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Profª Dra Ana Lúcia Moreno Amor Introdução ao estudo dos helmintos e protozoários e Resposta imune dos hospedeiros e mecanismos de escape dos parasitos MECANISMOS DE AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE SEUS HOSPEDEIROS Ação espoliativa Ancylostoma duodenale l Ação mecânica Ascaris lumbricoides MECANISMOS DE AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE SEUS HOSPEDEIROS Ação irritativa Taenia solium l Ação tóxica Schistosoma mansoni MECANISMOS DE AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE SEUS HOSPEDEIROS Ação lítica / enzimática Entamoeba histolytica Anóxia Plasmodium Interação parasito-hospedeiro MECANISMOS DE AÇÃO DOS PARASITOS SOBRE SEUS HOSPEDEIROS l Imunossupressão Leishmania chagasi/infantum Entamoeba histolytica Parasitos – Helmintos e/ou Protozoários •É preciso conhecer o ciclo de vida do parasito REFERÊNCIA: Adaptado de Muñoz SS & Fernandes APM. As doenças infeciosas e parasitárias e seus condicionantes socioambientais. Projeto Licenciatura em Ciências (USP / UNIVESP). � O parasito tem como objetivo sobreviver e se multiplicar no hospedeiro até ser transmitido a um novo hospedeiro � O hospedeiro tem como objetivo a cura ou controle da infecção � Resultado: equilíbrio parasito-hospedeiro � Durante o processo evolutivo os parasitos desenvolveram mecanismos de sobrevivência e desenvolvimento nos hospedeiros Interação parasito-hospedeiro Interação parasito-hospedeiro VIAS DE PENETRAÇÃO l Pele l Mucosas l Trato respiratório l Trato gastrointestinal l Trato urogenital l Sistema vascular Interação parasito-hospedeiro MECANISMOS DE INFECÇÃO l Ingestão de água e alimentos contaminados l Contato com águas de lagos contaminadas l Contato direto pessoa/pessoa l Picada de inseto hematófago l Penetração ativa de formas larvárias Interação parasito-hospedeiro PARASITO � Carga parasitária � Tropismos � Variantes genéticas � Virulênca HOSPEDEIRO � Resposta imune � Estado nutricional � Fatores genéticos � Idade, sexo INFECÇÃO X DOENÇA Resposta inata � Rápida, primeira linha de defesa (minutos a dias) � Inespecífica � Inclui: fagocitose, inflamação, ativação de complemento, cél. NK, anticorpos naturais Resposta adaptativa � Ocorre mais tardiamente (dias a semanas) � Específica (discriminação do próprio e não-próprio) � Humoral e celular � Memória imunológica Interação parasito-hospedeiro Resposta do hospedeiro à infecção Objetivos da resposta do hospedeiro 1. Limitar a multiplicação do parasito e sua distribuição nos tecidos 2. Prevenir a lesão tecidual e a morte celular 3. Prevenir infecções subsequentes 4. Facilitar a eliminação rápida do parasito em um segundo contato Resultados possíveis � Eliminação do parasito pelo hospedeiro � Patologia/doença: � Parasito se instala e dissemina � Pode resultar na morte do hospedeiro � Persistência: os mecanismos de evasão do parasito + mecanismos de defesa do hospedeiro = equilíbrio � Mudanças neste equilíbrio dinâmico pode resultar em doença ou eliminação do parasito Mecanismos de defesa PARASITO TOLERÂNCIARESISTÊNCIA RESPOSTA IMUNE RESISTÊNCIA NATURAL IMUNIDADE INATA IMUNIDADE ESPECÍFICA IMUNIDADE HUMORALIMUNIDADE CELULAR Eliminação do parasito Sobrevivência do parasito e reinfecções Redução da carga parasitária Variação antigênica e camuflagem parasitária Neutralização da patogenicidade Hipersensibilidade e/ou auto-imunidade Proteção contra reinfecções Desenvolvimento de tolerância imunológica SAÚDE DOENÇA Mecanismos de defesa celulares Primeira linha de defesa: � Leucócitos polimorfonucleares: Neutrófilos, eosinófilos, basófilos. � Fagócitos mononucleares: macrófagos Ativação específica do macrófago Explosão oxidativa Papel de macrófagos � Atividade microbicida: NO, ROIs, hidrolases, lisozima � Produção de citocinas de fase