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Artigo - Lorusso, Aline - Plantão Psicológico na Abordagem Sistêmica

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DANYÊ ZANDONÁ LORUSSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PLANTÃO PSICOLÓGICO NA ABORDAGEM SISTÊMICA 
 
 
 
Artigo apresentado como requisito parcial para conclusão 
da disciplina de Estágio Supervisionado em Psicologia do 
Curso de Psicologia do Centro Universitário Autônomo do 
Brasil. 
 
 
 
 
 
ORIENTADOR: PROF. MS. FLÁVIA DINIZ ROLDÃO 
 
 
2 
 
O PLANTÃO PSICOLÓGICO NA ABORDAGEM SISTÊMICA 
 
DANYÊ ZANDONÁ LORUSSO 
Resumo: O presente trabalho proprõe uma possibilidade de atuação no Plantão Psicológico 
fundamentado na Abordagem Sistêmica. O tema foi de escolha da autora após realizar, em um dos 
seus estágios de formação, a vivência do Plantão Psicológico. Este propõe, através da uma 
revisão de literatura, identificar possibilidades para os atendimentos em caráter emergencial, 
através dos conceitos da Abordagem Sistêmica. Identifica novas formas de atuação da psicologia 
neste tipo de atendimento, visando compreender o indivíduo como um ser complexo inserido e 
interconectado em uma rede de relações ou sistema. O trabalho não pretendeu esgotar o assunto, 
e sim servir como uma contribuição inicial para pensar o Plantão Psicológico na Abordagem 
Sistêmica. Trata-se de uma reflexão inicial sobre as possibilidades de desenvolvimento de um 
Plantão Psicológico teoricamente orientado em alguns dos principais conceitos da Abordagem 
Sistêmica em Psicologia. A Abordagem Sistêmica surge em meio as demandas contemporâneas, 
esta propõe um novo paradigma científico, uma nova forma de ver o mundo, a vida e os seres 
humanos, bem como um novo modo de intervir na realidade. A prática do Plantão Psicológico pode 
acontecer em deferentes ambientes, sempre considerando o sigilo profissional. Este caracteriza-se 
por acontecer em uma única sessão de atendimento podendo ser estendida a até três sessões, 
sendo que as sessões possuem uma metologia a ser seguida, com começo, com meio e com fim, 
mantendo a questão da emergência como base, como uma prática de compromisso com o outro 
no momento da crise, onde o individuo esta mergulhado em suas emoções e perpecções. 
 
Palavras chave: Plantão Psicológico, Abordagem Sistêmica, Novo Paradigma. 
1. INTRODUÇÃO 
Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a possibilidade da prática do Plantão 
Psicológico fundamentada na Abordagem Sistêmica. Inicialmente buscou-se 
compreender, através de uma pesquisa bibiográfica, o que é o Plantão Psicológico, sua 
origem e seu espaço na contemporaneidade. Posteriormente discutiu-se alguns conceitos 
fundamentais da Abordagem Sistêmica em Psicologia, buscando perceber como estes 
podem ser utilizados para fundamentar a prática do Plantão Psicológico. Em seguida, 
propôs-se as três fases que marcam a metodologia de desenvolvimento do Plantão 
Psicológico, e como alguns conceitos fundamentais da Psicologia Sistêmica podem ser 
aplicados no manejo e fundamentação desta prática clínica. 
O trabalho busca oferecer uma reflexão inicial sobre a possibilidade de 
desenvolvimento de um Plantão Psicológico teoricamente orientado em alguns dos 
principais conceitos da Abordagem Sistêmica em Psicologia. Este tema foi de escolha da 
3 
 
