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Terapêutica Veterinária MEDICINA VETERINÁRIA A fluidoterapia envolve a reposição de líquidos cristaloides e coloides sintéticos. Se feita de forma inadequada pode causar prejuízo ao animal. Volemia é um termo para se referir ao volume sanguíneo. É a relação do sangue em função do peso, por exemplo: CÃES X GATOS Gatos possuem um menor volume sanguíneo e isso significa que há um maior risco de efusão/edema se for administrada uma dose maior. Outra diferença é quanto a contração esplênica. O baço é um reservatório de sangue, e se o paciente entra em uma condição de hemorragia, ele se contrai para mandar sua reserva para os vasos e manter a volemia do paciente. O gato não tem esse processo tão eficiente quanto o cão e tem uma menor resposta a hipovolemia. Outra característica importante é a tendência à hipotermia. O gato possui uma resposta adrenérgica mais frágil em condições hipotérmicas. A resposta adrenérgica é comandada pelo SNA simpático e realiza a vasoconstrição dos vasos, se ela está diminuída, ocorre uma vasodilatação não responsiva à fluido. Portanto, deve-se aquecer o animal. Existem duas diferentes pressões que fazem os líquidos permanecerem dentro de seus reservatórios: a pressão hidrostática (é a pressão que o volume faz dentro do vaso para mandar o líquido para fora) e a pressão oncótica (é a pressão que atrai os líquidos para dentro dos vasos). Desequilíbrio entre essas pressões = extravasamento de líquido, formando edemas, etc. Além de água, há os eletrólitos que são fundamentais para a manutenção da homeostasia. Esses eletrólitos podem ter cargas positivas (cátions) e negativas (ânions). O total de cargas positivas tem que ser igual ao total de cargas negativas. Cátions – Na+, K+, Ca++ e Mg++. Ânions – Cl-, HCO-, h2PO4, HPO4-, proteínas e outros. FISIOLOGIA DOS LÍQUIDOS CORPORAIS A obtenção se dá pela ingestão ou do produto final do metabolismo celular. A excreção se dá pela urina, pele, gazes expirados, saliva, fezes e lactação. O controle da quantidade de água ocorre principalmente no hipotálamo e a sede é estimulada de forma direta ou pelo sistema renina-angiotensina- aldosterona (SRAA). corpo constituido com 60 % de água 75% intersticial 25%intravascular O cão possui 8% de volemia O gato possui 6,5% de volemia 33% extracelular 66% intracelular Terapêutica Veterinária MEDICINA VETERINÁRIA SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA- ALDOSTERONA. Em um volume alto, é estimulado uma diurese para perda maior de água na urina. O ADH (antidiurético) também participa do equilíbrio dos líquidos corpóreos e pode ser chamado de vasopressina. Utilizado quando é necessário manter mais água no organismo. DESEQUILÍBRIO HÍDRICO ENTRE OS COMPARTIMENTOS. No desequilíbrio hídrico entre a ingesta para obtenção e excreção que leva a um quadro de diminuição de líquidos corporais, é preciso pensar em duas situações: desidratação e hipovolemia. DESIDRATAÇÃO – É a diminuição de líquidos fora dos vasos. HIPOVOLEMIA – É a diminuição de líquidos dentro dos vasos. í 1- Diminuição da ingesta (desde diminuição do acesso à água até alterações neurológicas e sistêmicas); 2- Aumento da perda de fluidos como poliúria, vômito, diarreia, febre, sudorese (principalmente em equinos), queimaduras 1 Acúmulo de líquido dentro da cavidade torácica. extensas e efusões (efusão pleural1, cite2, edemas). DESIDRATAÇÃO Há 3 tipos de desidratação: desidratação isotônica, desidratação hipotônica e desidratação hipertônica. O tipo mais comum em desidratação é a isotônica. DESIDRATAÇÃO ISOTÔNICA - É uma desidratação de osmolaridade igual, ou seja, é a desidratação onde há perda proporcional de água e eletrólitos e não vai haver alteração da osmolaridade. Pode ocorrer em casos de vômito, diarreia, infecções, doença renal, choque hipovolêmico. DESIDRATAÇÃO