aguda = inflamação: TNF-α, IL-1, IL-6, IL-8, IL-12 � APC e secreção de IL-1 = ativação de linfócitos � Modulação da resposta imune: Secreção de IL-12 = Th1 Secreção de IL-10 = Th2 Resposta imune contra parasitos MøMø MøMø Th1Th1 Th2Th2 Th0Th0 NKNK NKNK 1.1 Mastócitos IL-4 IL-12 IFN-γ Apresentação Ag Ativação e proliferação Diferenciação IL-10 IL-4 IL-5 IL-13 IL-2 TNF IFN-γ B CD8 Protozoários Helmintos IgE Ações de linfócitos T CD4+ Th1 e Th2 Th1 Defesa contra protozoários � Ativação de mecanismos microbicidas de macrófagos por IFN-γ e TNF-α � Ativação de células CD8+ e células NK por IFN-γ � Aumento da reação inflamatória tecidual; migração de leucócitos para o sítio da infecção Th2 Defesa contra metazoários � Produção e ativação de eosinófilos mediada por IL-5 � Produção de IgE por IL-4 � Diferenciação e aumento de produção de basófilos e mastócitos por IL-4 � Efeitos na motilidade e absorção de líquidos no intestino mediado por IL-4 e IL-13 Imunidade contra parasitos mediada por anticorpos Efeito direto de Ac específico para esporozoítos da malária IMUNIDADE ESPECÍFICA CONTRA HELMINTOS � Ação sobre ovos, larvas e adultos � Helmintos com migração tecidual: “xenotransplantes funcionais” � Sucesso de adaptação: não são precipitadamente rejeitados pelo sistema imune mediado por células � Resposta tipo Th2 preferencialmente – produção elevada de IgE � Resposta Th1: ação de células T citotóxicas contra helmintos incrustados na mucosa e com estágios teciduais IMUNIDADE CELULAR A HELMINTOS IMUNIDADE HUMORAL AOS HELMINTOS Papel de IgG, IgM e IgA: � Neutralização das proteases utilizadas para penetração � Bloqueio dos poros anal e oral por deposição de imunocomplexos � Impedimento da ecdise: inibição do desenvolvimento larval Mecanismos de defesa contra helmintos intestinais Degranulação de mastócitos Vasodilatação, exsudação vascular Contração musculatura, edema Alteração da motilidade intestinal Quimiotaxia para eosinófilos, neutrófilos, basófilos e plaquetas Mecanismos de defesa contra helmintos teciduais/sanguíneos IgE, mastócitos e eosinófilos são os principais mec anismos de defesa contra metazoários Destruição de esquistossômulos de S. mansoni Quimiocinas Receptores Fc Mastócito Eosinófilo Mecanismos efetores contra esquistossômulos Eosinofilia a helmintos � Produção na medula óssea (IL-3 e IL-5) � Na presença de antígenos parasitários são produzidos e liberados da medula óssea rapidamente � Migração para pele, pulmões e trato gastrointestinal em resposta à degranulação dos mastócitos � Maior expressão de receptores para Fc de IgG e IgE e para C3b/C4 � Ações: fagocitose e liberação de conteúdos dos grânulos sobre a cutícula do helminto � Mais eficaz na resposta contra formas larvárias � Conteúdos dos grânulos alterações dos tecidos do hospedeiro Células T Macrófagos IL-3 IFN-β FAE IL-5 FAE Aumento da: Aderência Degranulação Citotoxicidade Promoção de dano tecidual e inflamação aguda Pequenos grânulos Arilsulfatase Peroxidase eosinofílica Fosfatase ácida Grânulos cristalóides Proteína básica maior – PBM Proteína catiônica eosinofílica – PCE Peroxidase eosinofílica – POE Neurotoxina derivada do eosinófilo - NDE Conteúdo dos grânulos eosinofílicos Imunidade contra protozoários intracelulares x extracelulares Citotoxidade dependente de anticorpo (ADCC) protozoário Mecanismos de escape do sistema imune pelos parasitos Resistência à lise pelo complemento LPG/gp63 de Leishmania �Interfere na inserção do C5b-C9 �Clivagem C3b em C3bi Mecanismos de escape do sistema imune pelos parasitos �Inacessibilidade do sistema imune Cistos musculares de Toxoplasma gondii �Parede cística espessa �Ausência de antigenicidade Mecanismos de escape do sistema imune pelos parasitos �Camuflagem/Mimetismo molecular Incorporação de antígenos do sistema ABO e MHC pelo Schistosoma mansoni