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1 História do Brasil – Parte 1 - - Grandes Navegações e Contexto Europeu ......................................... 02 - Brasil Colônia (1500 – 1808) ............................................................................ 19 - Governo Joanino (1808 – 1822) .................................................................... 78 Prof. Guilherme Bertazzo A Expansão Ultramarina Europeia dos séculos XV e XVI Diversas são as razões e os motivos que levaram algumas nações europeias a se jogarem no temido “Mar Tenebroso”, como era conhecido o Oceano Atlântico, na época das Expansões Marítimas Europeias. Tenebroso, pois além de ser um mar desconhecido pela grande maioria, contava-se que tal mar era permeado de grandes monstros marinhos, de tamanhos enormes, e que ofereciam um grande perigo para qualquer embarcação. Soma-se a isso a versão religiosa de que a Terra era plana, e a qualquer momento uma embarcação poderia (cair) no abismo, caso chegasse ao limite da Terra “planificada”. Corrobora, ainda, para essa versão, o domínio do pensamento católico quase que completo na Europa. Na verdade, no campo espiritual e cultural, existia um monopólio da Igreja Católica, e esse domínio era pertinente em âmbitos diversos da vida social, e regulava a sociedade ao seu bel prazer. A Igreja Católica explicava o Planeta Terra como o astro central do Universo, diga-se, o geocentrismo, isto é, a terra no centro do Universo, divergindo do heliocentrismo (sol no centro do Universo), de Nicolau Copérnico. Todavia, apenas a coragem nos navegadores europeus ao adentrarem o Oceano Atlântico não é suficiente para explicar as Expansões Marítimas. Outrossim, uma estabilidade política, adicionada a uma crise de fornecimento alimentares, entre outras razões que serão citadas a seguir, fomentarão o início das Grandes Navegações Europeias dos Séculos XV e XVI. No entanto, antes de entrarmos nos ditames das Grandes Navegações, é preciso entendermos que a Europa encontrava-se na Idade Média, a qual durou, aproximadamente, mil anos, e a partir dela que entenderemos os motivos e demais circunstâncias que motivaram os europeus a chegarem ao território, que hoje, chamamos de Brasil. Dica do Bertazzo! Geocentrismo: teoria defendida pela Igreja, de que a Terra era o centro do Universo. Heliocentrismo: teoria defendida por Nicolau Copérnico, de que o Sol era o centro do Universo. Prof. Guilherme Bertazz 3 Imagem Ilustrativa do “Mar Tenebroso”. Disponível em http://historiaonlineceem.blogspot.com.br/2012/09/o-mar-tenebroso.html A Europa na Idade Média Entre 476 (queda do Império Romano do Ocidente), e 1453 (tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos), a Europa esteve em um período histórico conhecido como Idade Média. Esse período é dividido em duas fases: Alta Idade Média e Baixa Idade Média. A Alta Idade Média corresponde ao período histórico em que a Europa é tomada pelos povos “bárbaros”, pelos germânicos, hunos, celtas, vikings, francos, e outros tantos povos. Outra característica da Alta Idade Média, e essa de crucial importância, é a formação do feudalismo: modelo político e econômico caracterizado pela descentralização do poder; por uma economia quase amonetária e por uma sociedade agrária e estratificada. Além disso, na Alta Idade Média tem-se o início das Cruzadas: um movimento de caráter político, militar e religioso, por parte das nações ocidentais da Europa, com o apoio da Igreja Católica, para retomar a Terra Santa, Jerusalém, que havia sido tomada pelos turcos otomanos. Prof. Guilherme Bertazzo http://historiaonlineceem.blogspot.com.br/2012/09/o-mar-tenebroso.html As cruzadas, a bem da verdade, não atingiram seu objetivo principal, entretanto, tiveram como consequência uma abertura do Mar Mediterrâneo, o qual ligou a Europa até às Índias. Eram nas Índias que os europeus encontravam as tão famosas e necessárias “especiarias”, entre elas a pimenta, o cravo, canela, noz moscada, entre tantas outras, e também, produtos de luxo, como tecidos finos, porcelanas, marfim, etc. Esse comércio com Índias será monopolizado por Gênova, Florenza e Veneza, repúblicas italianas que tinham características comerciais e marítimas, e, além disso, uma considerável força bélica, ou seja, o necessário para deterem os grandes lucros desse comércio. Ao passo que esses produtos iam sendo introduzidos na Europa, o movimento comercial ia aumentando. O aumento do comércio de especiarias deu origem a rotas comercias, tanto por terra, quanto por água. Essas rotas comerciais com o passar do tempo ocasionaram o aparecimento de feiras de comércio, que se mobilizavam ao sabor das caravanas com os produtos vindos das Índias. São com as feiras comerciais, que surgirão as cidades, ou burgos, como ficaram conhecidas. Daí, a classe predominante nesses burgos chamar-se burgueses: era uma nova classe social, que tinha como preceito fundamental a relação com o comércio. Esse conjunto de fatos, aparecimento de cidades e consequentemente, da urbanização, causados pela intensificação com o comercio oriental, ficará conhecido como Renascimento Comercial e Urbano. Toda a estrutura feudal estava ruindo com a nova configuração que a Europa recebia. Os reis, que na Idade Média não detinham o poder de fato, aproximam-se da burguesia, e em troca mútua de favores, buscam a centralização do poder nas mãos do monarca, enfraquecendo o decadente poderio dos senhores feudais. Essa troca de favores envolvendo a burguesia e os reis colocará a Europa em um novo eixo econômico: aos poucos, o feudalismo é substituído por uma forma pré-capitalista de produção. Vive-se a fase do mercantilismo. Dica do Bertazzo! Mercantilismo é uma política econômica utilizada pelos monarcas durante os séculos XV e XVI, caracterizada por: Metalismo: a riqueza de uma nação era medida que pela quantidade de metais preciosos que esta continha. Na Espanha, o metalismo também é conhecido como Bulionismo. Balança Comercial Favorável: como o próprio nome diz, as exportações sempre deverão ser maiores que as importações, mantendo a balança de comércio favorável (lucrativa). Intervencionismo Estatal: o Estado como dirigente central da economia. Prof. Guilherme Bertazzo Rotas comerciais até o século XV. Disponível em http://www.indiaportuguesa.com/histoacuteria-do-impeacuterio-mariacutetimo- portuguecircs.html A Formação de Portugal Portugal é filho da Guerra da Reconquista. Para entender as origens de Portugal, primeiramente, exige-se o conhecimento cartográfico da Península Ibérica. Hoje, a Península Ibérica corresponde a um território ao sudoeste da Europa, banhada ao leste pelo Mar Mediterrâneo; pelo oeste, banhada pelas águas do Oceano Atlântico; ao norte, faz fronteira com a França, e ao sul, banhada, também, pelo Mar Mediterrâneo e pelo Oceano Atlântico, entretanto, a poucos quilômetros do continente africano. O trecho de águas que separa Portugal da África chama-se Estreito de Gibraltar. Hodiernamente, a Península Ibérica é formada por dois países: Portugal e Espanha. No entanto, nem sempre foi assim. Para iniciar de modo sucinto, os árabes, sob as égides expansionistas da religião islâmica, tomam o norte da África, e em 711, cruzam o estreito de Gibraltar, chegando até a Península Ibérica. Conquistando pouco a poucos os povos que ali habitavam, os mouros (como ficaram conhecidos os árabes naquela região) tomam uma grande parte da Península, e se direcionam para conquistar o Reino da França, ao norte, onde serão barrados. Os mouros acabamderrotados pelos francos, na épica batalha de Poitiers, em 732. Prof. Guilherme Bertazzo http://www.indiaportuguesa.com/histoacuteria-do-impeacuterio-mariacutetimo-portuguecircs.html http://www.indiaportuguesa.com/histoacuteria-do-impeacuterio-mariacutetimo-portuguecircs.html http://www.indiaportuguesa.com/histoacuteria-do-impeacuterio-mariacutetimo-portuguecircs.html Consequentemente, iniciava-se ali, um longo período de fixação muçulmana na Península Ibérica, ocasionando disputas intermitentes entre os mouros e os reinos ali fixados. Esses confrontos entre reinos da Península e os mouros, ficou conhecido como Guerra de Reconquista. Mapa da Europa. Em destaque, a Península Ibérica (grifo do autor). Disponível em http://paiseseviagens.com/europa/russia/paises-da-europa-e-capitais-mapa-europeu.htm É durante a Guerra de Reconquista, a qual tem esse nome devido ao ímpeto dos reinos ibéricos em reconquistar o território peninsular, que surgirá Portugal. Grandes reinos formavam a Península Ibérica, entre eles o Reino de Aragão; Reino de Navarra; Reino de Castela e Reino de Leão. Este último era governado pelo rei Afonso VI, o qual, resolveu presentear um nobre de origem francesa chamado Henrique de Borgonha, devido as brilhantes campanhas militares, com uma porção de terras, ao sul do rio Minho. Esse território era conhecido como Condado Portucalense. Além das terras, o rei Afonso VI concedeu à Henrique de Borgonha, a mão de sua filha em casamento, a princesa D. Teresa. Prof. Guilherme Bertazzo http://paiseseviagens.com/europa/russia/paises-da-europa-e-capitais-mapa-europeu.htm Um filho de Henrique de Borgonha e de D. Teresa, chamado D. Afonso Henriques, dará início ao processo de independência política do Condado Portucalense, em relação ao Reino de Leão. No ano de 1139, o Condado Portucalense torna-se o Reino de Portugal, sob o governo de D. Afonso Henriques, agora D. Afonso I, fundador da Dinastia de Borgonha. Península Ibérica no século XVI. Disponível em http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/por-que-nos-por-ademir-barros-dos-santos. Diferentemente, do restante da Europa, o Reino de Portugal, sob os auspícios de d. Afonso I, realizou uma centralização política baseada na tradição militar que permeava o território, devido aos conflitos contra os mouros, como também, na eminente relação do seu suserano, com os vassalos. Enquanto grande parte da Europa caracterizava-se pela descentralização política – grande quantidade de feudos regidos pelos diversos senhores feudais -, Portugal, ao contrário, encontrava-se em um processo intensificado, e muito bem adiantado, de centralização dos poderes políticos, econômicos e militares, nas mãos dos reis da dinastia de Borgonha. A dinastia de Borgonha chegaria ao seu fim no ano de 1383, quando o último rei da dinastia, d. Fernando, o Formoso, morreu sem deixar herdeiros homens para a sucessão do trono. Contudo, a única herdeira era uma mulher, a qual era casada com d. João I, rei do Reino de Castela. Isso implica que, se a filha do Formoso assumisse o trono como rainha, Castela iria incorporar aos seus territórios, o Reino de Portugal. Portugal, diga-se de passagem, ao longo da Dinastia de Borgonha, desenvolveu-se nos ramos da agricultura, no interior, e principalmente, da pesca e demais atividades mercantis, no litoral. Durante as crises feudais dos séculos XII e XIII (Peste Negra, Guerra dos 100 anos, Grande Fome e Revoltas Camponesas), muitos mercadores evitavam levar suas mercadorias por trechos terrestres, na Europa, preferido, desta forma, as vias marítimas. Avançando pelo Mar Mediterrâneo, passando pelas cidades portuguesas de Lisboa e Porto, e direcionando-se até a Inglaterra e Flandres. Prof. Guilherme Bertazzo http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/por-que-nos-por-ademir-barros-dos-santos http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/por-que-nos-por-ademir-barros-dos-santos Esse desenvolvimento de Portugal ocasionou o surgimento de uma rica classe social ligada às atividades mercantis. Essa classe social, prevendo a perca de seus interesses e de suas regalias, caso Portugal fosse anexado ao Reino de Castela, iniciará um movimento contra essa unificação política. O grupo mercantil uniu-se a setores populares (arraia miúda), tendo como liderança um filho bastardo do rei Formoso, D. João, Mestre da Ordem militar de Avis. Os conflitos de 1383 a 1385, entre os grupos mercantis portugueses liderados por D. João, Mestre de Avis, contra o Reino de Castela (que contava com a ajuda da nobreza portuguesa), ficaram conhecidos como Revolução de Avis. A revolução teve como desfecho a vitória dos grupos mercantis e da arraia miúda, na Batalha de Aljubarrota com a liderança do Mestre de Avis. Este, em 1385, dará início a Dinastia de Avis, agora como rei de Portugal, d. João I, e concedendo todas as regalias possíveis os grupos mercantis. Isso explica, em partes, o porquê do pioneirismo português nas Grandes Navegações, e sua forte tradição mercantil a partir de então. A Expansão Portuguesa O que levou Portugal a ser o pioneiro nas Grandes navegações? Primeiramente, Portugal foi o primeiro estado centralizado da Europa, como foi colocado antes. Soma-se a isso, que essa centralização teve uma forte presença de grupos mercantis, que devido à posição favorável de Portugal quanto às atividades marítimas, fez com que esse grupo obtivesse amplos poderes. As invenções tecnológicas da época contribuíram para o pioneirismo: o astrolábio, a caravela, os mapas, a bússola, entre outras. Lembrando, que o único caminho conhecido para chegar até as índias, era pelo Mar Mediterrâneo, e este se encontrava sob o domínio dos italianos, os quais encareciam substancialmente os produtos, portanto, a busca por uma rota alternativa para chegar às Índias não era, apenas, uma questão de sobrevivência, e sim de prosperidade. Ainda existia a Escola de Sagres, que consoante às versões historiográficas tradicionais, seria uma escola de instrução, aprendizagem e aperfeiçoamento náutico, criada pelo infante d. Henrique, filho de d. João I, Mestre de Avis. Hodiernamente, o caráter de “escola” está sendo tirado da Escola de Sagres: alguns pesquisadores supõe que a Escola de Sagres era um ponto de encontro entre navegadores, astrólogos, geógrafos, e assim por diante, para discussão e compartilhamento de conhecimentos náuticos, mas não, necessariamente, um centro de estudos e aprendizagem. “Esse foi um mito que se formou a partir de uma hipótese levantada por um estudioso inglês Samuel Purchas, nos inícios do século XVII. A rigor, portanto, a palavra ‘escola’ só tem validade se tomada na acepção de um estado de espírito – aquele estado de espírito mercantil e aventureiro que norteou as navegações.” (LOPEZ, Luiz Roberto. P. 11. 1993). Prof. Guilherme Bertazzo Além do mais, Portugal encontrava-se em uma relativa paz interna e externa: a Espanha ainda envolvia-se na Reconquista; França e Inglaterra em meio aos conflitos disputando os territórios de Flandres, e a Holanda em intermináveis questões dinásticas. Disponível em https://www.google.com.br/search?q=astrol%C3%A1bio+b%C3%BAssola+e+quadrante&source=lnms& tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi0rt75kZbYAhULhZAKHRwoAhwQ_AUICigB&biw=1366&bih=662 #imgrc=_D9Bw9uhDxRoSM:. Desta forma, os portugueses jogam-se ao Oceano Atlântico, costeando a costa ocidental africana, e ao longo desta conquistando territórios e instalando feitorias. As conquistas de Ceuta (1415), Ilha da Madeira (1419), Açores (1431), Cabo Bojador (1434), foram dando confiança e conhecimento marítimo do “Mar Tenebroso” aos portugueses, até queem 1488, na liderança do navegador Bartolomeu Dias, atingem o sul do continente africano, no Cabo das Tormentas, apelidado pelos portugueses de Cabo da Boa Esperança. Os portugueses chegavam ao Oceano Índico. Dez anos depois, Vasco da Gama já estava fundando feitorias na cidade de Calicute, na Índia. Assim, a chegada portuguesa às índias estava consolidada. Obviamente, que durante esse processo, os espanhóis iniciaram seu projeto expansionista, e ainda, em 1453, houve a tomada de Constantinopla (Istambul), pelos turcos otomanos, bloqueando o comércio italiano pelo Mediterrâneo. Prof. Guilherme Bertazzo https://www.google.com.br/search?q=astrolábio+bússola+e+quadrante&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi0rt75kZbYAhULhZAKHRwoAhwQ_AUICigB&biw=1366&bih=662#imgrc=_D9Bw9uhDxRoSM https://www.google.com.br/search?q=astrolábio+bússola+e+quadrante&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi0rt75kZbYAhULhZAKHRwoAhwQ_AUICigB&biw=1366&bih=662#imgrc=_D9Bw9uhDxRoSM https://www.google.com.br/search?q=astrolábio+bússola+e+quadrante&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwi0rt75kZbYAhULhZAKHRwoAhwQ_AUICigB&biw=1366&bih=662#imgrc=_D9Bw9uhDxRoSM Navegações Portuguesas. Disponível em http://4.bp.blogspot.com/- 4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK- lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif. Expansão Espanhola Ao contrário de Portugal, o qual conseguiu sua centralização política, relativamente, cedo, a Espanha demorou um tempo maior para encontrar essa estabilidade política, pois a Espanha era um território fragmentado, dividido entre quatro reinos (Reino de Leão, Reino de Castela, Reino de Navarra e Reino de Aragão). Logo, não existia um comando forte e uníssono que motivasse os espanhóis a se jogarem aos mares. Esse cenário muda em 1469, quando ocorre o casamento de Fernando, rei de Aragão, com Isabel, rainha de Castela. Uma estabilidade política a partir dessa união é vista, no entanto, ainda existia um empecilho na vida dos espanhóis: a presença dos mouros no sul da península, na região de Granada. Após a expulsão dos mouros da Península Ibérica, e 1492, a Espanha, tal qual fez Portugal, joga-se no Oceano Atlântico. Todavia, de um modo distinto. Distinto, porque desde 1480, existia um tratado entre Espanha e Portugal, conhecido como Tratado de Toledo: neste documento, as terras ao norte das Ilhas Canárias, seriam da Espanha, caso fossem descobertas; ao ponto que, as terras ao sul, seriam de Portugal. Como Portugal em 1480, já dominava quase toda costa ocidental da África, logicamente que a Espanha precisaria de uma nova estratégia para chegar até as tão sonhadas Índias. Prof. Guilherme Bertazzo http://4.bp.blogspot.com/-4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif http://4.bp.blogspot.com/-4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif http://4.bp.blogspot.com/-4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif http://4.bp.blogspot.com/-4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif http://4.bp.blogspot.com/-4V9_t8TVxb0/T5yJNQGs2YI/AAAAAAAACkQ/72XwK-lZRYk/s1600/AS%2BNAVEGA%25C3%2587%25C3%2595ES%2BPORTUGUESAS.gif Tratado de Toledo – 1480. Disponível em https://blogueoc.blogspot.com.br/2016/03/tratado-de-alcacovas.html. Essa nova estratégia foi proposta pelo genovês Cristovão Colombo: Colombo, segundo sua tradição renascentista, tinha a convicção de que a terra era esférica, e consequentemente, viajando para o ocidente, chegaria até o oriente. Sob desconfianças de Fernando, Isabel apostou no projeto genovês, mas cabe ressaltar, que o investimento e a crença no italiano foram limitados. Tão limitados, que a Coroa Espanhola ofereceu 3 naus para a expedição (Santa Maria, Nina e Pinta), todas de pequeno porte, se comparadas às 13 caravelas que compuseram a expedição de Cabral, que chegou no Brasil, em 1500. Em outubro de 1492, Colombo avistou terras, e imaginando ter chegado às Índias, chamou os habitantes desse novo território de “índios”. Na verdade, Colombo chegara na América Central, mais especificamente, em San Salvador. Cristovão Colombo morreu achando que estivesse chegado às Índias viajando de oeste para leste. Todavia, foi Américo Vespúcio quem desfez esse equívoco, e por isso, em sua homenagem, o continente leva até hoje o nome de América. Os tratados Luso – Espanhóis Ao decorrer das expansões marinhas, as disputas por novos territórios atritaram os países ibéricos, e para evitar conflitos, tratados de partição territorial foram confeccionados, sobre tudo em relação ao continente americano. Em 1493, o papa Alexandre VI, que era espanhol, assinou um documento dividindo o mundo entre Espanha e Portugal: era a Bula Inter Coetera, a qual estabelecia a divisão em um marca a 100 léguas das ilhas de Cabo Verde. Por esse tratado, a América ficaria somente para a Espanha, e a para Portugal a África. Houve descontentamento por parte de Portugal, e um novo tratado deveria ser feito. Prof. Guilherme Bertazzo https://blogueoc.blogspot.com.br/2016/03/tratado-de-alcacovas.html https://blogueoc.blogspot.com.br/2016/03/tratado-de-alcacovas.html Em 1494, na cidade de Tordesilhas, na Espanha, um novo tratado foi realizado, de mesmo nome que a cidade, e que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha tendo como marco divisório uma linha imaginária a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde. Assim, Portugal abocanharia um pedaço da América. França, Holanda e Inglaterra, após estabelecerem suas centralizações políticas, jogaram- se aos mares, sem reconhecer nenhum dos tratados estabelecidos pelos países ibéricos, tanto que a Inglaterra estabeleceu a pirataria no Atlântico – papel realizado pelos corsários. Os franceses realizavam trocas comerciais no litoral brasileiro com tribos indígenas e ainda dominaram territórios na América do Norte. Tratados Ibéricos. Disponível em https://historitura.wordpress.com/2013/07/22/bula- intercoetera-e-tratado-de-tordesilhas/. A Chegada de Pedro Álvares Cabral Logo que Vasco da Gama retornou das índias, em 1499, com muitas especiarias, em valores que encheram o rei de alegria, uma nova expedição foi planejada. Nesta expedição, a qual teria grandes nomes da navegação a bordo, como Gaspar de Lemos, estava sob a liderança do fidalgo Pedro Álvares Cabral, o qual comandava 13 caravelas que iriam às Índias para buscar mais produtos. Durante a viagem, a frota acabou se deslocando em direção contrária ao continente africano, e com isso, deu-se a chegada das caravelas, no Brasil, em abril de 1500. Prof. Guilherme Bertazzo https://historitura.wordpress.com/2013/07/22/bula-intercoetera-e-tratado-de-tordesilhas/ https://historitura.wordpress.com/2013/07/22/bula-intercoetera-e-tratado-de-tordesilhas/ https://historitura.wordpress.com/2013/07/22/bula-intercoetera-e-tratado-de-tordesilhas/ Existe um debate histórico a cerca do “descobrimento” do Brasil por Cabral. Primeiramente, algumas versões historiográficas trabalham com a teoria de que a chegada de Cabral, na América, foi um acidente, pois a frota teria desviado da costa africana, devido a uma intempérie relacionada a correntes marinhas e ausência de ventos favoráveis. Já, outros pesquisadores apresentam versões as quais afirmam que a frota de Cabral já tinha noção de que existiriam terras, e chegar no Brasil seria uma maneira de marcar propriedade nesse território, perante a presença espanhola naquelas proximidades. Uma prova de que já se sabia dessa terra, foi a negação lusa em concordarcom a Bula Inter Coetera de 1493, a qual deixaria Portugal sem posses na América. De qualquer forma, ao avistar o monte pascoal, na Bahia, os portugueses imaginaram o Brasil, como uma ilha, por isso o chamaram de Ilha de Vera Cruz, e posteriormente, Terra de Santa Cruz. Depois de passarem rapidamente pelo Brasil, a frota seguiu viagem até seu destino original, as Índias. No entanto, uma das caravelas retornou para Portugal com as “boas novas” do “achamento” da nova terra. Nessa caravela que retornou, estava Pero Vaz de Caminha, o escrivão da expedição, e escreveu os primeiros relatos e impressões sobre a chegada dos portugueses no Brasil. Para muitos, a carta de Pero Vaz de Caminha é considerada a “Certidão do Brasil”. Exercícios 01 – (ESA – 2013) Entre os motivos que contribuíram para o pioneirismo português no fenômeno histórico conhecido como “expansão ultramarina”, é correto afirmar que foi (foram) decisivo (a) (s): A) o comércio de ouro e escravos na costa da África. B) a precoce centralização política de Portugal e a ausência de guerras. C) a luta contra os mouros no Marrocos. D) a aliança política com o reino da Espanha. E) as reformas pombalinas. Prof. Guilherme Bertazzo 02 – (ESA – 2013) No final do Século XIV, o único Estado centralizado e livre de guerras, o que lhe permitiu ser o pioneiro na expansão ultramarina, era o: A) espanhol. B) inglês. C) francês. D) holandês. E) português 03 – (ESA – 2012) O Tratado de Tordesilhas, assinado pelos reis ibéricos com a intervenção papal, representa: A) o marco inicial da colonização portuguesa do Brasil. B) o fim da rivalidade entre portugueses e espanhóis na América. C) a tomada de posse do Brasil pelos portugueses. D) a demarcação dos direitos de exploração colonial dos ibéricos. E) o declínio do expansionismo espanhol. 04 – (ESA – 2011) O Tratado de Tordesilhas, celebrado em 1494 entre as Coroas de Portugal e Espanha, pretendeu resolver as disputas por colônias ultramarinas entre esses dois países, estabelecia que: A) os espanhóis ficariam com todas as terras descobertas até a data de assinatura do Tratado, e as terras descobertas depois ficariam com os portugueses. B) os domínios espanhóis e portugueses seriam separados por um meridiano estabelecido a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. C) a Igreja Católica, como patrocinadora do Tratado, arrendaria as terras descobertas pelos portugueses e espanhóis nos quinze anos seguintes. D) Portugal e Espanha administrariam juntos as terras descobertas, para fazerem frente à ameaça colonialista da Inglaterra, da Holanda e da França. E) portugueses e espanhóis seriam tolerantes com os costumes e as religiões dos povos que habitassem as terras descobertas. Prof. Guilherme Bertazzo 05 – (ESA – 2011) No século XV, o lucrativo comércio das especiarias - artigos de luxo - era praticamente monopolizado pelas cidades europeias de: A) Paris e Flandres. B) Londres e Hamburgo. C) Gênova e Veneza. D) Constantinopla e Berlim. E) Lisboa e Madri. 6 – (EsPCEx – 2007) Do século XII ao XV, Veneza, Gênova e Pisa destacaram-se como importantes núcleos urbanos na Europa, em decorrência, principalmente, da(o): A) existência de grandes plantações de trigo e cevada na região. B) comércio marítimo com os países situados nos mares do Norte e Báltico. C) associação com outras cidades como Hamburgo e Bremen. D) intenso intercâmbio comercial com o Oriente, por meio do transporte marítimo via Constantinopla. E) domínio religioso e militar sobre as demais cidades localizadas no Mediterrâneo. 7 – (EsPCEx – 2007) Na Europa do Século XV, Portugal destacou-se pelo pioneirismo com que se lançou à expansão marítimo-comercial, dentre outras razões, em virtude da(o): A) associação entre o Estado português e empresas privadas, formando a Companhia das Índias Ocidentais. B) experiência náutica dos portugueses, fruto dos estudos e experiências acontecidas na Escola de Sagres. C) apoio inglês que forneceu tripulação e navios para a empreitada lusitana. D) associação com a Espanha, pois o rei espanhol também era rei de Portugal, no final do século XV. E) necessidade da busca de ouro e metais preciosos para financiar as cruzadas. Prof. Guilherme Bertazzo 8 – (EsPCEx – 2007) No Século XV, as potências europeias viram-se forçadas a buscar rotas marítimas para o Oriente, pois: A) os turcos otomanos passaram a controlar as terras a leste do Mediterrâneo. B) o Tratado de Tordesilhas impedia a navegação portuguesa ao sul de Cabo Verde. C) os ingleses impediam a passagem pelo estreito de Gibraltar. D) as águas agitadas do Cabo da Boa Esperança impediam os navios de contornar a costa africana. E) espanhóis e portugueses não se entendiam quanto à navegação no Mar Mediterrâneo. 9 – (EsPCEx – 2008) Leia atentamente as afirmações abaixo. I – Era um estado politicamente centralizado e estável. II – Possuía o melhor e mais equipado exército europeu durante os séculos XV e XVI. III – Estava em uma posição geográfica favorável, entre o Atlântico e o Mediterrâneo. IV – Contava com o apoio de uma burguesia mercantil favorável ao projeto da navegação para o Oriente. V – Possuía contatos com comerciantes árabes e indianos, realizados durante as Cruzadas, por nobres portugueses. Assinale a única alternativa em que todas as afirmações justificam o pioneirismo português no processo das Grandes Navegações. A) I e II. B) III e V. C) II, III e IV. D) I, III e IV. E) I, II e V. 10 – (EsPCEx – 2010) Um conjunto de forças e motivos econômicos, políticos e culturais impulsionou a expansão comercial e marítima europeia a partir do século XV, o que resultou, entre outras coisas, no domínio da África, da Ásia e da América. A) contorno do Cabo da Boa Esperança em 1488. B) conquista de Ceuta em 1415. C) chegada em Calicute, Índia, em 1498. D) ascensão ao trono português de uma nova dinastia, a de Avis, em 1385. E) descobrimento do Brasil em 1500. Prof. Guilherme Bertazzo 11 – (EsPCEx – 2011)As grandes navegações produziram o expansionismo do século XV e contribuíram para acelerara transição do feudalismo/capitalismo. Provocaram mudanças no comércio europeu, tais como: A) deslocamento do eixo econômico do Atlântico para o Pacífico; ascensão econômica das repúblicas italianas paralelamente ao declínio das potências mercantis atlânticas; acúmulo de capitais nas mãos da realeza. B) perda do monopólio do comércio de especiarias por parte dos italianos; declínio econômico das potências mercantis atlânticas; intenso afluxo de metais preciosos da América para a Europa. C) empobrecimento da burguesia europeia; deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico; ascensão econômica das repúblicas italianas, paralelamente ao declínio das potências mercantis atlânticas. D) intenso afluxo de metais preciosos da América para a Europa, o que determinou a chamada “revolução dos preços do Século XVI”; deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico; acúmulo de capitais nas mãos da burguesia europeia, em consequência da abundância de metais que afluiu para a Europa. E) ascensão econômica das repúblicas italianas, paralelamente ao declínio econômico de países como Portugal, Espanha, Inglaterra e Holanda; incorporação das áreas do continente americano e do litoral africano às rotas já tradicionais de comércio Europa – Ásia; acumulação de capitais nas mãos da nobreza e realeza europeias. 12 – (EsPCEx – 2012) As Grandes Navegações iniciaram transformações significativas no cenário mundial. Leia atentamente os itens abaixo: I – o Oceano Atlântico passoua ser mais importante que o Mar Mediterrâneo; II – a peste negra, com a qual os europeus se contaminaram, era até então desconhecida na Europa; III – houve a ascensão econômica das cidades italianas e o declínio das cidades banhadas pelo Mar do Norte; IV – os europeus ergueram vastos impérios coloniais e se apropriaram da riqueza dos povos africanos, asiáticos e americanos; V – a propagação da fé cristã. Assinale a única alternativa em que todos os itens listam características corretas desse período. A) I, III e V B) II, III e V C) I, IV e V D) II, III e IV E) I, II e IV Prof. Guilherme Bertazzo 13 – (EsPCEx – 2015) As viagens mercantis e os descobrimentos de rotas marítimas e de terras além-mar ocorridas no que conhecemos por expansão europeia, mudou o mundo conhecido até então. Foram etapas na conquista dos novos caminhos, rotas e descobrimentos os seguintes eventos: 1. Bartolomeu Dias atingiu a extremidade sul do continente africano, nomeando-a de Cabo das Tormentas. 2. Fernão de Magalhães, português, deu início à primeira viagem ao redor da Terra. 3. Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. 4. Conquista de Ceuta pelos portugueses. 5. Cristóvão Colombo descobriu o que julgou ser o caminho para as Índias, mas na verdade havia aportado em terras desconhecidas. A sequência cronológica correta dos fatos listados é A) 1, 2, 3, 4 e 5. B) 3, 5, 4, 1 e 2. C) 5, 2, 1, 4 e 3. D) 2, 4, 1, 5 e 3. E) 4, 1, 5, 3 e 2. Prof. Guilherme Bertazzo Índios - O Brasil antes do descobrimento Ao chegarem ao Brasil, os portugueses encontraram um território povoado. Seus habitantes, porém, desconheciam a escrita e não deixaram documentos sobre o próprio passado. O conhecimento que temos sobre os índios brasileiros do século 16 baseia-se principalmente em relatos e descrições dos viajantes europeus que aqui estiveram, na época. Particularmente, os livros do alemão Hans Staden e do francês Jean de Lery, que conviveram com os índios por volta de 1550. Os dois apresentam detalhadamente o modo de vida indígena, relacionando aspectos que vão dos mais triviais, como as vestes e adornos, aos mais complexos, como as crenças religiosas. Sobre as épocas anteriores à chegada dos portugueses, os estudos históricos contam com a contribuição da antropologia e da arqueologia, que permitiram traçar um panorama abrangente, apesar da existência de lacunas. O povoamento da América do Sul teve início por volta de 20.000 a.C., segundo a maioria dos pesquisadores. Existem indícios de seres humanos no Brasil datados de 16.000 a.C., de 14.200 a.C. e de 12.770 a.C., encontrados nas escavações arqueológicas de Lagoa Santa (MG), Rio Claro (SP) e Ibicuí (RS). A dispersão da espécie por todo o território nacional aconteceu em cerca de 9000 a.C., quando o número de homens aumentou muito. Tupis e guaranis Ao longo desse processo, teria ocorrido a diferenciação linguística e social que deu origem aos troncos indígenas Macro-Jê e Macro-Tupi. Deste último, entre os séculos 8 e 9, originaram-se as nações Tupi e Guarani. São as que mais se destacam nos últimos 500 anos da História do Brasil, justamente porque tiveram um contato mais próximo com o homem branco. Na chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500, estima-se que os índios brasileiros fossem entre um e cinco milhões. Os tupis ocupavam a região costeira que se estende do Ceará a Cananeia (SP). Os guaranis espalhavam-se pelo litoral Sul do país e a zona do interior, na bacia dos rios Paraná e Paraguai. Em outras regiões encontravam-se outras tribos, genericamente chamados de tapuias, palavra tupi que designa os índios que falam outra língua. Apesar da divisão geográfica, as sociedades tupis e guaranis eram bastante semelhantes entre si, nos aspectos linguísticos e culturais. Os grupos se formavam e se mantinham unidos principalmente pelos laços de parentesco, que também articulavam o relacionamento desses mesmos grupos entre si. Agrupamentos menores, as aldeias ligavam-se através do parentesco com unidades maiores, as tribos. Prof. Guilherme Bertazzo Modo de vida dos índios Os índios sobreviviam da caça, da pesca, do extrativismo e da agricultura. Nem esta última, porém, servia para ligá-los permanentemente a um único território. Fixavam-se nos vales de rios navegáveis, onde existissem terras férteis. Permaneciam num lugar por cerca de quatro anos. Depois de esgotados os recursos naturais do local, migravam para outra região, num regime semi-sedentário. Suas tabas (aldeias) abrigavam entre 600 e 700 habitantes. Levando em conta as possibilidades de abastecimento e as condições de segurança da área, um conselho de chefes determinava o local onde eram erguidas. As aldeias eram formadas por ocas (cabanas), habitações coletivas que apresentavam formas e dimensões variadas. Em geral, as ocas eram retangulares, com o comprimento variando entre 40 m e 160 m e a largura entre 10 m e 16 m. Abrigavam entre 85 e 140 moradores. Suas paredes eram de madeira trançada com cipó e recobertas com sapé desde a cobertura. Prof. Guilherme Bertazzo As várias aldeias se ligavam entre si através de trilhas, que uniam também o litoral ao interior. Algumas eram muito extensas como a do Peabiru, que unia a região da atual Assunção, no Paraguai, com o planalto de Piratininga, onde se situa a cidade de São Paulo. Descobrimentos arqueológicos confirmam contatos entre os tupis-guaranis e os incas do Peru: objetos de cobre dos Andes foram desenterrados em escavações, no Rio Grande do Sul e no Estado de São Paulo. Alimentação: mandioca, peixe e mariscos A alimentação dos índios do Brasil se compunha basicamente de farinha de mandioca, peixe, mariscos e carne. Conheciam-se os temperos e a fermentação de bebidas alcoólicas. Com as fibras nativas dos campos e florestas, fabricavam-se cordas, cestos, peneiras, esteiras, redes, abanos de fogo; moldavam-se em barro diversos tipos de potes, vasos e urnas funerárias, pois enterravam seus mortos. Na taba, vigorava a divisão sexual do trabalho. Aos homens cabiam as tarefas de esforço intenso, como o preparo da terra para o cultivo, a construção das ocas e a caça. Além destas, havia a atividade que consideravam mais gloriosa - a guerra. As mulheres, além do trabalho natural de dar a luz e cuidar das crianças, semeavam, colhiam, modelavam, teciam, faziam bebidas e cozinhavam. Os casamentos serviam para estabelecer alianças entre aldeias e reforçar os laços de parentesco. A importância da família se contava pelo número de seus homens. As grandes famílias tinham um líder e as aldeias tinham um chefe, o morubixaba. Em torno dele, reunia-se um conselho da taba, formado pelos líderes e o pajé ou xamã, que desempenhava um papel mágico e religioso. As crenças religiosas dos índios possuíam papel ativo na vida da tribo. Praticavam-se diversos rituais mágico-sagrados, relacionados ao plantio, à caça, à guerra, ao casamento, ao luto e à antropofagia. Antropofagia (canibalismo) e vida após a morte Basicamente, os tupi-guaranis acreditavam em duas entidades supremas - Monan e Maíra - identificados com a origem do universo. Ao lado das divindades criadoras, figurava também uma entidade - Tupã - associada à destruição do mundo, que os índios consideravam inevitável no futuro, além de ter ocorrido em passado remoto. Acreditavam também na vida após a morte, quando o espírito do morto iniciava uma viagem para o Guajupiá, um paraíso onde se encontraria com seus ancestrais e viveria eternamente. A prática da antropofagia talvez estivesse especialmente ligada a essa viagem sobrenatural, sendo uma espécie de ritual preparatóriopara ela, segundo alguns estudiosos. Para outros, o ritual antropofágico servia para reverenciar os espíritos dos antepassados e vingar os membros da aldeia mortos em combate. Após as batalhas contra tribos inimigas, a antropofagia tinha caráter apoteótico, mobilizando todos os membros da aldeia numa sucessão de danças e encenações que terminavam com a matança de prisioneiros e o devoramento de seus corpos. Prof. Guilherme Bertazzo Na organização política de uma aldeia, destacava-se a figura do chefe, o morubixaba, mas este só exercia efetivamente o poder em tempos de guerra. Ainda assim não podia impor a sua vontade, devendo convencer um conselho da aldeia, por meio de discursos. A guerra era uma atividade epidêmica. Acontecia por razões materiais, como conquistar terras privilegiadas; morais e sentimentais, como a vingança da morte de parentes ou amigos por grupos adversários; ou ainda religiosas, vinculadas à antropofagia. Povos guerreiros O caráter beligerante das sociedades indígenas brasileiras desmente a versão da história segundo a qual os índios se limitaram a assistir à ocupação da terra pelos europeus, sofrendo os efeitos da colonização passivamente. Ao contrário, nos limites das suas possibilidades resistiram à ocupação territorial, lutando bravamente por sua segurança e liberdade. Entretanto, o contato inicial entre índios e brancos não chegou a ser predominantemente conflituoso. Como os europeus estivessem em pequeno número, podiam ser incorporados à vida social do índio, sem afetar a unidade e a autonomia das sociedades tribais. Isso favoreceu o intercâmbio comercial pacífico, as trocas de produtos entre os brancos e os índios, principalmente enquanto os interesses dos europeus se limitaram ao extrativismo do pau-brasil. Em geral, nas três primeiras décadas de colonização, os brancos se incorporavam às aldeias, totalmente sujeitos à vontade dos nativos. Mesmo em suas feitorias, os europeus dependiam de articular alianças com os indígenas, para garantir a alimentação e segurança. Posteriormente, quando o processo de colonização promoveu a substituição do extrativismo pela agricultura como principal atividade econômica, o padrão de convivência entre os dois grupos raciais sofreu uma profunda alteração: o índio passou a ser encarado pelo branco como um obstáculo à posse da terra e uma fonte de mão-de- obra barata. A necessidade de terras e a de trabalhadores para a lavoura levaram os portugueses a promover a expulsão dos índios de seu território, assim como a sua escravização. Assim, a nova sociedade que se erguia no Brasil impunha ao índio uma posição subordinada e dependente. Índios sobreviventes Finalmente, para preservar a unidade e a integridade de seu modo de vida, os índios optaram também pela migração para as áreas interioranas, cujo acesso difícil tornava o contato com o branco improvável ou impossibilitava a este exercer seu domínio. Essa alternativa, porém, teve um preço alto para as tribos indígenas, forçando-as a adaptar-se a regiões mais pobres ou inóspitas. Ainda assim, em relação ao enfrentamento ou à submissão, o isolamento foi o que permitiu parcialmente aos índios preservarem sua herança biológica, social e cultural. Dos cinco milhões de índios da época do descobrimento, existem atualmente cerca de 460 mil, segundo a Funai - Fundação Nacional do Índio. Prof. Guilherme Bertazzo 01 - O início da colonização portuguesa no Brasil, no chamado período "pré- colonial" (1500-1530), foi marcado pelo(a): a) envio de expedições exploratórias do litoral e pelo escambo do pau-brasil; b) plantio e exploração do pau-brasil, associado ao tráfico africano. c) deslocamento, para a América, da estrutura administrativa e militar já experimentada no Oriente; d) fixação de grupos missionários de várias ordens religiosas para catequizar os indígenas; e) implantação da lavoura canavieira, apoiada em capitais holandeses. 02 - "Apesar dos exageros e incorreções, a Lettera de Américo Vespúcio para Piero Soderini com certeza continha várias passagens verídicas. Uma delas é o trecho no qual, referindo-se à sua primeira viagem ao Brasil, realizada entre maio de 1501 e julho de 1502, Vespúcio afirma: 'Nessa costa não vimos coisa de proveito, exceto uma infinidade de árvores de pau-brasil (...) e já tendo estado na viagem bem dez meses, e visto que nessa terra não encontrávamos coisa de metal algum, acordamos despedirmo-nos dela.' Deve ter sido exatamente esse o teor do relatório que Vespúcio entregou para o rei D. Manoel, em julho de 1502, logo após desembarcar em Lisboa, ao final de sua primeira viagem sob bandeira portuguesa. O diagnóstico de Vespúcio selou o destino do Brasil pelas duas décadas seguintes. Afinal, no mesmo instante em que era informado pelo florentino da inexistência de metais e de especiarias no território descoberto por Cabral, D. Manoel concentrava todos os seus esforços na busca pelas extraordinárias riquezas do Oriente. (BUENO, Eduardo. Náufragos,traficantes e degredados: as primeiras expedições ao Brasil. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1998, p. 65.) A descoberta do Brasil não alterou os rumos da expansão portuguesa voltada prioritariamente para o Oriente, o que explica as características dos primeiros anos da colonização brasileira, entre as quais se inclui o (a): a) caráter militar da ocupação, visando à defesa das rotas atlânticas; b) escambo com os indígenas, garantindo o baixo custo da exploração; c) abertura das atividades extrativas da colônia a comerciantes das outras potências europeias; d) migração imediata de expressivos contingentes de europeus e africanos para a ocupação do território; e) exploração sistemática do interior do continente em busca de metais preciosos. Prof. Guilherme Bertazzo 03 - Assinale a alternativa correta a respeito do período pré-colonial brasileiro: a) Os franceses não reconheciam o domínio português, tanto que chegaram a se estabelecer no Rio de Janeiro e no Maranhão. b) O trabalho intenso de Anchieta e Nóbrega na catequese dos índios tinha o objetivo de impedir a escravização do gentio. c) A ocupação temporária europeia, por meio de feitorias, deveu-se à inexistência de organização social produtora de excedentes negociáveis. d) A cordialidade dos indígenas contrastava com a hostilidade europeia dos portugueses, cujo objetivo metalista conduzia sempre à prática da violência. e) A cordialidade inicial entre europeus e índios deveu-se ao fato de que o objetivo catequético superava os fins materiais da expansão marítima. 04 - "De começo, e fosse qual fosse, após a exploração cabralina, a importância dos conhecimentos geográficos sobre o Brasil, o interesse de D. Manuel pelos seus novos territórios da América foi, ao que parece, mais de ordem estratégica que econômica." (CORTESÃO, Jaime. Os descobrimentos portugueses, p. 1086, citado em MORAES, Antonio Carlos Robert. Bases da formação territorial do Brasil. São Paulo: HUCITEC, 2000, p. 174.) Segundo o historiador português, Jaime Cortesão, no início do século XVI, a importância econômica dada à América pelo Estado português foi de ordem estratégica. Isto, porque: a) apesar de terem sido encontrados imediatamente metais preciosos no território, os portugueses não tinham maior interesse neles; b) as comunidades indígenas do litoral sul da América eram hostis a qualquer contato com os portugueses, o que impediu o desenvolvimento de atividades econômicas na região; c) a extensão do litoral e o clima tropical impediam o desenvolvimento de atividades econômicas que permitissem a produção de bens valorizados na Europa; d) o interesse português estava voltado para o Oriente, e o controle do litoral sul da América deveria garantir, fundamentalmente, o monopólio da navegação darota do Cabo; e) a instalação de feitorias que estimulassem o plantio, pelas comunidades indígenas, do pau-brasil, produto valorizado no mercado europeu e, por isso, gerador de lucros para o Estado português. Prof. Guilherme Bertazzo Brasil Colônia (1500 – 1822) A história do Brasil, enquanto colônia é vasta, complexa e ainda em construção, pois todos os anos, novas descobertas sobre esse período histórico brasileiro são feitas. No entanto, devido a essa complexidade historiográfica, estuda-se a História Colonial do Brasil, de maneira dividida, e essa divisão é feita em tópicos de economias, administrações políticas, formação e composição da sociedade, e assim por diante. Mas, antes de qualquer estudo sobre a colonização do Brasil, dar-se-á o estudo do Brasil Pré – Colonização, porém, pós – “Descoberta”: essa confusa parte da história do Brasil, inicia-se em 1500, e prolonga-se até, aproximadamente, 1530, quando o governo português efetiva a colonização do território brasileiro. Período Pré – Colonização (1500 – 1530) A Coroa portuguesa, envolvida de forma quase obsessiva com os negócios lucrativos do Oriente, pouco mudou sua política com a descoberta da nova terra americana, o Brasil, em 1500, por Pedro Álvares Cabral. O Descobrimento do Brasil e os Interesses Portugueses As notícias que chegavam a Dom Manuel não respondiam às expectativas da Coroa. Não apontavam a existência de metais preciosos, de especiarias, nem de outras riquezas de interesse no território onde, à primeira vista, apenas existiam nativos. Em sua carta ao rei Dom Manuel, Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Cabral, caracterizou a terra como um espaço virgem, sem riqueza imediata, mas com uma determinada e já precisa utilidade, servindo como ponto de apoio da carreira da Índia: "ter aqui esta pousada para estar na navegação de Calicute". Os governantes de Portugal reconheciam a vantagem estratégica de um território localizado no litoral atlântico - sul. Ele servia como escala dos navios rumo às riquezas das Índias e, sobretudo, ajudava a garantir o monopólio da Rota do Cabo, em direção às Índias. Dom Manuel tomou algumas iniciativas após o descobrimento. Em 1501, enviava uma expedição de reconhecimento comandada por Gaspar de Lemos. Américo Vespúcio, navegador italiano, de grandes conhecimentos náuticos, integrando a expedição, recolheu informações sobre o local e suas possíveis riquezas. Prof. Guilherme Bertazzo Ainda em 1501, o rei de Portugal comunicava a descoberta da Ilha de Vera Cruz, depois chamada de Terra de Santa Cruz, aos reis de Espanha, Fernão de Aragão e Isabel de Castela, seus sogros e rivais. Por um longo período, a terra americana permaneceu quase que em abandono. A Índia continuava a ser o grande alvo das navegações marítimas portuguesas. Os interesses mercantil e religioso prevaleciam acima de qualquer outro. "A alternativa ao espaço índico, território das especiarias e pedras preciosas, é para todo o nosso século XVI, o Norte da África. Índia e Marrocos, por vezes, dão-se as mãos como meios para um fim mais histórico", conforme registrou o historiador português Luís Filipe Barreto. O domínio sobre as riquezas do Oriente era um interesse tão forte para a economia de Portugal que, quando os navegadores Fernão de Magalhães e Sebastião El Cano, a serviço da Espanha, realizaram, entre 1519 e 1522, a primeira viagem de circunavegação, passando pelo arquipélago das Molucas, chamado de Ilhas das Especiarias, os portugueses sentiram-se ameaçados. Temiam que surgissem dúvidas quanto à posse daquelas terras, dada a difícil demarcação do Tratado de Tordesilhas. Então, para garantir o controle de suas terras, e, consequentemente do lucrativo comércio oriental, o rei de Portugal propôs, ao rei da Espanha, a compra do arquipélago, realizada em 1529, com o Tratado de Saragoça. Esse Tratado dava a Portugal todos os direitos sobre as Ilhas das Especiarias, e dividia os domínios orientais dos dois países, na altura das Filipinas. Prof. Guilherme Bertazzo De acordo com o historiador Barreto, a ocupação do novo território, "o Brasil, achado em 1500 e em 1500, esquecido, é uma resposta a perigos de concorrência essencialmente ligados com a carreira da Índia." A Pré - Colonização O relativo abandono em que foi deixado o Brasil, durante vários anos após a descoberta, facilitou as incursões de outros povos europeus, especialmente franceses e espanhóis. Eles eram atraídos pelas notícias dos viajantes e pelos relatos dos sobreviventes de naufrágios que falavam de povos e de costumes totalmente diferentes, e contavam sobre riquezas fabulosas. Aos franceses, por exemplo, atraía a tinta do pau-brasil, fundamental para suas manufaturas têxteis. Em constantes viagens às novas terras, recolhiam a madeira e abasteciam seus navios. Sem ainda um plano de ocupação da nova terra americana, o governo de Portugal limitava-se a explorá-la na única riqueza que aparentemente apresentava: o pau-brasil. Tratava de assegurar o monopólio da exploração desse produto e defender a terra das investidas dos corsários estrangeiros. Com estes objetivos, entre 1500 e 1516, expedições exploradoras e expedições guarda-costas chegavam ao Brasil. A Costa do Pau-Brasil e a Costa do Ouro e da Prata As expedições exploradoras vinham ao litoral brasileiro com a finalidade de mapear suas potencialidades e fazer um reconhecimento geográfico e antropológico da terra e de seus habitantes, os índios. Na relação dos portugueses com os nativos predominava o interesse de acumular o máximo de dados e, ao mesmo tempo, abrir o maior número de pistas a futuras relações. As expedições exploradoras combinavam ações da Coroa e de particulares. Nestas últimas incluíam-se, em especial, ricos comerciantes, muitos dos quais eram cristãos - novos, os judeus recém-convertidos ao cristianismo para escapar dos rigores da Santa Inquisição - o tribunal que julgava os atos praticados contra a Igreja. A primeira expedição exploradora, em 1501, foi uma ação da Coroa. Comandada por Gaspar de Lemos aportou, inicialmente, no litoral do atual estado do Rio Grande do Norte rumando, em seguida, em direção ao sul. Os principais acidentes geográficos encontrados no caminho recebiam nomes relacionados aos santos e dias de festas: Cabo de São Roque e Rio São Francisco, entre outros. Em janeiro de 1502, a expedição chegava ao Rio de Janeiro, indo depois até o Rio da Prata. As informações enviadas ao rei de Portugal referiam-se, principalmente, ao clima, às condições da terra e à única riqueza até então encontrada, o pau-brasil. Este produto, de modo algum, superava os lucros obtidos no comércio com o Oriente. Prof. Guilherme Bertazzo As matas do pau-brasil estendiam-se por grande parte do litoral, em especial do cabo de São Roque até São Vicente. Daí o nome "costa do pau-brasil". De São Vicente para o sul, o litoral era conhecido como "costa do ouro e da prata", em função das notícias sobre a existência daqueles metais preciosos na região. A expedição comandada por Gonçalo Coelho, em 1503, constituiu-se em uma ação de particulares. Para organizá-la, a Coroa firmou, em 1502, contrato com um grupo de comerciantes, à frente Fernão de Noronha. A terra foi arrendada por um período de três anos para exploração do pau-brasil. Os arrendatários, em troca, comprometiam-se a construir feitorias e pagar, à Coroa, parte do lucro obtido. O arrendamento foi renovado mais duas vezes, em 1505 e em 1513. Como consequência do contrato e da expedição de 1502, o rei Dom Manuel doou, em 1504, a Fernão de Noronha, a primeira capitania hereditária no litoral brasileiro: a ilha de São João da Quaresma,atual Fernando de Noronha. As feitorias instaladas serviam como depósitos do pau-brasil até que as embarcações portuguesas aqui chegassem. Os índios cortavam a madeira e recebiam, por este trabalho, objetos de pouco valor como facas, pentes e espelhos. Esse tipo de relação, baseada na troca de produtos, chama-se escambo. Nessa época, as pessoas que exploravam o comércio do pau-brasil eram denominadas ‘brasileiros”. As notícias sobre a grande quantidade de pau-brasil existente no litoral, passaram a atrair outros países europeus. Em especial a França que, sentindo-se prejudicada pelos termos do Tratado de Tordesilhas, não reconhecia sua validade. O governo francês, então, patrocinou grupos de corsários que começaram a percorrer a "costa do pau- brasil", negociando a extração da madeira diretamente com os índios, por meio do escambo. Em consequência da pressão exercida pelas frequentes incursões de franceses e de outros europeus às suas terras, a Coroa portuguesa organizou expedições, chamadas "guarda-costas", para expulsar os corsários. Prof. Guilherme Bertazzo As Expedições Guarda-Costas Cristóvão Jacques comandou as duas expedições guarda-costas organizadas pela Coroa. A primeira em 1516 e, a segunda, em 1526. Ambas mostraram-se insuficientes para combater o contrabando e a constante ameaça de ocupação estrangeira, diante da vasta extensão do litoral. O historiador brasileiro Capistrano de Abreu ressaltou outra grande dificuldade: as alianças feitas entre os europeus e os indígenas. Os Tupinambás se aliavam, com frequência, aos franceses e os portugueses tinham ao seu lado os Tupiniquins. E, segundo Capistrano, "durante anos ficou indeciso se o Brasil ficaria pertencendo aos Peró (portugueses) ou aos Mair (franceses)." Entretanto, a existência de sobreviventes de naufrágios, degredados e desterrados portugueses no Brasil, além de favorecer o contato com os índios, facilitou a defesa e a ocupação da terra. Esses homens, que teriam chegado com as primeiras viagens e permanecido pelas mais diversas razões, já estavam adaptados às condições físicas e sociais do território e ao modo indígena de viver. Alguns deles sucumbiram ao meio, a ponto de furar lábios e orelhas, matar prisioneiros segundo os ritos nativos, e alimentar- se de sua carne. Acreditavam nos mitos existentes, incorporando-os à sua maneira de viver, como é o caso daquele homem que passou a se julgar um tamanduá. Enfurnava-se, de quatro, em todos os buracos, à cata de formigas, seu alimento predileto. Outros, ao contrário, revoltaram-se e impuseram sua vontade, como o bacharel de Cananéia. Havia, ainda, tipos intermediários, que conviviam com os nativos e com eles estabeleciam laços familiares. Casavam e tinham filhos com as índias, constituindo, na maioria das vezes, numerosa família, composta de várias mulheres e de um grande número de filhos mamelucos. A Colonização Acidental Dentre os inúmeros homens que viviam no Brasil destacaram-se Diogo Álvares Correa, o Caramuru, e João Ramalho. Caramuru, desde o seu naufrágio, em 1510, até a sua morte, em 1557, viveu na Bahia, sendo muito respeitado pelos Tupinambás. Tinha várias mulheres indígenas, entre elas Paraguaçu, filha do principal chefe guerreiro da região. Com ela teve muitos filhos e filhas, das quais duas se casaram com espanhóis, moradores da mesma região. João Ramalho, por sua vez, não se sabe se era náufrago, degredado, desertor ou aventureiro. Desde 1508 convivia com os índios Guaianá, na região de São Vicente. Casou-se com Bartira, filha do maior chefe guerreiro da região. Tiveram vários filhos e filhas, as quais se casaram com homens importantes. Caramuru e João Ramalho possuíam algumas características em comum: muitas concubinas, muitos filhos, poder e autoridade entre os indígenas. Protegiam os europeus que chegavam em busca de riquezas e, com eles, realizavam negócios. Também socorriam os que naufragavam em seus domínios, fornecendo-lhes escravos, Prof. Guilherme Bertazzo alimentação, informação, pequenas embarcações e guarida. Em troca, recebiam armamentos, moedas de ouro, vestimentas e notícias sobre o mundo europeu. Graças à obediência que os índios lhes tinham, os expedicionários portugueses foram recebidos de forma hospitaleira, e obtiveram importantes informações sobre a terra. Caramuru e João Ramalho integram um grupo de homens fundamentais na colonização do Brasil. Além de participarem ativamente nesse processo, ainda que de forma acidental, prepararam e facilitaram o estabelecimento da colonização oficial das terras portuguesas na América. A Coroa, reconhecendo o importante papel desses homens, atribuiu-lhes funções oficiais. João Ramalho, por exemplo, em 1553, foi nomeado capitão da vila de Santo André por Tomé de Sousa, o primeiro governador geral do Brasil. Os jesuítas procuravam também se aproveitar do relacionamento desses homens com os indígenas, para concretizar a missão evangelizadora que lhes cabia. Para eles, esses portugueses aventureiros representavam a afirmação integradora dos dois mundos: o bárbaro, dos índios, e o civilizado, dos europeus. Neste período de colonização acidental, inúmeras feitorias se estabeleciam em diferentes pontos do litoral. Alianças eram firmadas e os contatos entre portugueses e índios tornavam-se mais sistemáticos e frequentes. Estas estratégias, entretanto, não se mostravam suficientes para assegurar a Portugal o domínio sobre suas terras. Não garantiam uma forma efetiva de ocupação do litoral, em toda a sua extensão. O rei francês, Francisco I, insatisfeito com a situação, resolveu contestar o monopólio ibérico sobre as terras do novo mundo, legitimado pelo Tratado de Tordesilhas, em 1494. A Coroa francesa pretendia estabelecer o princípio do Uti Possidetis, pelo qual só a ocupação efetiva do lugar assegurava sua posse. Para solucionar esta questão de forma definitiva, a Coroa portuguesa estabeleceu uma política de colonização efetiva do Brasil. Dois fatos concorreram para esta decisão. Um deles foi o declínio do comércio do Oriente, cujos investimentos passaram a pesar bastante na economia portuguesa. Os lucros ficavam em grande parte com os financiadores de Flandres, atual Bélgica. O outro fato a influir foi a notícia da descoberta, pelos espanhóis, de metais preciosos nas suas terras americanas. Tal notícia estimulou o interesse dos portugueses pelo novo território, reforçando a ideia de um "eldorado" promissor para os negócios de Portugal. A Expedição de Martim Afonso de Sousa (1530-1532) Em 1530, com o propósito de realizar uma política de colonização efetiva, Dom João III, "O Colonizador", organizou uma expedição ao Brasil. A esquadra de cinco embarcações, bem armada e aparelhada, reunia quatrocentos colonos e tripulantes. Comandada por Martim Afonso de Sousa, tinha uma tríplice missão: combater os traficantes franceses, penetrar nas terras na direção do Rio da Prata para procurar metais preciosos e, ainda, estabelecer núcleos de povoamento no litoral. Portanto, iniciar o Prof. Guilherme Bertazzo povoamento do "grande desertão", as terras brasileiras. Para isto traziam ferramentas, sementes, mudas de plantas e animais domésticos. Martim Afonso possuía amplos poderes. Designado capitão - mor da esquadra e do território descoberto, deveria fundar núcleos de povoamento, exercer justiça civil e criminal, tomar posse das terras em nome do rei, nomear funcionários e distribuir sesmarias. Durante dois anos o Capitão percorreu o litoral, armazenando importantes conhecimentos geográficos. Ao chegar no litoral pernambucano, em 1531, conseguiu tomar três naus francesas carregadas de pau-brasil. Dali dirigiu-se para o sul da região, indo até a foz do Rio da Prata. Fundou a primeira vila da América portuguesa: São Vicente, localizada no litoral paulista.Ali distribuiu lotes de terras aos novos habitantes, além de dar início à plantação de cana-de-açúcar. Montou o primeiro engenho da Colônia, o "Engenho do Governador", situado no centro da ilha de São Vicente, região do atual estado de São Paulo. Diogo Álvares Correa, o Caramuru, João Ramalho e Antônio Rodrigues facilitaram bastante a missão colonizadora da expedição de Martim Afonso. Eram intérpretes junto aos índios e forneciam valiosas informações sobre a terra e seus habitantes. Antes de retornar a Portugal, ainda em 1532, o Capitão recebeu carta do rei Dom João III. Este falava de sua intenção de implantar o sistema de capitanias hereditárias e de designar Martim Afonso e seu irmão Pero Lopes de Sousa como donatários. Enquanto Portugal reorganizava sua política para estabelecer uma ocupação efetiva no litoral brasileiro, os espanhóis impunham sua conquista na América, chegando quase à exterminação dos grupos indígenas: os astecas, no atual México, os maias, na América Central e os incas, no atual Peru. Índios e Portugueses: O Encontro de Duas Culturas Durante os primeiros anos do Descobrimento, os nativos foram tratados "como parceiros comerciais", uma vez que os interesses portugueses voltavam-se ao comércio do pau-brasil, realizado na base do escambo. Segundo os cronistas da época, os indígenas consideravam os europeus, amigos ou inimigos, conforme fossem tratados: amistosamente ou com hostilidade. