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Fluidoterapia Como avaliar o paciente Anamnese Se o histórico dele é sugestivo de desidratação Exame físico Peso corporal: comparando peso antigo para saber se ele perdeu muito peso, sendo sugestivo perda de água também Elasticidade da pele: turgor (realizar o teste na região caudal ou mais lateral próximo ao tórax). Animais obesos por conterem tecido adiposo abundante no subcutâneo, podem ter um turgor mais falso, aparentando não estar desidratado. Pulso arterial: frequência e qualidade (principalmente na artéria femoral) Tempo de preenchimento capilar (TPC) Enoftalmia: avaliação do globo ocular para ver se ele está retraído, se estiver retraído significa que o humor aquoso está com baixo volume Mucosas: avaliar a umidade da mucosa A redução do volume circulatório ocasionada pela vasoconstrição periférica por resposta barorreflexa, leva a um pulso mais fraco, mas com frequência aumentada. Exames complementares Hemograma de um animal hipovolêmico Aumento na concentração de eritrócitos (hemoconcentração – aumento do VG/hematócrito), aumento da proteína plasmática total (PPT). Se o animal for anêmico e desidratado, ele pode ter uma desidratação que mascara a anemia, ou seja, como ele está desidratado ele tem uma hemoconcentração aparentando que a taxa de eritrócitos está correta, mas ao hidratar ele, aumentando a volemia, essa taxa vai cair e mostrar a anemia dele. Em algumas situações de hiperglobulinemia causada por parasitoses, por exemplo, a hiperproteinemia não necessariamente indica desidratação. Aumento de ureia e creatinina devido a azotemia pré-renal Azotemia é o aumento de ureia e creatinina no sangue, existem três tipos. A azotemia pré-renal em que o paciente desidratado possui menos volume plasmático, então chega menos sangue no rim, consequentemente possui uma urina concentrada (densidade urinaria alta – urina escura). A azotemia renal é caracterizada por um problema no rim, o qual elimina ureia e creatinina, logo, se há problema nele, há aumento das duas. A azotemia pós-renal é caracterizada por obstrução e ruptura de trato urinário (líquido cai na cavidade abdominal e é reabsorvido), tendo creatinina e ureia aumentadas. Graus de desidratação A porcentagem é o quanto que ele perdeu de peso em água. 4%: histórico compatível (muita êmese e diarreia, indicando uma desidratação subclínica) e sinais clínicos ainda indetectáveis 5 a 7%: desidratação leve, diminuição da elasticidade cutânea e mucosas mais secas 8 a 9%: desidratação moderada, pequeno aumento no TPC, mucosas secas e enoftalmia 10 a 12%: desidratação grave, aumento no TPC, sinais iniciais de choque Vias de administração Intravenosa É a via mais rápida. Subcutânea Não usar em paciente com vasoconstrição severa, ou seja, um paciente muito desidratado que terá dificuldade de absorver esse fluido, logo, primeiramente administrar a intravenosa e depois a subcutânea Evitar soluções com glicose e potássio, porque a presença dessas substâncias pode irritar o subcutâneo A recomendação é não infundir mais de 10ml/Kg do animal por local Intraóssea Ocorre mais em neonatos que tem dificuldade de conseguir o acesso venoso. Oral Não sendo possível fazer em um paciente com êmese ou muito desidratado Cálculo do volume de reposição Em pequenos animais é em ml e em grandes animais é em litros. Cálculo do volume de manutenção Após fazer o volume de reposição, o qual é para repor o que o animal perdeu, é realizado o volume de manutenção que vai servir para manter esse animal hidratado pelo resto do dia ou dos dias de internação. Dessa forma, deve multiplicar as seguintes constantes pelo peso do paciente, assim tendo o resultado do volume de manutenção. Cães de pequeno porte e gatos: 60ml/kg/dia ou 100ml/Kg/dia para filhotes Cães de grande porte: 40ml/kg/dia Cálculo da velocidade de administração Depende da gravidade e da rapidez da perda. Animais com problema renal e cardíaco tem que ser em uma velocidade mais baixa. Se o animal apresentar uma desidratação grave, 100% da reposição deve ser realizada em 4 horas para restaurar a volemia plasmática. A manutenção deve ser realizada nas horas restantes, isto é, se o animal puder continuar na clínica poderá fazer essa manutenção venosa pelas horas restantes, mas caso não, fará um subcutâneo e dará alta para ele. Terá que preconizar realizar a reposição, a manutenção será de acordo com o que der. Agora se o animal possuir uma desidratação leve, deve fazer o déficit estimado (Reposição e Manutenção) em 24 horas. Para fluidos suplementados com Potássio (K+), a velocidade deve ser menor que 0,5 mEq/kg/hora. Animais cardiopatas devem ter a reposição e manutenção na velocidade menor ou igual a 4 ml/kg/hora. Em casos em que não há pressa e o animal pode permanecer em observação, pode-se realizar a taxa de 10 ml/kg/h. Equipo macrogota e microgota Equipo macrogota (adulto): média de 20 gotas/ml Equipo microgota (pediátrico): média de 60 gotas/ml Tipos de fluidos Coloides São soluções com substâncias de alto peso molecular que se mantêm exclusivamente no plasma, servindo como um expansor plasmático. Os coloides naturais são o sangue, plasma, papa de hemácias. Enquanto os coloides sintéticos são HES (amido hidroxietílico), Dextran, Oxipoligelatina. Cristaloides São soluções que contém solutos eletrolíticos e não eletrolíticos capazes de penetrar em todos os compartimentos corporais. – ex: solução de NaCl, ringer lactato, ringer (água, sódio e cloro – tem tudo que o ringer lactato tem, mas só não tem o lactato), glicofisiológico, glicose 5%. Suplementações Glicose 2,5% Ampola de glicose 2,5%, adicionar 12,5ml de glicose a 50% para cada 250ml de fluido. Cloreto de potássio Utilizado para suplementação de potássio. Tem-se no mercado o KCl 10% (1,3 mEq de potássio/ml) e o KCl 19,1% (2,65 mEq de potássio/ml). Na eutanásia é utilizada KCl de forma rápida, pois age diretamente no musculo cardíaco, por isso é estimada uma velocidade máxima de administração do potássio, a qual é 0,5mEq/Kg/h. O potássio vem da alimentação. Ao ser absorvido, ele se eleva no sangue e isso é um estímulo para a adrenal liberar a aldosterona que atua no rim e o rim ajusta a concentração de potássio no sangue. A hipercalemia ou hipocalemia pode causar disfunções musculares. Condições clínicas que levam a hipocalemia: anorexia, vomito, diarreia, poliuria (diabetes, cardiopata, administração de diuréticos, soro administrado rapidamente), falta de ingestão de potássio. O potássio é reposto na manutenção da fluidoterapia. Condições clínicas que levam a hipercalemia: doença renal (baixa produção de urina, tendo uma anuria ou oliguria), obstrução uretral, trauma (rompe vesícula urinaria, a urina está caindo na cavidade abdominal e sendo reabsorvida), hipoadrenocorticismo (adrenal produz menos aldosterona faz com que aumente a quantidade de potássio circulante, uma vez que a função da aldosterona é regular a quantidade de potássio). Como avaliar a necessidade de suplementar o potássio na fluidoterapia? Usar algum meio de dosar o potássio e comparar com a tabela de referência. Termos importantes Isostenúria: paciente que apresenta a mesma densidade da urina colhida na bexiga e no filtrado glomerular, ou seja, não houve reabsorção no glomérulo, indicando um problema renal. Hipostenúria: densidade da urina colhida na bexiga é menor que do filtrado glomerular, logo, pode ser um problema na produção de ADH. Pulso arterial hipocinético: pulso fraco Exercício 1 Um animal pesa 5Kg e o potássio dele deu 3,7.Deve-se usar a tabela para saber quanto esse valor vale para cada litro. 3,7 de potássio equivale a 20mEq para 1 litro 0,5mEq – 1Kg X – 5Kg X=0,5 X 5 = 2,5mKg por hora 20mEq – 1000ml 2,5mEq – X X=125ml de potássio por hora Velocidade=volume por hora/peso do animal V=125ml/5Kg V = 25ml/Kg/hora Exercício 2 O ideal é medir a quantidade de potássio através da hemogasometria, após saber o valor de potássio deve checar a tabela para saber quanto deverá ser suplementado na manutenção. Exercício 3 a) Qual a necessidade de fluidoterapia de reposição? V=P.%.10 → V=9.8.10 → V=720ml b) Fluido de escolha para a reposição? O paciente possui uma acidose metabólica, logo, o mais recomendado é um fluido mais alcalino, como o Ringer com Lactato. c) Taxa de reposição? Supondo que o animal ficará 8 horas no ambulatório, e as 4 primeiras horas ele usará para manutenção (repor 720ml), divide esse valor pelas 4 horas que vai dar 180ml. A taxa de reposição é calculada: 180ml/9kg = 20ml/Kg/h 180ml ------- 60 minutos Xml ----------- 1 minuto X=3ml/min Ao escolher o equipo macrogotas, 20 gotas equivalem a 1ml. 20 gotas -------- 1ml X ---------------3ml X=60 gotas/min d) Qual a necessidade de fluidoterapia de manutenção? Sabendo que o volume de manutenção é de 60ml/Kg/dia para animais de pequeno porte, o paciente deverá ter uma manutenção de: 60ml/kg/dia.9kg = 540ml/dia e) Taxa de manutenção? Depende de quanto tempo o paciente fica no ambulatório, então supondo que o animal fique 4 horas para a manutenção. 540ml ÷ 4horas . 9Kg = 15ml/kg/h f) Como eu poderia suplementar o potássio? Sabendo-se que são 540 ml de manutenção, o potássio é corrigido na fluido de manutenção. Ao analisar a tabela de reposição do potássio, pega o valor de potássio do paciente (nesse caso 3,3) e aplica na tabela, de acordo com a tabela o valor de 3,3 é de 15mEq em 500ml. Como tem 540ml, e somente tem bolsa de 250ml, 500ml ou 1000ml de acordo com a tabela, inicialmente usa a bolsa de 500ml. Sabendo que uma ampola de potássio de 1ml possui 2,56mEq/ml, em 15mEq tem quantos? 2,56mEq ------ 1ml 15mEq --------- X X=5,86ml No entanto, sabe-se que a bolsa de Ringer Lactato já possui 2mEq em 500ml, 1eEq em 250ml e 4mEq em 1L. Então, ao invés de adicionar 15mEq, deve adicionar 13mEq pois já tem 2mEq no ringer. 13mEq ------------ X 15mEq ------------ 5,86ml X=5,07ml g) Qual a taxa máxima que eu poderia fazer com o potássio? A partir da taxa máxima de potássio de 0,5mEq/Kg/hora (se fizer mais alto que a taxa causa problemas cardíacos). 0,5mEq ------------- 1Kg X ------------ 9Kg X=4,5mEq/hora 15mEq -------- 500ml (valor da tabela de potássio) 4,5mEq -------------- X X=150ml/hora A taxa máxima é de: 150/9=16,6ml/Kg/hora h) Como eu poderia suplementar essa glicose? A glicose deve ser suplementada na manutenção, porque ela precisa ser administrada em taxa mais baixa, senão causa flebite. Assim, deve fazer 12,5ml para cada 250ml de bolsa que será fornecida ao animal. Lembrando que deve aferir a glicose a cada 250ml glicosado administrado para ver se não subiu a taxa de glicose acima do necessário, e ver se tem necessidade de continuar a suplementação. Sabendo-se que nesse caso, o animal irá receber 540ml de manutenção, primeiramente faz 250ml de fluido glicosado e depois avalia a glicose para saber se precisa de mais suplementação. Caso seja necessário administrar a glicose na reposição, deve ser feita através de bolus. Nesse caso seria0,5ml a 1ml por kg, sempre diluído e, solução fisiológica. Aplica pelo equipo devagar. Depois afere a glicose e vê se há necessidade de mais suplementação. Exercício 4 Reposição: V=P.%.10=11.6.10=660ml Manutenção: V=11.60=660ml Taxa: 𝑅𝑒𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜+𝑀𝑎𝑛𝑢𝑡𝑒𝑛çã𝑜 𝐻𝑜𝑟𝑎𝑠 =1320/4= 330ml/h Dividir o valor pelo peso do animal: 330ml/11Kg=30ml/Kg/h Analisando esse procedimento, sabe-se que o animal tem uma desidratação leve, e a taxa está muito rápida, o que estimularia a diurese. Hipercalemia O tratamento é através da remoção da causa primária, como desobstruir o paciente, rim mal funcionando (estimular a diurese). Pode-se administrar solução salina 0,9% para solucionar a hipercalemia. Pode-se também administrar insulina regular+glicose, porque o aumento da insulina ajuda a translocar o potássio para dentro da célula e diminuir seu aumento. Então pode estimular o pâncreas a produzir insulina, ou pode dar glicose para o paciente, ou pode dar insulina ao paciente o que baixa a glicemia dele então deve dar insulina junto com glicose. Além disso, pode-se administrar o gluconato de cálcio a 10%, o qual ajuda a equilibrar o potencial de membrana em repouso no coração, uma vez que a hipercalemia causa uma cardiotoxicidade. Somente é feito em pacientes que já apresentam cardiotoxicicidade. Bicarbonato de Sódio Sempre o primeiro tratar a causa da acidose metabólica. Utilizado quando o pH está menor que 7,2 e o bicarbonato menor que 12mEq/L. Déficit para valor padrão de 20mmol/L O processo de administração inicia pela metade da dose durante 20-30 minutos, e o restante em 2-4 horas no fluido intravenoso, mas tem risco de causar uma alcalose. Cálculo do valor a ser administrado: 𝑃𝑒𝑠𝑜 𝑋 0,3 𝑋 𝐷é𝑓𝑖𝑐𝑡 𝑑𝑜 𝐵𝑖𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜 Déficit do bicarbonato: desejado do bicarbonato – mensurado do bicarbonato Solução Hipertônica a 7% Expansão plasmática em pacientes com grave hipovolemia. A dose calculada deve ser feita em 10minutos. Calcular 4ml/Kg (vai ver o total que precisa ser feito) Um terço do total calculado é NaCl 20% Completar o restante (outros dois terços) com NaCl 0,9% Exemplo: Um cão de 7Kg 1- Multiplica 4ml/Kg por 7 = 28ml 2- Um terço do total calculado é NaCl 20% = 9,3ml 3- Completar o restante (outros dois terços) com NaCl 0,9% = 18,7ml 4- A dose calculada (28ml) deve ser feita em 10 minutos
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