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- GENÉTICA E TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS - Fenótipo = gens + ambiente (condição) (genótipo) (gatilhos/disparadores ambientais) (transtorno) (vulnerabilidade herdada) (fatores de risco e proteção) DNA Molécula que contém as informações genéticas (genes) de um indivíduo (genoma (conjunto de genes)). Essas informações são transcritos para a formação de proteínas responsáveis pelo funcionamento do organismo. As regiões específicas do DNA em que estão localizados os genes são chamadas loci (lócus – local). Gene: trecho da molécula de DNA. Entretanto, nem todo o DNA é formado por genes. Para que nosso organismo funcione corretamente, é preciso que os genes realize o processo de produção de proteínas.. A molécula de DNA está organizada em sequências de informações denominadas gene. mRna proteínas ➢ Gene transcreve proteínas! Conforme dados do projeto Genoma Humano, sabe se que o ser humano possui cerca de 20000 a 25000 genes (International Human Genome Sequencing Consortium, 2004). Diferentes formas de um gene são denominados alelos. Alelo: informação genética alojada em um lócus do cromossomo. forma de um gene se manifestar. Um gene transcreve mais de uma proteína. se tiver problemas nesse gene, pode-se ter mais problemas na célula. se todas as pessoas possuem os mesmos genes, o que diferem umas das outras? Esse gene pode se manifestar de diferentes formas. que é o que chamamos de Alelo. é o mesmo trecho que irá se manifestar de diferentes formas, podendo ser recessivo ou dominante. Cromossomo: DNA condensado. Fenótipos Resultado da interação entre gene e o ambiente. Exemplo: diabetes, asma, hipertensão, Alzheimer... Transtornos multifatoriais e complexos não relacionados à manifestação de um único gene. Endofenótipo Fenótipo intermediário entre pessoas que apresentam um transtorno e pessoas sem transtornos. Exemplo: a mãe tem esquizofrenia, sua filha tem as características que não traz prejuízo a ela, mas que aparece com mais frequência comparado com a população em geral. Exemplo: alteração de memória conservada de forma significativa em pacientes esquizofrênicos. parentes que não apresentam fenótipos para esquizofrenia (não afetados), apresentam alteração de memória em maior intensidade se comparados à população geral. Porém, essa é uma característica da doença que não os torna aptos para serem diagnosticados. PSICOLOGIA DOS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS Transcrição Tradução É possível fazer o paciente lidar com os manejos ambientais, mas não com os genes. Endofenótipo de esquizofrenia Pode ser necessário que a pesquisa se afaste de definições sindrômicas (sinais e sintomas) e mova-se para uma maior ênfase em endofenótipos de doenças. apenas os sinais e sintomas não são suficientes para elaborar uma hipótese. é necessário olhar para esse sujeito (genótipo), onde ele vive (ambiente), com quem convive (ambiente). Interação genético – ambiental Desenvolvimento de fenótipos ligados a doenças pode depender do desenvolvimento e/ou envelhecimento. Sabe-se que mudanças estruturais e funcionais (plasticidade) ocorrem em neurônios durante o período de desenvolvimento pós-natal. SNC plástico = sensível à estimulação ambiental. Como produtos gênicos normais e suas variantes se comportam no contexto de um cérebro em processo de envelhecimento? O SNC é o primeiro a se formar após a fertilização no óvulo, e o último a se formar no fim da adolescência (quando a neurogénese entra em nível estável - quando o frontal já conclui seu desenvolvimento). Genes X fatores de risco ambientais Evento vital significativo: ataques, divórcio, separação, morte de parente próximo. Um transtorno multifatorial pode se desenvolver, portanto, a partir da exposição de poucos genes a risco ambientais. Possibilidades da interação entre genótipo X ambiente: 1) Os genes apresentam efeitos sobre o traço, sem que haja efeito do ambiente (síndrome de Down); 2) O ambiente tem efeito, mas sem participação genética (sobre peso - ambiente oferta alimentos em excesso); 3) Os genes e o ambiente apresentam efeitos (pessoas com Síndrome de Down com sobrepeso pela oferta excessiva de alimento pelo ambiente); 4) Os genes e o ambiente apresentam efeitos, com interação entre eles (transtornos multifatoriais - distúrbios afetivos, esquizofrenia). Exemplos de como se dá genes X ambiente: • Depressão Maior - estudos com gêmeos idênticos apontaram concordância média de 43% gêmeos monozigóticos (idênticos, com o mesmo DNA e genes que se comportam da mesma forma. um têm probabilidade de 43% de apresentar depressão maior se o outro apresentou - significa que há outras variáveis para determinar essa depressão maior). 