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PERSONALIDADE JURÍDICA
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Personalidade é a aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na ordem jurídica, ou seja, é a qualidade de ser sujeito de direito.
Só é sujeito de direito quem é dotado de personalidade jurídica.
Em que momento a pessoa física adquire personalidade jurídica? Segundo o artigo 2º CC é com o nascimento com vida. 
RESOLUÇÃO Nº 01 DE 1988 DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. NASCER COM VIDA SIGNIFICA O FUNCIONAMENTO DO APARELHO CARDIORESPIRATÓRIO.
Obs: No direito positivo brasileiro, em respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, afastando-se da diretriz do artigo 30 do Código Espanhol, a aquisição da personalidade independe da forma humana e de tempo mínimo de sobrevida.
Teorias Explicativas do Nascituro
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro
Invocando o entendimento do Professor Limongi França: nascituro é um ente concebido, ainda não nascido.
1ªTeoria denominada NATALISTA, tradicional no direito brasileiro, defendida por autores como Eduardo Espínola, Silvio Rodrigues, Silvo Venosa, afirma que o nascituro não e pessoa, uma vez que a personalidade somente é adquiria a partir do nascimento com vida. 
2ª Teoria que se contrapõe a Natalista é chamada CONCEPCIONISTA, defendida por Teixeira de Freitas e Clóvis Beviláqua, reconhece personalidade jurídica ao nascituro, inclusive para efeitos patrimoniais, razão porque o nascituro seria titular de direito e não mera expectativa
OBS: a teoria da personalidade formal, intermediária e pouco usada, afirma que o nascituro teria personalidade apenas para alguns efeitos, especialmente de ordem não patrimonial. Não o considerava então dotado de plena personalidade jurídica. 
· Quais das teorias foram adotadas pelo CC? 
Resposta: Com base na doutrina de Clóvis Beviláqua (Código Civil Dos Estados Unidos Do Brasil, editora Rio, edição história, 1975, pag. 178) ainda aplicável ao nosso sistema, podemos dizer que o legislador aparentemente abraça a teoria Natalista, por ser mais prática, mas sofre forte e inequívoca influencia da teria Concepcionista, pois o sistema jurídico reconhece ao nascituro diversos direito como pessoa.
Ao encontro da Teoria Concepcionista, reforçando a tese de que o nascituro é um sujeito de direito, poderíamos apontar em nosso sistema importantes direitos a ele reconhecidos:Direito à vida, à proteção pré-natal, Direito de receber doação e herança, tutela penal do aborto e nomeação de curador (ARTS. 877 e 878 do CPC).
· O nascituro tem direito aos alimentos?
Resposta: tradicionalmente, o direito brasileiro era resistência à tese, com julgamento esporádico reconhecendo o direito ao alimento. Recentemente, em 05 de novembro de 2008, aprovou-se à lei dos alimentos Gravídicos 11.804/2008, reconhecendo alimentos ao nascituro.(ver art. 6º). (TJ/RS: Agravo de Instrumento nº 70006429096.
· O nascituro tem direito à indenização por Danos Morais?
Resposta: O STJ, mantendo linha de entendimento anterior, recentemente, no RESP 931.556/RS, reforçando a corrente concepcionista, concebeu ao nascituro indenização por danos morais. 
O natimorto, nos termos do enunciado n.01 da Jornada de Direito Civil,recebe certos direitos da personalidade como nome, imagem e sepultura.
CAPACIDADE
CONCEITO: TEIXEIRA DE FREITAS AFIRMA QUE A CAPACIDADE É A MEDIDA DA PERSONALIDADE.
CAPACIDADE se divide em:
1. DE DIREITO: segundo ORLANDO GOMES “confunde-se com a noção de personalidade de direito” Essa capacidade todo mundo tem.
2. DE FATO: ou de exercício traduz à aptidão para pessoalmente praticar atos da vida civil, esta capacidade nem todo mundo tem. A falta de capacidade de fato gera a incapacidade.
A capacidade plena é a capacidade de direito+ capacidade de fato= capacidade plena.(18 ANOS)
OBS: não devo confundir a ausência de capacidade (incapacidade) com a falta de legitimidade para o ato jurídico.
A incapacidade pode ser absoluta (3º CC) ou relativa (4ªCC).
Formas de tutela do incapaz: representação e assistência.
OBS: na linha do CC 1916 podemos defender que continua inaplicável ao nosso sistema o benefício de restituição aos incapazes (RESTITUTIO IN INTEGRUN)
*ver no material de apoio o artigo 19 do CC.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
Menores de 16 anos: enunciado 138 da 3ª Jornada de Direito Civil, comentando o inciso do art. 3º. A vontade do absolutamente incapaz é relevante nas situações existenciais a si pertinente. Ex: quando se torna importante o juiz ouvir o menor impúbere (abaixo de 16 anos).
Os que por enfermidade mental ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para a práticas desses atos. 
As pessoas que padecem de enfermidade mental ou deficiência, que as torne completamente incapaz de praticar ato jurídico, deve ser interditada (art. 1177 e SS CPC). Uma vez interditado, na forma da lei, qualquer ato que um incapaz, mesmo em momento de lucidez, venha a praticar sem seu curador, é nulo de pleno direito.
OBS: Lembra-nos Orlando Gomes em sua obra Introdução ao Direito Civil, comparado na doutrina italiana, que o ato praticado pelo incapaz ainda não interditado pode se impugnado observando-se 3 requisitos: 
1. Incapacidade de entender e querer;
2. Prejuízo ao incapaz;
3. Má- fé da outra parte
Na linha de pensamento de Silvio Rodrigues a má-fé da outra parte pode ser deduzida da circunstância do negócio. Em reforço dessa tese o art. 503 do CC da França admite também essa invalidade.
São absolutamente incapazes, os que mesmo por causa transitória não puderem exprimir a sua vontade; 
OBS: O surdo-mudo que não tenha habilidade para expressar a sua vontade está contemplado implicitamente nesse artigo.
Alvino Limo em sua clássica obra Culpa e Risca, lembra-nos de que a teoria da actio libera in causa também deve ser aplicada ao direito civil: Aquele que se coloca voluntariamente em estado de incapacidade não se isenta de Responsabilidade Civil.
www.cienciapenalesne artigo do Claus Roxin –observações sobre a Actio Libera in Causa.
A selinidade não é causa dede incapacidade no direito brasileiro
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
O estatuto do índio em seu artigo 8º ao considerar nulo o ato praticado pelo índio, como regra geral, remete-nos a conclusão de se tratar de incapacidade absoluta.
· O que é estatuto jurídico do patrimônio mínimo?
Resposta:Em uma perspectiva civil e constitucional, visando a promoção da pessoa humana, o estatuto jurídico do patrimônio mínimo, tese desenvolvida pelo professor Luiz Edson Fachin sustenta que as normas civis devem resguardar para cada um, o mínimo de patrimônio para que tenha a vida digna. Ex: as normas do bem de família.
EFEITOS DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE CIVIL
No campo previdenciário a nota SAJ nº 42/03 da Casa Civil da Presidência da República e na mesma linha o enunciado nº 03 da 1ª jornada de direito civil estabeleceram que: a redução da maioridade não repercutiu no campo previdenciário, pois este é disciplinado por lei especial.
No que tange ao direito da criança e do adolescente, forte é a tendência doutrinaria e jurisprudencial, no sentido da prevalência das regras do ECA (ver HC/RJ 28332).
O STJ, desde o informativo nº 232, passando por diversos julgados (RESP/SP 347010), firmou entendimento no sentido de que o alcance da maioridade não implica cancelamento automático da pensão alimentícia.
A súmula 358 do STJ, nesta mesma linha exige para cancelamento a instalação do contraditório. O STJ tem julgados negando a legitimidadeo MP para recorrer da decisão que exoneratória de alimentos (RESP/DF 712.175) (RESP/DF 982.410).
EMANCIPAÇÃO
É instituto que permite a antecipação d capacidade plena, podendo-se operar de 03 formas:
1. Voluntária: (art. 5º, parágrafo único, I, 1º parte): é aquela concedida em caráter irrevogável, mediante instrumento público, por ato dos pais (ou de um deles na falta do outro), independentemente de homologação judicial e desde que o menor tenha pelo menos 16 anos.
OBS: vale observar que a simples detenção da guarda não autoriza o genitor que a exerça emancipar sozinho o filho menor, uma vez que o outro ainda detém o poder familiar.
A doutrina especializada (Venoza) assim como a jurisprudência (RTJ 62/108, RT 494/92) apontam no sentido de, na emancipação voluntária, concedida por ato dos pais a responsabilidade deles persiste em face do filho emancipado que cometa ilícito até que complete 18 anos de idade.
