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Sistema endócrino Apresentação Nesta Unidade de Aprendizagem estudaremos o Sistema Endócrino que, juntamente com o Sistema Nervoso, é o responsável pela coordenação das funções de praticamente todos os órgãos do nosso organismo. O Sistema Endócrino é composto por glândulas que produzem hormônios que são liberados na corrente sanguínea e atuam nos órgãos-alvo. As glândulas que compõe o Sistema Endócrino são: hipófise, tireoide, paratireoides, pineal, adrenal e pâncreas endócrino. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar a função das glândulas endócrinas que compõem o Sistema Endócrino (tireoide, paratireoide, adrenal, hipófise, pineal e pâncreas endócrino). • Identificar os componentes histológicos de cada glândula endócrina (tireoide, paratireoide, adrenal, hipófise, pineal e pâncreas endócrino). • Diferenciar as glândulas endócrinas quanto às suas regiões, estruturas, localização no organismo e hormônios sintetizados. • Desafio A hipófise é uma glândula endócrina muito importante na regulação das funções do nosso corpo, pois sintetiza muitos hormônios que agem em diferentes órgãos. De acordo com a Tabela 10-1 da obra "Histologia e embriologia humanas: bases celulares e moleculares. EYNARD, Aldo R, 4. ed.", faça um resumo das células, dos hormônios produzidos por elas e da ação desses hormônios nos diferentes locais do nosso corpo: Infográfico O sistema endócrino é constituído por glândulas que produzem hormônios que são liberados na corrente sanguínea e atuam em órgãos-alvo. As glândulas que o compõem são: hipófise, tireoide, paratireoides, pineal, adrenal e pâncreas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://grupoa-edtech.grupoa.education/object/ffFVNkvlQSCRajnp32Zcyw Conteúdo do livro Diariamente, os hormônios ajudam a manter a homeostasia corporal. Com diversas composições químicas, eles atuam regulando a atividade dos músculos e de outras glândulas; alteram o metabolismo; estimulam o crescimento e o desenvolvimento corporal; regulam o desenvolvimento e funcionamento dos sistemas genitais masculino e feminino, influenciando nos processos reprodutivos; e participam dos ritmos circadianos estabelecidos pelo hipotálamo. Essas e outras funções fazem com que o sistema endócrino seja de extrema importância para o correto funcionamento do organismo e quando alterado, esteja associado ao desenvolvimento de inúmeras doenças ou condições patológicas. Neste capítulo, você vai estudar as glândulas endócrinas que compõem o Sistema Endócrino, com atenção especial à localização e composição celular das glândulas tireoide, paratireoide, adrenal, hipófise, pineal e pâncreas, bem como às funções dos hormônios por elas produzidos. Boa leitura. HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Caracterizar a função das glândulas endócrinas que compõem o sistema endócrino (tireoide, paratireoide, adrenal, hipófise, pineal e pâncreas en- dócrino). > Identificar os componentes histológicos de cada glândula endócrina. > Diferenciar as glândulas endócrinas quanto às suas regiões, estruturas, localização no organismo e hormônios sintetizados. Introdução O sistema endócrino é composto principalmente por glândulas macroscópicas com localização e função definidas. As glândulas endócrinas têm sua importância na regulação e integração de diversos processos biológicos, por meio da produção e secreção de mensageiros químicos, os hormônios. Os hormônios, por sua vez, podem ser constituídos por diferentes biomoléculas, como lipídios, proteínas e aminoácidos, principalmente a tirosina. Sua ação se dá de forma genérica, regulando diferentes órgãos, ou de forma específica, quando um hormônio é produzido para atuar em células de um órgão em particular. Neste capítulo, você vai conhecer quais são as principais glândulas que com- põem o sistema endócrino, bem como suas localizações no corpo humano, estru- turas, origem embriológica, organização histológica e os hormônios produzidos por cada uma delas. Sistema endócrino Lucimara Rodrigues Carobeli Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Componentes do sistema endócrino O corpo humano possui dois principais tipos de glândulas, as exócrinas e as endócrinas. As glândulas exócrinas secretam seus produtos em ductos que os transportam para uma cavidade interna ou