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ANATOMIA FUNCIONAL 2 Faculdade de Minas Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 4 1 Introdução .................................................................................................. 5 Conhecimentos ............................................................................................ 5 Habilidades .................................................................................................. 5 2 Variação Anatômica ................................................................................... 6 2.1 Termos de posição e direção - vistas e posições anatômicas ............ 6 2.1.1 Divisão do Corpo Humano ............................................................ 6 2.2 Planos e eixos anatômicos .................................................................. 9 2.2.1 Planos ........................................................................................... 9 2.2.2 Eixo ............................................................................................. 10 2.3 Movimentos articulares x planos e eixos ........................................... 11 2.4 Princípios Constitucionais do Corpo Humano ................................... 11 2.5 Nomenclatura em Anatomia .............................................................. 14 3 História da Anatomia ................................................................................ 14 4 Neuroanatomia ........................................................................................ 24 5 Sistema circulatório e respiratório ............................................................ 27 5.1 Sistema Circulatório ou Cardiovascular ............................................ 27 5.1.1 Coração ....................................................................................... 27 5.1.2 Vasos Sanguíneos ...................................................................... 30 5.1.3 Circulação do Sangue ................................................................. 33 5.1.4 Sistema Linfático ......................................................................... 33 5.1.5 Estruturas do Sistema Linfático ................................................... 34 5.1.6 Resumindo .................................................................................. 35 5.2 Sistema Respiratório ......................................................................... 36 5.2.1 Nariz ............................................................................................ 37 5.2.2 Faringe ........................................................................................ 40 5.1.3 Laringe ........................................................................................ 43 5.1.4 Traqueia ...................................................................................... 46 3 Faculdade de Minas 5.1.5 Brônquios .................................................................................... 47 5.1.6 Pulmões ...................................................................................... 50 6 Sistemas Digestório, Urinário e reprodutores .......................................... 53 6.1 Sistema Digestório ............................................................................ 53 6.1.1 Boca ............................................................................................ 55 6.1.2 Dentes ......................................................................................... 56 6.1.3 Língua ......................................................................................... 57 6.1.4 Faringe ........................................................................................ 58 6.1.5 Esôfago ....................................................................................... 60 6.1.6 Estômago .................................................................................... 61 6.1.7 Intestino delgado ......................................................................... 62 6.1.8 Intestino grosso ........................................................................... 64 6.1.9 Peritônio ...................................................................................... 67 6.1.10 Fígado ....................................................................................... 69 6.1.11 Vesícula biliar ............................................................................ 70 6.1.12 Pâncreas ................................................................................... 71 6.2 Sistema urinário ................................................................................ 72 6.2.1 Rim .............................................................................................. 73 6.2.2 Ureter .......................................................................................... 76 6.2.3 Bexiga ......................................................................................... 77 6.2.4 Uretra .......................................................................................... 78 6.3 Sistema Reprodutor .......................................................................... 79 6.3.1 Sistema reprodutor masculino ....................................................... 80 6.3.2 Sistema reprodutor feminino ....................................................... 82 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 83 4 Faculdade de Minas NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 5 Faculdade de Minas 1 Introdução Anatomia Funcional procura descrever as estruturas anatômicas com base no conhecimento da função dos elementos constituintes dessas estruturas, com enfoque na geração do movimento humano, buscando apresentar as implicações funcionais decorrentes do processo de adaptação dessas estruturas ao exercício físico. Para entender as estruturas e as funções do corpo humano, estudaremos as ciências da anatomia e da fisiologia. A anatomia (anatome =cortar em partes, corta separando) refere-se ao estudo da estrutura e das relações entre estas estruturas. Entretanto, para facilitar o estudo dos variados e complexos sistemas, faz-se necessário uma introdução sobre alguns conceitos de extrema importância para a aplicação prática da Anatomia tais como: planos de delimitação e secção do corpo humano, termos de posição e direção, eixos do corpo humano e conceitos de variação e normalidade em Anatomia. A Anatomia é a ciência que estuda a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. Conhecimentos Compreender as noções da Anatomia Humana e sua importância na aplicação da prática,nomenclatura anatômica, termos de posição e direção, planos e eixos de secção e constituição do corpo humano. Habilidades Reconhecer os órgãos do corpo humano, e como estes se comportam para a formação dos sistemas, bem como conceitos de posição e variação anatômica, biótipo, características morfológicas e a terminologia anatômica. 6 Faculdade de Minas 2 Variação Anatômica Como o objeto de estudo da Anatomia Humana é o corpo humano, fazem-se necessárias algumas considerações sobre ele. Nos agrupamentos humanos há evidentes diferenças morfológicas, denominadas variações anatômicas, que aparecem em qualquer um dos sistemas do organismo, sem prejuízo funcional. 2.1 Termos de posição e direção - vistas e posições anatômicas Para que o movimento humano possa ser bem compreendido e para que você esteja bem preparado para as provas de concurso que abordam esta temática, deve-se ter como pré requisito o conhecimento básico do sistema ósseo, articular e muscular. Assim como, com o objetivo de otimizar o aproveitamento deste módulo, e deixá-lo capaz de interpretar qualquer questão de concurso, alguns conceitos e nomenclaturas básicas serão revisados. Para definir os movimentos das articulações e segmentos e para registrar a localização no espaço de pontos específicos no corpo, é necessário um ponto de referência. Tal referencial sempre parte da Posição Anatômica. O conhecimento de tal posição é importante, pois trata-se da posição na qual os movimentos angulares foram denominados em uma postura estática. Ela consiste no corpo em pé, na postura ereta com os olhos fixos no horizonte, calcanhares aproximados e pés rodados ligeiramente para a lateral. Os membros superiores estarão posicionados a cada lado do corpo com as superfícies palmares voltadas para frente ou anteriormente. 2.1.1 Divisão do Corpo Humano 7 Faculdade de Minas O corpo humano se divide em: cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça está na extremidade superior do corpo, unida ao tronco pelo pescoço. O tronco se subdivide em tórax e abdome. Os membros são órgãos pares e se subdividem em superiores (torácicos) e inferiores (pélvicos). Os membros possuem uma raiz (cintura), que se une ao tronco, e uma parte livre. Nos membros superiores a raiz (cintura escapular) é o ombro e a parte livre se subdivide em braço, antebraço e mão. Entre o braço e o antebraço tem-se o cotovelo e entre o antebraço e a mão, o punho. Nos membros inferiores a raiz (cintura pélvica) é o quadril e a parte livre se subdivide em coxa, perna e pé. Entre a coxa e a perna tem-se o joelho, e entre a perna e o pé, o tornozelo. Na versão posterior da posição anatômica, temos na parte posterior do corpo, o pescoço que recebe o nome de nuca, o tronco de dorso e as nádegas correspondem à região glútea. A partir da Posição Anatômica, os seguintes termos de orientação são utilizados para descrever a localização (posição) das estruturas no corpo: • ANTERIOR: relativo à superfície frontal (à frente); • POSTERIOR: relativo à superfície dorsal (por trás); • SUPERIOR: mais próximo da cabeça; • INFERIOR: mais próximo dos pés; • MEDIAL: mais próximo da linha mediana; • LATERAL: afastado da linha mediana. 