2. Judicial:(art. 5, I, parágrafo único, 2º parte): 
Aquela concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos. (menores órfãos que estão sob tutela).
Quem emancipa o menor não é o tutor e sim o juiz, que provocado decide sobre a emancipação depois de ouvido o tutor. Caso o tutor seja contrário, é possível a provocação do juiz por parte de um curador, nomeado pelo juiz.
3. Legal: (art. 5º, II e III): decorrente da lei
Hipóteses:
II – casamento: a partir dos 16 é possível tanto ao homem como a mulher o casamento, ficando emancipados por força de lei.
· É possível o casamento abaixo dos 16 anos? Nesse caso a pessoa estaria emancipada?
R= O CC, em seu art. 1.520 (estudado na grade de família) admite o casamento abaixo dos 16 anos em duas situações: em caso de gravidez ou para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal. Trata-se questão polêmica, especialmente a luz da reforma penal de 2009. Mas, na letra fria do CC, se o casamento for autorizado e ocorrer, a emancipação existirá.
· Se o casamento for anulado a emancipação persiste?
R= Mesmo que exista separação judicial ou divórcio, uma vez que se trata de medidas com eficácia ex nunc (para o futuro), a emancipação continua vigorando. No caso de anulação desse casamento, onde é proferida sentença de invalidade, a despeito de respeitável corrente doutrinária sustentar a eficácia ex nunc da sentença anulatória de casamento (Orlando Gomes, Maria Helena) entendemos assistir razão aqueles que defendem a sua eficácia retroativa (Zeno Veloso, Flávio Tartuce) e, nessa linha de raciocínio, o próprio registro do casamento é cancelado, repondo as partes ao estado anterior e operando a extinção do efeito emancipatório (ressalvamos, todavia a situação do casamento putativo que será explicada em momento oportuno).
III - exercício de emprego público efetivo também autoriza. Nesse caso, cargo público efetivo ou função pública efetiva também emancipam.
IV – colação de grau em curso de nível superior.
V – estabelecimento civil (aquele em que não há o elemento da empresa, mas uma simples prestação de serviço científico, artístico ou intelectual. Ex: menor que dá aulas de violão e se sustenta com o valor recebido) ou estabelecimento comercial ou relação de emprego desde que o menor de 16 completos tenha economia própria.
Não é obrigatória a sentença judicial, o que emancipa é a lei que reconhece o estabelecimento civil, comercial ou a relação de emprego com o menor.
Mesmo que o menor venha a perder o emprego a situação emancipatória é mantida, por força da segurança jurídica.
· O que se entende por economia própria?
R= Partindo-se da premissa de que temos um sistema aberto no direito civil brasileiro (de cláusulas gerais e conceitos indeterminados), caberá ao juiz, a luz do princípio da operabilidade (Miguel Reali) dizer o que entende por economia própria segundo as circunstâncias que lhe foram apresentadas.
(Ler artigo sobre neoconstitucionalismo entre a ciência do direito e o direito da ciência de Humberto Ávila)
OBS: a emancipação não antecipa a imputabilidade penal, porém cabe prisão civil porque no momento em que está emancipado para os efeitos civis também fica responsável. Ex: menor emancipado que não paga alimentos.
Vale lembrar que, nos termos do art. 140, I do CC do CTB é condição para dirigir a imputabilidade penal, razão pela qual o menor emancipado não pode dirigir.
EXTINÇÃO DA PESSOA FÍSICA OU NATURAL
A extinção da pessoa física, nos termos do art. 6º do CC opera-se com a morte, fenômeno estudado por um ramo da medicina legal denominado tanatologia. 
Segundo a professora Maria Helena Diniz, a noção comum de morte dá-se com a parada cardíaca prolongada e a ausência de respiração, não obstante a comunidade médica reconheça a morte encefálica como critério mais seguro, inclusive para fins de transplante (Resolução 1480/97 do CFM).
MORTE PRESUMIDA
Haverá morte presumida, em caso de ausência, quando da abertura da sucessão definitiva (a decisão judicial declaratória da ausência é registrada em livro próprio, e não no livro de óbitos – ver material de apoio). No momento em que é aberta a sucessão definitiva do ausente, ele é considerado presumidamente morte.
Além da hipótese da ausência, haverá também morte presumida (sem decretação de ausência) nas situações previstas no art. 7 do CC.
· O que é comoriência? E a premoriência?
A comoriência traduz, nos termos do art. 8º do CC, situação de morte simultânea, vale dizer, se duas ou mais pessoas falecerem na mesma ocasião, sem que se possa indicar a ordem cronológica dos óbitos, serão consideradas mortas ao mesmo tempo.
Premoriência é dizer quem morreu primeiro.
Finalmente, vale destacar, que havendo morte simultânea serão abertas cadeiras sucessórias autônomas e distintas, de maneira que um comoriente nada transmite para o outro.
PESSOA JURÍDICA
Como decorrência do fato associativo a pessoa jurídica traduz um grupo humano, criado na forma da lei e dotado de personalidade jurídica própria para atingir finalidades lícitas.
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Teorias explicativas (2 correntes):
1. Negativista (Blintz e Planiol): negavam a pessoa jurídica como sujeito personificado, mas sim um condomínio de pessoas físicas ou apenas grupos de pessoas físicas reunidas.
2. Afirmativista: aceitavam a pessoa jurídica
2.1 Teoria da ficção (savigny): para esta teoria a PJ seria um sujeito de direito de existência meramente abstrata ou ideal, fruto da técnica pura do direito 
2.2 Teoria da realidade objetiva (=organicista-sociológica) (Clóvis Beviláqua): a PJ não seria um ente meramente abstrato ou ideal, mas sim um organismo real e social vivo 
2.3 Teoria da realidade técnica: mais equilibrada, adotada pelo art. 45 do CC, a PJ é constituída e personificada pela técnica do direito, embora não deixe de ter atuação social.
· PJ pode sofrer dano moral?
R= PJ pode deter alguns direitos da personalidade (art. 52 do CC). É pacífica a tese no Brasil, nos termos da Súmula 227.STJ no sentido de que PJ pode sofrer dano moral. Aliás, partindo-se da premissa de que dano moral é lesão a direito da personalidade, o próprio art. 52 do CC reconhece à PJ a titularidade de alguns desses direitos, como direito ao nome e a imagem, inclusive o AgRg no REsp 865.658 assentou não haver mais controvérsia no STJ quanto à reparação do dano moral em favor da PJ. Em nível doutrinário, todavia, há quem discorde da tese (Wilson Melo da Silva), havendo inclusive um enunciado que reforça esta tendência (Enunciado 286 da 4º Jornada).
Dia 09 de fevereiro de 2010.
PRINCIPAIS ESPÉPIES DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO
Nos termos do art.44 do CC, em sua redação original, eram PJ dedireito Privado.
1. Associações 
2. Sociedades
3. Fundações
A lei 10.825/2003, por sua vez, acrescentou em incisos autônomos as:
4. Organizações religiosas 
5. Partidos políticos
O desdobramento do art.44 é explicado à luz do art. 2031 do CC modificado que estabelece prazo para pessoas jurídicas anteriores adaptarem-se ao novo código, excluindo da incidência da norma organizações religiosas e partidos políticos (ver no material de apoio 02 o item drama existencial do art.2031 do CC). 
Art. 2.031. As associações, sociedades e fundações, constituídas na forma das leis anteriores, bem como os empresários, deverão se adaptar às disposições deste Código até 11 de janeiro de 2007. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
  Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às organizações religiosas nem aos partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003))
Caso a pessoa jurídica não se adapte ao NCC, dentre outras consequências, haverá:
1. Impedimento para participar de licitação;
2. Para obter linha de crédito em banco;
3. Para fornecer produtos para grandes empresas;
4. Por estar irregular, os seus sócios ou administradores poderão ter responsabilidade pessoal pelos débitos da pessoa jurídica.
FUNDAÇÕES
As fundações (direito privado)resultam, não dá união de indivíduos, mas da AFETAÇÃO DE PRATRIMONIO, por testamento ou escritura pública, que o instituidor faz para realizar finalidade ideal.
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.
 OBS: AS ONGS SOMENTE PODEM SE CONSTITUIR COMO ASSOCIAÇÕES OU FUNDAÇÕES E, PARA ATUAREM EM PARCERIA COM O PODER PÚBLICO DEVEM SE QUALIFICAR COMO ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (LEI 9.790/99).
REQUISITOS PARA CONSTITUIÇÃO DE UMA FUNDAÇÃO:
1. A afetação ou o destacamento de bens livres do instituidor;
2. A sua instituição só poderá ser feita por escritura pública ou testamento;
3. A elaboração o estatuto da fundação – ato normativo da fundação,organiza a estrutura da mesma. O estatuto poderá ser elaborado pelo próprio instituidor, por terceiro a quem delegue fiduciariamente o encargo ou subsidiariamente pelo MP.
