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A Educação, a Intercultura e a Literatura Latinas da Pós-Modernidade Vol. 2 VALDO BARCELOS CARLOS GIOVANI DELEVATI PASINI DANIEL ARRUDA CORONEL DILMAR XAVIER DA PAIXÃO JOÃO LOREDI LEMES ELVIO DE CARVALHO EDEM ALEXANDRE DA SILVA (ORGs.) A Educação, a Intercultura e a Literatura Latinas da Pós-Modernidade Vol. 2 Projeto Labirintos Santa Maria - RS 2023 Copyright © 2023 by autores da Coletânea. Direitos desta edição reservados aos autores dos capítulos. A responsabilidade jurídica de cada capítulo é única e exclusivamente de seu(s) autor(es). BARCELOS, Valdo; PASINI; Carlos Giovani Delevati et al. (Orgs). A Educação, a Intercultura e a Literatura Latinas da Pós-Modernidade. Vol. 2. Santa Maria: Labirintos, 2023. 210p. Revisão Ortográfica Carlos Giovani Delevati Pasini César Christian Ferreira dos Santos Mário Vasquez (Espanhol) Arte da Capa Felipe Toniolo Imagem da Capa Imagem fornecida gratuitamente por https://br.freepik.com/fotos-gratis Diagramação Felipe Toniolo IMPRESSO NO BRASIL Ficha catalográfica Diante do pessimismo irredutível dos que veem o mundo através das própria irritações e tristezas, e mesmo nas horas escuras das nossas fadigas e desalentos pessoais, a confiança nos destinos do Brasil se apresenta como o melhor dos tônicos. José Maria da Silva Paranhos Júnior (Barão do Rio Branco)1 1José Maria da Silva Paranhos Junior, o Barão do Rio Branco, foi um orador brilhante e, em diversas ocasiões pontuou seus discursos com observações perspicazes sobre o exercício da diplomacia, o contexto histórico brasileiro ou, simplesmente, sobre aspectos mais poéticos da existência. Fonte: https://adb.org.br/wp-content/uploads/pdf/revista-adb-71.pdf Acesso em: 18 mar. 2023. https://adb.org.br/wp-content/uploads/pdf/revista-adb-71.pdf APRESENTAÇÃO Da equipe de organização Pensar uma Educação, numa perspectiva intercultural e de descolonização de saberes é, também, buscar modos de exercê-la buscando os entre-lugares resultantes dos entrecruzamentos interculturais que são produzidos e que nos chegam dos países considerados, tradicionalmente, como hegemônicos. Barcelos & Azzolin in: (BARCELOS; PASINI et al., 2020, p.36).2 Honra-nos apresentar a obra “A Educação, a Intercultura e a Literatura latinas da pós-modernidade – Vol. 2”. Este livro internacional, no formato de coletânea de textos de diversos autores, compõe um processo extenso de reflexão sobre os temas em pauta: educação, intercultura e literatura latinas. Temos em um segundo volume a continuação da labuta intelectual em busca de maior humanização, com a divulgação dos saberes científicos. A escolha desses tópicos ocorreu por constatações científicas e empíricas, que levaram os grupos KITANDA3 e 1D3D4 a realizar a proposta de uma série de livros acadêmicos-literários, dos quais esse é o segundo volume, que realizem a investigação acerca da volatilidade que permeia as relações humanas da pós- modernidade, definidas por Zygmunt Bauman como uma “Modernidade Líquida”. 2 BARCELOS, Valdo; PASINI, Carlos Giovani Delevati et. Al (Orgs.). A Educação, a Intercultura e a Literatura Latinas da Pós-Modernidade. Vol. 1. Santa Maria: Labrintos, 2020. 240p. 3 O grupo KITANDA: Educação e Intercultura é coordenado pelo Prof. Dr. Valdo Barcelos (Centro de Educação da UFSM) e pesquisa educação e intercultura, sendo cadastrado no CNPQ. 4 O projeto 1D3D é coordenado pelo Prof. Dr. Carlos Giovani Delevati Pasini e relaciona literatura, cultura e educação. O grupo possui o seguinte endereço eletrônico (Site: https://www.1d3d.org/ ). https://www.1d3d.org/ Cabe destacar que cada um dos autores deste livro, em capítulos individuais ou coletivos, é responsável pelos seus pensamentos e por sua construção científica/literária totalmente livre. Exatamente pelo respeito à diversidade, tão pregado na academia, algumas vezes de forma utópica, nos reservamos a preservar a integralidade de exposições algumas vezes contrárias entre si, em capítulos independentes, pois julgamos que a interculturalidade se baseia no respeito à historicidade, às leituras e caminhadas de cada pesquisador/autor. A presente coletânea é fruto de uma parceria proativa de todos os componentes da obra, que se prontificaram a executar as tarefas necessárias para que pudéssemos lançá-la, ainda no primeiro semestre de 2023. No corpo do texto, em uma magnífica diversidade temática, o leitor irá encontrar as ponderações e experiências de autores do Brasil e Chile. Com essa iniciativa, portanto, mantemos o diálogo sobre os conceitos propostos, pretendendo contribuir um pouco mais para os espaços educativos, interculturais e literários de nossa latinidade. Por fim, cabe sempre destacar que todos nós, integrantes dos grupos Kitanda e 1D3D, e os participantes do livro, tomamos consciência da importância de nosso papel no processo de contribuição para o avanço de nossos povos no contexto da América Latina, nos assuntos tomados como foco da coletânea. Parabéns a todos nós, autores e autoras, pela consecução de mais esse objetivo intelecto-profissional. Agradecemos, também, aos leitores que investiram ou investirão tempo na leitura de nossa arte. Os (as) organizadores(as) Santa Maria, RS, abril de 2023. Sumário Educação e Intercultura em Tempos de Pós-Modernidade - pensar um Projeto Comum a partir da Biologia-cultural de Humberto Maturana.................................................................................................. Valdo Barcelos, Manoel Lisboa Sichonany Junior (Brasil) XX Tecnologías, enseñanza remota y transformación. Notas sobre el impacto de las TIC en la vida de las Instituciones de Educación Superior…………………………….....................................................…………...... Carlos Riquelme Cepeda (Chile) XX Ensaio contra uma hipocrisia intercultural................................................. Carlos Giovani Delevati Pasini (Brasil) XX A intercultura na linha de frente do combate ao fenômeno sindemia de COVID-19 .................................................................................................. Dilmar Xavier da Paixão, Christian Renato Beck Pereira e Danusa Begnini (Brasil) XX Poemas interculturales............................................................................. Jorge Arturo Ortiz (Chile) XX Em busca de contribuições para a intercultura escolar................................ João Loredi Lemes, Daniel Arruda Coronel, Édem Alexandre da Silva e Alysson Custódio do Amaral (Brasil) XX El Hada del Carnaval.................................................................................. Pablo Quiroz Hernández (Chile) XX Educação e o envelhecer: um novo olhar para a educação de idosos....................................................................................................... Tatiana Valéria Trevisan e Maria Aparecida Nunes Azzolin (Brasil) XX Um homem sem profissão… ou... um autor sem autoria?........................... Ivete Souza da Silva (Brasil) XX Educação na base do amor na escola: uma pedagogia da liberdade e da conscientização contra a violência e o autoritarismo.................................. Adalberto Dutra Rossatto, Elvio de Carvalho e Paulo Evandro Pereira da Costa (Brasil) XX Educação contemporânea e mudanças sociais: Sentidos, emergência de emancipação e socialização................................................ Mateus Artur Spohr, Leandra Costa da Costa e Rosalvo Luis Sawitzki (Brasil) XX Ensaios de amor e saber.................................................................... Bryan Leal de Melo e Jaqueline Goldschmidt Maciel (Brasil) XX Sagração da Primavera: a culturae o sacrifício na pós- modernidade............................................................................................ Sérgio Flores de Campos (Brasil) XX Pibid e Intercultura: Caminhos que se intercruzam..................................... Matheus Souza Bortolotto e Sandra Maders (Brasil) Materiales amorosos............................................................................... Carlos Riquelme Cepeda (Chile) XX VALDO BARCELOS, Brasil Natural de Santa Maria-RS. Membro da Academia Internacional de Letras, Artes e Ciências-ALPAS-21, Cadeira n. 102 (Patrono, Paulo Freire); da Academia Santa-Mariense de Letras (ASL), na Cadeira n. 21 (Patrono, Cyro Martins). Membro da Casa do Poeta de Santa Maria. Escritor nos gêneros crônica, poesia e conto. Participante de Antologias poéticas; Prêmio em poesia no Concurso Literário Felipe de Oliveira (2008). Colaborador de Jornais diários. Professor TITULAR da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM-CE. Orientador de Mestrado e Doutorado. Pesquisador Produtividade-1-CNPq-Professor Visitante Universidade de COIMBRA-Portugal. Indicado ao Prêmio Pesquisador Destaque em Educação/FAPERGS-2021. Pela sua dedicação às Artes, Ciências e aos Direitos Humanos recebeu a Comenda Personalidade Literária 2017. Prêmio Destaque Literário em Poesia, no 32º. Concurso Literário de Poesias, Contos e Crônicas (2020), pela ALPAS 21. Professor Conferencista Convidado Visitante no Instituto PIAGET-Portugal. Professor Pesquisador Visitante no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-Manaus (INPA). Consultor