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1.Jean Paul Sartre e a Matriz Fenomenológica e Existencialista 1.1 Os pressupostos gerais da Matriz Fenomenológica-Existencialista Dentro da Matriz Fenomenológica e Existencialista, pode-se destacar alguns autores principais: Edmund Husserl, Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Descartes, Immanuel Kant, Hegel, Dilthey, Brentano. O problema da verdade é enfrentado com bastante dificuldade pelas ciências da compreensão e da interpretação, a grande questão é como produzir, identificar e fundamentar uma interpretação. Os Estruturalismos e a Fenomenologia representam respostas alternativas para o referido problema, autoproclamam-se adequados para construir disciplinas compreensivas rigorosamente científicas. Os Estruturalismos concebem o rigor em termos metodológicos , propriamente; assim sendo, exigem empenho máximo na formalização dos conceitos das hipóteses dos procedimentos analíticos. A Fenomenologia, no entanto, preocupa-se essencialmente com o rigor epistemológico e promove a radicalização do projeto de análise crítica, dos fundamentos e das condições de possibilidade do conhecimento. O projeto cartesiano busca um fundamento absoluto e indubitável para o conhecimento. Para Husserl esta busca corresponde à intencionalidade. Descarte alcançou o sujeito pensante, mediante o exercício da dúvida metódica, como sendo a única evidência de que não se pode duvidar. Na opinião de Husserl, porém, Descartes não aprofundou a sua investigação epistemológica, retornando muito rapidamente do “eu penso” ao mundo natural,restabelecendo muito cedo a confiança nos dados empíricos. Para Husserl evidências apodíticas, às quais a fenomenologia deve se ater e a respeito das quais pode se constituir como ciência rigorosa, serão os atos da consciência intencional, isto é, a consciência de alguma coisa e seus respectivos objetos imanentes. A Fenomenologia estabeleceria relações com todas as ciências, mas com as ciências humanas, estabeleceria relações particulares Husserl encerra as suas meditações cartesianas apontando na direção de uma mudança nas relações entre o conhecimento empírico e subjetividade, como as estabelecidas no objetivismo cientificista. Para Husserl o esclarecimento do homem é uma pré-condição onde deve-se fundamentar o conhecimento do mundo. A fenomenologia herda a disposição iluminista de abolição dos preconceitos e das crenças mal fundadas. A fenomenologia é um anti-romantismo e manifesta-se oposta ao historicismo de Hegel e Dilthey defendendo a legitimidade de um conhecimento invulnerável. Esposa com máxima fidelidade a perspectiva cartesiana e kantiana, radicalizando e opondo-se à vertente objetivista do iluminismo, opondo-se ao naturalismo e ao ceticismo psicologista. Da superação dos preconceitos, emerge uma egologia e assim aproxima-se das ciências do espírito articuladas sob a inspiração romântica. A separação entre sujeito e objeto é abolida na fenomenologia.Seus objetos são os objetos da consciência para consciência. Seu método é a contemplação imediata, destes objetos tais como se dão, na experiência espontânea e pré-reflexiva.Segundo Husserl a fenomenologia é capaz de fundar a filosofia do espírito. A única que poderia orientar a psicologia, a sociologia, a antropologia, e a historia, como ciências compreensivas. A Fenomenologia exerceria, em relação às ciências do sujeito, uma função rectora, fornecendo-lhes os instrumentos conceituais , necessários à prática da compreensão que supere o nível do senso comum e que se possa rigorosamente validar. As ciências compreensivas foram influenciadas pelas descrições fenomenológicas da estrutura geral da consciência profundamente. A intencionalidade da consciência é conceito de Brentano (1838-1917), psicólogo austríaco e professor de Husserl e Freud. É a consciência em ato, oposta à consciência enquanto conteúdo. A temporalidade da consciência refere-se a que: toda consciência intencional é uma síntese no tempo. O conceito de horizonte de consciência refere-se a que: a consciência intencional em qualquer modo que se dê a atualidade explicita, consciência de algo e potencialidade implícita,conjunto de estados passados antecipados, sugeridos etc., em relação ao qual, o objeto em foco adquire significado para o sujeito. A experiência