4. A provação do estatuto – em geral quando for elaborado pelo próprio instituir ou por terceiro, a aprovação será feita pelo Ministério Público. Mas, se o próprio MP elaborou, a esquisita norma do art. 1.202 do CPC estabelece que a aprovação do estatuto será feita pelo juiz.
5. Finalmente, para se considerar constituída o seu estatuto deverá ser devidamente registrado no CRPJ – cartório de registro de pessoas jurídicas.
O papel do MP:por expressa norma legal (art.66) a precípua função fiscalizatória das fundações de direito privado
Obs: vale observar que o §1º do art. 66 do CC fora objeto de uma ADIN (2794) já julgada, para, permitir a correta interpretação conforme a constituição no sentido de que fundação situada no DF deve ser fiscalizada pelo próprio MP do Distrito Federal e não pela Procuradoria da República (MPF).
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal. (Vide ADIN nº 2.794-8)
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público
Os artigos 67 e 68 cuidam da alteração do estatuto de uma fundação e o art. 69 do destino do patrimônio de uma fundação que acaba.
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante
SOCIEDADES
Conceito: a sociedade, espécie de pessoa jurídica de direito privado, é dotada de personalidade jurídica própria e instituída por meio de contrato social com propósito de exercer a atividade econômica e partilhar LUCRO.
Sociedade= entidade corporativa – grupo de pessoas e tem finalidade econômica, contrato social.
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
OBS: é juridicamente possível sociedade entre cônjuges? 
R=nos termos do art. 977 do CC, a contratação de sociedade entre cônjuges só é possível se não forem casados em comunhão universal ou separação obrigatória de bens. No que se refere as sociedades entre cônjuges anteriores ao NCC a proibição do art. 977 não lhe és aplicada, em respeito ao princípio do ato jurídico perfeito (parecer jurídico de DNRC/CONJUR nº 125/03). 
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
Nos termos do art. 982 do CC, uma sociedade para ser empresária deverá conjugar um requisito material (exercício de atividade empresarial) e um requisito formal (registro na junta comercial); a ausência de qualquer desses requisitos,e geral, torna a sociedade simples.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
 A sociedade empresária, face típica do capitalismo notabiliza-se pela impessoalidade: os seus sócios podem atuar como meros articuladores de fatores de produção (capital, trabalho, matéria prima e tecnologia). Estão sujeitas a lei falimentar e o registro deverá ser feito na junta comercial. As sociedades simples, por sua vez, tem por nota a pessoalidade:os seus sócios realizam ou supervisionam pessoalmente a atividade desenvolvida. Por isso, em geral, são prestadoras de serviços técnicos ou científicos (sociedade de advogados). Não estão sujeitas a falências e em geral são registradas no CRPJ.
O § único do art.982 estabelece que toda sociedade anônima é empresária e toda cooperativa é simples (ver AGRG no RESP 808.441 SP – STF). 
Cooperativa era registrada na junta comercial, com a entrada do CC é simples, logo o registro da deve ser feito no CRPJ.
ASSOCIAÇÕES
Conceito: pessoas jurídicas de direito privado, são formadas pela união de indivíduos com o propósito de realizarem fins não-econômicos (art.53 CC). 
Ex: clube recreativo, associação dos moradores do bairro, sindicato, blocos de carnavais*.
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
A associação tem por ato normativo, nos termos do art. 54 o seu estatuto,que deverá ser registrado no CRPJ.
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusãodos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005)
Órgão mais poderoso: assembléia geral, não é o presidente.
A assembléia geral tem sua competência estabelecida no art. 59 do CC:
Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral: (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
I – destituir os administradores; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
II – alterar o estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005).
Obs: vale lembrar que, em uma associação, poderá haver categorias diferentes de associados, mas associados de uma mesma categoria NÃO poderão ser discriminados entre si.
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais.
Obs: regra geral, nos termos do art.61 CC dissolvida uma associação o seu patrimônio remanescente deverá ser atribuído a entidades de fins não – econômicos designadas no estatuto, ou, omisso este, a instituição municipal, estadual ou federal de fins iguais ou semelhantes.
EXCLUSÃO DO ASSOCIADO
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005).
Conceito aberto a ser preenchido pelo principio da operabilidade.
Dia 18 de fevereiro de 2010.
DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
- Rolf Serick (doutrinador alemão)
- Rubens Requião (Jurista Brasileiro)
Conceito: a doutrina da desconsideração pretende o afastamento temporário da personalidade de uma pessoa jurídica, para permitir que seus credores possam satisfazer os seus direitos no patrimônio pessoal do sócio ou administrador que cometera o ato abusivo.
_DESCONSIDERAÇÃO X DESPERSONIFICAÇÃO 
Desconsiderar não e aniquilar a pessoa jurídica, não é cancelar o seu registro, é apenas utópica, depois ela continua a funcionar.
Na despersonificação, não se pretende o simples afastamento temporário de personalidade, mas sim, a extinção da própria pessoa jurídica e o cancelamento de seu registro, como se deu em face de algumas torcidas organizadas em nosso país. 
OBS: Não de deve confundir a desconsideração a pessoa jurídica, que tem requisitos próprios, com a responsabilidade tributária subsidiária de sócio ou administrador.
Não pode confundir tbm a desconsideração com a teoria ultra vires societatis, por meio desta teoria, de origem anglo-saxônica, e regulada no artigo 1.025 do CC, considera-se NULO o ato praticado pelo sócio que extrapolou os poderes conferidos pelo contrato social. A sociedade, portanto, não responde pelo ato praticado.
REQUISITOS DA DESCONSIDERAÇÃO
O CC 1916 não trouxe norma específica sobre o tema, no âmbito das relações privadas, ressalvado o direito do trabalho, a primeira grande Lei a tratar da desconsideração foi o CDC, em seu artigo 28. 
· Questão prática de consumidor: aplica o art. 28 do Código do Consumidor. Relação de Consumo. 
· Questão prática de direito civil: no CC em vigor, a matéria é tratada em seu artigo 50.
Segundo professor Edmar Andrade, a desconsideração é matéria “sob reserva de jurisdição”, ou seja, deve ser decretada pelo juiz, garantido o contraditório. Excepcionalmente, todavia, a própria doutrina (Gustavo Tepedino) e a jurisprudência (RMS 15166 BA) tem admitido a desconsideração administrativa em caso grave de fraude.
A luz do art. 50 do CC, a desconsideração da pessoa jurídica deve preencher os seguintes requisitos:
1. A pessoa jurídica deverá ter descumprido uma obrigação; (insolvente)
2. Abuso do sócio (desvio de finalidade ou confusão patrimonial).
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Obs: inspirando-se na doutrina do professor Fábio konder Comparato (Obra: “o poder de controle da S.A” editora: Florence), o sistema jurídico brasileiro não exige para efeito de desconsideração, que o credor demonstre a intenção ou o dolo específico do sócio no cometimento de ato ilícito.
OBS: como vimos acima, o abuso pode-se caracterizar por um desvio de finalidade ou pela confusão de patrimônio. 
Tbm pode caracterizar abuso por confusão de patrimônio, apto a permitir a desconsideração, a situação em que uma empresa controladora atua fraudulentamente por meio de outra empresa do mesmo grupo. Neste caso, opera-se uma desconsideração INDIRETA: desconsidera-se a empresa controlada para se atingir a controladora 
OBS: para efeito de aprofundamento, ver a obra “o novo direito societário”, do professor Calixto Salomão Filho.
· Qual a diferença entre Teoria Maior X Teoria Menor da desconsideração da pessoa jurídica??
R= em mais de uma oportunidade, o STJ em afirmado que a regra geral no âmbito da desconsideração, é a TEORIA MAIOR que, além da insolvência da pessoa jurídica, exige também a demonstração do abuso do sócio caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão do patrimônio (art. 50 do CC). Entretanto, em situações jurídicas especiais para facilitar a satisfação do direito, adota-se a TEORIA MENOR, que se contenta simplesmente com a demonstração do descumprimento da obrigação ou com a insolvência da pessoa jurídica.
Teoria menor: Acolhida Excepcionalmente no nosso ordenamento jurídico apenas no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, basta que a pessoa jurídica se considere insolvente, não precisa demonstrar o abuso. O credo apenas precisa demonstrar que a obrigação não foi cumprida e o juiz aciona o pedido e atinge o patrimônio do sócio.
A respeito dessa diferença, ver farta jurisprudência no material de apoio, inclusive o RESP 279.273 SP.
É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que a desconsideração da pessoa jurídica é cabível em sede de execução, garantido o contraditório (RESP 920.602 DF).