da UNESCO-MEC-INEP-MCT-CYTED-CAPES-CNPQ-Membro da Anistia Internacional-Seção Brasil desde 1974. Tem mais de quarenta Livros publicados e uma centena de capítulos de livros e de artigos científicos em revistas nacionais e internacionais. Colunista do Jornal Diário de Santa Maria. Participa de vários programas de rádio e televisão. Endereço Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7447760896466057 E-mail: vbarcelos@terra.com.br MANOEL LISBOA SICHONANY JUNIOR, Brasil Bacharel em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria-UFSM. Mestrando em Educação pela UFSM. Assistente em administração da UFSM. Desde outubro de 2021, Chefe do Núcleo de Infraestrutura do Centro de Educação da UFSM. http://lattes.cnpq.br/7447760896466057 Educação e Intercultura em Tempos de Pós- Modernidade - pensar um Projeto Comum a partir da Biologia-cultural de Humberto Maturana Valdo Barcelos Manoel Lisboa Sichonany Junior INTRODUÇÃO Acreditamos que toda organização consiste em uma rede ou sistema de conversas interligadas, que coordenam as tarefas, operações e reflexões que a tornam um projeto comum (HUMBERTO MATURANA, 2019, p. 175). O presente capítulo se insere na perspectiva teórico- epistemológica da Biologia-cultural de Humberto Maturana5. Nosso objetivo é convidar os(as) leitores(as) a uma reflexão sobre os processos de gestão nas instituições em geral e, em particular, nas instituições educacionais. O referido capítulo é um recorte de uma pesquisa maior em andamento6. Adotaremos como principal referência epistemológica a proposição das conversações colaborativas7 apresentadas pelo pensador chileno Humberto 5 Humberto Maturana Romesín (1928-2021). Pensador latino americano de nacionalidade chilena. Estudou medicina na Universidade do Chile. Doutorou-se em biologia pela universidade de Harvard (EUA). Professor Titular da Faculdade de Ciências da Universidade do Chile. Professor na Universidade Metropolitana de Ciências da Educação no Chile. Professor no Instituto de Terapia Familiar de Santiago-Chile. Professor convidado de várias universidades mundiais. Doutor Honoris Causa pela Universidade Livre de Bruxelas. É reconhecido como um dos maiores pesquisadores atuais sobre a Biologia- cultural que se desdobra na Biologia do conhecimento e na Biologia do amor. 6 Projeto de Produtividade em Pesquisa Nível 1 – CNPq-UFSM, intitulado: Educação co- operativa e co-elaborativa, Formação de Professores(as), Intercultura e Sustentabilidade das Relações Sociais na potencialização e promoção da qualidade de vida – A Biologia- cultural, a Biologia do Amor e a Biologia do Conhecimento como fundamentos epistemológicos. 7 Para Maturana conversações colaborativas são um modo de conversar co-inspirativo e colaborativo na diversidade que nos faz avançar na geração de um projeto comum humano, que resulte duradouro e sustentável para todos. Nesse processo de conversações colaborativas precisa-se do reconhecimento das vozes de todas as pessoas envolvidas. Para Maturana. Nosso objetivo é contribuir para essa dimensão tão importante da ação humana, que é a gestão de pessoas, com uma reflexão sobre as possibilidades de avançarmos na direção da criação de ambientes de convivência orientados pela cooperação e pela colaboração e não pela competição. O processo de gestão colaborativa, aqui referido, tem que ver com um desejo comum de convivência na escuta do outro; no respeito ao outro; no reconhecimento do outro como um outro legítimo em seus saberes e fazeres. Num tal processo de gestão, que se orienta pela busca de práticas de gestão colaborativas e cooperativas de pessoas, se faz fundamental a proposição de Maturana e D’Avila (2019, p. 15) do deixar o outro aparecer. Para esses autores, o deixar aparecer é uma disposição, um modo de estar no viver e conviver sem exigências, sem expectativas de nenhum tipo sobre si mesmo e sobre o mundo que vivemos. Com certeza que isso não se trata de algo fácil de viabilizar, particularmente, em uma cultura de competição na qual se busca ser dono da verdade, da nossa verdade, essa que nos daria poder a partir da obediência dos outros e que, como nos dá poder, não estamos dispostos a abrir mão dela. “O deixar aparecer não é uma visão que se dá desde uma teoria, doutrina ou ideologia. É um encontro em que se vê a legitimidade do que existe quando aparece. Não vemos sem deixar aparecer e o deixar aparecer é aquilo a que nos referimos quando falamos de amar” (MATURANA; D’AVILA, 2019, p. 14). Essa proposição apresentada por Maturana e D’avila é uma alternativa as práticas de gestão orientadas pela competição, pela hierarquia e pela disciplina que, mais cedo ou mais tarde, acabam gerando um ambiente de desconfiança e de desestímulo a cooperação e a colaboração entre as pessoas. Não é difícil concluir que em um ambiente de desconfiança e de ações que estimulem a competição e não a colaboração, a construção de um projeto comum fica, definitivamente, o autor esse processo de conversações colaborativas se apresentam como um dos maiores desafios relacionais para o mundo contemporâneo. comprometida. Em nosso entendimento, essa proposição tem validade para qualquer tipo de relação social8 que aconteça no âmbito das organizações. Essa forma de estar junto e compartilhar com o outro, quando se está inteiro, na aceitação mútua, na confiança, no respeito mútuo, enfim, no amor9, sem exigências e expectativas, abre espaços para a co-inspiração e para a colaboração. Ao ser solicitado a explicar como o amar se manifesta no contexto da gestão colaborativa de pessoas, Maturana defende que o amar surge quando se reconhece a legitimidade do outro. Para ele, no contexto organizacional há que nos perguntarmos se estamos sinceramente dispostos a escutar o que nossos colaboradores(as) têm a nos dizer. Não por uma mera formalidade ou uma teoria de gestão tradicional, mas, sim, a partir de critérios de validade que sejam reconhecidos no processo de conversar colaborativo. É esse modo de escutar o outro que poderá abrir oportunidade de “Conversar, refletir e colaborar. Quando o que prevalece é a instrução e o apego rígido a um método, a pessoa desaparece como um ser humano criativo, porque o que se torna central para ela é aplicar a instrução recebida, mesmo com relutância” (MATURANA,2019, p.178). Assim que se torna fundamental dedicar o tempo suficiente e necessário para que o processo do conversar possa se instalar entre as pessoas no viver e conviver colaborativo. Nesse sentido, na última parte desse capítulo apresentaremos uma alternativa de gestão de pessoas, em uma organização educacional escolar, tomando como referência a 8 Relação social é aqui tomada na perspectiva apresentada por Maturana. Para esse autor, relações sociais são relações que surgem no amar. Ou seja: no respeito mútuo, na aceitação mútua, no reconhecimento da legitimidade espontânea do outro. Nesta perspectiva, toda relação pautada na autoridade e na dominação de um sobre outro não é uma relação social. 9 O amor aqui é tomado, na proposição de Maturana, como a emoção fundamental que caracteriza o humano desde sua formação na ancestralidade biológica pré-histórica. O amar é o ânimo básico no qual surge o respeito por si mesmo e o respeito pelo outro na espontânea aceitação da presença de si mesmo e do outro. O amar consiste nas dinâmicas relacionais através das quais o outro, a outra, surge como legítimo outro na convivência com, é o fundamento do respeito mútuo. proposição de atuação a partir de um projeto comum. Consideramos importante adiantar, já na introdução, que a proposição de agir orientados(as) por um projeto comum não significa que apostemos na ausência e/ou na busca da eliminação dos conflitos, da neutralização ou hierarquização de desejos. O processo do projeto comum significa um viver/conviver, no qual se convive no mútuo respeito, na honestidade, na equidade e na ética social, na colaboração em um projeto comum de pessoas diferentes que desejaram e escolhera, sincera e honestamente, esse conviver no amor. Gestão co-elaborativa e co-operativa de pessoas e o projeto comum “Vivemos um presente biológico-cultural, centrado na competição e não vemos que, ao fazê-lo, desvalorizamo-nos e desvalorizamos o outro, ao negá-lo em nosso desejo de ser melhor que ele ou ela.” (MATURANA, 2019, p. 185). Em entrevista para uma jornalista10 ao ser indagado sobre quais modelos e/ou paradigmas tem orientado a gestão das organizações no mundo atual e quais os principais problemas decorrentes da adoção desses paradigmas de gestão, Humberto Maturana responde que, em seu entendimento, mais adequado seria não falar de “modelos e de paradigmas”, mas sim, de “Modos de viver e conviver, em conversações e reflexões” (MATURANA, 2019, p.177). Segundo o autor, são essas conversações e reflexões que, se mantidas e preservadas através de várias gerações de convivência de grupos humanos, que darão a configuração da gestão de pessoas de cada organização. Seriam esses modos de viver/conviver, aliados aos processos de reflexão e de ação, processos culturais diferentes. Assim que, como tal – processos 10 Cultura da gestão de pessoas na perspectiva da biologia cultural: entrevista feita pela