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1) Introdução à Parasitologia Interação Parasito-Hospedeiro 1 1) Introdução à Parasitologia Interação Parasito- Hospedeiro Criado por Edu Matos Hora da criação Tags A parasitologia é a ciência que estuda os parasitas (biologia/epidemiologia), bem como métodos diagnósticos e o controle de doenças derivadas do parasitismo. “relação ecológica, desenvolvida entre indivíduos de espécies diferentes, em que se estabelece uma associação íntima e duradoura e certo grau de dependência metabólica entre os parceiros. Geralmente o hospedeiro proporciona ao parasito todos ou quase todos os nutrientes e as condições fisiológicas requeridas por este.” Rey (2003). “associações entre indivíduos de espécies diferentes, onde existe unilateralidade de benefícios, ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo parasita pois fornece alimento e abrigo para este” D. Pereira Neves. PARASITISMO - Forma de relação desarmônica que caracteriza a espécie que se instala no corpo de outra , dela retirando matéria para a sua nutrição e causando-lhe, em consequência, danos cuja gravidade pode ser muito variável, desde pequenos distúrbios, até a própria morte do indivíduo parasitado. PARASITO - ser vivo que vive associado a outro (abrigo, alimentação e reprodução); HORPEDEIRO - organismo agredido; CADEIA DE TRASMISSÃO - para que ocorram infecções parasitárias é fundamental que haja elementos básicos expostos e adaptados às condições do meio. Os elementos básicos dela são: o hospedeiro, o agente infeccioso e o meio ambiente. No entanto, em alguns casos, temos a presença de vetores, isto é, insetos que transportam os agentes infecciosos de um hospedeiro parasitado a outro. Integrantes do ciclo parasitário Hospedeiro Definitivo → quando o parasita se reproduz neste de forma sexuada e/ou é encontrado em estágio adulto. Hospedeiro Intermediário → quando o parasita se reproduz neste de forma assexuada e/ou é encontrado em estágio larval. Obs.: quando o protozoário não apresenta ciclo reprodutivo sexuado em nenhum hospedeiro, estes são conhecidos como H. Vertebrado e Invertebrado respectivamente Reservatório → hospedeiro no qual o parasita se multiplica sem ocasionar danos ou quase nenhum dano, possui características específicas que possibilitam o desenvolvimento e multiplicação do parasita. A exemplo das capivaras com o agente da febre maculosa. Vetor → é um transmissor (artrópode, molusco oi mesmo um determinado veículo) que permite a propagação do parasita. Pode ser dividido em v. biológico, quando ocorre multiplicação e/ou desenvolvimento morfológico (tornando-se um hospedeiro), e v. mecânico quando essa situação não ocorre e transmite a mesma forma de parasita Classificação dos parasitas Quanto a localização: Ectoparasitas: vivem externamente ao corpo do hospedeiro. Ex.: pulgas, piolho, carrapatos e sarnas. Endoparasitas: vivem internamente ao corpo do hospedeiro. Ex.: Helmintos e protozoários. Podem ter algumas especificações dependendo de qual órgão ou sistema eles se estabelecem, como: → Hemoparasitas: vivem na corrente sanguínea. (gênero Plasmodium sp - malária); → Enteroparasitas: vivem no intestino (Taenia solium). @27 de novembro de 2023 16:40 1) Introdução à Parasitologia Interação Parasito-Hospedeiro 2 Quanto a sua especificidade: está relacionado a variedade de hospedeiros que o parasita pode se relacionar. Quanto menor essa variedade, mais específico é o parasita e mais fácil de entender e traçar estratégias de controle para a possível doença causada por ele Estenoxeno: Alta especificidade (Ascaris lumbricoides, Wuchereria bancrofti) Oligoxeno: Pouca especificidade Eurixeno: Baixa especificidade (Toxoplasma gondii) Quantidade de hospedeiros no ciclo: Monoxeno: só demandam um hospedeiro para completar seu ciclo biológico (Tricomonas vaginalis, Ascaris lumbricoides) Heteroxeno: demanda mais de um hospedeiro para completar seu ciclo. Ou, exige pelo menos um hospedeiro intermediário. (Gênero Taenia, Tripanossoma cruzi) Quanto ao tipo de parasitismo: Facultativo: espécies que podem ter um ciclo de vida livre (integralmente), e, opcionalmente, podem ser encontrados em estado parasitário. (Moscas Sarcophagidae - se desenvolvem tanto em feridas necrosadas, quanto em matéria orgânica em decomposição) Obrigatório: espécies que não conseguem viver fora do hospedeiro (Sarcoptes scabiei) Acidental: espécies que, acidentalmente, vivem em um hospedeiro que não é de costume (Dipylidium caninum - comumente encontrado em cães pode ser encontrado parasitando