· O melhor entendimento doutrinário (enunciado nº 7 da 1ª jornada) é no sentido de que a desconsideração pressupõe requerimento específico em face do sócio ou administrador que cometeu o ato abusivo. 
· O que é desconsideração inversa??
R= Acórdão do TJ SP em sede de Agravo nº 33.453-01. Nesse tipo de desconsideração, enfrentada pioneiramente pelo professor Fábio Comparato, atinge-se a própria pessoa jurídica detentora de bens e valores para se alcançar a pessoa física que está por trás.
O enunciado 283 da 4ª jornada admite este tipo de desconsideração.
DOMICÍLIO
A regra geral de competência é que o foro de domicílio do réu processará a demanda contra ele. Esse conceito remetem aos viés de segurança jurídica.
Morada: lugar em que a pessoa física se estabelece temporariamente. Ex: bolsa de estudo pelo prazo de 06 meses em outro estado.
Residência: pressupõe estabilidade: é o lugar em que a pessoa física se estabelece habitualmente. É mais que a morada, porque ela é estável e habitual. Ex: Fazenda, casa de praia.
Domicílio: é o conceito mais abrangente, uma vez que traduz o lugar em que a pessoa física se estabelece com animo definitivo (animus manendi), convertendo-o em centro principal de sua vida jurídica.
Art.70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. 
Na linha do código de Portugal, o CC brasileiro em seu art.72, consagra, PARA DETERMIANDOS EFEITOS, UM DOMICÍLIO PROFISSIONAL. Ele não muda seu domicílio geral, é apenas limitados aos efeitos da profissão.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. 
No que se refere à mudança de domicílio, a matéria é tratada no art. 74 do CC.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
OBS: o domicilio da PJ é regulado no art. 75 do CC (as questões jurídicas mais profundas devem ser vistas na grade de processo).
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
· O que se entende por domicílio aparente ou ocasional??
R= Henhri de Page – civilista Belga. Trata-se de uma ficção jurídica baseada na Teoria da Aparência: à luz do art. 73 do CC, para pessoas que não têm domicílio certo, como profissionais do circo, considera-se seu domicílio o lugar em que for encontradas.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
 Espécies de domicílio:
1. Domicílio convencional ou voluntário: é o mais comum, fixado por simples ato de vontade segundo a autonomia privada. Natureza jurídica do ato de fixação de domicílio: é de ato jurídico em sentido estrito ou não negocial.
2. Domicilio especial ou de eleição:regulado nos arts. 78 do CC e 111 do CPC. Trata-se do domicílio escolhido pelas próprias partes do contrato. À luz do principio da função social, nos termos do § único do art.112 do CPC, a nulidade da cláusula de eleição de foro, especialmente em contrato de consumo, podem ser declarada de ofício pelo juiz, independentemente da exceção de incompetência. 
3. Domicílio legal: regra do art. 77 e 76 do CC. O artigo matriz da pergunta “o que é domicílio?” é o art. 76.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. (LEGAL OU NECESSÁRIO). 
Domicilio obrigatório por lei!!! 
Atenção: Marítimo é o marinheiro da marinha privada mercante e não o militar da marinha brasileira.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença
Domicílio do Incapaz: a despeito dessa regra, a súmula 383 do STJ estabelece que “a competência para processar e julgar as ações conexas ao interesse do menor, é em princípio o foro do domicílio do detentor da sua guarda”.
Servidor público: o lugar onde exerce suas funções. A função deve ser permanente.licença de 30 dias e esta em outra cidade não muda seu domicílio legal, salvo licença sem remuneração sem tempo determinado.
OBS: lembra a professora Maria Helena Diniz que o servidor público tem domicílio obrigatório no lugar em que exerce função permanente, e não simplesmente comissionada. Acrescenta ainda a professora, que a obtenção de uma simples licença não altera o domicílio legal.
Militar: onde servir. Marinha ou Aeronáutica: comando subordinado. 
Marítimo mercante: o seu domicilio obrigatório é onde o navio estiver matriculado (porto).
Preso: lugar que cumprir a sentença.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
Dia 22 de fevereiro de 2009.
BENS JURÍDICOS
CONCEITO: 
· O que se entende por patrimônio jurídico? (MPF)
R= na linha da doutrina clássica, patrimônio seria a representação econômica da pessoa. Modernamente, a doutrina, quanto a natureza jurídica, definiu como uma universalidade de direitos e obrigações, podendo compreender, segundo alguns autores (Wilson Belo da Silva e Maria Helena Diniz) direitos da personalidade (fala-se aqui em patrimônio moral).
Segundo Caio Mário, cada pessoa é titular de patrimônio único, ainda que os bens derivem de origem diversa.
Questões de Concurso: 
· O que é estatuto jurídico do patrimônio mínimo?
R= é uma tese desenvolvida pelo Prof. Luiz Edson Fachin (Ed.Renovar) sustenta que, na perspectiva constitucional da dignidade da pessoa humana, as normas civis devem resguardar sempre para casa pessoa um mínimo de patrimônio para que tenha a vida digna (ex: Legislação do Bem de Família).
· O que é patrimônio de afetação?
R=consagrado pela Lei nº 10.931/2004, o denominado patrimônio de afetação visa a imprimir maior segurança jurídica nas relações travadas no mercado imobiliário, ao vincular bens aos custos do empreendimento. Destaca-se, portanto, um patrimônio específico, independentemente do próprio patrimônio da incorporadora para garantia da obra.
Classificação dos Bens
1. Imóvel por força de lei (art. 80 CC);direitos reais sobre imóveis (ex: hipoteca – registro de imóveis) e as ações que os asseguram e o direito a sucessão aberta (herança - natureza imobiliária).
OBS: o direito a herança, por ter natureza imobiliária, explica o excesso de formalismo quando da sua cessão, a exemplo da escritura pública e a exigência de consentimento do outro cônjuge (Francisco Cahali).
Obs²: vale observar que o art. 84 do CC cuida dos bens moveis empregados em construção.
OBS³: O CDC estabelece o prazo para reclamar por vício do produto perante o juizado: 30 dias (bens não duráveis) ou 90 dias (bens duráveis) a depender da natureza do bem. O CDC adotou a classificação de bens duráveis e não duráveis para efeito de se exercer o direito potestativo de reclamar por vício de qualidade.
2. Merece especial atenção dos bens considerados, que podem ser principal e acessório: PRINCÍPIO DA GRAVITAÇÃO JURÍDICA
OBS: vale lembrar que segundo principio da gravitação jurídica, o acessório segue o principal.
*Classificação dos bens acessórios:
i. Fruto: é uma utilidade renovável, que a coisa principal periodicamente produz e cuja percepção não diminui sua substância. Ex: laranja – pé de laranjal. 
ii. Produto: tbm é bem acessório. É uma utilidade não renovável, cuja percepção diminui a substância da coisa principal. Ex: petróleo. 
iii. PERTENÇA: é o contraponto do parte integrante. A pertença é a coisa que sem integrar o bem principal, justapõe-se ou acopla-se a ele para facilitar a sua utilização (art.93, CC). Ex: ar-condicionado.
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Obs: a doutrina (Tartuce e Simão) tem combatido o enunciado nº 11 da 1ª jornada de direito civil que não reconhece no código de 2002 a categoria “imóvel por acessão intelectual”. Em nosso sentir, o enunciado é equivocado mesmo e aqueles bens poderiam,sobre outro prisma, ser entendidos como pertenças.
Acessão: traduz a idéia de união de alguma coisa a outra, com aumento de volume da coisa principal. 
iv. Benfeitorias: espécie de bem acessório, regulada nos arts. 96 e 97, é toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa com propósito de conservá–la (benfeitoria necessária), melhorá-la (benfeitoria útil) ou proporcionar prazer (benfeitoria voluptuária). 
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
Construção: ex: 2º andar de uma casa, não é benfeitoria, é tecnicamente uma acessão artificial, pois aumentou o volume da coisa. Ex: laje e puxadinho. 
BEM DE FAMÍLIA
Referencial Histórico: é o “Homestead Hct” do Direito Norte - Americano de 1839 (Texas).
i. BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO (1711): é aquele instituído por ato de vontade do casal, da entidade familiar ou de terceiro, mediante registro no cartório de imóveis. A Instituição do bem de família voluntário deflagra 02 consequencias relativas: 
a) Impenhorabilidade (art.1715): relativa, se não pagar IPTU perde o apartamento. “O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio”.
b) Inalienabilidade (art.1717): “O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público”.
Obs: o bem de família voluntário, consagrado no Código de 2002, além “da necessária instituição por ato de vontade” apresenta 2 características fundamentais: 1) não pode ultrapassar o limite de 1/3 do patrimônio líquido dos instituidores e 2) poderá abranger valores mobiliários.
