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Pesquisa Filosofia da mente

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Resumo para o seminário da disciplina de Filosofia da Mente, com base no texto “Redescobrir o cérebro sem eclipsar o sujeito”
Aluna: Thaís Barbosa Ribeiro - Número de matrícula: 11411PSI057
Processos mentais, cérebro e mente
O que são os processos mentais? De onde eles emergem? São propriedades emergentes do cérebro ou a vida mental é epistemologicamente redutível e este? A mente é substancialmente diferente dos processos corporais ou mente, corpo e ambiente externo formam um organismo integrado? Na reflexão dessas questões, o que se pode afirmar categoricamente, até o momento, é que os processos mentais são qualitativos, não podem ser medidos, quantificados e comparados matematicamente, eles também são inacessíveis à observação empírica, não sendo visível por intermédio de aparelhos de neuroimagem. 
Ao longo da história, as questões referentes à natureza da mente, seus processos e a sua relação com o corpo sempre estiveram presentes nas discussões filosóficas. Descartes, com o seu dualismo mente X corpo, em que afirmava ambas as entidades serem substancialmente diferentes, a Spinoza, que defendia um monismo panteísta, de duplo aspecto, ao postular a existência de uma única substância, Deus, a substância absolutamente infinita, deste modo mente e corpo são manifestações paralelas de uma mesma substância. Há também o materialista Hobbes, que declarava que toda realidade é uma realidade física, portanto toda substância é uma substância corpórea. Outros autores que refletiram sobre a questão da mente, mas de maneira diversa, foram os Behavoristas, segundo a corrente, o comportamento é a maneira mais fidedigna de se estudar a “vida mental’’ dos seres humanos. Em termos mais precisos, os behavioristas, como John B. Watson, não negam a existência da mente, mas segundo esses autores não era possível o seu estudo, portanto ocorre um desinteresse pelos fenômenos psíquicos por razões científicas e metodológicas, a observação do comportamento do homem e do animal, de maneira indiferenciada, traria maior objetividade e a psicologia se estabeleceria como uma ciência não contestada. Em outros momentos do Behavorismo, a consciência é totalmente descartada, levando a uma espécie de crise da noção de consciência nos estudos psicológicos.
Mas de 1940 para cá, com os progressos do estudo do cérebro e da neurofisiologia, as reflexões sobre a natureza da mente e o problema tradicional entre mente e corpo ganham uma ênfase especial e várias correntes se formam para análise do problema, da análise conceitual de Gylbert Ryle ao materialismo redutivo. Gilbert Ryle trata os problemas mente-corpo como um problema linguístico, o qual poderia ser resolvido após uma cuidadosa revisão do nosso vocabulário que usamos para se referir aos nossos estados mentais. Segundo o autor, havia um mau uso da linguagem, mente não pertence a uma categoria lógica diferente da categoria lógica de corpo, esses erros e maus usos, em que termos que pertencem a uma categoria lógica são usados como se pertencesse à outra categoria, Ryle define como erros categoriais. Importante crítico do dualismo cartesiano, o autor afirmava que este dualismo, a separação entre mente e corpo, era a doutrina oficial da filosofia da mente. Outra corrente que se ocupou do fenômeno da mente foi a teoria da identidade ou materialismo redutivo. Esse movimento, tendo como nomes U.T Place e J.J Smarth, afirmam que a vida mental= cérebro, portanto um elemento, a mente, é explicado em função do outro, o cérebro. Nesta abordagem materialista da mente, cada tipo de estado mental corresponde a um tipo de processo físico cerebral.
A análise conceitual de Ryle e o materialismo redutivo não constituem as únicas correntes antidualistas da abordagem do problema mente-corpo no século XX. Com a euforia na Europa e Estados Unidos em relação às inovações tecnológicas e as realizações de inteligência artificial (IA), maquinas que resolvem cálculos altamente complexos e que superam grandes jogadores de xadrez, surge uma nova teoria da mente, o funcionalismo, preponderante no inicio dos anos de 1970. Esta corrente pensa os estados mentais em função somente de como eles se estruturam, ignorando sua base material, a constituição interna de um organismo ou um sistema não é relevante ou determinante na sua capacidade de executar determinadas funções. A questão fundamental para os funcionalistas é como a mente funciona, o que não é privilegio dos seres humanos, “funções inteligentes’’ podem ser executadas por sistemas que disponham de estruturas físico-químicas diversas, um computador construído de silício e cobre poderia desempenhar funções realizadas pelo cérebro humano, portanto estados mentais seriam estados funcionais expressando relações causais de estímulos sensoriais (inputs) entre outros estados mentais e comportamentos (outputs). Em 1980 surgem os eliminativistas, que lembram os reducionistas, só que estes não possuem o caráter ontológico do materialismo redutivo, que se preocupa com a natureza das coisas, com a ideia de que mente é igual ao cérebro, os eliminativistas acreditam que o progresso nas neurociências eliminará o nosso vocabulário mentalista (saudade, tristeza, amor, dor) e a psicologia popular, portanto tudo será explicado pelo cérebro. 