para a superfície externa do corpo, como ocorre com as glândulas salivares. Por outro lado, nas glândulas endócrinas ocorre a produção e liberação de hormônios no líquido intersticial, que em seguida passam para a corrente sanguínea e são distribuídos para todo o corpo. A partir de então, aquelas células que possuem receptores específicos para os hormônios em questão responderão de acordo com sua ação (TORTORA; DERRICKSON, 2017). O sistema endócrino é composto por hipófise, glândula pineal, tireoide, paratireoides, adrenais (também chamadas suprarrenais) e pâncreas, que figuram como glândulas endócrinas. Além disso, órgãos como hipotálamo, timo, ovários, testículos, fígado, intestino e tecido adiposo, apesar de não serem órgãos essencialmente endócrinos, contam com células que secretam hormônios e compõem este sistema. A Figura 1 apresenta um panorama geral dos principais órgãos que compõem o sistema endócrino de homens e mulheres. Sistema endócrino2 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Figura 1. Representação esquemática da localização dos principais órgãos endócrinos do corpo humano. Fonte: Adaptada de OpenStax & Tomáš Kebert & umimeto.org (2020, documento on-line). Glândula pineal Hipófise Paratireoide Tireoide Glândula adrenal Pâncreas Ovários Testículos É evidente a grande abrangência e complexidade do sistema que rege a homeostasia corporal, envolvendo inclusive glândulas cerebrais como a pineal, a hipófise e o hipotálamo, sendo que este último exerce o maior controle sobre o funcionamento das demais glândulas. O sistema endócrino inclui até mesmo órgãos reprodutores, que atuam na secreção de hormônios que exercem papéis importantes e diferenciados em cada fase da vida. Sistema endócrino 3 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Além das glândulas endócrinas, que serão estudadas com detalhes neste capítulo, os testículos masculinos e ovários femininos, chama- dos de gônadas por serem produtores de hormônios e gametas, exercem funções endócrinas importantes, principalmente relacionadas ao desenvolvimento sexual. Os testículos produzem a testosterona, responsável pela formação embrionária dos órgãos reprodutores masculinos e desenvolvimento de ca- racterísticas corporais masculinas. Enquanto isso, nas mulheres os ovários são responsáveis pela produção do estrogênio e da progesterona. O primeiro atua principalmente no desenvolvimento dos órgãos reprodutores femininos e na síntese de colágeno, enquanto o segundo atua na preparação do útero para a gestação e das mamas para a lactação. Para saber mais sobre a endocrinologia reprodutiva masculina e feminina, consulte, respectivamente, Hirsch (2021) e McLauglin (2022). Estrutura e formação das glândulas endócrinas Entender a origem dos tecidos e quais células os constituem é essencial para compreender seu funcionamento normal e as consequências de suas disfun- ções. A seguir, você verá como os órgãos glandulares do sistema endócrino se originam ainda na fase embrionária e quais são os tipos celulares que os formam e são responsáveis pelas suas funções endócrinas. Além disso, serão abordadas as principais características dessas células que nos permitem identificar e analisar tais tecidos com coloração histológica adequada e o uso da microscopia de luz. Origem embriológica Durante o desenvolvimento embrionário, a ectoderme neural origina o tubo neural, que dará origem ao sistema nervoso central. Conforme representadona Figura 2, na porção dorsolateral do tubo neural surge uma população de células que formam a chamada crista neural. Essas células se desprendem do tubo neural e migram para diferentes regiões do embrião, originando, além do sistema nervoso periférico, um conjunto variado de células não neurais, que incluem células que formarão órgãos endócrinos como tireoide, paratireoide e parte da glândula adrenal (NAZARI; MULLER, 2011). Sistema endócrino4 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Figura 2. Representação esquemática da origem neural das células endócrinas. Crista neural Células que vão dar origem ao sistema nervoso periférico Células que vão dar origem a órgãos endócrinos Ectoderme Tubo neural A glândula adrenal apresenta duas regiões com origens embriológicas diferentes: seu córtex, que tem origem no epitélio mesodérmico, e a medula, que se origina de células