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História do Brasil - Parte I

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História do Brasil 
 
– Parte 1 - 
 
 
 
 
 
- Grandes Navegações e Contexto Europeu ......................................... 02 
 
- Brasil Colônia (1500 – 1808) ............................................................................ 19 
 
- Governo Joanino (1808 – 1822) .................................................................... 78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
 
 
A Expansão Ultramarina Europeia dos 
séculos XV e XVI 
 
Diversas são as razões e os motivos que levaram algumas nações europeias a se 
 
jogarem no temido “Mar Tenebroso”, como era conhecido o Oceano Atlântico, na 
época das Expansões Marítimas Europeias. Tenebroso, pois além de ser um mar 
desconhecido pela grande maioria, contava-se que tal mar era permeado de grandes 
monstros marinhos, de tamanhos enormes, e que ofereciam um grande perigo para 
qualquer embarcação. Soma-se a isso a versão religiosa de que a Terra era plana, e a 
qualquer momento uma embarcação poderia (cair) no abismo, caso chegasse ao limite 
da Terra “planificada”. 
 
Corrobora, ainda, para essa versão, o domínio do pensamento católico quase que 
completo na Europa. Na verdade, no campo espiritual e cultural, existia um monopólio 
da Igreja Católica, e esse domínio era pertinente em âmbitos diversos da vida social, e 
regulava a sociedade ao seu bel prazer. A Igreja Católica explicava o Planeta Terra 
como o astro central do Universo, diga-se, o geocentrismo, isto é, a terra no centro do 
Universo, divergindo do heliocentrismo (sol no centro do Universo), de Nicolau 
Copérnico. 
 
Todavia, apenas a coragem nos navegadores europeus ao adentrarem o Oceano 
Atlântico não é suficiente para explicar as Expansões Marítimas. Outrossim, uma 
estabilidade política, adicionada a uma crise de fornecimento alimentares, entre outras 
razões que serão citadas a seguir, fomentarão o início das Grandes Navegações 
Europeias dos Séculos XV e XVI. 
 
No entanto, antes de entrarmos nos ditames das Grandes Navegações, é preciso 
entendermos que a Europa encontrava-se na Idade Média, a qual durou, 
aproximadamente, mil anos, e a partir dela que entenderemos os motivos e demais 
circunstâncias que motivaram os europeus a chegarem ao território, que hoje, 
chamamos de Brasil. 
 
 
Dica do Bertazzo! 
 
Geocentrismo: teoria defendida pela Igreja, de que a Terra era o centro do Universo. 
 
Heliocentrismo: teoria defendida por Nicolau Copérnico, de que o Sol era o centro do 
Universo. 
 
Prof. Guilherme Bertazz
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagem Ilustrativa do “Mar Tenebroso”. Disponível em 
http://historiaonlineceem.blogspot.com.br/2012/09/o-mar-tenebroso.html 
 
 
 
A Europa na Idade Média 
 
Entre 476 (queda do Império Romano do Ocidente), e 1453 (tomada de Constantinopla 
pelos turcos otomanos), a Europa esteve em um período histórico conhecido como 
Idade Média. Esse período é dividido em duas fases: Alta Idade Média e Baixa Idade 
Média. 
 
A Alta Idade Média corresponde ao período histórico em que a Europa é tomada pelos 
povos “bárbaros”, pelos germânicos, hunos, celtas, vikings, francos, e outros tantos 
povos. 
 
Outra característica da Alta Idade Média, e essa de crucial importância, é a formação do 
feudalismo: modelo político e econômico caracterizado pela descentralização do poder; 
por uma economia quase amonetária e por uma sociedade agrária e estratificada. 
 
Além disso, na Alta Idade Média tem-se o início das Cruzadas: um movimento de 
caráter político, militar e religioso, por parte das nações ocidentais da Europa, com o 
apoio da Igreja Católica, para retomar a Terra Santa, Jerusalém, que havia sido tomada 
pelos turcos otomanos. 
 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
http://historiaonlineceem.blogspot.com.br/2012/09/o-mar-tenebroso.html
 
 
As cruzadas, a bem da verdade, não atingiram seu objetivo principal, entretanto, tiveram 
como consequência uma abertura do Mar Mediterrâneo, o qual ligou a Europa até às 
Índias. Eram nas Índias que os europeus encontravam as tão famosas e necessárias 
“especiarias”, entre elas a pimenta, o cravo, canela, noz moscada, entre tantas outras, e 
também, produtos de luxo, como tecidos finos, porcelanas, marfim, etc. 
 
Esse comércio com Índias será monopolizado por Gênova, Florenza e Veneza, 
repúblicas italianas que tinham características comerciais e marítimas, e, além disso, 
uma considerável força bélica, ou seja, o necessário para deterem os grandes lucros 
desse comércio. 
 
Ao passo que esses produtos iam sendo introduzidos na Europa, o movimento comercial 
ia aumentando. O aumento do comércio de especiarias deu origem a rotas comercias, 
tanto por terra, quanto por água. Essas rotas comerciais com o passar do tempo 
ocasionaram o aparecimento de feiras de comércio, que se mobilizavam ao sabor das 
caravanas com os produtos vindos das Índias. 
 
São com as feiras comerciais, que surgirão as cidades, ou burgos, como ficaram 
conhecidas. Daí, a classe predominante nesses burgos chamar-se burgueses: era uma 
nova classe social, que tinha como preceito fundamental a relação com o comércio. 
 
Esse conjunto de fatos, aparecimento de cidades e consequentemente, da urbanização, 
causados pela intensificação com o comercio oriental, ficará conhecido como 
Renascimento Comercial e Urbano. Toda a estrutura feudal estava ruindo com a nova 
configuração que a Europa recebia. 
 
Os reis, que na Idade Média não detinham o poder de fato, aproximam-se da burguesia, 
e em troca mútua de favores, buscam a centralização do poder nas mãos do monarca, 
enfraquecendo o decadente poderio dos senhores feudais. Essa troca de favores 
envolvendo a burguesia e os reis colocará a Europa em um novo eixo econômico: aos 
poucos, o feudalismo é substituído por uma forma pré-capitalista de produção. Vive-se 
a fase do mercantilismo. 
 
Dica do Bertazzo! 
 
Mercantilismo é uma política econômica utilizada pelos monarcas durante os 
séculos XV e XVI, caracterizada por: 
 
Metalismo: a riqueza de uma nação era medida que pela quantidade de metais 
preciosos que esta continha. Na Espanha, o metalismo também é conhecido como 
Bulionismo. 
 
Balança Comercial Favorável: como o próprio nome diz, as exportações sempre 
deverão ser maiores que as importações, mantendo a balança de comércio favorável 
(lucrativa). 
 
Intervencionismo Estatal: o Estado como dirigente central da economia. 
 
 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rotas comerciais até o século XV. Disponível em 
http://www.indiaportuguesa.com/histoacuteria-do-impeacuterio-mariacutetimo-
portuguecircs.html 
 
 
 
A Formação de Portugal 
 
Portugal é filho da Guerra da Reconquista. 
 
Para entender as origens de Portugal, primeiramente, exige-se o conhecimento 
cartográfico da Península Ibérica. Hoje, a Península Ibérica corresponde a um território 
ao sudoeste da Europa, banhada ao leste pelo Mar Mediterrâneo; pelo oeste, banhada 
pelas águas do Oceano Atlântico; ao norte, faz fronteira com a França, e ao sul, 
banhada, também, pelo Mar Mediterrâneo e pelo Oceano Atlântico, entretanto, a poucos 
quilômetros do continente africano. O trecho de águas que separa Portugal da África 
chama-se Estreito de Gibraltar. 
 
Hodiernamente, a Península Ibérica é formada por dois países: Portugal e Espanha. No 
entanto, nem sempre foi assim. 
 
Para iniciar de modo sucinto, os árabes, sob as égides expansionistas da religião 
islâmica, tomam o norte da África, e em 711, cruzam o estreito de Gibraltar, chegando 
até a Península Ibérica. Conquistando pouco a poucos os povos que ali habitavam, os 
mouros (como ficaram conhecidos os árabes naquela região) tomam uma grande parte 
da Península, e se direcionam para conquistar o Reino da França, ao norte, onde serão 
barrados. Os mouros acabamderrotados pelos francos, na épica batalha de Poitiers, em 
732. 
 
 
 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
http://www.indiaportuguesa.com/histoacuteria-do-impeacuterio-mariacutetimo-portuguecircs.html
http://www.indiaportuguesa.com/histoacuteria-do-impeacuterio-mariacutetimo-portuguecircs.html
http://www.indiaportuguesa.com/histoacuteria-do-impeacuterio-mariacutetimo-portuguecircs.html
 
 
Consequentemente, iniciava-se ali, um longo período de fixação muçulmana na 
Península Ibérica, ocasionando disputas intermitentes entre os mouros e os reinos ali 
fixados. Esses confrontos entre reinos da Península e os mouros, ficou conhecido como 
Guerra de Reconquista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mapa da Europa. Em destaque, a Península Ibérica (grifo do autor). Disponível em 
http://paiseseviagens.com/europa/russia/paises-da-europa-e-capitais-mapa-europeu.htm 
 
 
 
É durante a Guerra de Reconquista, a qual tem esse nome devido ao ímpeto dos reinos 
ibéricos em reconquistar o território peninsular, que surgirá Portugal. 
 
Grandes reinos formavam a Península Ibérica, entre eles o Reino de Aragão; Reino de 
Navarra; Reino de Castela e Reino de Leão. Este último era governado pelo rei Afonso 
VI, o qual, resolveu presentear um nobre de origem francesa chamado Henrique de 
Borgonha, devido as brilhantes campanhas militares, com uma porção de terras, ao sul 
do rio Minho. Esse território era conhecido como Condado Portucalense. 
 
