desenvolvimento. • Elaborar e implantar diretrizes e estratégias. Ambas devem ser aplicadas ao corpo técnico-científico, experiente, levando em consideração as características culturais e econômicas de cada nação. • Investir em estudos, o que é feito por meio da estimulação e da criação de técnicas e atividades científicas capazes de solucionar questionamentos ainda não apontados, reduzir a perda de vidas humanas e perda de bens materiais. • Disponibilizar informações técnicas de estudos já realizados, como medidas de avaliação, prevenção e diminuição dos desastres naturais, possibilitando uma previsão dos acidentes. • Criar planos de assistência técnica e transferência de tecnologias para que sejam efetivas as reduções dos desastres, elaborar programas que possam registrar os desastres e aferir a efetividade dos estudos e iniciativas. Em relação ao Brasil, devido à grande ocupação em morros em áreas de riscos, o desastre mais recorrente e preocupante é o deslizamento, pois é o que causa mais vítimas, seguido de enchente, erosão e seca. Figura 28 – Deslizamento 43 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO É óbvio que, a curto prazo, as soluções apontadas pela ONU não terão efetividade para mudar o cenário em questão, uma vez que o crescimento é exponencial. Com base nessa realidade, é necessário um acompanhamento minucioso e preventivo de órgãos públicos ou privados, possibilitando que as famílias que residem em áreas de risco tenham uma convivência com os riscos “em segurança”. Devido ao histórico no Brasil, várias cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Vitória e Recife, sofrem com o crescimento e a ocupação irregular das áreas de risco. Assim, a Defesa Civil criou um sistema que permite avisar aos moradores de determinada localidade os riscos que estão correndo, principalmente em período de chuvas, e o número das vítimas diminuiu. Existem sinais que podem identificar os possíveis deslizamentos e erosões: • Inclinação de postes, árvores e cercas: evidência de que o solo está em movimentação. • Trincas: podem aparecer em paredes e chãos, criando, em alguns casos, relevo entre as partes. • Degraus em barrancos: sinal evidente de alerta. A seguir, elencam-se diretrizes que podem prevenir ou minimizar os riscos: • Evitar cortes verticais: taludes são necessários para reduzir os deslizamentos e proporcionar uma sustentação para a superfície em nivelamento com a crista, pois o corte incorreto desestabiliza a terra. • Plantar árvores: é comum a plantação de bananeiras nessas áreas, devido às propriedades da banana; porém, trata-se de uma planta pesada e de raiz superficial, por isso o recomendável é plantar espécies mais leves, de preferência aquelas cujas raízes atinjam uma profundidade maior, como o bambu; também é necessário fazer a poda regular e o corte das árvores que estão em risco de queda. • Destinar corretamente dos resíduos: por conta do estreitamento das ruas e da dificuldade de acesso, os lixos são jogados em encostas, córregos e bocas de lobo; a destinação deve ser executada corretamente, evitando alagamentos, tamponamentos, decomposição e sobrepeso. • Construir calhas e canaletas: nesses locais, nem todos os que residem possuem recursos financeiros para construir uma moradia dentro das normas; as calhas e as canaletas têm como finalidade conduzir e direcionar a água da chuva sem que ocorram erosões. • Limpeza: é necessário limpar regularmente ralos, esgotos e galerias para que a água continue seu curso e chegue ao seu destino. • Aterro: em vários pontos aparecem poças, que acumulam água, e é preciso que eles sejam sempre aterrados, evitando o aumento das poças. 