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FLUIDOTERAPIA EM CÃES E GATOS Apostila de Clínica de Pequenos Animais Beatriz Aline Migotto 2021 Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 2 Sumário INDICAÇÕES 3 COMO SE DISTRIBUI O FLUIDO CORPORAL? 4 Reposição de albumina: 6 CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS 7 REGULAÇÃO DO SÓDIO E POTÁSSIO 8 REGULAÇÃO DA PROTEÍNA SÉRICA 8 EQUILÍBRIO ACIDOBÁSICO 9 Balanço Hídrico 10 Pacientes Risco de Edema 10 DESIDRATAÇÃO 10 Desidratação em gatos 12 Desidratação em cães 12 CAUSAS DE DESIDRATAÇÃO 12 TIPOS DE DESIDRATAÇÃO 12 AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE 13 Anamnese 13 Exame Físico 13 CLASSIFICAÇÃO 15 Grau de desidratação 15 EXAMES LABORATORIAIS 16 METAS DA FLUIDOTERAPIA 17 COMO ESCOLHER O FLUIDO? 18 TIPOS DE FLUIDOS 18 Soluções Cristalóides de Reposição 19 Soluções Cristalóides de Manutenção 20 QUANTO ADMINISTRAR? 20 COMO ADMINISTRAR? 21 VELOCIDADE? 23 QUANDO ADMINISTRAR CRISTALÓIDES HIPERTÔNICOS? 23 QUANDO ADMINISTRAR COLOIDE? 24 FLUIDOTERAPIA DE CHOQUE 25 FALHA REHIDRATAÇÃO? 26 COMPLICAÇÕES 26 Evitar Complicações 27 Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 3 FLUIDOTERAPIA A fluidoterapia é um tratamento suporte, tendo como principais objetivos expandir a volemia, corrigir desequilíbrios hídricos e eletrolíticos, suplementar calorias e nutrientes, auxiliar no tratamento da doença primária. INDICAÇÕES ▪ Desidratação: quando o animal tem vômito e diarreia, no qual teve uma grande perda de fluido. ▪ Reposição de eletrólitos: Quando o animal tem vômito e diarreia, além de perder água ele também perde eletrólitos como o potássio e o bicarbonato. Em casos de poliúria crônica, também pode haver perda de potássio. Então se soubermos como usar cada tipo de fluido temos o poder de conseguir repor também estes eletrólitos perdidos, como em hipocalemia usar fluido que tenha potássio na composição. ▪ Acesso venoso: Quando o animal precisa tomar alguma medicação, ou quando passa por procedimento cirúrgico. Facilita a administração de fármacos de emergência. Também usado na clínica, as vezes o animal nem está desidratado, mas está com o acesso venoso para as medicações intravenosas. ▪ Manutenção: Aquele animal que está para receber alta, mas ainda não está em normorrexia, ou seja, pouca desidratação, mas que não esteja vomitando, por exemplo. Um animal com problema renal, que precise só de receber fluido para ele se manter hidratado; aquele animal na cirurgia sendo anestesiado. ▪ Diurese: Pacientes que estão intoxicados, que precisam eliminar as toxinas e precisam filtrar o sangue rapidamente. Forçar a diurese, é uma substituição da hemodiálise em animais, pois é um procedimento de pouco acesso na veterinária. A estimulação da diurese através de uma fluidoterapia de alta velocidade, fazendo com que o animal urine e elimine os catabólitos do sangue. ▪ Toxinas: P/ animais intoxicados, estimula-se a diurese na tentativa de eliminar o tóxico. Essa estratégia apenas funciona em alguns tipos de tóxico, como aqueles que são eliminados pela urina. A fluidoterapia também dilui a toxina no sangue, a fim de diminuir a concentração dela. Também serve para eliminar toxinas bacterianas. ▪ Hipotensão: A pressão dos vasos depende da quantidade de líquido que tem dentro deles. Por isso, quando colocamos líquido (fluido) dentro de um vaso estamos aumentando a pressão arterial. Uma desidratação grave pode comprometer a volemia. ▪ Desequilíbrio Acidobásico: A perda de eletrólitos pode levar a desequilíbrio acidobásico, por exemplos em casos de vômito agudo grave, com perda do hidrogênio na forma ácido clorídrico, resultando em alcalinização do sangue. Ou o mais comum, é uma acidose metabólica, em casos de vômito crônico, em que há perda de conteúdo intestinal no vômito, ou seja, está perdendo bicarbonato e, junto a isto o animal está com diarreia (que também causa perda de bicarbonato). Então a fluidoterapia serve para corrigir isso, com fluidos que tenham bicarbonato, potássio e íons hidrogênio, por exemplo. COMO SE DISTRIBUI O FLUIDO CORPORAL? Antes de fazer uma fluidoterapia devemos pensar na porcentagem de água que o corpo tem em sua composição. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 4 Cerca de 60% do peso corporal é de água. Cão: volume intravascular 8% do peso corporal. Gato: volume intravascular 6% do peso corporal. Gatos: Precisam de mais água do que cães, pois seus rins concentram mais a urina quando comparado aos cães. ✔ Cães: 534ml água/kg ✔ Gatos: 660ml água/kg Filhotes: A água corresponde a 80% do peso, por isso que o leite materno é essencial. Obesos: tecido adiposo influencia na quantidade de água presente no corpo, dessa forma, quanto maior a quantidade de tecido adiposo menos água terá no corpo. CUIDADO! Ao administrar fluido em animais obesos, pois têm menor quantidade de água no corpo. Fórmula utilizada para estimativa da massa corpórea: Peso corporal ✔ Obeso peso corporal x 0,7 ✔ Normal peso corporal x 0,8 ✔ Magro peso corporal x 10 Nosso organismo é feito de células, assim a maior parte da água está dentro das células: ● Fluido extracelular (FEC): Líquido intersticial (entre as células) e plasma (líquido dentro dos vasos sanguíneos) ● Fluido Intracelular (FIC): Líquido dentro das células, sendo a maior parte do total de água. ● Fluido Transcelular (FIC): Considerado insignificante para a fluidoterapia. São os líquidos: o Fluido cerebrospinal, líquido sinovial, linfa, bile, secreções glandulares, secreções respiratórias, líquido pericárdico e líquido intraocular. Água total representa 60% do peso corporal do animal: - 40% fluido intracelular - 20% fluido extracelular - 15% interstício celular - 5% vasos sanguíneos Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 5 A passagem da água ocorre por osmose, ou seja, a água passa entre os espaços dependendo da quantidade de soluto (eletrólitos) presentes no espaço. Essa passagem também ocorre devido a diferença de potencial elétrico, pois as organelas intracelulares são levemente