Além das terras, o rei Afonso VI concedeu à Henrique de Borgonha, a mão de sua filha 
em casamento, a princesa D. Teresa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
http://paiseseviagens.com/europa/russia/paises-da-europa-e-capitais-mapa-europeu.htm
 
 
Um filho de Henrique de Borgonha e de D. Teresa, chamado D. Afonso Henriques, dará 
início ao processo de independência política do Condado Portucalense, em relação ao 
Reino de Leão. No ano de 1139, o Condado Portucalense torna-se o Reino de Portugal, 
sob o governo de D. Afonso Henriques, agora D. Afonso I, fundador da Dinastia de 
Borgonha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Península Ibérica no século XVI. Disponível em 
http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/por-que-nos-por-ademir-barros-dos-santos. 
 
 
 
Diferentemente, do restante da Europa, o Reino de Portugal, sob os auspícios de d. 
Afonso I, realizou uma centralização política baseada na tradição militar que permeava 
o território, devido aos conflitos contra os mouros, como também, na eminente relação 
do seu suserano, com os vassalos. Enquanto grande parte da Europa caracterizava-se 
pela descentralização política – grande quantidade de feudos regidos pelos diversos 
senhores feudais -, Portugal, ao contrário, encontrava-se em um processo intensificado, 
e muito bem adiantado, de centralização dos poderes políticos, econômicos e militares, 
nas mãos dos reis da dinastia de Borgonha. 
 
A dinastia de Borgonha chegaria ao seu fim no ano de 1383, quando o último rei da 
dinastia, d. Fernando, o Formoso, morreu sem deixar herdeiros homens para a sucessão 
do trono. Contudo, a única herdeira era uma mulher, a qual era casada com d. João I, rei 
do Reino de Castela. Isso implica que, se a filha do Formoso assumisse o trono como 
rainha, Castela iria incorporar aos seus territórios, o Reino de Portugal. 
 
Portugal, diga-se de passagem, ao longo da Dinastia de Borgonha, desenvolveu-se nos 
ramos da agricultura, no interior, e principalmente, da pesca e demais atividades 
mercantis, no litoral. 
 
Durante as crises feudais dos séculos XII e XIII (Peste Negra, Guerra dos 100 anos, 
Grande Fome e Revoltas Camponesas), muitos mercadores evitavam levar suas 
mercadorias por trechos terrestres, na Europa, preferido, desta forma, as vias marítimas. 
Avançando pelo Mar Mediterrâneo, passando pelas cidades portuguesas de Lisboa e 
Porto, e direcionando-se até a Inglaterra e Flandres. 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/por-que-nos-por-ademir-barros-dos-santos
http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/por-que-nos-por-ademir-barros-dos-santos
 
 
Esse desenvolvimento de Portugal ocasionou o surgimento de uma rica classe social 
ligada às atividades mercantis. Essa classe social, prevendo a perca de seus interesses e 
de suas regalias, caso Portugal fosse anexado ao Reino de Castela, iniciará um 
movimento contra essa unificação política. 
 
O grupo mercantil uniu-se a setores populares (arraia miúda), tendo como liderança um 
filho bastardo do rei Formoso, D. João, Mestre da Ordem militar de Avis. 
 
Os conflitos de 1383 a 1385, entre os grupos mercantis portugueses liderados por D. 
João, Mestre de Avis, contra o Reino de Castela (que contava com a ajuda da nobreza 
portuguesa), ficaram conhecidos como Revolução de Avis. 
 
A revolução teve como desfecho a vitória dos grupos mercantis e da arraia miúda, na 
Batalha de Aljubarrota com a liderança do Mestre de Avis. Este, em 1385, dará início a 
Dinastia de Avis, agora como rei de Portugal, d. João I, e concedendo todas as regalias 
possíveis os grupos mercantis. Isso explica, em partes, o porquê do pioneirismo 
português nas Grandes Navegações, e sua forte tradição mercantil a partir de então. 
 
A Expansão Portuguesa 
 
O que levou Portugal a ser o pioneiro nas Grandes navegações? 
 
Primeiramente, Portugal foi o primeiro estado centralizado da Europa, como foi 
colocado antes. Soma-se a isso, que essa centralização teve uma forte presença de 
grupos mercantis, que devido à posição favorável de Portugal quanto às atividades 
marítimas, fez com que esse grupo obtivesse amplos poderes. 
 
As invenções tecnológicas da época contribuíram para o pioneirismo: o astrolábio, a 
caravela, os mapas, a bússola, entre outras. 
 
Lembrando, que o único caminho conhecido para chegar até as índias, era pelo Mar 
Mediterrâneo, e este se encontrava sob o domínio dos italianos, os quais encareciam 
substancialmente os produtos, portanto, a busca por uma rota alternativa para chegar às 
Índias não era, apenas, uma questão de sobrevivência, e sim de prosperidade. 
 
Ainda existia a Escola de Sagres, que consoante às versões historiográficas 
tradicionais, seria uma escola de instrução, aprendizagem e aperfeiçoamento náutico, 
criada pelo infante d. Henrique, filho de d. João I, Mestre de Avis. Hodiernamente, o 
caráter de “escola” está sendo tirado da Escola de Sagres: alguns pesquisadores supõe 
que a Escola de Sagres era um ponto de encontro entre navegadores, astrólogos, 
geógrafos, e assim por diante, para discussão e compartilhamento de conhecimentos 
náuticos, mas não, necessariamente, um centro de estudos e aprendizagem. 
 
“Esse foi um mito que se formou a partir de uma hipótese levantada por um estudioso inglês Samuel 
Purchas, nos inícios do século XVII. A rigor, portanto, a palavra ‘escola’ só tem validade se tomada na 
acepção de um estado de espírito – aquele estado de espírito mercantil e aventureiro que norteou as 
navegações.” (LOPEZ, Luiz Roberto. P. 11. 1993). 
 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
 
 
Além do mais, Portugal encontrava-se em uma relativa paz interna e externa: a 
Espanha ainda envolvia-se na Reconquista; França e Inglaterra em meio aos conflitos 
disputando os territórios de Flandres, e a Holanda em intermináveis questões dinásticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disponível em 
https://www.google.com.br/search?q=astrol%C3%A1bio+b%C3%BAssola+e+quadrante&source=lnms& 
tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi0rt75kZbYAhULhZAKHRwoAhwQ_AUICigB&biw=1366&bih=662 
#imgrc=_D9Bw9uhDxRoSM:. 
 
Desta forma, os portugueses jogam-se ao Oceano Atlântico, costeando a costa ocidental 
africana, e ao longo desta conquistando territórios e instalando feitorias. As conquistas 
de Ceuta (1415), Ilha da Madeira (1419), Açores (1431), Cabo Bojador (1434), foram 
dando confiança e conhecimento marítimo do “Mar Tenebroso” aos portugueses, até 
queem 1488, na liderança do navegador Bartolomeu Dias, atingem o sul do continente 
africano, no Cabo das Tormentas, apelidado pelos portugueses de Cabo da Boa 
Esperança. 
 
Os portugueses chegavam ao Oceano Índico. 
 
Dez anos depois, Vasco da Gama já estava fundando feitorias na cidade de Calicute, na 
Índia. Assim, a chegada portuguesa às índias estava consolidada. 
 
Obviamente, que durante esse processo, os espanhóis iniciaram seu projeto 
expansionista, e ainda, em 1453, houve a tomada de Constantinopla (Istambul), pelos 
turcos otomanos, bloqueando o comércio italiano pelo Mediterrâneo. 
 
 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
https://www.google.com.br/search?q=astrolábio+bússola+e+quadrante&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi0rt75kZbYAhULhZAKHRwoAhwQ_AUICigB&biw=1366&bih=662#imgrc=_D9Bw9uhDxRoSM
https://www.google.com.br/search?q=astrolábio+bússola+e+quadrante&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi0rt75kZbYAhULhZAKHRwoAhwQ_AUICigB&biw=1366&bih=662#imgrc=_D9Bw9uhDxRoSM
https://www.google.com.br/search?q=astrolábio+bússola+e+quadrante&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi0rt75kZbYAhULhZAKHRwoAhwQ_AUICigB&biw=1366&bih=662#imgrc=_D9Bw9uhDxRoSM
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Navegações Portuguesas. Disponível em http://4.bp.blogspot.com/-
4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-
lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif. 
 
 
 
Expansão Espanhola 
 
Ao contrário de Portugal, o qual conseguiu sua centralização política, relativamente, 
cedo, a Espanha demorou um tempo maior para encontrar essa estabilidade política, 
pois a Espanha era um território fragmentado, dividido entre quatro reinos (Reino de 
Leão, Reino de Castela, Reino de Navarra e Reino de Aragão). Logo, não existia um 
comando forte e uníssono que motivasse os espanhóis a se jogarem aos mares. 
 
Esse cenário muda em 1469, quando ocorre o casamento de Fernando, rei de Aragão, 
com Isabel, rainha de Castela. Uma estabilidade política a partir dessa união é vista, no 
entanto, ainda existia um empecilho na vida dos espanhóis: a presença dos mouros no 
sul da península, na região de Granada. 
 
Após a expulsão dos mouros da Península Ibérica, e 1492, a Espanha, tal qual fez 
Portugal, joga-se no Oceano Atlântico. Todavia, de um modo distinto. Distinto, porque 
desde 1480, existia um tratado entre Espanha e Portugal, conhecido como Tratado de 
Toledo: neste documento, as terras ao norte das Ilhas Canárias, seriam da Espanha, caso 
fossem descobertas; ao ponto que, as terras ao sul, seriam de Portugal. Como Portugal 
em 1480, já dominava quase toda costa ocidental da África, logicamente que a Espanha 
precisaria de uma nova estratégia para chegar até as tão sonhadas Índias. 
 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
http://4.bp.blogspot.com/-4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif
http://4.bp.blogspot.com/-4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif
http://4.bp.blogspot.com/-4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif
http://4.bp.blogspot.com/-4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif
http://4.bp.blogspot.com/-4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratado de Toledo – 1480. Disponível em 
https://blogueoc.blogspot.com.br/2016/03/tratado-de-alcacovas.html. 
 
Essa nova estratégia foi proposta pelo genovês Cristovão Colombo: Colombo, segundo 
sua tradição renascentista, tinha a convicção de que a terra era esférica, e 
consequentemente, viajando para o ocidente, chegaria até o oriente. 
 