Existem autores que adotam uma abordagem anti-fisicalista, diferente dos antidualistas, como Thomas Nagel e Frank Jackson, estes filósofos afirmam que os estados mentais conscientes são irredutíveis à descrição das ciências físicas, pois são estados subjetivos, somente acessíveis ao próprio sujeito. A partir dos anos 1990 aparece outra interessante perspectiva teórica denominada de cognição incorporada e situada, seu argumento central é que os processos mentais estão intrinsecamente relacionados com o corpo e o meio ambiente, portanto há uma intensa relação entre os processos corpóreos e os processos mentais e a importante influência que o meio externo exerce sobre esse organismo integrado. 
A Psicologia e a Psiquiatria são duas ciências que foram construídas e permanecem alicerçadas pelo Dualismo Cartesiano – corrente que postula a separação, a dissociação entre corpo e mente. A Psiquiatria surge como uma das primeiras especialidades da medicina justamente pelo seu foco na mente do indivíduo, foco este que vai muito além da perspectiva de entendimento das estruturas cerebrais e afins, já que o objetivo último é o “moral”, é o enquadrar e padronizar o comportamento do louco, corrigi-lo para que seja apto a fazer parte da sociedade e libertá-lo, então, do asilo, da clínica psiquiátrica. Ainda sobre a influência do Dualismo Cartesiano sobre a Psiquiatria, cito: “(...) Pode-se dizer que a psiquiatria encarnou desde o princípio, em uma dimensão prática, todas as dificuldades e impasses do dualismo cartesiano. Como conciliar mente e corpo? Como relacioná-los causalmente no entendimento da origem do sofrimento psíquico, de seus sintomas e de suas formas de tratamento? Como articular a dimensão irredutivelmente subjetiva do adoecimento mental com a objetividade impessoal do funcionamento orgânico? (p.3)”. 
Nos últimos vinte e cinco anos a Psiquiatria tem redescoberto o cérebro através de teorias da neurociência, porém, resiste a essa onda de redescobertas o “dogma” dualista, continua-se a crer que do cérebro emana a vida mental e que a partir do conhecimento biológico e fisiológico deste é possível saber e prever o seu funcionamento, logo, ignora-se o fator subjetivo a cada organismo, cito trecho do referido artigo : “(...) Trata-se de uma versão intuitiva, não refletida, que resulta da adoção não explicitada de uma posição monista, materialista, reducionista e eliminativista no que diz respeito ao problema mente/corpo. (p.3)”. 
São citados no artigo dois autores que discorrem sobre a problemática mente-corpo, são eles: Searle e Flanagan, ambos “(...) propõem a “naturalização” da mente, ou seja, considerá-la um fenômeno biológico qualquer, resultado de uma história evolutiva dos seres vivos que possibilitou que, em graus diversos de complexidade,a consciência aparecesse em algumas espécies animais. (p.4)”. Para Searle a mente é parte da Natureza e possui ontologia na primeira pessoa, para Flanagan a mente pode ser compreendida num mundo natural, porém não pode-se desprezar fenômenos, experiências, intenções e qualidades que caracterizam o uso do vocabulário mental, propõe ainda o método natural, o emprego das três áreas de estudo da mente, igualmente relevantes para – a Psicologia, a Neurociência e a Fenomenologia. Para Land, para que a perspectiva reducionista, materialista e eliminativista seja superada é preciso que a descrição científica seja aberta a questões tanto biofisiológicas quanto a questões evolutivas, nada vinculado a questões metafísicas, o homem como “(...) um campo de interações com o meio, produto e produtor do mesmo (p.5).”. É preciso dar conta do sofrimento do sujeito não só de forma objetiva, descritiva, a partir da relação do que sente o sujeito, é preciso ir além, explorar holisticamente a história de vida do sujeito e seus eventos mentais, tanto os que fazem parte do modo de vida atual do sujeito, quanto os que contribuíram para, não é preciso “tratar” somente a causa. 