autora após realizar, em um dos seus estágios de formação, a vivência do Plantão 
Psicológico em uma escola. Percebendo a lacuna de publicações na área, se propôs a 
dar início à pesquisa referente ao tema. 
 Em meio aos processos revolucionários e às necessidades de adaptação que a 
sociedade pós-moderna contempla, o comportamento humano também passou a ser 
estudado e compreendido de maneiras totalmente novas. A Abordagem Sistêmica propõe 
um novo paradigma científico, uma nova forma de ver o mundo, a vida e os seres 
humanos, bem como um novo modo de intervir na realidade. 
 Muitas vezes os atendimentos de Plantão Psicológico, acontecem fora do 
ambiente do consultório psicológico, mantendo sempre o cuidado com a ética profissional 
do psicólogo, e as informações que são partilhadas no atendimento devem ser mantidas 
em sigilo. Este tipo de atendimento pode acontecer em diferentes espaços e instituições: 
em salas de espera, emergências clínicas, ambulatórios, hospitais gerais e psiquiátricos, 
residências terapêuticas, escolas, lares de idosos, clinicas-escola, etc. 
 Atualmente há diversas publicações referentes ao Plantão Psicológico em 
diferentes abordagens. Mas ainda não há estudos sobre este tipo de atendimento clínico 
fundamentado na Abordagem Sistêmica. Questiona-se então: Como a Abordagem 
Sistêmica pode contribuir para a prática do Plantão Psicológico? 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
2.1 O Plantão Psicológico 
 Assim como a sociedade evoluiu em vários âmbitos, a psicologia também veio se 
atualizando conforme as novas demandas sociais atuais. Segundo Rebouças e Dutra 
(2010) os atendimentos realizados dentro dos consultórios privados que fazem uma 
clínica psicológica tradicional, não suprem a totalidade das demandas na sociedade atual. 
 Na contemporaneidade, aquele que sofre, tem demandado novas formas de 
atendimento, seja devido à longa duração do tratamento tradicional, ou ainda pelas 
questões dos elevados custos financeiros envolvidos. Estes quesitos mencionados, vêm 
gerando discussões sobre a clínica psicológica. A Psicoterapia Breve, segundo Santos 
(1990), iniciou com os estudos de Sandor Ferenczi, que apresentou sua proposta em um 
Congresso Internacional de Budapeste em 1918. Sua proposta gerou grande 
descontentamento pelos psicoterapeutas, pois acreditavam que Ferenczi havia se 
4 
 
excedido em sua atitude clínica. Otto Rank sequenciou os estudos sobre a Psicoterapia 
Breve e deu ênfase na proposta de manutenção ao que chamamos de atuação de foco. 
Nesta proposta Rank introduziu o limite de tempo e foco no processo psicoterapêutico, e 
acreditava que o individuo que buscava ajuda, deveria contribuir em seu próprio processo 
através daquilo que foi denominado por Rank como “boa vontade” (Rank apud Santos, 
1990, pg. 20), mobilizando-se e motivando-se para a cura. 
Para Lipp e Yoshida (2014), autores que organizaram uma obra sobre Psicoterapia 
Breve Cognitivo – Comportamental e Psicodinâmica, o desenvolvimento das psicoterapias 
psicodinâmicas breves surgiram com a necessidade de fazer clínica para uma nova 
demanda social contemporânea. Assim adaptou-se a técnica psicanalítica, para atdenr a 
um número maior da população que se encontrava com a necessidade de atendimento 
psicológico, mas que não dispunham das condições institucionais ou a disposição que 
exigiam os tratamentos tradicionais psicanalíticos. Ainda sobre as psicoterapias 
psicodinâmicas breves, segundo estas autoras, elas são centradas em torno de um foco, 
este é determinado por aquilo que o paciente traz, juntamente com aquilo que é 
identificado pelo terapeuta, mais os seus conceitos teóricos da prática clínica que guiam 
seu olhar. Este trabalho baseado em um foco determinado, permite que em alguns casos 
seja estipulada uma quantidade de sessões psicoterápicas, sendo ela de curto prazo 
quando comparada aos outros modelos de psicanalise ou às outras formas mais 
tradicionais de psicoterapia. 
 A psicologia clínica, com o avanço da sociedade, deixa de ser vista apenas como 
uma área de atuação profissional, e segundo Rebouças e Dutra (2010) passa a ser uma 
nova possibilidade de atitude clínica. Este método clínico de Psicoterapia Breve, segundo 
Santos (1990), sugere que o terapeuta conduza o processo psicoterapêutico de forma 
ativa e não mais passiva, conforme os modelos tradicionais. 
 Logo, a Psicologia Clínica no formato tradicional, passa a não ser mais suficiente 
para atender muitas das novas demandas sociais, abriu-se então um novo espaço para 
outras novas construções. Na atualidade Morato traz uma metáfora que pode ilustrar o 
que foi anteriormente expresso: 
Diante de uma casa em demolição, o menino observa: “- Olha pai! Estão 
fazendo um terreno!. Desconstrução apresenta-se, aqui, por umaótica 
outra daquela usualmente tomada: um terreno esta sendo construído, no 
lugar da desconstrução de uma casa.”. (MORATO, 2006, p. 01). 
 
