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22/4/2013 1 Emissão Atômica: em chama e plasma QFL – 238 Química Analítica Instrumental Pedro Vitoriano de Oliveira Bloco 8 Superior, Sala 857 E-mail:pvolivei@iq.usp.br �É a ciência que estuda as interações da radiação com a matéria. �Os métodos espectroscópicos de análise se baseiam na medida da quantidade de radiação produzida ou absorvida pelas moléculas ou pelas espécies atômicas de interesse. �Os métodos espectroscópicos que serão estudados: ���� Método baseado em absorção da radiação Espectrometria de absorção atômica (AAS) ����Método baseado em emissão da radiação Emissão atômica/iônica (chama e plasma) Espectroscopia Radiação Eletromagnética E = hν = hcλ h ≅ 6,6 x 10-34 J s c ≅ 3,0 x 108 m/s y x z campo elétrico λ campo magnético � É um tipo de energia que é transmitida com grande velocidade através do espaço. �Muitas propriedades podem ser descritas através do modelo clássico de onda, envolvendo parâmetros como: comprimento de onda (λ), frequência (ν), velocidade (c) e amplitude. Radiação Eletromagnética Co m pr im en to d e on da λν Espectro eletromagnético Região visível do espectro UV 180-380 nm Visível 380-780 nm 22/4/2013 2 � A matéria deve ser estimulada recebendo energia: � calor � energia elétrica � luz � transferência de energia � reação química Como obter as informações analíticas a partir da interação da radiação com a matéria? Analito (estado fundamental) Analito (estado excitado) Energia � A informação analítica é obtida a partir da medida da quantidade de luz absorvida ou emitida. Espectrometria de absorção Eo E1 E2 λ1 λ2 λ A λ1λ2 Radiação Incidente Po ou Io Amostra Radiação Transmitida P ou I � Espectrometria de absorção molecular (UV-vis) � Espectrometria de absorção atômica Espectrometria de emissão molecular Eo E1 E2 λ1λ2 λ3 λ IL λ1λ2 λ3 Radiação Incidente Po ou Io Amostra Radiação Transmitida P ou I �Fluorescência Radiação Emitida IL Espectrometria de emissão atômica/iônica Eo E1 E2 λ1λ2 λ3 λ PQ λ1λ2 λ3 Energia térmica elétrica ou química Amostra Radiação Emitida PQ � Quimiluminescência � Espectrometria de emissão atômica/iônica Emissão Atômica e Iônica: Princípio Fundamental Técnica analítica que se baseia na medida da radiação eletromagnética emitida nas regiões visível e ultravioleta do espectro eletromagnético por átomos neutros ou átomos ionizados excitados. ���� Principais fontes de Excitação: ���� chama ar/propano ou ar/acetileno ���� plasma ���� Emissão atômica: chama ���� Emissão atômica/iônica: plasma Átomo no estado fundamental Átomo excitado Princípio da Emissão Atômica Átomo no estado fundamental � Na (Z=11, A=23) Absorção de Energia Emissão de Energia hν 22/4/2013 3 Eo E1 E2 E3 Eionização Excitação Eo E1 E2 E3 Eionização Relaxação • • ���� Temperatura ���� Interação com radiação ���� Transferência de energia ���� 10-7 - 10-9 s Princípio da Emissão Atômica Diagrama de Energia a b c d Estado Fundamental Excited States Estado fundamental ion h f g Excitação Emissão En er gi a λ4 λ3 λ2 λ1 e } {Estado Excitado Estado excitado ion 3,6 eV 2,2 eV Diagrama de Energia do Sódio % de Átomos Ionizados x Potencial de Ionização Elemento Potencial de Ionização (eV) Chama ar/C3H8 (1900 oC) Chama O2/H2 (2600 oC) Chama N2O/C2H2 (2900 oC) Li 5,391 0,01 1 16 Na 5,139 0,3 5 26 K 4,340 2,5 31 82 Ru 4,177 13,5 44 89 Cs 3,894 28,3 69 96 Ca 6,113 - 1 7 Sr 5,694 - 2,7 17 Ba 5,211 - 8,6 42 ���� Os elementos selecionados, principalmente Li, Na e K e outros como o Ca são determinados pela emissão atômica com chama devido ao estado excitado destes elementos poderem ser alimentados com energia fornecida pela chama de baixa temperatura (ar/propano). Principais Elementos Determinados por Emissão Atômica com Chama ���� Poucos átomos são excitados na temperatura ambiente. ���� A medida em que se incrementa a temperatura, os átomos mais facilmente excitados e