O bem de família voluntário poderá também, no ato da sua instituição, abranger valores mobiliários (rendas) destinados a manutenção do imóvel (art.1712): “O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família”. 
Obs: situação diversa é aquela em que o próprio bem de família (especialmente o LEGAL) é locado para gerar renda que mantenha a família. Neste caso, o STJ tem admitido também a impenhorabilidade desta renda (AGRG RESP 975.858 – SP). 
Quanto à administração do bem de família voluntário ver art. 1720; e no que se refere a sua extinção, ver art. 1722.
Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a administração do bem de família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência.
Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônjuges, a administração passará ao filho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu tutor.
Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.
Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal.
Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.
ii. BEM DE FAMÍLIA LEGAL: ao lado do voluntário, temos ainda o bem de família legal, consagrado pela LEI nº 8.009/90, e que independe de ato voluntário de inscrição e registro. Vale dizer, a proteção jurídica da impenhorabilidade deriva diretamente da lei.
OBS: Poderá haver interesse na instituição voluntaria do bem de família, a teor do art. 5º da Lei 8009, § único, qdo houver mais de um imóvel utilizado como residência. A extensão do bem de família legal, com os temperamentos dados pelo STJ, podemos ver no art. 1º da Lei 8009.
OBS: sem prejuízo ao direito à moradia, o STJ tem admitido desmembramento do imóvel para efeito de penhora! Ver RESP 515.122/RS. Já no que tange aos bens móveis quitados que guarnecem a residência, o art.2º é sucinto, cabendo a jurisprudência a devida interpretação. 
OBS: a jurisprudência já admitiu como impenhorável freezer, maquina de lavar, computador, televisão, ar-condicionado e até mesmo o teclado musical (RESP 218.882 SP).
Obs: a súmula 205 do STJ admite aplicação retroativa da Lei 8009 para penhoras anteriores a sua vigência. 
No que se refere a vaga de garagem, está pacificado o entendimento de que somente se tiver matrículas e registros próprios é PENHORÁVEL. AGRG no AG 1.058.070.
Exceções:
A impenhorabilidade da Lei 8009 é relativa, por conta das exceções do seu art. 3º.
Hipóteses que não há proteção do bem de família legal: art. 3º, I, II e III.
Artigo 3º - A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias;
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
III - pelo credor de pensão alimentícia;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
INC. I: o STJ, no RESP 644.733 SC, assentou que trabalhadores eventualmente individuais (diarista, eletricista ou pintor) não podem invocar a exceção da Lei. Ministro Luiz Fux.
· O STF (RE 43.9003/SP já assentou entendimento no sentido de que, mesmo não sendo tributo, a falta de pagamento de taxa de condomínio tbm pode resultar na penhora do bem. 
· O STJ, invocando a natureza cogente do bem de família, em mais de uma oportunidade, decidiu que se o devedor indica bem de família a penhora poderá depois voltar atrás (AGRG no RESP 813.546/DF).
· O STF (plenário) já assentou a constitucionalidade da penhora do imóvel do fiador na locação (RE 352.940-4 /SP). ABSURDO!!! 
· Súmula 364 do STJ já assento entendimento legal de impenhorabilidade de bem de família que abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras e viúvas – direito à moradia.
Dia 02 de março de 2010.
FATO JURÍDICO
Conceito: é todo acontecimento natural ou humano apto a criar, modificar ou extinguir relações jurídicas.
Subdivisões:
I. Fato jurídico em sentido estrito: é o acontecimento natural, ordinário ou extraordinário, deflagrador de efeitos jurídicos. Ex:chuva que derruba uma casa, nascimento de uma criança, decurso do tempo, (ordinário).
i.i ordinário: comum, natural...
i.ii extraordinário: ex: furacão no RJ que determinasse o desabamento de ruas e casas.
II. Ato Jurídico:
ii.i ato jurídico em sentido estrito: também chamando de ato não negocial, traduz um comportamento humano voluntário e consciente cuja os efeitos jurídicos são previamente determinados por lei.Atenção:no ato em sentido estrito não existe liberdade na escolha dos efeitos jurídicos do ato que se realiza. Ex: são exemplos desse tipo de ato: os atos matérias (meros comportamento voluntários, ex: pesca em local permitido) e as participações (atos de comunicação).
Especificação: se um sujeito encontra argila (não sabia quem era o dono) e a transforma em obra de arte, foi descoberto que a argila não era dele, porém,adquire de forma automática a propriedade do bem. É a lei que determina.
ii.ii negócio jurídico:é por sua vez, categoria desenvolvida pela escola alemã, é de profundidade filosófica muito maior. Isso porque consiste em uma declaração de vontade, emitida segundo o princípio da autonomia privada, pela qual o agente visa a realizar e atingir determinados efeitos escolhidos, nos limites dos princípios da função social e da boa-fé objetiva.
OBS: por conta da diagnose diferencial entre ato jurídico em sentido estrito e negocio jurídico, podemos observar que o CC 2002 adota a Teoria Dualista regulando o negócio jurídico nos arts. 104 e seguintes e o ato em sentido estrito apenas no art.185.
O ATO-FATO JURÍDICO, desenvolvida pelo gênio Pontes de Miranda, traduz um comportamento que, posto derive do homem, é desprovido de vontade consciente na sua realização ou na projeção do resultado jurídico alcançado. Atenção: segundo Prof. Jorge Ferreira um perfeito exemplo de ato-fato é a compra de um doce por uma criança (absolutamente incapaz), por conta da ausência de uma vontade consciente que justificasse o complexo processo formativo de um contrato
III. Ações Humanas:
iii.i lícitas:devem ser denominadas de ato jurídico.
iii.ii ilícitas:ato ilícito. 
OBS: existe na doutrina quem entenda o ato ilícito como espécie de ato jurídico (Machado Neto). Entretanto, perfilhamos (defender) tese diversa, no sentido de reservar a expressão “ato ilícito” à ação humana antijurídica, inclusive elo fato de o seu tratamento ser autônomo no CC (Zeno Vellozo).
O tema ato ilícito assim como o abuso de direito serão vistos na grade de Responsabilidade Civil.
TEORIAS EXPLICATIVAS DO NEGÓCIO JURÍDICO
1. TEORIA DA VONTADE: (WILLWNSTHEORIE – ALEMÃ)- Explicavam o negócio jurídico traduzindo-o com a simples vontade interna ou a intenção do declarante.
Obs: essa teoria influenciou o CC/2002, conforme podemos ver da leitura do art.112.
2. TEORIA DA DECLARAÇÃO: (ERKLARUNESTHEORIE – ALEMÃ)
Obs: os defensores dessa teoria, por sua vez, traduziam o negócio jurídico como a vontade externa ou declarada. Não importa o que vc pensou, e sim o que declarou.
ATENÇÃO: o que seria TEORIA DA PRESSUPOSIÇÃO?
R= elaborado por WINDSCHEID em meados do séc. XIX, par esta doutrina o negócio jurídico somente seria considerado válido e eficaz se a certeza subjetiva do declarante não se modificasse depois. (teoria importante na época, mas SUPERADA atualmente).
OBRA: ANTÔNIO JUNQUEIRA, VICENTE RALL.
ELEMENTOS (pressupostos) QUE COMPÕEM A SUA ESTRUTURA DO NEGÓCIO JURÍDICO
1. PLANO DE EXISTÊNCIA:
A) Manifestação de vontade: livre e de boa-fé
B) Agente emissor da vontade:agente capaz e legitimado
C) Objeto: Lícito, possível e determinado (determinável). Interesse jurídico. Ex: bem, prestação, contrato mútuo (contrato de empréstimo de dinheiro), etc.
D) Forma: Livre ou prescrita em Lei. O negócio para existir, em regra, pressupõe uma forma ou um meio pelo qual a vontade se manifeste: Verbal, Escrita, Mímica.
OBS: sabemos que a vontade é pressuposto existencial do negócio. Todavia, pergunta-se: “o silencia traduz manifestação de vontade?” 
R= o professor Caio Mário da Silva Pereira afirma que em regra o silêncio é ausência de manifestação de vontade, de maneira que não produziria efeitos. Todavia, em situações excepcionais, o nosso direito (art.111, CC) na linha dos sistemas belgas e francês, admite que o silêncio possa traduzir manifestação de vontade e produzir efeitos. EX:nos termos do art.539, o silêncio pode traduzir aceitação na doação pura (sem encargo). 
OBS²: vigora no Brasil no princípio da liberdade da forma, nos termos do art. 107 – “validade de declaração de vontade ao dependerá de forma especial,senão quando a lei expressamente a exigir”.sucede que, em determinadas situações, a forma do negócio pode ser exigida ou para efeito de prova em juízo – art. 227 (Negócio “ad probationem”) ou então a forma exigida como pressuposto de validade do próprio negócio – art.108 (negócio “ad solemnitatem”). 