8 Faculdade de Minas Com relação ao TRONCO, os seguintes termos podem ser utilizados: • VENTRAL: relativo à superfície abdominal; • DORSAL: relativo à superfície dorsal (posterior); • CRANIAL/CEFÁLICO: mais próximo da cabeça (ou em direção à); • CAUDAL: mais próximo da base da coluna (ou em direção à); • MEDIAL: mais próximo da linha mediana; • LATERAL: afastado da linha mediana; Com relação aos MEMBROS, os seguintes termos podem ser utilizados: • PROXIMAL: mais próximo do tronco; • DISTAL: afastado do tronco; • SUPERFÍCIE FLEXORA: a superfície anterior do membro superior e a superfície posterior do membro inferior (ventral); • SUPERFÍCIE EXTENSORA: a superfície posterior do membro superior e a superfície anterior do membro inferior (dorsal); Com relação às mãos e aos pés, os seguintes termos podem ser utilizados: • DORSO: a superfície posterior da mão e a superfície superior do pé; • SUPERFÍCIE PLANTAR: a superfície inferior do pé; • SUPERFÍCIE PALMAR: a superfície anterior da mão; 9 Faculdade de Minas Todos os termos anteriormente identificados são utilizados para descrever posicionamento estático e devem ser utilizados para localizar um seguimento do corpo em relação a outro. Por exemplo, o tornozelo não é distal. Ou seja, ele é distal quando relacionado ao joelho. Ademais, os seguintes termos podem ser utilizados para descrever o posicionamento anatômico: • INTERIOR: uma estrutura dentro da cavidade (interna); • EXTERIOR: uma estrutura fora da cavidade (externa); • HOMOLATERAL: uma estrutura relativa a outra localizada no mesmo lado do corpo; • CONTRALATERAL: uma estrutura relativa a outra localizada no lado oposto do corpo. 2.2 Planos e eixos anatômicos O movimento de qualquer articulação ocorre dentro de um plano imaginário. Cada plano se projeta em torno de um eixo que lhe é perpendicular. O eixo é o ponto central no qual uma articulação gira. 2.2.1 Planos O movimento humano se baseia em três planos que se movem em torno de três eixos. Para melhor compreendermos os movimentos, cada um dos planos e dos eixos é descrito a partir da Posição Anatômica. - Plano de Secção Sagital Mediano: divide o corpo humano em metades direita e esquerda. - Plano de Secção Sagital ou Sagital Paramediano: divide o corpo humano em partes direita e esquerda. 10 Faculdade de Minas - Plano de Secção Frontal ou Coronal: divide o corpo humano em partes anterior e posterior. - Plano de Secção Transversal: divide o corpo humano em partes superior e inferior. Fonte: Google, 2019 2.2.2 Eixo Quando é observado o movimento do corpo humano, aplica-se o conhecimento de eixo. Os eixos, são linhas imaginárias, derivadas da dimensões estabelecidas pelos Planos Anatômicos, que atravessam os planos do corpo perpendicularmente para possibilitar movimentos. Existem três EIXOS: 1- Eixo Látero-Lateral: estende-se de um lado ao outro, da direita para esquerda, perpendicular ao plano sagital. Esse eixo também é conhecido como Transversal ou Horizontal. Esse eixo possibilita os movimentos de flexão e extensão. Ex.: Articulação do ombro, do cotovelo, etc. 11 Faculdade de Minas 2 - Eixo Ântero-Posterior: estende-se em sentido anterior para posterior, perpendicular ao plano frontal. Esse eixo também é chamado de sagital. Esse eixo possibilita os movimentos de abdução e adução. Ex.: Articulação do ombro, do quadril, etc. 3 - Eixo Longitudinal: estende-se de cima para, perpendicular ao plano transversal. Esse eixo possibilita os movimentos de rotação lateral e rotação medial. Ex.: Articulação do ombro, do cotovelo, etc. 2.3 Movimentos articulares x planos e eixos Os movimentos que ocorrem no PLANO SAGITAL essencialmente o fazem em direção ântero-posterior. São exemplos: FLEXÃO, EXTENSÃO E HIPEREXTENSÃO. Esses movimentos giram em torno do EIXO HORIZONTAL ou TRANSVERSAL. Os movimentos que ocorrem no PLANO FRONTAL OU CORONAL são os deslocam o corpo para a lateral. São exemplos: INCLINAÇÃO LATERAL, ABDUÇÃO E ADUÇÃO. Tais movimentos acontecem ao redor de um EIXO SAGITAL ou EIXO ÂNTEROPOSTERIOR. Já no PLANO HORIZONTAL OU TRANVERSO ocorrem os movimentos rotacionais. São exemplos: ROTAÇÃO LATERAL E MEDIAL; SUPINAÇÃO E PRONAÇÃO. Os movimentos deste plano ocorrem do redor do EIXO LONGITUDINAL. Movimento Plano Eixo Flexão / Extensão Sagital Horizontal Abdução /Adução Frontal SagitalRotações Transversal Longitudinal 2.4 Princípios Constitucionais do Corpo Humano 12 Faculdade de Minas Da menor até a maior dimensão de seus componentes, seis níveis de organização são relevantes para a compreensão da anatomia e fisiologia: os níveis químico, celular, tecidual, orgânico, sistêmico e organísmico. Nível Químico: Inclui os átomos (menores unidades de matéria que participam de reações químicas) e as moléculas (dois ou mais átomos ligados entre si). Nível Celular: A união das moléculas formam as células. As células são as unidades básicas, estruturais e funcionais do corpo humano. Nível Tecidual: Os tecidos são grupos de células e materiais em torno delas, que trabalham juntos para realizar uma determinada função celular. Existem quatro tipos básicos de tecidos, em seu corpo: tecido epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Nível Orgânico: Os órgãos são estruturas compostas por dois ou mais tipos de tecido diferentes. Eles têm funções específicas e, usualmente, têm formas reconhecíveis. Nível Sistêmico: Um sistema consiste em órgãos relacionados que têm a mesma função. Nível Organísmico: É o maior nível organizacional. O organismo é um indivíduo vivo. Todas as partes do corpo, funcionando umas com as outras, constituem o organismo total – uma pessoa viva. O corpo humano é constituído por alguns princípios fundamentais que são: Antimeria, Metameria, Paquimeria e Estratificação. Antimeria: as metades (direita e esquerda) geradas na divisão do corpo pelo plano mediano são chamadas de antímeros. Essas metades são semelhantes, tanto na forma como na função (morfológica e funcionalmente), segundo o princípio da simetria bilateral. Não existe simetria perfeita, devido à falta de correspondência exata entre todos os órgãos, sendo importante ressaltar que nenhuma estrutura do 13 Faculdade de Minas antímero direito é idêntica à do esquerdo, sendo exemplos evidentes o coração voltado para o lado (antímero) direito, a maior parte do fígado está localizado do lado esquerdo e o baço está localizado do lado direito. No desenvolvimento do indivíduo a simetria bilateral se perde dando lugar a assimetria morfológica normal. Metameria: é a superposição, no sentido longitudinal, de segmentos semelhantes, cada segmento correspondendo a um metâmero. A metameria se apresenta no adulto na coluna vertebral (superposição de vértebras) e caixa torácica (superposição de costelas com espaços intercostais entre elas). Na anatomia clínica a metameria é responsável por interpretar fatos clínicos, devido aos nervos espinhais que emergem da junção de duas vértebras (forame intervertebral), inervarem regiões específicas do corpo (dermátomos) podendo o clínico associar sinais e sintomas à emergência destes nervos. Paquimeria: o segmento axial do corpo do indivíduo é constituído, esquematicamente, por dois tubos. Os tubos denominados paquímeros, que são respectivamente ventral e dorsal. O paquímetro ventral (ou visceral), maior, contém a maioria das vísceras. O paquímetro dorsal (ou neural) compreende a cavidade craniana e o canal vertebral (dentro da coluna vertebral) e aloja o sistema nervoso central (encéfalo na cavidade craniana e medula espinal no canal vertebral da coluna). Estratificação: o corpo humano é construído por camadas (estratos) que se superpõem, reconhecendo-se, portanto uma estratimeria ou estratificação, é o princípio segundo o corpo humano é constituído por camadas, sendo superficial ou profunda. A pele é a camada mais superficial, seguida da tela subcutânea, a fáscia muscular, os músculos e os ossos. Entre as camadas surgem vasos e nervos. As estruturas situadas fora da fáscia muscular são denominadas superficiais e as que estão dentro da lâmina de profundas. 14 Faculdade de Minas 2.5 Nomenclatura em Anatomia É o conjunto de termos empregados para designar e descrever o organismo ou suas partes. Os termos indicam: Forma: músculo trapézio (do formato de um trapézio); Posição ou situação: nervo mediano (localizado no meio do membro superior); Trajeto: artéria circunflexa da escápula (que faz uma curva em torno da escápula); Conexões ou inter-relações: ligamento sacro-ilíaco (que liga o osso sacro ao osso ilíaco; Relação com o esqueleto: artéria radial (artéria localizada sobre a porção distal do osso rádio); Função: músculo levantador da escápula (músculo que levanta a escápula); Critério misto: músculo flexor (função) superficial (situação) dos dedos. 