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PRÁTICA SIMULADA PENAL AULA 9, 10 LIBERDADE PROVISÓRIA LIBERDADE PROVISÓRIA O QUE É? A liberdade provisória é uma peça jurídica utilizada para obter a liberdade de alguém que foi preso em flagrante legal, materialmente (captura) e formalmente (lavratura do auto). O QUE PRETENDE? Liberdade provisória com ou sem fiança. Fase Pré-Processual; Casos prisão em flagrante, em que o procedimento não tiver nenhuma violação das normas previstas em lei; Anterior a conversão em Prisão Preventiva. COMO IDENTIFICÁ-LA ? LIBERDADE PROVISÓRIA Vejamos o que dispõe o citado art. 310: Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: I – relaxar a prisão ilegal; ou II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do (Código Penal) , poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação. LIBERDADE PROVISÓRIA http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art23i REQUISITOS DA LIBERDADE PROVISÓRIA: Para que a liberdade provisória seja concedida, é necessário que não estejam presentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva – art. 312 do CPP. Art. 312. "A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. " Ademais, possuir circunstâncias pessoais favoráveis (primariedade, bons antecedentes, emprego fixo, residência fixa) contribuirá. LIBERDADE PROVISÓRIA Liberdade provisória com fiança A fiança nada mais é do que uma das medidas cautelares diversas da prisão, elencada no art. 319, V, do CPP: Art. 319. (...) VIII – fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; Importante que saiba quais são os crimes inafiançáveis, mas isso não repercute automaticamente na impossibilidade de concessão da liberdade provisória. Poderá ser concedida liberdade provisória sem a fiança para os crimes inafiançáveis. LIBERDADE PROVISÓRIA LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA O magistrado é a única autoridade legitimada a conceder liberdade provisória, seja com ou sem fiança. O Código de Processo Penal expressamente veda a concessão de fiança nos seguintes crimes ou situações, constantes dos arts. 323 e 324: i) racismo – art. 323, I, do CPP e art. 5º, XLII, da Constituição Federal; ii) tortura – art. 323, II, do CPP e art. 5º, XLIII, da Constituição Federal; iii) tráfico ilícito de entorpecentes – art. 323, II, do CPP e art. 5º, XLIII, da Constituição Federal; iv) terrorismo – art. 323, II, do CPP e art. 5º, XLIII, da Constituição Federal; v) crimes hediondos – art. 323, II, do CPP e art. 5º, XLIII, da Constituição Federal; vi) crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático de Direito – art. 323, III, do CPP e art. 5º, XLIV, da Constituição Federal; vii) àqueles que, no mesmo processo, tiverem quebrado a fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 do Código de Processo Penal – art. 324, I, do CPP; viii) em caso de prisão civil ou militar – art. 324, II, do CPP; ix) quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva – art. 324, IV, do CPP. LIBERDADE PROVISÓRIA ASPECTOS FORMAIS É importante frisar que na liberdade provisória nunca será discutido o mérito da ação, isto é, nunca se discutirá se o indivíduo preso é inocente ou culpado. O que se deseja é a obtenção da liberdade em virtude de expressa permissão legal. a)Número de petições A liberdade provisória é apresentada em uma única petição, instruída com documentos, quais sejam: certidão de antecedentes criminais, comprovante de residência e de trabalho, dentre outros. b)Endereçamento A liberdade provisória é endereçada ao Juiz de Direito ou ao Juiz Federal, a depender da competência (natureza da infração penal). c)Qualificação e fundamentos legais e constitucionais Qualifica-se o indivíduo preso em flagrante. LIBERDADE PROVISÓRIA ASPECTOS FORMAIS d)Fundamentação O fundamento legal é o 5.