Ainda assim, mesmo considerando os fatores além subjetividade, a relação mente e corpo ainda parece carecer de uma solução única, definida pela “Teoria da identidade tipo tipo” - para cada evento mental corresponde um único tipo evento cerebral e vice-versa, ou seja, assim que todos os tipos de evento mentais e cerebrais estiverem todos descritos, saber-se-á facilmente como é o cérebro doente e como é o cérebro saudável. Este argumento pode ser rebatido pela afirmação de Canguilhem, citada no referido artigo: “(...)não há nada na ciência que antes não tenha aparecido na consciência e que especialmente no caso que nos interessa, é o ponto de vista do doente que, no fundo, é verdadeiro. (p.8)”, logo, cérebros não adoecem, são as pessoas quem adoecem, é muito mais amplo, além do cérebro estão envolvidos os processos conscientes do sujeito. Complemento: “se de fato pretendemos exercer uma prática clínica que faça justiça à complexidade do seu objeto, conhecer estas “vidas” nas suas peculiaridades fenomênicas, explorá-las do ponto de vista da primeira pessoa.”. 
Entre a declaração de um evento cerebral feita em primeira pessoa e uma feita em terceira pessoa há uma gigantesca lacuna, embora existam inúmeros eventos cerebrais e alguns deles não sejam realmente apropriados de serem descritos em primeira pessoa (por exemplo, descrição dos efeitos de uma medicação em receptores “x”). Para os eventos cerebrais passíveis de serem descritos em primeira pessoa, tal descrição é valiosíssima, uma vez que traz em si uma boa bagagem da história da experiência vivenciada pelo sujeito, bem como sua complexidade. 
Antonio Damasio e Gerald Edelman, pesquisadores em neurociência, abolem os aspectos reducionistas e eliminativistas de suas pesquisas acerca do funcionamento do sistema nervoso central e ainda, consideram a homeostase (processo pelo qual o organismo mantém a constância de seu equilíbrio), pensam a mente como emergente do cérebro/corpo considerando a vivência e o subjetivo. 
Para Damasio os afetos são importantes nos processos racionais, eles estão atrelados a atividade consciente e ao self, Damasio parte da proposição de Spinoza de que “a mente humana é a ideia do corpo humano”, postula que “processos mentais estão escorados nas cartografias cerebrais do corpo, que são coleções de padrões neurais que retratam respostas a eventos que causam emoções e sentimentos (p.10)”. Para consolidar e sintetizar as magníficas contribuições de Damásio, cito trechos do referido artigo científico:
· “(...) perspectiva organísmica de sua teoria, que considera que 'o corpo e o cérebro formam um organismo integrado e interagem mutuamente de forma plena através de vias químicas e neurais'(p.10)”, portanto, não há separação nem prevalência do cérebro sobre o corpo ou vice-versa, são simplesmente duas partes constituintes e portanto essenciais, não independentes. 
· “... a mente emerge de ou em um cérebro situado em um corpo com o qual ele interage (…) devido a mediação do cérebro a mente está enraizada no corpo (p.10)”, cérebro mente e corpo são então uma espécie de triângulo – não existe quando há a ausência de um dos seus lados, todos são complementares, se um deles é retirado o triângulo deixa de ser, perde-se o equilíbrio e a forma. 
· “emoções provêm um meio natural para o cérebro e a mente avaliarem o ambiente – dentro e ao redor – do organismo e responderem adequada e adaptativamente (p.10)”, tem-se ainda um terceiro elemento – o ambiente ou meio – este tem influência sobre o indivíduo, e através do triângulo mente-corpo-cérebro o sujeito “recebe” esse ambiente, como há a mediação do triângulo na relação mente-corpo-cérebro-ambiente, logo, cada sujeito sofre uma influência diversa do ambiente. 
Edelman, por meio da sua TSGN (Teoria da seleção de grupos neuronais), “pretende desenvolver uma teoria geral do cérebro – cuja grande ambição é fornecer as bases para uma teoria biológica da mente – na qual este órgão é apresentado como um sistema seletivo, ou seja, embora determinado geneticamente (aspecto instrutivo) em sua macroscopia, a sua arquitetura mais fina e funcional (arborificação sináptica) é determinada epigeneticamente, quer dizer, na interação entre o organismo e o meio. O que de saída cria uma impossibilidade de se considerar o cérebro uma estrutura fechada e determinista, independente de qualquer meio ou contexto, a começar pelo próprio corpo, que é o primeiro contexto do cérebro. (p.11)” . Para Edelman não existe uma relação causal entre atividade neural e consciência, as duas ocorrem simultaneamente.

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