 Com o intuito de contribuir e atender as demandas atuais, surge a Psicoterapia 
Breve, uma modalidade de atendimento clínico-psicológica de caráter emergencial, com o 
5 
 
objetivo de escutar e acolher no momento da crise, onde aquele que sofre está tomado 
por suas emoções e percepções. 
 Segundo Morato (op.cit), o Plantão Psicológico (PP) é uma ação clinico-
investigativa que busca juntamente com o paciente esclarecer sua demanda e a abrir 
novas possibilidades de enfrentamento, assim, àquele que sofre torna-se parte 
responsável por si e pela sua dor. O instrumento fundamental para esta atitude clínica, 
baseia-se na linguagem como forma de comunicação, podendo ser verbal ou não verbal. 
Para Watzlawick (1967, p. 19), “todo comportamento, não só a fala, é comunicação”, até 
quando desejamos não comunicar algo, já estamos comunicando, definido assim, todo 
comportamento é comunicação. 
 A origem do PP não tem data exata, como presente no trabalho de Neumann e 
Zordan (2011), mas para Morato (2006), o PP surge em um momento de pós-segunda 
guerra mundial, onde a sociedade passava por um processo de reconstrução, após 
dezenas de famílias terem sido desfeitas, e as comunidades estavam devastadas pela 
destruição. Logo, temos aqui o cerne da origem do que seria denominado de PP, pois 
este modelo defronta-se com um contexto especifico, onde a sociedade vivia um 
momento caótico e necessitava reestruturar algumas áreas, havia preocupação com o 
futuro e uma demanda maior por atendimento. 
 Sendo assim, Morato (op.cit) indica realizar o PP como um conjunto de práticas 
que atinjam os mais diversos espaços. Com este olhar mais amplo e não linear sob a 
atitude clínica, instaura-se na contemporaneidade aquilo que era chamado de 
Aconselhamento Psicológico em tempo de guerra, e na atualidade denominado de PP, 
que segundo Rebouças e Dutra (2010), demanda de um paradigma não baseado em uma 
única verdade, mas em compreender aquele que sofre como fragmentado, complexo e 
imprevisível. 
 Segundo Neumann e Zordan (2011), o PP consolida-se no Brasil entre os anos de 
1952 e 1962. Nesta época ocorre também que vários terapeutas de diferentes 
abordagens começam a trazer para seus consultórios o sistema familiar, e assim 
conseguir obter mais informações sobre o paciente identificado, sendo este tipo de 
atendimento, diferente do modelo tradicional da clínica. 
 Neumann e Zordan (op.cit) afirmam que aquele que sofre é compreendido como 
parte de um sistema disfuncional. Seus sintomas, seguindo esta ordem de compreensão, 
são derivados do modelo que chamamos de modelo circular, que se manifestam por 
ordem da retroalimentação do sistema. 
6 
 
 Segundo Rebouças e Dutra (2010) o PP surge em São Paulo, com a constituição 
do Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP) do Instituto de Psicologia da 
Universidade de São Paulo (IPUSP). Oferece de uma sessão de atendimento a no 
máximo três sessões com o mesmo indivíduo. Neste mesmo contexto, Morato (2006) 
entende que este programa surgiu por uma demanda coletiva. Originou-se para oferecer 
estágios a alunos do curso de Psicologia, e este espaço tornou-se o pioneiro quanto ao 
assunto. 
 Segundo Morato (op.cit), com o intuito de propor novos estudos, o Laboratório de 
Estudos e Práticas em Psicologia Fenomenológica Existencial (LEFE) disponibilizou 
recursos para prosseguir nos atendimentos à comunidade, e identificar se estavam 
atendendo a demanda de toda a população que os procurava, explorando novos métodos 
que pudessem ser aplicados na clínica. 
 A primeira contribuição pública a respeito do PP foi desenvolvida, segundo 
Rebouças e Dutra (op.cit), pelo Dr. Miguel Mahfoud em 1987. Este definia o Plantão 
como: 
A expressão plantão está associada a certo tipo de serviço, exercido por 
profissionais que se mantêm a disposição de quaisquer pessoas que 
deles necessitem, em períodos de tempo previamente determinados e 
ininterruptos. (MAHFOUD apud REBOUÇAS e DUTRA, 2010, p.23). 
 
 O objetivo, segundo Rebouças e Dutra (op.cit), foi determinado pelo Dr. Mahfoud. 
Os atendimentos seriam para oferecer a aquele que sofre uma nova percepção de si 
diante da demanda que o trouxe a procurar pelo serviço. Porém com a escassez dos 
serviços oferecidos, à maior massa da população, Morato (op.cit), descreve que os 
atendimentos começaram a serem rotulados pelo mesmo desfecho que vinham 
oferecendo, o encaminhamento à psicoterapia. Esta situação contribuiu para que neste 
caso o Plantão adquirisse um caráter de triagem, automatizando os atendimentos. Porém, 
ambos são práticas diferentes, como veremos a seguir. 
 Na prática do PP identifica-se, aqui neste trabalho, que o acolhimento pode ser 
considerado uma parte inicial do PP. O acolhimento, e a triagem, são entendidos e 
conceituados da seguinte forma segundo Neumann e Zordan (2011): o acolhimento 
deveria oferecer de forma singular, a escuta e a compreensão daquele que sofre, visando 
de forma ágil apropriar-se das necessidades do outro, sendo o terapeuta um facilitador da 
melhoria das relações, e quando possível, contribuir para à resolução imediata. A triagem 
é uma prática que visa selecionar e redirecionar o individuo a serviços específicos, é uma 
prática que antecede o atendimento clínico, busca informações daquele que procura o 
7 
 
serviço, como também identifica o grau de envolvimento do sujeito com o serviço 
ofertado, entre outros. Para Neumann e Zordam (2011, p.498): 
A prática do acolhimento não significa que os serviços devem dispor de 
todos os recursos necessários a cada caso, mas representa o 
compromisso em desenvolver a possibilidade de agenciar os recursos e 
soluções mais adequadas a cada situação. 
 
 Tendo como constituição do Plantão Psicológico o acolhimento no exato momento 
da crise, Neumann e Zordam (op.cit) afirmam que o terapeuta desta área deve possuir 
certa flexibilidade, pois nem sempre o que funciona a um paciente funciona para o outro, 
sendo que a diversidade de demanda exige estilos diferentes de atendimento. Para 
Doescher e Henriques (2012) o terapeuta além de saber e querer ouvir, precisa ser 
compreensível, deixando a singularidade daquele que sofre aparecer, e que ele possa 
admitir o papel do não-saber, oferecendo e construindo junto com o paciente soluções. 
 Para eles, é possível que pacientes que procuram este tipo de atendimento já 
estejam classificados e conceituados em algum quadro psicopatológico. Estes rótulos por 
vezes dificultam o atendimento, pois impede que o paciente admita sua singularidade e 
fale de si, passando a falar de sintomas característicos da patologia associada. 
 Este quadro anteriormente apresentado viabilizou que o PP fosse se aprimorando 
e definindo a característica deste serviço, mantendo a questão da emergência como base, 
constituindo-se como uma prática de compromisso com o outro no momento da crise 
(MORATO, 2006). 
 
 2.2 Os Conceitos Fundamentais Da Abordagem Sistêmica 
 Em meio aos processos revolucionários e de adaptação que a sociedade pós-
moderna contempla, o comportamento humano também passou a ser estudado e 
compreendido uma maneiras totalmente novas. Fazendo uma crítica ás ideias cartesianas 
e sua influência no paradigma científico tradicional. A Abordagem Sistêmica propõe um 
novo paradigma científico, uma nova forma de ver o mundo, a vida e os seres humanos, 
bem como um novo modo de intervir na realidade, conforme descrevemos a seguir. 
 Segundo Nichols e Schwartz (2007), nos modelos tradicionais da clínica 
psicológica, o individuo que sofre era tido como o lócus dos problemas. Rotulado como o 
problema, este iniciava psicoterapia individual, onde requeria apenas a presença do 
terapeuta e do sujeito, tornando ele responsável por seu comportamento e capaz de sua 
melhoraou não. 
8 
 
 A Abordagem Sistêmica mudou a maneira de enxergar o comportamento humano, 
assim como a forma de atuação na clínica psicológica. Para falar e tratar do ser humano à 
partir de uma perspectiva sistêmica, é preciso perceber o indivíduo além dos paradigmas 
da ciência tradicional, e adotar o novo paradigma da ciência contemporânea 
(VASCONCELLOS, 2002). É preciso perceber o indivíduo inserido e interconectado em 
uma rede de relações ou sistema. 
 O termo paradigma, segundo Vasconcellos (op.cit) é utilizado para explicar a 
maneira como vemos o mundo, como um conjunto de regras que estabelecemos através 
de nossas sensações e experiências. É através destas experiências que vamos 
determinar como resolver situações, como vamos filtrar as informações que recebemos 
ao longo da vida, e como vamos nos posicionar no mundo. 
 Além de moldar a maneira como vemos, identificamos e nos posicionamos no 
mundo, os paradigmas fazem-nos acreditar que a maneira com a qual estamos 
conduzindo as coisas é o correto, sendo assim nos incapacitam de perceber novas ideias 
e tornamo-nos pouco flexíveis. Ser pouco flexível, Vasconcellos (idem) caracteriza uma 
disfunção conhecida como “paralisia de paradigma”. Os movimentos que levam a mudar 
essa maneira de ver o mundo podem gerar grandes desconfortos, porém, para prover 
mudança é preciso que o paradigma tradicional não sirva mais, começando lentamente 
um processo de muita coragem e confiança em si, para se abrir às novas ideias e novas 
regras, e assim poder estabelecer um novo paradigma que seja suficiente para o sujeito. 
 Com as novas possibilidades de pensamento e compreensão do comportamento 
humano, segundo Vasconcellos (op.cit) é possível identificar três dimensões 
epistemológicas: o pressuposto da complexidade, da instabilidade e da intersubjetividade, 
que contrapõem o paradigma tradicional. Partimos do primeiro pressuposto, onde passa-
se da simplicidade para a complexidade, entendendo com esta que é imprescindível 
contextualizar os fenômenos e entender que existe uma causalidade recursiva. O 
segundo pressuposto do paradigma tradicional é o da estabilidade, e passa a ser 
compreendido no novo paradigma científico como o da instabilidade, onde se identifica a 
impossibilidade de previsão de todos os fenômenos existentes no universo. O terceiro 
pressuposto diz a respeito à objetividade, e passa a ser compreendido como o 
pressuposto da intersubjetividade, visto que o observador também é influenciado por 
aquilo que vê, sendo este uma construção social. Estes pressupostos não são novos, 
apenas o seu reconhecimento que é. 
9 
 