2. PLANO DE VALIDADE:
a)manifestação de vontade: Livre + boa-fé
b)agente emissor:capaz + legitimado
c)Objeto: lícito
d)Forma: prescrita em lei.
Nunca esquecer: princípio da liberdade da forma que vigora no Brasil, todavia, em algumas situações é exigido forma para servir de prova perante o juiz. Em alguns casos a forma é prescrita na lei e se as partes não adotarem essa formalidade exigida, o negócio existe, mas, é INVÁLIDO. Art. 108 “Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País”. Ex: Compra e venda de imóveis tem que ter escritura pública e lavrada no cartório de imóveis, sob pena de invalidade do negócio por vício de forma.
Obs.: Um cidadão que faz um contrato de prestação de serviços Sexuais, é válido e tem existência?
 → Há manifestação de vontade, há agente servidor da vontade, há o objeto do negócio (atividade – obrig. De fazer), existe forma (forma oral/verbal), logo o contrato existe.
→ O Profissional do Sexo é uma atividade reconhecida, mas pode ser invalidado por ilicitude do objeto
3.PLANO DE EFICÁCIA:
Segundo o professor da USP Antonio Junqueira de Azevedo, estudam-se a eficácia Jurídica do Negócio e os elementos acidentais que interferem nesta produção de efeitos.
· Estudaremos: Condição, termo, modo(encargo)
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO:
1. ERRO: Ao menos no plano teórico, podemos diferenciar erro de ignorância. O erro é uma falsa representação POSITVA da realidade, ao passo que a ignorância traduz total desconhecimento. O erro, definido com precisão por Caio Mário em sintéticas e cirúrgicas palavras como a opinião errada acerca de uma situação fática é vício invalidante do negócio jurídico nos termos dos arts. 138 e ss. 
Segundo a doutrina clássica, o erro só invalidaria o negócio jurídico se concorressem 02 elementos:
O erro deveria ser: 
i. Essencial (substancial): interfere na essência do negócio.
ii. Perdoável (escusável): se o erro não é perdoável significa que não merece tutela jurídica, pois o direito não protege os negligentes (doutrina clássica).
A doutrina moderna, todavia, com razão (enunciado nº 12 da 1ª jornada) afirma que à luz do princípio da confiança é dispensável a demonstração da escusabilidade do erro para efeito de se invalidar o negócio.
Dia 09 de março de 2010.
· O ERRO DE DIREITO TBM É INVALIDANTE?
R=Clóvis Bevilaqua não aceitava a teoria do erro de direito. Todavia, autores como Eduardo Espínola, Carvalho Santos e Caio Mário repensaram na negativa, ao defender a possibilidade de haver erro sobre a ilicitude do fato. o erro de direito, admito expressamente pelo art.139 CC, sem traduzir intencional recusa da aplicação da lei, pode ocorrer na medida em que o declarante interpreta equivocadamente o alcance permissivo da norma jurídica.
2.DOLO: 
CONCEITO:vício invalidante do negócio jurídico, consiste no artifício malicioso provocado por uma das partes e por terceiro em prejuízo de outrem , quando da celebração do negócio jurídico.
Dolus Malus” x “Dolus Bonus”
- Não confunda o “dolus malus” com o “dolus bonus”, que não é entendido como vício.
- O “dolus bous” é aceito socialmente e é empregado como técnica publicitária para realçar as características do produto.
O dolo mau, que vicia, podendo resultar em responsabilidade civil encontra terreno fértil da denominada “mensagem subliminar”, combatida pela doutrina e por 2 projetos de lei (PL 4068/2008 e PL 4825/2009). O CC, nos arts. 145 e 146 distingue 2 modalidades de dolo: a)dolo principal (causa invalidade do negócio jurídico) e b)dolo acidental, que, posto não valide o negócio, pode gerar responsabilidade civil.
OBS: Á luz do princípio da boa-fé objetiva, o art.147 do CC proíbe o chamado dolo negativo, consistente na violação do dever jurídico de informar.
- Ver em casa dolo de representante no art.149 e dobilateral no art. 150 CC.
DOLO DE TERCEIRO: - O dolo de terceiro, ou seja, de quem não é parte, também pode anular o negócio jurídico, nos termos do art. 148, do CC.
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
- Em havendo dolo de terceiro não posso me esquecer de que só haverá a invalidade do negócio se o beneficiário soubesse ou tivesse como saber do engodo (ardil).
Se ficar demonstrado no processo que o beneficiado estava totalmente de boa-fé, o negócio é preservado e, no máximo, o terceiro compensará a vítima.
3.COAÇÃO: 
CONCEITO: A coação, vício invalidante do negócio jurídico, traduz a violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que lhe é prejudicial, esse tipo de coação.
· VIS COMPULSIVA: - O que vicia o negócio jurídico é a coação moral, chamada pelos romanos de “vis compulsiva”. A coação moral, chamada de “vis absoluta”, gera a inexistência do negócio.
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
OBS: a coação deve ser sempre aferida em concreto.
- Na coação não existe a figura do “homem médio”, ela nunca é analisada em abstrato. A lei brasileira determina que ela sempre seja apreciada em concreto (art. 152, CC).
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Vale lembrar, nos termos do art. 153 que não haverá coação na ameaça do exercício normal de um direito, nem no simples temor referencial.
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
OBS: recentemente a súmula 385 do STJ firmou entendimento no sentido do descabimento do dano moral em caso de inscrição indevida de pessoa cujo nome já estivesse negativado.
*COAÇÃO DE TERCEIRO:
- A coação tanto pode partir da outra parte como também de terceiro (artigos 154 e 155, CC).
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
- No caso da coação exercida por terceiro há uma solidariedade entre o beneficiário da coação e o terceiro coator (≠ do dolo de terceiro).
- Se o beneficiário não soubesse, acontece o mesmo que ocorre no dolo de terceiro. O negócio é mantido e apenas o terceiro responde por perdas e danos.
- A diferença entre o dolo de terceiro e a coação exercida por terceiro está, portanto, na solidariedade, prevista pelo art. 154, entre o coator e o beneficiário da coação, caso este soubesse ou tivesse como saber da ameaça.
4. LESÃO: 
CONCEITO: A lesão, causa de invalidade do negócio jurídico, consiste na situação em que uma das partes assume prestação excessivamente onerosa, em face do abuso da sua necessidade ou inexperiência, causando, por via inversa, o enriquecimento ilícito da outra parte.
- A lesão tem raiz no Direito Romano (Código de Justiniano).
- Ela é um defeito do negócio jurídico que tem tudo a ver com abuso do poder econômico. Ela traduz uma desproporção decorrente exatamente desse abuso do poder econômico.
- Para evitar a lesão, a CLT, no art. 462, §§ 2º a 4º, proíbe a venda de bens “in natura” ao empregado (truck system).
Art. 462. omissis
§ 2º É vedado à empresa que mantiver armazém para venda de mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações “in natura” exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se utilizem do armazém ou dos serviços.
§ 3º Sempre que não for possível o acesso dos empregados a armazéns ou serviços não mantidos pela Empresa, é lícito à autoridade competente determinar a adoção de medidas adequadas, visando a que as mercadorias sejam vendidas e os serviços prestados a preços razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em benefício dos empregados. 
§ 4º Observado o disposto neste Capítulo, é vedado às empresas limitar, por qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispor do seu salário. 
- George Ripert disse que o contrato de adesão é um contrato muito vulnerável à lesão. Ele manifesta uma autoridade privada, um poder. Neste tipo de contrato, a única liberdade que se tem é aderir.
Requisitos da Lesão: Para a doutrina clássica e moderna, a exemplo de Marcelo Guerra Martins e Caio Mário da Silva Pereira, a lesão possui dois elementos:
a) Material: desproporção entre as prestações do contrato, uma das partes assumem uma prestação excessivamente onerosa.
b) Imaterial ou subjetivo: a necessidade ou experiência da parte que se prejudica + dolo de aproveitamento da parte que se beneficia.
· Concurso: NA LESÃO EXISTE DOLO DE APROVEITAMENTO?
R= A lesão nos termos do art.157 do CC dispensa a prova do dolo de aproveitamento. O dolo de aproveitamento foi banido da lesão no direito brasileiro (ministro Moreira Alves). A lesão no CC é objetiva.
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
- O Enunciado nº 150 da III Jornada de Direito Civil confirma esse entendimento.
Enunciado nº 150 (Jornadas de Direito Civil – CJF): “Art. 157: A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil não exige dolo de aproveitamento”.
- O legislador não utilizou um sistema tarifado. O §1º, do art. 157 adotou um sistema aberto de apreciação da lesão, ou seja, não há critério apriorístico a ser seguido pelo juiz. Ademais, a desproporção das prestações é analisada segundo o momento em que o negócio foi celebrado. 