crianças) Doença Parasitária É necessária uma dissociação entre parasitismo e doença. O caráter patogênico do parasitismo é incidental e não deve ser incluído na definição deste. Por exemplo, no intestino do homem, por exemplo, vivem algumas amebas perfeitamente adaptadas a esse meio (Entamoeba coli, E. hartmani) e que podem não demonstrar qualquer ação patogênica. As doenças produzidas por parasitos podem dar lugar, depois de fases agudas, a uma infecção duradoura, revelada apenas por exames, onde os mecanismos imunitários, regulando e limitando o crescimento das populações parasitárias, asseguram perfeita tolerância recíproca entre hospedeiro e parasita. Para que ocorra doença, os mecanismos das agressões determinadas pelo parasito devem ultrapassar a capacidade homeostática, e imunológica/de defesa, do hospedeiro. Fp > Fh = doença; Fp < Fh = morte do agressor; Fp = Fh = portador são; → portador-são: não é obrigatória a relação entre a patogenia e a manifestação clínica da doença. Portanto, por estar infectado e assintomático, ele tem maior potencial de transmissão do parasita, já que não recebe o devido tratamento por não apresentar sinais próprios da doença. Fatores inerentes ao parasito Número de exemplares (formas infectantes) Virulência da cepa Capacidade de multiplicação no hospedeiro Dimensões morfológicas Localização no organismo (órgãos ou sistemas atingidos) Associações parasitárias Fatores inerentes ao hospedeiro Idade (cronologia, reprodução, lactação) Imunidade Grau da resposta imune ou inflamatória desencadeada Patologias intercorrentes Microbiota associada Estado de saúde (nutricional, vacinal, emocional) Bem estar (relações, habitação, religiosidade) Ex.: Quando há o equilíbrio entre o hospedeiro e o parasito, tem-se um portador são, como é o caso da tricomoníase em homens. Quando há uma prevalência dos mecanismos de agressão do patógeno parasita, há a expressão da doença, como ocorre quando há expressão clínica na amebíase. Já quando há uma prevalência dos mecanismos de defesa do hospedeiro, tem-se a morte do patógeno. Carga parasitária infectiva e a capacidade de multiplicação deste influenciam o surgimento da parasitose, pelo fato de que a grande presença de patógenos, bem como uma alta capacidade de multiplicação, dificulta uma resposta defensiva do organismo, contribuindo para ela. A imunidade do hospedeiro, que se estiver debilitada, 1) Introdução à Parasitologia Interação Parasito-Hospedeiro 3 fica com baixa resposta defensiva ao parasita, permitindo que esse se multiplique com mais facilidade, além da microbiota associada que funciona como barreira já que compete com patógenos, seja por competição nutricional, redução do pH local, ações deletérias. Mecanismos patogênicos/Ações patogênicas → Espoliativa: perda de substâncias nutritivas pelo hospedeiro, podendo o mesmo ser acarretado por perda direta de nutrientes (Gên. Taenia), tecidos sólidos ou hematofagismo (ancilostomídeos) → Tóxica: é resultante da inoculação ou introdução no organismo hospedeiro de excreções dos parasitos (Plasodium - ao romper as hemácias, liberam substâncias que geram febre) → Mecânica: sem lesar diretamente os tecidos, podem perturbar as funções mecânicas dos órgãos → Obstrutiva: a morfologia e/ou multiplicação do número de parasitas pode obstruir órgãos, glândulas (Ascaris lumbricoides) → Traumática: ocasionam algum trauma ao organismo, como a migração cutânea (Ancylóstomideo), ahepática (Fasciola hepatica), ou até o rompimento de hemácias (Plasmodium) → Enzimática: liberação de secreções enzimáticas produzidas por parasitas, que determinam destruição tecidual de extensão variável (Entamoeba histolytica) → Anóxica: ação que para totalmente o fornecimento de O2 Obs.: complexo apical → estrutura que se localiza na extremidade anterior do parasito, que auxilia na sua penetração e fixação nas células do hospedeiro. A exemplo do ciclo do Plasmodium, no qual os esporozoítos inoculados no homem se dirigem e penetram os hepatócitos por meio do complexo apical. Ecologia parasitária Habitat Parasitário → localização de um parasita em seu hospedeiro, consequência de uma adequação parasitária a determinado segmento anatômico que passa sei assim o seu ecossistema interno. Portanto, é o local mais provável de encontro de determinado parasita em seu hospedeiro. Ascaris lumbricoides: intestino delgado humano Nicho Ecológico → corresponde à constelação de fatores ambientais para os quais uma espécie se encontra adaptada. Ele deve satisfazer as necessidades dessa espécie, sendo compatível com