jornalista Káritas Ribas com Humberto Maturana para a Revista Cultura da gestão de pessoas na perspectiva da biologia cultural. Observatório Itaú Cultural - N. 26 (Dez. 2019 / jun. 2020) – São Paulo, Itaú Cultural. culturais – podemos escolher quais mudar e quais preservar em nossas organizações sociais (MATURANA, H; DÁVILA, 2016). A partir dessa compreensão pode-se dizer que o elemento mais importante, o principal de uma organização não são os modelos e/ou paradigmas de gestão adotados, mas, sim, os modos de convívio cultural que elegermos como os mais adequados naquele momento e naquela organização. Serão esses modos de viver culturais que orientarão nossas práticas de gestão. Para Maturana, podemos optar por métodos de gestão baseados na disciplinarização, na hierarquização das relações, na exigência da obediência e de priorização de relações de controle e de dominação ou, então, eleger “Uma esfera em que são centrais a colaboração e o respeito mútuo - que fundamenta a orientação para a colaboração” (MATURANA, 2019, p. 171). Muito importante ressaltar que a escolha da opção de gestão a ser seguida, em cada instituição, está diretamente condicionada aos desejos que seus dirigentes máximos queiram implementar e, da autonomia e liberdade de decisão que os(as) gestores(as) tenham nas suas respectivas esferas e limites operacionais de atuação. Ainda nessa mesma entrevista, ao ser solicitado a comentar sobre como via o papel da liderança nos processos de gestão de pessoas, Maturana mais uma vez se desvincula das visões clássicas de gestão e sugere que se evite o fortalecimento dos processos calcados, muito fortemente, no critério da liderança. Para o autor, com muita frequência, ao incentivar-se a liderança corre-se o risco de aumentar, exageradamente, o princípio da autoridade e da obediência. Para Maturana, o problema da liderança é que “O seu valor é necessariamente transitório e vem acompanhado pela tentação da apropriação do poder” (MATURANA, 2019, p. 179). A forma de evitar cair-se nessa armadilha é se criar mecanismos de transitoriedade para o exercício das funções, particularmente, as de comando e que significam posições de hierarquia dentro das organizações. Assim como nas democracias, a transitoriedade nas relações de direção é condição necessária para a garantia da longevidade e vitalidade democrática, para uma gestão colaborativa de pessoas isso se faz, também, fundamental. Ou acontece a transitoriedade ou, muito provavelmente, não acontecerá uma gestão de pessoas colaborativa e co-operativa. Para Maturana “Se estivermos dispostos a refletir e questionarmo-nos sobre o bem-estar das pessoas que colaboram em uma organização, é fundamental deixar de lado as nossas certezas e permitir que os nossos colaboradores(as) apareçam em toda a sua legitimidade” (MATURANA, 2019, p. 181). O autor vai além e reafirma a ideia de que os erros que eventualmente acontecem no cotidiano de qualquer organização formada por pessoas, que não são infalíveis e muito menos perfeitas, sejam tratados com reflexão colaborativa e que se evitem ao máximo as ações de caráter punitivo. Um resultado imediato dessa conduta é o fortalecimento de uma relação de confiança11 entre as pessoas envolvidas no processo. Tal relação de confiança é o primeiro passo para o fortalecimento da autonomia e da reflexão dos(as) colabores(as) nas mais diferentes esferas de atuação na organização. Para Maturana, um exemplo dessa situação pode ser constatado ao perguntarmos a uma pessoa porque ela faz algo da forma que está fazendo e ela responde: “porque sempre foi feito assim”. Essa pessoa, certamente, está presa a uma orientação emocional que reforça a obediência e a hierarquia em detrimento do incentivo da reflexão e da ação com autonomia. Vale ressaltar que a autonomia e a reflexão ampliam a consciência do que 11 Para Maturana, mesmo que possamos viver momentos, episódios onde a desconfiança se instala, esses momentos não são os que predominam. E, quando isso acontece, é porque algo de muito errado está acontecendo nesse espaço de relacionamento. Nesse caso estamos frente a um exemplo em que a negação do outro passou a ser a regra e não a exceção. Nesse tipo de viver a não aceitação da legitimidade e da dignidade do outro inviabiliza uma relação orientada pela emoção do amor. Estamos frente a uma relação antissocial. A confiança é o fundamento do viver e do conviver. Sem confiança podemos afirmar que não há uma relação social. desejamos fazer e do que queremos manter no fluir de nosso viver na organização em que atuamos. Outra dimensão fundamental para qualquer gestor(a) de pessoas, na perspectiva da gestão colaborativa de pessoas, é o seu grau de confiança em sua prática e que tenha o entendimento da importância da aposta no processo reflexivo e de conversação colaborativa. Ao perceber essa atitude, naturalmente, colaboradores(as) se inspirarão e se sentirão à vontade para manifestarem suas dúvidas, angústias,bem como para sugerir, opinar, propor, enfim, mais que buscar competências, um gestor colaborativo deve privilegiar a iniciativa, a criação, que as ditas competências decorrentes de certificados e regulamentos, não raro, de difícil verificação. Importante ressaltar que os saberes que uma pessoa detém se referem a seu repertório de fazeres vivenciados e experienciados. Sobre isso Maturana é enfático e alerta que “Um gestor de pessoas deve ter o entendimento profundo do que nós humanos somos, como seres vivos e como pessoa” (MATURANA, 2019, p. 183). Aliado a essa condição necessária, todo gestor ou gestora precisa estar ciente de forma sincera e generosa de uma obviedade, mas, que, muito frequentemente é negligenciada por boa parte das organizações via ação de seus gestores(as): o esquecimento de que qualquer organização é feita de pessoas e, são, essas pessoas, o que ela tem de mais valioso. Essa compreensão nos remete, necessariamente, a aceitar que os conflitos que surgem no interior de uma organização não se devem a erros de origem técnica, racional, mas, sim, decorrem de conflito de desejos e vontades e que só poderão ser mediados por meio de um processo de conversação pautada no respeito e na aceitação mútua. Ou seja: na emoção do amor que se manifesta na ação de amar. Gestão colaborativa em educação e projeto comum – considerações para refletirmos O gestor colaborativo é mais que um líder, ele abre o caminho para a autogestão a partir do entendimento e da responsabilidade, do fazer parte do projeto comum que integra (MATURANA, 2019, P. 172). Os espaços educativos escolares fazem parte de uma organização muito particular: a escola, em seus mais diferentes níveis do processo de educação das pessoas, sejam elas crianças, jovens ou adultos. A organização escolar como a conhecemos hoje apresenta uma considerável tradição histórica de construção, de aperfeiçoamentos e de transformações ao logo do tempo. Certamente que os processos de gestão desses espaços educativos apresentam suas peculiaridades em relação aos demais espaços de gestão em outras organizações e instituições sociais. Chegando ao momento deste capítulo faremos algumas reflexões sobre a proposição de uma gestão colaborativa de pessoas nos espaços educativos escolares. Tomaremos, para tanto, a fundamentação epistemológica até aqui, brevemente, apresentada e que se fez ancorada na proposta de Humberto Maturana para a gestão colaborativa de pessoas nas organizações de uma maneira geral. Portanto, o que faremos nesse momento é uma aproximação entre o que propõe Maturana para a gestão de maneira geral das organizações e a gestão dos espaços educativos escolares em particular. Importante ressaltar que essa proposição de gestão colaborativa de pessoas, nos espaços educativos escolares, tem como orientação permanente a elaboração e a colocação em execução de um projeto comum pensado e construído por todas as pessoas que, voluntariamente, se dispuserem a participar dessa proposta de gestão colaborativa de pessoas. Essa adesão voluntária e generosa se faz condição necessária, portanto, sem a qual dificilmente chegar-se-á a um bom termo com esse processo. Partimos do princípio defendido por Maturana de que “Toda organização consiste em uma rede ou sistema de conversas interligadas, que coordenam as tarefas, operações e reflexões que a tornam um projeto comum” (MATURANA, 2019, p. 170). Projeto comum, esse, construído a partir de uma conversação que respeite o outro como legítimo, o que facilitará e ampliará sua pré- disposição para participar do processo. Essa participação espontânea fortalece as responsabilidades individuais tanto sobre os “sucessos” quanto aos “fracassos” que possam vir a ocorrer. Isso vem ao encontro da qualidade de um gestor de pessoas na proposição da gestão colaborativa na qual, ao “bom gestor” não cabe à tarefa de julgar e/ou buscar os “culpados” pelos erros. Maturana (2019, p. 180) alerta que “É preciso que o erro não seja punido e as pessoas, em suas vidas cotidianas, ampliem continuamente a sua autonomia reflexiva e de ação”. Nessa perspectiva, a principal função do gestor é estabelecer redes de conversações e de reflexões sobre o que está acontecendo no fluir do viver das pessoas em