HIPOTÔNICA – É onde ocorre uma baixa osmolaridade no espaço extracelular. Essa osmolaridade diminuída ocorre pela perca de mais eletrólitos, ou seja, perda de líquido hiperosmolar (acima de 310mOsm/kg). O compartimento extracelular se torna hiposmolar e hipotônico (abaixo de 280mOsm/kg) em relação ao intracelular. Na desidratação hipotônica ocorre o chamado ingurgitamento celular, ou seja, o organismo manda água para dentro da célula na tentativa de reestabelecer a osmolaridade entre os meios. Essa desidratação pode ocorrer, por exemplo, na insuficiência da adrenal e no uso excessivo de diuréticos. DESIDRATAÇÃO HIPERTÔNICA – É o contrário a hipotônica, onde ocorre a perda de mais água do que eletrólitos e o meio fica hiperosmolar. Assim, o organismo, para tentar reestabelecer o equilíbrio, tira água de dentro das células para mandar para o meio extracelular. Essa osmolaridade ocorre pela 2 Acúmulo de líquido dentro da cavidade abdominal. Rim não recebe volume adequado ativa o sistema liberação de renina pelo rim Renina + angiotensinogênio (liberado pelo fígado). Formação de angiotensina I de forma inativa. Formação de angiotensina II Vasoconstrição e liberação de aldosterona Retenção de sódio e água. Retenção de volemia. Terapêutica Veterinária MEDICINA VETERINÁRIA baixa ingestão de água e quando ocorre o aumento das perdas insensíveis (aquelas não visíveis) como a febre e taquipneia. SINAIS CLÍNICOS DE DESIDRATAÇÃO O primeiro critério a ser estabelecido é: meu paciente está desidratado? Qual o tipo de desidratação ele apresenta? O grau de desidratação estimula o quanto de fluido será administrado. Um sinal de desidratação é a elasticidade/turgor da pele, ressecamento das mucosas, enolftalmia, diminuição da urina, aumento do TPC (tempo de preenchimento capilar), etc. Há várias tabelas com diferentes graus de desidratação. É necessário que o médico veterinário escolha uma e a faça usual. GRAU SINAIS CLÍNICOS Menor que 5% História de vômito ou diarreia ou perda de líquido, membrana mucosa normal, incapaz de detectar < 5% no exame físico. 5% História de vômito ou diarreia ou perda de fluido, membranas mucosas secas. 7% História de vômito ou diarreia ou perda de fluido, membranas mucosas secas, diminuição do turgor da pele, taquicardia, qualidade de pulso normal e pressão arterial normal. 10% História de vômito ou diarreia ou perda de fluido, membranas mucosas secas, diminuição do turgor da pele, taquicardia, pulso fraco, hipotensão. 12% História de vômito ou diarreia ou perda de fluido, membranas mucosas secas, diminuição do turgor da pele, taquicardia ou bradicardia, pulso fraco ou ausente, hipotensão, extremidades frias, hipotermia. GRAU SINAIS CLÍNICOS 5% - Leve Perda mínima do turgor da pele, mucosas um pouco ressecadas. 8% - Moderada Perda moderada do turgor da pele, mucosas ressecadas, pulso fraco e rápido, enoftalmia. 10% - Severa Considerável perda do turgor da pele, mucosas extremamente ressecadas, severa enoftalmia, pulso filiforme, hipotensão, alteração do nível de consciência. GRAU SINAIS CLÍNICOS Até 4 Inaparentes. 4-6 Perda da elasticidade da pele, ressecamento das mucosas, TPC aumentado, diminuição no débito urinário. 8-10 Sinais anteriores mais severos, ressecamento da córnea, diminuição na pressão intraocular, retração do olho na órbita, pulso fraco, oligúria, depressão, hematócrito acima de 60%, jugular com distensão comprometida. GRAU HT PPT TPC Turgor da pele Mucosas 5% 40- 50 6,5 – 7,5 2-3 2-3 úmidas 8% 50- 60 7,5 – 8,5 2-4 3-4 Pouco secas 10% > 60 > 8,5 > 4 > 4 Secas HT (%) – Hematócritos (também chamado de volume globular); PPT (g/dL) – Proteínas plasmáticas totais; TPC (s) – Tempo de preenchimento capilar. Terapêutica Veterinária MEDICINA VETERINÁRIA SINAIS CLÍNICOS EM RUMINANTES Podem apresentar perda de peso,aumento da FC e do TPC, perda da elasticidade da pele, ressecamento das mucosas, diminuição da temperatura nas extremidades e diminuição da produção de urina. GRAU SINAIS CLÍNICOS 10 Sinais de depressão e apatia, mucosas ressequidas, perda de turgor da pele, enoftalmia, paciente em estação ou decúbito esternal. 