da crista neural, e portanto, tem origem neuroec- todérmica (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). O pâncreas é formado a partir dos brotos dorsal e ventral, brotamentos endodérmicos do intestino primitivo, próximo à formação do duodeno. Com a rotação do estômago, a parte inicial do duodeno se desloca e o broto ventral se aproxima do broto dorsal. A fusão de ambos originará a cabeça do pâncreas, e o restante do órgão se forma a partir do broto dorsal. Completando a origem das principais glândulas endócrinas, a hipófise é formada a partir da ectoderme. Mais especificamente, a adeno-hipófise se origina da ectoderme superficial, enquanto a neuro-hipófise é formada diretamente do tubo neural, compartilhando a origem embriológica com outras estruturas como encéfalo, medula e retina (NAZARI; MULLER, 2011). Organização histológica Em relação à organização histológica, os tecidos glandulares se formam a partir do epitélio de revestimento pela proliferação de suas células, que invadem o tecido conjuntivo subjacente e se diferenciam de acordo com suas funções celulares. Quando as células se mantêm conectadas à superfície epitelial, um ducto é formado, e a secreção é direcionada para a superfície através desse ducto, o que caracteriza uma glândula exócrina. Quando as células perdem essa conexão, a secreção é liberada para os vasos sanguíneos, formando o que chamamos de glândula endócrina (MONTANARI, 2016). Sistema endócrino 5 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 As glândulas endócrinas podem ser classificadas em foliculares ou cor- donares, de acordo com a conformação das células epiteliais que as formam. Conforme Junqueira e Carneiro (2013), no arranjo folicular as células se apre- sentam em folículos ou vesículas, onde se acumula o produto de secreção da glândula. Este é o caso da tireoide, composta por milhares de folículos tireoidianos, constituídos por um epitélio simples, que contém uma substância gelatinosa chamada coloide em seu interior (Figura 3). Figura 3. Corte transversal corado em hematoxilina e eosina (HE) evidenciando folículos tireoidianos preenchidos com coloide (*), substância precursora do hormônio tiroxina. À direita, observa-se o tecido da glândula paratireoide, disposto em cordões densos ao redor de capilares Fonte: Adaptada de vetpathologist/Shutterstock.com. Outro tipo celular encontrado na tireoide é a célula parafolicular, que geralmente aparece em agrupamentos isolados entre os folículos tireoidianos. A glândula é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo frouxo que envia septos para o parênquima. Os septos se tornam gradualmente mais delgados ao alcançarem os folículos, que são separados entre si principalmente por fibras reticulares. Por sua vez, o arranjo cordonal é caracterizado quando as células se dis- põem enfileiradas, formando cordões separados por capilares sanguíneos. As células secretoras das glândulas paratireoide, adrenal e adeno-hipófise apresentam conformação cordonal (MONTANARI, 2016). Sistema endócrino6 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 A paratireoide é na realidade composta por quatro pequenas glândulas, geralmente localizadas nos polos superiores e inferiores da face dorsal da tireoide. O parênquima da paratireoide é formado por células epiteliais dis- postas em cordões separados por capilares sanguíneos (Figura 2). Dois tipos celulares distintos são encontrados: as células principais e as células oxífilas. As primeiras são as predominantes, pois secretam o paratormônio, assumindo forma poligonal, núcleo vesicular e citoplasma fracamente acidófilo. Já as células oxífilas aparecem na infância e aumentam sua quantidade progres- sivamente. São poligonais, maiores e mais claras que as células principais (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). A glândula adrenal é, na realidade, formada por duas glândulas menores com forma piramidal, localizadas logo acima de cada rim. De modo geral, a adrenal é recoberta por uma cápsula de tecido conjuntivo e gordura, com septos, nervos, vasos sanguíneos e linfáticos que penetram no interior do órgão (TORTORA; DERRICKSON, 2017). A região interna da adrenal é dividida em córtex e medula. A medula é bastante homogênea, contendo células de coloração basófila, com citoplasma granular onde são armazenados seus hormônios