pré-reflexiva está sempre adiante da reflexão e assim a compreensão da vivência é tarefa essencialmente inacabada. A fenomenologia caminha para estruturas típicas especiais, a partir das descrições das estruturas gerais da consciência. Surgem as fenomenologias da percepção, da imaginação, etc (Merleau – Ponty, Sartre, dentre outros). O filósofo, psicólogo e sociólogo M. Scheler (1874- 1928) discípulo de Dilthey e Husserl é a figura paradigmática do processo de redirecionamento da fenomenologia convertida em método das ciências humanas compreensivas. Graças à obra de Scheler a fenomenologia afasta-se da orientação que lhe deu Husserl que desembocara no subjetivismo metodológico. Uma auto-percepção puramente interna e psíquica é ficção.Scheler parte para uma estética tipicamente romântica assumida pelos formalistas e futuristas na mesma época. Com Scheler a fenomenologia transformou-se no método de investigação das formas expressivas, mas a fenomenologia dos simbolismos nunca focara os sistemas linguísticos enquanto objetos independentes da subjetividade. O foco será a fala, a expressão concreta de uma intencionalidade. A Fenomenologia influi sobre a Psicologia como uma ciência que objetiva a compreensão é em majoritariamente mediada pelas doutrinas Existencialista. O método fenomenológico sistematizado desperta a esperança de que se proporcione a descrição da existência concreta, este, ainda não alcançado. 1.2 O Existencialismo em Jean Paul Sartre : Breve síntese Basicamente, Jean Paul Sartre, postula o método progessivo- regressivo em prol da compreensão da realidade humana, considerando que o indivíduo se constrói como indivíduo dentro do seu contexto histórico, cultural e social. A compreensão que Sartre tem do homem é metaforicamente como uma síntese aberta e inacabada entre a objetividade e a subjetividade, a objetividade se faz afirmação e presença de ser, a subjetividade se faz negação e ausência do ser. A partir da visão de homem como histórico-dialético, Sartre propõe um método necessariamente dialético, partindo das contradições, negações e superações que surgem na reconstituição da história do sujeito, para que não se perca a complexidade do real na busca por apreendê-lo em suas múltiplas perspectivas. É importante que o sujeito seja visto, analisado e compreendido como produtor das forças sociais, econômicas, políticas e também afetivas, ideológicas, de distintas racionalidades, objetivas e subjetivas ao mesmo tempo, questões acerca do contexto histórico-cultural precisam estar presentes também. 1.3 Uma reflexão pessoal sobre Matriz-autor Traçando um paralelo superficial entre a Matriz Fenomenológica-Existencialista e o Existencialismo sartreano, pode-se dizer que Sartre busca na Fenomenologia o conceito que dê conta da intencionalidade da consciência, o conceito que abarque o querer da consciência por um objeto aleatório, a consciência quer algo e é aí que habita a sua realidade. A consciência é diferente do objeto (externo e que é em si mesmo), o objeto tem existência física e objetiva e pode ser percebido. O ser é consciente do objeto posto diante dele e consciente de que é consciente de tal objeto, porém, o perceber o objeto se difere do perceber a si, a consciência aparece como o produto da negação do real. Dentro da Fenomenologia a consciência em Sartre é tida como um nada (enquanto ser subjetivo o homem está distante de tudo e não é nada mais que a estrutura inadequada a si mesma) e o que não é, é indeterminação: a realidade do próprio nada é a liberdade de imaginar outras possibilidades, é a opção de escolher, o negar é a liberdade do pensamento (de imaginar possibilidade) e da liberdade de ação (tentarrealizar). Sobre o Existencialismo, o que Sartre denomina como existência é, um sair de si para o mundo, um sair da própria subjetividade, o ser se projeta e existe nessa projeção, o homem é a transcendência de si e se dá as suas próprias leis. Referências bibliográficas Zanella, Andrea; DIVERSIDADE E DIÁLOGO: REFLEXÕES SOBRE ALGUNS MÉTODOS DE PESQUISA EM PSICOLOGIA, julho-dezembro, vol. XII, número 022, Universidade São Marcos, São Paulo, Brasil, pp. 11-38. Figueiredo, Luis Claudio Mendonça. MATRIZES DO PENSAMENTO PSICOLÓGICO (Matriz Fenomenológica-Existencialista).
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