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Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Psicologia Thaís Barbosa Ribeiro “A Neuroanatomia e a Ocorrência de Transtornos de Ansiedade e Crises de Pânico” Uberlândia, setembro de 2021 Universidade Federal de Uberlândia Instituto de Psicologia Thaís Barbosa Ribeiro- 11411PSI057 “A Neuroanatomia e a Ocorrência de Transtornos de Ansiedade e Crises de Pânico” Trabalho apresentado à disciplina de Anatomia-Prática da Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia, ministrada pelo professor Alexandre da Silveira, como requisito avaliativo para a obtenção de nota. Uberlândia, Setembro de 2021 1 Introdução Em situações perigosas a resposta comum do corpo é o medo, manifesto através de reações como: sudorese, palpitações, parestesias, dor no peito, tontura, entre outras; a resposta de luta ou de fuga é intermediada pela divisão simpática do SNA (Sistema Nervoso Autônomo). Quando o organismo expressa o medo de maneira inapropriada e exagerada, isto caracteriza um quadro de transtorno de ansiedade. O medo e a ansiedade são reações normais ante as ameaças, a diferença entre eles é que o medo é despertado por um estímulo exterior (por exemplo: um cachorro bravo, um assalto) e a ansiedade pode se manifestar sem um estímulo externo (por exemplo: esperar um pacote ser entregue pelos Correios, aguardar ser atendido pelo dentista), é definida como um sentimento desconfortável de medo, inquietação, gera tensão e desconforto antecipados, projetados sobre uma ameaça estranha . O medo mal resolvido pode se tornar ansiedade, quando se reprime uma reação de evitação ou fuga diante da ameaça. Se um estímulo qualquer provoca uma reação desproporcional de medo ou ansiedade, afetando a qualidade de vida do indivíduo, o seu desempenho diário ou o seu emocional, isto pode ser classificado como um quadro de sofrimento psíquico. Tais reações são mais comuns em pessoas que já possuem uma predisposição genética, podem se manifestar em qualquer faixa etária, devido ao estresse gerado por situações diversas (excesso de trabalho, problemas do sono, perigos físicos, doenças). Os distúrbios de ansiedade se manifestam em diversas síndromes: síndrome do pânico, fobia social, fobias específicas (de insetos, de altura, de palhaço, por exemplo), TEPT (Transtorno de Estresse Pós-traumático), TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). 2 A Neuroanatomia dos Transtornos de Ansiedade Já se sabe que há uma tendência genética associada a manifestação dos transtornos de ansiedade, entretanto não foi feito um mapeamento dos genes envolvidos neste processo, estes transtornos também podem ter como causa o estresse desencadeado por alguma vivência ou acontecimento marcante. O que define um transtorno de ansiedade é a reação desmedida ao estresse- resposta é comandada pelo sistema nervoso. Um estímulo aversivo (estressor) é o que desperta o medo e consequentemente uma reação de estresse- caracterizada por evitação e fuga, aumento da liberação de cortisol (através das glândulas adrenais), ativação da parte simpática do sistema nervoso e estado de alerta. A autora Konkiewitz(2009) postula que o hipotálamo é a estrutura responsável por desencadear uma resposta visceromotora , humoral e somático-motora adequada, tudo isto é controlado pelo eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal). O cortisol é um hormônio liberado pela glândula adrenal quando há um aumento nos níveis sanguíneos do ACTH (hormônio adrenocorticotrófico), liberado pela glândula hipófise anterior, em resposta ao estímulo do CRH (hormônio liberador de corticotrofina) do hipotálamo. Os neurônios hipotalâmicos que liberam o CRH são controlados pela amígdala e hipocampo. Ao ser ativado, o núcleo central da amígdala interfere no eixo HPA e a reação ao estresse é desencadeada, a ativação desajustada desse núcleo é ligada a manifestação dos transtornos de ansiedade. O hipocampo tem receptores para os glicocorticóides (ativados pelo hormônio cortisol), e com altos níveis de cortisol circulante, colabora para a regulação da retroalimentação do eixo HPA, inibindo a liberação de CRH, ACTH e cortisol. A liberação e a exposição contínuas ao cortisol, em fases de estresse crônico, pode ter como consequência a disfunção e morte dos neurônios hipocampais. Quando isso ocorre no organismo, o hipocampo apresenta falhas no controle e na liberação dos hormônios do estresse, afetando a