negativas, inclusive as proteínas produzidas por elas. Por isso, o potencial da membrana celular também é levemente negativo em repouso. Dessa forma, como a água tem sais, os quais se ionizam positivamente. Por exemplo, o sódio é o principal sal positivo, pois o sódio tende a entrar dentro da célula. Mas, o sódio quando entra dentro da célula ele leva consigo a água, pois não consegue entrar nos canais sozinho. Só conseguimos intervir no meio intravascular para alterar a quantidade de líquido do organismo. Indiretamente, podemos intervir nos outros meios, pois a fluidoterapia irá levar a água do meio intravascular para o interstício, podem chegar ao meio intracelular. Pressão Hidrostática: Força aplicada por um fluido sobre outro. É uma pressão de saída do vaso. Pressão Osmótica: Força contrária à osmose. Substâncias grandes que tem a capacidade de atrair água no espaço em que elas se encontram, por meio da capacitância elétrica. Albumina levemente negativa. Pressão Oncótica: É a pressão osmótica gerada pelas proteínas plasmáticas ● Albumina ● Globulinas ● Fibrinogênio Osmolaridade: Quantidade de partículas dissolvidas em um solvente Permeabilidade Vascular: Capacidade da parede vascular extravasar líquidos. Espaço entre as células endoteliais, aumenta com a vasodilatação. Dependendo do grau da vasodilatação, da lesão vascular e aumento da permeabilidade vascular pode haver extravasamento de proteínas plasmáticas. Obs: Pacientes em Sepse tem aumento de permeabilidade vascular e tem extravasamento de albumina para o interstício. Então o fluido administrado vai para o interstício, causando edema. Entretanto, esse paciente ainda está desidratado e precisando de fluidoterapia. Reposição de albumina: ● Para repor 1g/dL de albumina no sangue é preciso de 25 a 50ml/kg de plasma. ● 1 bolsade plasma tem 150 a 200 ml ● Albumina sintética humana – feita para humanos, ou seja, podem causar reação. ● Antes de repor plasma ou albumina – fazer um administração de hidrocortisona para evitar um choque anafilático, pode associar com prometazina. ● Pode diluir a quantidade de albumina em um grande volume de fluido o Exemplo: 100 ml de plasma diluído em 400 ml de fluido. o Repor ao longe de 12h a 24h ● Aplicação de 15 a 30 minutos A composição desses fluídos corporais: TODOS SÃO LÍQUIDOS ISOTÔNICOS Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 6 Plasma: Dentre os cátions; temos uma grande quantidade sódio (Na+) e menor quantidade de potássio (K+). Para cálcio (Ca2+) há uma quantidade maior do que magnésio (Mg 2+). Interstício: Há também uma maior quantidade de sódio (Na+) do que potássio (K+). Para cálcio (Ca2+) há uma quantidade maior do que magnésio (Mg2+). Intracelular: Há uma maior quantidade de potássio (K+) do que sódio (Na+), e quando comparado cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+), o magnésio se encontra mais concentrado no interior das células do que o cálcio. Já, em relação a quantidade comparada aos outros fluidos corporais, o cálcio está em maior quantidade quando comparado ao plasma e ao interstício. Entretanto a quantidade de magnésio é muito maior no interior das células do que no plasma e interstício. Plasma + Interstício: >>> Na+; < K+; <<Ca2+; >Mg2+; >>Cl-; < HCO3-; < HP042- e H2PO4-; </0 PTN Intracelular: < Na+; >>> K+; > Ca2+; >>>Mg2+; >>Cl-; < HCO3-; >> HP042- e H2PO4-; >PTN Vemos que a célula tem uma maior concentração de potássio do que o plasma e interstício por exemplo, o que faz com que a célula seja contra o gradiente de concentração. Isso, ocorre graças a bomba de Na+/K+ presente na membrana celular, que coloca três K+ para dentro das células e tira dois Na+. É uma bomba que depende de energia ATP e O2 para funcionar. Quando o organismo tem uma baixa perfusão periférica, este mecanismo fica comprometido, e ocorra um desequilíbrio, fazendo com que o líquido entre para dentro das células e cause apoptose – processo inflamatório. Plasma: Em relação aos ânions, o cloro (Cl-) e bicarbonato (HCO3-) estão em maiores quantidades no plasma quando comparamos com o meio intracelular. E menores quantidades de proteínas, HP042- e H2PO4- do que o meio intracelular. Interstício: Há uma maior quantidade de bicarbonato (HCO3-) quando comparado ao plasma. E um pouco a mais de HP042- e H2PO4- do que o plasma. Não há proteínas no interstício. Intracelular: Dentro da célula há uma pequena quantidade de cloro (Cl-), pois há canais na membrana que limitam sua entrada. Apresenta uma pequena quantidade de bicarbonato (HCO3-), e grande quantidade de proteínas, HP042- e H2PO4- do que o meio intracelular. A osmolaridade entre os fluidos corporais são muito semelhantes, apesar das diferenças entre sódio e potássio. ● Cães: 290 a 300 mOsm/kg ou 264 a 292 mOsm/kg ● Gatos: 300 a 310 mOsm/kg ou 287 a 307 mOsm/kg Osm = 2 ([Na] + [Ureia mg/dL / 2,8] + glicose mg/dL /18 CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS Isotônico O ganho de água vem através da ingestão da água; da oxidação de alimentos, ou seja, um anima em anorexia tem um déficit de ganho de água, mesmo que não esteja demonstrando uma desidratação clínica; e da atividade do ADH (hormônio antidiurético) que é responsável pela reabsorção de água pelos rins. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 7 Já a perda de água ocorre principalmente pela urina, nas fezes, pois o intestino tem grande capacidade de absorção de água, porém em algumas patologias essa capacidade fica comprometida; na respiração, sendo um componente que representa uma pequena fração da perda. ● Perdas sensíveis o Urina: 2/3 do volume de manutenção; ● Perdas insensíveis o Fezes fisiológicas e respiração: 1/3 do volume de manutenção. Necessidades diárias: ● Cão: o 40-50 ml/kg/dia de água o 3mEq/kg/dia de sódio o 1mEq/kg/dia de potássio ● Gato: o 70ml/g/dia o 3mEq/kg/dia de sódio o 1mEq/kg/dia de potássio Uma melhor maneira de imaginar essa quantidade diária, já que os animais variam bastante em função de tamanho e metabolismo é: Metabolismo de 1Kcal energia = Consumo de 1 ml de água Então se fazemos aquele cálculo de Requerimento de Energia em Repouso (RER) temos também a quantidade de água que o animal tem que beber. Requerimento Energia Repouso (Kcal/dia) = 60 x Peso corporal (kg) + 140 REGULAÇÃO DO SÓDIO E POTÁSSIO A concentração do sódio (Na+) está indiretamente relacionada com a quantidade de água. Se há pouca quantidade de água no organismo, o sódio começará a aumentar a concentração. Então, o organismo realiza uma série de mecanismos para reduzir a concentração de sódio: ● Sede ● ADH ● Aldosterona: poupa a água e sódio o Pois, o sódio puxa a água com ele quando entra em um espaço. A concentração de potássio (K+) se dá pela ingestão dos alimentos, por isso, um animal em anorexia pode ter um déficit de potássio. Os gatos são particularmente mais sensíveis ainda a este déficit, apresentam sinais de depressão e ventroflexão de pescoço por exemplo. Essa concentração também é influenciada pela aldosterona, porém em seu efeito contrário. Enquanto, a aldosterona poupa o sódio, ela estimula a excreção de potássio. Dessa forma, animais que apresentam poliúria podem ter hipocalemia. Já, animais que apresentam anuria podem apresentar hipercalemia. Além disso, animais com diarreia também apresentam um déficit de potássio. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 8 REGULAÇÃO DA PROTEÍNA SÉRICA Outro fator importante na regulação na quantidade de água é manutenção da pressão oncótica, em que é dada pela concentração de albumina, principalmente. A albumina exerce 80% pressão oncótica, ou seja, ela mantém o líquido no interior dos vasos. A diminuição de sua concentração provoca a saída de líquido no interior dos vasos, causando edemas. Essa proteína sérica depende de: ● Ingestão de alimentos: o Hipoalbuminemia ▪ Animais anoréxicos ▪ Dieta pobre ● Absorção intestinal o Hipoalbuminemia ▪ Diarreias crônicas – má absorção. ● Perda urinária o Proteinúria ▪ Glomerunefrite ▪ DRA ▪ DRC ● Hepatopatias crônicas o Hipoalbuminemia ▪ Cirrose ▪ Fígado: ineficiente em produzir albumina FISIOLOGIA INTESTINAL No intestino de um cão de 20kg passa cerca de 2,5 litros de fluido intestinal por dia, sendo que 98% são reabsorvidos e só 2% da água sairá nas fezes. Dessa forma, uma doença no intestinal terá impacto hidratação do animal. VÔMITO E DIARREIA: ● Perda isotônica de líquidos ● Hemoconcetração o Aumento do VG (volume globular) o Aumento da PT (proteína total) O animal pode perder proteína quando está com diarreia, podendo ter um valor de Proteína Total dentro dos valores de referências ou até mesmo abaixo. ● Hipovolemia o Taquicardia O coração aumenta sua frequência de batimentos cardíacos para compensar a baixa quantidade de líquido dentro dos vasos, pois o líquido começa a sair de dentro deles e ir para o interstício para compensar. ● Baixa perfusão dos órgãos: o Casos graves o Hipóxia ● Lactato sérico x Acidose Metabólica Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 9 o Aumento da concentração do lactato A baixa oxigenação leva ao mecanismo de obtenção de oxigênio pela via do lactato, e o lactato produz ácido. A produção deste ácido gera a acidose, além de ocorrer perda de bicarbonato pela diarreia. EQUILÍBRIO ACIDOBÁSICO O bicarbonato de sódio é um dos principais tampões, ou seja, é aquela substância que tem a capacidade de tamponar o íon hidrogênio, quando há um aumento deste ácido no organismo nos primeiros minutos. Uma baixa de perfusão tecidual irá diminuir o pH do sangue, por conta da via anaeróbica de obtenção de energia, por meio do lactato. O bicarbonato tentará controlar a diminuição do pH no primeirominuto, se ligando aos íons de hidrogênio, portanto, é o primeiro a ser consumido. Lembrando que em uma situação de diarreia, o ele também está sendo perdido pelas fezes. A ligação do bicarbonato (HCO3-) gera o ácido carbônico (H2CO3). Quando a ação do bicarbonato termina, o sistema respiratório tenta compensar, excretando o H2CO3 na forma de H2O+CO2, pelo aumento da frequência respiratória para fazer essa eliminação o mais rápido possível. Um animal desidratado tem um padrão respiratório alterado e não se encontra nada de diferente na auscultação pulmonar. Em seguida, a compensação ocorrerá pelos rins, por meio, da reabsorção do bicarbonato e excretando hidrogênio. Balanço Hídrico ● Positivo: aumento a quantidade de fluido quando a saída está reduzida o Pacientes desidratados ● Negativo: fazer uma quantidade menor de fluido em comparação com a saída de líquido o Paciente com edema, principalmente em membros. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 10 ● Recebe fluido e perde líquido pela urina/emese/diarreia ● Avaliação de Débito urinário: se só urina ● DU: 1 a 2ml/kg/h ● Se o animal não tem mais perdas extras ele deve receber de fluido – 1 a 2 ml/kg/h Pacientes Risco de Edema Furosemida – pode até fazer quando o paciente tem edema de membros. Em pacientes que tem PT e Albumina em valores baixos, faz fluido até repor a desidratação do paciente e faz furosemida em doses baixas para prevenir os edemas (reduzir o extravasamento de líquido e aumenta a saída de líquido por urina – DU em 1,5 a 2 mg/kg/h) ● Dose: 0,1/0,25/0,3 mg/kg) Enquanto isso, tentar desinflamar o paciente ou aumentar as proteínas plasmáticas. Furosemida – dose de 2/4/6/8 mg/kg aumentam o débito urinário em 6/8/10ml/kg/h ● Faz em paciente que fazem edema pulmonar, cardiopatas DESIDRATAÇÃO É a perda de água e/ou eletrólitos do fluido extracelular e/ou intracelular. Geralmente a desidratação está mais relacionada a perda dos fluidos extracelulares. Se uma desidratação começa a se agravar muito então começa a ser perder o fluido intracelular. Causas: 🡪Redução do consumo hídrico (hipodipsia e adpsia): ⮚ Ausência de consumo alimentar ⮚ Privação acidental ou deliberada de água ⮚ Depressão do centro da sede em animais sistemicamente doentes 🡪Aumenta da perda: a causa mais encontrada na clínica ⮚ Urinária (poliúria) ⮚ Respiratória (febre e estado ofegante) ⮚ Pele (queimaduras e ferimentos grandes) ⮚ Salivação excessiva (sialorreia e ptialismo) ⮚ Diálise