seus espaços organizacionais de atuação. De outra forma, a gestão colaborativa de pessoas, a partir de um projeto comum, não significa nem exige que se tenha um processo de concordância absoluta sobre a completude do projeto. Não requer que haja uma unanimidade e/ou uma necessidade de concordância integral com as propostas apresentadas. Ao contrário disso, a gestão colaborativa de pessoas é a busca permanente de um viver, conviver, no qual se vive e convive no mútuo respeito, na honestidade, na equidade e na ética social na colaboração em torno de um projeto comum de pessoas diferentes, mas, que convivem porque querem esse conviver como forma de construção de uma obra de arte cotidiana. Uma das tarefas fundamentais do gestor em geral, e, particularmente, daquele que aceita a proposição da gestão colaborativa de pessoas é fazer movimentos no sentido de criar um ambiente de mediação fraterna das dificuldades e dos conflitos surgidos. Dificuldades e conflitos, esses, decorrentes dos diferentes desejos e vontades das pessoas nas organizações em que atuam. Tal forma de atuação do gestor vem ao encontro da viabilização da proposta de projeto comum no respeito mútuo o que, ao fim e ao cabo, efetiva a vontade de participação e mesmo à ampliação dos desejos e vontades das pessoas em torno da execução do projeto comum. Se não no todo, naquilo que for, no momento, possível de ser efetivado. Uma pergunta frequente – e pertinente – sobre os processos de gestão de pessoas é: como formar ou preparar alguém para a função de gestor de pessoas? Dificilmente alguém que estude, pesquise ou mesmo que trabalhe no setor de gestão em algum momento já não tenha se deparado com essa inquietação. Entre outras coisas, isso mostra como esse é um tema não resolvido entre nós. Na educação, essa preocupação se faz, também, muito presente e causa vários graus de mal-estar entre seus profissionais. Na proposição da gestão colaborativa de pessoas, de Humberto Maturana, essa é uma questão urgente e da maior importância. Para ele, o mais importante em qualquer organização, é ter-se sempre presente que o mais importante nas organizações são as pessoas que a compõem. Vai além e afirma que a segunda questão em relevância é que se faz necessário entender que: Os problemas de convívio não se devem à razão ou à inteligência. Na medida em que podemos conversar, somos todos inteligentes...Os conflitos humanos não são erros lógicos, mas ocorrem no encontro de desejos contraditórios, que só serão resolvidos em uma conversa com respeito mútuo, com tempo suficiente para ouvir-se e encontrar um propósito comum, caso se deseje conviver. (MATURANA, 2019, p. 183). Partindo da perspectiva acima referida, se faz urgente e fundamental compreendermos que os processos de sofrimento que levam, não raro, ao adoecimento das pessoas nos ambientes de trabalho em suas organizações, decorrem, na maior parte das vezes, de aspectos de origens culturais. Culturais no sentido de que se originam, na sua grande maioria, dos autoritarismos de gestores(as); do excessivo processo de hierarquização das atividades; das cobranças exageradas por resultados rápidos e sem diálogo; do incentivo a competição entre os diferentes setores e, consequentemente, entre as pessoas. Enfim, decorrem da arrogância desmedida presente nas atitudes de algumas pessoas que sentem-se, sinceramente, superiores a outras pessoas. Frente a cenários desse tipo, o papel do gestor numa gestão colaborativa de pessoas é fundamental. Cabe a ele a função de movimentar-se no sentido de promover entre os(as) colaboradores(as) o sentimento de reconhecimento do outro como umoutro legítimo, sendo, esse, o primeiro passo para uma atuação no respeito e na aceitação mútua, condições, decisivas para uma gestão colaborativa e para a execução das propostas decorrentes de um projeto comum. Como já referimos anteriormente, esse é um passo fundamental para incentivar e ampliar a participação, bem como para atrair mais pessoas para esse projeto comum, bem como para que se fortaleçam as relações de confiança. Projeto comum e gestão colaborativa de pessoas em organizações educacionais “A obediência não é um ato de cooperação” (Humberto Maturana, 1994, p. 145). “La educación responsable, requiere conocer que el amor és su fundamento” (Humberto Maturana, 1997, p. 250). Antes de dar uma pausa nessas reflexões que até aqui desenvolvemos e que oferecemos aos possíveis leitores e leitoras, apresentaremos uma síntese dos fundamentos, a nosso ver, mais significativos para o começo da elaboração de um projeto comum de gestão colaborativa de pessoas. Acreditamos que para que esses fundamentos possam se realizar, junto às organizações em geral e nas organizações educacionais em particular, se faz necessário que: • Todas as pessoas que fazem parte da organização sintam-se parte integrante e de fato constituidora de todo o processo do fluir do viver cotidiano da organização, independentemente das funções e/ou das ocupações que desempenham; • Também se faz fundamental que todas as pessoas, se comprometam espontaneamente a responsabilizarem-se tanto com o processo colaborativo quanto com os seus resultados. Parafraseando a epígrafe de Maturana, assim como a educação responsável exige que o amor seja seu fundamento, a gestão colaborativa requer que o respeito mútuo e a aceitação do outro sejam fundamentos vividos e não se restrinjam a categorias e conceitos filosóficos, por mais relevantes e pertinentes que o sejam como tal; • Da mesma forma que a obediência não combina com a cooperação na educação, na gestão colaborativa de pessoas a obediência e a excessiva hierarquização das relações acabam levando, ao fim e ao cabo, a uma situação de apropriação e de poder por algumas poucas pessoas de todo o processo do viver e conviver no fluir do viver das organizações. Toda vez que isso ocorre se inviabiliza a proposta do projeto comum e da gestão colaborativa de pessoas; • Se nos processos de gestão em geral, a impaciência e a arrogância levam os gestores(as) a não escutarem os seus colaboradores(as) - e isso pode causar sérios danos para a organização – na educação, tais características (arrogância e impaciência) inviabilizam por completo um processo de gestão colaborativa numa organização educacional que busque a construção de projetos comuns e de relações de confiança; • se na gestão de qualquer organização, o gestor precisa ser mais que um líder, na gestão colaborativa de uma organização educacional o gestor é aquele que pode abrir os caminhos para processos de autogestão a partir da compreensão de que a responsabilidade de cada um é fundamental para o andamento de um projeto comum que integre todas as pessoas participantes em um mesmo nicho ecológico, operacional e também psíquico; • outra preocupação que deve acompanhar o gestor de pessoas numa organização educacional é de estar em sintonia com o processo de aprendizagem de educandos e educandas. Para fazer isso, é fundamental o gestor perguntar-se e perguntar se faz sentido o que estamos fazendo, bem como – e talvez mais importante ainda – com a forma como estamos fazendo o que estamos fazendo e, ainda: refletir para onde estamos sendo levados pelo que estamos fazendo. Para Maturana, essa é uma tarefa fundamental para o gestor de qualquer organização e, em nosso entendimento, para a educação isso pode significar a definição se estamos ou não lidando com educação de pessoas; • nunca é demais lembrar o que ensinava o grande educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997) quando ele afirmava que em educação “lidamos com gente” (FREIRE, 1997, p. 32) e não com objetos ou coisas. Para esse educador, por mais que alguém queira não pode, não deve nunca, descuidar da atenção dedicada, generosa e amorosa para com educandos e educandas, bem como com seus parceiros na organização escolar; O sentimento de bem-estar12 proporcionado pelo processo de gestão colaborativa de pessoas, envolvidas em um projeto 12 Para Maturana e Ximena, O Bem-estar não é uma teoria, uma filosofia, um pensamento. Também não deve ser tomado como uma oposição ao mal-estar. De outra forma, não deve ser entendido como algo exterior ao meu viver/conviver. O estado espiritual-corporal de bem-estar não é algo que dependa de um propósito ou de uma intenção que possa, simplesmente, ser alcançado por meio de um planejamento. Nosso bem-estar ocorre quando estamos no centro de nós mesmos na tríplice harmonia íntima, ecológica e psíquica. Só a comum é uma das marcas e a verificação concreta da possibilidade, bem como da emoção de prazer sentido pelas pessoas quando esse projeto se estabelece. Essa sensação de prazer se deve, segundo Maturana (2019, p. 345) ao fato de que ao viver um ambiente de cooperação e de conversação amorosa no respeito mútuo e na aceitação do outro, estamos, como que “Retornando à origem do modo de conviver no encanto da brincadeira infantil...talvez, a colaboração nos convide a cultivar uma dinâmica relacional em que a presença legítima do outro é central – ouvir é sentir, ver é amar – e a conversa é realmente geradora de mundos”. Mundos, esses, importante ressaltar, que estão a nossa disposição para serem por nós escolhidos