44 Unidade I • Reforços estruturais: as trincas nos muros e nas paredes começam a aparecer quando há algum problema com o solo; nesses casos, é necessário fazer um reforço. • Cooperativas: além dos órgãos públicos e privados que fiscalizam as áreas de risco, é necessário que sejam criadas cooperativas dentro da comunidade para haver fiscalização mais efetiva, cooperando com a comunidade e os órgãos responsáveis. Assim, se necessário, essas cooperativas acionam as entidades responsáveis. • Evitar proximidade com cursos d’água: é comum aproveitar cada espaço das áreas de risco, mas é necessário manter a construção longe dos cursos de água, pois a probabilidade de escorregamento do solo ou assoreamento é muito maior; ainda é preciso acentuar o descarte de resíduos incorretos, que podem ocasionar uma inundação.Figura 29 – Erosão Observação Deslizamento é diferente de erosão. Deslizamento é o deslocamento de massa de terras, que ocorre geralmente em terrenos argilosos, após fortes chuvas, arrastando toda ou parte de uma encosta. Erosão é o desgaste da superfície terrestre pela ação mecânica e química da água corrente, das intempéries ou de outros agentes geológicos. 45 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Vale ressaltar que todos esses deslizamentos e erosões ocorrem principalmente pela ocupação indevida de áreas de risco, há poucos registros de deslizamento causado por ação natural com tantas vítimas. É necessário que ONGs e programas públicos ou privados que visam à melhor qualidade de vida trabalhem incansavelmente para conscientizar o homem no sentido de usar melhor os recursos naturais. Deve-se aplicar recursos financeiros e sociais para solucionar os problemas causados pelo crescimento da área urbana em demasia. 4.4.2 Enchentes urbanas A utilização incorreta dos recursos e a falta de consciência causam diversas reações no meio ambiente, desestabilizando o ecossistema; muitas vezes, os impactos são irreversíveis. A atividade antrópica é a que mais cresce e apresenta uma grande dificuldade para os gestores, pois necessita de planos de ação e estratégias que minimizem ou revertam os efeitos da degradação ambiental. As grandes dificuldades, que provêm do crescimento urbano em demasia acumulada e da ação antrópica, são as inundações e as enchentes. Esses problemas são mais frequentes em grandes cidades, em suas áreas urbanas, pois há inúmeras causas para tal resultado. O assoreamento dos leitos de rios, a impermeabilização do solo e fatores climáticos são exemplos. No Brasil, o desenvolvimento urbano está se tornando caótico, pois a frequência de inundações e enchentes está cada vez maior. A produção de sedimentos e a deterioração da qualidade da água (superficial ou subterrânea) trazem grandes transtornos e custos para o ambiente e para a sociedade. Conforme o aumento da urbanização das cidades, a impermeabilização do solo e a canalização, as vazões máximas crescem em até sete vezes, assim como a produção de sedimentos. Em algumas cidades, a qualidade da água chega a ter 80% da carga de um esgoto doméstico, o que contribui, e muito, para a degradação do meio ambiente e a desestabilização dos ecossistemas. Estudos apontam que, no Brasil, essas condições tendem a piorar, visto que nenhuma das cidades possui um plano diretor de drenagem urbana e os recursos estão sendo aplicados em soluções paliativas em vez de serem destinados a soluções definitivas. O homem, por sua vez, vem criando várias soluções para combater esses problemas. Contudo, ainda que esses efeitos possam ser minimizados, a solução está bem distante, sobretudo porque a população continua agredindo o meio ambiente. Próximo das grandes cidades criaram-se diversas represas, diques e desvios dos cursos d’água para que o impacto fosse menor, mas sem sucesso. Infelizmente, lixos são jogados em rios, há entupimento das bocas de lobo, o crescimento e a impermeabilização estão em alta, sem contar as obstruções de condutos e as drenagem inadequadas; enfim, todos esses aspectos não permitem que a percolação da água ocorra ou que sua correta condução seja efetivada até a destinação final. 