baseados em peptídeos. Essa região também contém muitos canais venosos que drenam o sangue do córtex, passam pela medula e fluem para a veia medular. A região cortical das glândulas adrenais possui células especializadas na produção de hormônios esteroides, que são derivados de lipídios. Por isso, contém grande quantidade de retículo endoplasmático liso, já que é nessa organela que ocorre a síntese dos hormônios esteroides. Ali também são encontradas mitocôndrias, que, além de possuírem enzimas envolvidas na síntese, fornecem energia para todo esse processo. A abundância dessas organelas membranosas torna o citoplasma das células do córtex da adrenal eosinofílico. Outra característica observável na microscopia, é a presença de gotículas de lipídios precursores dos hormônios, que conferem um aspecto vacuolizado ao citoplasma. Conforme observa-se na Figura 4, além de sua cápsula e da medula, o córtex da adrenal pode ser subdividido em três camadas concêntricas: zona glomerulosa, zona fasciculada e zona reticulada. Sistema endócrino 7 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Figura 4. Corte histológico da adrenal (coloração HE) evidenciando as transições entre a cápsula, as regiões do córtex e a medula. Fonte: Adaptada de Bowen (2022, documento on-line). Cápsula Zona glomerulosa Zona fasciculada Zona reticulada Medula Eis as características principais de cada uma dessas camadas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). � Zona glomerulosa: mais externa, onde são secretados os mineralo- corticoides por células dispostas em aglomerados ovoides irregulares circundados por trabéculas que contêm capilares. � Zona fasciculada: região intermediária do córtex adrenal, onde células dispostas em cordões, circundadas por fios finos de tecido de susten- tação, secretam glicocorticoides. � Zona reticulada: camada mais interna, que secreta hormônios andró- genos e pequenas quantidades de glicocorticoides. Contém células pequenas, com pouca reserva de lipídios e dispostas em cordões irregulares que formam uma rede anastomosada. A glândula pineal, localizada na extremidade posterior do terceiro ventrí- culo, contém basicamente dois tipos celulares, pinealócitos e astrócitos. Em cortes corados por hematoxilina e eosina (HE), os pinealócitos adquirem cito- plasma basófilo e núcleos de perfil irregular, contendo nucléolos evidentes. Representando 95% das células da pineal, os pinealócitos são responsáveis pela produção da melatonina. Por sua vez, os astrócitos apresentam núcleos alongados e mais escuros, com prolongamentos citoplasmáticos e grande quantidade de filamentos intermediários (TAPP; HUXLEY, 1972). A hipófise, encontrada na base do cérebro, com cerca de 1 cm de diâmetro, é composta de tecido neural (neuro-hipófise) eglandular (adeno-hipófise), vistos na Figura 5. A maior parte da adeno-hipófise é formada pela pars distalis (parte distal), tecido com cordões de células epiteliais cercadas por vasos sinusoides. Tecidos corados com HE evidenciam três tipos celulares epiteliais que refletem diferentes conteúdos hormonais: acidófilos, com citoplasma vermelho ou laranja e contendo os hormônios polipeptídicos; basófilos, com citoplasma azulado e contendo os hormônios glicoproteicos; e Sistema endócrino8 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 cromófobos, com citoplasma fracamente corado, pois não contêm hormônios (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). Figura 5. Corte sagital da hipófise unida ao hipotálamo (parte superior, rosa claro), corado pela técnica de aldeído-tionina para mostrar a neurossecreção, que evidencia a adeno-hipófise (em roxo, à esquerda) e a neuro-hipófise (parte inferior, laranja e rosa). Fonte: Adaptada de Jose Luis Calvo/Shutterstock.com. A neuro-hipófise, também chamada pars nervosa (parte nervosa), é com- posta por cerca de 100 mil axônios não mielinizados de neurônios neuros- secretores hipotalâmicos, que secretam ocitocina e hormônio antidiurético. Além dos axônios, a neuro-hipófise contém células gliais chamadas pituícitos. Os depósitos de neurossecreções formam estruturas conhecidas como cor- pos de Herring, áreas dilatadas na porção terminal dos axônios visíveis ao microscópio de luz (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). Também é importante saber que existem glândulas chamadas