Sob desconfianças de Fernando, Isabel apostou no projeto genovês, mas cabe ressaltar, 
que o investimento e a crença no italiano foram limitados. Tão limitados, que a Coroa 
Espanhola ofereceu 3 naus para a expedição (Santa Maria, Nina e Pinta), todas de 
pequeno porte, se comparadas às 13 caravelas que compuseram a expedição de Cabral, 
que chegou no Brasil, em 1500. 
 
Em outubro de 1492, Colombo avistou terras, e imaginando ter chegado às Índias, 
chamou os habitantes desse novo território de “índios”. Na verdade, Colombo chegara 
na América Central, mais especificamente, em San Salvador. 
 
Cristovão Colombo morreu achando que estivesse chegado às Índias viajando de oeste 
para leste. Todavia, foi Américo Vespúcio quem desfez esse equívoco, e por isso, em 
sua homenagem, o continente leva até hoje o nome de América. 
 
Os tratados Luso – Espanhóis 
 
Ao decorrer das expansões marinhas, as disputas por novos territórios atritaram os 
países ibéricos, e para evitar conflitos, tratados de partição territorial foram 
confeccionados, sobre tudo em relação ao continente americano. 
 
Em 1493, o papa Alexandre VI, que era espanhol, assinou um documento dividindo o 
mundo entre Espanha e Portugal: era a Bula Inter Coetera, a qual estabelecia a divisão 
em um marca a 100 léguas das ilhas de Cabo Verde. Por esse tratado, a América ficaria 
somente para a Espanha, e a para Portugal a África. 
 
Houve descontentamento por parte de Portugal, e um novo tratado deveria ser feito. 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
https://blogueoc.blogspot.com.br/2016/03/tratado-de-alcacovas.html
https://blogueoc.blogspot.com.br/2016/03/tratado-de-alcacovas.html
 
 
Em 1494, na cidade de Tordesilhas, na Espanha, um novo tratado foi realizado, de 
mesmo nome que a cidade, e que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha tendo como 
marco divisório uma linha imaginária a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde. Assim, 
Portugal abocanharia um pedaço da América. 
 
França, Holanda e Inglaterra, após estabelecerem suas centralizações políticas, jogaram-
se aos mares, sem reconhecer nenhum dos tratados estabelecidos pelos países ibéricos, 
tanto que a Inglaterra estabeleceu a pirataria no Atlântico – papel realizado pelos 
corsários. Os franceses realizavam trocas comerciais no litoral brasileiro com tribos 
indígenas e ainda dominaram territórios na América do Norte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratados Ibéricos. Disponível em https://historitura.wordpress.com/2013/07/22/bula-
intercoetera-e-tratado-de-tordesilhas/. 
 
 
A Chegada de Pedro Álvares Cabral 
 
Logo que Vasco da Gama retornou das índias, em 1499, com muitas especiarias, em 
valores que encheram o rei de alegria, uma nova expedição foi planejada. Nesta expedição, 
a qual teria grandes nomes da navegação a bordo, como Gaspar de Lemos, estava sob a 
liderança do fidalgo Pedro Álvares Cabral, o qual comandava 13 caravelas que iriam às 
Índias para buscar mais produtos. 
 
Durante a viagem, a frota acabou se deslocando em direção contrária ao continente 
africano, e com isso, deu-se a chegada das caravelas, no Brasil, em abril de 1500. 
 
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https://historitura.wordpress.com/2013/07/22/bula-intercoetera-e-tratado-de-tordesilhas/
https://historitura.wordpress.com/2013/07/22/bula-intercoetera-e-tratado-de-tordesilhas/
https://historitura.wordpress.com/2013/07/22/bula-intercoetera-e-tratado-de-tordesilhas/
 
 
Existe um debate histórico a cerca do “descobrimento” do Brasil por Cabral. 
Primeiramente, algumas versões historiográficas trabalham com a teoria de que a 
chegada de Cabral, na América, foi um acidente, pois a frota teria desviado da costa 
africana, devido a uma intempérie relacionada a correntes marinhas e ausência de 
ventos favoráveis. 
 
Já, outros pesquisadores apresentam versões as quais afirmam que a frota de Cabral já 
tinha noção de que existiriam terras, e chegar no Brasil seria uma maneira de marcar 
propriedade nesse território, perante a presença espanhola naquelas proximidades. Uma 
prova de que já se sabia dessa terra, foi a negação lusa em concordarcom a Bula Inter 
Coetera de 1493, a qual deixaria Portugal sem posses na América. 
 
De qualquer forma, ao avistar o monte pascoal, na Bahia, os portugueses imaginaram o 
Brasil, como uma ilha, por isso o chamaram de Ilha de Vera Cruz, e posteriormente, 
Terra de Santa Cruz. 
 
Depois de passarem rapidamente pelo Brasil, a frota seguiu viagem até seu destino 
original, as Índias. No entanto, uma das caravelas retornou para Portugal com as “boas 
novas” do “achamento” da nova terra. Nessa caravela que retornou, estava Pero Vaz de 
Caminha, o escrivão da expedição, e escreveu os primeiros relatos e impressões sobre a 
chegada dos portugueses no Brasil. 
 
Para muitos, a carta de Pero Vaz de Caminha é considerada a “Certidão do Brasil”. 
 
 
 
Exercícios 
 
01 – (ESA – 2013) Entre os motivos que contribuíram para o pioneirismo 
português no fenômeno histórico conhecido como “expansão ultramarina”, é 
correto afirmar que foi (foram) decisivo (a) (s): 
 
A) o comércio de ouro e escravos na costa da África. 
 
B) a precoce centralização política de Portugal e a ausência de guerras. 
 
C) a luta contra os mouros no Marrocos. 
 
D) a aliança política com o reino da Espanha. 
 
E) as reformas pombalinas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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02 – (ESA – 2013) No final do Século XIV, o único Estado centralizado e livre de 
guerras, o que lhe permitiu ser o pioneiro na expansão ultramarina, era o: 
 
A) espanhol. 
 
B) inglês. 
 
C) francês. 
 
D) holandês. 
 
E) português 
 
03 – (ESA – 2012) O Tratado de Tordesilhas, assinado pelos reis ibéricos com a 
intervenção papal, representa: 
 
A) o marco inicial da colonização portuguesa do Brasil. 
 
B) o fim da rivalidade entre portugueses e espanhóis na América. 
 
C) a tomada de posse do Brasil pelos portugueses. 
 
D) a demarcação dos direitos de exploração colonial dos ibéricos. 
 
E) o declínio do expansionismo espanhol. 
 
 
04 – (ESA – 2011) O Tratado de Tordesilhas, celebrado em 1494 entre as Coroas 
de Portugal e Espanha, pretendeu resolver as disputas por colônias ultramarinas 
entre esses dois países, estabelecia que: 
 
A) os espanhóis ficariam com todas as terras descobertas até a data de assinatura do 
Tratado, e as terras descobertas depois ficariam com os portugueses. 
 
B) os domínios espanhóis e portugueses seriam separados por um meridiano 
estabelecido a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. 
 
C) a Igreja Católica, como patrocinadora do Tratado, arrendaria as terras descobertas 
pelos portugueses e espanhóis nos quinze anos seguintes. 
 
D) Portugal e Espanha administrariam juntos as terras descobertas, para fazerem frente 
à ameaça colonialista da Inglaterra, da Holanda e da França. 
 
E) portugueses e espanhóis seriam tolerantes com os costumes e as religiões dos povos 
que habitassem as terras descobertas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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05 – (ESA – 2011) No século XV, o lucrativo comércio das especiarias - artigos de 
luxo - era praticamente monopolizado pelas cidades europeias de: 
 
A) Paris e Flandres. 
 
B) Londres e Hamburgo. 
 
C) Gênova e Veneza. 
 
D) Constantinopla e Berlim. 
 
E) Lisboa e Madri. 
 
6 – (EsPCEx – 2007) Do século XII ao XV, Veneza, Gênova e Pisa destacaram-se 
como importantes núcleos urbanos na Europa, em decorrência, principalmente, 
da(o): 
 
A) existência de grandes plantações de trigo e cevada na região. 
 
B) comércio marítimo com os países situados nos mares do Norte e Báltico. 
 
C) associação com outras cidades como Hamburgo e Bremen. 
 
D) intenso intercâmbio comercial com o Oriente, por meio do transporte marítimo via 
Constantinopla. 
 
E) domínio religioso e militar sobre as demais cidades localizadas no Mediterrâneo. 
 
7 – (EsPCEx – 2007) Na Europa do Século XV, Portugal destacou-se pelo 
pioneirismo com que se lançou à expansão marítimo-comercial, dentre outras 
razões, em virtude da(o): 
 
A) associação entre o Estado português e empresas privadas, formando a Companhia 
das Índias Ocidentais. 
 
B) experiência náutica dos portugueses, fruto dos estudos e experiências acontecidas na 
Escola de Sagres. 
 
C) apoio inglês que forneceu tripulação e navios para a empreitada lusitana. 
 
D) associação com a Espanha, pois o rei espanhol também era rei de Portugal, no final 
do século XV. 
 
E) necessidade da busca de ouro e metais preciosos para financiar as cruzadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8 – (EsPCEx – 2007) No Século XV, as potências europeias viram-se forçadas a 
buscar rotas marítimas para o Oriente, pois: 
 
A) os turcos otomanos passaram a controlar as terras a leste do Mediterrâneo. 
 
B) o Tratado de Tordesilhas impedia a navegação portuguesa ao sul de Cabo Verde. 
 
C) os ingleses impediam a passagem pelo estreito de Gibraltar. 
 
D) as águas agitadas do Cabo da Boa Esperança impediam os navios de contornar a 
costa africana. 
 
E) espanhóis e portugueses não se entendiam quanto à navegação no Mar Mediterrâneo. 
 
9 – (EsPCEx – 2008) Leia atentamente as afirmações abaixo. 
 
I – Era um estado politicamente centralizado e estável. 
 
II – Possuía o melhor e mais equipado exército europeu durante os séculos XV e 
XVI. 
 
III – Estava em uma posição geográfica favorável, entre o Atlântico e o 
Mediterrâneo. 
 
IV – Contava com o apoio de uma burguesia mercantil favorável ao projeto da 
navegação para o Oriente. 
 