 Percorrendo a literatura que aborda o tema da complexidade como o Novo 
Paradigma, precisamos então compreender o termo e aplica-lo à psicologia enquanto 
modelo de Abordagem Sistêmica. Para Cabral e Nick (1995, p.63), o termo complexo é 
definido como “qualquer agrupamento de fatores relacionados entre si”. Segundo 
Vasconcellos (op.cit) a palavra complexidade provem do latim complexus, aquilo que é 
tecido em conjunto, onde seus constituintes são inseparáveis, e considerer um sistema 
como complexo é: 
(...) Aquele constituído de um número muito grande de unidades, com 
uma enorme quantidade de interações. Seus comportamentos 
desordenados, caóticos, emaranhados, de difícil previsão fazem esses 
sistemas parecerem esquisitos, instáveis e desobedientes 
(VASCONCELLOS, 2002, p. 110). 
 
 Pensar complexamente exige do sujeito observante algumas reformulações de 
crenças e valores. É preciso acreditar que sempre o objeto observado esta inserido em 
um contexto, ampliar este foco nos possibilita ver o sistema de forma ampla, com foco nas 
relações entre todos os envolvidos, sendo que cada mudança que acontece no ambiente 
do objeto interfere diretamente na estrutura da configuração das relações que 
caracterizam o sistema. 
 Segundo Capra (1982) a visão sistêmica do mundo teve sua origem na 
física quântica, que passou de uma concepção de mundo linear-mecanicista, advinda das 
contribuições de Descartes e Newton, para uma visão holística e ecológica. Uma nova 
compreensão da realidade com enfoque nas totalidades integradas, e não em partes, em 
propriedades que não poderiam ser reduzidas a unidades menores, compreendidas 
através de um contexto. 
 A evolução do pensamento reducionista de Descartes, para este autor (op.cit) leva 
ao surgimento de um novo paradigma: o universo é um todo interconectado. Neste novo 
paradigma, o universo é visto como uma teia dinâmica de eventos interrelacionados. 
Nenhuma das propriedades de qualquer parte dessa teia é fundamental, todas elas 
decorrem das propriedades das outras partes do todo, e a coerência total de suas inter-
relações determina a estrutura da teia. 
 Segundo Grandesso (2000), o aspecto dinâmico do sistema (teia) envolve 
conceitos como “Cibernética”, que estuda a comunicação e o sistema de controle dos 
organismos vivos, e também das máquinas. Esta ainda entende a cibernética em dois 
momentos: Cibernética de Primeira Ordem e a Cibernética de Segunda Ordem. 
10 
 
 A cibernética de primeira ordem é subdividida por Vasconcellos (op.cit) em dois 
momentos: Primeira Cibernética que concentra-se processos morfoestáticos, sendo como 
resultante da retroalimentação negativa ou retroação autorreguladora, permitindo que o 
sistema volte ao seu estado de equilíbrio homeostático e a Segunda Cibernética 
concentra-se nos processos morfogenéticos, resultantes de retroalimentação positiva, 
promovendo a transformação do sistema, levando-o a um novo regime de funcionamento. 
 A cibernética de segunda ordem é descrita por Grandesso (op.cit) como uma nova 
possibilidade de respostas, visto que a cibernética de primeira ordem não estava mais 
dando conta dos problemas complexos. Sendo assim a cibernética de segunda ordem 
entende como o sistema se arranja em função do problema, o terapeuta exerce a função 
de não-saber e constrói com a família a resolução de seus problemas. 
 Para Nichols e Schwartz (op.cit), é preciso compreender como os problemas que 
rodeiam um sistema, estão diretamente ligados com a forma que estes elementos se 
relacionam. Por vezes este processo se torna um tanto difícil, pois requer que o terapeuta 
enxergue além das personalidades de seus membros, e perceba os padrões de 
comportamento que os conectam e mantem àquela situação disfuncional, sendo que cada 
um contribui para a situação onde chegaram. A homeostase que mantem o sistema 
funcional, também é a responsável por manter o sistema rígido e inflexível às mudanças. 
 Ludwing von Bertalanffy, foi o biólogo austríaco, que tentou explicitar os conceitos 
sistêmicos em uma Teoria Geral dos Sistemas, onde todo sistema é um subsistema de 
um sistema maior. 
Um sistema pode ser composto por sistemas menores e também pode 
ser parte de um sistema mais amplo, exatamente como um estado ou 
província é composto por jurisdições menores e também é parte de uma 
nação (NICHOLS e SCHWARTZ, 2007, p. 105). 
 