realização das funções cotidianas e a memória, uma super atividade do córtex pré-frontal também pode ser observada nos quadros de transtorno de ansiedade. O hipocampo e a amígdala controlam o sistema HPA e a reação ao estresse, tanto com a hiperatividade da amígdala (ligada às memórias inconscientes, estabelecidas por mecanismos de condicionamento pelo medo e a diminuição da ação do hipocampo, o qual participa na retenção das memórias conscientes em um evento de aprendizado traumático). O cérebro é uma “caixa” complexa, repleto de estruturas, microestruturas executor de funções que ainda não foram completamente desvendadas pela ciência, ao se pensar nos transtornos de ansiedade e os seus subtipos, é arriscado afirmar com precisão a forma com que eles se dão no sistema nervoso como um todo, até porque as técnicas de estudo e investigação do funcionamento neuronal do ser humano vivo são limitadas. Também, quando se pensa em adoecimento psíquico, seja por transtornos de ansiedade, crises de pânico, etc, além dos fatores fisiológicos e anatômicos, existem fatores subjetivos, psíquicos e sociais envolvendo o indivíduo, que não é só e simplesmente um organismo circulante. O sistema autônomo e o neuroendócrino de respostas de comportamento ativadas por estímulos de medo, são processos complicados. A amígdala que fica situada no lóbulo temporal é o agente que exerce o papel principal nestas respostas biológicas. Ela é responsável por receber e processar estímulos de medo de outros centros de cérebro e sintetizar esta informação em uma interpretação global de estímulos de medo. A estrutura cerebral e o tálamo sensorial entregam estímulos à amígdala, que, em troca, gera uma resposta imediata a esses estímulos. Regiões corticais do cérebro também são envolvidas nesse processo, elas têm projeções da amígdala que ajudam no processo e avaliação da informação enviada do tálamo sensório. Em outras palavras, o aferente cortical ajuda a amígdala a determinar se os estímulos ameaçadores potenciais são verdadeiramente uma ameaça. Essa interpretação de estímulos está fortemente carregada por um comportamento condicionado de experiência passada. Uma vez que os estímulos são recebidos e processados pela amígdala, mensagens resultantes do processo são enviadas por vários caminhos aferentes para: (1) o locus coeruleus - que é responsável por aumentar o nível adrenérgico global para ameaça percebida e subseqüentes aumentos na pressão sanguínea, batida cardíaca, e comportamento de resposta defensivo; (2) a matéria cinza periaquedutal (MCP) - que é responsável por comportamentos defensivos e de rigidez do corpo (postura); (3) o núcleo paraventricular hipotalâmico - que é responsável por ativar o eixo hipotalâmico-pituitária-adrenal (HPA); (4) o núcleo lateral hipotalâmico - que é responsável por ativar o sistema nervoso simpático; e (5) o núcleo parabraquial - que é responsável por um aumento da respiração. (Filho, 2008, p.28) De acordo com Tripicchio (2007) o Sistema de Inibição Comportamental (SIC) é uma teoria elaborada por Gray, ele seria formado, supostamente, pelo circuito de Papez (formação septo-hipocampal, corpo mamilar, tálamo ântero-ventral e córtex do cíngulo), pelo córtex pré-frontal e pelas vias no radrenérgicas, dopaminérgicas e serotoninérgicas ascen dentes que inervam estas estruturas prosencefálicas e a ativação do SIC causaria ansiedade, e seria provocada por alguns estímulos ambientais específicos, tais como: estímulos neutros que prenunciam eventos aversivos, sinais condicionados defrustração, estímulos inéditos, as respostas a isso seriam a inibição do comportamento motor, exacerbação da análise sen sorial do ambiente e preparo para ação física vigorosa. De acordo com Gray, os ansiolíticos atuariam sobre o SIC, diminuindo a sua atividade. Tripicchio (2007) ainda traz em seus estudos que Gray também propôs que a via descendente, constituída pelo CPF (córtex pré frontal) e córtex do cíngulo, ativaria o subs trato límbico da ansiedade. Essa via, que funcionaria como "sistema de alarme" alternativo, trabalharia em conjunto ou em um modo de exclusividade mútua, com o sistema filogeneticamente mais antigo, representado pelas vias ascendentes monoaminérgicas aferentes no septo-hipo campo. (...) o Córtex Pré Frontal (CFP) dorsolateral tem acesso a informações somáticas, visuais e auditivas, já processadas pelas áreas sensoriais primárias e secundárias do córtex, e se projeta no córtex