como aqueles que queremos preservar ou que queremos abandonar. Para finalizar queremos mais uma vez reafirmar que a preocupação com as pessoas precisa ser a prioridade do gestor que optar pela gestão colaborativa de pessoas. Não raro nos deparamos com processos de gestão focados exclusivamente nos resultados antes de tudo. Não raro, os processos de gestão clássicos se ocupam, excessivamente, em aumentar a eficiência e a eficácia – leia-se o máximo de lucro econômico - por meio do incentivo a práticas competitivas. Como se fosse possível à existência de algum tipo de competição que não se fundamente na negação do outro. O que buscamos demonstrar até aqui, com esse texto, é justamente o contrário. Para a proposição da gestão colaborativa de pessoas e a viabilização do projeto comum, à cooperação e não a competição é que pode nos levar a um ambiente de prazer, de respeito, de confiança mútua e de aceitação do outro. partir desse espaço podemos nos dar conta da potência de sermos seres com autonomia reflexiva e de ação e que nos relacionamos a partir do mutuo respeito, que cometemos erros, que podemos pedir desculpas, que não somos perfeitos, porém, antes de tudo, somos seres humanos que podemos sempre eleger entre dois caminhos: o da desonestidade, da falta de ética, do desamor, do fundamentalismo, ou o caminho da aceitação mútua, do respeito mútuo, do acolhimento, do reconhecimento da legitimidade e da dignidade do outro, da co- operação, da co-elaboração, enfim, o caminho do viver e conviver no amar. A razão é simples: não existe “competição sadia”, pois, competição é sempre a negação do outro. A competição é a negação da convivência social. Toda e qualquer relação que se paute pela negação do outro, pela luta, pela busca do controle, pela busca da aniquilação do outro é uma relação que nega o social. É uma relação antissocial. É no tipo de relação eleita para ser adotada, entre as pessoas, por uma organização, que se poderá entender que o que existe de mais importante em qualquer organização social e em qualquer projeto comum é as pessoas que dela – a organização social – e dele – o projeto comum – fazem parte. De outra forma, e particularmente em organizações educacionais, a gestão colaborativa tem papel decisivo como incentivadora da co- inspiração e da liberaçãoda imaginação criativa decisiva para a aprendizagem humana em qualquer fase de sua vida. Todo gestor(a) de pessoas, numa perspectiva colaborativa, precisa se preocupar com as pessoas reais que fazem parte da organização. Para tanto, esse(a) gestor(a) deve estar sempre muito atento as emoções que estão sendo vividas pelas pessoas. É esse(a) gestor(a) que, ao fim e ao cabo, informará os possíveis tomadores de decisões operacionais nas organizações. A gestão colaborativa de pessoas, via construção de projetos comuns, pode ser um caminho inovador para edificarmos organizações sociais educacionais que se pautem na aceitação mútua, no respeito pelas diferenças, no acolhimento, na solidariedade, na generosidade, na ética, na equidade social, na rejeição da mentira e da corrupção, enfim, organizações que sejam fontes geradoras de amor entre as pessoas. Bibliografia FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à pratica docente. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. MATURANA, H. Cultura da gestão de pessoas na perspectiva da biologia cultural. [Entrevista concedida a] Káritas Ribas. Revista Observatório, Itaú Cultural, São Paulo, n. 26, p 174-183, dez. 2019. MATURANA, H. La democracia es una obra de arte. Colombia-Bogotá: Cooperativa Editorial Magistério, 1994). MATURANA, H. R. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: UFMG, 1998. MATURANA, H. R.; VARELA, F. G. A árvore do conhecimento: as bases biológicas do conhecimento humano. Campinas: Editora Editorial PSY, 1995. MATURANA, H. D’AVILA, X. El arbol del vivir. Santiago: MVP Editores, 2016. MATURANA, H.; D’AVILA, X. História de nuestro vivir cotidiano. Santiago: Editorial Planeta Chilena, 2019. Carlos Riquelme Cepeda, Chile Es licenciado en Filosofía y Doctor en Filosofía con mención en Filosofía Política por la Universidad de Chile, Master Internacional en Gestión Universitaria por la Universidad de Alcalá, España, Diplomado en Desarrollo Curricular Basado en Competencias por la Universidad de Santiago de Chile, Diplomado en TIC para la Docencia Universitaria por la Universidad Nacional de México (UNAM) y la Universidad Tecnológica Metropolitana (UTEM) en Santiago de Chile y certificado en Program on Innovative Teaching and Learning Laspau-Harvard. USA. Con experiencia en desarrollo de habilidades de pensamiento, innovación educativa, formación profesional, desarrollo docente y gestión en educación superior, actualmente se desempeña como académico en la Universidad Tecnológica Metropolitana en Chile. E-mail: carlos.riquelme@utem.cl mailto:carlos.riquelme@utem.cl Tecnologías, enseñanza remota y transformación. Notas sobre el impacto de las TIC en la vida de las Instituciones de Educación Superior Carlos Riquelme Cepeda Presentación A nivel mundial la emergencia sanitaria originada por la Covid-19 aceleró procesos de innovación, cambio y transformación digital en el contexto educativo. En tan solo un año, se produjo una vertiginosa carrera de adopción de las TIC al punto de impactar en todos los sistemas educativos de educación superior y especialmente, en los procesos de gestión y de formación, donde interactúan docentes y estudiantes, así como también las mismas instituciones. Como consecuencia de lo anterior, la enseñanza remota de emergencia se posicionó rápidamente como una modalidad alternativa en contexto de crisis, brindando posibles soluciones para proveer los recursos educativos de manera asequible y expedita, pero con la esperanza de volver a un estado anterior de la enseñanza una vez que la emergencia haya remitido. Considerando que las estrategias remotas realizadas por las instituciones formadoras finalmente dieron continuidad al proceso formativo, la presente reflexión toma como caso Chile en la búsqueda de definir el impacto que bajo este contexto de emergencia tuvieron las TIC en la vida de las instituciones de educación superior, atendiendo a relevar y caracterizar los nudos críticos que enfrentaron los cuerpos docentes en la modalidad del trabajo remoto para desarrollar aprendizajes en estudiantes y las acciones en materia de políticas, orientaciones y normativas que las instituciones formadoras pudieron desarrollar en el corto plazo para enfrentar este reto. Paradigma de la educación superior: tecnologías y transformación digital "Estamos al borde de una revolución tecnológica que modificará fundamentalmente la forma en que vivimos, trabajamos y nos relacionamos. En su escala, alcance y complejidad, la transformación será distinta a cualquier cosa que el género humano haya experimentado antes" (Schwab, 2016). Hubo un tiempo (no muy lejano) en que las Instituciones de Educación Superior públicas y privadas se consolidaban como espacios de vida democrática, confianza y seguridad en una sociedad globalizada, de grandes demandas por cambio cultural, político y social, pero también de consolidación progresiva de la revolución tecnológica que efectivamente terminó modificando la forma en que vivimos, trabajamos y nos relacionamos. En el plano social, este tiempo ha sido el de los desafíos para el progreso real y no utópico o como lo menciona Sacristán (2011), para el progreso disruptivo “equivalente a una utopía mitificada, dado que depende de las opciones que se tomen en cada momento” (p. 15) y que la ciudadanía en el mundo entero, dadas las posibilidades que entregaron los nuevos medios capaces de transformar las experiencias humanas, asumió como un acercamiento entre lo fáctico y lo ideal encontrando en los sistemas de enseñanza del nuevo siglo un lugar para su consolidación. Así fue el inicio del presente siglo, con instituciones y sistemas comprometidos con la voluntad de pensar a la Universidad desde reformas institucionales que, de cierto modo, garantizaron la instalación progresiva de un nuevo paradigma de enseñanza, de convivencia y educación, que además reconoció prontamente a la sociedad del conocimiento como la nueva forma habitar en la cultura global. Este paradigma de enseñanza y aprendizaje, es también el del “progreso disruptivo” (Sacristán, 2011, p. 15), rompiendo definitivamente con el siglo XX (sobre todo en América Latina) en lo que aún podía ser la idea de Universidad profesionalizante dada su función y de elite por su restricción en el ingreso (Bruner, 1990). Será también el paradigma de la transición hacia la consolidación del ingreso disruptivo de las grandes masas de estudiantes y de la democratización del espacio universitario reafirmando lo que definitivamente sugería Bruner (1990 p. 21) en la décadas de los noventa sobre el cambio de modelo de Universidad, es decir, que el reducido y apacible mundo de las universidades tradicionales, ese mundo de unos pocos jóvenes que lograban acceder a la enseñanza superior impartida por unas pocas instituciones acreditadas, se transformó en poco tiempo “en un mundo donde millares de jóvenes pudieron asistir a