3 História da Anatomia “Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas, cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu saudades dos outros que partiram. Agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome, só Deus sabe. Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade. A humanidade que por ele passou indiferente “. (Rokitansky, 1876) O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais. Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmas, que provavelmente eram figuras baseadas na dissecação animal. No século III A.C., o estudo da anatomia avançou consideravelmente na Alexandria. Muitas descobertas 15 Faculdade de Minas lá realizadas podem ser atribuídas a Herófilo e Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo sistemático. A partir do ano 150 A..C. a dissecação humana foi de novo proibida por razões éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais. No século II D.C., Galeno dissecou quase tudo, macacos e porcos, aplicando depois os resultados obtidos na anatomia humana, quase sempre corretamente; contudo, alguns erros foram inevitáveis devido à impossibilidade de confirmar os achados em cadáveres humanos. Galeno desenvolveu assim mesmo a doutrina da “causa final”, um sistema teológico que requeria que todos os achados confirmassem a fisiologia tal e qual ele a compreendia. Porém não chegaram até nós as ilustrações anatômicas do período clássico, sendo as “séries de cinco figuras” medievais dos ossos, veias, artérias, órgãos internos e nervos são provavelmente cópias de desenhos anteriores. Invariavelmente, as figuras são representadas numa posição semelhante a de uma rã aberta, para demonstrar os diversos sistemas, às vezes, se agrega uma sexta figura que representa uma mulher grávida e órgãos sexuais masculinos ou femininos. Nos antigos baixos-relevos, camafeus e bronzes aparecem muitas vezes representações de esqueletos e corpos encolhidos cobertos com a pele (chamados lêmures), de caráter mágico ou simbólico mais que esquemático e sem finalidade didática alguma. Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas que intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios para repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para trajetos curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de “cocção dos ossos”. A bula pontifica De sepulturisde Bonifácio VIII (1300), que alguns historiadores acreditaram equivocadamente proibir a dissecção humana, tentava abolir esta prática. O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a causa da morte por razões essencialmente médico- legais, de averiguar o que havia matado uma pessoa importante ou elucidar a 16 Faculdade de Minas natureza da peste ou outra enfermidade infecciosa. O verbo “dissecar” era usado também para descrever a operação cesariana cada vez mais freqüente. A tradição manuscrita do período medieval não se baseou no mundo natural. As ilustrações anteriores eram aceitas e copiadas. Em geral, a capacidade dos escritores era limitada e ao examinar a realidade natural, introduziram pelo menos alguns erros, tanto de conceito como de técnica. As coisas “eram vistas” tal qual os antigos e as ilustrações realistas eram consideradas como um curto-circuito do próprio método de estudo. A anatomia não era uma disciplina independente, mas um auxiliar da cirurgia, que nessa época era relativamente grosseira e reunia sobre todo conhecer os pontos apropriados para a sangria. Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa qualidade oposta à prática, as figuras não-realistas e esquemáticas foram suficientes. O primeiro livro ilustrado com imagens impressas mais do que pintadas foi a obra de Ulrich Boner Der Edelstein. Foi publicada por Albrecht Plister em Banberg depois de 1460 e suas ilustrações foram algo mais que decorações vulgares. Em 1475, Konrad Megenberg publicou seu Buch der Natur, que incluía várias gravuras em madeira representando peixes, pássaros e outros animais, assim como plantas diversas. Essas figuras, igual a muitas outras pertencentes a livros sobre a natureza e enciclopédias desse período, estão dentro da tradição manuscrita e são dificilmente identificáveis. Dentre os muitos fatores que contribuíram para o desenvolvimento da técnica ilustrativa no começo do século XVI, dois ocuparam lugar destacado: o primeiro foi o final da tradição manuscrita consistente em copiar os antigos desenhos e a conversão da natureza em modelo primário. Chegou-se ao convencimento de que o mais apropriado para o homem era o mundo natural e não a posteridade. O escolasticismo de São Tomás de Aquino havia preparado inadvertidamente o caminho através da separação entre o mundo natural e o sobrenatural, prevalecendo a teologia sobre a ciência natural. O segundo fator que influiu no 17 Faculdade de Minas desenvolvimento da ilustração científica para o ensino foi a lenta instauração de melhores técnicas. No começo os editores, com um critério puramente quantitativo, pensaram que com a imprensa poderiam fazer grande quantidade de reproduções de modo fácil e barato. Só mais tarde reconheceram a importância que cada ilustração fosse idêntica ao original. A capacidade para repetir exatamente reproduções pictórica, daquilo que se observava, constituiu a característica distinta de várias disciplinas científicas, que descartaram seu apoio anterior à tradição e aceitação de uma metodologia, que foi descritiva no princípio e experimental mais tarde. As primeiras ilustrações anatômicas impressas baseiam-se na tradição manuscrita medieval. O Fasciculus medicinae era uma coleção de textos de autores contemporâneos destinada aos médicos práticos, que alcançou muitas edições. Na primeira (1491) utilizou-se a xilografia pela primeira vez, para figuras anatômicas. As ilustrações representam corpos humanos mostrando os pontos de sangria, e linhas que unem a figura às explicações impressas nas margens. As dissecações foram desenhadas de uma forma primitiva e pouco realista. Na Segunda edição (1493), as posições das figuras são mais naturais. Os textos de Hieronymous Brunschwig (cerca de 1450-1512) continuaram utilizando ilustrações descritivas. O capítulo final de uma obra de Johannes Peyligk (1474-1522) consiste 18 Faculdade de Minas numa breve anatomia do corpo humano como um todo, mas as onze gravuras de madeira que inclui são algo mais que representações esquemáticas posteriores dos árabes. Na Margarita philosophica de George Reisch (1467-1525), que é uma enciclopédia de todas as ciências, forma colocadas algumas inovações nas tradicionais gravuras em madeira e as vísceras abdominais são representadas de modo realista. Além desses textos anatômicos destinados especificamente aos estudantes de medicina e aos médicos, foram impressas muitas outras páginas com figuras anatômicas, intituladas não em latim (como todas as obras para médicos), mas sim em várias línguas vulgares. Houve um grande interesse, por exemplo, na concepção e na formação do feto humano. O uso freqüente da frase “conhece-te a ti mesmo” fala da orientação filosófica e essencialmente não médica. A “Dança da Morte” chegou a ser um tema muito popular, sobretudo nos países de língua germânica, após a Peste Negra e surpreendentemente, as representações dos esqueletos e da anatomia humana dos artistas que as desenharam são melhores que as dos anatomistas. Os artistas renascentistas do século XV se interessavam cada vez mais pelas formas humanas, e o estudo da anatomia fez parte necessária da formação dos artistas jovens, sobretudo no norte da Itália. Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o primeiro artista que considerou a anatomia além do ponto de vista meramente pictórico. Fez preparações que logo desenhou, das quais são conservadas mais de 750, e representam o esqueleto, os músculos, 19 Faculdade de Minas os nervos e os vasos. As ilustrações foram completadas muitas vezes com anotações do tipo fisiológico. A precisão de Leonardo é maior que a de Vesalio e sua beleza artística permanece inalterada. Sua valorização correta da curvatura da coluna vertebral ficou esquecida durante mais de cem anos. Representou corretamente a posição do fetus in utero e foi o primeiro a assinalar algumas estruturas anatômicas conhecidas. Só uns poucos contemporâneos viram seus folhetos que, sem dúvida, não foram publicados até o final do século passado. Michelangelo Buonarotti (1475-1564) passou pelo menos vinte anos adquirindo conhecimentos anatômicos através das dissecações que praticava pessoalmente, sobretudo no convento de Santo Espírito de Florença. Posteriormente expôs a evolução a que esteve sujeito, ao considerar a anatomia pouco útil para o artista até pensar que encerrava um interesse por si mesma, ainda que sempre subordinada à arte. Albrecht Dürer (1471-1528) escreveu obras de matemática, destilação, hidráulica e anatomia. Seu tratado sobre as proporções do corpo humano foi publicado após sua morte. Sua preocupação pela anatomia humana era inteiramente estética, derivando em último extremo um interesse pelos cânones clássicos, através dos quais podia adquirir-se a beleza. Com