peritoneal ⮚ Gastrointestinal (vômito e diarreia): o vômito agudo leva a perda de água, de sódio e de cloreto. O animal que está com vômito crônico, já está vindo conteúdo da porção do intestino delgado onde tem a saída dos ductos pancreáticos, então além de perder os três citados acima também perde bicarbonato. Na diarreia, o animal perde água, bicarbonato e potássio. Toda vez que temos esses problemas temos a desidratação e, pela perda do bicarbonato, há também desequilíbrio ácido-básico. Sendo assim, temos diferentes tipos de desidratação: ⮚ Desidratação hipertônica: perda de água pura ou de fluido hipotônico = perde água, mas não perde eletrólitos. Uma situação clínica comum disso é o animal que fica preso em algum Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 11 lugar sem água. O animal não bebeu água e concentrou os sais no organismo. Então não vamos usar uma fluido com eletrólitos neste animal. ⮚ Desidratação isotônica: perda de fluido com mesma osmolalidade que o FEC (Vômito/diarreia), ou seja, perde água e eletrólitos. Mais comum na clínica, justamente por ser a mais comum em doenças do TGI. ⮚ Desidratação hipotônica: perda de fluido hipertônico ou isotônico + água. Desidratação mais rara porque perde mais eletrólitos do que água. Uma situação que poderia acontecer é em animais que faz terapia diurética. PERDAS DE FLUIDOS CORPORAIS Desidratação Perda de fluido extracelular e intracelular. - Hipovolêmia Perda de fluido intravascular Quando há a passagem da água entre os espaços temos uma perda intravascular. Hipotensão Perda de fluido intravascular Quando há hipovolemia temos também hipotensão, pois diminui a quantidade de líquido dentro do vaso e diminui a pressão dentro dele ANIMAIS DESIDRATADOS: SEMPRE AVALAIR A PRESSÃO ARTERIAL Desidratação em gatos AVALIAR: ✔ Coloração e brilho das mucosas ✔ Turgor: a elasticidade está relacionada com a quantidade de água presente no organismo. Avalia a água intersticial. o Fazer o teste na região lombar/dorsal com o animal em estação. o Região da cernelha não é indicado, pois já tem bastante pele. ✔ Protrusão de terceira pálpebra: pode ocorrer em casos de desidratação, pois o olho fica mais fundo com a perda de água Desidratação em cães AVALIAR: ✔ Coloração e brilho das mucosas ✔ Turgor: a elasticidade está relacionada com a quantidade de água presente no organismo. Avalia a água intersticial. o Fazer o teste na região lombar com o animal em estação. o Região da cernelha não é indicado, pois já tem bastante pele. ✔ Depressão: apatia pode ocorrer em casos de desidratação. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 12 CAUSAS DE DESIDRATAÇÃO 1. Menor Consumo hídrico a. Hipodipsia ou Adipsia 2. Anorexia (água de oxidação dos alimentos) 3. Privação Acidental ou deliberada de água 4. Depressão do centro da sede em animais doentes a. Febre e/ou dor 5. Perda hídrica a. Gastrointestinal i. Intestino tem uma grande capacidade de reabsorção com sua vilosidades (vômito e diarreia) b. Doenças intestinais também induzem ao vômito 6. Urinária a. Perda do Rim em concentrar urina (poliúria) TIPOS DE DESIDRATAÇÃO Se refere a como o organismo do animal ficou após desidratar HIPERTÔNICA: Ocorreu perda de água pura ou de fluido hipotônico, por exemplo a intermação, ou seja, perda de água pelo calor. HIPOTÔNICA: É a mais rara, em que o animal perde mais eletrólitos do que água. Ocorre em hipoadrenocorticismo que há deficiência de aldosterona, fazendo com que não reabsorva sódio o que deixa o organismo mais hipotônico. Ou a terapia diurética crônica, que elimina muito sódio e deixa o organismo hipotônico. ISOTÔNICA: Ocorreu perda de fluido isotônico, como por exemplo vômito e diarreia. Mais comuns na clínica. AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE Anamnese Direciona o diagnóstico. - Houve diarreia ou vômito? Está ingerindo água? - Apresenta Anorexia, poliúria, polidipsia? - Como começaram os sinais? - Houve perda de peso? Muitas vezes o 1kg de água equivale a 1kg de peso perdido. Não é muito usado, mas pode ser um parâmetro de referência. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 13 - Está tomando alguma medicação? Ex.: Corticoide, bloqueia ação do ADH fazendo com que o animal urine mais; Diuréticos; para cardiopatas ou quando apresentam ascite ou efusão por outras causas. - Houve traumas ou sangramentos? Perdeu fluido intravascular. Exame Físico ● Peso corporal? ● Estado mental? ● Avaliação das Mucosas: o Coloração das mucosas ▪ Normal (Rosada), Congesta (Avermelhada), Cianóticas (Azulada), Pálidas (brancacenta). o Animal hidratado: mucosa rosa brilhante e molhada. o Mucosas pálidas: ▪ Início de comprometimento cardíaco ● Hipotensão – baixa pressão arterial ● Vasoconstrição periférica – não líquido suficiente nos vasos ● Perfusão periférica comprometida ▪ Anemia ● Hematócrito; Hemoglobina; Hemácias - diminuídos o Mucosas cianóticas: ▪ Hipóxia – baixa oxigenação ▪ Baixa perfusão periférica ▪ Problema pulmonar: edema ▪ Emergência COLORAÇÃO MUCOSAS TEMPO DE REPERFUSÃO CAPILAR CONDIÇÃO CARDIOVASCULAR Rosa brilhante < 2 segundos Normal Congesta >2 segundos Vasoconstrição, DC de Normal a Baixo Rósea-Pálida 2 a 3 segundos Vasoconstrição Periférica, PA e DC baixos Azulada 2 a 3 segundos PA e DC muito baixose hipóxia periférica Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 14 ● Turgor de pele: o Cautela na avaliação, pois pode ser subjetivo. o Dependente da quantidade de gordura, elastina subcutânea e volume intersticial: animais obesos esticam mais a pele. o Posição: animal em estação. o Região: Cernelha (atrás da cabeça) não é um boa região de avaliação, já que em animais hidratados pode demorar para voltar ao posição normal. A melhor região é a LOMBAR. o Idosos/Magros: Apresentam baixa elastina, dando a impressão de que estejam mais desidratados do que realmente estão. o Bexiga vazia ou cheia: Um animal com rim saudável e com desidratação não estará com a bexiga cheia. Logo, um animal desidratado com bexiga cheia pode estar tendo um problema renal. O turgor está