 Ainda nos conceitos propostos por Bertalanffy, o sistema precisa ser entendido 
como um sistema aberto, que Segundo Nichols e Schwartz (op.cit) que deve interagir 
constantemente com o seu ambiente. Ao contrário dos sistemas abertos, os sistemas 
fechados podem ser comparados com maquinas, que mantem apenas contato com seus 
próprios recursos. Em seus pressupostos, Bertalanffy acreditava que os organismos 
vivos, se ainda comparados com maquinas, deveriam exercer equifinalidade, onde o inicio 
não determina o fim. 
 Ainda conforme os autores e obra supracitada, o relacionamento de 
complementariedade, como a característica definidora do estado de um relacionamento, 
onde o comportamento de um elemento do sistema está diretamente ligado ao do outro 
11 
 
elemento. Neste mesmo entendimento, classifica o termo causalidade circular, que hoje 
são traduzidos pelo modelo onde as ações originais promovemum círculo de influência 
mutua. 
 Estes conceitos básicos da Abordagem Sistêmica anteriormente discutidos 
servirão de base para refletirmos à seguir sobre o Plantão Psicológico. 
 
 2.3 O Plantão Psicológico a partir da Abordagem Sistêmica 
 Tendo em vista algumas das carateristicas ja trazidas anteriormente, o PP 
acontece de uma a três sessões, e todas ocorrem à partir da uma mesma metodologia 
geral. Caracteriza-se por ter como objetivo determinado apresentar na mesma sessão de 
atendimento: começo, meio e fim. Muitas vezes os atendimentos de PP, acontecem fora 
do ambiente do consultório psicológico, mantendo sempre o cuidado com a ética 
profissional do psicólogo, e as informações que são partilhadas no atendimento devem 
ser mantidas em sigilo. Este tipo de atendimento pode acontecer em diferentes espaços e 
instituições: em salas de espera, emergências clínicas, ambulatórios, hospitais gerais e 
psiquiátricos, residências terapêuticas, escolas, lares de idosos, clinicas-escola, etc. 
 Segundo Mahfoud, et. al (2012) é possível identificar e descrever fases similares 
em atendimentos com demandas extremamente diferentes. Estes autores denominam a 
primeira fase como “AQ – Apresentando a questão”, a segunda fase “EQ – Explora a 
questão”, e a terceira e última fase é chamada de “MP – Mudança de perspectiva”. 
 Na primeira fase, citada acima, este é o momento em que o terapeuta irá fazer o 
acolhimento do sofrimento, e ela prevê aliviar os sentimentos envolvidos, onde o individuo 
que procura o atendimento diz porque veio, o que tem gerado angústia, e apresenta o 
histórico da demanda. Este acontece muitas vezes por meio da catarse. A catarse, 
segundo Cabral e Nick (1995, p.54) é um método utilizado pela psicoterapia como 
“purificação ou depuração”, onde o sujeito revive o passado intensamente. 
 Na segunda fase, em que se explora a questão, o terapeuta através da pergunta 
se apropria de mais informações e contribui para que o indivíduo reflita sobre suas 
questões e sua realidade de vida, e em alguns momentos, encontre respostas à sua 
demanda. Já na terceira fase do PP, o terapeuta oferece sua intervenção com o intuito de 
estimular o sujeito a mudar sua forma de ver a questão, mudando assim sua ideia, o 
criando novas possibilidades. 
 Os autores anteriormente citados, abordam o PP a partir da Abordagem Centrada 
na Pessoa. Já este trabalho tem como objetivo construir uma proposta de como o PP 
12 
 