a importante exceção de Leonardo, cujos desenhos não estiveram ao alcance dos anatomistas do século XVII, o artista do Renascimento era anatomista só de maneira secundária. Ainda foram feitas importantes contribuições na representação realista da forma humana (como o uso da perspectiva e do sombreado para sugerir 20 Faculdade de Minas profundidade e tridimensionalidade), e os verdadeiros avanços científicos exigiam a colaboração de anatomistas profissionais e de artistas. Quando os anatomistas puderam representar de modo realista os conhecimentos anatômicos corretos, se iniciou em toda Europa um período de intensa investigação, sobretudo no norte da Itália e no sul da Alemanha. O melhor representante deste grupo é Jacob Berengario da Capri (+1530), autor dos Commentaria super anatomica mundini (1521), que contém as primeiras ilustrações anatômicas tomadas do natural. Em 1536, Cratander publicou em Basiléia uma edição das obras de Galeno,que incluía figuras, especialmente de osteologia, feitas de um modo muito realista. A partir de uma data tão cedo como 1532, Charles Estienne preparou em Paris uma obra em que ressaltava a completa representação pictórica do corpo humano. _ _____VESÁLIO________ Uma das primeiras e mais acertada solução para uma reprodução perfeita das representações gráficas foi encontrada nas ilustrações publicadas nos tratados anatômicos de Andrés Vesálio (1514-1564), que culminou com seu De humanis corpori, fabricada em 1553, um dos livros mais importantes da história do homem. Vesálio comprovou também que não são iguais em todos os indivíduos. Relatou sua surpresa ao encontrar inúmeros erros nas obras de Galeno, e temos que ressaltar a importância de sua negativa em aceitar algo só por tê-lo encontrado nos escritos do grande médico grego. Sem dúvida, apesar de ter desmentido a existência dos orifícios que Galeno afirmava existir comunicando as cavidades cardíacas, foi de todas as maneiras um seguidor da fisiologia galênica. Foram engrandecidas as diferenças que separavam seu conhecimento anatômico do de Galeno, começando pelo próprio Vesálio. Talvez pensasse que uma polêmica era um modo de chamar atenção. Manteve depois uma disputa acirrada com seu mestre Jacques du Bois (ou Sylvius, na forma latina), que foi um convencido galenista cuja única resposta, ante as diferenças entre algumas estruturas tal como eram vistas por Vesálio e como as havia descrito Galeno, foi que a humanidade devia tê-lo mudado durante esses dois séculos. 21 Faculdade de Minas Vesálio tinha atribuído o traçado das primeiras figuras a um certo Fleming, mas na Fabrica não confiou em ninguém, e a identidade do artista ou artistas que colaboraram na sua obra tem sido objeto de grande controvérsia, que se acentuou ante a questão de quem é mais importante, se o artista ou o anatomista. Essa última foi uma discussão não pertinente, já que é óbvio que as ilustrações são importantes precisamente porque juntam uma combinação de arte e ciência, uma colaboração entre o artista e o anatomista. As figuras da Fabrica implicam em tantos conhecimentos anatômicos que forçosamente Vesálio devia participar na preparação dos desenhos, ainda que o grau de refinamento e do conhecimento de técnicas novas de desenho, também para os artistas do Renascimento, excluem também que fora o único responsável. Até hoje é discutido se Jan Stephan van Calcar (1499-1456/50), que fez as primeiras figuras e trabalhou no estúdio de Ticiano na vizinha Veneza, era o artista. De qualquer maneira, havia-se encontrado uma solução na busca de uma expressão pictórica adequada aos fenômenos naturais. No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem 22 Faculdade de Minas basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar. Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande passo ao ultrapassar a velha e comum idéia de que o cérebro era uma glândula que secretava muco (sem dúvida, continuou acreditando que as lágrimas se originavam ali). Wharton descreveu as características diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e sexuais. O conduto de evacuação da glândula salivar submandibular conhece-se como conduto de Wharton. Uma importante contribuição foi distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas hoje endócrinas), cujo produto cai no sangue, e as glândulas de secreção externa (exócrinas), que descarregam nas cavidades. Niels Steenson, em 1611, estabeleceu a diferença entre esse tipo de glândula e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de glândula apesar de não fazer parte do sistema). Considerava que as lágrimas provinham do cérebro. A nova concepção dos sistemas de transporte do organismo que se obteve graças às contribuições de muitos investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica referentes à produção de sangue. Gasparo Aselli (1581-1626) descobriu que após a ingestão abundante de comida o peritônio e o intestino de um cachorro se cobriam de umas fibras brancas que, ao serem seccionadas, extravasavam um líquido esbranquiçado. Tratava-se dos capilares quilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a respiração estimulava o coração para produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey, porém, 23 Faculdade de Minas demonstrou que o sangue nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas desconhecia as bases desta transformação. A explicação da função respiratória levou muitos anos, mas durante o século XVII foram dados passos importantes para seu esclarecimento. Robert Hook (1635-1703) demonstrou que um animal podia sobreviver também sem movimento pulmonar se inflássemos ar nos pulmões. Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar transfusão direta de sangue, demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o venoso, a qual se devia ao constato com o ar dos pulmões. John Mayow (1640-1679) afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à extração de alguma substância do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório não era mais que um intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito nitroaéreo e ganhava os vapores produzidos pelo sangue. Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias da base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado tipo de surdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos mentais o fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da imaginação. A partir de então, o desenvolvimento da anatomia acelerou-se. Berengario da Carpi estudou o apêndice e o timo, e Bartolomeu Eustáquio os canais auditivos. A nova anatomia do Renascimento exigiu a revisão da ciência. O inglês William Harvey, educado em Pádua, combinou a tradição anatômica italiana com a ciência experimental que nascia na Inglaterra. Seu livro a respeito, publicado em 1628, trata de anatomia e fisiologia. Ao lado de problemas de dissecação e descrição de órgãos isolados, estuda a mecânica da circulação do sangue, comparando o corpo humano 24 Faculdade de Minas a uma máquina hidráulica. O aperfeiçoamento do microscópio (por Leeuwenhoek) ajudou Marcello Malpighi a provar a teoria de Harvey, sobre a circulação do sangue, e também a descobrir a estrutura mais íntima de muitos órgãos. Introduzia-se, assim, o estudo microscópico da anatomia. Gabriele Aselli punha em evidência os vasos linfáticos; Bernardino Genga falava, então, em “anatomia cirúrgica”. Nos séculos XVIII e XIX, o estudo cada vês pormenorizado das técnicas operatórias levou à subdivisão da anatomia, dando-se muita importância à anatomia topográfica. O estudo anatômico-clínico do cadáver, como meio mais seguro de estudar as alterações provocadas pela doença, foi introduzido por Giovan Battista Morgani. Surgia a anatomia patológica, que permitiu grandes descobertas no campo da patologia celular, por Rudolf Virchow, e dos agentes responsáveis por doenças infecciosas, por Pasteur e Koch. Recentemente, a anatomia tornou-se submicroscópica. A fisiologia, a bioquímica, a microscopia eletônica e positrônica, as técnicas de difração com raios X, aplicadas ao estudo das células, estão descrevendo suas estruturas íntimas em nívelmolecular. Hoje em dia há a possibilidade de estudar anatomia mesmo em pessoas vivas, através de técnicas de imagem como a radiografia, a endoscopia, a angiografia, a tomografia axial computadorizada, a tomografia por emissão de positrões, a imagem de ressonância magnética nuclear, a ecografia, a termografia e outras. 