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
- O §2º, à luz do princípio da conservação, dispõe ser sanável a lesão.
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
ATENÇÃO: pegadinha boa!! NO CDC, A LESÃO É CAUSA DE NULIDADE ABSOLUTA; MAS, NO CC (ART.171,II) É SIMPLES CAUSA DE ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO.
5.SIMULAÇÃO: 
CONCEITO: A simulação, vício invalidante do negócio jurídico, opera-se quando é celebrado um negócio aparentemente normal, mas que não pretende atingir o feito que juridicamente deveria produzir.
A simulação é um ardil bilateral para enganar terceiros. As partes se mancomunam realizando um negócio aparentemente normal para enganar terceiros.
Espécies
 - Absoluta
- A simulação pode ser: 
 - Relativa
Na simulação absoluta as partes criam um negócio jurídico destinado a não produzir efeito jurídico algum. Negócio Jurídico Inválido:ABSOLUTA.
Na simulação relativa, também chamada de dissimulação, as partes celebram um negócio destinado a encobrir outro negócio jurídico de efeitos proibidos. Ex: simulação de compra e venda para mascarar a doação. Negócio Jurídico Inválido:ABSOLUTA.
O CC em seu art.167, considera a simulação CAUSA DE NULIDADE ABSOLUTA DO NEGÓCIO JURÍDICO.
Enunciado nº 293 (Jornadas de Direito Civil – CJF): “Art. 167: Na simulação relativa, o aproveitamento do negócio jurídico dissimulado não decorre tão-somente do afastamento do negócio jurídico simulado, mas do necessário preenchimento de todos os requisitos substanciais e formais de validadedaquele.”
Obs: NA SIMULAÇÃO RELATIVA, À LUZ DO ENUNCIADO 153 DA III JORNADA, O NEGÓCIO SIMULADO É NULO, MAS O NEGÓCIO ENCOBERTO PODERÁ SER APROVEITADO SE NÃO OFENDER À LEI OU A TERCEIRO.
OBS²:UMA VEZ QUE A SIMULAÇÃO É CAUSA ABSOLUTA DO NEGÓCIO JURÍDICO, PODERÁ SER ALEGADA POR QQ PESSOA ATÉ MESMO POR UMA DAS PARTES CONTRA A OUTRA (ENUNCIADO 294 DA IV JORNADA).
Conseqüências da simulação
- O Novo Código Civil tratou a simulação como causa de nulidade absoluta (art. 167), enquanto que, no Código de 1916, a simulação era causa de anulação. 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
- Assim, se o contrato foi celebrado na vigência do Código de 1916, ele é anulável e, se na vigência do Novo Código Civil, ele é nulo de pleno direito.
- A simulação é o único vício que gera nulidade absoluta!
- Ex.: Se o meu casamento for invalidado, o juiz, mesmo reconhecendo que eu dissimulei a doação, ele pode aproveitar o negócio.
- À luz do princípio da conservação, sempre que o juiz puder, ele aproveita o negócio jurídico.
Simulação Inocente
- O Novo Código Civil não contempla mais a simulação inocente, que estava prevista no art. 103 do Código de 1916. Simulação inocente seria aquela em que a parte não tinha a intenção de prejudicar.
Art. 103 (CC/16) -  A simulação não se considerará defeito em qualquer dos casos do artigo antecedente, quando não houver intenção de prejudicar a terceiros, ou de violar disposição de lei.
- Hoje não importa mais o elemento subjetivo, pouco importa se foi inocente ou não.
- O Enunciado nº 152 da III Jornada de Direito Civil diz que toda simulação, absoluta ou relativa, invalida o negócio.
Enunciado nº 152 (Jornadas de Direito Civil – CJF): “Art. 167: Toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante”.
PERGUNTAS DE CONCURSO:
· O QUE É RESERVA MENTAL (RETICÊNCIA)?
R= a reserva mental se configura qdo o agente emite declaração de vontade resguardando o intimo propósito de não cumprir de não cumprir a finalidade projetada.
· Enquanto a reserva mental está encerrada na cabeça do agente, não há relevância jurídica. Sua relevância para o direito somente ocorre quando manifestada e a outra parte toma conhecimento, uma primeira corrente sustenta a invalidade do negócio (Calos Roberto Gonçalves); uma segunda corrente, defendida pelo ministro Moreira Alves e adotada no art.110 do CC aponta no sentido da própria inexistência do negócio.
- PROVA OBEJTIVA: Quando o agente manifesta a reserva mental - a corrente doutrinária encabeçada pelo Ministro Moreira Alve- acolhida no art. 110 do CC-, sustenta a inexistência do negócio jurídico. Ocorre que o próprio Ministro Moreira Alves disse que não adotou plano de existência no Negócio
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
- Caio Mario e Carlos Roberto Gonçalves, encabeçadores de uma segunda corrente, defendem que no momento em que a reserva mental é manifestada e a outra parte toma ciência, o negócio se torna inválido por dolo (ante a não aquiescência com a reserva mental) ou simulação (com a aquiescência com a reserva mental e manutenção de outros terceiros em erro).
- Ex.: Pablo vai lançar seu livro em Mossoró e diz que irá reverter a renda para uma instituição de caridade da cidade, com a reserva mental de não cumprir o pactuado. No momento em que ele manifestar a reserva, o negócio se torna inválido, seja por dolo ou por simulação.
· O QUE CONTRATO DE VACA-PAPEL? (Jurisprudência do STJ)
R= contrato de vaca-papel consiste em negócio jurídico simulado que aparenta ser contrato agrário, mas que em verdade encobre mútuo feneratício(com juros proibidos). O STJ em mais de uma oportunidade tem reconhecido a invalidade do contrato simulado de vaca-papel (RESP 791.581 MS, REPS 441.903 SP).
Ex: Agiota que viola lei de usura, assina um contrato de parceria pecuária que transfere 100 (cem mil reais) cabeças de gado e um bezerro (juros 10% ao mês).
- Nesse sentido, Marco Pissurno
:
“Sob o prisma conceitual, de ter-se a parceria pecuária como o contrato agrário que tem por objeto a cessão de animais para cria, recria, invernagem e engorda, mediante partilha proporcional dos riscos e dos frutos ou lucros havidos (Maria Helena Diniz). Trata-se, outrossim, de vencilho sinalagmático sustentado por um negócio jurídico parciário. (Pontes de Miranda). Como identifica Washington de Barros Monteiro “pode ser objeto desse contrato o gado grosso e miúdo; mas, é o gado vacum, sobretudo, que de modo mais freqüente propicia sua realização, sendo comuníssimas tais avenças nas zonas pecuárias do país (...)o parceiro-proprietário fornece os animais, que continuam de sua propriedade; o parceiro-tratador entra com o trabalho e com as despesas de custeio e tratamento, se outra coisa não se estipular.”
Seus pressupostos de validade resumir-se-iam, pois, à: 1) entrega do gado pelo parceiro-proprietário, 2) a criação pelo parceiro-criador e a 3) divisão dos lucros havidos entre policitante e oblato.
Nada obstante ressente de disciplina específica no novo CCB, certamente o contrato de parceria pecuária ainda vige para os fins colimados pelo Código de 1916, restando atualmente baseado no terreno dos contratos inominados. Ainda pela força da preceituação antiga, tratava-se de contrato consensual, alheio à forma especial, podendo ser provado, por testemunhas, independentemente do valor envolvido e, como tal, segue atualmente oponível, ainda que sem regramento próprio, conquanto as partes respeitem a malha permissiva preceituada pelo art. 104 do NCCB.
2 – A "Vaca-Papel" Como Patologia do Negócio Jurídico
De ocorrência comum nas parcerias pecuárias, a "vaca-papel" exterioriza-se na denominação corriqueira conferida à tais contratos, quando lhes seja feito uso para encobrir-se a ocorrência real de mútuo feneratício, por vezes regulado indevidamente no porte das rendas previstas em contrato escrito. Nestes termos, o gado só existe no contrato - o parceiro-proprietário e o parceiro-criador revelam-se reais mutuante e mutuário, em certos casos unidos por simulação relativa em torno de empréstimo haurido à juros e acréscimos vedados por lei”.
6. ESTADO DE PERIGO:
CONCEITO: O estado de perigo, vício invalidante do negócio jurídico, configura-se qdo o agente diante de uma situação de perigo de dano, conhecida pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
No direito civil atual tem se reconhecido que a exigência do cheque calção como condição para atendimento emergencial em hospital clínica pode caracterizar o vício invalidante do estado de perigo (TJ SP – apelação Cível 833.355-7 e no STJ RESP 796.739 MT e RESP 918.392 RN).