15 Além de sinais de grau moderado, diminuição na temperatura corporal, decúbito lateral e animal moribundo. GRAU SINAIS CLÍNICOS Leve Apatia discreta, mantém estação, mantém apetite e sede (reflexo se sucção), mucosas rosadas e pouco pegajosas. Moderada Apatia acentuada, decúbito esternal preferencial (ergue-se sem auxílio), anorexia (reflexo de sucção ainda presente), mucosas pegajosas a secas e avermelhadas, enoftalmia, taquicardia, pulso fraco e regular e extremidades discretamente frias. Severa Depressão, decúbito esternal permanente, inapetência (sem reflexo de sucção), mucosas secas e vermelhas, enoftalmia, taquicardia, pulso filiforme, extremidades frias, hipotermia. GRAU Retração do globo ocular Turgor da pele Mucosas 6-8% Discreta 2-4 Úmidas 8-10% Evidente 3-4 Pouco secas 10-12% Profunda > 4 Secas Na avaliação laboratorial em um paciente desidratado, como vai haver perda de líquido pode ocorrer o aumento do hematócrito. Um exame que pode auxiliar no diagnóstico é a urinálise onde observa-se o aumento da densidade urinária em função do aumento das partes sólidas. São mais interessantes serem utilizadas tabelas que não utilizem análises laboratoriais para que o diagnóstico seja apenas clínico. Correção de desidratação ou hipovolemia, reposição de eletrólitos, compensar perdas de vômito e diarreia, manutenção do acesso venoso, manter a perfusão renal, fazer a perfusão de medicamentos intravenosos e também por intoxicações (estimulando a diurese ele pode ser eliminado mais rápido do organismo). á As vias que podem ser utilizadas são: VO, IV, SC, intra-peritoneal e intra-óssea. A mais utilizada é IV (dentro do ambiente hospitalar), para fazer em domicílio, é a VO. A VO também é de eleição para animais de grande porte. Essa via é feita com sonda nasogástrica para equinos e sonda orogástrica. As veias utilizadas são as veias periféricas como a cefálica e a safena para pequenos animais, já para grandes animais utiliza-se a veia jugular. A FLUIDOTERAPIA DEVE SEGUIR O FLUXO DA VEIA. Em um paciente internado, o cateter deve ser trocado a cada 72 horas. Terapêutica Veterinária MEDICINA VETERINÁRIA Via oral – reservada para o paciente normohidratado, pacientes que não estão vomitando. – Pode oferecer cubos de gelo, pequenas quantidades de água ou glicose por via oral e solução de eletrólitos. Administrar em intervalos frequentes para fornecer os requisitos. Subcutânea – usada apenas para tratar desidratação na ausência de outros sinais sistêmicos. Fluidos estéreis poliônicos isotônicos balanceados (solução de ringer com lactato). Usada em cães e gatos pequenos sem vasoconstrição periférica. Não exceder 10-20ml/kg de fluido por local de injeção. O fluxo de fluidos é baseado no conforto do paciente. O fluido é absorvido de 6 -8 horas. Não usar cristaloides hipertônicos, coloides ou fluidos suplementados com dextrose. É pouco utilizada (geralmente quando o paciente vai para casa). Cuidado com o pH de algumas substâncias, pode causar necrose. Intravenosa – usada em casos de desidratação moderada a severa. Usada quando as entregas precisas do volume de fluido e agentes farmacoterapêuticos são necessários. O benefício é uma administração rápida e ampla de fluidos e titulação de fluidos. Permite a suplementação de potássio para repor o potássio perdido em vômito. Intraperitoneal – usada quando o cateter intravenoso não é bem sucedido ou possível porque isso fornece acesso rápido à circulação. Mais comumente necessária em situações de emergência quando o acesso intravenoso imediato não é possível para o paciente pediátrico