diretamente relacionado à quantidade de líquido no interstício, entretanto, não nos dá informação sobre a quantidade de água que está dentro dos vasos sanguíneos. ● Frequência respiratória o Taquipneia o Esforço respiratório o Desequilíbrio acidobásico – acidose metabólica ocorre uma hiperventilação compensatória, para eliminar o CO2. Muitas vezes o animal não teve vômito ou diarreia, mas ocorreu derrame pleural ou abdominal, em que vemos o sinal pelo esforço respiratório. o Auscultação pulmonar: Verificar os sons, se há crepitação ● Temperatura o Extremidades: Animal desidratado fica com extremidades mais frias. o Baixa perfusão ● TPC: Tempo de preenchimento capilar aumentado o Fazer na gengiva do animal o Pressionar por 5 segundos o Observar a coloração retornar o Animais desidratados >2 segundos ● Frequência cardíaca: o Taquicardia o Ritmo cardíaco ● Pressão arterial baixa (hipovolemia) o Pulso o Hipovolemia o Filiforme o Baixa amplitude o Cães e Gatos: PAS: >90 mmHg e PAM: >60 mmHg ● Saturação de O2: Avalia a saturação da hemoglobina o Normal:> 97 % o Hipoxia:< 90% Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 15 CLASSIFICAÇÃO Fazemos a classificação seguindo a avaliação de tugor de pele, tempo de reperfusão capilar e mucosas. O próximo passo após a hipoperfusão tecidual grave é o choque, em que classificamos como DESIDRATAÇÃO GRAVE (A PARTIR DE 8 A 10%). A HIPOVOLEMIA, perda de volume intravascular com ou sem a perda de fluido extracelular. Por isso quando vamos fazer uma terapia com fluidos não podemos pensar na desidratação isoladamente. Também temos que pensar também no comprometimento de volume e da pressão arterial. Quem mais sofre com a desidratação, hipoperfusão e PA baixa são os rins. Grau de desidratação DESIDRATAÇÃO SINAIS CLÍNICOS <5% -Sem sinais -Baseado na anamnese Hipodipsia ou Adipsia; Hiporexia ou Anorexia 5% (Discreta) - Mucosas pouco secas -Redução Mínima no turgor da pele -Aumento da concentração urinária - Protrusão de 3ª pálpebra em gatos 8% (Moderada) - Redução Moderada do Turgor de Pele -Mucosas Secas -Pulso rápido e fraco -Enoftalmia >10% (Grave) - Redução Grave do Turgor da pele - Mucosas Extremamente secas -Taquicardia, pulso fraco, hipotensão -Alteração de consciência Emergência Porcentagem de Desidratação Sinais Clínicos 5% > Sem sinais clínicos Histórico de adipsia e anorexia 6 a 8% Diminuição do turgor de pele Mucosas secas 8 a 10% Diminuição do turgor de pele Mucosas secas Enoftalmia TPC – 3 a 4 segundos 10 a 12% Diminuição do turgor de pele severa Mucosas secas Enoftalmia TPC – >4 segundos Sinais de choque 12% Sinais de ameaça a vida Hipotermia central Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 16 Não responsivo a fluidoterapia – bolus de 10ml/kg Distúrbios de coagulação Sinais de Choque: ● DELTA T: aumentado o Diferença entre a temperatura central e a temperatura periférica o Se for superior a 6 graus = indicativo de choque e má distribuição de O2 o TC ºC: retal o TP ºC: interdígito ▪ Fazer com termômetro de superfície ou com o termômetro retal ● Lactato: aumentado o Quanto maior o valor do lactato - não indica severidade de quadro clínico o Problemas: ▪ Coração – redução do DC ▪ Sangue – volume plasmático ou redução de eritrócitos ▪ Pulmão - déficit de troca gasosa ▪ Associação desses problemas EXAMES LABORATORIAIS ✔ Hematócrito: Determina o estado de estado de desidratação, apresentando-se aumentado. As células estão menos diluídas no plasma. Mas não é bom critério porque se o animal estiver com uma anemia, ele pode estar dentro dos valores normais: o que mascara tanto a anemia quanto a desidratação. Por isso que temos que olhar também a PPT: geralmente na desidratação verdadeira os dois estão aumentados. Paciente com hematócrito de 28% com desidratação – fazer fluido de reposição mesmo com risco que esse HT caia para 24%, por exemplo. Seria melhor repor sangue total, mas se não tiver como é melhor repor a desidratação com fluidoterapia do que não fazer. Porque é melhor um sangue menos viscoso que perfunde, do que um sangue mais viscoso que não perfunde. Por exemplo, pacientes com HT de 70% são muito viscosos e perfundem muito mal. ✔ Proteína Total: Se encontra aumentada, principalmente por hiperalbuminemia. Mas se o animal tem desidratação e hipoalbuminemia, pode não ser uma avaliação videdigna. ✔ Produção de urina: Animais desidratados produzem pouca urina. Na palpação de bexiga vai estar pequena. ✔ Densidade urinária: Valores elevados de densidade > 1045. Se tiver baixa o animal pode ter problema renal ou outro problema que comprometa a concentração da urina. ✔ Ureia e Creatinina: Valores elevados, indicando uma uremia pré-renal se a causa for apenas por desidratação. Ou seja, a diminuição do volume plasmático de água e não o valor verdadeiro da ureia e da creatininapor um problema renal. ✔ Eletrólitos: Sódio e potássio, principalmente o potássio. Hipocalemia em gatos é importante, causa depressão e ventroflexão de pescoço. Sinais clínicos de d iarreia, vomito e uso de diuréticos cronicamente podem levar hipocalemia. ✔ Lactato Sérico: Sugere a perfusão periférica comprometida ou não, pois o lactato é proveniente do metabolismo anaeróbico, ou seja, as células estão em hipoxemia. Medir antes e durante a fluidoterapia. o Cães: 0,3 a 3,2 mmol/L Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 17 o Gatos: 0,5 a 2,0 mmol/L ✔ Saturação de O2: feita pela oximetria, não muito utilizado na clínica. Quando a saturação de O2 está baixa já sugere uma desidratação bem grave. ✔ Hemogasometria: Melhor parâmetro para avaliar acidose/alcalose, avalia pH sanguíneo, pO2 e pCO2. Importante para determinarmos o estado acidobásico do animal e escolher o fluido para administrar. METAS DA FLUIDOTERAPIA ✔ Reposição fluido intersticial e intracelular ✔ Repor perdas concomitantes o Vômito e Diarreia o Terceiro Espaço – ascite e efusão pleural ✔ Manutenção de fluidos e eletrólitos ✔ Anorexia: os fluidos de manutenção apresentam mais potássio do que sódio, pois suprem o potássio que deveria vir da dieta ✔ Repor volume intravascular – perfusão tecidual ✔ Tempo de manutenção da fluidoterapia no meio intravascular o 45 minutos Toda vez que fazemos fluidoterapia estamos influenciando o volume sistólico, sendo este um elemento importante para a manutenção da pressão arterial. Ou seja, iremos aumentar o volume sistólico. Mas quanto que irei aumentar? Inicialmente, 100% do volume administrado impacta no volume sistólico, e após 45 minutos apenas 25% do volume administrado irá impactar o volume sistólico. Dessa forma, após 45 minutos o restante dos 75% irão para o meio extravascular. PAM = FC x VS x RVP PAM: pressão arterial média FC: frequência cardíaca VS: volume sistólico RVP: resistência vascular periférica - Pacientes em hipotensão na anestesia por exemplo, podem melhorar a PA após administração de mais fluido, mas após 45 minutos a PA pode voltar a ficar baixa, pois o fluido se readequouaos outros espaços. Isso deve-se ser feito com cautela, já que podemos causar edema ou efusão no paciente. COMO ESCOLHER O FLUIDO? - Qual a necessidade individual do paciente? 1) Volume? a) Desidratação b) Perda de sangue 2) Afecção aguda ou crônica? a) Vomito está ocorrendo a poucos dias ou ocorre há semanas? Vômito crônico – perda de conteúdo intestinal = perda de potássio Vômito aguda – perda de HCL = perda de H+ Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 18 3) Velocidade? a) Administrar lento ou rápido 4) Composição do fluido? 5) Espaço (Intersticial/Vascular)? 6) Equilíbrio Eletrolítico e Acidobásico 7) Comorbidades? a) Diabetes – fluido a base de glicose b) Cardiopata – velocidade do fluido deve ser lenta c) Doença Renal TIPOS DE FLUIDOS CRISTALOIDES Soluções isotônicas ou hipertônicas – Penetram em todos os compartimentos corporais São soluções de reposição e manutenção COLÓIDES Soluções com substâncias de alto peso molecular capazes de exercer pressão oncótica. São restritas aos vasos sanguíneos. Apresentam alta durabilidade e são considerados expansores plasmáticos, usados em casos de hipoalbuminemia para prevenir edemas. Soluções Cristalóides de Reposição Para recuperar o estado de hidratação dos pacientes. Ringer c/ Lactato: É a fluido que mais se aproxima do plasma sanguíneo. É um fluido hipotônico, é alcalinizante, pois apresenta lactato. O lactato da solução é transformado em bicarbonato pelo fígado. O pH da solução não é um pH tão ácido quanto das outras soluções. Ele tem potássio, sendo uma boa escolha para animais com hipocalemia. O lactato presente na solução é para manter o pH da solução e não para corrigir acidose, por exemplo. Mas em casos de acidose, é uma solução de escolha, já que existe uma certa metabolização, mas a correção do pH é mais lenta. E a acidose é corrigida também pelas demais alterações. Por isso em caos de acidose grave reposição de bicarbonato ajusta o pH mais rápido. Ringer Simples: Essa solução tem um pouco mais de Na+ e pH mais ácido quando comparado ao Ringer com Lactato, sendo dessa forma, levemente acidificante. Além de ter um pouco mais de Ca2+ do que o Ringer Lactato. Glicose 5%: Não tem eletrólitos, tem apenas glicose, quase uma água pura. Se fosse apenas água poderia causar lise nas hemácias. Ela serve para manter a osmolaridade, e fornece Kcal. Quando a glicose entra na célula leva junto o potássio. Por isso, em casos de hipocalemia, causados por diarreia por exemplo, ter cautela em administrar apenas glicose, sem enriquecer a solução com potássio (K+). Se não, pode diminuir ainda mais o nível de K+ no sangue. Um dos protocolos de tratamento de hiperpotassemias é usar glicose em alta concentração. IMPORTANTE: Animais em jejum prolongado (anorexia), com hipoglicemia podem ter depressão das células imunológicas, pois a glicose facilita o metabolismo dos neutrófilos, por exemplo. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 19 Administrar a glicose a 5% não irá suprir as necessidades metabólicas do organismo, pois não tem as calorias suficientes. ● Glicose a 5% = 200 kcal/L. No cálculo de Requerimento de Energia de Manutenção em um cão de 10kg ● 60xPeso corporal (kg) + 140 ● 60 x 10 + 140 = 740kcal O que significa que ele precisaria de tomar 4 litros de glicose. Na respiração celular a glicose é metabolizada em CO2 e H2O. A glicose a 5% é uma solução hipotônica, sendo uma boa opção para desidratações hipertônicas, não apresentando nenhum eletrólito em sua composição. Fisiológica NaCl 0,9%: Na verdade não é uma solução fisiológica, pois tem mais sódio e cloro que o plasma, além de ter um pH mais ácido, considerada uma solução acidificante. Como não tem potássio é indicada em casos de hipercalemia. Soluções Cristalóides de Manutenção ● Geralmente são soluções com menos sódio e menos cloro. São soluções para animais que precisam de uma fluido terapia crônica, como doentes renais, que abaixar o nível ureia e não podem fazer hemodiálise, causando diurese para o animal eliminar a ureia. Também são indicados para animais em anorexia e adipsia, em que há hipocalemia. Glicose a 2,5% em salina a 0,45%: Metade da solução de Glicose a 5% e metade da Solução Fisiológica NaCl 0,9%, ou seja, dilui-se metade de uma na metade da outra. Apresenta osmolaridade quase neutra, próxima do plasma. Tem boa capacidade de ficar dentro do vaso. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 20 Melhor para manutenção do paciente, do que solução fisiológica NaCl 0,9%. Como é uma solução pobre em potássio pode inserir este eletrólito a solução. ● 4 ml Cloreto de Potássio (KCl) / 500 ml de fluído o Essa dose dificilmente repõe o K+ do paciente o Avaliar o potássio anteriormente Utilizar soluções com alta concentração de sódio a longo prazo, pode causar danos ao rim do paciente. Glicose a 2,5% em Ringer c/ Lactato: É feito o mesmo com Ringer com Lactato e Glicose a 5%. Solução glicosada a 2,5%: RL 250 ml + 12,5 ml de glicose Solução glicosada a 5%: RL 250 ml + 25 ml de glicose Solução glicosada a 7,5%: RL 250 ml + 37 ml de glicose Desmame da Fluido para retirar da fluido. Ex.: 1 gota cada 4s e depois 1 gota cada 10s. Até o animal manter a glicemia (60 a 120mg/dL). QUANTO ADMINISTRAR? Cão, 10kg, 5% de desidratação, vomitando Reposição + Manutenção + Perdas Extras Reposição: repor a quantidade de água e eletrólitos que o animal perdeu. R = Peso corporal (kg) x % Desidratação = Litros R = 10 x 5/100 = 0,5 litros = 500 ml Manutenção: é quanto de água e eletrólitos que o animal precisa fisiologicamente para sobreviver. É a fórmula que obedece ao cálculo da kcal de um animal em repouso, ou seja, a energia metabolizável em repouso. Fórmulas: 1. Volume = 70 x Peso(kg) 0,75 2. Volume = (Peso x 30) + 70 3. Volume = 30 a 60 ml//kg/dia 4. Volume = 2 a 4 ml/kg/hora 5. Volume = 60 x Peso (kg) +140 M = 60 x Peso Corporal (kg) + 140 M = 60 x 10 + 140 = 740 ml Perdas extras: quando o animal apresenta vômito e/ou diarreia. Vômito: 40 ml/kg/dia Diarreia: 50 ml/kg/dia Ambos: 60ml/kg/dia PE = 40 ml (vômito) x Peso corporal (kg) PE: 40 x 10 = 400ml Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 21 Total: 500 ml + 740 ml + 400ml = 1640 ml cada 24 horas IMPORTANTE: 80% do volume administrado no vaso sanguíneo será absorvido pelo interstício em 1 hora. COMO ADMINISTRAR? PARÂMETROS DO PACIENTE VIA DE ADMINISTRAÇÃO Consciente, Trato gastrointestinal normal (sem vômito), necessidade de calorias, sem necessidade de rápida reposição, sem necessidade de precisão na dosagem de fluido. ORAL (VO) Prevenir a desidratação ou com Desidratação de 5%. Necessita apenas de cristaloide isotônicos. Não usar glicose 5% ou solução Hipertônica (contraindicadas) Subcutânea (SC) Hospitalizado, não come e nem ingere água, paciente anestesiado, paciente com necessidade de grande volume de reposição ou de rápida administração, desidratado, hipotenso. Intravenosa (IV) Paciente em Estado Crítico, necessidade de grande e rápida quantidade de volume, necessidade de fluidos hipertônicos Intravenoso Central (Jugular) ● Cateteres o Amarelo (24): difícil de fixar e dura menos no vaso sanguíneo o Tricotomia local e antissepsia (clorexidina alcoólica ou álcool 70%) o Observar dor local em administração de fármacos e fluido (flush) ▪ Trocar o cateter ▪ Ideal é avaliar 1x ao dia ▪ Até 72horas de permanência ▪ Colocar a data ● Veias o Cefálicas são mais indicadas para internação o Jugular: cateter venoso central ▪ Pode ser mantido por mais dias – até 7 dias ▪ Hidratação ▪ Paciente de UTI ▪ Coleta de amostras sanguíneas Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 22 ▪ PVC – medir pressão venosa central, indica a volemia ou pré-carga. ● Questionável ▪ Melhor via para drogas simpatomiméticas:pois são fármacos que tem alteração por acidez sanguínea - hipoperfusão ● Dobutamina ● Norepinefrina ● Fármacos de infusão contínua ● Adrenalina – pacientes em parada cardíaca o Complicações: Trombos e infecções ● Intraósseo o Acesso temporário o Fluido e fármacos ▪ Aminoglicosídeos ▪ Fármacos muito ácidos o Filhotes: paciente que não tem ossificação adequada o Adultos: cateter e furadeira específicos para colocação o Úmero: apenas a ponta do cateter (verde?) o Fêmur: proximidade com ânus – paciente diarreicos cuidado!! o Complicações: Infecção, trombo gorduroso, extravasamento de fluidos, síndrome de compartimentalização (edema após uma fratura, causando compartimentalização do membro ao resto da circulação) e fratura. VELOCIDADE? Reposição: pode ser feita em 4 horas ● Ex: 500 ml em 4 horas – 125 ml/h ou 12,5ml/kg/h Manutenção + Perdas Extras: pode ser feito nas 20 horas restantes ● 740 ml em 20 horas = 37 ml/h ou 3,7 ml/kg/h A taxa manutenção normalmente é inferior a 2ml/kg/h Se não tiver tempo para fazer os cálculos de manutenção ou precisa fazer outras coisas nos pacientes, pode deixar uma taxa segura de: ● 1 a 1,5ml/kg/h Perdas Extras: são adicionadas as 20 horas junto a manutenção. Paciente com êmese: 400 ml OBS: Se no segundo dia a êmese e a diarreia forem controladas, deve-se tirar a Perdas Extras da fluidoterapia. Pois, a fluidoterapia é dinâmica. Exemplo: Um gato com 3,2kg Manutenção: 60ml/kg/dia: 60x3,2 = 192 ml de fluido ● Há 86400 segundos em 24 horas ● 192ml ÷ 86400 seg = 0,0022 ml/seg Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 23 ● 0,0022ml x 60 gotas (equipo micro) = 0,13 gotas ● Então 0,13 gotas seria 1 gotas repartida em várias partes 0,13 gotas x 8 segundos = 1 gota inteira Então seria 1 gota a cada 8 segundos para fazer 192 ml em 24horas. Reposição: 4 horas – Ex.: 300 ml • 3600 seg – 1hora • 4horas x 3600 seg = 14400 • 300ml ÷ 14400 = 0,02083 ml/seg • 0,02083 x 60gotas = 1,25 ml • Então seria 1 gotas a cada 1 segundo para fazer 300 ml em 4 horas. Estado Clínico Cães Gatos Choque Séptico ou Hipovolêmico 80 - 90 ml/kg em 20 a 60 min 50 - 55 ml/kg 20 a 60 min Desidratação Fornecer a Manutenção e Repor Déficit em 12 a 24 horas (10 – 15 ml/kg/hora) Fornecer a Manutenção e Repor Déficit em 12 a 24 horas (10 – 15 ml/kg/hora) Manutenção (Enfermidades Crônicas – DRC, DII) 2 – 6 ml/kg/hora + Checar e Suplementar o Potássio, caso necessário. 2 – 3 ml/kg/hora + Checar e Suplementar o Potássio, caso necessário. Anestesia 2 – 6 ml/kg/hora 2 – 3 ml/kg/hora Cardiopatas 4 ml/kg/hora no máximo 4ml/kg/hora no máximo ● Equipo macro o 1ml = 20 gotas o Na desidratação usamos 15ml para fazer a manutenção e reposição: o 15ml x 20 gotas = 300 gotas/kg/hora. ● Equipo micro o 1ml = 60 microgotas o 15 ml x 60 mgotas = 900 gotas/kg/hora QUANDO ADMINISTRAR CRISTALÓIDES HIPERTÔNICOS? ● Tonicidade Sérica Normal = 300 mOsm/L ● Solução Cloreto Sódio 7,5%: sua tonicidade é 2560 mOsm/L, então quando administrada ela leva a água do interstício e intracelular até o vaso sanguíneo. Apresentam uma grande capacidade de expandir o volume plasmático rapidamente, com um tempo de ação de 20 a 30 minutos. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 24 ● Indicação: recuperar a pressão arterial (PA) de animais em hipovolêmicos (hemorragia, queimaduras e choque) o TCE: trauma cranioencefálico o DVG: dilatação volvulogástrica o Sepse: antes era indicado, mas a quantidade de Na+ piora a lesão renal do paciente. Melhor usar fármacos vasoativos. ● Dose: o 4 – 5 ml/kg IV cães o 2 – 4 ml/kg IV gatos Não usar em paciente com Hipernatremia, Desidratação grave, Choque cardiogênico ou Insuficiência Renal. ● Estado de Hidratação: Avaliar o estado de hidratação, pois como ela tira o líquido do interstício ela piora o estado de desidratação do animal. Por isso, após administrar uma solução cristalóide hipertônica sempre usar uma solução cristalóide isotônica. ● Administração: ▪ 25% da dose rápido e o restante lento ▪ Associar 50% da dose de cristalóide (80-90 ml/kg) ▪ Caso não tiver melhora – associar com coloide ▪ Uso Isolado – Tempo Rápido de Ação: 20 a 30 min PARA ANIMAIS GRAVEMENTE HIPOVOLÊMICOS, OU SEJA, EMERGÊNCIA, COM HIPOTENSÃO, QUE PRECISA DE REPOISÇÃO LÍQUIDO DENTRO DOS VASOS RAPIDAMENTE, ELEVANDO A PA E PERFUSÃO PERIFÉRICA. ● Associado ao Coloide: 1 parte de NaCl 7,5% e 2,5 partes de coloide ● Dose: o Cães 5 a 10 ml/kg da combinação o Gatos 2 ml/kg da combinação ● Tempo de Ação por mais de 24h QUANDO ADMINISTRAR COLOIDE? Na rotina clínica é raramente usado, em humanos estudos apontam que podem desenvolver quadros de SIRS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica). Em animais não há comprovação. Quando não há possibilidade de repor plasma sanguíneo, se faz administração de coloide, pois o animal corre risco de morte O coloide é basicamente uma gelatina, sendo um fluido que exerce uma pressão intravascular e tem uma globulinemia muito alta. Isso, possibilita que o volume vascular fique mantido no vaso por mais tempo, pois tem um alto peso molecular fazendo com que não saem de dentro do vaso, devido à pressão oncótica elevada. Considerada uma solução pró-inflamatória. Aumenta a pressão oncótica em uma duração de 4 a 6 horas ● Quando não tem albumina sintética ou plasma sanguíneo para repor. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 25 ● Quando é difícil administra um grande volume para ressuscitar um paciente. ● Quando o cristalóide não é efetivo em melhorar ou manter o volume sanguíneo. ● Se o animal está fazendo edema antes do volume sanguíneo ser restaurado. ● Quando o paciente é muito grande ou têm grande perda de fluido e se deseja repor volume mais rapidamente. ● Quando a Proteína Total < 3,5g/dL ou Albumina ,1,5 g/dL. ● Quando se quer prolongar os efeitos da solução salina hipertônica. Exemplos: ✔ Dextranos (Dextran 40 e 70) ✔ Polímeros de gelatina (Haemacel e Polisocel) ✔ Amido de hidroxietila (Hetastarch) Contraindicação: ● Pacientes em sepse FLUIDOTERAPIA DE CHOQUE ● PROVA DE CARGA ● CÃO: 90 ml/kg ● GATO: 60 ml/kg ● Mais aceito: 10 ml/kg/ 15, 20 a 30 minutos ● Metas PAS: 60 a 70 mmHg ● Pacientes em choque hemorrágico ativo: se fazer muito fluido o paciente sangue mais rápido, fazer a prova de carga e ter como meta de PAS 60 a 70 mmHg. ● Se não tem hemorragia, pode ir fazendo até a pressão estabilizar ● Toda vez que fazer bolus avaliar a proteínas plasmáticas e albumina para saber o quanto de força ele tem para manter esse líquido dentro do vaso. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 26 FALHA REHIDRATAÇÃO? Determinar: reavaliar o peso (engordou), produção de urina (está tendo poliúria), HT e PT. Erros nos cálculos de reposição, manutenção e perdas extras. Avaliar se o animal vomitou ou teve diarreia após a fluidoterapia inicial. Infusão muito rápida: o fluido tende a ser filtrado pelos rins rapidamente e não dá tempo de passar pelo espaço intersticial. Não deve ser uma infusão muito rápida a menos que seja uma emergência. Cuidado – cardiopatas ou IRA? Pode ocorrer sobrecarga cardíaca e renal. COMPLICAÇÕES - Hiper-hidratação – Fluidoterapia em velocidade rápida 1. Corrimento Nasal Seroso 2. Tosse 3. Taquipneia 4. Taquicardia 5. Dispneia 6. Crepitações Pulmonares 7. Edema de membros 8. Choque distributivo – hemodiluição, dificuldade de hemácias levarem oxigênio para os tecidos e células (déficit energético), pois há uma grande quantidade de líquido dentro do vaso. Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 27 9. Overload: sobrecarga do coração por excesso de fluido 10. TGI: reduz a função por conta do excesso de fluido por conta de congestão, absorvendo menos nutrientes 11. Coagulação: paciente com diluiçãosanguíneo tem dificuldade em coagular 12. Pro inflamatória: teoricamente todo o fluido administrado tem influência sobre a inflamação, geralmente leve. O coloide é mais pro inflamatório Evitar Complicações ● Exame físico detalhado prévio ● Monitorar o paciente constantemente o TPC, Turgor, FC, FR, TºC, mucosas, auscultação cardiopulmonar o Lactato, Delta T – valores precoces de choque o Delta PP (pleth) ▪ Transoperatória/ pacientes em ventilação mecânica Vemos o Delta PP através da onda do oxímetro de pulso do eletrocardiograma. Cada onda é um pulso, mas há uma segunda onda formada pela variação das ondas de pulso. Essa diferença está relacionada a redução de líquido na cava torácica, se tiver essa variação de segunda onda, quer dizer que a ventilação do paciente está atrapalhando o fluxo da cava/aorta torácica, indicando que o paciente precisa de fluidoterapia. Fazer bolus – 5ml/kg em 5ml/kg? e verifica o retorno da onda para a posição normal, mais retilínea o Trocar o paciente de decúbito ▪ Avaliar se há edema de decúbito. ● Assepsia para uso do cateter o Endocardite o Sepse ● Nunca deixar o cateter mais de 72 horas ● Substituir o cateter: dor local ou edema ● Cateter deve ser lavado 5U de heparina/ml NaCl 0,9% o Prevenir formação de coágulo o Fazer Flush com solução fisiológica ● Observar produção de urina Apostila de Clínica de Pequenos Animais 2021 28 o Sondagem uretral o 1 – 2 ml/kg/hora o Desidratado ira urina pouco, quando o rim está normal ● Caso animal anoréxico ● > 3 – 5 dias o As vilosidades intestinais necessitam de glicose, pois são células de alta taxa de divisão. o Necessitam de energia. o Se não tiver energia as bactérias entram na circulação, fazendo sepse por lesão intestinal. ● Nutrição enteral ou parenteral deve ser considerada.
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