46 Unidade I Figura 30 – Enchente do rio Xapuri As inundações e as enchentes não só agridem o meio ambiente, danificando o espaço, como também causam muitas vítimas; há prejuízo econômico para a área afetada, contaminação de doenças por meio hídrico (exemplo: leptospirose e cólera) e contaminação da água que entra em contato com produtos tóxicos e estações de tratamento. Muitas vezes, levam-se anos para que os impactos causados pelas enchentes sejam reduzidos, permitindo que as cidades voltem ao seu funcionamento normal. Figura 31 – Enchente em Trizidela do Vale 47 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO Assim, faz-se necessária a regulamentação do solo, delimitando as áreas que podem ser ocupadas, as zonas de risco e os locais onde os impactos provenientes de inundação sejam mínimos. Esse tipo de zoneamento ou plano diretor urbano permite a manutenção das áreas e um melhor acompanhamento das ações antrópicas. As inundações podem ser classificadas em áreas, como: • Áreas ribeirinhas: o rio segue o fluxo normal dentro no leito menor, possibilitando a ocupação das áreas do leito maior, mas a cada dois anos, em média, devido aos períodos chuvosos, o rio atinge o leito maior, causando inundações. Esse tipo de enchente, ocasionada pelo processo natural do ciclo hidrológico, ocorre onde as bacias são consideradas grandes (acima de 500 km²). • Áreas urbanas: essa inundação se dá pela ocupação do solo, pelo aumento de sua impermeabilização e pela falta de planejamento de redes de saneamento que possam suportar esse crescimento. Fazer o uso racional dos recursos naturais e destinar corretamente os resíduos é vital. Em vez de dispor recursos financeiros para tratar o impacto, o ideal seria aplicar recursos financeiros para a melhoria e para o desenvolvimento sustentável das cidades. Todavia, quando ocorrem problemas, os políticos apenas decretam calamidade pública. Observação O gestor municipal dificilmente buscará recursos para implantar soluções sustentáveis de medidas não estruturais, pois a população sempre espera obras. Além disso, não deseja interferir em interesses dos proprietários das áreas de risco, algo politicamente complexo. 4.4.3 Ilhas de calor É natural que o crescimento urbano provoque alterações no meio ambiente, a exemplo das ilhas de calor, que aparecem com maior frequência em cidades que possuem um grau de urbanização elevado; recebem esse nome pois é um fenômeno climático que ocorre em grandes urbanizações, onde o ar e as temperaturas da superfície são mais quentes do que as áreas rurais em torno. Podemos usar como exemplo a cidade de São Paulo, considerada uma ilha de calor. Formada por muitas edificações, a cidade possui pouca quantidade de espaços naturais, além de alto índice de poluição atmosférica e grande concentração de asfalto, o que permite que a absorção e a retenção do calor sejam mais efetivas, elevando a temperatura e ultrapassando as médias dos municípios da região. As figuras a seguir ilustram bem o que foi destacado: 48 Unidade I Indicador sintético de cobertura vegetal na cidade de São Paulo 0,678 a 1 0,449 a 0,678 0,244 a 0,449 0,085 a 0,244 0 a 0,085 Figura 32 – Indicador sintético de cobertura vegetal na cidade de São Paulo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) municipal - 2000 2 a 13,4 (21) 0,4 a 2 (19) -0,7 a 0,4 (15) -1,4 a -0,7 (18) -4 a -1,4 (23) Figura 33 – Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) municipal: 2000 49 ESTUDOS AMBIENTAIS E SANEAMENTO URBANO 23,5 a 24° Menor Maior 25° 24,5° 25,5° 26,5° 27,5° 28,5° 29,5° 30,5° 31,5 a 32° 26° 27° 28° 29° 30° 31° Temperatura aparente da superfície (alvo) de registro Observação: segundo a aplicação do modelo de regressão quadrática de Marinho et al. (2011) Figura 34 – Ilhas de calor: temperatura aparente da superfície por distrito Nas ilhas de calor, a umidade relativa do ar é menor do que em áreas rurais ou municípios cujo grau de urbanização é baixo. Esse fenômeno fica em evidência em dias meteorologicamente normais, pois em dias nublados e com ventos a presença do Sol é menor e a dissipação do calor é maior. Geralmente, as diferenças nas temperaturas médias das áreas urbanas para as áreas rurais variam de 5 a 6 ºC, visto que há uma vulnerabilidade, o que ocorre por causa da taxa de resfriamento que as zonas rurais possuem, algo que está relacionado estatisticamente à taxa populacional de ambas as áreas. Esse fenômeno ocasiona ações negativas para o meio ambiente, pois intensifica o aquecimento global, deteriora e gera novos microclimas. A seguir, serão acentuadas suas principais causas: • Construções humanas: as superfícies urbanas estão com a capacidade
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