V – Possuía contatos com comerciantes árabes e indianos, realizados durante as 
Cruzadas, por nobres portugueses. 
 
Assinale a única alternativa em que todas as afirmações justificam o pioneirismo 
português no processo das Grandes Navegações. 
 
A) I e II. B) III e V. C) II, III e IV. D) I, III e IV. E) I, II e V. 
 
10 – (EsPCEx – 2010) Um conjunto de forças e motivos econômicos, políticos e 
culturais impulsionou a expansão comercial e marítima europeia a partir do século 
XV, o que resultou, entre outras coisas, no domínio da África, da Ásia e da 
América. 
 
A) contorno do Cabo da Boa Esperança em 1488. 
 
B) conquista de Ceuta em 1415. 
 
C) chegada em Calicute, Índia, em 1498. 
 
D) ascensão ao trono português de uma nova dinastia, a de Avis, em 1385. 
 
E) descobrimento do Brasil em 1500. 
 
 
 
 
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11 – (EsPCEx – 2011)As grandes navegações produziram o expansionismo do 
século XV e contribuíram para acelerara transição do feudalismo/capitalismo. 
 
Provocaram mudanças no comércio europeu, tais como: 
 
A) deslocamento do eixo econômico do Atlântico para o Pacífico; ascensão econômica 
das repúblicas italianas paralelamente ao declínio das potências mercantis atlânticas; 
acúmulo de capitais nas mãos da realeza. 
 
B) perda do monopólio do comércio de especiarias por parte dos italianos; declínio 
econômico das potências mercantis atlânticas; intenso afluxo de metais preciosos da 
América para a Europa. 
 
C) empobrecimento da burguesia europeia; deslocamento do eixo econômico do 
Mediterrâneo para o Atlântico; ascensão econômica das repúblicas italianas, 
paralelamente ao declínio das potências mercantis atlânticas. 
 
D) intenso afluxo de metais preciosos da América para a Europa, o que determinou a 
chamada “revolução dos preços do Século XVI”; deslocamento do eixo econômico do 
Mediterrâneo para o Atlântico; acúmulo de capitais nas mãos da burguesia europeia, em 
consequência da abundância de metais que afluiu para a Europa. 
 
E) ascensão econômica das repúblicas italianas, paralelamente ao declínio econômico 
de países como Portugal, Espanha, Inglaterra e Holanda; incorporação das áreas do 
continente americano e do litoral africano às rotas já tradicionais de comércio Europa – 
Ásia; acumulação de capitais nas mãos da nobreza e realeza europeias. 
 
12 – (EsPCEx – 2012) As Grandes Navegações iniciaram transformações 
significativas no cenário mundial. 
 
Leia atentamente os itens abaixo: 
 
I – o Oceano Atlântico passoua ser mais importante que o Mar Mediterrâneo; 
 
II – a peste negra, com a qual os europeus se contaminaram, era até então desconhecida 
na Europa; 
 
III – houve a ascensão econômica das cidades italianas e o declínio das cidades 
banhadas pelo Mar do Norte; 
 
IV – os europeus ergueram vastos impérios coloniais e se apropriaram da riqueza dos 
povos africanos, asiáticos e americanos; 
 
V – a propagação da fé cristã. 
 
Assinale a única alternativa em que todos os itens listam características corretas desse 
período. 
 
A) I, III e V B) II, III e V C) I, IV e V D) II, III e IV E) I, II e IV 
 
 
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13 – (EsPCEx – 2015) As viagens mercantis e os descobrimentos de rotas 
marítimas e de terras além-mar ocorridas no que conhecemos por expansão 
europeia, mudou o mundo conhecido até então. 
 
Foram etapas na conquista dos novos caminhos, rotas e descobrimentos os 
seguintes eventos: 
 
1. Bartolomeu Dias atingiu a extremidade sul do continente africano, nomeando-a de 
Cabo das Tormentas. 
 
2. Fernão de Magalhães, português, deu início à primeira viagem ao redor da Terra. 
 
3. Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. 
 
4. Conquista de Ceuta pelos portugueses. 
 
5. Cristóvão Colombo descobriu o que julgou ser o caminho para as Índias, mas na 
verdade havia aportado em terras desconhecidas. 
 
A sequência cronológica correta dos fatos listados é 
 
A) 1, 2, 3, 4 e 5. B) 3, 5, 4, 1 e 2. C) 5, 2, 1, 4 e 3. D) 2, 4, 1, 5 e 3. E) 4, 1, 5, 3 e 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Índios - O Brasil antes do descobrimento 
 
Ao chegarem ao Brasil, os portugueses encontraram um território povoado. Seus 
habitantes, porém, desconheciam a escrita e não deixaram documentos sobre o próprio 
passado. O conhecimento que temos sobre os índios brasileiros do século 16 baseia-se 
principalmente em relatos e descrições dos viajantes europeus que aqui estiveram, na 
época. Particularmente, os livros do alemão Hans Staden e do francês Jean de Lery, que 
conviveram com os índios por volta de 1550. 
 
Os dois apresentam detalhadamente o modo de vida indígena, relacionando aspectos 
que vão dos mais triviais, como as vestes e adornos, aos mais complexos, como as 
crenças religiosas. Sobre as épocas anteriores à chegada dos portugueses, os estudos 
históricos contam com a contribuição da antropologia e da arqueologia, que permitiram 
traçar um panorama abrangente, apesar da existência de lacunas. 
 
O povoamento da América do Sul teve início por volta de 20.000 a.C., segundo a 
maioria dos pesquisadores. Existem indícios de seres humanos no Brasil datados de 
16.000 a.C., de 14.200 a.C. e de 12.770 a.C., encontrados nas escavações arqueológicas 
de Lagoa Santa (MG), Rio Claro (SP) e Ibicuí (RS). A dispersão da espécie por todo o 
território nacional aconteceu em cerca de 9000 a.C., quando o número de homens 
aumentou muito. 
 
Tupis e guaranis 
 
Ao longo desse processo, teria ocorrido a diferenciação linguística e social que deu 
origem aos troncos indígenas Macro-Jê e Macro-Tupi. Deste último, entre os séculos 8 e 
9, originaram-se as nações Tupi e Guarani. São as que mais se destacam nos últimos 
500 anos da História do Brasil, justamente porque tiveram um contato mais próximo 
com o homem branco. Na chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500, estima-se que os 
índios brasileiros fossem entre um e cinco milhões. 
 
Os tupis ocupavam a região costeira que se estende do Ceará a Cananeia (SP). Os 
guaranis espalhavam-se pelo litoral Sul do país e a zona do interior, na bacia dos rios 
Paraná e Paraguai. Em outras regiões encontravam-se outras tribos, genericamente 
chamados de tapuias, palavra tupi que designa os índios que falam outra língua. 
 
Apesar da divisão geográfica, as sociedades tupis e guaranis eram bastante semelhantes 
entre si, nos aspectos linguísticos e culturais. Os grupos se formavam e se mantinham 
unidos principalmente pelos laços de parentesco, que também articulavam o 
relacionamento desses mesmos grupos entre si. Agrupamentos menores, as aldeias 
ligavam-se através do parentesco com unidades maiores, as tribos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Modo de vida dos índios 
 
Os índios sobreviviam da caça, da pesca, do extrativismo e da agricultura. Nem esta 
última, porém, servia para ligá-los permanentemente a um único território. Fixavam-se 
nos vales de rios navegáveis, onde existissem terras férteis. Permaneciam num lugar por 
cerca de quatro anos. Depois de esgotados os recursos naturais do local, migravam para 
outra região, num regime semi-sedentário. 
 
Suas tabas (aldeias) abrigavam entre 600 e 700 habitantes. Levando em conta as 
possibilidades de abastecimento e as condições de segurança da área, um conselho de 
chefes determinava o local onde eram erguidas. As aldeias eram formadas por ocas 
(cabanas), habitações coletivas que apresentavam formas e dimensões variadas. Em 
geral, as ocas eram retangulares, com o comprimento variando entre 40 m e 160 m e a 
largura entre 10 m e 16 m. Abrigavam entre 85 e 140 moradores. Suas paredes eram de 
madeira trançada com cipó e recobertas com sapé desde a cobertura. 
 
 
 
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As várias aldeias se ligavam entre si através de trilhas, que uniam também o litoral ao 
interior. Algumas eram muito extensas como a do Peabiru, que unia a região da atual 
Assunção, no Paraguai, com o planalto de Piratininga, onde se situa a cidade de São 
Paulo. Descobrimentos arqueológicos confirmam contatos entre os tupis-guaranis e os 
incas do Peru: objetos de cobre dos Andes foram desenterrados em escavações, no Rio 
Grande do Sul e no Estado de São Paulo. 
 
Alimentação: mandioca, peixe e mariscos 
 
A alimentação dos índios do Brasil se compunha basicamente de farinha de mandioca, 
peixe, mariscos e carne. Conheciam-se os temperos e a fermentação de bebidas 
alcoólicas. Com as fibras nativas dos campos e florestas, fabricavam-se cordas, cestos, 
peneiras, esteiras, redes, abanos de fogo; moldavam-se em barro diversos tipos de potes, 
vasos e urnas funerárias, pois enterravam seus mortos. 
 
Na taba, vigorava a divisão sexual do trabalho. Aos homens cabiam as tarefas de 
esforço intenso, como o preparo da terra para o cultivo, a construção das ocas e a caça. 
Além destas, havia a atividade que consideravam mais gloriosa - a guerra. As mulheres, 
além do trabalho natural de dar a luz e cuidar das crianças, semeavam, colhiam, 
modelavam, teciam, faziam bebidas e cozinhavam. 
 
Os casamentos serviam para estabelecer alianças entre aldeias e reforçar os laços de 
parentesco. A importância da família se contava pelo número de seus homens. As 
grandes famílias tinham um líder e as aldeias tinham um chefe, o morubixaba. Em torno 
dele, reunia-se um conselho da taba, formado pelos líderes e o pajé ou xamã, que 
desempenhava um papel mágico e religioso. As crenças religiosas dos índios possuíam 
papel ativo na vida da tribo. Praticavam-se diversos rituais mágico-sagrados, 
relacionados ao plantio, à caça, à guerra, ao casamento, ao luto e à antropofagia. 
 