ionizados começam a emitir luz. Emissão Atômica x Temperatura 22/4/2013 4 Amostra com teor C do analito M Fonte de excitação M � M* � M + hν ∆ Seleção de λ D I λ I λ = kCanalito � Fotômetro de emissão (de chama) � Seleção de λ é feita por filtros � Espectrofotômetro de emissão � Seleção de λ é feita por monocromador Curva Analítica de Calibração Fontes de Excitação para Emissão � Principais fontes de Excitação: � chama ar/propano (t ~ 1900ºC) � chama ar/acetileno (t ~ 2300ºC) � plasma (t ~ 8000ºC) C3H8 + 7/2 O2 → 3 CO + 4 H2O C2H2 + 3/2 O2 → 2 CO + H2O Fotômetro de Chama Fotômetro de Chama nebulizador (eficiência < 5%) descarte (~95%) chama (ar/C3H8) sistema óptico e operacional registrador Diagrama de um espectrômetro de emissão atômica com chama 0,345 dreno amostra Conjunto monocromador Fonte de radiação detector Nebulizador oxidante Combustíve l ���� Operar AAS no modo emissão 22/4/2013 5 Uso de chama ar/acetileno (t~2300 ºC) � Vantagens � eficiência de atomização/excitação �minimização de interferências químicas � Principal problema: � Ionização Atomização na chama: via cloreto Ar Na + + Cl - C3H8 NaCls NaCll NaClg Na + Cl dessolvatação dissociação fusão vaporização IλλλλNa* Na + hνννν excitação Fotometria de chama ���� Principais processos que ocorrem na chama ���� Dessolvatação: MA (sólido) ���� Liquefação: MA (líquido) ���� Vaporização: MA (gás) ���� Atomização: M0 + A0 ���� Excitação: M* ���� Ionização: M+ + e- (indesejável) Fotometria de chama ���� Chama ar/propano (t ~ 1900 oC) Elemento λ intervalo trabalho (nm) (mg/L) Na 589,0 0,2 - 10 K 766,5 0,5 – 20 Li 670,8 1,0 – 40 Rb 780,0 2,0 - 10 O quê é o plasma? � O plasma é gás ionizado, de forma que suas propriedades dependam significativamente da ionização, o gás permanece neutro macroscopicamente. � Características do plasma: � Temperatura (8000 – 10000 K) � Densidade eletrônica (1 – 3x1015 cm-3) � Tempo de residência das espécies no plasma (2 – 3 ms) ICP OESICP OES Átomos/íons excitados monocromador detector Amostra com n analitos (Cd, Pb, Cr, B…) gotículas ou partículas sólidas < 5 µm Espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado Bobina de RF 27-40 MHz 5000-10000 K Adaptado FJ Krug 22/4/2013 6 M(H2O)+ + A- Processos no Plasma MAMAsólidosólido dessolvataçãodessolvatação M + AM + A dissociaçãodissociação MAMAlíquidolíquido fusãofusão MAMAgásgás vaporizaçãovaporização MM+ + + e+ e-- ionizaçãoionização emissão deemissão de linhas iônicaslinhas iônicas MM+*+* excitaçãoexcitação Íons excitadosÍons excitados emissão emissão de linhas atômicasde linhas atômicas excexc MM**átomos excitadosátomos excitados Espectro de emissão gerado Cd Pb Cr B Monocromador (seleção dos comprimentos de onda) Deteção simultânea 60 elementos/min Adaptado FJ Krug Número de linhas espectrais de alguns elementos Elemento Linhas de emissão Li 30 Cs 645 Mg 173 Ca 662 Cr 2277 Fe 4757 Ce 5755 Curva Analítica de Calibração Adaptado FJ Krug Principais compartimentos de um espectrômetro de emissão com plasma � Gerador de rádio-frequência – plasma: � transferência de energia para atomização, ionização e excitação � Sistema de introdução de amostra: � produção e transporte de aerossol (sólido ou líquido) ou vapor � Sistema de detecção: � transferência da radiação, resolução espectral e conversão de sinal radiante em sinal elétrico. Principais compartimentos de um espectrômetro de emissão com plasma 22/4/2013 7 Formação do Plasma 1. Entrada de Ar 2. Geração do campo magnético 3. Descarga para semear e- 4. Estabilização do plasma 5. Introdução da amostra Ar Ar+ + e- E ionização = 15,7 eV Ar, Ar+, e- (1015 e-/cm3) bobina de indução Plasma Formado Tocha Bobina de indução PlasmaFibras ópticas Nebulizador concêntrico e câmara de nebulização de duplo passo 97 % Como fazer a amostra chegar até o plasma? Nebulizador de fluxo cruzado (cross-flow nebulizer) ���� maior tolerância par sólidos