do cíngulo, onde essas informações contribuem para a formação de pre dições sobre o próximo evento esperado, e no córtex en torrinal, quando então as informações são utilizadas na descrição do estado do mundo sensório. Já a porção ór bito-frontal do CPF possui projeção intensa para o hipotálamo e AM, que fazem parte do SCA. (Tripicchio, 2007). O autor ainda fornece uma explicação mais detalhada sobre esta pesquisa e a relação entre as estruturas neuroanatômicas com os transtornos de ansiedade: Dessa maneira, o CPF monitoraria e modularia todo o sistema límbico. O tamanho relativo do CPF aumenta no decorrer da fi logênese, sendo particularmente grande no homem, de modo que sua participação nos estados de ansiedade humana deve ser maior. As neurocirurgias feitas com o intuito de tratar quadros de ansiedade crônica e grave (lobotomia pré-frontal, leucotomia – rompimento das fi bras nervosas que conectam o CPF com as estruturas cerebrais inferiores, e as cirurgias estereotáxicas – lesão de áreas menores no quadrante medial inferior do CPF e/ou do feixe cíngulo, a conexão principal entre o CPF dorso-lateral e o sistema límbico) ressaltam a importância dessa área cerebral na ansiedade. (Tripicchio, 2007) 3 Os neurotransmissores e o Transtorno de Ansiedade Ao estudar a neuroquímica da ansiedade, pode-se afirmar que a serotonina 5-HT é uma substância importantíssima neste processo, o bloqueio dos seus receptores e da sua síntese tem efeitos tranquilizantes. A serotonina 5-HT tem uma função dupla para o controle da ansiedade - atua como um ansiogênico na amígdala e como um ansiolítico no MCPD (matéria cinzenta periaquedutal dorsal). A amígdala tem a função de aferir o grau de perigo representado por uma determinada situação, posteriormente, instrui a resposta de defesa a ser programada, enquanto que a MCPD só deve ser ativada em casos de perigo imediato. Assim, compreende-se porque os sistemas neuronais serotoninérgicos inibem a MCPD, ao mesmo tempo em que facilitam o processamento de informações relacionadas à defesa na amígdala. A dupla função da 5-HT pode ser tida como um aparato de valor adaptativo. De acordo com (Konkiewitz 2009) os ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina) intensificam a ação da serotonina secretada em seus receptores, inibindo a sua recaptação. Este efeito se relaciona a uma adaptação do sistema nervoso aos elevados níveis cerebrais de serotonina, e uma das respostas adaptativas aos ISRSs é o aumento dos receptores para glicocorticóides no hipocampo e conseqüente o aumento da retroalimentação positiva dos neurônios CRH no hipotálamo. O GABA (ácido gama-aminobutírico) é mais um neurotransmissor envolvido nos transtornos de ansiedade - principal neurotransmissor inibitório do Sistema Nervoso Central. Se encontra em quase todas as regiões cerebrais, mas sua concentração varia de acordo com a região. A ligação entre o GABA e a ansiedade destaca-se pelo fato de que os ansiolíticos facilitam sua atuação. O efeito ansiolítico consiste na redução do funcionamento de grupos neuronais do sistema límbico, até mesmo a amígdala e o hipocampo, incumbidos da integração de respostas de defesa a ameaças de perigo físico, situações inéditas ou de perda. Combinado ao receptor, o neurotransmissor GABA modifica-lhe a constituição e essa alteração transmite-se ao canal de Cl (Cloro), abrindo-o. Consequentemente, íons Cl penetram na célula, onde sua concentração é menor que no exterior. Assim ocorre uma hiperpolarização da membrana pós-sináptica que inibe os disparos do neurônio pós-sináptico por complicar a despolarização de sua membrana, necessária à geração de impulso nervoso. Algumas substâncias químicas reduzem a ansiedade atuando na alteração da transmissão sináptica no encéfalo, entre elas os benzodiazepínicos, que estimulam o GABA, inibindo assim a atividade dos circuitos cerebrais empregados na resposta ao estresse. 