o modo específico de utilização do meio ambiente por parte dessa espécie Ascaris lumbricoides: absorve fósforo, cálcio, carboidratos, açúcares, proteínas, etc. Ancylostoma dduodenale: consome sangue e ferro do hospedeiro. Epidemiologia É o estudo da distribuição e dos fatores determinantes da frequência de uma doença, ou outro evento, tratando de dois aspectos: a distribuição (idade, sexo, raça, geografia, etc) e os fatores determinantes da frequência (tipo de patógeno, meios de transmissão, etc) de uma doença. Objetiva, principalmente, a promoção da saúde através do controle e prevenção de doenças. Medidas Preventivas 1) Prevenção Primária: procura impedir que o indivíduo adoeça, controlando os fatores de risco. Instalações/habitações adequadas Saneamento ambiental Tratamento de resíduos/Saneamento básico Educação sanitária Nutrição adequada Bem estar/Condições gerais de vida Específicos: imunização, vermifugação proteção contra acidentes Controle de vetores 2) Prevenção Secundária: medidas aplicáveis aos indivíduos que se encontram sob a ação do agente patogênico. Impede que a patologia se desenvolva para estágios mais graves, que deixem sequelas ou provoque morte. Diagnóstico Tratamento precoce 1) Introdução à Parasitologia Interação Parasito-Hospedeiro 4 3) Prevenção Terciária: prevenção da incapacitação total através de medidas destinadas a reabilitação. Aplicadas na fase em que esteja ocorrendo ou que já tenha ocorrido a doença. Fisioterapia Cirurgias de reparo Colocação de próteses Grupos de interesse de estudo da parasitologia → Protozoários – do Reino Protista São seres unicelulares (de uma só célula); eucariontes (com um núcleo); geralmente são heterotróficos (sem capacidade de produzir seu próprio alimento); digestão é intracelular, por meio de vacúolos digestivos, em que os alimentos são ingeridos ou entram pelo citóstoma; possui sistema locomotor especializado (com flagelos, cílios, membranas ondulantes, cirros ou pseudópodes). Eles podem se locomover por pseudópodes, por expansões citoplasmáticas como flagelos, cílios, membranas ondulantes (que são uma modificação do flagelo), cirros (que são uma modificação ciliar, resultado de fusões de cílios). Se reproduzem de forma assexuada (como a fissão binária, a fissão múltipla e o brotamento) ou sexuada (singamia, conjugação). → Platelmintos e Nematelmintos (Helmintos) – do Reino Animalia. Cestodas Trematodas Nematodas Dimorfismo sexual Hermafroditas Geralmente hermafroditas Geralmente tem dimorfismo sexual Formato padrão Achatados com corpo segmentado Achatados com corpo não segmentado Cilíndricos com corpo não segmentado Necessidade de hospedeiro intermediário Ciclo heteroxeno Ciclo heteroxeno Ciclo monóxeno e heteroxeno Nutrição Absorvem nutrientes pré-digeridos através do tegumento Digestão* Digestão de nutrientes do hospedeiro. Presença de sistema digestório Ausente Incompleto Completo Geohelmintos são espécies de helmintos monoxênicas que se caracterizam por passagem obrigatória pelo solo, como etapa intermediária em seu desenvolvimento do estágio de ovo (ou larva) até verme adulto. P. ex.: Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Enterobius vermicularis → Arthropoda (Classes insecta e arachnida) – do Reino Animalia. Classe Insecta: corpo dividido em cabeça, tórax e abdome; 3 pares de patas; 1 par de antenas; não apresenta quelíceras e pedipalpos. Classe Arachnida: corpo dividido em cefalotórax e abdome; 4 pares de patas; não apresenta antenas; 1 par de quelíceras e 1 par de pedipalpos. Informação que foi exigida no estudo dirigido Explique exemplificando a importância do conhecimento das diferentes possibilidades de ciclo biológico (Ametabólico, hemimetabólico e holometabólico) para a atuação de um(a) profissional de saúde. R: Os ciclos biológicos se referem se há mudanças fisiológicas que podem ou não acontecerem. Ametabólico – quando os insetos não apresentam mudanças distintas nas formas entre os estágios de ovo até adultos, como as traças. Hemimetabólico – quando os insetos passam pelas formas de ovo, ninfa e adultos, mas as ninfas diferem dos adultos pelo ambiente e alimentação, a exemplo do Pediculus capitis (pediculose da cabeça). Holometabólico – quando os insetos passam pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto, exemplo do Stegomyia aegypti (dengue). Conhecer o ciclo biológico do parasito permite que se entenda a sua biologia e relações com os hospedeiros, consequentemente a sua patogenicidade. Fornece uma visão de pontos de prevenção, tratamento e controle das parasitoses.