Antropofagia (canibalismo) e vida após a morte 
 
Basicamente, os tupi-guaranis acreditavam em duas entidades supremas - Monan e 
Maíra - identificados com a origem do universo. Ao lado das divindades criadoras, 
figurava também uma entidade - Tupã - associada à destruição do mundo, que os índios 
consideravam inevitável no futuro, além de ter ocorrido em passado remoto. 
Acreditavam também na vida após a morte, quando o espírito do morto iniciava uma 
viagem para o Guajupiá, um paraíso onde se encontraria com seus ancestrais e viveria 
eternamente. A prática da antropofagia talvez estivesse especialmente ligada a essa 
viagem sobrenatural, sendo uma espécie de ritual preparatóriopara ela, segundo alguns 
estudiosos. 
 
Para outros, o ritual antropofágico servia para reverenciar os espíritos dos antepassados 
e vingar os membros da aldeia mortos em combate. Após as batalhas contra tribos 
inimigas, a antropofagia tinha caráter apoteótico, mobilizando todos os membros da 
aldeia numa sucessão de danças e encenações que terminavam com a matança de 
prisioneiros e o devoramento de seus corpos. 
 
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Na organização política de uma aldeia, destacava-se a figura do chefe, o morubixaba, 
mas este só exercia efetivamente o poder em tempos de guerra. Ainda assim não podia 
impor a sua vontade, devendo convencer um conselho da aldeia, por meio de discursos. 
A guerra era uma atividade epidêmica. Acontecia por razões materiais, como conquistar 
terras privilegiadas; morais e sentimentais, como a vingança da morte de parentes ou 
amigos por grupos adversários; ou ainda religiosas, vinculadas à antropofagia. 
 
Povos guerreiros 
 
O caráter beligerante das sociedades indígenas brasileiras desmente a versão da história 
segundo a qual os índios se limitaram a assistir à ocupação da terra pelos europeus, 
sofrendo os efeitos da colonização passivamente. Ao contrário, nos limites das suas 
possibilidades resistiram à ocupação territorial, lutando bravamente por sua segurança e 
liberdade. Entretanto, o contato inicial entre índios e brancos não chegou a ser 
predominantemente conflituoso. Como os europeus estivessem em pequeno número, 
podiam ser incorporados à vida social do índio, sem afetar a unidade e a autonomia das 
sociedades tribais. 
 
Isso favoreceu o intercâmbio comercial pacífico, as trocas de produtos entre os brancos 
e os índios, principalmente enquanto os interesses dos europeus se limitaram ao 
extrativismo do pau-brasil. Em geral, nas três primeiras décadas de colonização, os 
brancos se incorporavam às aldeias, totalmente sujeitos à vontade dos nativos. Mesmo 
em suas feitorias, os europeus dependiam de articular alianças com os indígenas, para 
garantir a alimentação e segurança. 
 
Posteriormente, quando o processo de colonização promoveu a substituição do 
extrativismo pela agricultura como principal atividade econômica, o padrão de 
convivência entre os dois grupos raciais sofreu uma profunda alteração: o índio passou a 
ser encarado pelo branco como um obstáculo à posse da terra e uma fonte de mão-de-
obra barata. A necessidade de terras e a de trabalhadores para a lavoura levaram os 
portugueses a promover a expulsão dos índios de seu território, assim como a sua 
escravização. Assim, a nova sociedade que se erguia no Brasil impunha ao índio uma 
posição subordinada e dependente. 
 
Índios sobreviventes 
 
Finalmente, para preservar a unidade e a integridade de seu modo de vida, os índios 
optaram também pela migração para as áreas interioranas, cujo acesso difícil tornava o 
contato com o branco improvável ou impossibilitava a este exercer seu domínio. Essa 
alternativa, porém, teve um preço alto para as tribos indígenas, forçando-as a adaptar-se 
a regiões mais pobres ou inóspitas. 
 
Ainda assim, em relação ao enfrentamento ou à submissão, o isolamento foi o que 
permitiu parcialmente aos índios preservarem sua herança biológica, social e cultural. 
Dos cinco milhões de índios da época do descobrimento, existem atualmente cerca de 
460 mil, segundo a Funai - Fundação Nacional do Índio. 
 
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01 - O início da colonização portuguesa no Brasil, no chamado período "pré-
colonial" (1500-1530), foi marcado pelo(a): 
 
a) envio de expedições exploratórias do litoral e pelo escambo do pau-brasil; 
 
b) plantio e exploração do pau-brasil, associado ao tráfico africano. 
 
c) deslocamento, para a América, da estrutura administrativa e militar já experimentada 
no Oriente; 
 
d) fixação de grupos missionários de várias ordens religiosas para catequizar os 
indígenas; 
 
e) implantação da lavoura canavieira, apoiada em capitais holandeses. 
 
02 - "Apesar dos exageros e incorreções, a Lettera de Américo Vespúcio para 
Piero Soderini com certeza continha várias passagens verídicas. Uma delas é o 
trecho no qual, referindo-se à sua primeira viagem ao Brasil, realizada entre maio 
de 1501 e julho de 1502, Vespúcio afirma: 'Nessa costa não vimos coisa de proveito, 
exceto uma infinidade de árvores de pau-brasil (...) e já tendo estado na viagem 
bem dez meses, e visto que nessa terra não encontrávamos coisa de metal algum, 
acordamos despedirmo-nos dela.' Deve ter sido exatamente esse o teor do relatório 
que Vespúcio entregou para o rei D. Manoel, em julho de 1502, logo após 
desembarcar em Lisboa, ao final de sua primeira viagem sob bandeira portuguesa. 
O diagnóstico de Vespúcio selou o destino do Brasil pelas duas décadas seguintes. 
Afinal, no mesmo instante em que era informado pelo florentino da inexistência de 
metais e de especiarias no território descoberto por Cabral, D. Manoel 
concentrava todos os seus esforços na busca pelas extraordinárias riquezas do 
Oriente. (BUENO, Eduardo. Náufragos,traficantes e degredados: as primeiras 
expedições ao Brasil. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1998, p. 65.) 
 
A descoberta do Brasil não alterou os rumos da expansão portuguesa voltada 
prioritariamente para o Oriente, o que explica as características dos primeiros 
anos da colonização brasileira, entre as quais se inclui o (a): 
 
a) caráter militar da ocupação, visando à defesa das rotas atlânticas; 
 
b) escambo com os indígenas, garantindo o baixo custo da exploração; 
 
c) abertura das atividades extrativas da colônia a comerciantes das outras potências 
europeias; 
 
d) migração imediata de expressivos contingentes de europeus e africanos para a 
ocupação do território; 
 
e) exploração sistemática do interior do continente em busca de metais preciosos. 
 
 
 
 
 
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03 - Assinale a alternativa correta a respeito do período pré-colonial brasileiro: 
 
a) Os franceses não reconheciam o domínio português, tanto que chegaram a se 
estabelecer no Rio de Janeiro e no Maranhão. 
 
b) O trabalho intenso de Anchieta e Nóbrega na catequese dos índios tinha o objetivo de 
impedir a escravização do gentio. 
 
c) A ocupação temporária europeia, por meio de feitorias, deveu-se à inexistência de 
organização social produtora de excedentes negociáveis. 
 
d) A cordialidade dos indígenas contrastava com a hostilidade europeia dos 
portugueses, cujo objetivo metalista conduzia sempre à prática da violência. 
 
e) A cordialidade inicial entre europeus e índios deveu-se ao fato de que o objetivo 
catequético superava os fins materiais da expansão marítima. 
 
04 - "De começo, e fosse qual fosse, após a exploração cabralina, a importância dos 
conhecimentos geográficos sobre o Brasil, o interesse de D. Manuel pelos seus 
novos territórios da América foi, ao que parece, mais de ordem estratégica que 
econômica." 
 
(CORTESÃO, Jaime. Os descobrimentos portugueses, p. 1086, citado em 
MORAES, Antonio Carlos Robert. Bases da formação territorial do Brasil. São 
Paulo: HUCITEC, 2000, p. 174.) 
 
Segundo o historiador português, Jaime Cortesão, no início do século XVI, a 
importância econômica dada à América pelo Estado português foi de ordem 
estratégica. Isto, porque: 
 
a) apesar de terem sido encontrados imediatamente metais preciosos no território, os 
portugueses não tinham maior interesse neles; 
 
b) as comunidades indígenas do litoral sul da América eram hostis a qualquer contato 
com os portugueses, o que impediu o desenvolvimento de atividades econômicas na 
região; 
 
c) a extensão do litoral e o clima tropical impediam o desenvolvimento de atividades 
econômicas que permitissem a produção de bens valorizados na Europa; 
 
d) o interesse português estava voltado para o Oriente, e o controle do litoral sul da 
América deveria garantir, fundamentalmente, o monopólio da navegação darota do 
Cabo; 
 
e) a instalação de feitorias que estimulassem o plantio, pelas comunidades indígenas, do 
pau-brasil, produto valorizado no mercado europeu e, por isso, gerador de lucros para o 
Estado português. 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
 
 
Brasil Colônia 
 
(1500 – 1822) 
 
A história do Brasil, enquanto colônia é vasta, complexa e ainda em construção, pois 
todos os anos, novas descobertas sobre esse período histórico brasileiro são feitas. No 
entanto, devido a essa complexidade historiográfica, estuda-se a História Colonial do 
Brasil, de maneira dividida, e essa divisão é feita em tópicos de economias, 
administrações políticas, formação e composição da sociedade, e assim por diante. 
 
Mas, antes de qualquer estudo sobre a colonização do Brasil, dar-se-á o estudo do Brasil 
Pré – Colonização, porém, pós – “Descoberta”: essa confusa parte da história do Brasil, 
inicia-se em 1500, e prolonga-se até, aproximadamente, 1530, quando o governo 
português efetiva a colonização do território brasileiro. 
 
Período Pré – Colonização (1500 – 1530) 
 
A Coroa portuguesa, envolvida de forma quase obsessiva com os negócios lucrativos do 
Oriente, pouco mudou sua política com a descoberta da nova terra americana, o Brasil, 
em 1500, por Pedro Álvares Cabral. 
 