4 A Neuroanatomia do Transtorno de Pânico O Transtorno de Pânico é definido pela ocorrência frequente de ataques ou crises de pânico (essas crises e ataques provocam medo, ansiedade, desconforto físico e psíquico no indivíduo, como taquicardia, sensação de iminência da morte, calafrios, parestesias, dificuldade para respirar, dor de cabeça, sudorese, diarréia, náuseas, desconforto abdominal, medo de perder o controle de si mesmo ou de enlouquecer, despersonalização, desrealização, etc.). Estes ataques não precisam necessariamente de um estímulo externo, real para serem desencadeados e não se relacionam a nenhuma doença física (muitos indivíduos acometidos por crises do pânico, antes de receberem o diagnóstico, pensam estar sofrendo de problemas cardíacos, porém a taquicardia característica deste transtorno se dá devido a mecanismos psicológicos). O Transtorno de Pânico tem um quadro clínico crônico, altas taxas de repetição dos episódios de crise e recaída, normalmente em comorbidade com alguns outros transtornos de origem psicológica como a depressão e a agorafobia. Normalmente os ataques de pânico surgem na vida do indivíduo entre a fase da adolescência até os quarenta anos de idade, mas podem aparecer tardiamente também. No DSM-IV (2000) o Transtorno do Pânico está descrito como um Transtorno de Ansiedade. Este quadro se inicia de forma repentina e atinge o seu pico de intensidade em dez ou quinze minutos de crise. O que caracteriza o Transtorno de Pânico é a ocorrência repetida de ataques inesperados, causando no indivíduo o receio da repetição do episódio, afetando negativamente o seu cotidiano, pois algumas pessoas que tem ataques de pânico podem viver com medo de passar por esta experiência novamente e por isso se privam de algumas situações sociais, crendo que assim vão evitar a revivência desta experiência traumática (por exemplo: o indivíduo tem um ataque de pânico no supermercado, se sente traumatizado e envergonhado, por isso começa a evitar as idas a este local, pois pensa que fazendo isso não terá mais crises). O Transtorno de Pânico é bastante imprevisível, as crises podem aparecer com algum estímulo, por exemplo: ver um escorpião, sentir medo e ter um ataque de pânico, mas podem ocorrer sem nenhum motivo ou estímulo, fugindo totalmente ao controle e entendimento do indivíduo. A autora Konkiewitz (2009) traz que as teorias relativas à patogenia envolvem abordagens genéticas, químicas, hormonais, de circuitos, psicodinâmicas e de aprendizado. Evidências demonstram que a amígdala tem uma função importante nas reações de ansiedade e medo. O hipocampo compõe a rede neural da ansiedade, participando da consolidação ou da evocação de lembranças traumáticas. A desregulação noradrenérgica, com uma super atividade pode ser um fator, com alterações na sensibilidade dos receptores. Estudos apontam que os sistemas neurais que incluem as recordações indesejadas são importantes, pois um processo de esquecimento ativo suprime as memórias traumáticas. Ativações do córtex pré-frontal e do hipocampo direito prevêem a magnitude do esquecimento, os modelos de ansiedade abordamcircuitos e não receptores de transmissores específicos. Ainda sobre a importante função da amígdala nos transtornos de pânico e de ansiedade, Filho (2008) afirma em sua tese “Um modelo neurocomputacional integrador para o transtorno do pânico”: Nesse contexto Goddard e Charney (1997), enfatizam a importância da amígdala, que é anatômica e idealmente localizada para coordenar os comportamentos de defesa, pelo fato de possuir projeções aferentes e eferentes com um grande número de estruturas (corticais e sub-corticais) que implicam em medo e ansiedade. A amígdala é citada como uma das estruturas mais envolvidas em todas as reações fisiológicas e autonômicas do pânico: Como as projeções aferentes de vários sistemas cerebrais importantes relacionados com o medo chegam à amígdala, ela se torna uma área determinante no processamento e interpretação desses estímulos. Muitas conexões aferentes são reciprocamente conectadas, o que garante um nível de complexidade ainda maior quando se procura estabelecer um modelo integrador para fenômenos relacionados com o medo e a ansiedade. (Filho, 2008, p.60) Os resultados dos exames de neuroimagem realizados em pacientes com transtorno do pânico, revelam que esses indivíduos possuem algumas anormalidades neuroanatômicas, ou seja, este transtorno não é de todo desencadeado por questões emocionais e estritamente psíquicas : Resultados de neuroimagem (CANNISTRANO e RAUSCH, 2003; KRYSTAL et al., 2001, ETKIN et al., 2005) sugerem que os pacientes com TP apresentam anormalidades estruturais e funcionais no cérebro. Em geral, há algumas evidências de lesões no hipocampo e na região parahipocampal direita em pacientes com o transtorno. Anormalidades corticais frontais também foram relatadas nos pacientes com a condição, mas não está claro se fazem parte de um mecanismo comum em pacientes com ansiedade patológica e que pode envolver outras estruturas, como o giro cingulado anterior. (Filho, 2008, p.51) Na tese de Filho (2008) há um tópico que aborda a “Teoria neuroanatômica” sobre a manifestação do Transtorno de Pânico e suas crises, baseando-se em diversos estudos ele explica sobre o locus coeruleus: “O locus coeruleus possui cerca de 50% dos neurônios noradrenérgicos do Sistema Nervoso Central (SNC), e é responsável pela produção de até 70% de toda a noradrenalina cerebral. É ele também que provê a principal inervação noradrenérgica para os córtices cerebral e cerebelar, para o sistema límbico, tronco cerebral e várias regiões da medula. Também recebe aferências de quase todas as áreas do Sistema Nervoso Central (MACIEL, 1993 ; GORMAN et al., 2000). Adicionalmente, sua estimulação produz quase todas as reações fisiológicas e autonômicas do pânico. O LC se conecta ao nervo vago, que se estende às regiões do tórax e do abdômen, podendo explicar a origem do mal-estar abdominal, sensação de sufocação e taquicardia, que são frequentes nas crises de pânico. O LC está situado na ponte, que possui também amplas conexões com o Sistema Límbico (SL), onde estão localizadas as reações de medo e ansiedade. Além disso, a ponte é caracterizada por estar fora da área onde se pode exercer influência voluntária como no córtex, o que poderia explicar a origem inesperada e incontrolável das crises (MACIEL, 1993). Apesar de a estimulação do LC levar a um comportamento de medo ou ansiedade, e sua lesão, seja anatômica ou funcional, levar a uma outra situação desse comportamento, principalmente em situações de grupo em estudos com animais, deve-se lembrar que os efeitos tidos como mediados por neurônios noradrenérgicos podem ser o resultado da alteração de outros sistemas neurotransmissores no cérebro. Em todo caso, os dados anatômicos e funcionais ressaltam a importância do LC em qualquer modelo neuroanatômico do TP pela sua localização e abrangência única de conexões (MACIEL, 1993 ; GORMAN et al., 2000). (Filho, 2008, p.19). 5 Conclusão O conhecimento da neuroanatomia do sistema nervoso é de grande importância para a psicologia, pois quanto mais a ciência ampliar o seu conhecimento sobre o funcionamento do indivíduo - em todas as suas esferas: biológicas, psíquicas e sociais- mais a humanidade poderá se beneficiar com as novas técnicas de tratamento das doenças. Os transtornos ansiedade tem se tornado cada vez mais comuns na sociedade moderna, é preciso aprender mais sobre eles: Embora o tratamento clínico e a terapia cognitivo-comportamental apresentem resultados benéficos, a etiologia do transtorno permanece obscura, pois ainda não foram encontrados mecanismos eficazes de tratamento. Um maior conhecimento da neuroanatomia pré-clínica e da neurofisiologia neuronal de estruturas cerebrais relevantes para o medo e ansiedade fornece um novo panorama (insight) sobre a neurobiologia do pânico (GODDARD e CHARNEY, 1997) (Filho, 2008, p 22) Os estudos desenvolvidos com a neuroimagem contribuíram para a compreensão da neuroanatomia humana e os processos que envolvem os transtornos de ansiedade e do pânico, mas é preciso investigar mais, ampliar os grupos analisados, desenvolver novas técnicas que possibilitem uma melhor resolução e mapear mais estruturas cerebrais que fazem parte destes quadros de ansiedade patológicos. Isso possibilitará a criação de novas drogas ansiolíticas, específicas para cada subtipo de transtorno de ansiedade ou para sintomas específicos, bem como o funcionamento do ansiolítico no organismo de maneira integrada. 6 Referências Castelon Konkiewitz, E. (2009). Tópicos em Neurociência Clínica. UFGD.Mezzasalma, M. A., Valença, A. M., Lopes, F. L., Nascimento, I., Zin, W. A., & Nardi, A. E. (2004). Neuroanatomia do transtorno de pânico. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26(3), 202–206. https://doi.org/10.1590/s1516-44462004000300010 Martins Filho, M. (2008). UM MODELO NEUROCOMPUTACIONAL INTEGRADOR PARA O TRANSTORNO DO PÂNICO [Dissertação de doutorado, UFRJ]. https://www.cos.ufrj.br/index.php/pt-BR/publicacoes-pesquisa/details/15/1857 Tripicchio, A. (2007).Neuroanatomia correlata à ansiedade.Reflexões sobre o Campo Psi. https://www.redepsi.com.br/2007/03/16/neuroanatomia-correlata-ansiedade/ https://doi.org/10.1590/s1516-44462004000300010 https://www.cos.ufrj.br/index.php/pt-BR/publicacoes-pesquisa/details/15/1857
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