28% gêmeos dizigóticos (temos mesmos genes e DNA que se manifestam de maneira diferente. Se um tem Depressão Maior, o outro tem 28% de probabilidade. As questões ambientais ganham maior valor). Poliformismo (o gene pode se manifestar de diferentes formas) para transportador de 5-HT (alelo S e L): alelo S foi associado com ansiedade relacionado a características temperamentais e constitui um fator de risco potencial para Depressão Maior na presença de adversidades ambientais (Caspi, et al. 2003). Estudos mostraram que portadores do alelo S apresentam menores taxas de resposta a depressão maior sob tratamento com antidepressivos inibidores seletivos de recaptação de serotonina em comparação com portadores do alelo L (Rato, Serreti, 2010). (Se o paciente não responde ao medicamento, não adiantará fazer psicoterapia. por isso deve-se olhar além dos sinais e sintomas - olhar quem é ele, onde e com quem vive, como é a mãe, o pai, etc.). • Transtorno Bipolar - estudos já constataram que o risco de manifestação do transtorno em parentes de primeiro grau de pessoas afetadas é de 10% a 20%. para gêmeos idênticos este índice varia entre 80% e 90%. (Parece que fatores genéticos contribuem de modo substancial com a etiologia do transtorno. diferente da depressão maior, a taxa do transtorno bipolar é maior. Parece que aqui o genétipo é mais incidente). • Ansiedade - com relação ao transtorno de pânico, estudos mostraram um risco de cerca de 13% para parentes de primeiro grau de pessoas afetadas pela doença. Para gêmeos monozigóticos este índice vai para 31% e para gêmeos dizigóticos 10%. • Esquizofrenia - cerca de 1% da população geral é afetada. Risco de 48% caso haja irmão gêmeo monozigóticos afetado. Risco de 17% em gêmeos dizigótico e de 9% no caso de parente de primeiro grau afetado. Todos esses dados apontam a importância de fatores além da genética, como os psicossociais. Neoplasticidade - o cérebro está sujeito a fatores de proteção e de risco. O ambiente interfere na transcrição genética e pode produzir novos fenótipos. a psicoterapia propicia recursos para lidar com situações de adversidade. Kandel - habituação e sensibilização - funções que ocorrem decorrentes de aprendizagem. - Habituação: uma resposta reflexa diminui em função da estimulação repetida de um estímulo. Temos capacidade de reconhecer ignorar um estímulo significativo. Por exemplo: nos assustamos com os primeiros rojões de Ano-Novo, mas se o barulho ocorrer várias vezes, iremos nos habituar a ele e não assustaremos mais. - Sensibilização: ocorre o aumento de uma resposta reflexa como resultado de um estímulo novo ou um estímulo nocivo. Quando o organismo é exposto a um estímulo nocivo repetidas vezes, a tendência deste organismo se sensibilizar e emitir respostas motoras ou glandulares (emocionais) aumenta a frequência. Por exemplo: choques repetidos no Ratinho na caixa de Skinner. por ser um estímulo nocivo, o rato não irá se habituar a ele, pois a filogenia nos preparou para sobreviver a estímulos nocivos.O fenótipo é baseado na neuroplasticidade. se tem um ambiente produzindo modificações na transcrição genética, a ciência que estuda esses fatores se chama epigenética. A neuroplasticidade no período de desenvolvimento infantil é muito intensa. Fatores ambientais como privação ou exposição prolongada a um evento podem alterar conexões sinápticas. - TRANSTORNOS DE ANSIEDADE - Ansiedade: sentimento de apreensão, sensação de que algo está para acontecer, um contínuo estado de alerta aliado a um conjunto de alterações fisiológicas e comportamentais. Ancestrais Modernidade Sobrevivência da espécie Competitividade social, se- (ataques animais, guerras, busca gurança, perspectivas fu- Alimentos, alterações climáticas) turas, competência pro- fissional, sobrevivência econômica A ansiedade tem valor adaptativo. Tempo suficiente para a recuperação desse esforço psíquico, o qual restabeleceria saúde (persistência dos estímulos estressores). Esgotamento Alterações fisiológicas, comportamentais e psicológicas: • hipervigilância • dificuldade de concentração • dificuldade de conciliação do sono • dor toráxica • falta de ar • tontura • aumento da sudorese • taquicardia • tenção muscular • apreensão • incerteza • irritabilidade Os Transtornos de Ansiedade impõem ônus individuais e sociais; tendem ser crônicos e incapacitantes. Acredita-se que os Transtornos de Ansiedade resultem em alterações em sistemas de neurotransmissão, neuroendócrinas e neuroanatômicas. Classificação Transtornos de Ansiedade segundo classificação do DSM-V: • Transtorno Ansiedade De Separação • Mutismo Seletivo (restrito a contexto de segurança) • Fobia Específica • Transtorno Ansiedade Social (Fobia Social) • Transtorno De Pânico Foram incluí- dos no DSM-V • Agorafobia • Transtorno Ansiedade Generalizada • Transtorno Ansiedade Induzido Por Substância Ou Medicamento • Transtorno Ansiedade Devido a Outras Condições Médicas (exemplo: indivíduo tem tumor no cérebro e por isso desenvolveu ansiedade) • Transtorno Ansiedade Não Especificado • Transtorno de Pânico: caracterizado por ataques de pânico recorrentes e inesperados - episódios de medo intenso e desconforto, com a ativação cognitiva e autonômica. Os ataques seriam decorrentes de uma disfunção na rede cerebral do medo (estruturas do tronco encefálico, amígdala e hipotálamo) (Gorman et al., 2000). Sistema de defesa Amígdala Estruturas Tronco Encefálico Estruturas do Eixo Neuroendócrino Hipotálamo + Hipófise + Adrenocorticóides SNC A função da percepção é organizar e integrar aquilo que é captado pelos órgãos dos sentidos. é função do tálamo distribuir as informações sensoriais para 2 lugares: amígdala e córtex (onde iremos trabalhar na terapia, mas só depois, quando o sujeito de fato atribuiu um sentido). Exemplo: sujeito está em um porão, escuro, cheio de teias de aranha. um ataque de pânico começa na amígdala, que é ativada. o ataque de pânico é inesperado, pois não existem pistas ou gatilhos identificados que o indivíduo possa pelo menos prever – por isso ele desenvolve ansiedade antecipatória em relação ao pânico). ô tálamo envia projeções para a amígdala e para o córtex. a amígdala envia projeções para o núcleo parabranqueal (localizado na ponte, no tronco encefálico), que está ligado às funções autonômicas, principalmente frequência respiratória, promovendo um aumento na mesma. quando há aumento na frequência respiratória em função da ativação do núcleo parabranqueal, ativa ainda mais a amígdala, passando a perceber mudanças no próprio corpo e ficando hiper sensível, surge pensamentos negativos e aumenta mais ainda a frequência respiratória. É neste momento que se consegue fazer o teste de CO² e medir o quanto de aumento real da atividade simpática está acontecendo nesse sujeito. O núcleo central da amígdala também envia projeções (axônios) para o lócus celuleus (também está localizado no tronco encefálico, na ponte), que é responsável pela produção de noradrenalina (que é importante para os estados de alerta), aumenta a liberação de noradrenalina no encéfalo, tendo consequentemente um aumento em sistema nervoso simpático, aumento na pressão sanguínea, aumento do batimento cardíaco e no comportamento de defesa. a amígdala ativada também envia projeções para as substâncias cinzentas paraquedutal (localizada no mesencéfalo), responsável pelo freezing/congelamento, um conjunto de corpos celulares de neurônios que são ativados os promovendo esse comportamento de defesa muito primitivo. a amígdala também envia projeções para o hipotálamo, ativando o eixo neuroendócrino (núcleo paraventricular do hipotálamo) tendo aumento na liberação de adrenocorticoides (adrenalina e cortisol). esse núcleo paraventricular potencializa ainda mais a ativação autonômica, promovendo maior ativação do sistema nervoso simpático. Tudo isso acontece ao mesmo tempo, em função dos núcleos da amigdala que envia projeções. O problema desse mecanismo adaptativo passa a ser ativado de forma crônica. Obs. 1: As estruturas do tronco encefálico controlam as funções do sistema nervoso autônomo (homeostase), aumentando pressão arterial, sudorese etc. Obs. 2: se há modificação de transcrição gênica, a longo prazo terá alterações duradouras dos padrões de sinapses. Neurotransmissores: a maior evidência para a hipótese de alteração na neurotransmissão serotoninérgica provém do fato de fármacos inibidores seletivos de recaptação de serotonina serem muito eficazes no tratamento do pânico. O indivíduo não atribui sentido de ameaça, a substância ou medica- mento que induz São ativados Freezing e padrão defensivo adicional Substância cinzenta periaquedutal Núcleo central da amígdala Núcleo parabranqueal Teste de CO² Mudanças na respiração Pensamentos negativos Lócus ceruleus Hipotálamo núcleo lateral paraventricular Aumento na taxa respiratória Aumento na liberação de adrenocorticóides Ativação autonômico e descarga simpática Aumento na liberação de noradrenalina Aumento da pressão sanguí- nea, batimento cardíaco e do comportamento de defesa Além disso, o tratamento a longo prazo com esses medicamentos parece reduzir a liberação hipotalâmica de CRP – ativação de áreas do medo. CRF = liberação de fator cortecotrófica, ocorre que o hipotálamo liberta o fator de liberação corticotrófico, estimular a adrenal a liberar adrenalina, antidepressivos regulam a hiperativação do eixo neuroendócrino. Estudos também mostram diminuições nas concentrações de GABA (principalmente no córtex). Genética: o TP é considerado o mais hereditário dos transtornos de ansiedade. Parentes em primeiro grau apresentam risco de 5% a 16% de desenvolvê-lo. Estudos com gêmeos idênticos apontam prevalência de 30% a 40% determinada por fatores genéticos – regiões cromossômicas 13q, 14q, 22q, 4q31-34, 9q31. Estímulos ambientais são capazes de ativar genes pois podem alterar a transcrição gênica (não necessariamente desenvolverei o transtorno, só porque herdo o gene). • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): caracterizado por preocupa ações excessivas referentes a acontecimentos e atividades na maioria dos dias. Hipótese etiológica: desregulação do receptor GABA. Os sintomas são mais amenos comparando ao pânico, tendo uma tendência a ser mais cronificante. Evidências a favor dessa hipótese: eficácia benzodiazepínicos e barbitúricos no tratamento TAG. Receptor GABA > neurotransmissor gaba > inibitório de SNC, pois quando o gaba se liga ao receptor, ocorre fluxo de neocloreto por via sináptica, ficando. o conjunto TA envolve desequilíbrio no receptor gabaérgico, tendo prejuízo e inibição de sinapses. O benzodiazepínico facilita neurotransmissores gabaérgicos, aumentaessa neurotransmissão. por isso, tem efeito na supressão dos sintomas, por aumentar os inibitórios. Neurotransmissores: 1) TAG como resultado da atividade diminuída dos receptores BZD. 2) Fármacos com efeitos serotoninérgicos também diminuem os sintomas – psicológicos/comportamentais. Envolvimento da neurotransmissão serotoninérgica • Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social): medo excessivo de ser observado, avaliado negativamente ou humilhado em situações sociais. acompanhado de sintomas físicos e/ou de evitação da situação temida. (fuga ou esquiva). os 2 sistemas envolvidos na fobia social parecem ser o serotoninérgico (inibidores seletivos parecem atenuar os sintomas) e o dopaminérgico. Na TAG, os sintomas são generalizados, por qualquer estímulo do ambiente, já a fobia social é apenas em interação social. Neurotransmissores: a principal classe de medicamentos utilizada no tratamento da fobia social são os ISRS (antidepressivos) e ISRN. BZD também atenuam sintomas, mas não são considerados os medicamentos de primeira escolha - abuso e dependência. • Transtorno Obsessivo Compulsivo: este transtorno está classificado no DSM-V dentro da categoria “Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtornos Relacionados”. Não é mais considerado como transtorno de ansiedade. O TOC estava nos transtornos de ansiedade porque quando o sujeito é invadido pelas ideias intrusivas, gera desconforto. o sujeito é invadido pelas obsessões e não tem controle sobre elas e se engajaria nos comportamentos compulsivos para atenuar. O TOC sai dos transtornos de ansiedade porque essa era a única característica de ansiedade. - Transtorno Obsessivo Compulsivo - Transtorno Dismórfico Corporal (celulite no joelho) - Transtorno Acumulação - Tricotilomania (arranca cabelos, pelos, cílios...) Ex.: cromossomo 4 de braço longo, banda 31 até banda 34 - Transtorno de Escoriação (sujeito infringe uma lesão na pele, como arranhar; comportamentos que não chega a lesionar, mas que fica evidente na pele (mancha roxa, coçar...). Comum: ideias e comportamentos obsessivos. Obsessões Compulsões Plano das ideias comportamento (pensamento) (rituais) As ideias obsessivas surgem de forma recorrente na consciência; são vivenciados com angústia e como algo que “invade”, que é intrusivo. pesquisas apontam o envolvimento de estruturas corticais e sub corticais e seus circuitos. estudos de neuroimagem estrutural encontraram redução volumétrica do córtex orbitofrontal, bilateral ou esquerdo. estes autores demonstraram aumento da hipófise, menor volume do hipocampo e amígdala e deformidades talâmicas. Neurotransmissores: fez a melhora dos sintomas obsessivo compulsivos com o uso de ISRS aponta o envolvimento do sistema serotonérgico na fisiopatologia do TOC. Apesar da eficácia do ISRS, cerca de 40% a 60% dos pacientes com TOC não respondem de modo eficaz ao tratamento. envolvimento de outras vias na etiologia do TOC - níveis elevados de glutamato em diversas regiões do cérebro. • Transtorno de Estresse Pós-Traumático: este transtorno está classificado no DSM-V dentro da categoria “Transtornos Relacionados à Trauma e a Outros Estressores”. Nova classificação é justificada pela presença, nestas condições, de sintomas anedônicos e disfóricos, além dos sintomas de ansiedade. • Transtornos Relacionados à Trauma e a Outros Estressores: • Transtorno de Apego Reativo (quando as demandas mais básicas da criança não são atendidas, elas desenvolvem uma atitude de não gastar energia chorando como estratégia para se adaptarem ao meio no qual viveram. inibição emocional e afetiva em relação aos cuidadores). • Transtorno de Interação Social desinibida (conduta excessivamente familiar e culturalmente inapropriada com pessoas estranhas, dos 2 anos até a adolescência). • Transtorno de Estresse Pós-Traumático • Transtorno de Estresse Agudo (breve período de lembranças intrusivas que ocorre logo após um evento extremamente traumático) • Transtornos de Adaptação (tem problemas em sua classificação, pois, o tempo determinado para que os sujeitos se adaptem a uma nova situação irá variar de sujeito para sujeito. Mas em sua classificação, o sujeito tem que se adaptar a uma nova situação dentro de um determinado tempo). • Outro transtorno relacionado a trauma ou estressores especificado: o jeito consegue falar sobre. • Transtorno relacionado a trauma ou estressores não especificado: o sujeito não consegue falar sobre. E no transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), é desencadeado por exposição a evento traumático que resulte em: • revivência da experiência traumática – flashbacks, pesadelos • sintomas dissociativos (despersonalização + desrealização + perda de memória em relação às informações pessoais importantes) • excitabilidade aumentada (hipervigilância, distúrbios do sono, dificuldades de concentração). O TEPT saiu do transtorno de ansiedade e foi incluído nos estressores porquê de fato o conjunto de sinais e sintomas foi desencadeado pela exposição a um evento traumático, a ameaça de fato ocorreu, perdendo o caráter da interpretação de ameaça potencial, como na ansiedade. O hipocampo tem sido a principal estrutura investigada no TEPT – memória. (em função de o hipocampo ser relacionado a retenção e evocação de memória (daí a característica de ter flashbacks da vivência traumática) e o hipocampo pertence ao sistema límbico, portanto, modula reações emocionais (associadas à memória afetiva). Foi constatada a diminuição hipocampal após exposição a múltiplos estressores em animais e seres humanos. O TEPT também tem sido associado a alterações no funcionamento do eixo HHA (Hipotálamo, Hipófise, Adrenal) (Ou eixo HPA) resultando em alterações no sistema endócrino de resposta ao estresse. quando o indivíduo é exposto a estressores agudo, ocorre a liberação da adrenalina que ativa o eixo HHA. persistindo o estímulo estressor, sai do padrão de liberação de adrenalina para a liberação de cortisol. muito provavelmente são os efeitos do cortisol no SNC que gera a diminuição do volume hipocampal. Neurotransmissores: acredita-se que a neurotransmissão serotoninérgica esteja envolvida no enfrentamento do estresse. essa hipótese acaba encontrando apoio na eficácia de antidepressivos (ISRS) que atua inibindo seletivamente a recuperação de serotonina no tratamento do TEPT. BZD parecem diminuir os sintomas relacionados principalmente a ativação autonômica que ocorre no TEPT, mas para a remissão dos outros sintomas (como a revivência da experiência traumática e sintomas dissociativos) os BZD não atuam. O TEPT associado a uma diminuição do campo hipotálamo parece estar relacionada a neurotransmissão serotoninérgica. TRANSTORNOS AFETIVOS / HUMOR Aspectos clínicos: os transtornos de humor estão entre as principais causas de prejuízo funcional e suicídio. indivíduos com Depressão apresentam apenas episódios de rebaixamento acentuado do humor, enquanto aqueles com Transtorno Bipolar, apresentam pelo menos um episódio de mania. Transtorno Afetivo = Ciclotimia, Depressão Maior e Distimia (principais manifestações). DSM-V (2014) tem um capítulo transtornos depressivos e um capítulo de transtorno bipolar e transtornos relacionados. ambos são transtornos afetivos, porém, os dividiram apenas para facilitar a compreensão das manifestações sintomáticas. Transtornos Depressivos (DSM-V) • Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor • Transtorno Depressivo Maior • Transtorno Depressivo Persistente (Distimia) • Transtorno Depressivo Induzido por Substância/Medicamento (esteroides, quimioterápicos) • Transtorno Depressivo relacionado a outra condição médica (condição médica prévia fisiologicamente relacionado do aos transtornos de humor) – (doença de Parkinson, Huntington, lesões no crânio encefálico). o problemadesses transtornos como Parkinson, Huntington, Alzheimer, é que não existe um exame de imagem que faça um diagnóstico da condição, sendo apenas clínico. tem Aparecido nas literaturas que alguns indivíduos têm apresentado rebaixamento de humor antes dos tremores do Parkinson. muito provavelmente isso acontece como indícios de que há problemas neurotransmissão. • Transtorno depressivo não especificado • Transtorno Disruptivo (sujeito apresenta rebaixamento de humor, mas faltam critérios para ser diagnosticado como Depressão Maior e Depressão Persistente (não se preenche todos os critérios)). Transtorno bipolar (DSM-V) • Transtorno Bipolar I (com manifestação psicótica) • Transtorno Bipolar II (sem manifestação psicótica) • Transtorno Ciclotímico (envolve oscilações de humor mas não se caracteriza um episódio maníaco e nem depressão maior, um transtorno de humor que não afeta tanto esse sujeito, mas tem caráter crônico/persistente) • Transtorno Bipolar Induzido por Substância/Medicamento (estimulantes – anfetamina, cocaína) • Transtorno Bipolar relacionado a outra condição médica (hipertireoidismo, esclerose múltipla, AVE e traumas crânio encefálico) • Transtorno Bipolar não especificamente Genética: de acordo com estudos com gêmeos monozigóticos e dizigóticos, cerca de 65% a 80% do risco de desenvolvimento de transtorno bipolar é atribuível a fatores genéticos. utiliza se normalmente anticonvulsionantes e antipsicóticos para tratamento de transtorno bipolar, para potencializar sinapses gabaérgicos. pesquisas permitem inferir uma herdabilidade de cerca de 40% na depressão e de 70% no transtorno bipolar. Neurotransmissores: pesquisas têm focado alterações nos sistemas monoaminérgicos como possível causa para os transtornos de humor dada a eficácia de antidepressivos no seu tratamento. Muito provavelmente a neurotransmissão serotoninérgica e noradrenérgica estejam relacionadas ao transtorno de humor, e dopaminérgico (menos comum). Antidepressivos: inibidores da MAO (enzima integrada a monoamidos) é inibidores seletivos de recaptação aumentam a biodisponibilidade de neurotransmissores nas sinapses o que leva a hipótese de que a depressão é resultado de transmissões sinápticas disfuncionais. No entanto, tal hipótese não explica por que são necessárias semanas de tratamento para o aparecimento dos ganhos terapêuticos. Esse atraso no efeito terapêutico leva a crer que é necessário um tempo para que neuroadaptações ocorram. As ideias atuais são de que o aumento nasce concentrações de monoaminas cause mudanças adaptativas em neurônios alvo. Uma das principais teorias é a de que essas neuro adaptações ocorre devido a alterações nas cascatas de reações intracelulares, o que leva a alterações na expressão gênica. entendesse que o uso crônico de antidepressivos gere alterações nas sinapses. Basicamente, quando se tem inibição do transportador de serotonina ou noradrenalina, você aumenta a biodisponibilidade da monoamina do neurotransmissor da fenda, e é justamente esse aumento que gera um maior contato do neurotransmissor com o receptor. Lembrando que toda vez que o neurotransmissor se liga ao receptor, essa ligação precisa ser altamente seletiva e produz uma mudança conformacional. quando o neurotransmissor se liga ao receptor, ocorre uma série de cascatas e ações intracelulares que vão modificar transcrição gênica no interior do neurônio. No caso da mania, a principal hipótese envolvendo neurotransmissores é a desregulação dopaminérgica: entende-se que aumentos nos níveis de dopamina nas sinapses mediaria os sintomas maníacos. Redução da Transmissão dopaminérgica por meio do bloqueio de receptores D2 seria o mecanismo associado a efeitos antimaníacos. Vias de sinalização intracelular: os efeitos clínicos dos antidepressivos são, obviamente, causados por sua habilidade em induzir mudanças adaptativas na neurotransmissão, principalmente na serotoninérgica e noradrenérgica. Acredita-se que os responsáveis pelos efeitos terapêuticos finais sejam os processos celulares que levam ao aumento da expressão gênica de BDNF (fator neutrófico derivado do cérebro). BDNF: os fatores neutróficos (neurotrofinas) são responsáveis pelo crescimento, sobrevivência, desenvolvimento e a função de neurônios. Neutrofinas também inibem a morte programada (apoptose) em resposta a estímulos extracelulares, como por exemplo o estresse. Tanto antidepressivos quanto estabilizadores de humor aumentam os níveis de BDNF in vitro (na placa de vidro) e in vivo (o sujeito que faz uso do medicamento). Vários estudos já demonstraram o valor desta neutrofina nos mecanismos de neuroplasticidade e cognição. Os níveis séricos de BDNF estão diminuídos em pacientes com depressão maior e em pacientes com transtorno bipolar em episódio maníaco ou depressivo. As alterações nos níveis de neurotrofinas podem explicar, em parte, as modificações cerebrais estruturais observadas nesses pacientes. ESQUIZOFRENIA Um dos mais graves transtornos psiquiátricos que afeta cerca de 1% da população mundial. Bleuler (1911) = Skizo (cisão) e Phrenos (mente) Kraepelin (1913) = Demência precoce Por se manifestar no final da adolescência/início da vida adulta. há uma fragmentação da cognição (pensamento), afeto (emoção) e comportamento (ação). Atribuímos um significado explicados as situações que vivemos (por exemplo, se o preço do produto x está mais caro do que deveria, isso gera essa noção de preço, gera afeto de raiva e não compra o produto). O sujeito com esquizofrenia tem dificuldade em articular os 3, pois não há ligação entre eles. DSM-V (2014) - Presença de pelo menos 2 dos seguintes sintomas (durante a maior parte do tempo em um período de 1 mês): • Sintomas Positivos: delírios e alucinações. • Sintomas Negativos: embotamento afetivo, falta de iniciativa (avolição), isolamento social. • Desorganização/fragmentação do pensamento: discurso organizado e sem coerência. • Comportamento grosseiramente desorganizado. - Metade de todos os pacientes esquizofrênicos apresentam sucessão de episódios agudos, ao longo de vários anos, intercalados com fases de normalidade. Os próprios surtos são neurotóxicos para os sujeitos. - Vivência da realidade não comum: o mundo parece distorcido, instável e sem pontos de referência confiáveis. como não há consonância entre cognição e afeto, só sobra ansiedade e confusão pela incapacidade de o sujeito compreender. a pessoa parece distante, isolada ou preocupada, podendo permanecer sentada durante horas sem se mover, ou move-se constantemente, sempre vigilante e alerta. • Distúrbios do pensamento: dificuldade para pensar estruturadamente. Os pensamentos podem ir e vir rapidamente que não é possível “retê-los”. Podem saltar de tema em tema. O indivíduo distrai-se facilmente e não é capaz de fixar a atenção. Atesta-se esse pensamento acelerado diante do discurso do sujeito, saltando de tema em tema. • Expressão das emoções: acaba sendo manifestado de forma inadequada - o sujeito demonstra uma emoção que não tem relação com o que a pessoa diz/expressa. frequentemente apresenta afeto embotado, apresentando severa incapacidade de demonstrar emoções (tom de voz monótono e ausência de expressão facial). Alguns pacientes apresentam fases prolongadas de elação ou depressão, que requerem diagnóstico diferencial com distúrbios afetivos. Em torno de 10% dos pacientes esquizofrênicos cometem suicídio. Estudos recentes mostram que a esquizofrenia é um quadro marcado por anomalias presentes no neurodesenvolvimento (Ocorrem antes do primeiro episódio psicótico). Progressão dessas anormalidades após a instalação da doença - caráter crônico. Fatores genéticos Risco relativo em gêmeos monozigóticos: 50%. Traço complexo: herança não mendeliana (não é monogenética) com significativas interações com fatores ambientais. Não há herança dadoença em si. Herda-se uma pré-disposição aumentada para o desenvolvimento do transtorno. Fatores genéticos que conferem maior susceptibilidade à esquizofrenia são transmitidos, mas podem não ser expressos. múltiplos genes com pequenos efeitos e penetrância incompleta podem interagir entre si e com diversos fatores ambientais. (Miyamoto et al., 2003; Bertolino; Blasi, 2009). • Gene DTNBP1: Identificado em famílias com alta densidade de indivíduos com esquizofrenia. gene que está relacionado a processos de plasticidade sináptica e transdução do sinal. • Gene NRG1: (Neurorregulina-1): papel importante nos processos de migração neural e desenvolvimento cerebral. • Gene DISC-1 (Disrupted In Schizophrenia 1): Papel tanto no desenvolvimento cerebral como no funcionamento neural adulto. Fatores ambientais 1) Fatores ambientais precoces: precoces complicações obstétricas, infecções maternas, nascimento em zona urbana. Infecções maternas durante a gestação: respostas inflamatórias (produção citocinas pela mãe) > essas citocinas podem ter efeitos neurotóxicos no desenvolvimento cerebral do feto. Outras complicações obstétricas podem resultar em dano isquêmico cerebral - resulta em pequenas hemorragias. - Alargamento dos ventrículos (quanto mais alargado, menos massa cerebral) - Redução do volume hipocampal - Anormalidades no corpo caloso (ele que une os 2 hemisférios, então informações que deveria trafegar corretamente entre eles, não ocorre). É necessário que a mãe tenha um rebaixamento na resposta imunológica gestante porque os genes que descrevem o bebê não pertencem somente a mãe, mas ao pai, sendo proteínas estranhas no corpo da mãe – assim, o corpo dela não “dispare o alarme” para os outros agentes de moléculas, células, proteínas etc., avisando que há um invasor (proteínas do pai) e rejeite o bebê. 2) Fatores ambientais tardios: abuso de drogas (cannabis), eventos de vida adversos e estresse. uso precoce e pesado de cannabis aumenta de forma significativa o risco de desenvolvimento posterior da esquizofrenia. Estudos longitudinais: o uso cannabis pode precipitar um episódio psicótico em pessoas vulneráveis. uso de cannabis aos 15 anos representou um aumento de 4,5 tendência desses indivíduos serem diagnosticados com esquizofrenia aos 26 anos. (Arsenault et al., 2002) DTHC (princípio ativo da cannabis) que contribui para desenvolvimento da esquizofrenia em encéfalos em desenvolvimento (de crianças e adolescentes). Hipóteses de neutransmissores esquizofrenia Há diversas evidências que apontam para alterações em vários sistemas de neurotransmissores na esquizofrenia: Dopamina (o principal sistema prejudicado): hiperatividade aumentada na Transmissão dopaminérgica, mais especificamente sobre receptores D2 na via mesolímbica. (o que está acontecendo na via do mesencéfalo até o sistema límbico: uma hiperatividade do sistema dopaminérgico, está sendo liberado muita dopamina (excesso). O tronco encefálico é composto por mesencéfalo ponte bulbo A maior parte dos corpos celulares dos neurônios do painel angicos estão justamente no tronco encefálico, ou seja, toda elevação do painel de caqui vai para todo o encéfalo, parte do tronco encefálico. A dopamina neurotransmissor é produzido no corpo celular. A sinapse acontecerá na terminação nervosa (axônio e dendrito). Vias dopaminérgicas Via 1: os corpos celulares dos neurônios dopaminérgicos saem do tronco encefálico (mesencéfalo) e chegam para liberar dopamina no estriato. Via 2: sai do mesencéfalo e vai até o sistema límbico (conjunto de estruturas que modula reações emocionais). Via 3: sai do mesencéfalo e chega ao córtex, principalmente córtex frontal e pré-frontal (importantes para as funções perceptivas, como raciocínio lógico, tomada de decisão, apreensão...). Via 4: sai do hipotálamo e chega a hipófise, relacionada a questão de hormônios. Os corpos celulares dos neurônios então no tronco encefálico e as terminações nervosas desses neurônios vão se dirigir para estruturas como o estriato (que leva o nome de nigro-estriato (via 1), porque é uma via que sai da substância negra, localizada no tronco encefálico, mais especificamente no mesencéfalo). A substância negra envia projeções para o estreato, um dos núcleos da base. os núcleos da base que estão bem no centro do encéfalo, são estruturas importantes para o desenvolvimento de movimentos finos. 1ª via: neurônios dopaminérgicos estão saindo do mês encéfalo e estão liberando dopamina no estriato. 2ª via: sai do mesencéfalo e vai até estruturas do sistema límbico (que são um conjunto de estruturas responsáveis pela modulação de respostas emocionais). 3ª via: sai do mês encéfalo até o córtex frontal e pré-frontal (responsáveis pelo raciocínio lógico, pela atribuição de sentido/julgamento). 4ª via: parte do mês encéfalo e vai até a hipófise (com o uso de antipsicóticos podem surgir anomalias hormonais). Quando o sujeito toma antipsicótico, todas essas vias dopaminérgicas estão sendo afetados. As evidências a favor dessas hipóteses são farmacológicas: • Antipsicóticos típicos antagonizam receptores D2 (de primeira geração, como o Alperidol): O fármaco vai lá, se liga no receptor, o bloqueia, mas não promove atividade intrínseca – o antipsicótico se liga ao receptor e não deixa a dopamina que está em excesso se ligar no receptor. • Agonistas dopaminérgicos (Como anfetamina e cocaína) podem precipitar psicose em indivíduos saudáveis. os agonistas eram substâncias que funcionam da mesma forma que o neurotransmissor: ele vai lá, se liga ao receptor e promove atividade intrínseca. Hipóteses dopaminérgica: • Sintomas Positivos: decorrente de um excesso de dopamina na via mesolímbica. • Sintomas Negativos e Cognitivos: deficit de dopamina no córtex frontal. A desregulação dopaminérgica parece ser o estágio final do desenvolvimento da Psicose em indivíduos suscetíveis. daí a dificuldade de a psiquiatria conseguir suprimir sintomas esquizofrénicos. Os antipsicóticos típicos ou de primeira geração eram medicamentos eficazes para controlar sintomas positivos porque antagonizam receptores do tipo D2, ou seja, a substância se liga ao receptor, não deixa a dopamina se ligar e inativa aquele receptor. Quando tomamos medicamento via oral ou endovenosa, esse medicamento vai atuar em todas as vias. se o medicamento é antagonista dopaminérgico, ele vai antagonizar receptores de dopamina em todo o encéfalo. Onde tem dopamina em excesso, ok, está sendo liberada muita dopamina na via mesolímbica. Lá na via mesolímbica, o antagonismo de receptores D2 é eficaz, controla os sintomas positivos, porque não deixa aquele excesso de dopamina que está no sistema límbico se ligar ao receptor. Mas esse medicamento que é agonista de receptor D2 também vai antagonizar (bloquear) o receptor em outras regiões, principalmente nas regiões onde já está faltando dopamina. Quanto aos sintomas negativos: eles pioram ou não aagemsobre eles. Antipsicóticos de segunda geração, o mais moderno, como Aripiprazol, é um agonista parcial, ou seja, ele tem atividade Intrínseca maior que 0 maiores é e menor que 1; considerando 1 atividade intrínseca máxima. ele ativa o receptor parcialmente, não totalmente. O agonista parcial se liga ao receptor, mas não o ativa ao ponto de promover atividade intrínseca igual a uma atividade intrínseca máxima. ou seja, onde há excesso de dopamina, não se tem controle da ativação do receptor que está acontecendo em excesso. Nas áreas que está faltando dopamina (na via mesocortical), um agonista parcial vai lá, ativa razoavelmente um receptor que não estava sendo ativado. A dificuldade de se controlar tanto os sintomas positivos quanto os sintomas negativos da esquizofrenia, é que os sintomas positivos são decorrentes do excesso de dopamina no sistema límbico, e os sintomas negativossão decorrentes de uma falta de dopamina no córtex. Se você der um antagonista, você vai diminuir dopamina em todo o encéfalo, até nas regiões que estão faltando. Se você der um antagonista parcial, ele ativará o receptor parcialmente. Ele regula a neurotransmissão (são neuromoduladores) por uns nas áreas onde há neurotransmissor em excesso e ativa o receptor que não estava sendo ativado nas áreas onde o neurotransmissor falta. Um dos efeitos colaterais do Haloperidol é induzir Parkinson (sintomas do Parkinson), como tremores e alterações importantes na marcha. Quando se dá um antagonista D2 e ele age na via nigro-estriatal (uma via que não está ligada à esquizofrenia), ele antagoniza (bloqueia) receptores do estriato, diminuindo a quantidade de dopamina do estriato, que é um dos núcleos base importante para a execução e planejamento de movimentos finos e complexos. Então, além dê o medicamento só controlar sintomas positivos, não agir sobre os negativos, ele tem efeitos colaterais importantes. Temos, portanto, a hipótese da desregulação/desequilíbrio dopaminérgico em seu estágio final do desenvolvimento da Psicose em sujeitos suscetíveis. A esquizofrenia seria uma doença do neurodesenvolvimento, ou seja, ocorre alterações importantes tanto na estrutura quanto na função do SNC, durante o desenvolvimento embrionário. Quem toma antipsicóticos típico pode ter alterações importantes neuroendócrinas. O que se descobriu a respeito da hipótese etiológica da esquizofrenia? que mesmo os antipsicóticos de segunda geração, aqueles que atuam como parciais, nem eles por si só suprimem todos os sintomas da esquizofrenia (sintomas positivos, negativos e fragmentação cognitivo). A partir disso, descobriram que além do desequilíbrio da desregulação dopaminérgica, também existe um desequilíbrio na neurotransmissão glutamatérgico. (Glutamato = principal neurotransmissor excitatório do SNC). • Glutamato Em 2009 descobriram que a esquizofrenia também é marcada por hipofunção glutamatérgico e hiperfunção glutamatérgico. Só que as vias glutamatérgicos são diferentes das vias dopaminérgicas (composta por aquelas 4 vias). Quando se fala de glutamato não se fala de vias específicas, mas de um conjunto de redes que está distribuída por todo o encéfalo. O que acontece na esquizofrenia além do desequilíbrio dopaminérgico: algumas regiões do encéfalo têm muito glutamato, e outras regiões do encéfalo têm pouco glutamato. Postula-se que há uma diminuição na neurotransmissão glutamatérgica que seria mediada pelos receptores NMDA. Existem 2 tipos de receptores: os NMDA e os não- NMDA. Nos receptores NMDA, na esquizofrenia postula-se que há uma diminuição na neurotransmissão – pouco glutamato se ligando nesse tipo de receptor, ocorrendo um aumento compensatório na liberação de glutamato nos receptores que não são NMDA (Por mais que haja desequilíbrio, o encéfalo tenta trabalhar para manter a homeostase). Hipótese do neurodesenvolvimento da esquizofrenia É cada vez maior o número de evidências que apontam a presença de alterações no neurodesenvolvimento que precedem (provavelmente no período gestacional) a manifestação da doença. Temos então alterações patológicas de neurônios específicos in circuitos neurais que costuma se apresentar após um período de tempo de latência de 2 a 3 décadas. Primeiro episódio psicótico passa a ser considerado um estado tardio da doença, e não o seu início. Sabe se que crianças que desenvolvem esquizofrenia apresentam atrasos e déficit no desenvolvimento motor e cognitivo - costumam ser mais isoladas/solitárias e ansiosas. Quanto mais conseguir atrasar o surto, melhor o prognóstico. quanto maior surto, maior lesão neural. Além disso, os sintomas negativos estão presentes no início da doença (infância) - segue-se um processo de deterioração das funções cognitivas. Curso deteriorativo da esquizofrenia O curso e a leva alguns autores a considerarem que o primeiro episódio psicótico tem um efeito neurotóxico. Piora dos sintomas ao longo do tempo, assim como a perda do funcionamento global - deterioração clínica significativa. Neuroimagem e Esquizofrenia Nós entendemos essa deterioração a partir dos estudos de neuroimagem. Os estudos de neuroimagem apresentam que pacientes crônicos (que apresentam vários surtos) tendem a apresentar modificações morfológicas em estruturas do SNC: • redução da amígdala, hipocampo, córtex frontal e temporal, tálamo. • alargamento dos ventrículos laterais. • alargamento dos giros corticais. • alargamento do espaço subaracnóideo. Estudos de neuroimagem também demonstraram alterações neuro anatômicas em familiares (endofenótipos) assintomáticos de pacientes esquizofrênicos. Alterações com gravidade intermediária entre indivíduos saudáveis e pacientes com esquizofrenia (endofenótipos). Alteração importante que ocorre é a redução do volume hipocampal. Estudos de neuroimagem funcional demonstraram que pacientes crônicos exibem hipofrontalidade (funcionamento rebaixado do córtex frontal) durante execução de tarefas cognitivas. Hipofrontalidade está associada à manifestação de sintomas negativos e ao déficit cognitivo. Parentes assintomáticos de esquizofrénicos também apresentaram redução na função lobo frontal (embora intensidade menor se comparada ao paciente esquizofrénico). Estudos de espectroscopia por ressonância magnética permitem avaliar os níveis de metabólitos do cérebro vivo: pacientes esquizofrénicos possuem níveis de NAA (N-acetilaspartato), considerando um marcador de integridade neuronal. O mesmo acontece em pacientes com doença de Alzheimer.
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