O Descobrimento do Brasil e os Interesses Portugueses 
 
As notícias que chegavam a Dom Manuel não respondiam às expectativas da Coroa. 
Não apontavam a existência de metais preciosos, de especiarias, nem de outras riquezas 
de interesse no território onde, à primeira vista, apenas existiam nativos. Em sua carta 
ao rei Dom Manuel, Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Cabral, caracterizou a 
terra como um espaço virgem, sem riqueza imediata, mas com uma determinada e já 
precisa utilidade, servindo como ponto de apoio da carreira da Índia: "ter aqui esta 
pousada para estar na navegação de Calicute". 
 
Os governantes de Portugal reconheciam a vantagem estratégica de um território 
localizado no litoral atlântico - sul. Ele servia como escala dos navios rumo às riquezas 
das Índias e, sobretudo, ajudava a garantir o monopólio da Rota do Cabo, em direção às 
Índias. Dom Manuel tomou algumas iniciativas após o descobrimento. Em 1501, 
enviava uma expedição de reconhecimento comandada por Gaspar de Lemos. Américo 
Vespúcio, navegador italiano, de grandes conhecimentos náuticos, integrando a 
expedição, recolheu informações sobre o local e suas possíveis riquezas. 
 
 
 
 
 
 
 
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Ainda em 1501, o rei de Portugal comunicava a descoberta da Ilha de Vera Cruz, depois 
chamada de Terra de Santa Cruz, aos reis de Espanha, Fernão de Aragão e Isabel de 
Castela, seus sogros e rivais. 
 
Por um longo período, a terra americana permaneceu quase que em abandono. A Índia 
continuava a ser o grande alvo das navegações marítimas portuguesas. Os interesses 
mercantil e religioso prevaleciam acima de qualquer outro. "A alternativa ao espaço 
índico, território das especiarias e pedras preciosas, é para todo o nosso século XVI, o 
Norte da África. Índia e Marrocos, por vezes, dão-se as mãos como meios para um fim 
mais histórico", conforme registrou o historiador português Luís Filipe Barreto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O domínio sobre as riquezas do Oriente era um interesse tão forte para a economia de 
Portugal que, quando os navegadores Fernão de Magalhães e Sebastião El Cano, a 
serviço da Espanha, realizaram, entre 1519 e 1522, a primeira viagem de 
circunavegação, passando pelo arquipélago das Molucas, chamado de Ilhas das 
Especiarias, os portugueses sentiram-se ameaçados. Temiam que surgissem dúvidas 
quanto à posse daquelas terras, dada a difícil demarcação do Tratado de Tordesilhas. 
Então, para garantir o controle de suas terras, e, consequentemente do lucrativo 
comércio oriental, o rei de Portugal propôs, ao rei da Espanha, a compra do arquipélago, 
realizada em 1529, com o Tratado de Saragoça. Esse Tratado dava a Portugal todos os 
direitos sobre as Ilhas das Especiarias, e dividia os domínios orientais dos dois países, 
na altura das Filipinas. 
 
 
 
 
 
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De acordo com o historiador Barreto, a ocupação do novo território, "o Brasil, achado 
em 1500 e em 1500, esquecido, é uma resposta a perigos de concorrência 
essencialmente ligados com a carreira da Índia." 
 
A Pré - Colonização 
 
O relativo abandono em que foi deixado o Brasil, durante vários anos após a descoberta, 
facilitou as incursões de outros povos europeus, especialmente franceses e espanhóis. 
 
Eles eram atraídos pelas notícias dos viajantes e pelos relatos dos sobreviventes de 
naufrágios que falavam de povos e de costumes totalmente diferentes, e contavam sobre 
riquezas fabulosas. Aos franceses, por exemplo, atraía a tinta do pau-brasil, fundamental 
para suas manufaturas têxteis. Em constantes viagens às novas terras, recolhiam a 
madeira e abasteciam seus navios. 
 
Sem ainda um plano de ocupação da nova terra americana, o governo de Portugal 
limitava-se a explorá-la na única riqueza que aparentemente apresentava: o pau-brasil. 
Tratava de assegurar o monopólio da exploração desse produto e defender a terra das 
investidas dos corsários estrangeiros. Com estes objetivos, entre 1500 e 1516, 
expedições exploradoras e expedições guarda-costas chegavam ao Brasil. 
 
A Costa do Pau-Brasil e a Costa do Ouro e da Prata 
 
As expedições exploradoras vinham ao litoral brasileiro com a finalidade de mapear 
suas potencialidades e fazer um reconhecimento geográfico e antropológico da terra e 
de seus habitantes, os índios. 
 
Na relação dos portugueses com os nativos predominava o interesse de acumular o 
máximo de dados e, ao mesmo tempo, abrir o maior número de pistas a futuras relações. 
 
As expedições exploradoras combinavam ações da Coroa e de particulares. Nestas 
últimas incluíam-se, em especial, ricos comerciantes, muitos dos quais eram cristãos - 
novos, os judeus recém-convertidos ao cristianismo para escapar dos rigores da Santa 
Inquisição - o tribunal que julgava os atos praticados contra a Igreja. 
 
A primeira expedição exploradora, em 1501, foi uma ação da Coroa. Comandada por 
Gaspar de Lemos aportou, inicialmente, no litoral do atual estado do Rio Grande do 
Norte rumando, em seguida, em direção ao sul. Os principais acidentes geográficos 
encontrados no caminho recebiam nomes relacionados aos santos e dias de festas: Cabo 
de São Roque e Rio São Francisco, entre outros. Em janeiro de 1502, a expedição 
chegava ao Rio de Janeiro, indo depois até o Rio da Prata. 
 
As informações enviadas ao rei de Portugal referiam-se, principalmente, ao clima, às 
condições da terra e à única riqueza até então encontrada, o pau-brasil. Este produto, de 
modo algum, superava os lucros obtidos no comércio com o Oriente. 
 
 
 
 
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As matas do pau-brasil estendiam-se por grande parte do litoral, em especial do cabo de 
São Roque até São Vicente. Daí o nome "costa do pau-brasil". De São Vicente para o 
sul, o litoral era conhecido como "costa do ouro e da prata", em função das notícias 
sobre a existência daqueles metais preciosos na região. 
 
A expedição comandada por Gonçalo Coelho, em 1503, constituiu-se em uma ação de 
particulares. Para organizá-la, a Coroa firmou, em 1502, contrato com um grupo de 
comerciantes, à frente Fernão de Noronha. A terra foi arrendada por um período de três 
anos para exploração do pau-brasil. Os arrendatários, em troca, comprometiam-se a 
construir feitorias e pagar, à Coroa, parte do lucro obtido. O arrendamento foi renovado 
mais duas vezes, em 1505 e em 1513. Como consequência do contrato e da expedição 
de 1502, o rei Dom Manuel doou, em 1504, a Fernão de Noronha, a primeira capitania 
hereditária no litoral brasileiro: a ilha de São João da Quaresma,atual Fernando de 
Noronha. 
 
As feitorias instaladas serviam como depósitos do pau-brasil até que as embarcações 
portuguesas aqui chegassem. Os índios cortavam a madeira e recebiam, por este 
trabalho, objetos de pouco valor como facas, pentes e espelhos. Esse tipo de relação, 
baseada na troca de produtos, chama-se escambo. Nessa época, as pessoas que 
exploravam o comércio do pau-brasil eram denominadas ‘brasileiros”. 
 
As notícias sobre a grande quantidade de pau-brasil existente no litoral, passaram a 
atrair outros países europeus. Em especial a França que, sentindo-se prejudicada pelos 
termos do Tratado de Tordesilhas, não reconhecia sua validade. O governo francês, 
então, patrocinou grupos de corsários que começaram a percorrer a "costa do pau-
brasil", negociando a extração da madeira diretamente com os índios, por meio do 
escambo. 
 
Em consequência da pressão exercida pelas frequentes incursões de franceses e de 
outros europeus às suas terras, a Coroa portuguesa organizou expedições, chamadas 
"guarda-costas", para expulsar os corsários. 
 
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As Expedições Guarda-Costas 
 
Cristóvão Jacques comandou as duas expedições guarda-costas organizadas pela Coroa. 
A primeira em 1516 e, a segunda, em 1526. 
 
Ambas mostraram-se insuficientes para combater o contrabando e a constante ameaça 
de ocupação estrangeira, diante da vasta extensão do litoral. O historiador brasileiro 
Capistrano de Abreu ressaltou outra grande dificuldade: as alianças feitas entre os 
europeus e os indígenas. Os Tupinambás se aliavam, com frequência, aos franceses e os 
portugueses tinham ao seu lado os Tupiniquins. E, segundo Capistrano, "durante anos 
ficou indeciso se o Brasil ficaria pertencendo aos Peró (portugueses) ou aos Mair 
(franceses)." 
 
Entretanto, a existência de sobreviventes de naufrágios, degredados e desterrados 
portugueses no Brasil, além de favorecer o contato com os índios, facilitou a defesa e a 
ocupação da terra. Esses homens, que teriam chegado com as primeiras viagens e 
permanecido pelas mais diversas razões, já estavam adaptados às condições físicas e 
sociais do território e ao modo indígena de viver. Alguns deles sucumbiram ao meio, a 
ponto de furar lábios e orelhas, matar prisioneiros segundo os ritos nativos, e alimentar-
se de sua carne. 
 
Acreditavam nos mitos existentes, incorporando-os à sua maneira de viver, como é o 
caso daquele homem que passou a se julgar um tamanduá. Enfurnava-se, de quatro, em 
todos os buracos, à cata de formigas, seu alimento predileto. Outros, ao contrário, 
revoltaram-se e impuseram sua vontade, como o bacharel de Cananéia. Havia, ainda, 
tipos intermediários, que conviviam com os nativos e com eles estabeleciam laços 
familiares. Casavam e tinham filhos com as índias, constituindo, na maioria das vezes, 
numerosa família, composta de várias mulheres e de um grande número de filhos 
mamelucos. 
 