mistas, pois apresentam funções ao mesmo tempo exócrinas e endócrinas, como o pâncreas, por exemplo. Sua porção exócrina acinosa, composta por células serosas, libera o suco pancreático no duodeno, enquanto a porção constituída pelas ilhotas de Langerhans são glândulas endócrinas cordonais, em volta das quais existe uma rede de capilares sanguíneos e uma fina camada de tecido conjuntivo que envolve a ilhota e a separa dos demais tecidos pancreáticos. O pâncreas possui mais de 1 milhão de ilhotas de Langerhans, ou apenas ilhotas pancreáticas, constituídas de células poligonais ou esféricas, com cromatina pouco compactada e citoplasma róseo quando corado com HE, contrastando com os ácinos serosos adjacentes. Como mostra a Figura 6, as Sistema endócrino 9 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 células Alfa (α) estão na periferia da ilhota e secretam o hormônio glucagon. As células Beta (β) são as mais abundantes e responsáveis pela secreção de insulina e amilina. Por fim, as células Delta (δ) estão em menor quantidade e produzem somatostatina (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). Figura 6. Anatomia fisiológica de uma ilhota de Langerhans, correspondente à unidade formadora da porção endócrina do pâncreas. Fonte: Adaptada de periyanayagam/Shutterstock.com. Ilhota de Langerhans Célula delta Célula alfa Célula beta Hemácias Ácinos pancreáticos Funções hormonais Você já aprendeu que o sistema endócrino envolve diversos órgãos e estru- turas corporais e que os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas regulam funções primordiais para a nossa sobrevivência. A partir de agora, serão apresentadas em detalhes as funções dos hormônios que cada glândula endócrina produz e os principais prejuízos à saúde relacionados às suas disfunções. Tireoide A tireoide fica localizada abaixo da laringe e acima da traqueia, assumindo forma semelhante a uma borboleta, sendo composta por dois lobos, direito e esquerdo. Nesta glândula, são produzidos os hormônios tiroxina (T3), tri- Sistema endócrino10 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 -iodotironina (T4) e calcitonina, sob regulação dos sinais de produção ou inibição gerados pela hipófise, por meio do hormônio tireoestimulante (TSH). Os hormônios T3 e T4 são sintetizados a partir do aminoácido tirosina e do iodo obtido pela alimentação. Esses hormônios estimulam a síntese proteica e o consumo de oxigênio no organismo, aumentando a quantidade e a atividade das mitocôndrias. Além disso, promovem maior absorção de carboidratos no intestino e regulam o metabolismo de lipídios. Os hormônios tireoidianos também influenciam o crescimento corporal e o desenvolvimento do sistema nervoso durante a vida fetal. À medida que o hormônio T4 entra nas células, é convertido em T3 pela remoção de um átomo de iodo, sendo essa a confor- mação mais ativa dos hormônios tireoidianos (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Quando ocorre falta de iodo na dieta, a funcionalidade da tireoide em produzir os hormônios T3 e T4 é afetada. Nesses casos, a glândula fica edemaciada, formando o bócio. A fim de prevenir essa deficiência alimentar no Brasil, desde 1982 o iodo é adicionado ao sal de cozinha conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde, o que levou a uma redução significativa dos problemas de saúde ocasionados pela deficiência de iodo, especialmente em gestantes e crianças (MELLO et al., 2016). A calcitonina, secretada pelas células parafoliculares quando há aumento da concentração de cálcio do plasma, atua na regulação dos níveis de cálcio no sangue por meio do aumento da absorção de cálcio pelos ossos, que resulta na diminuição dos seus níveis séricos (MELLO et al., 2016). Paratireoide A paratireoide produz o hormônio paratireoideano (PTH), que atua na regula- ção dos níveis de cálcio, magnésio e fósforo no organismo. Quando ocorre a diminuição destes íons nos fluídos corporais, o PTH promove a diminuição da excreção de cálcio na urina e ativação dos osteoclastos, células ósseas que removem cálcio e fosfato dos ossos para a corrente sanguínea. Além disso, o PTH atua juntamente com a vitamina D para aumentar a absorção de cálcio pelo trato gastrintestinal. Vale ressaltar que o PTH e a calcitonina agem de forma antagônica sobre a concentração de cálcio no sangue, promovendo