una de muchas instituciones que ofrecen una enorme variedad de carreras y certificados que ya nada tienen que ver con las “grandes profesiones” de antaño” (Bruner, 1990 p. 21). Desde este mismo paradigma la gestión del currículum, las prácticas de docencia, investigación y el aprendizaje estarán en estrecha alianza con el avance de las TIC, el proceso de globalización y la configuración de internet como un ámbito nuevo de relación que abarcara al conjunto de la humanidad (Tubella y Vilaseca, 2005). Asi las cosas, las tecnologías de información y comunicación (TIC), se constituyen como modernos medios que están vinculados al procesamiento de diferentes mensajes, cuyo soporte son señales digitales, que son transmitidas principalmente, aunque no de manera exclusiva, por el computador (Castells, 2012). De todas estas tecnologías, la que sin duda más ha contribuido a modificar tanto las relaciones socialescomo otros aspectos de la vida, inclusive el lenguaje, será internet, que se expande transformando los procesos industriales, comerciales y de comunicación (Castell, 2012). La configuración del paradigma En lo que se refiere a la configuración del paradigma, uno de los hitos importantes para las Universidades en Europa fue sin duda “Declaración de Boloña” en el año 1999, donde se sentaron las bases para una nueva visión de educación superior en Europa y también para la educación superior de América Latina y el Caribe, avanzando en lo que se conoce como el proyecto de integración en la formación profesional Tunig Europa y posteriormente Tuning América Latina (Maldonado, 2006). Esta nueva visión de la educación logra aproximarse lo suficiente a la idea de reducir la brecha entre lo fáctico y lo ideal (Sacristán, 2011), en la medida en que permitió avanzar desde un modelo de enseñanza y aprendizaje centrado en la transmisión de conocimientos y organizado en torno al docente a una enseñanza más aplicada y aprendizaje centrado en el trabajo del estudiante. Otro elemento sin duda relevante, se relaciona con el complejo entorno tecnológico que caracteriza hoy a nuestras sociedades; entorno que avanza y sin duda supera en ritmo a los espacios académicos. Es la anunciada cuarta revolución que “comenzó a principios de este siglo y se basa en la revolución digital, que se caracteriza por un internet más ubicuo y móvil. Por sensores más pequeños y potentes, que son cada vez más baratos y por la inteligencia artificial y el aprendizaje de la máquina” (Schwab, 2016, p. 20). Según Schwab (2016), hay tres conceptos que avalan y fundamentan lo que llama la cuarta Revolución Industrial, y que, por supuesto, la diferencian de las anteriores: - Velocidad: Al contrario de las anteriores revoluciones industriales, esta está evolucionando a un ritmo exponencial, más que lineal. Este es el resultado del mundo polifacético y profundamente interconectado, del hecho que la tecnología engendra a su vez nueva tecnología más nueva y más poderosa. - Amplitud y profundidad: Se basa en la revolución digital y combina múltiples tecnologías que están llevando a cambios de paradigma sin precedentes en la economía, los negocios, la sociedad y las personas. No solo está cambiando el “qué” y “cómo” sino el “quienes somos”. - Impacto de los sistemas: Se trata de la transformación de un sistema complejo entre (y dentro de) los países, las empresas, las industrias y la sociedad en su conjunto (p. 15). Estos conceptos han irrumpido en las últimas décadas de una forma poderosa, pero también irregular, en los distintos niveles y en los tipos de instituciones educativas, tanto en la forma de trabajo, de comunicación y de gestión, como en las necesidades de formación de las nuevas generaciones,y por tanto, en las opciones de aprendizaje que han comenzado a transformar la adquisición de conocimiento. El impacto que han tenido las TIC sobre la vida universitaria es un ejemplo del potencial didáctico de las tecnologías al integrar diferentes formas de expresar y comunicar experiencia. Los recursos multimedia son medios digitales y dispositivos que han permitido crear, almacenar y reproducir textos, imágenes, sonidos y animaciones, entre otros, utilizando como soporte básico el computador y cuya característica fundamental es la interactividad (Segovia, 2007). Finalmente, la entrada de las TIC al mundo de la educación puede ser vista como la aceleración de ciertos procesos ya existentes, pero también como la introducción de innovaciones en la “experiencia de aprendizaje” (Sacristán, 2011, p. 68). Por esta razón, es importante que las instituciones de formación considen un análisis crítico de la capacidad de transformación de los contextos vitales y las experiencias humanas de las TIC. Sin ir mas lejos, recordemos con Schwab (2016) que “Cuanto más pensamos en cómo aprovechar la revolución tecnológica, más nos examinaremos a nosotros mismos y analizaremos los modelos sociales subyacentes que estas tecnologías encarnan y habilitan, y tendremos más oportunidades de dar forma a la revolución de una manera que mejore el estado del mundo” (p.12). Lo relevante hoy, es que cualquier análisis crítico de la capacidad de transformación estará pensado con referencia al año en que se configuraron las condiciones más extremas que nos ha tocado vivir como sociedad, producto de la globalización del desconcierto y la propagación de los temores que surgieron de la pandemia y de todas sus consecuencias sobre el paradigma de la educación superior. Políticas, orientaciones y normativas para enfrentar el nuevo escenario: el caso de Chile Los nuevos desafíos para el conocimiento humano y los retos mucho más complejos para los sistemas de educación producto de la globalización, hicieron suponer, por una parte, que los avances en la tecnología de la información y su adopción en el mundo académico irian más deprisa que “nuestra comprensión sobre cómo usarlos para potenciar la experiencia educativa” (Garrison & Anderson 2005, p. 25); y, por otra parte, que permitirían presagiar la aparición de una nueva forma de gobernanza que exige a las instituciones educativas replantear sus estructuras y procesos, reclamando un liderazgo directivo y docente con nuevas habilidades de gestión del cambio. Efectivamente, en las últimas décadas las prácticas de enseñanza estarían interpeladas por la intromisión de las TIC, sin embargo, aún sería de una manera complementaria a la experiencia de la presencialidad; experiencia que constituye sin duda alguna la forma de vinculación y contacto entre los actores de los sistemas de enseñanza universitaria. No obstante lo anterior, a partir del año 2020 emerge un escenario que ningún sistema educativo en el mundo podría adelantar o imaginar. En pocos meses las TIC pasarían de ser un apoyo adicional mediante internet a la educación tradicional, con base en la presencialidad y el aula física, a transformarse en el pilar fundamental de un escenario sorprendente en el que nuevas formas de enseñanza y aprendizaje se tendrían que posicionar aceleradamente para afrontar el distanciamiento físico y social que exige la situación de pandemia en el mundo. La configuración de una modalidad remota de emergencia y que pronto pasaría a mixta o híbrida colocarían a prueba la organización de los entornos de aprendizaje y las capacidades antiguas y nuevas relacionadas con la gestión y el aprendizaje digital para la solución de estos nuevos problemas. A partir de la incertidumbre y los cambios generados por el escenario descrito, desde las instituciones de educación superior, se comienza a desarrollar en el mundo y en Chile una prolífica reflexión sobre las políticas, orientaciones y normativas que podrían responden con algún sentido de guía a los desafíos que impondrían ciertos nudos críticos relacionados con la adopción de las TIC como herramientas de un modelo nunca antes ponderado por el sistema de educación superior. Un ejemplo de esta reflexión global, fue el informe COVID-19 (2020) elaborado por el equipo técnico del Instituto Internacional de la UNESCO para la Educación Superior y que observó los impactos inmediatos de la pandemia en el sistema de educación superior universitaria, tanto para los actores del proceso formativo como la comunidad institucional, provocando desafortunadamente crisis a mediano y largo plazo. Así también en Chile, y en referencia a la Educación Superior Técnico Profesional, el informe técnico titulado La Educación Superior Técnico Profesional frente al Covid-19, elaborado por la Unidad de Estudios integrada por el Centro de Políticas Comparadas de Educación de la Universidad Diego Portales y el Consejo de Rectores de Institutos Profesionales y Centros de Formación Técnica Acreditados, Vertebral (2020) estudió los efectos de la crisis en la educación técnico profesional,tanto en las instituciones formadoras nacionales como un marco comparativo con otros países de nivel mundial, registrando sus experiencias exitosas y la forma de aprender de ellas. Entre las conclusiones del informe, se destaca que los países comparados han empleado distintas maneras para enfrentar esta crisis. Particularmente, el estadounidense, ha adoptado un enfoque descentralizado, dejando a