A Colonização Acidental 
 
Dentre os inúmeros homens que viviam no Brasil destacaram-se Diogo Álvares Correa, 
o Caramuru, e João Ramalho. Caramuru, desde o seu naufrágio, em 1510, até a sua 
morte, em 1557, viveu na Bahia, sendo muito respeitado pelos Tupinambás. Tinha 
várias mulheres indígenas, entre elas Paraguaçu, filha do principal chefe guerreiro da 
região. Com ela teve muitos filhos e filhas, das quais duas se casaram com espanhóis, 
moradores da mesma região. João Ramalho, por sua vez, não se sabe se era náufrago, 
degredado, desertor ou aventureiro. Desde 1508 convivia com os índios Guaianá, na 
região de São Vicente. Casou-se com Bartira, filha do maior chefe guerreiro da região. 
Tiveram vários filhos e filhas, as quais se casaram com homens importantes. 
 
Caramuru e João Ramalho possuíam algumas características em comum: muitas 
concubinas, muitos filhos, poder e autoridade entre os indígenas. Protegiam os europeus 
que chegavam em busca de riquezas e, com eles, realizavam negócios. Também 
socorriam os que naufragavam em seus domínios, fornecendo-lhes escravos, 
 
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alimentação, informação, pequenas embarcações e guarida. Em troca, recebiam 
armamentos, moedas de ouro, vestimentas e notícias sobre o mundo europeu. Graças à 
obediência que os índios lhes tinham, os expedicionários portugueses foram recebidos 
de forma hospitaleira, e obtiveram importantes informações sobre a terra. 
 
Caramuru e João Ramalho integram um grupo de homens fundamentais na colonização 
do Brasil. Além de participarem ativamente nesse processo, ainda que de forma 
acidental, prepararam e facilitaram o estabelecimento da colonização oficial das terras 
portuguesas na América. A Coroa, reconhecendo o importante papel desses homens, 
atribuiu-lhes funções oficiais. João Ramalho, por exemplo, em 1553, foi nomeado 
capitão da vila de Santo André por Tomé de Sousa, o primeiro governador geral do 
Brasil. 
 
Os jesuítas procuravam também se aproveitar do relacionamento desses homens com os 
indígenas, para concretizar a missão evangelizadora que lhes cabia. Para eles, esses 
portugueses aventureiros representavam a afirmação integradora dos dois mundos: o 
bárbaro, dos índios, e o civilizado, dos europeus. 
 
Neste período de colonização acidental, inúmeras feitorias se estabeleciam em 
diferentes pontos do litoral. Alianças eram firmadas e os contatos entre portugueses e 
índios tornavam-se mais sistemáticos e frequentes. Estas estratégias, entretanto, não se 
mostravam suficientes para assegurar a Portugal o domínio sobre suas terras. Não 
garantiam uma forma efetiva de ocupação do litoral, em toda a sua extensão. 
 
O rei francês, Francisco I, insatisfeito com a situação, resolveu contestar o monopólio 
ibérico sobre as terras do novo mundo, legitimado pelo Tratado de Tordesilhas, em 
1494. A Coroa francesa pretendia estabelecer o princípio do Uti Possidetis, pelo qual só 
a ocupação efetiva do lugar assegurava sua posse. 
 
Para solucionar esta questão de forma definitiva, a Coroa portuguesa estabeleceu uma 
política de colonização efetiva do Brasil. Dois fatos concorreram para esta decisão. Um 
deles foi o declínio do comércio do Oriente, cujos investimentos passaram a pesar 
bastante na economia portuguesa. Os lucros ficavam em grande parte com os 
financiadores de Flandres, atual Bélgica. O outro fato a influir foi a notícia da 
descoberta, pelos espanhóis, de metais preciosos nas suas terras americanas. Tal notícia 
estimulou o interesse dos portugueses pelo novo território, reforçando a ideia de um 
"eldorado" promissor para os negócios de Portugal. 
 
A Expedição de Martim Afonso de Sousa (1530-1532) 
 
Em 1530, com o propósito de realizar uma política de colonização efetiva, Dom João 
III, "O Colonizador", organizou uma expedição ao Brasil. A esquadra de cinco 
embarcações, bem armada e aparelhada, reunia quatrocentos colonos e tripulantes. 
Comandada por Martim Afonso de Sousa, tinha uma tríplice missão: combater os 
traficantes franceses, penetrar nas terras na direção do Rio da Prata para procurar metais 
preciosos e, ainda, estabelecer núcleos de povoamento no litoral. Portanto, iniciar o 
 
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povoamento do "grande desertão", as terras brasileiras. Para isto traziam ferramentas, 
sementes, mudas de plantas e animais domésticos. 
 
Martim Afonso possuía amplos poderes. Designado capitão - mor da esquadra e do 
território descoberto, deveria fundar núcleos de povoamento, exercer justiça civil e 
criminal, tomar posse das terras em nome do rei, nomear funcionários e distribuir 
sesmarias. 
 
Durante dois anos o Capitão percorreu o litoral, armazenando importantes 
conhecimentos geográficos. Ao chegar no litoral pernambucano, em 1531, conseguiu 
tomar três naus francesas carregadas de pau-brasil. Dali dirigiu-se para o sul da região, 
indo até a foz do Rio da Prata. Fundou a primeira vila da América portuguesa: São 
Vicente, localizada no litoral paulista.Ali distribuiu lotes de terras aos novos habitantes, 
além de dar início à plantação de cana-de-açúcar. Montou o primeiro engenho da 
Colônia, o "Engenho do Governador", situado no centro da ilha de São Vicente, região 
do atual estado de São Paulo. 
 
Diogo Álvares Correa, o Caramuru, João Ramalho e Antônio Rodrigues facilitaram 
bastante a missão colonizadora da expedição de Martim Afonso. Eram intérpretes junto 
aos índios e forneciam valiosas informações sobre a terra e seus habitantes. Antes de 
retornar a Portugal, ainda em 1532, o Capitão recebeu carta do rei Dom João III. Este 
falava de sua intenção de implantar o sistema de capitanias hereditárias e de designar 
Martim Afonso e seu irmão Pero Lopes de Sousa como donatários. 
 
Enquanto Portugal reorganizava sua política para estabelecer uma ocupação efetiva no 
litoral brasileiro, os espanhóis impunham sua conquista na América, chegando quase à 
exterminação dos grupos indígenas: os astecas, no atual México, os maias, na América 
Central e os incas, no atual Peru. 
 
Índios e Portugueses: O Encontro de Duas Culturas 
 
Durante os primeiros anos do Descobrimento, os nativos foram tratados "como 
parceiros comerciais", uma vez que os interesses portugueses voltavam-se ao comércio 
do pau-brasil, realizado na base do escambo. Segundo os cronistas da época, os 
indígenas consideravam os europeus, amigos ou inimigos, conforme fossem tratados: 
amistosamente ou com hostilidade. Com o passar do tempo, e ante a necessidade 
crescente de mão-de-obra dos senhores de engenho, essa relação sofreu alterações. Com 
a instalação do Governo Geral, em 1549, intensificou-se a escravidão dos indígenas nas 
diversas atividades desenvolvidas na Colônia, gerando constantes conflitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. (Espcex (Aman) 2015) “Os primeiros trinta anos da História do Brasil são 
conhecidos como período Pré-Colonial. Nesse período, a coroa portuguesa iniciou a 
dominação das terras brasileiras, sem, no entanto, traçar um plano de ocupação 
efetiva. […] A atenção da burguesia metropolitana e do governo português 
estavam voltados para o comércio com o Oriente, que desde a viagem de Vasco da 
Gama, no final do século XV, havia sido monopolizado pelo Estado português. […] 
O desinteresse português em relação ao Brasil estava em conformidade com os 
interesses mercantilistas da época, como observou o navegante Américo Vespúcio, 
após a exploração do litoral brasileiro, pode-se dizer que não encontramos nada de 
proveito”. Berutti, 2004. 
 
Sobre o período retratado no texto, pode-se afirmar que o(a): 
 
a) desinteresse português pelo Brasil nos primeiros anos de colonização, deu-se em 
decorrência dos tratados comerciais assinados com a Espanha, que tinha prioridade pela 
exploração de terras situadas a oeste de Greenwich. 
 
b) maior distância marítima era a maior desvantagem brasileira em relação ao comércio 
com as Índias. 
 
c) desinteresse português pode ser melhor explicado pela resistência oferecida pelos 
indígenas que dificultavam o desembarque e o reconhecimento das novas terras. 
 
d) abertura de um novo mercado na América do Sul, ampliava as possibilidades de lucro 
da burguesia metropolitana portuguesa. 
 
e) relativo descaso português pelo Brasil, nos primeiros trinta anos de História, explica-
se pela aparente inexistência de artigos (ou produtos) que atendiam aos interesses 
daqueles que patrocinavam as expedições. 
 
2. (Pucsp 2014) "Descoberto o Novo Mundo e instaurado o processo de 
colonização, começou a se desenrolar o embate entre o Bem e o Mal." 
 
Laura de Mello e Souza. Inferno Atlântico. São Paulo: Companhia das Letras, 
1993, p. 22-23. 
 
Na percepção de muitos colonizadores portugueses do Brasil, uma das armas mais 
importantes utilizadas nesse “embate entre o Bem e o Mal” era a: 
 
a) retomada de padrões religiosos da Antiguidade. 
 
b) defesa do princípio do livre arbítrio. 
 
c) aceitação da diversidade de crenças. 
 
d) busca da racionalidade e do espírito científico. 
 
e) catequização das populações nativas. 
 
 
 
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3. (Uern 2013) Acerca dos povos “pré-colombianos” e dos habitantes do Brasil 
anteriores à colonização, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as 
falsas: 
 
( ) Todos, sem exceção, já haviam estabelecido uma organização política e social 
extremamente estratificada, estamental e hierarquizada, baseada nos laços de 
parentesco. 
 
( ) Haviam sociedades agrícolas, sedentarizadas e algumas nômades, que não 
dominavam a domesticação de animais, o cultivo sistemático e viviam, portanto, da 
caça e da coleta. 
 
( ) Em algumas regiões específicas, a agricultura se desenvolveu mais intensamente 
e o acúmulo de experiências culturais resultou numa maior condição de 
desenvolvimento entre essas populações. 
 