ou neonatal. Via muito vascularizada com alto poder absortivo. Intra-óssea – Para pacientes pediátricos gravemente anêmicos. Considerar reaquecer pacientes com hipotermia. Líquido isotônico a levemente hipotônico para reidratação. Via intravenosa preferida quando possível. A medula não colapsa durante a hipovolemia. Cateter inserido na medula dos ossos. Utilizada quando não se consegue acesso venoso, porém o volume é menor. Utilizada em ossos grandes como úmero, tíbia, íleo e fêmur. É feito na ave, mas deve-se ter cuidado com os ossos pneumáticos (utilizar ulna e tíbia). Soro caseiro = feito com meia colher de chá de sal (3,5g), oito colheres de chá de açúcar refinado (40g) e 1 L de água filtrada. O material utilizado é o cateter, scalp (não mais utilizado para a manutenção) e o equipo (macro -20 gotas=1ml e micro -60 gotas=1ml -). EM UM ANIMAL ATÉ 10KG PODE SER UTILIZADO O EQUIPO DE MICROGOTAS. A diferença entre esses grupos é o peso molecular do fluido. O fluido cristaloide por ser de baixo peso molecular, não consegue ficar muito tempo dentro do vaso e logo sai de dentro dos vasos e vai para o interstício e células, já os coloides tem um alto peso molecular e não conseguem sair dos vasos para se distribuírem para os tecidos e células, possuindo um tempo maior dentro dos vasos. CRISTALOIDES – solutos eletrolíticos e não eletrolíticos capazes de penetrar todos os compartimentos. Tem uso geral. Ex: NaCl 0,9%, Ringer lactato e glicose 5%. Fluido isotônico - osmolaridade semelhante a osmolaridade do sangue. Fluido hipertônico – osmolaridade maior em comparação com a do sangue. Fluido hipotônico - osmolaridade menor comparada com a osmoralidade do sangue. Além disso, os fluidos cristaloides, independentes de serem iso, hipo e hipertônicos, podem ser classificados em Cristaloides Isotônicos Hipertônicos Hipotônicos Coloides Naturais Sintéticos Terapêutica Veterinária MEDICINA VETERINÁRIA acidificantes (tem o pH menor que o do sangue) e alcalinizantes (tem o pH maior que o do sangue). O pH sanguíneo varia de 7,35 -7,45. Todos os fluidos tem o pH menor que o do sangue, assim, um fluido acidificante tende a acidificar o meio, pois tem o pH baixo e os alcalinizantes tem o pH mais próximo do sangue e ajudam a alcalinizar o meio sanguíneo, pois apresentam em sua constituição um tampão. COLÓIDES – substancias de alto peso molecular que se mantêm exclusivamente no plasma. Uso em emergências e hipoproteinemia. Ex: plasma (natural) e dextran. NaCl 0,9% - Tem pH 5,7. É a solução fisiológica. Sua composição é: Na: 154 mEq/l S: 140 mEq/l Cl: 154 mEq/l S: 106 mEq/l Osmolaridade: 310mOsm/l É acidificante, pois não possui nenhum tampão e seu pH é muito abaixo do pH sanguíneo. Deve-se ter cuidado com a quantidade de grandes volumes de NaCl 0,9%, pois se ele possui uma baixa quantidade de K+, a administração irá baixar ainda mais o K+ (hipocalemia), já que haverá um maior volume. Glicose 5% - Só oferece glicose, não oferecendo eletrólitos, apenas glicose e volume. pH – 4 Glicose – 50g/l Calorias – 170 cal/l Osmolaridade – 252mOsm/l É acidificante, pois não possui nenhum tampão e seu pH é muito abaixo do pH sanguíneo. É feita exclusivamente por via intravenosa em função do seu pH extremamente baixo. Não é utilizada como fluido de manutenção, em grandes volumes, irá diluir os eletrólitos. A forma mais utilizada é colocar ampolas de glicose na fluido quando o animal não estiver se alimentando. Se a glicose passar da concentração de 5% ou for administrada muito rapidamente ela não vai ter efeito hidratante, mas tem efeito diurético, causando glicosúria e se a glicose sair da veia ela causa uma tromboflebite. 