seu equilíbrio (MELLO et al., 2016). Sistema endócrino 11 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Adrenal As glândulas adrenais, ou suprarrenais, em referência à sua localização ana- tômica, produzem hormônios com composições e funções distintas, de acordo com seu local de secreção. A medula da suprarrenal secreta na corrente sanguínea os hormônios epinefrina e norepinefrina, também chamados, respectivamente, de adrenalina e noradrenalina. Tais hormônios produzem efeitos semelhantes à estimulação dos nervos simpáticos em todo o corpo, ou seja, regulam funções que preparam o organismo para situações de emer- gência, sendo ativados em condições de hemorragia, hipoglicemia, hipóxia, dor, exercícios intensos, medo e raiva. Com o aumento da frequência cardíaca e da força de contração, a epinefrina e a norepinefrina aumentam a potência de bombeamento do coração e, consequentemente, a pressão sanguínea. Também aumentam a irrigação sanguínea de diversos órgãos como coração, fígado, músculos e tecido adiposo, dilatam as vias respiratórias e aumentam os níveis de glicose e ácidos graxos no sangue (HALL, 2017). A região cortical das glândulas adrenais produz vários grupos de hormônios esteroides chamados mineralocorticoides, glicocorticoides e andrógenos. A aldosterona é o principal hormônio mineralocorticoide e atua na home- ostase mineral, ou seja, na regulação de eletrólitos como sódio e potássio nos líquidos extracelulares. A secreção de aldosterona é regulada pela via renina–angiotensina–aldosterona e induzida em situações de desidratação, deficiência de sódio ou hemorragia, que diminuem o volume de sangue e a pressão sanguínea. A pressão sanguínea baixa estimula a secreção da enzima renina pelos rins, que induz a formação de angiotensina I. Na sequência, a enzima conversora de angiotensina (ECA) nos pulmões converte a angiotensina I no hormônio angiotensina II, que estimula o córtex da glândula adrenal a secretar aldosterona, que irá atuar nos rins para promover o retorno de sódio e água para o sangue, normalizando a pressão sanguínea (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Os hormônios cortisol ecorticosterona são glicocorticoides naturais que afetam a homeostasia de glicose e exercem efeitos multissistêmicos, visto que praticamente todas as células expressam receptores de glicocorticoi- des. Os glicocorticoides afetam o metabolismo intermediário, estimulam a proteólise e a gliconeogênese, inibem a síntese das proteínas musculares e aumentam a mobilização dos ácidos graxos. Além disso, modulam a res- posta imune, ao aumentarem a síntese de citocinas anti-inflamatórias e ao diminuírem a síntese de citocinas pró-inflamatórias, exercendo assim um efeito anti-inflamatório. No sistema nervoso central, os glicocorticoides Sistema endócrino12 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 modulam a percepção e a emoção e podem produzir alterações acentuadas no comportamento (MOLINA, 2021). Já os andrôgenios suprarrenais são hormônios sexuais que são conver- tidos em androstenediona e, em seguida, em androgênios ou estrogênios potentes nos tecidos periféricos. Produzidos no córtex das adrenais de ho- mens e mulheres, contribuem para o desenvolvimento de caracteres sexuais secundários, e quando em excesso podem causar efeito masculinizante. Nas mulheres, os androgênios suprarrenais também podem contribuir para a libido (MELLO et al., 2016). Hipófise A hipófise secreta hormônios que desempenham funções importantes na re- gulação de praticamente todos os aspectos do crescimento, desenvolvimento, metabolismo e homeostasia (TORTORA; DERRICKSON, 2017). Os hormônios da adeno-hipófise desempenham papeis relevantes no controle das funções metabólicas em todo o organismo, secretando, entre outros, hormônios do crescimento, prolactina, folículo-estimulante e hormônio luteinizante (MELLO et al., 2016). Apesar de não sintetizar hormônios, a neuro-hipófise é a glândula responsável por armazenar e liberar o hormônio antidiurético (ADH) e a ocitocina. Confira no Quadro 1 os principais hormônios secretados pela hipófise, em suas subdivisões, bem como seus efeitos nos mais diversos sistemas do corpo humano. Sistema endócrino 13 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Quadro 1. Hormônios produzidos ou secretados pela hipófise e seus prin- cipais