4 Neuroanatomia Neuroanatomia é o ramo da ciência responsável pelo estudo de estruturas anatômicas complexas do sistema nervoso central e periférico. Esta grande área está responsável pelas delineações das regiões cerebrais bem como a diferenciação destas estruturas relacionando todo o conhecimento estrutural ao seu funcionamento. Apesar de ser uma disciplina específica, ela se origina de grandes áreas como a neurociência, que é a parte da ciência que descreve o estudo do sistema nervoso central tais como suas estruturas, funções, mecanismos 25 Faculdade de Minas moleculares, aspectos fisiológicos e responsável também por compreender as doenças do sistema nervoso. Historicamente os estudos neuroanatômicos não eram bem delimitados quanto a especificidade de cada pesquisador, portanto, os estudos eram feito por pesquisadores de diversas áreas sendo muito comum estes cientistas estudarem órgãos diferentes de forma praticamente simultânea. Com o desenvolvimento da ciência e a especialização de diversas áreas da medicina, os estudos passaram a ser delimitados por regiões, passando a neuroanatomia ser uma área de estudo independente da biologia anatômica ou de qualquer outra área. Diversos pesquisadores colaboraram com investigações exaustivas a fim de descrever as funções de áreas distintas do encéfalo, bem como caracterizar a funcionalidade de diversas vias do sistema nervoso. Atualmente a neuroanatomia é uma especialização da disciplina de anatomia cuja área doa conhecimentos específicos aos campos de neurociências. Seu conhecimento fundamenta bases de diferenciação entre os animais, caracterização funcional de diferentes vias. Os diversos especialistas em neuroanatomia desenvolveram através desta área conceitos importantes por meio de análise de traumas localizados em distintas regiões cerebrais, levando ao entendimento de funções específicas. A neuroanatomia é estudada a níveis macroscópicos, ou seja, estudada em níveis visíveis ao olho nu como mostrado na primeira imagem, e também a níveis microscópicos, sendo necessário nestes casos, a utilização de microscopia eletrônica ou óptica (segunda imagem). Estruturas cerebrais 26 Faculdade de Minas Neurônios do córtex cerebral visualizados com microscópio Livros de neuroanatomia relacionam as estruturas macroscópicas ás estruturas microscópicas fornecendo bases conceituais e estabelecendo a construção do conhecimento de aspectos funcionais do cérebro a estas estruturas. Como um exemplo descrevendo estruturas como o mesencéfalo, ponte, bulbo e ligando essas estruturas as suas funções e seu desenvolvimento com o passar dos anos. Atualmente são utilizados exames de ressonância magnética funcional para a correlação das estruturas ás atividades funcionais em diferentes atividades do cotidiano. A utilização desta técnica tem permitido a ciência entender como as áreas cerebrais estão conectadas entre si, e como elas são ativadas em determinados estímulos, esses aspectos são de fundamental importância e têm contribuído muito para o avanço das áreas de neurologia e neurociências. 27 Faculdade de Minas 5 Sistema circulatório e respiratório 5.1 Sistema Circulatório ou Cardiovascular A função básica do sistema cardiovascular é a de levar material nutritivo e oxigênio às células. O sistema circulatório é um sistema fechado, sem comunicação com o exterior, constituído por tubos, que são chamados vasos, e por uma bomba percussora que tem como função impulsionar um líquido circulante de cor vermelha por toda a rede vascular. O sistema cardiovascular consiste no Sangue, no Coração e nos Vasos Sanguíneos. Para que o sangue possa atingir as células corporais e trocar materiais com elas, ele deve ser, constantemente, propelido ao longo dos vasos sanguíneos. O coração é a bomba que promove a circulação de sangue por cerca de 100 mil quilômetros de vasos sanguíneos. Este sistema transporta material nutritivo que foi absorvido pela digestão e o oxigênio captado pela respiração para todas as células do corpo e de modo semelhante, recolhe os produtos residuais do metabolismo celular levando-os até onde serão excretados. O sistema circulatório é do tipo fechado, ou seja, sem comunicação com o meio externo do corpo, sendo formado pelo coração, vasos, sangue e linfa, que estudaremos em seguida. 5.1.1 Coração O coração de uma pessoa tem o tamanho aproximado de sua mão fechada, e bombeia o sangue para todo o corpo, sem parar; localiza-se no interior da cavidade torácica, entre os dois pulmões. O ápice (ponta do coração) está voltado para baixo, para a esquerda e para frente. O peso médio do coração é de aproximadamente 300 gramas, variando com o tamanho e o sexo da pessoa. Observe o esquema do coração humano abaixo, existem quatro cavidades: 28 Faculdade de Minas Átrio direito e átrio esquerdo, em sua parte superior; Ventrículo direito e ventrículo esquerdo, em sua parte inferior. O sangue que entra no átrio direito passa para o ventrículo direito e o sangue que entra no átrio esquerdo passa para o ventrículo esquerdo. Um átrio não se comunica com o outro átrio, assim como um ventrículo não se comunica com o outro ventrículo. O sangue passa do átrio direito para o ventrículo direito através da valva atrioventricular direita; e passa do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo através da valva atrioventricular esquerda. O coração recebe e distribui sangue por todo o organismo, e isso ocorre através de grandes vasos situados na base do coração. No átrio direito chegam às veias cavas, inferior e superior trazendo sangue do corpo para o coração. No átrio esquerdo chegam às veias pulmonares, que carregam sangue rico em oxigênio dos pulmões até o coração. São as únicas veias da circulação pós-fetal do corpo humano que carregam sangue oxigenado. O tronco pulmonar, formado pelas artérias pulmonares direita e esquerda, sai do ventrículo direito em direção aos pulmões. E do ventrículo esquerdo, sai a artéria aorta, que leva sangue rico em oxigênio para o corpo. 29 Faculdade de Minas As estruturas valvares também estão presentes nos grandes vasos da base do coração. No orifício de saída da aorta, encontramos a valva aórtica, e no tronco pulmonar existe a valva do tronco pulmonar. Essas valvas são compostas por três válvulas semilunares, as quais têm o fundo voltado para o ventrículo, e se fecham quando ocorre a diástole ventricular, impedindo que o sangue retorne ao coração. O coração humano um órgão cavitário (que apresenta cavidade), basicamente constituído por três camadas: Pericárdio – é a membrana que reveste externamente o coração, como um saco. Esta membrana propicia uma superfície lisa e escorregadia ao coração, facilitando seu movimento ininterrupto; Endocárdio – é uma membrana que reveste a superfície interna das cavidades do coração; Miocárdio – é o músculo responsável pelas contrações vigorosas e involuntárias do coração; situa-se entre o pericárdio e o endocárdio. O pericárdio é uma estrutura sacolar fibroserosa localizada em torno do coração e das raízes dos grandes vasos. Este é constituído por dois componentes, o pericárdio fibroso e o pericárdio seroso. O pericárdio fibroso é percebido como uma camada externa de tecido conjuntivo denso que define os limites do mediastino médio. O pericárdio seroso apresenta-se fino e consiste em duas partes: a camada parietal, queé responsável pelo revestimento interno do pericárdio fibroso. a camada visceral do pericárdio seroso, que adere ao coração e forma sua cobertura externa. Esta camada é também denominada epicárdio Entre as duas camadas do pericárdio existe a cavidade pericárdica, preenchida pelo 30 Faculdade de Minas líquido pericárdico, o qual possibilita o deslizamento de uma camada sobre a outra no momento dos batimentos cardíacos. Internamente ao miocárdio, encontra-se o endocárdio, que é formado por uma fina camada de tecido epitelial e reveste todas as estruturas internas do coração, incluindo as artérias e as veias. Internamente, o coração é dividido em quatro câmaras (dois átrios e dois ventrículos) separadas pelo septo atrioventricular. A comunicação entre átrios e ventrículos ocorre devido aos óstios atrioventriculares, cada um com suas valvas. As valvas impedem a passagem aleatória de sangue entre as câmaras do coração, controlando por meio dos músculos papilares o fluxo unidirecional do átrio para o ventrículo, evitando o retorno sanguíneo quando ocorre a contração do ventrículo. As valvas subdividem-se e passam a ser denominadas válvulas ou cúspides. Do lado direito do coração, a valva entre o átrio e ventrículo apresenta três cúspides, sendo chamada de valva tricúspide. Na porção esquerda, a valva atrioventricular esquerda se divide em duas válvulas e é denominada de valva bicúspide ou mitral. Quando, por algum motivo, as artérias coronárias – ramificações da aorta – não conseguem irrigar corretamente o miocárdio, pode ocorrer a morte (necrose) de células musculares, o que caracteriza o infarto do miocárdio. 5.1.2 Vasos Sanguíneos Os vasos sanguíneos são compostos por artérias, veias e capilares. As artérias são tubos cilindroides e elásticos que conduzem o sangue oxigenado do coração para as demais estruturas corpóreas. As artérias têm uma elasticidade que se adapta à demanda de fluxo sanguíneo e permite o controle dos níveis pressóricos. 31 Faculdade de Minas Sua espessura está diretamente relacionada à composição tecidual das camadas que formam este tipo de vaso. De acordo com esta composição, elas podem dividir- se em artérias de grande, médio e pequeno calibre e arteríolas. Quanto mais distantes do coração menos calibrosas estas estruturas se apresentam. As artérias muitas vezes precisam ramificar-se para atender a necessidade de algumas estruturas. Estes ramos podem ser terminais e colaterais. Outra classificação que as artérias podem sofrer é com relação a sua situação: superficial e profunda. A grande maioria está inserida nas regiões mais profundas do corpo, próxima a músculos e ossos. Esta localização pode ser considerada como um mecanismo de proteção, visto que, ao se apresentarem distantes da pele elas ficam menos suscetíveis a rompimento por trauma ou algum outro tipo de lesão. As artérias superficiais, pela sua fácil localização, são bem utilizadas para se aferir os batimentos cardíacos. As veias são estruturas cilíndricas responsáveis por recolher o sangue que sofreu trocas gasosas com os tecidos do corpo de volta ao coração. As veias podem ser divididas pelo grande, médio e pequeno calibre e vênulas. 32 Faculdade de Minas Elas são menos calibrosas e em maior quantidade do que as artérias. Comumente uma artéria vem acompanhada por duas veias satélites, enquanto que as veias mais superficiais não são acompanhadas por artérias. Essa maior quantidade, compensa o fato da velocidade sanguínea ser menor no interior das veias em relação às artérias. Essa maior quantidade ajuda a transportar todo o sangue de volta ao coração num intervalo de tempo proporcional ao gasto pelas artérias para levar o sangue do coração para os tecidos. As veias são ainda classificadas quanto à sua localização em: superficiais e profundas. As veias superficiais estão na região subcutânea, onde absorvem a circulação cutânea e auxiliam a circulação profunda por intermédio das veias comunicantes. As veias profundas são responsáveis por transportar ao coração uma quantidade maior de sangue e geralmente recebem o nome da artéria associada. As válvulas venosas ajudam no retorno do sangue ao coração, por meio de um mecanismo que vence o refluxo causado pela gravidade. As válvulas ao receberem um impulso que direciona o sangue no sentido do coração, abrem-se permitindo que o sangue circule livremente. Quando o impulso termina a tendência natural seria que o sangue retornasse no sentido oposto à trajetória do coração. Porém, as válvulas impedem que isto ocorra, fechando-se, formando uma estrutura similar a uma bolsa que impede o retorno do sangue. Ao ocorrer um novo impulso este sangue continua seu percurso e isto ocorre até que este líquido atinja o coração. Diferente das artérias e veias, que apresentam diferentes calibres os capilares sanguíneos são vasos microscópicos. São os responsáveis por promover as trocas gasosas entre sangue e tecidos. São localizados na interposição entre veias e artérias. 33 Faculdade de Minas 5.1.3 Circulação do Sangue Existem basicamente dois tipos de circulação sanguínea: a pulmonar e a sistêmica. Na circulação pulmonar, o sangue rico em gás carbônico passa do átrio direito para o ventrículo direito e é em seguida impulsionado para o tronco pulmonar e artérias pulmonares até a rede de capilares dos pulmões. Na circulação sistêmica o sangue rico em oxigênio sai dos pulmões pelas veias pulmonares e chega ao átrio esquerdo dirigindo-se ao ventrículo direito que o encaminha para a artéria aorta e desta para o restante do corpo. 5.1.4 Sistema Linfático O sistema linfático é um sistema de drenagem auxiliar do sistema circulatório. É responsável por transportar o líquido tecidual do corpo, que passa a ser chamado de linfa quando penetra nos vasos linfáticos. Além de vasos, o sistema linfático possui órgãos linfoides (timo, baço e linfonodos), estruturas que funcionam como filtros do líquido transportado pelos vasos. A função e a relação desse sistema com o sistema circulatório se justificam na dificuldade que as grandes moléculas do líquido tecidual têm para penetrar nos capilares sanguíneos. Dessa forma, é necessário que os capilares linfáticos sejam mais calibrosos que os capilares sanguíneos. Outra diferença entre a rede de vasos linfáticos e os vasos do sistema circulatório, é que os capilares linfáticos têm fundo cego. Veja que é um sistema de uma única direção; ele somente conduz a linfa para a corrente circulatória, não existe uma via de retorno. 34 Faculdade de Minas Antes de passar para o sistema circulatório, a linfa é coletada pelos capilares linfáticos, destes passam para os vasos linfáticos, que geralmente correm ao lado de veias e artérias. Depois desse trajeto, a linfa chega aos troncos linfáticos, estes, por sua vez, desembocam nas veias mais calibrosas, onde depositam a linfa. Os troncos linfáticos do corpo são o ducto torácico e o ducto linfático direito. O ducto linfático direito recebe a linfa do membro superior direito, do lado direito da cabeça, do pescoço e do tórax; e acaba na anastomose da veia subclávia direita com a veia jugular interna direita. O ducto torácico se origina na cisterna de quilo, uma dilatação que ocorre na região abdominal. Ele recebe a linfa de todo o resto do corpo, e desemboca na junção entre veia subclávia esquerda com a veia jugular interna esquerda. Assim como no sistema circulatório, os vasos linfáticos também possuem válvulas que garantem a circulação da linfa numa única direção. 5.1.5 Estruturas do Sistema Linfático Como foi mencionado anteriormente, são órgãos linfoides os linfonodos, o baço e o timo. Os linfonodos são estruturas cuja função é defender o organismo,evitando que substâncias e microrganismos estranhos penetrem na corrente sanguínea. Possuem formas e tamanhos variados, podem estar isolados, mas apresentam-se geralmente em grupos, principalmente na região inguinal, na axila e no pescoço. Os linfonodos estão distribuídos ao longo do trajeto dos vasos linfáticos,. Isso possibilita que realizem a filtragem da linfa, impedindo que elementos estranhos cheguem ao sangue. O baço é o maior órgão do sistema linfoide. Apresenta duas faces: a diafragmática (em contato com a região inferior do diafragma) e visceral. Na face visceral, encontra-se o hilo do baço, uma fenda onde penetram nervos e vasos, incluindo a veia esplênica, que tem a função de drenar o sangue do baço. 35 Faculdade de Minas O timo é um órgão linfoide que apresenta dois lobos, sua função é produzir linfócitos. Está situado parcialmente no pescoço e no tórax, se estendendo desde a parte inferior da tireoide até a quarta cartilagem costal. O timo cresce até o período da puberdade, depois passa a evoluir até ser substituído por tecido adiposo. 5.1.6 Resumindo Durante nossos estudos vimos que a principal função do sistema cardiovascular é proporcionar nutrição e oxigenação celular ao organismo para que o mesmo possa a crescer e desenvolver. O coração é um órgão muscular responsável para bombear o sangue através do corpo. O pericárdio é uma estrutura sacolar fibroserosa, localizada em torno do coração e das raízes dos grandes vasos, é constituído pelo pericárdio fibroso e seroso. O coração é dividido em câmaras, dois átrios e dois ventrículos, separados pelo septo atrioventricular, e a comunicação entre essas câmaras acontece devido aos óstios atrioventriculares, cada um com suas valvas. O impedimento da passagem aleatória de sangue entre as câmaras do coração são realizados pelas valvas, que controlam através dos músculos papilares o fluxo do átrio para o ventrículo, impedindo o retorno do sangue quando acontece a contração do ventrículo. As valvas subdividem-se em válvulas ou cúspides. Vimos no decorrer dessa unidade que os vasos sanguíneos são compostos por artérias, veias e capilares. As artérias conduzem o sangue oxigenado do coração para as outras estruturas do corpo e estas podem dividir-se em artérias de grande, médio, pequeno calibre e arteríolas. O sangue que sofreu trocas gasosas com os tecidos do corpo é recolhido pelas veias, e essas podem ser divididas pelo grande, médio, pequeno calibre e vênulas. As veias podem ser classificadas em superficiais e profundas. 36 Faculdade de Minas As válvulas quando recebem um impulso que leva o sangue em direção ao coração, abrem-se, isso permite que o sangue circule, quando termina esse mecanismo do impulso seria natural que o sangue retornasse no sentido contrário ao sentido do coração. No entanto, as válvulas fecham-se impedindo que isso aconteça, formando uma estrutura parecida com uma bolsa. Vimos os grandes vasos que são situados na base do coração. No átrio direito chegam às veias cavas e no átrio esquerdo às veias pulmonares, sendo que a primeira leva sangue do corpo para o coração e a segunda leva sangue com oxigênio, dos pulmões ao coração. Conhecemos também o Sistema linfático que auxilia na drenagem do sistema circulatório e leva o líquido tecidual do corpo, que recebe o nome de linfa, quando adentra nos vasos linfáticos. O sistema linfático possui órgãos linfoides (timo, baço e linfonodos). Os linfonodos têm a função de defender o organismo impedindo que substâncias entrem na corrente do sanguínea. O baço é o maior órgão do sistema linfoide e o timo é um órgão linfoide, sua função é produzir linfócitos, ele se desenvolve até a idade da puberdade depois deixa de evoluir até o momento de ser substituído por tecido adiposo. 5.2 Sistema Respiratório A função do sistema respiratório é facultar ao organismo uma troca de gases com o ar atmosférico, assegurando permanente concentração de oxigênio no sangue, necessária para as reações metabólicas, e em contrapartida servindo como via de eliminação de gases residuais, que resultam dessas reações e que são representadas pelo gás carbônico. 37 Faculdade de Minas Este sistema é constituído pelos tratos (vias) respiratórios superior e inferior. O trato respiratório superior é formado por órgãos localizados fora da caixa torácica: nariz externo, cavidade nasal, faringe, laringe e parte superior da traqueia. O trato respiratório inferior consiste em órgãos localizados na cavidade torácica: parte inferior da traqueia, brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmões. As camadas das pleura e os músculos que formam a cavidade torácica também fazem parte do trato respiratório inferior. O intercâmbio dos gases faz-se ao nível dos pulmões, mas para atingi-los o ar deve percorrer diversas porções de um tubo irregular, que recebe o nome conjunto de vias aeríferas. As vias aeríferas podem ser divididas em: NARIZ, FARINGE, LARINGE, TRAQUEIA, BRÔNQUIOS e PULMÕES. 5.2.1 Nariz O nariz é uma protuberância situada no centro da face, sendo sua parte exterior denominada nariz externo e a escavação que apresenta interiormente conhecida por cavidade nasal. O nariz externo tem a forma de uma pirâmide triangular de base inferior e cuja a face posterior se ajusta verticalmente no 1/3 médio da face. 38 Faculdade de Minas As faces laterais do nariz apresentam uma saliência semilunar que recebe o nome de asa do nariz. O ar entra no trato respiratório através de duas aberturas chamadas Narinas. Em seguida, flui pelas cavidades nasais direita e esquerda, que estão revestidas por mucosa respiratória. O septo nasal separa essas duas cavidades. Os pelos do interior das narinas filtram grandes partículas de poeira que podem ser inaladas. Além disso, a cavidade nasal contêm células receptoras para o olfato. A cavidade nasal é a escavação que encontramos no interior do nariz, ela é subdividida em dois compartimentos um direito e outro esquerdo. Cada compartimento dispõe de um orifício anterior que é a Narina e um posterior denominado Coana. As Coanas fazem a comunicação da cavidade nasal com a faringe. É na cavidade nasal que o ar torna-se condicionado, ou seja, é filtrado, umedecido e aquecido. 39 Faculdade de Minas Na parede lateral da cavidade nasal encontramos as Conchas Nasais (cornetos) que são divididas em Superior, Média e Inferior. 40 Faculdade de Minas O esqueleto ósseo do nariz é formado pelo osso frontal, ossos nasais e maxilares. A cavidade nasal contêm várias aberturas de drenagem, pelas quais o muco dos seios paranasais é drenado. Os Seios Paranasais compreendem os seios maxilares, frontal, etmoidal e o esfenoidal. Seios Paranasais ou Seios da Face – Vistas Lateral e Anterior 5.2.2 Faringe A faringe é um tubo que começa nas coanas e estende-se para baixo no pescoço. Ela se situa logo atrás das cavidades nasais e logo a frente às vértebras cervicais. Sua parede é composta de músculos esqueléticos e revestida de túnica mucosa. A faringe funciona como uma passagem de ar e alimento. A faringe é dividida em três regiões anatômicas: Nasofaringe, Orofaringe e Laringofaringe. A porção superior da faringe, denominada parte nasal ou Nasofaringe, tem as seguintes 41 Faculdade de Minas comunicações: duas com as coanas, dois óstios faríngeos das tubas auditivas e com a orofaringe. A tuba auditiva se comunica com a faringe através do ósteo faríngeo da tuba auditiva, que por sua vez conecta a parte nasal da faringe com a cavidade média timpânica do ouvido. A parte intermediária da faringe, a Orofaringe, situa-se atrás da cavidade oral e estende-se do palato mole atéo nível do hioide. A parte da orofaringe tem comunicação com a boca e serve de passagem tanto para o ar como para o alimento. A Laringofaringe estende-se para baixo a partir do osso hioide, e conecta-se com o esôfago (canal do alimento) e anteriormente com a laringe (passagem de ar). Como a parte oral da faringe, a laringofaringe é uma via respiratória e também uma via digestória. FARINGE - VISTA LATERAL 42 Faculdade de Minas FARINGE – VISTA POSTERIOR 43 Faculdade de Minas 5.1.3 Laringe A laringe é um órgão curto que conecta a faringe com a traqueia. Ela se situa na linha mediana do pescoço, diante da quarta, quinta e sexta vértebra cervicais. A Laringe tem três Funções: Atua como passagem para o ar durante a respiração; Produz som, ou seja, a voz (por esta razão é chamada de caixa de voz); Impede que o alimento e objetos estranhos entrem nas estruturas respiratórias (como a traqueia). A laringe desempenha função na produção de som, que resulta na fonação. Na sua superfície interna, encontramos uma fenda antero-posterior denominada vestíbulo da laringe, que possui duas pregas: prega vestibular (cordas vocais falsas) e prega vocal (cordas vocais verdadeiras). 44 Faculdade de Minas A laringe é uma estrutura triangular constituída principalmente de cartilagens, músculos e ligamentos. A parede da laringe é composta de nove peças de cartilagens. Três são ímpares (Cartilagem Tireóidea, Cricoidea e Epiglótica) e três são pares (Cartilagem Aritenoidea, Cuneiforme e Corniculada). A Cartilagem Tireóidea consiste de cartilagem hialina e forma a parede anterior e lateral da laringe, é maior nos homens devido à influência dos hormônios durante a fase da puberdade. As margens posteriores das lâminas apresentam prolongamentos em formas de estiletes grossos e curtos, denominados cornos superiores e inferiores. A Cartilagem Cricoide localiza-se logo abaixo da cartilagem tireoide e antecede a traqueia. A Epiglote se fixa no osso hioide e na cartilagem tireoide. A epiglote é uma espécie de “porta” para o pulmão, onde apenas o ar ou substâncias gasosas entram e saem dele. Já substâncias líquidas e sólidas não entram no pulmão, pois a epiglote fecha- se e este dirige-se ao esôfago. 45 Faculdade de Minas LARINGE – VISTA ANTERIOR DAS CARTILAGENS LARINGE – VISTA POSTERIOR DAS CARTILAGENS 46 Faculdade de Minas A Cartilagem Aritenoide articula-se com a cartilagem cricoide, estabelecendo uma articulação do tipo diartrose. As cartilagens aritenoides são as mais importantes, porque influenciam as posições e tensões das pregas vocais (cordas vocais verdadeiras). A Cartilagem Corniculada situa-se acima da cartilagem aritenoide. A Cartilagem Cuneiforme é muito pequena e localiza-se anteriormente à cartilagem corniculada correspondente, ligando cada aritenoide à epiglote. CARTILAGENS – CRICOIDE, ARITENOIDE E CORNICULADA 5.1.4 Traqueia A traqueia é um tubo de 10 a 12,5 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro. Constitui um tubo que faz continuação à laringe, penetra no tórax e termina se bifurcando nos 2 brônquios principais. Ela se situa medianamente e anterior ao esôfago, e apenas na sua terminação, desvia-se ligeiramente para a direita. O arcabouço da traqueia é constituído aproximadamente por 20 anéis cartilagíneos incompletos para trás, que são denominados cartilagens traqueais. Internamente a traqueia é forrada por mucosa, onde abundam glândulas, e o epitélio é ciliado, facilitando a expulsão de mucosidades e corpos estranhos.Inferiormente a traqueia se bifurca, dando origem aos 2 brônquios principais:direito e esquerdo. 47 Faculdade de Minas A parte inferior da junção dos brônquios principais é ocupada por uma saliência antero-posterior que recebe o nome de carina da traqueia, e serve para acentuar a separação dos 2 brônquios. TRAQUEIA – VISTA ANTERIOR 5.1.5 Brônquios Os brônquios principais fazem a ligação da traqueia com os pulmões, são considerados um direito e outro esquerdo. A traqueia e os brônquios extrapulmonares são constituídos de anéis incompletos de cartilagem hialina, tecido fibroso, fibras musculares, mucosa e glândulas. O brônquio principal direito é mais vertical, mais curto e mais largo do que o esquerdo. Como a traqueia, os brônquios principais contém anéis de cartilagem incompletos. Os brônquios principais entram nos pulmões na região chamada HILO. Ao atingirem os pulmões correspondentes, os brônquios principais subdividem-se nos Brônquios Lobares. 48 Faculdade de Minas Os brônquios lobares subdividem-se em Brônquios Segmentares, cada um destes distribuindo-se a um segmento pulmonar. Os brônquios dividem-se respectivamente em tubos cada vez menores denominados Bronquíolos. As paredes dos bronquíolos contém músculo liso e não possuem cartilagem. Os bronquíolos continuam a se ramificar, e dão origem a minúsculos túbulos denominados Ductos Alveolares. Estes ductos terminam em estruturas microscópicas com forma de uva chamados Alvéolos. Os alvéolos são minúsculos sáculos de ar que constituem o final das vias respiratórias. Um capilar pulmonar envolve cada alvéolo. A Função dos Alvéolos é trocar oxigênio e dióxido de carbono através da membrana capilar alvéolo-pulmonar. HEMATOSE – TROCA DE GASES 49 Faculdade de Minas 50 Faculdade de Minas 5.1.6 Pulmões Os pulmões são órgãos essenciais na respiração. São duas vísceras situadas uma de cada lado, no interior do tórax e onde se dá o encontro do ar atmosférico com o sangue circulante, ocorrendo então, as trocas gasosas (HEMATOSE). Eles estendem-se do diafragma até um pouco acima das clavículas e estão justapostos às costelas. O pulmão direito é o mais espesso e mais largo que o esquerdo. Ele também é um pouco mais curto pois o diafragma é mais alto no lado direito para acomodar o fígado. O pulmão esquerdo tem uma concavidade que é a incisura cardíaca. Cada pulmão têm uma forma que lembra uma pirâmide com um ápice, uma