Proteínas de superfíciede merozoítos (MSP) de Plasmodium mimetizam a insulina; epitopo 13 de T. cruzi e miosina cardíaca Mecanismos de escape do sistema imune pelos parasitos �Mecanismos de sobrevivência no macrófago Penetração ativa e modificação do fagossomo Secreção de proteína formadora de poro e escape do vacúolo parasitóforo Fagocitose mediada por receptor e transformação em amastigotas Mecanismos de escape do sistema imune pelos parasitos �Variação antigênica Plasmodium – antígenos estágio-específicos Trichinella spiralis Mecanismos de escape do sistema imune pelos parasitos Variação antigênica seqüencial - VSGs de Trypanosoma gambiense e T. rhodesiense Glicoproteínas de Superfície Variantes (VSG) 1000 genes silenciosos � Liberação de antígenos parasitários Schistosoma mansoni, Plasmodium 1 Bloqueio de Ac Bloqueio de Células efetoras Inibição da ativação de células T e B Ativação policlonal Inibição da resposta inflamatória Mecanismos de escape do sistema imune pelos parasitos Mecanismos de escape do sistema imune pelos parasitos Alterações na resposta imune � Anergia de células T Plasmodium, Trypanosoma africanos, Trypanosoma cruzi, Entamoeba histolytica �Indução de IL-4 e IL-10 Entamoeba histolytica, Leishmania chagasi �Inibição da expressão de MHC Leishmania � Inativação do complemento Leishmania, Trypanosoma, Entamoeba histolytica Importância do estudo de mecanismos de escape dos parasitos � Estudo de drogas e imunoterápicas � Moléculas de evasão podem ser alvos de drogas e vacinas � Melhor entendimento dos mecanismos efetores e funções da resposta imune � A identificação de uma molécula imunomodulatória geralmente induz a descoberta do receptor na célula hospedeira � Fornece informações sobre a relação parasito-hospedeiro � Identifica o mecanismo imunológico que o parasito deve evadir para poder sobreviver e se multiplicar no hospedeiro IMUNOPATOLOGIA NAS PARASITOSES Desenvolvimento de reações de hipersensibilidade: � Tipo I – reação anafilática; IgE-mastócitos � Tipo II – citotóxica- contra Ag superfície – Malária � Tipo III – imunocomplexos sistêmicos: vasculite � Tipo IV – mediada por células; granuloma esquistossomótico Aumento do número de células secretoras de imunoglobulinas não específicas para o parasito: � Anticorpos produzidos direcionados contra os auto-antígenos – Trypanosoma, Plasmodium IMUNOPATOLOGIA NAS PARASITOSES Esquistossomose hepatoesplênica – granuloma/fibrose em resposta ao Ags do ovo Malária cerebral – presença de citocinas proinflamatórias no cérebro (TNF) Oncocercose – cegueira; resposta contra antígenos filariais no olho Nefropatias – deposição de imunocomplexos nos rins na malária e esquistossomose Choque anafilático – resposta imediata à ruptura do cisto hidático Introdução Estudos têm demonstrado o papel imunoregulatório de antígenos de helmintos em geral melhorando condições proinflamatórias • Schistosoma mansoni • Trichuris trichiura • Ascaris lumbricoides • Filarídeos Helmintos e alergia (Geiger et al., 2002; Rick et al., 2004; Mangan et al., 2004; Imai & Fujita, 2004 • Mais de 2 bilhões de pessoas estão cronicamente infectadas por: Schistosoma mansoni, Ascaris lumbricoides, ancilostomídeos (Ancylostoma duodenale e Necator americanus) e Trichuris trichiura. • A falta de saneamento e higiene são os principais fatores que predispõem às infecções. • Apesar de Ascaris e Trichuris serem transmitidos por via oral-fecal, cercaria de Schistosoma e larvas de ancilostomídeos entram no hospedeiro através da pele. • Todas estas infecções, com exceção de Trichuris, têm uma fase sistêmica do ciclo de vida, que exige que o parasito sobreviva no sangue e seleciona os órgãos internos do hospedeiro. HELMINTOS • Outro importante grupo de helmintos relação à doenças alérgicas são os filarídeos: Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Onchocerca