0,5g/kg/hora é o ideal a ser administrado. Ringer lactato – Tem pH 6,7. É a mais utilizada, pois é a que mais se aproxima dos valores fisiológicos. Fornece os 4 eletrólitosNa: 130 mEq/l S: 140 mEq/l K: 4 mEq/l S: 4 mEq/l Ca: 3 mEq/l S: 0mEq/l Cl: 109 mEq/l S: 106 mEq/l Osmolaridade: 273 mOsm/l Calorias: 9cal/l Possui tampão: o lactato que será transformado em bicarbonato. Ringer – Tem pH de 5,5. Possui os 4 eletrólitos, mas não possui lactato e isso impacta no valor do seu pH, assim, ele possui uma classificação de acidificante. Na: 147 mEq/l S: 140 mEq/l K: 4 mEq/l S: 4 mEq/l Ca: 6 mEq/l S: 0mEq/l Cl: 156 mEq/l S: 106 mEq/l Osmolaridade: 309 mOsm/l Calorias: 9cal/l SOLUÇÃO TONICIDADE USO CLÍNICO Ringer lactato Isotônica Alcalinizante Reposição eletrolítica Ringer Isotônica Acidificante Reposição eletrolítica NaCl a 0,9% Isotônica Acidificante Reposição eletrolítica Glicose a 5% Hipotônica Reposição de água, desidratação hipertônica e hipernatremia (excesso de sódio). Terapêutica Veterinária MEDICINA VETERINÁRIA FLUIDO INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÃO RELATIVA NaCl 0,9% Reposição, choque hipovolêmico, anorexia, vômito, alcalose metabólica, hipercalemia, hipercalcemia, hiponatremia aguda, hipernatremia crônica, insuficiência renal. Doença cardíaca, doença hepática, acidose metabólica Ringer lactato Reposição, choque hipovolêmico, vômito, diarreia, hipocalemia, acidose metabólica, insuficiência renal Hipercalemia, hipercalcemia, linfossarcoma, insuficiência hepática Glicose a 5% Administração de fármacos, correção de hipernatremia e déficit de água livre Não fornece calorias suficiente para ser usada como uma forma de nutrição parenteral Outras soluções cristalóides = normosol, plasmalyte e isolyte. Elas são as que mais se aproximam dos valores sanguíneos e apresentam tampão (acetato e gluconato). Não são da rotina veterinária, pois são novas e muito caras. O NaCl 7,5% também é usado e é uma solução é hipertônica. As duas principais causas de desidratação são: vômito crônico ou diarreia, onde ocorre a acidose por perda de HCO-3, assim, utiliza-se um alcalinizante como o Ringer com lactato, NaCl 0,9% + bicarbonato = NaHCO3. Na diarreia ocorre acidose por perda de HCO3, assim, usa-se um alcalinizante. Em uma diarreia, ringer lactato + potássio, pois quando o paciente está perdendo muito potássio, se deve acrescentar K+ na fluido para repor de forma efetiva os eletrólitos que estão sendo perdidos. Em casos onde ocorre vômito e diarreia, avalia-se a maior perda e administra-se o fluido. Deve-se ter cuidado ao usar ringer simples e o ringer com lactato em pacientes muito desidratados, pois oferecem potássio e dentro do organismo, o K+ tem uma afinidade maior pelas células cardíacas, podendo produzir uma arritmia pela alteração do potencial de ação. Por isso deve-se ter o cuidado na velocidade do tratamento. NaCl 7,5% - É considerada uma solução hipertônica e tem indicação clínica quando há expansão da volemia em casos de CHOQUE. Essa é a única indicação para uso de soluções hipertônicas. Sua osmolaridade é de 24000 mOsm/l. Na – 1200 mEq/l Cl – 1200 mEq/l pH – 7,4 Quando o animal está com uma volemia MUITO baixa, esse fluido recruta líquido para dentro do vaso (pressão osmótica). Assim, é utilizado apenas de forma emergencial e tem duração de 30 – 45 minutos, por isso deve-se colocar uma fluidoterapia de manutenção. Sempre que se faz terapia com soluções hipertônicas, na sequencia deve ser trocado com uma solução cristaloide isotônica. Para gatos é utilizada 2mL/Kg e no cão e equino administra-se 4mL/kg. Pode ser comprado ampolas prontas ou pode ser preparada uma solução hipertônica usando o NaCl 0,9% e ampolas de NaCl a 20% Como preparar uma solução a 7,5% a partir dessas duas soluções? Utiliza-se 2/3 de NaCl 0,9% e 1/3 de NaCl 20% para fazer o cálculo. É só calcular a quantidade que o animal precisa, por exemplo: um cão de 10kg Terapêutica Veterinária MEDICINA VETERINÁRIA 4 ml/k = Precisa de 40ml de NaCl 7,5%, assim, divide-se por 3, pois se quer descobrir quanto de cada concentração de NaCl será necessário. Assim, utiliza-se 2/3 de 40 dá 26,6 ml (NaCl 0,9%) e 1/3 de 40 dá 13,3 ml (NaCl 20%). Para preparar é só juntar as duas substâncias. São substâncias de alto peso molecular que permanecem dentro dos vasos sanguíneos. Colóides naturais – O plasma, sangue total e albumina. Colóides sintéticos: Substâncias sintetizadas para permanecerem na corrente sanguínea. As vantagens dos colóides são: um menor volume para alcançam o efeito pois possuem um alto peso molecular, tem uma maior duração de ação, uma melhor estabilização hemodinâmica, um melhor aumento da microcirculação e uma menor hemodiluição além de poder ter indicação para animais hipoproteícos, pois são feitos a base de proteínas. As desvantagens são: o custo, pois são bem mais caros. Podem ocorrer alterações de coagulação, na função renal e reações anafiláticas. Gelatinas – foram os primeiros colóides e fora feitas a base de colágeno bovino. Não são mais utilizados. Dextrans – São polissacarídeos e em relação a composição do Dextran 70 e Dextran 40 é praticamente a mesma, o que vai variar é o peso molecular das substâncias. O dextran 70 – é um expansor plasmático com solução a 6% e com doses de 10 – 20 ml/kg/dia (cães) e 5 – 10 ml/kg/dia (gato). O dextran 40 é um expansor plasmático de solução a 40% e com doses de 10 – 20 ml/kg/dia (cães) e 5 – 10 ml/kg/dia (gato). São associados com alguns efeitos colaterais como reações anafiláticas (são a base de proteínas), porém possui baixa incidência, pode causar coagulação em função da hemodiluição e pode causar agregação intravascular. Amino Hidroxietílico – utilizados para choque hipovolêmico. O utilizado é um derivado do amino hidroxietílico e existem 3 derivados, dependendo do número de moléculas que a substância apresenta. Tetrastarch 200,00 KDa – 4 moléculas de aminohidroxietílico. Nome comercial: Voluven. É o mais utilizado na veterinária. Observado pelos sinais clínicos da desidratação e pela produção de urina. O débito urinário normal é de 1 – 2 ml/kg/hora. HIPOVOLEMIA – causa alteração na perfusão tecidual, falência renal, falha anastomose, confusão mental e risco de AVC, isquemia esplênica em falência múltipla de órgãos. HIPERVOLEMIA – causa edema, hipertensão arterial, falência intra abdominal, prejuízo à resolução da causa da doença, mobilização alterada e falência múltipla de órgãos. Sinais de Hipervolemia – distensão jugular, tremores, TPC mais rápido, inquietação, secreção nasal, náusea, vômito, aumento da produção de urina, arritmias, convulsões e edema pulmonar. Em uma situação em que é administrado muito fluido ocorre a destruição do glicocálix endotelial, fazendo Terapêutica Veterinária MEDICINA VETERINÁRIA com que os componentes da circulação que deveriam permanecer no vaso, saiam e ou que haja a entrada de substancias e microrganismos. Pode ser demorado de dias a semanas para o glicocálix ser reconstituído. Sinais de hidratação ineficaz – taquicardia persistente, baixa qualidade de pulso, produção inadequada de urina e perda de peso. Sinais de hidratação excessiva – quemose (inchaço da conjuntiva pelo excesso de líquido), secreção nasal serosa, ganho de peso excede o esperado para realizar a hidratação, diminuição excessiva de HT e eletrólitos, micção excessiva, aumento repentino ou pressão venosa central persistentemente elevada, FR e/ou esforço respiratório aumentados, edema subcutâneo depressível e estertores pulmonares (indicador tardio). O fluido irá corrigir a desidratação, fazer a manutenção diária e corrigir perdas diárias. 1° - A primeira coisa é determinar o grau percentual de desidratação. 