criterio de los estados las medidas académicas y financieras para asegurar la continuidad de la formación técnico profesional. En cambio, el sistema australiano, colombiano, español y británico han dado respuestas académicas y financieras alineadas desde el gobierno central con participación de los diversos actores. Con respecto al Ministerio de Educación chileno, encontramos que a partir del año 2020 se implementa una plataforma virtual que permite conocer un nuevo Sistema de Acceso a Educación Superior Técnico-Profesional, donde la Subsecretaría de Educación Superior, en conjunto con el Comité Técnico de Acceso a la Educación Superior Técnico Profesional, definieron el proceso de información para la admisión compuesto por centros de formación técnica estatales y privados e institutos profesionales. Estas instituciones de educación superior tendrán ahora que entregar información pertinente sobre su oferta académica con más de 3 mil carreras. Junto a esto, el Ministerio de Educación impulsó nuevas políticas de acceso a la educación universitaria y técnico profesional, utilizando instrumentos de ingreso, como por ejemplo las calificaciones de Enseñanza Media, reconocimiento de aprendizajes previos y la valoración de la experiencia laboral, aumentando considerablemente las oportunidades de acceso y el reconocimiento de las trayectorias educativas y laborales. El nuevo escenario, la enseñanza remota de emergencia y sus problemas La suspensión las actividades docentes presenciales en el sistema de Educación Superior, trajo consigo la necesidad de tomar resguardos de aislamiento social y limitaciones en las actividades regulares (MINEDUC, 2020). Además, coincidentemente la movilizaciones estudiantiles y paralizaciones de actividades producto del llamado “estallido social” de octubre del año 2019 en Chile, terminarán siendo el incentivo definitivo para el cese casi total de las actividades regulares y su paulatino reemplazo por una educación a distancia. Inevitablemente en el corto plazo se configurará, particularmente para la Educación Superior Técnico Profesional (ESTP), una serie de dificultades relacionadas con la apropiada adquisición de competencias claves para la inserción en el mercado laboral, la adecuada docencia predominantemente práctica y la continuidad en el sistema de los estudiantes que pertenecen a los sectores de menores recursos de la población (Paredes & Sevilla, 2017). Junto a estas dificultades existirán otras que provienen de la escasa posibilidad de transformar las modalidades presenciales de las prácticas tempranas, prácticas profesionales y aprendizajes desarrollados en la industria y empresas las que al haber adoptado las medidas de cuarentena, interrumpieron la coordinación y articulación necesaria entre las empresas, los docentes y estudiantes. Sobre la educación remota de emergencia A partir del nuevo escenario de distanciamiento y de incertidumbre en la continuidad de los estudios, las Instituciones de Educación Superior chilenas tuvieron que prepararse vertiginosamente para un tipo de educación remota de emergencia que implicó una demanda de mayor inversión institucional en el desarrollo de capacidades tecnológicas, diseño de sistemas de aprendizaje virtual y desarrollo de habilidades digitales en los docentes. Así también, sería clave la responsabilidad en el plano de la autorregulación y del control interno de la calidad de sus programas y proyectos educativos. Para los centros formativos, la educación implicaría ahora una adaptación de la enseñanza, tal como la representaban en sus políticas y reglamentos, a un contexto no presencial, donde la enseñanza remota de emergencia se transformaría en una alternativa viable (y exigible) para enfrentar el cambio en la medida en que los docentes logran dar un giro a su práctica, transformando e innovando en metodologías que permitan mantener sus clases de manera digital, asegurando la confianza en la calidad de los aprendizajes de sus estudiantes. Efectivamente, la enseñanza remota de emergencia representará un cambio temporal y abrupto de la pedagogía, ocasionado por el contexto de crisis, la que buscará proporcionar acceso a los recursos de enseñanza de una forma expedita y útil (Hodges, Moore, Lockee, Trust & Bond, 2020). Cotino (2020) destacará que la educación digital en contexto de pandemia se convierte en una oportunidad para mejorar la educación y dejar atrás una educación obsoleta del siglo XX. Mientras tanto, García (2020) sostendrá que la docencia del hogar es una alternativa necesaria en tiempos de Covid 19, donde se conjugan variables como el diseño del curso, las actividades, la autonomía del estudiante, la gestión del tiempo, la interacción del profesor con el estudiante, entre otros. En definitiva, el cambio demandaría no solo la reinvención de la enseñanza para un contexto remoto y virtual, sino además la aceptación de la posibilidad real de que la situación de emergencia se convirtiera finalmente en la nueva norma. Ante esto, los docentes del sistema también se enfrentarían a dificultades importantes. Por ejemplo, con el fin de asegurar la calidad de la educación remota gracias a las nuevas capacidades docentes y formas de trabajo, Educación Mesa Social Covid-19 (2020), destaca que esta situación emergente implica “nuevas habilidades profesionales para, por ejemplo, saber cuándo y para qué seleccionar los distintos recursos y mantener la conexión con estudiantes, a través del aprendizaje colaborativo y estimular el aprendizaje autónomo” (p. 5). Los nudos críticos que enfrentaría la enseñanza remota de emergencia en Chile Dada la emergencia sanitaria, emerge entonces la enseñanza remota de emergencia como un concepto alternativo para referirse a un cambio de modalidad distinta a la virtual y presencial en la entrega formativa en el contexto de crisis. Esta enseñanza brindaría posibles soluciones para proveer los recursos educativos de manera asequible y expedita, sin embargo, potencialmente se espera la vuelta al formato original, una vez que la emergencia haya remitido (Hodges, Moore, Lockee, Trust & Bond, 2020). El Banco Interamericano de Desarrollo (2020), a este respecto, destacaría que los países consideraron diversas iniciativas de enseñanza remota, con el propósito de brindar soluciones de corto plazo y mantener la continuidad de los procesos de enseñanza aprendizaje. Los Ministerios de Educación tendrían “recursos educativos impresos digitalizados (ej. libros de texto, bibliotecas, etc.), portales educativos y recursos en línea para estudiantes y docentes. Pocos países contaban con plataformas de contenidos y sistemas de gestión de los aprendizajes” (p. 4). En general, los recursos educativos estaban diseñados para una educación de tipo presencial o modalidades de aprendizaje en línea, pero no completamente en forma remota. Ante tal la situación, el MINEDUC (2020) en Chile haría notar ciertos nudos críticos relacionados con la educación básica y secundaria, pero que también rigen con toda autoridad para la educación superior. Estos nudos críticos se relacionan con el aumento de la brecha y la desigualdad en los estudiantes de entornos socioeconómicos vulnerables, los que serían los más afectados por la paralización de clases presenciales. Asimismo, la creciente diversidad que existiría entre los estudiantes; el avance que cada uno haya podido realizar en el contexto de emergencia estará siempre sujeto a múltiples contingencias que traerían como consecuenciael surgimiento de distintas necesidades educativas (p. 4). Al respecto, Murillo y Duk (2020) declaran que “desgraciadamente hay demasiados estudiantes que no cuentan con ese recurso, ni con las condiciones materiales, ambientales y de espacio para poder beneficiarse de esta opción” (p. 12) y por tanto, es una alternativa llevadera solamente para los estudiantes que cuentan con las condiciones de acceso a internet y tienen un equipo computacional apropiado en casa. Ante este panorama, la Propuestas Educación Mesa Social Covid-19 (2020) plantea que es “un hecho que las conexiones a internet no están al alcance de todos y en muchos casos acceder a través de un teléfono móvil no asegura condiciones para un sistema de gestión de aprendizajes virtual” (p. 10). Por lo tanto, para poder asegurar el acceso y calidad educativa será necesario generar las acciones para ofrecer y brindar las condiciones mínimas de operación para la modalidad educativa de enseñanza remota. Consideración final Claramente el contexto de digitalización, la crisis y la incertidumbre de su duración, se convierten en la oportunidad propicia para acelerar tanto la consolidación del uso efectivo de las TIC como recursos para personalizar las prácticas docentes, así como también “(…) aprovechar las ventajas de la educación online como la posibilidad de personalizar la formación y reforzar los puntos débiles de cada alumno” (OEI, 2020, p. 9). Hoy los modelos pedagógicos enfrentan una situación compleja. La aceleración de la disolución de la clase, del taller, de las prácticas, los laboratorios en las plataformas virtuales. Efectivamente, el nuevo panorama conlleva a exigir cambios en el modelo organizacional, el modelo pedagógico y en las prácticas educativas que ya habíamos adoptado entrado el siglo XXI producto de las nuevas tecnologías. El propósito en los nuevos modelos será buscar un sistema de aprendizaje efectivo, donde las instituciones puedan resolver las diferencias en la accesibilidad y conectividad de internet. La equidad en el acceso de los/las estudiantes queda desafiada por la disponibilidad de equipamiento adecuado y calidad de la red, acentuando así las diferencias en las oportunidades y profundizando aún más las brechas educativas y sociales que persistían, pero que no se habían visto relevadas y que tanto los docentes como los estudiantes deben continuar gestionando para generar un proceso formativo adecuado a las circunstancias inciertas. Referencias Bibliográficas Banco Interamericano de Desarrollo (2020). La educación en tiempos del coronavirus: Los sistemas educativos de América Latina y el Caribe ante COVID- 19. 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Integrante do Grupo de Pesquisa KITANDA: Educação e Intercultura, coordenado pelo Professor Dr. Valdo Barcelos (UFSM), grupo cadastrado no CNPq. Líder do Grupo 1D3D (Educação e Cultura), tendo como projetos: “Escritores da Nossa Terra” e “Cultura em Pauta”. Coordenador do Conselho Editorial do Grupo LABIRINTOS; Membro do Conselho Editorial da Editora CAXIAS. Coordenador do Conselho Editorial do Grupo 1D3D. E-mail: professorpasini@gmail.com mailto:professorpasini@gmail.com Ensaio contra uma hipocrisia intercultural Carlos Giovani DelevatiPasini A educação intercultural é uma teoria que busca a manutenção do respeito à cultura do outro. Essa interculturalidade preserva a diversidade e a singularidade no ato de educar, de acordo com os saberes do próprio local, mas não desconsiderando os universais. A preservação da interculturalidade predispõe o respeito à individualidade e significa tentar compreender a historicidade do outro, ou seja, entender a leitura e a cultura que esse outro carrega “sobre seus ombros”. Da mesma forma que está aliada à individualidade, pois a cultura é do humano, também está condicionada a uma coletividade intrínseca, tendo em vista que um humano não está humanizado ou aculturado por si só, mas também pela interação socioemocional13 com outros de mesma espécie. Nesse sentido, há a necessidade de compreendermos uma palavra que está em voga na atualidade e que todos chamam de “empatia”. A melhor definição de empatia que já ouvi foi a fornecida pela filósofa Lúcia Helena Galvão da Nova Acrópole14. Ela afirmou que empatia não é somente colocar-se no lugar do outro, mas, sim, tentar despir-se da própria historicidade e buscar incorporar a vivência do outro, respeitando as suas leituras de vida. Portanto, para entendermos a educação intercultural é necessário compreendermos pontos de vista sobre o que é a educação, mas com empatia. Incontáveis são os conceitos de educação. Segundo a professora Nelly Alleoti Maia (1996) “Toda a educação é aprendizagem, mas nem toda a aprendizagem é educação.” Ela 13 Ver Augusto Cury – Inteligência Socioemocional. 14 Palestra ministrada pela filósofa Lúcia Helena Galvão integrante da Nova Acrópole. Disponível em: www.youtube.com/watch?v= dC2Pgt0UqUQ&t=1474s. Acesso em: 23 fev. 2023. continua explicando que muitas coisas que são aprendidas podem levar à falta de educação: o ladrão rouba e o vigarista engana; exemplos de comportamentos aprendidos, mas que ao invés de integrar, marginalizam as pessoas. Um presidente de um país qualquer pode montar estruturas corruptas de desvio de dinheiro, construindo organizações criminosas que envolvem a elite financeira da nação. Isso é aprendizagem, mas não é educação. Ao contrário, a educação é composta de ensinamentos e aprendizagens que contribuem para a interação social e favorecem o processo de aperfeiçoamento e aculturamento do humano, para ele possuir atitudes que o agregue aos grupos sociais, além de adquirir conhecimentos para agir em benefício da sociedade. A propagação da educação proporciona a conservação da herança social15, na medida em que os valores e as tradições dos povos são perpetuados de uma pessoa para outra, com naturais modificações, por intermédio da proliferação da cultura. Além disso, a educação é essencial para a ação e a mudança social16. Somente com o acesso ao conhecimento é que o cidadão poderá mudar suas condutas e verdadeiramente “humanizar-se”. Com isso, conseguirá influenciar as atitudes de sua época, de forma geral e global. Portanto, progredir dentro da cultura possui uma parte fixa e outra mutável, ou seja, que não é estanque, que possui uma base, mas está em constante mutação. O grande desafio contemporâneo está no indivíduo colocar a educação em contato com a cultura local e global privilegiando o saber local (BHABHA, 2010), a partir do qual se torne intrínseca a valorização das relações e interações – a interculturalidade – sempre focada na diversidade e no respeito ao outro. 15 A herança social também chamada de herança popular ou herança cultural, trata-se das características típicas de um grupo social, uma cultura ou classe que são transmitidas para os seus descendentes, como as tradições, histórias, língua, ideias, culinária e demais fatores culturais. 16 A mudança social é a transformação da sociedade e do seu modo de organização. Decorre de hábitos e costumes que deixam de fazer ou que começam a fazer parte do cotidiano das pessoas. Os diálogos pós-queda do muro de Berlim e dizimação da URSS, bem como após o fatídico 11 de setembro, circulam, algumas vezes, sobre as questões culturais pautadas na reflexão acerca de uma diversidade e nos confrontos e encontros vividos entre nações, estados, gerações, etnias, grupos, entre outros. Essas conversações estão impregnadas pelo espírito de épocas e tempos, com as mais variadas relações estabelecidas pela História e com ideologias beligerantes. Mas existe uma transformação constante das velhas identidades. As velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. A assim chamada “crise de identidade” é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processo centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. (HALL, 2006, p.7). A mutação das velhas identidades em uma humanidade de fronteiras mais “líquidas” ampliou as relações com o outro, o estrangeiro, sendo favorecida a educação intercultural, o que naturalmente aproximou as diferentes culturas, de povos distintos ou pelo menos de localidades distintas. As facilidades de deslocamento beneficiaram, também, um acréscimo da comunicação entre os que eram distantes. Em contrapartida, novamente guerras de abrangência mundial se aproximam do horizonte temporal, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, em uma contenda que se arrasta até os dias atuais17. Novamente, voltamos à filósofa Lúcia Helena Galvão, que realiza uma reflexão sobre o avanço humano. Segundo ela, a tecnologia avançou, a ciência também. Mas o humano enquanto 17 Escrevo esse artigo em artigo fevereiro de 2023, cerca de um ano do início do conflito. Nas primeiras horas de 24 de fevereiro de 2022, bombas russas começaram a cair sobre Kiev e tropas de infantaria marcharam sobre cidades do leste e sul da Ucrânia. ser social está melhor do que na Idade Média? Está melhor que os intelectuais que viviam em período anterior, na cidade de Atenas? Uma das maneiras de potencialização do diálogo entre as culturas individual e coletiva ocorre ao se dar uma atenção especial aos aspectos decorrentes das relações interculturais que resultam do movimento de circulação das pessoas entre os locais de habitação. Quanto mais distante do seu “local da cultura”, mais o humano tende a aprender a conviver, que nada mais é do que viver com. O contato entre as diferentes culturas possibilita o encontro/confronto de costumes distintos, ou seja, dos hábitos, crenças, ideologias etc., fazendo com que cada cultura saia da interação-relação diferentemente da forma como entrou. Existe a possibilidade da troca e do diálogo, ou mesmo do confronto de diferenças, o que propicia a consequente transformação das atitudes e, posteriormente, da própria cultura. Esse lugar de entrecruzamento, de intersecção, é denominado por Bhabha (2010) como o lugar fronteiriço. A fronteira metafórica18 é composta dos valores e costumes tanto de um lugar como os do outro, tanto de um indivíduo quanto do outro, especialmente quando se transita por locais divergentes aos nossos costumes. É no lugar fronteiriço que ocorrem os encontros com o ‘estranho’, o estrangeiro, o desconhecido, proporcionando a experiência do além-limite. Ir um passo adiante de nossas divisas aumenta os próprios conflitos internos e, depois da acomodação piagetiana, surge a expansão dos horizontes. Tudo o que é novo causa um sentimento de desconhecido e o consequente medo, com a busca da autopreservação. Assustar- se com o nunca visto reside no fato de que a maioria dos conhecimentos naturais e humanos está fora da gente; sempre deixaremos de apreciar fenômenos e ciências, infelizmente. Por 18 Todos temos os nossos limites e as nossas fronteiras metafóricas que diariamente contatam
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