volvulus. • Cerca de 150 milhões de pessoas estão em área de risco de infecção. • Infecções de longa duração, vermes com transmissão por insetos hematófagos. • O entendimento dos mecanismos regulatórios ou supressores pode permitir o desenvolvimento de ferramentas terapêuticas, baseadas na utilização de moléculas parasitárias ou polipeptídeos recombinantes deles derivados, capazes de modular ou suprimir respostas inflamatórias prejudiciais ao organismo. Introdução • Helmintos x Alergias (Cooper et al, 2003; McConchie et al, 2006); ● Demonstra associação inversa entre alergia e exposição a infecções virais, bacterianas e helmínticas. ● Teoriza que diversos aspectos relacionados ao modo de vida moderna contribuem para o aumento nos últimos anos da incidência das doenças alérgicas, pois previnem doenças infecciosas na infância, o que impede o equilíbrio imunológico, explicando o aumento destas doenças. ● Sugerindo que um meio ambiente mais higiênico favoreceria o desenvolvimento de atopia (PRESCOTT, 2003). HIPÓTESE / TEORIA DA HIGIENE Strachan, 1989Strachan, 1989 ● Segundo essa hipótese, os fatores que contribuíram para o aumento das doenças alérgicas seriam: 1 - Menor exposição a patógenos no meio ambiente (devido à melhoria das condições sanitárias, de higiene pessoal e água potável purificada); 2 - Uso difundido de antibióticos; 3 - Menor número de familiares; 4 - Menor duração da amamentação; 5 - Imunizações por vacinas, o que levaria a ausência de infecções na infância resultando em alteração na imunorregulação (PONTE et al., 2007). HIPÓTESE DA HIGIENE ● Pesquisadores têm observado que as crianças criadas em ambientes de fazendas e granjas estão menos sujeitas às doenças atópicas que as residentes nos centros urbanos. ● Nascida no ambiente rural, a criança teria mais contato com animais e maiores chances de exposição à endotoxinas (produtos bacterianos), potentes estimuladores de resposta Th1. APOIO À HIPÓTESE DA HIGIENE ● Crianças em idade escolar e atópicas que passam a viver numa fazenda, também passam a apresentar uma menor reação cutânea a testes de hipersensibilidade, sugerindo que a qualquer momento e não apenas no começo da infância, pode ser levado a uma resposta menos alérgica pela influência de fatores do ambiente rural, ou pela distância de fatores alergizantes do estilo de vida urbano. APOIO À HIPÓTESE DA HIGIENE ● Dados recentes obtidos pelo programa SCAALA (Social Change of Asthma and Allergy in South América), financiado pela fundação Wellcome (Barreto et al., 2006) mostraram que crianças que tinham sido fortemente infectadas com Trichuris trichiura durante os três primeiros anos da infância têm um risco reduzido de desenvolvimento de atopia mais tarde, na infância tardia. APOIO À HIPÓTESE DA HIGIENE • PRIMEIRA EVIDÊNCIA EPIDEMIOLÓGICA QUE INFECÇÕES HELMÍNTICAS INTESTINAIS NA INFÂNCIA PODEM REDUZIR O RISCO DE ATOPIA POSTERIORMENTE. ● Antes de qualquer molécula derivada de helmintos, ou uma proteína recombinante ou um produto sintético baseado em moléculas de helmintos, possa ser traduzido em medicação ou produto imunoprofilático, é necessário entender completamente os mecanismos celulares e moleculares subjacentes à sua atividade biológica. CAUTELA!!!!!!!!!!!!!! • PARASITOS HELMINTOS PODEM PRODUZIR MOLÉCULAS QUE INIBAM REAÇÕES ALÉRGICAS MUITO PROVAVELMENTE COMO UM MECANISMO VANTAJOSO PARA O PARASITO, DE INIBIR RESPOSTAS IMUNES QUE TENDERIAM A ELIMINÁ-LO. ALTERAÇÕES - CONSEQUÊNCIAS Fontes:eusalud.uninet.edu/.../15.04/ap/fig2.jpg;www.zambon.es//03atlas.htm. Disponível em 22/09/05; scielo.sld.cu/img/revistas/hih/v17n3/f0101301.jpg. Disponível em 22/09/2005;eusalud.uninet.edu/.../ 15.04/ap/fig2.jpg. •É preciso conhecer o ciclo de vida do parasito •OBRIGADA!
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