2° - A segunda situação é saber se paciente ingere ou não água, se ele está ingerindo, o cálculo 2 não entra precisa ser realizado, mas se ele não estiver, deve-se fornecer o que ele deveriaingerir o volume de água por dia. 3° - A terceira pergunta a se fazer é se o paciente tem vomito ou diarreia. Se ele tiver, um de cada ou os dois deve-se incluir mais uma quantidade de volume relacionado a perdas de vomito e diarreia. Esse cálculo só é válido por 24 horas. O somatório dos cálculos é o total do que o paciente necessita para 24 horas. Para corrigir a hidratação – primeiro cálculo. Peso (kg) x % de desidratação x 10 Por exemplo: Cão com 4 meses, apresentando vômitos e diarreia, 10 kg e 8% de hidratação. 10 x 8 x 10 = 800 ml de reposição. Para manutenção diária – segundo cálculo. Gatos: 70 ml/kg/dia Cão, equino, ruminantes jovem: 60ml/kg/dia. Cão, equino, ruminante adulto: 50ml/kg/dia. Cão idoso: 40ml/kg/dia. Tomando o mesmo exemplo acima: 60 x 10 = 600 ml/dia. Para perdas diárias – terceiro cálculo. Diarreia: 50ml/kg/dia Vômito: 40ml/kg/dia Vômito + diarreia: 60ml/kg/dia. Tomando o mesmo exemplo acima: 60 x 10 = 600 ml/dia. Portanto, somando todos os cálculos, 800 + 600 + 600 = 2000 ml ou 2 litros de ringer lactato. Após isso será calculado o gotejamento. Para descobrir o tempo... X – 1 minuto 2000 ml – 1440 minutos 1440 X = 2000 X = 2000/1440 X = 1,38 ml/min Para descobrir as gotas... 1 ml – 20 gotas 1,38 ml – X X = 27,6 gotas ou 28 gotas/min. Em grandes animais... Em equinos adultos é necessário dividir as porções em 3. Em vacas lactantes é necessário adicionar 1 litro a mais de fluido para cada litro de leite produzido. Para o cálculo de gotejamento: a partir de 10 kg é utilizado o equipo de macrogotas. Microgotas: 1 ml = 60 microgotas Macrogotas: 1 ml = 20 microgotas Terapêutica Veterinária MEDICINA VETERINÁRIA Na fluidoterapia podem ser adicionados como complementos a glicose, cloreto de potássio e bicarbonato de sódio. Cloreto de potássio – todo paciente que não esteja hipercalêmico deve receber suplementação com KCl no fluido. O potássio é dosado por um dosador de eletrólitos e as necessidades diárias de manutenção de é de 15 a 30 mEq. Todo paciente que tem vomito e diarreia recebe potássio! 1 ml KCl 19,1% = 2,56 mEq O máximo é de 0,5 mEq/kg/h (até 20 mEq de k+/litro). PARA O CALCULO DE GLICOSE. A glicose é administrada para animais que não se alimentam. Adicionar glicose varia de 2 a 5%. Se a hipoglicemia estiver mais severa é utilizado a da 5%, se estiver mais leve a de 2%. E a glicose pode ser retirada conforme o paciente vai melhorando. PARA O CÁLCULO DE POTÁSSIO O ringer lactato já repõe um pouco de K+, cerca de 4 mEq, portanto, se for administrado esse fluido, deve-se atentar para isso. As necessidades diárias de manutenção de K+ é de 15 a 30 mEq. Porém, quando não se faz dosagem, é administrado o mínimo. Mas quando é possível dosar, é feito o cálculo para administrar o valor certo. Para saber se pode colocar tudo no primeiro frasco, tem que ser feito o seguinte cálculo: o paciente pode receber até 0,5 mEq/kg/hora. PARA CALCULAR O BICARBONATO É o que se deve ter mais critério. O bicarbonato é administrado para pacientes em acidose metabólica. Acidose leve não tem indicação de bicarbonato, pois ao corrigir o problema a acidose também é tratada, assim deve ser dosada a acidose pelo aparelho de gasometria. Na acidose metabólica grave é administrada o bicarbonato. A dose de segurança do bicarbonato é 0,5 a 1 mEq/kg. Quando não se tem o valor do bicarbonato sanguíneo, utiliza-se essa fórmula como dose de segurança. Quando se tem o valor sérico do bicarbonato utiliza- se a fórmula: 0,5 x kg x (HCO3 esperado – HCO3 do paciente. No bicarbonato esperado sempre se coloca o valor mínimo, que é 20. O valor normal esperado está entre 20 a 29 mEq/litro. Não se deve utilizar o bicarbonato em soluções com cálcio, assim ele deve ser diluído em glicose a 5% ou NaCl 0,9%. Transformação de mEq para ml é de 1 para 1, ou seja, 1 ml é 1 mEq.
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