efeitos Hormônio Efeitos Adeno-hipófise Hormônio do crescimento humano (hGH) Multiplicação e diferenciação celular, síntese proteica, reparo tecidual, decomposição de triglicerídeos e elevação dos níveis de glicose no sangue Hormônio tireoestimulante (TSH) Controla a secreção de hormônios pela glândula tireoide Hormônio folículo-estimulante (FSH) Secreção de estrógeno, desenvolvimento folicular, estimulação da maturação espermática Hormônio luteinizante (LH) Ovulação, formação do corpo lúteo, secreção de progesterona, secreção de testosterona Prolactina Produção de leite pelas glândulas mamárias Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) Secreção de glicocorticoides (principalmente cortisol) pelo córtex da glândula suprarrenal, afetando o metabolismo de glicose, proteínas e gorduras Hormônio melanócito-estimulante (MSH) Aumenta a síntese de melanina Neuro-hipófise Ocitocina Contrações do trabalho de parto e ejeção do leite Hormônio antidiurético (ADH) Reabsorção de água, elevação do volume e pressão sanguíneos Fonte: Adaptado de Tortora e Derrickson (2017). Sistema endócrino14 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Glândula pineal A glândula pineal, que tem este nome devido à sua forma de pinha, sintetiza a melatonina (N-acetil-5 metoxitriptamina), neuro-hormônio promotor do sono, a partir do aminoácido triptofano. Depois de sintetizada, a melatonina é secretada na corrente sanguínea para ajudar a modular o ciclo sono–vigília, desempenhando um papel essencial no nosso organismo pelo estabeleci- mento do relógio biológico do corpo (MOLINA, 2021). Graças a receptores de luminosidade presentes na retina ocular, nosso corpo percebe alterações de luminosidade, que geram sinais para a indução ou inibição da produção da melatonina. Desse modo, mais melatonina é liberada no escuro, durante o sono, e menos melatonina é liberada durante o dia sob a luz do Sol. A melatonina liberada atua no tronco encefálico, região de controle do ciclo sono–vigília (MELLO et al., 2016). Pâncreas A função endócrina do pâncreas é realizada pelas ilhotas pancreáticas, que secretam os hormônios glucagon, insulina e somatostatina. A insulina esti- mula a entrada de glicose nas células, especialmente nas fibras musculares esqueléticas, que a utilizam para suprir a alta necessidade de geração de energia. Por diminuir os níveis de glicose no sangue, a insulina é chamada hormônio hipoglicemiante. A insulina também acelera a síntese de glicogênio a partir da glicose e aumenta a captação de aminoácidos pelas células, e, consequentemente, a síntese de proteínas. Desse modo, percebemos o papel importante da insulina em tecidos que estão se desenvolvendo, crescendo ou sendo reparados (TORTORA; DERRICKSON, 2017). O glucagon diminui a oxidação da glicose, agindo principalmente so- bre os hepatócitos, ao ativar as enzimas responsáveis pela degradação do glicogênio em glicose (glicogenólise) e pela síntese de glicose a partir de lipídios e aminoácidos (gliconeogênese). Trata-se, portanto, de um hormônio hiperglicemiante, agindo de forma oposta à insulina. Por fim, a somatostatina atua como neurotransmissor, exercendo um efeito inibitório nas funções gastrintestinais e do pâncreas exócrino e endócrino, inibindo a liberação da insulina e do glucagon. A liberação de somatostatina é estimulada por refeições ricas em gordura, carboidratos e proteínas, e inibida pela insulina (MOLINA, 2021). Sistema endócrino 15 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 A avaliação laboratorial em endocrinologia é complexa, pois os hormô- nios estão presentes no sangue em quantidades muito pequenas, pelo menos 1 milhão de vezes menor que as demais moléculas. Outro fator complicador é que a concentração de um determinado hormônio pode variar rapidamente devido a estímulos externos e pela variação biológica. Questões pré-analíticas e analíticas, como uso de medicamentos, preparo do paciente e armazenamento da amostra, contribuem ainda mais para a variabilidade nos resultados. Para saber mais sobre os aspectos laboratoriais inerentes a execução, libe- ração e interpretação dos resultados de dosagem hormonal, recomendamos a leitura do Capítulo 52 (“Testes laboratoriais e funcionais em endocrinologia”) do livro Rotinas em endocrinologia (CAMARGO et al., 2015). Neste capítulo, você aprendeu a