poderia ser conduzido à partir de uma visão e fundamentação teórica da Abordagem 
Sistêmica. Não foram encontrados na revisão de literatura nenhum artigo ou livro 
abordando o assunto com esta perspectiva. 
 Propõem-se levanter as seguintes fases que podem ser utilizadas pela abordagem 
sistêmica, levando em consideração seus principais conceitos: AIQ – Acolhendo e 
Identificando a Queixa, IT – Identificando as Interconexões e AFAR – Ampliando o Foco e 
Agenciando Recursos. 
 A Abordagem Sistêmica busca observar as relações e interconexões. É comum 
que a demanda trazida não envolva apenas o sujeito que busca ajuda, porém como na 
maioria das vezes não é possível ter todos os envolvidos presentes na sessão do PP, 
esta abordagem, através do conceito de circularidade, tenta trazer subjetivamente os 
demais sujeitos envolvidos no problema para junto da sessão através de perguntas 
circulares ou dramatizações de cenas. Isto acontece quando, por exemplo, o terapeuta 
pergunta ao individuo como o outro responderia, àquela pergunta se estivesse ali 
presente? Como o outro tem encarado a mesma situação? Dentre outras questões que 
podem ser feitas trazendo a voz dos envolvidos à partir do olhar de quem esta presente. 
Outra forma de ilustrar e trazer “o outro ausente” é através do recurso da dramatização de 
um fato, buscando compreender a influência mútua entre as pessoas envolvidas no 
problema. 
 Para compreender este conceito de influência mútua, Costa (2010), utiliza a 
Cibernética, um estudo que utiliza do conceito de feedback para compreender sistemas 
que se autorregulam. O circuito de feedback representa o processo com o qual o sistema 
obtém uma informação necessária para seguir adiante, para assim compreender as 
influencias mutuas e como isso afeta a todos, “enxergar (...) além das individualidades e 
buscar o padrão de influência mútua que se observa nas condutas de seus membros” 
(p.02). 
 Buscar o padrão de influência mútua, como citado acima, é também buscar 
comportamentos que tendem a se repetir em diferentes situações em que determinados 
sujeitos encontram-se em interação, como por exemplo, o método de resolução de 
problemas de um indivíduo. Este tenderá a buscar a solução de um problema sempre da 
mesma maneira para problemas diferentes, o que se repete é o padrão de funcionamento. 
Também nas interações entre determinados sujeitos, estes padrões que irão sendo 
construídos, tendem muitas vezes a ocorrer. Cabe destacar que é essa repetição de um 
13 
 
comportamento independente do context atual, que costuma ser disfuncional e causar 
problemas. 
 Minuchin (1982) explora as questões sobre fronteiras, regras, padrão de 
organização das interelações e repetição de comportamentos. Ele oferece à Abordagem 
Sistêmica uma forma de poder olhar e arriscar compreender os sistemas e subsistemas. 
Chama a atenção para o conceito de hierarquia e por meio da participação ativa do 
terapeuta, busca formas de alterar o padrão cristalizado no sistema através de uma 
atuação diretiva do terapeuta no atendimento. Em seu livro “Técnicas de Terapia Familiar” 
(2003) aborda diferentes maneiras do terapeuta conduzir seu processo de intervenção no 
sistema. 
 Vários padrões de comunicação e de comportamentos que um sistema apresenta, 
são herdados de outros sistemas e subsistemas com os quais as pessoas interagem, e à 
partir dos quais construíram sua subjetividade e forma de ser. É o caso daquilo que a 
Abordagem Sistêmica conceitua como intergeracionalidade ou transgeracionalidade. 
Segundo Camicia, Silva e Schmidt (2016) a transgeracionalidade é compreendida através 
dos processos transmitidos de uma geração a outra, que se mantem ao longo da história 
familiar, seja na família de origem (dos pais) ou na família nuclear (aquela que o sujeito 
constituiu). O conceito de intergeracionalidade foi bem desenvolvido por Bowen 
(NICHOLS e SCHWARTZ, 2007) e pessoas que com ele estudaram como Mônica 
McGoldrick (2012). 
 Não é possível deixar de citar a importância do Ciclo de Vida Familiar como um 
importante instrumento de trabalho para o psicólogo que atua na Abordagem Sistêmica. A 
vida familiar constitui um espaço importante da vida de uma pessoa, sendo fonte de 
prazer e sofrimento. A família vem passando por grandes mudanças na 
contemporaneidade, essas mudanças tem gerado angústia e sofrimento, o que leva as 
pessoas a recorrer ao PP como uma medida interventiva breve, para desabafarem sobre 
estes problemas familiares. 
 Segundo Carter e McGoldrick (2011) o ciclo de vida individual se dá transpassado 
pelo ciclo de vida familiar. O ciclo de vida individual e familiar localizam aonde o indivíduo 
e a família estão em seu processo de desenvolvimento, e pontuam alguns dos possíveis 
problemas que vem enfrentando individualmente e podem ter grande influência, ou serem 
disparados, pela etapa de desenvolvimento que a família esta vivendo. Sendo assim 
devemos entender a família como “um sistema movendo-se através do tempo” (p.08) 
14 
 
 É comum, segundo Carter e McGoldrick (2011), que ao longo do ciclo de vida 
familiar seus elementos vivenciem agentes estressores verticais e/ou horizontais. Os 
estressores verticais são padrões de funcionamento que foram transmitidos de geração 
para geração, mas que neste momento de vida não tem dado certo. Os estressores 
horizontais são padrões que eram tidos como satisfatórios, mas que para a etapa vivida 
não estão mais funcionando, porexemplo, a forma que os pais agem quando se tem 
filhos pequenos passa a não ser satisfatória quando se tem filhos adolescentes, é preciso 
revisar os padrões adequando-se à nova necessidade do sistema e do ciclo de vida no 
qual a família se encontra. 
 Pensando nas diferentes etapas do ciclo de vida individual e familiar, o PP pode 
ser usado com bastante êxito, principalmente quando se trata de demandas relacionadas 
com jovens e adultos, pois pode fazer perceber os desafios e tarefas que os mesmos vem 
enfrentando, e auxiliar na compreensão do que pode estar gerando desconforto, com 
vistas à ajudar na reflexão e busca por uma solução. 
 Durante a sessão de PP é possível que surja mais de uma questão ou demanda, 
Acontece, em alguns casos, que o individuo procura o Plantão com uma demanda, e esta 
engloba muitos diferentes aspectos, sendo mais ampliada do que inicialmente parecia. 
Nestes casos segundo Mahfoud, et.al (2012) é preciso então que o individuo eleja a 
questão com a qual deseja trabalhar, visto que o PP muitas vezes é feito apenas por um 
encontro e trabalha sempre um foco definido. 
 Nos processos que envolvem mais de uma sessão do Plantão, é possível que o 
indivíduo venha a faltar. Mediante a falta sem retorno nos próximos plantões, entende-se 
que o mesmo “desistiu” do processo e segundo Mahfoud, et.al (2012) este 
comportamento também faz parte do processo. Em casos de que o mesmo falta e retorna 
no próximo plantão, o atendimento pode ter continuidade. Caso o indivíduo relate no 
intervalo das sessões que o problema “se resolveu”, é prudente retomar a questão inicial, 
que por vezes esta focada em algum padrão de comunicação ou de comportamento do 
mesmo, que por mais que para ele a situação esteja resolvida, ele pode não perceber que 
continua agindo e pensando da mesma maneira, o que pode gerar os mesmos problemas 
futuramente. Desta forma é importante buscar consolidar o trabalho anteriormente 
realizado, aporveitando a presença do pacinete para a sessão. 
 Noutros casos, quando o paciente relata que os problemas já foram resolvidos nos 
intervalo das sessões, costuma-se fazer este retorno como encerramento, onde o 
individuo contará como agiu, e o terapeuta fortalecerá a mudança de perspectiva do 
15 
 
sujeito, e o colocará para refletir sobre seus possíveis novos padrões. Caso haja o retorno 
do indivíduo e o mesmo permaneça na situação original, é possível investigar 
possibilidades de mudanças para assim lidar com a situação e enfrentar seu problema 
(MAHFOUD, op.cit). Em alguns casos que seja verificada a necessidade de 
encaminhamento para um processo de psicoterapia, o psicólogo poderá fazê-lo. 
 Diante do manejo do PP de no máximo três sessões de atendimento, segundo 
Mahfoud, et.al (2012) o encerramento se da através das seguintes possibilidades: quando 
ocorre mudança de perspectiva e ressignificação do problema, quando o individuo 
assume nova atitude ou decide agir diferente. Na mudança de perspectiva e 
ressignificação o foco esta em uma nova maneira de enxergar a questão inicial. Quanto a 
assumir uma nova atitude, envolve lidar com a questão inicial de maneira diferente 
daquela que o individuo tinha assumido. Sobre o decidir agir diferente o individuo está 
focado na ação, e busca um novo comportamento frente à mesma. 
 As três fases citadas para a compreensão de como acontece a meotodologia do 
PP, compreendidas em paralelo com os conceitos que baseiam a Abordagem Sistêmica, 
anteriormente discutidos, nos permitem propor a possibilidade de atuação e manejo do 
PP à partir de um olhar sistêmico. 
 
3. Considerações Finais 
 O presente trabalho buscou oferecer maior compreensão do Plantão Psicológico, 
e como ele pode ser realizado à partir de uma fundamentação na Abordagem Sistêmica. 
A revisão de literaturas já oferecidas sobre o tema constatou uma lacuna de publicações 
sobre este tema até o presente momento. 
 A autora deste trabalho tendo desenvolvido uma prática de Plantão Psicológico 
durante seu processo de formação em Psicologia, observou a lacuna existente de 
publicações sobre o tema na Abordagem Sistêmica, e se propôs a construir possibilidades 
para a atuação no PP à partir desta perspectiva teórica. 
 O trabalho não pretendeu esgotar o assunto, e sim servir como uma contribuição 
inicial para pensar o Plantão Psicológico na Abordagem Sistêmica. 
 
4. Referências 
 
CABRAL, Álvaro e NICK, Eva, Dicionário Técnico de Psicologia. São Paulo: Cultrix, 
1995. 
16 
 
 
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