º, inciso LXVI, da Constituição Federal, art. 310, III, c/c o art. 321, ambos do Código de Processo Penal. e)Dos fatos Deve ser elaborado um resumo fático do ocorrido, de maneira objetiva, sem discutir teses. f)Do direito Desenvolvem-se as teses a serem arguidas a favor do seu cliente. Para o pedido de liberdade provisória sem fiança, deve o advogado demonstrar a existência dos requisitos necessários à concessão da liberdade, tais como primariedade, bons antecedentes, residência e trabalho fixo. LIBERDADE PROVISÓRIA ASPECTOS FORMAIS g)Do pedido É necessário fazer menção aos dispositivos legais que fundamentam o pedido. Na peça de liberdade provisória, deverá ser requerida a expedição do alvará de soltura mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo. Caso a liberdade provisória seja com fiança, deve-se requerer seu arbitramento. h)Denominação O indivíduo que ingressa, por meio de seu advogado, com o pedido de liberdade provisória é denominado requerente. i)Prazo O pedido de liberdade provisória não possui prazo específico para ser requerido e basicamente será elaborado imediatamente após a prisão em flagrante. LIBERDADE PROVISÓRIA Daniel, conhecido empresário de São Paulo – SP, brasileiro, casado, residente e domiciliado na rua Xangai, n. 27, bairro Paulista, foi preso em flagrante pela suposta prática do delito tipificado no art. 3º da Lei n. 1.521/51: “destruir ou inutilizar, intencionalmente e sem autorização legal, com o fim de determinar alta de preços, em proveito próprio ou de terceiros, matérias-primas ou produtos necessários ao consumo do povo”. Diante desse fato, Geiza, esposa de Daniel, procurou um advogado e lhe informou que Daniel era primário e possuía residência fixa. Aduziu que a empresa do marido, Feijão Paulistano S.A., já atuava no mercado havia mais de 8 anos. Ressaltou que Daniel sempre fora pessoa honesta e voltada para o trabalho. ESTUDO DE CASO Além disso, Geiza narrou que Daniel era pai de uma criança de tenra idade, Júlia, que necessitava urgentemente do retorno do pai às atividades laborais para manter-lhe o sustento. Por fim, informou que estava grávida e não trabalhava fora. Geiza apresentou ao advogado os seguintes documentos: CPF e RG de Daniel, comprovante de residência, cartão da gestante expedido pela Secretaria de Saúde de SP, certidão de nascimento da filha do casal, Júlia, auto de prisão em flagrante, nota de culpa e folha de antecedentes penais do indiciado, sem qualquer incidência. Considerando a situação hipotética descrita, formule, na condição de advogado(a) contratado(a) por Daniel, a peça – diversa de habeas corpus – que deve ser apresentada no processo. ESTUDO DE CASO RELAXAMENTO DE PRISÃO RELAXAMENTO DE PRISÃO O QUE É? É uma peça jurídica utilizada pelo advogado para obter a liberdade de seu cliente quando este foi preso em flagrante ilegal, materialmente (captura) e/ou formalmente (lavratura do auto). O QUE PRETENDE? Libertar pessoa com prisão ilegal. Conforme o art. 5º, LXV, da CF, a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária. RELAXAMENTO DE PRISÃO Admite-se em situação de flagrância o indivíduo preso nos casos do art. 302 do Código de ProcessoPenal: Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I – está cometendo a infração penal; II – acaba de cometê-la; III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. RELAXAMENTO DE PRISÃO RELAXAMENTO DE PRISÃO Fase Pré-Processual; Casos prisão em flagrante, em que o procedimento viola normas previstas em lei; Anterior a conversão em Prisão Preventiva. COMO IDENTIFICÁ-LA ? RELAXAMENTO DE PRISÃO O pedido de relaxamento da prisão em flagrante possui dois fundamentos – art. 5º, LXV, da Constituição Federal e art. 310, I, do Código de Processo Penal. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL RELAXAMENTO DE PRISÃO Tal como acontece com a liberdade provisória, no relaxamento da prisão em flagrante não se discute o mérito da causa, isto é, não se discute se o requerente cometeu o crime. O que se deseja é que ele seja libertado, posto ter sido preso em virtude de ato ilegal. RELAXAMENTO DE PRISÃO a) Número de petições: Assim como a liberdade provisória, o pedido de relaxamento da prisão em flagrante é elaborado em uma única petição, dividida em endereçamento, preâmbulo, fatos, direito e pedido. b)Endereçamento A peça será endereçada ao Juiz de Direito ou ao Juiz Federal, a depender do crime cometido ser da competência da Justiça Estadual ou da Justiça Federal. RELAXAMENTO DE PRISÃO c)Qualificação e fundamentos constitucionais e legais A peça conterá a qualificação do requerente, bem como os fundamentos legais e constitucionais utilizadas para