Estado de Perigo x Coação
- Não confunda estado de perigo com coação, pois nela há uma ameaça, enquanto que naquele a situação de perigo não é causada pela outra parte.
Considerações gerais
- O estado de perigo também é causa de anulação do negócio jurídico e veio previsto no art.156 do Código Civil. 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
- O Enunciado nº 148 da III Jornada de Direito Civil, proposto pelo Prof. Mário Delgado, sustenta que a anulação do negócio jurídico poderá ser evitada se a outra parte aceitar a redução de seu proveito, reequilibrando o negócio e evitando o dano. 
Enunciado nº 148 (Jornadas de Direito Civil – CJF): “Art. 156: Ao “estado de perigo” (art. 156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º do art. 157.”
- O exemplo mais atual de aplicação do estado de perigo é a absurda exigência de caução nos hospitais para o atendimento em situação de emergência.
- A Resolução nº 44/2003 da Agência Nacionalde Saúde-ANS proíbe a exigência da caução, orientando os lesados a apresentarem representação, que será encaminhada ao MPF para apuração de responsabilidade inclusive na seara criminal.
“Resolução Normativa - RN nº 44, de 24 de julho de 2003.
Dispõe sobre a proibição da exigência de caução por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde.
A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, no uso das atribuições que lhe confere o inciso VII do art. 4º da Lei n.º 9.961, de 28 de janeiro de 2000, considerando as contribuições da Consulta Pública nº 11, de 12 de junho de 2003, em reunião realizada em 23 de julho de 2003, adotou a seguinte Resolução Normativa e eu, Diretor-Presidente, determino a sua publicação.
Art. 1º Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço.
Art. 2º Fica instituída Comissão Especial Permanente para fins de recepção, instrução e encaminhamento das denúncias sobre a prática de que trata o artigo anterior.
§ 1º As denúncias instruídas pela Comissão Especial Permanente serão remetidas ao Ministério Público Federal para apuração, sem prejuízo das demais providências previstas nesta Resolução.
§ 2º Os processos encaminhados ao Ministério Público Federal serão disponibilizados para orientação dos consumidores no site da ANS, www.ans.gov.br.
Art. 3º A ANS informará à operadora do usuário reclamante quanto às denúncias relativas a prestador de sua rede, bem como a todas as demais operadoras que se utilizem do referido prestador, para as providências necessárias.
Art. 4º Esta Resolução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.”
- Já há jurisprudência do TJ-SP aplicando os princípios que regem o estado de perigo.
“CHEQUE. EMISSÃO EM CAUÇÃO, PARA ASSEGURAR INTERNAÇÃO HOSPITALAR DE PARENTE EM GRAVE ESTADO DE SAÚDE. AÇÃO ANULATÓRIA, CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.1 – Improcedência decretada em primeiro grau. Decisão reformada em parte. Não é válida obrigação assumida em estado de perigo. Aplicação dos princípios que regem situação de coação. Inexigibilidade reconhecida. 2 – Dano moral resultante da apresentação e devolução do cheque. Não configuração. Ausência de reflexos extrapatrimoniais, pois o título não foi protestado, nem foi intentada ação de cobrança. 3 – Recurso da autora provido em parte”
16 de março de 2010.
	· DNA: STJ RESP 714.969 Mato Grosso do Sul 
7.FRAUDE CONTRA CREDORES: é regulada a partir do art. 158 do CC, caracteriza-se pela prática de um ato negocial que diminui o patrimônio do devedor prejudicando o credor preexistente.
Obs: diferentemente da simulação, na fraude contra credores não há um necessário disfarce e a vítima é qualificada (credor preexistente).
Elementos da fraude contra credores:
i. “consilium fraudes”: a má-fé das partes envolvidas;
ii. “eventus damni”: o prejuízo suportado pelo credor.
OBS: autores brasileiros desde Clóvis Bevilaqua chegando a Maria Helena Diniz, afirma que o “consilium fraudes” não necessita de prova cabal, sendo presumido, especialmente nos negócios gratuitos.
A má-fé derivas das circunstâncias fáticas. Ex: doação fraudulenta. Existe aí o vício da fraude contra credores.
Hipóteses legais de fraudes contra credores:
a. Negócios de transmissões gratuitas de bens (art.158); ex: doação fraudulenta.
b. Remissão fraudulenta de dívidas (art.158);
c. Negócios onerosos quando a insolvência do devedor for notória ou houver motivo para se conhecida pelo outro contratante (art.159);ex: devedor insolvente (público e notório) que celebra contrato de compra e venda por preço ínfimo – preço da venda subestimado ou qdo o comprador sabia da insolvência do vendedor (amigo ou parente);
d. Antecipação fraudulenta de pagamento: Art. 162 – credor quirografário (credor sem garantia);
e. Outorga fraudulenta de garantia de dívida (art.163). Ex: hipotecar imóvel que lhe resta ao credor nº 4 com pedido de desconto da dívida, prejudica os credores anteriores.
OBS: qual a diferença entre fraude contra credores e fraude à execução? R= a fraude à execução é mais grave, uma vez que já existe contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo a insolvência: trata-se de instituto processual que autoriza o reconhecimento da sua ineficácia total, garantindo-se o contraditório (ver RESP 684.925 RS e súmula 375 do STJ). A fraude à execução (já existe demanda capaz de resolvê-lo a insolvência) consiste na alienação de seus bens, não sendo apenas um desrespeito contra o credor, mas também contra a justiça!!!
· Qual o instrumento jurídico que o credor preexistente tem para impugnar fraude contra credores?
R=Denomina-se ação pauliana, a ação judicial que visa impugnar o negócio jurídico em fraude contra credores. Trata-se de uma ação pessoal, com prazo decadencial de 4 anos para sua propositura. Trata-se de uma ação específica, o que explica inclusive não se poder discutir a fraude em sede de embargos de terceiro (súmula 185 do STJ). A legitimidade ativa é do credor preexistente, inclusive aquele com garantia, se esta se tornar insuficiente (art.158,§1º). A ação pauliana deverá ser proposta em face do devedor insolvente, e, se for o caso, contra a pessoa que com ele contratou e também o terceiro de má-fé (RESP 242.151 Minas Gerais). Com base no princ. Da boa–fé, que orienta a interpretação do art.161, se o terceiro a quem se transferiu o bem demonstrar a sua boa-fé, não poderá ser prejudicado: neste caso, o credor buscará outras vias de compensação.
· Qual a natureza jurídica da sentença na Ação Paulina? R= Banca conservadora - 1ª corrente: (Nelson Neri, Moreira Alves, Clóvis Bevilaqua) alicerçada no art.165 do CC afirma: trata-se de sentença anulatória de negocio jurídico inválido. 
Banca Moderna - 2ª corrente: (Prof. Yussef Said Cahali, Alexandre Câmara, Frederico Pinheiro) sustentam que a sentença na pauliana simplesmente é declaratória da ineficácia jurídica do negócio fraudulento em face do credor prejudicado (RESP 506.312 do Mato Grosso do Sul, nesse julgado o STJ decidiu “contra lege” - art.165 do CC).
PLANO DE EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO
Segundo Prof. Junqueira de Azevedo, estuda-se a projeção da eficácia jurídica do negócio e os elementos que aí interferem. Estudam-se aqui os elementos acidentais do negocio jurídico:
1. Termo: elemento acidental do negocio jurídico, é o acontecimento futuro & certo (prazo, data) que interfere na eficácia jurídica do negócio. Ex: boleto de pagamento bancário. Deságio: abatimento no preço qdo antecipa o pagamento (ante tempus).
· Banco Central: taxa de pagamento antecipado em operações de crédito e arrendamento mercantil a tarifa de liquidação antecipada foi vedada a partir de dezembro de 2007 pela Resolução nº 3516 do Conselho Monetário nacional. 
Obs: teoricamente, costuma-se classificar o termo em:
a. Convencional: estipulado pela vontade das partes. 
b. Legal: determinado por lei. ex: obrigação tributária:imposto de renda.
c. Judicial: também chamando termo de graça, aquele fixado pelo juiz. 
OBS: diferentemente da condição suspensiva, o termo suspende a exigibilidade do negócio, mas não a aquisição dos direitos e obrigações correspondentes; por isso, em regra, o pagamento antecipado é possível.
2. Condição: trata-se de um elemento acidental, consistente em acontecimento futuro e incerto, por meio do qual subordinam-se ou resolvem-se os efeitos jurídicos de determinados negócios.
Características da condição:
- futuridade
- incerteza
OBS¹: a incerteza da condição refere-se a sua ocorrência: para ser condição, não há certeza de que o fato ocorrerá.
OBS²: a morte por se tratar de um evento certo em nossas vidas, regra geral, não traduz

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