( ) No Brasil, o período inicial do processo de colonização coincide, historicamente, 
com o período de sedentarização dos nativos e sua introdução ao mundo da 
agricultura e da pecuária, anteriormente inexistentes. 
 
A sequência está correta em: 
 
a) V–F–V–F 
 
b) V–F–F–V 
 
c) V–F–V–V 
 
d) F–V–V–F 
 
4. (Unesp 2013) Leia o texto para responder à questão. 
 
[Os tupinambás] têm muita graça quando falam [...]; mas faltam-lhe três letras das 
do ABC, que são F, L, R grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se 
não têm F, é porque não têm fé em nenhuma coisa que adoram; nem os nascidos 
entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em Deus Nosso 
Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem. E se 
não têm L na sua pronunciação, é porque não têm lei alguma que guardar, nem 
preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua 
vontade; sem haver entre eles leis com que se governem, nem têm leis uns com os 
outros. E se não têm esta letra R na sua pronunciação, é porque não têm rei que os 
reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguém, nem ao pai o filho, nem o 
filho ao pai, e cada um vive ao som da sua vontade [...]. 
 
(Gabriel Soares de Souza. Tratado descritivo do Brasil em 1587, 1987.) 
 
 
 
 
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O texto destaca três elementos que o autor considera inexistentes entre os 
tupinambás, no final do século XVI. Esses três elementos podem ser associados, 
respectivamente: 
 
a) à diversidade religiosa, ao poder judiciário e às relações familiares. 
 
b) à fé religiosa, à ordenação jurídica e à hierarquia política. 
 
c) ao catolicismo, ao sistema de governo e ao respeito pelos diferentes. 
 
d) à estrutura política, à anarquia social e ao desrespeito familiar. 
 
e) ao respeito por Deus, à obediência aos pais e à aceitação dos estrangeiros. 
 
6. Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito. Eram 
pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Não fazem o menor 
caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como 
em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus 
ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos seus são corredios. 
 
CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela história do Brasil: 
documentos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997 (adaptado). 
 
O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de Caminha, documento 
fundamental para a formação da identidade brasileira. Tratando da relação que, 
desde esse primeiro contato, se estabeleceu entre portugueses e indígenas, esse 
trecho da carta revela a: 
 
a) preocupação em garantir a integridade do colonizador diante da resistência dos índios 
à ocupação da terra. 
 
b) postura etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas culturais 
do indígena. 
 
c) orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão 
de obra para colonizar a nova terra. 
 
d) oposição de interesses entre portugueses e índios, que dificultavao trabalho 
catequético e exigia amplos recursos para a defesa recursos para a defesa da posse da 
nova terra. 
 
e) abundância da terra descoberta, o que possibilitou a sua incorporação aos interesses 
mercantis portugueses, por meio da exploração econômica dos índios. 
 
7. Considere o texto a seguir: 
 
"Em toda a semana [os homens] se ocupam em fazer roças para seus mantimentos 
(que antes não faziam senão as mulheres)". 
 
 
 
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("Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil (1538-1553)". Editadas por Serafim 
Leite. São Paulo: Comissão do IV Centenário, 1954, v. I, p. 179). 
 
Neste texto descreve-se uma mudança na divisão social do trabalho indígena 
(trabalho masculino e feminino), que ocorreu no Brasil colonial com a chegada dos 
padres jesuítas. Contudo, antes desta mudança, cabia aos homens e às mulheres 
tupinambás: 
 
a) os homens derrubavam a floresta, caçavam e pescavam, e as mulheres trabalhavam 
no plantio. 
 
b) os homens trabalhavam no plantio, caçavam, pescavam, e as mulheres derrubavam a 
floresta. 
 
c) os homens trabalhavam na obtenção de alimentos, e as mulheres na criação dos 
filhos. 
 
d) os homens derrubavam a floresta, e as mulheres obtinham os alimentos. 
 
e) os homens trabalhavam na obtenção de alimentos, e as mulheres na organização das 
cerimônias religiosas. 
 
8. Leia as duas estrofes a seguir: 
 
 
 
É o Brasil antes de Cabral 
Pindorama, Pindorama 
É tão longe de Portugal 
 
Fica além, muito além 
 
Do encontro do mar com o céu 
 
Fica além, muito além 
 
Dos domínios de Dom Manuel. 
 
Vera Cruz, Vera Cruz 
 
Quem achou foi Portugal 
 
Vera Cruz, Vera Cruz 
 
Atrás do Monte Pascoal 
 
Bem ali Cabral viu 
 
Dia vinte e dois de abril 
 
 
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Não só viu, descobriu 
 
Toda terra do Brasil." 
 
Pindorama, de Sandra Peres e Luiz Tatit, in "Palavra Cantada", Canções 
Curiosas, 1998. 
 
Entre as várias referências da letra da canção à chegada dos portugueses à 
América, pode-se mencionar: 
 
a) a preocupação com os perigos da viagem, a distância excessiva e a datação exata do 
momento da descoberta. 
 
b) o caráter documental do texto, que reproduz o tom, a intenção informativa e a 
estrutura dos relatos de viajantes. 
 
c) a dúvida quanto à expressão mais adequada para designar a chegada dos portugueses, 
daí a variação de verbos. 
 
d) o pequeno conhecimento das novas terras pelos conquistadores, indicando sua crença 
de terem chegado às Índias. 
 
e) a diferença entre os termos que nomeavam as terras, sugerindo uma diferença entre a 
visão do índio e a do português. 
 
9. Em geral, os nossos tupinambás ficaram admirados ao ver os franceses e os 
outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto 
é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por 
que vindes vós outros, mairs e pêros (franceses e portugueses), buscar lenha de tão 
longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?” 
 
LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no 
Brasil. São Paulo: Difel, 1974. 
 
O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 
1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a 
sociedade europeia e a indígena no sentido: 
 
a) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais. 
 
b) da preocupação com a preservação dos recursos ambientais. 
 
c) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil. 
 
d) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas. 
 
e) da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno. 
 
 
 
 
 
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10. Se levarmos em conta que os colonizadores portugueses mantiveram um 
contato maior com as nações tupi, podemos dizer que as sociedades indígenas 
brasileiras viviam num regime de comunidade primitiva, no qual: 
 
a) não existia propriedade privada, pois os únicos bens individuais eram os instrumentos 
de caça, pesca e trabalho, como o arco, a flecha e o machado de pedra. 
 
b) cabia aos homens, além da caça e da pesca, toda a atividade agrícola do plantio a da 
colheita. 
 
c) cada família tinha a sua propriedade, apesar de todos trabalharem para o sustento da 
comunidade. 
 
d) a economia era planificada, e todo o excedente era trocado com as tribos vizinhas. 
 
e) tanto a propriedade privada quanto a agricultura de subsistência e a divisão de 
trabalho obedeciam a critérios naturais, ou seja, de acordo com o sexo e a idade. 
 
11. Considere a ilustração: 
 
Extração do pau-brasil pelos índios. Detalhe ornamental de mapa do Atlas de 
Johannes van Keulen, 1683. (In: Elza Nadai e Joana Neves. "História do Brasil". 
São Paulo: Saraiva, 1996. p. 39) 
 
A devastação das florestas brasileiras não é uma prática recente. No contexto da 
história do Brasil colonial, essa devastação decorreu da exploração do pau-brasil, 
como mostra a ilustração, que era uma atividade: 
 
a) praticada pelos povos indígenas para comércio interno, antes mesmo da chegada dos 
europeus. 
 
b) desprezada pelos colonizadores portugueses, razão pelo qual os franceses a 
praticavam utilizando o trabalho dos índios. 
 
c) considerada monopólio da Coroa portuguesa e gerou muitos conflitos entre índios, 
portugueses e franceses. 
 
d) realizada entre índios e ingleses porque os franceses estavam interessados 
exclusivamente na busca do ouro e prata. 
 
e) desenvolvida pelos holandeses que utilizavam o trabalho do índio e os remuneravam 
com baixos salários. 
 
12 Em carta ao rei D. Manuel, Pero Vaz de Caminha narrou os primeiros contatos 
entre os indígenas e os portugueses no Brasil: “Quando eles vieram, o capitão 
estava com um colar de ouro muito grande ao pescoço. Um deles fitou o colar do 
Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o 
colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. Outro viu umas contas 
de rosário, brancas, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o 
 
Prof. Guilherme Bertazzo
 
 
colar do Capitão, como se dissesse que dariam ouro por aquilo. Isto nós 
tomávamos nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que 
levaria as contas e o colar, isto nós não queríamos entender, porque não havíamos 
de dar-lhe!” 
 
(Adaptado de Leonardo Arroyo, A carta de Pero Vaz de Caminha. São Paulo: 
Melhoramentos; Rio de Janeiro: INL, 1971, p. 72-74.) 
 
Esse trecho da carta de Caminha nos permite concluir que o contato entre as 
culturas indígena e europeia foi: 
 
a) favorecido pelo interesse que ambas as partes demonstravam em realizar transações 
comerciais: os indígenas se integrariam ao sistema de colonização, abastecendo as 
feitorias, voltadas ao comércio do pau-brasil, e se miscigenando com os colonizadores. 
 
b) guiado pelo interesse dos descobridores em explorar a nova terra, principalmente por 
meio da extração de riquezas, interesse que se colocava acima da compreensão da 
cultura dos indígenas, que seria quase dizimada junto com essa população. 
 
c) facilitado pela docilidade dos indígenas, que se associaram aos descobridores na 
exploração da nova terra, viabilizando um sistema colonial cuja base era a escravização 
dos povos nativos, o que levaria à destruição da sua cultura. 
 
d) marcado pela necessidade dos colonizadores de obterem matéria-prima para suas 
indústrias e ampliarem o mercado consumidor para sua produção industrial, o que levou 
à busca por colônias e à integração cultural das populações nativas. 
 
13. Sobre o período Pré-colonial, é CORRETO afirmar: 
 
a) Um grupo de mercadores portugueses, representados por Fernão de Loronha, 
arrendou o direito de exploração do território, no início do século XVI. 
 
b) A extração de pau-brasil era destinada à exportação dessa madeira para a construção 
de fortes e edifícios administrativos

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