o oferecimento do relaxamento. São eles o art. 5º, LXV, da Constituição Federal e o art. 310, I, do Código de Processo Penal. d)Dos fatos Deve ser elaborada uma síntese dos fatos ocorridos. RELAXAMENTO DE PRISÃO e)Do direito Desenvolvem-se as teses referentes a prisão ilegal. Nessa linha de raciocínio, o advogado demonstrará ao juiz as razões pelas quais o flagrante é ilegal. f)Do pedido Deve haver menção aos dispositivos legais que fundamentam o pedido. Não é necessário fazer menção ao conteúdo do artigo, devendo apenas apontá-lo. O requerimento será de relaxamento da prisão em flagrante com a consequente expedição do alvará de soltura. Também se deve requerer a oitiva do membro do Ministério Público. RELAXAMENTO DE PRISÃO e)Do direito Desenvolvem-se as teses referentes a prisão ilegal. Nessa linha de raciocínio, o advogado demonstrará ao juiz as razões pelas quais o flagrante é ilegal. f)Do pedido Deve haver menção aos dispositivos legais que fundamentam o pedido. Não é necessário fazer menção ao conteúdo do artigo, devendo apenas apontá-lo. O requerimento será de relaxamento da prisão em flagrante com a consequente expedição do alvará de soltura. Também se deve requerer a oitiva do membro do Ministério Público. RELAXAMENTO DE PRISÃO g)Denominação Requerente. h)Prazo O pedido de Relaxamento de Prisão em Flagrante não possui prazo fixo, podendo ser feito enquanto perdurar a situação de ilegalidade no flagrante. RELAXAMENTO DE PRISÃO RELAXAMENTO DE PRISÃO RELAXAMENTO DE PRISÃO RELAXAMENTO DE PRISÃO RELAXAMENTO DE PRISÃO (OAB UNIFICADO–2006.3) Maria José, indiciada por tráfico de drogas, apontou, em seu interrogatório extrajudicial, realizado em 3/11/2006, Thiago, seu ex-namorado, brasileiro, solteiro, bancário, residente na rua Machado de Assis, n.º 167, no Rio de Janeiro–RJ, como a pessoa que lhe fornecia entorpecentes. No dia 4/11/2006, cientes da assertiva de Maria José, policiais foram ao local em que Thiago trabalhava e o prenderam, por suposta prática do crime de tráfico de drogas. Nessa oportunidade,não foi encontrado com Thiago qualquer objeto ou substância que o ligasse ao tráfico de entorpecentes, mas a autoridade policial entendeu que, na hipótese, haveria flagrante impróprio, ou quase- flagrante, porquanto se tratava de crime permanente. ESTUDO DE CASO Apresentado à autoridade competente, Thiago afirmou que nunca teve qualquer envolvimento com drogas e muito menos passagem pela polícia. Disse, ainda, que sempre trabalhou em toda a sua vida, apresentou a sua carteira de trabalho e declarou possuir residência fixa. Mesmo assim, lavrou-se o auto de prisão em flagrante, sendo dada a Thiago a nota de culpa, e, em seguida, fizeram-se as comunicações de praxe. Com base na situação hipotética descrita acima, e considerando que Thiago está sob custódia decorrente de prisão em flagrante, redija a peça processual, privativa de advogado, pertinente àdefesa de Thiago. ESTUDO DE CASO MUITO OBRIGADO! Coleção Prática Forense - Prática Penal. Marques, Fernando, et al. Prática penal (Coleção Prática Forense). Disponível em: Minha Biblioteca, (4th edição). Editora Saraiva, 2022. Messa, Ana F. Prática penal para exame da OAB. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Editora Saraiva, 2021. A Polícia Civil do Estado X, em razão do alto índice de furto de automóveis em determinada cidade, elaborou o seguinte plano: um “veículo-isca” foi estacionado na região mais perigosa da cidade. Em seu motor, foi instalado um dispositivo para o corte do combustível a distância. No momento em que alguém tentasse subtraí- lo, o motor seria desligado e policiais efetuariam a prisão em flagrante do ladrão. Em determinado dia, João, conhecido por furtar veículos, ao se deparar com o “veículo-isca”, sem saber do plano dos policiais, não pensou duas vezes: usou uma chave-falsa para entrar no automóvel e deu partida no motor. Todavia, conseguiu dirigir alguns poucos metros, pois o combustível foi cortado e policiais o prenderam em flagrante pelo crime de furto qualificado. Em seguida, João foi encaminhado à autoridade policial, que lavrou auto de prisão em flagrante. Como advogado de João, elabore a peça cabível, diversa de habeas corpus, em seu favor. ATIVIDADE AVALIATIVA