dissolvidos na amostra ���� menor eficiência de nebulização Espectrômetro sequencial com montagem Czerny-Turner Esquema de Espectrômetro Simultâneo (multicanal) 22/4/2013 8 rede prisma detector Plasma horizontal (axial) Montagem óptica de um espectrômetro de última geração 19o 88o Rede Echelle prisma Energia Luminosa Fotocatodo Anodo Dinodos (9-13) Envoltório de Quatzo Isolante *100 Milhões de vezes é a amplificação do sinal e- e- e-e- e-e - e- e- e-e- e- e- e- Tubo Fotomultiplicador anodo ~ 107 e- / fóton radiação catodo quartzo (n1 x n2) e- / fóton n1 e- / fóton peneira região p região n fotodiodo radiação fotomultiplicadora O que são interferências? Considerando que a emissão atômica é uma técnica relativa, ou seja, é necessário calibrar o espectrômetro para as determinações, em geral, podemos dizer que qualquer alteração provocada pelos componentes presentes na amostra que altere a transformação do analito em átomo no estado gasoso fundamental, diferentemente do que ocorre com as soluções analíticas de calibração pode ser considerado como uma interferência. Curva Analítica de Calibração (Calibração externa) 22/4/2013 9 1 2 3 4 5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 K+ / Li+ Li+ Ár ea do pi co injeção K+ Curva Analítica de Calibração usando Padrão Interno Repetições Si n al A n al íti co analito padrão interno 0 20 40 60 80 100 0 2 4 6 8 10 Ár e a Re la tiv a (K + / L i+ ) Concentração de K+ (µmolL-1) Curva Analítica de Calibração usando Padrão Interno ���� Interferência espectral Separação incompleta da radiação emitida pelo analito de outras radiações detectadas e processadas pelo espectrômetro. →→→→ Sobreposição de λλλλ: analito e outro elemento (freqüente em ICP) →→→→ Emissão de bandas moleculares →→→→ Emissão de fundo (background) ���� Interferência não espectral Causa uma alteração no número de átomos/íons do analito emitindo. →→→→ Transporte (afeta a eficiência de nebulização) →→→→ Ionização →→→→ Química (reações químicas indesejadas) Tipos de Interferências em Emissão Interferência Espectrais �Chama: a interferência espectral é pouco observada ���� Espectro é muito simples (baixa temperatura da chama) ���� Linhas de emissão atômica na região do visível �ICP OES: são causadas pela complexidade do espectro de emissão dos elementos (átomos e íons) emitindo no plasma ���� H (8 linhas) e Ce (5755 linhas) ���� Número médio de linhas ~250 Al: 46 níveis eletrônicos para possíveis transições Al: 118 linhas de emissão entre 160 e 1000 nm Al+: 226 níveis eletrônicos para possíveis transições Al+: 318 linhas de emissão entre 160 e 1000 nm Como corrigir interferência espectral? � Sobreposição de λ: analito(s) e outro(s) elemento(s) ���� Escolha de outra linha de emissão � Elevação da radiação de fundo em ICP OES ���� Faz-se o desconto do aumento do background imediatamente antes e depois do pico de emissão, com ajustes feitos pelo software do equipamento. �Interferência de transporte (ocorrem tanto em Fotometria de Chama como em ICP OES) ���� afetam o processo de nebulização e são causadas por variações de propriedades físicas das soluções das amostras (viscosidade, tensão superficial e sólidos dissolvidos). �Interferência de ionização (ocorrem tanto em Fotometria de Chama como em ICP OES) ���� afetam os equilíbrios de ionização e ocorrem quando são introduzidas amostras contendo elevadas concentrações de elementos facilmente ionizáveis (Na, K). Interferência Não Espectrais 22/4/2013 10 Fotômetro de Chama Nebulização no Fotômetro de Chama Eficiência <3% (parte da amostra que chega na chama) Nebulizador concêntrico e câmara de nebulização de duplo passo 97 % água/etanol A c água Influência da viscosidade sobre a curva de calibração A cA A Tensão superficial e viscosidade (20 oC) Solvente Tensão superficial (dynes/cm) Viscosidade (cP) Água 73,05 1,002 Etanol 22,75 1,074 Etanol/Água (34%) 33,24 2,829 Etanol/Água (48%) 30,1 2,85 Interferência de Ionização Quando ocorre? � Ocorre principalmente na determinação de elementos facilmente inonizáveis (Na, K, Cs...). � Quando um analito facilmente ionizável é determinado em uma amostra contendo alta concentração de outro elemento também facilmente ionizável. � Comum em chama ar acetileno % de Átomos Ionizados x Potencial de Ionização Elemento Potencial de Ionização (eV) Chama ar/C3H8 (1900 oC) Chama O2/H2 (2600 oC) Chama N2O/C2H2 (2900 oC) Li 5,391 0,01 1 16 Na 5,139 0,3 5 26 K 4,340 2,5 31 82 Ru 4,177 13,5 44 89 Cs 3,894 28,3 69 96 Ca 6,113 - 1 7 Sr 5,694 - 2,7 17 Ba 5,211 - 8,6 42 22/4/2013 11 Interferência Não Espectrais �Interferências químicas causadas pela formação de espécies refratárias ���� podem ocorrer em fotometria de chama (Ex. Ca) ���� não são usuais no plasma devido a alta temperatura de operação �Interferências causadas pela não dissociação de espécies ���� pode ocorrer na chama devido a baixa temperatura ���� incomum no plasma devido a elevada temperatura � Estratégia experimental (diluição) � Estratégia instrumental (usar outro comprimento de onda) � Avaliação dos resultados obtidos para amostras certificadas � Avaliação da recuperação do analito adicionado Como identificar uma interferência? � Diluição Como identificar uma interferência? Amostra 10 ml 5 mL amostra + 5 ml diluente (Diluição 1x) A(esp.)=0,0360 A(obt.)=0,0480 10 ml 2 mL amostra + 8 ml diluente (Diluição 5x) 10 ml 1 mL amostra + 9 ml diluente (Diluição 10x) A(obt.)=0,0720 A(obt.)=0,0310 A(obt.)=0,0155 � Avaliação dos resultados obtidos para amostras certificadas O que são amostras ou materiais de referência certificados? São materiais de referência que possuem uma ou mais de suas propriedades certificadas (com as incertezas) obtidas por procedimentos especiais (intercomparação entre laboratórios) feitas por um centro competente e independente. Como identificar uma interferência? Determinação de Cd e Pb em materiais de referência de soro sangüíneo (n=3) Valores Encontrados ± incertezas Valores Recomendados RM Cd (µg l-1) Pb (µg l-1) Cd (µg l-1) Pb (µg l-1) I 3.7 ± 0.1 94 ± 1 3.8 (3.0-4.5) 83 (66-100) II 0.9 ± 0.2 36 ± 2 0.7 33 III 6.6 ± 0.1 442 ± 5 6.2 (5.4-7.2) 401 (353-443) (I) Liphochek Bio-Rad level 1; (II) SeronorTM level 1 (III) SeronorTM level 2 Para que servem os materiais de referência ou referência certificados? � utilizados para calibração de equipamentos � para avaliar exatidão de resultados � validação de métodos analíticos Como podem ser obtidos? São obtidos em centros de competência: � IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) � NIST (National Institute of Standard and Technology) � NBS (National Bureau of Standard) Materiais de Referência � Avaliação da recuperação do analito adicionado Como identificar uma interferência? Amostra10 ml Branco 0,1 mol/L HNO3 10 ml 10 µg/L M2+ + 0,1 mol/L HNO3 ABr = 0,0008 ASA+Br = 0,0823 ASA = 0,0823 – 0,0008 = 0,0815 10 ml 2 ml amostra + 0,1 mol/L HNO3 10 ml 2 ml amostra + 10 µg/L M2+ + 0,1 mol/L HNO3 ABr = 0,0127 ASA+Br = 0,0934 ASA = 0,0934 – 0,0127 = 0,0807 Recuperação: 99% Bom Sinal !!! 22/4/2013 12 � Avaliação da recuperação do analito adicionado Como identificar uma interferência? Amostra10 ml Branco 0,1 mol/L HNO3 10 ml 10 µg/L M2+ + 0,1 mol/L HNO3 ABr = 0,0008 ASA+Br = 0,0823 ASA = 0,0823 – 0,0008 = 0,0815 10 ml 2 ml amostra + 0,1 mol/L HNO3 10 ml 2 ml amostra + 10 µg/L M2+ + 0,1 mol/L HNO3 ABr = 0,0127 ASA+Br = 0,0742 ASA = 0,0742 – 0,0127 = 0,0615 Recuperação: 75% Mal Sinal !!! Referências �D.A. Skoog, F.J. Holler, T.A. Nieman, Princípios de Análise Instrumental, 5a ed., Bookman, São Paulo, 2002. �D.C. Harris, Análise Química Quantitativa,LTC Livros Técnicos e científicos, Rio de Janeiro, 2001. �Vogel, Análise Inorgânica Quantitativa, Guanabara Dois, Rio de Janeiro, 1978.
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