identificar histológica e funcionalmente os principais órgãos endócrinos que fazem parte do corpo humano. Estes conhecimentos irão permitir o avanço no entendimento dos mecanismos subjacentes à fisiologia endócrina normal, que são essenciais para identificar a transição do estado de saúde para o estado de doença, bem como os fun- damentos biológicos e racionais envolvidos nas intervenções farmacológicas, cirúrgicas e laboratoriais. Referências BOWEN, R. Adrenal histology: the big picture. [S. l.]: VIVO Pathophysiology, [2022]. Disponível em: http://www.vivo.colostate.edu/hbooks/pathphys/endocrine/adrenal/ histo_bigpic.html. Acesso em: 11 fev. 2023. HALL, J. E. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio De Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. MELLO, S. T. et al. Sistema endócrino. In: MIRANDA NETO, M. H. Anatomia humana: aprendizagem dinâmica. 9. ed. Maringá: Clichetec, 2016. p. 75-81. MOLINA, P. E. Fisiologia endócrina. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2021. MONTANARI, T. Histologia: texto, atlas e roteiro de aulas práticas. 3. ed. Porto Alegre: Edição da Autora, 2016. NAZARI, E. M.; MULLER, Y. M. R. Embriologia humana. Florianópolis: UFSC, 2011. OPENSTAX & TOMÁŠ KEBERT & UMIMETO.ORG. Endocrine english. [S. l.]: Wikimedia Com- mons, 2020. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Endocrine_En-glish.svg. Acesso em: 11 fev. 2023. 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Sistema endócrino 17 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Identificação interna do documento 5AEVBWLTGW-STKGVJ1 Nome do arquivo: C17SistemaendocrinoFINAL_202302271629594918362.pdf Data de vinculação à solicitação: 27/02/2023 16:29 Aplicativo: 636613 Dica do professor No vídeo veremos um resumo dos principais tópicos da UA. Esse vídeo servirá principalmente para você diferenciar as glândulas endócrinas que compõem o Sistema Endócrino, assim como caracterizá-las quanto à sua estrutura histológica e sua função no nosso organismo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/d62bf0c4f754b1eed8e8c0f73f2c89a6 Exercícios 1) Sobre a hipófise é correto afirmar que: A) a) É uma glândula endócrina com origem embriológica única. B) b) As células da pars intermedia secretam hormônio do crescimento. C) c) O parênquima da pars distalis consiste em cordões celulares que estão intimamente relacionados aos capilares. D) d) A adenoipófise corresponde ao conjunto formado pela pars distalis, pars nervosa e pars tuberalis. E) e) A neuro-hipófise sintetiza ADH e oxitocina. 2) Qual a glândula endócrina possui as seguintes características: I – As células organizam-se na forma de folículos ou vesículas, produzindo o hormônio e armazenando-o dentro da vesícula; II – A função do hormônio secretado pelas células foliculares é estimular o metabolismo; III – As células parafoliculares sintetizam calcitonina. A) a) Hipófise. B) b) Tireoide. C) c) Paratireoide. D) d) Adrenal. E) e) Pineal. 3) Qual a glândula responsável pela produção de insulina e glucagon? A) a) Pâncreas endócrino. B) b) Pâncreas exócrino. C) c) Pineal. D) d) Tireoide. E) e) Paratireoide. 4) Quais dos hormônios abaixo são sintetizados pelas células foliculares da tireoide? A) a) Oxitocina. B) b) Calcitonina. C) c) T3 e T4. D) d) Hormônio do crescimento. E) e) Vasopressina. 5) Qual o local da adrenal onde são secretados os hormônios noradrenalina e adrenalina? A) a) Na zona glomerulosa da camada cortical. B) b) Na zona reticular da camada cortical. C) c) Na zona fasciculada da camada cortical. D) d) Na camada medular. E) e) Em todas as zonas da camada cortical. Na prática Confira abaixo um exemplo prático sobre hipo e hipertiroidismo. HIPERTIROIDISMO E HIPOTIROIDISMO: A tireoide produz os hormônios tiroidianos, que são responsáveis principalmente pelo desenvolvimento e crescimento dos órgãos do nosso corpo. A secreção aumentada dos hormônios tiroidianos provoca o hipertiroidismo (1) e a secreção diminuída, o hipotiroidismo (2). Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Documental Biologia Humana - EL SISTEMA ENDOCRINO. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Embriologia Garcia, Sonia M. Lauer; Fernández, Casimiro G. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://www.youtube.com/watch?v=Tk0Ac4KqnZU
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