base, três bordas e três faces. Ápice do Pulmão: Está voltado cranialmente e tem forma levemente arredondada. Apresenta um sulco percorrido pela artéria subclávia, denominado sulco da artéria subclávia. No corpo, o ápice do pulmão atinge o nível da articulação esterno- clavicular 51 Faculdade de Minas Base do Pulmão: A base do pulmão apresenta uma forma côncava, apoiando-se sobre a face superior do diafragma. A concavidade da base do pulmão direito é mais profunda que a do esquerdo (devido à presença do fígado). Margens do Pulmão: Os pulmões apresentam três margens: uma Anterior, uma Posterior e uma Inferior. Bordas do Pulmão: A borda anterior é delgada e estende-se à face ventral do coração. A borda anterior do pulmão esquerdo apresenta uma incisura produzida pelo coração, a incisura cardíaca. A borda posterior é romba e projeta-se na superfície posterior da cavidade torácica. A borda inferior apresenta duas porções: (1) uma que é delgada e projeta-se no recesso costofrênico e (2) outra que é mais arredondada e projeta-se no mediastino Peso: Os pulmões tem em média o peso de 700 gramas. Altura: Os pulmões tem em média a altura de 25 centímetros. Faces: O pulmão apresenta três faces: a) Face Costal (face lateral): é a face relativamente lisa e convexa, voltada para a superfície interna da cavidade torácica. b) Face Diafragmática (face inferior): é a face côncava que assenta sobre a cúpula diafragmática. c) Face Mediastínica (face medial): é a face que possui uma região côncava onde se acomoda o coração. Dorsalmente encontra-se a região denominada hilo ou raiz do pulmão.Divisão: Os pulmões apresentam características morfológicas diferentes. 52 Faculdade de Minas O Pulmão Direito apresenta-se constituído por três lobos divididos por duas fissuras. Uma fissura obliqua que separa lobo inferior dos lobos médio e superior e uma fissura horizontal, que separa o lobo superior do lobo médio. O Pulmão Esquerdo é dividido em um lobo superior e um lobo inferior por uma fissura oblíqua. Anteriormente e inferiormente o lobo superior do pulmão esquerdo apresenta uma estrutura que representa resquícios do desenvolvimento embrionário do lobo médio, a língula do pulmão. Cada lobo pulmonar é subdividido em segmentos pulmonares, que constituem unidades pulmonares completas, consideradas autônomas sob o ponto de vista anatômico. Pulmão Direito Lobo Superior: apical, anterior e posterior Lobo Médio: medial e lateral Lobo Inferior: apical (superior), basal anterior, basal posterior, basal medial e basal lateral Pulmão Esquerdo Lobo Superior: apicoposterior, anterior, lingular superior e lingular inferior Lobo Inferior: apical (superior), basal anterior, basal posterior, basal medial e basal lateral Pleuras: A superfície externa de cada pulmão e a parede interna da caixa torácica são revestidos por uma membrana serosa dupla, chamada pleura. A membrana na superfície externa de cada pulmão é denominada Pleura Visceral, e a que reveste a parede da cavidade torácica é chamada Pleura Parietal. Entre as pleuras visceral e parietal encontra-se um pequeno espaço, a Cavidade Pleural, que contém pequena quantidade de líquido lubrificante, secretado pelas túnicas. Esse líquido reduz o atrito entre as túnicas, permitindo que elas deslizem facilmente uma sobre a outra, durante a respiração. 53 Faculdade de Minas Hilo do Pulmão: A região do hilo localiza-se na face mediastinal de cada pulmão sendo formado pelas estruturas que chegam e saem dele, onde temos: os Brônquios Principais, Artérias Pulmonares, Veias Pulmonares, Artérias e Veias Bronquiais e Vasos Linfáticos. Os brônquios ocupam posição caudal e posterior, enquanto que as veias pulmonares são inferiores e anteriores. A artéria pulmonar ocupa uma posição superior e mediana em relação a essas duas estruturas. A raiz do pulmão direito encontra-se dorsalmente disposta à veia cava superior. A raiz do pulmão esquerdo relaciona-se anteriormente com o Nervo Frênico. Posteriormente relaciona-se com o Nervo Vago. 6 Sistemas Digestório, Urinário e reprodutores 6.1 Sistema Digestório O trato digestório e os órgãos anexos constituem o sistema digestório. O trato digestório é um tubo oco que se estende da cavidade bucal ao ânus, sendo também chamado de canal alimentar ou trato gastrintestinal. As estruturas do trato digestório incluem: Boca, Faringe, Esôfago, Estômago, Intestino Delgado, Intestino Grosso, Reto e Ânus. O comprimento do trato gastrintestinal, medido no cadáver, é de cerca de 9 m. Na pessoa viva é menor porque os músculos ao longo das paredes dos órgãos do trato gastrintestinal mantém o tônus. Os órgãos digestório acessórios são os Dentes, a Língua, as Glândulas Salivares, o Fígado, Vesícula Biliar e o Pâncreas. Os dentes auxiliam no rompimento físico do alimento e a língua auxilia na mastigação e na deglutição. Os outros órgãos digestórios acessórios, nunca entram em contato direto com o alimento. Produzem ou armazenam secreções que passam para o trato gastrintestinal e auxiliam na 54 Faculdade de Minas decomposição química do alimento. O trato gastro intestinal é um tubo longo e sinuoso de 10 a 12 metros de comprimento desde a extremidade cefálica (cavidade oral) até a caudal (ânus). FUNÇÕES : 1- Destina-se ao aproveitamento pelo organismo, de substâncias estranhas ditas alimentares, que asseguram a manutenção de seus processos vitais. 2- Transformação mecânica e química das macromoléculas alimentares ingeridas (proteínas, carboidratos, etc.) em moléculas de tamanhos e formas adequadas para serem absorvidas pelo intestino. 3- Transporte de alimentos digeridos, água e sais minerais da luz intestinal para os capilares sanguíneos da mucosa do intestino. 4- Eliminação de resíduos alimentares não digeridos e não absorvidos juntamente com restos de células descamadas da parte do trato gastro intestinal e substâncias secretadas na luz do intestino. Mastigação: Desintegração parcial dos alimentos, processo mecânico e químico. Deglutição: Condução dos alimentos através da faringe para o esôfago. Ingestão: Introdução do alimento no estômago. Digestão: Desdobramento do alimento em moléculas mais simples. 55 Faculdade de Minas Absorção: Processo realizado pelos intestinos. Defecação: Eliminação de substâncias não digeridas do trato gastro intestinal. O trato gastro intestinal apresenta diversos segmentos que sucessivamente são: BOCA, FARINGE, ESÔFAGO, ESTÔMAGO, INTESTINO DELGADO, INTESTINO GROSSO, RETO e ÂNUS. Órgãos Anexos: GLÂNDULAS PARÓTIDAS, GLÂNDULAS SUBMANDIBULARES, GLÂNDULAS SUBLINGUAIS, FÍGADO, PÂNCREAS. 6.1.1 Boca A boca também referida como Cavidade Oral ou Bucal é formada pelas bochechas (formam as paredes laterais da face e são constituídas externamente por pele e internamente por mucosa), pelos palatos duro (parede superior) e mole (parede posterior) e pela língua (importante para o transporte de alimentos, sentido do gosto e fala). O palato mole se estende posteriormente na cavidade bucal como a úvula, que é uma estrutura com forma de letra V e que está suspensa na região superior e posterior da cavidade bucal. 56 Faculdade de Minas A cavidade da boca é onde o alimento é ingerido e preparado para a digestão no estômago e intestino delgado. O alimento é mastigado pelos dentes, e a saliva, proveniente das glândulas salivares, facilita a formação de um bolo alimentar controlável. A deglutição é iniciada voluntariamente na cavidade da boca. A fase voluntária do processo empurra o bolo da cavidade da boca para a faringe – a parte expandida do trato digestório – onde ocorra a fase automática da deglutição. A cavidade da boca consiste em duas partes: o vestíbulo da boca e a cavidade própria da boca. O vestíbulo da boca é o espaço semelhante a uma fenda entre os dentes e a gengiva e os lábios e as bochechas. A cavidade própria da boca é o espaço entre os arcos dentais superior e inferior. É limitada lateral e anteriormente pelos arcos alveolares maxilares e mandibulares que alojam os dentes. O teto da cavidade da boca é formado pelo palato. Posteriormente, a cavidade da boca se comunica com a parte oral da faringe. Quando a boca está fechada e em repouso, a cavidade da boca é completamente ocupada pela língua. 6.1.2 Dentes Os dentes são estruturas cônicas, duras, fixadas nos alvéolos da mandíbula e maxila que são usados na mastigação e na assistência à fala. Crianças têm 20 dentes decíduos (primários ou de leite). Adultos normalmente possuem 32 dentes secundários. Na época em que a criança está com 2 anos de 57 Faculdade de Minas idade, provavelmente já estará com um conjunto completo de 20 dentes de leite. Quando um adulto jovem já está com algo entre 17 e 24 anos de idade, geralmente está presente em sua boca um conjunto completo de 32 dentes permanentes. 6.1.3 Língua A língua é o principal órgão do sentido do gosto e um importante órgão da fala, além de auxiliar na mastigação e deglutição dos alimentos. Localiza-se no soalho da boca, dentro da curva do corpo da mandíbula. A raiz é a parte posterior, por onde se liga ao osso hioide pelos músculos hioglosso e genioglosso e pela membrana glossioidea; à epiglote, por três pregas da mucosa; ao palato mole, pelos arcos palato- glossos,
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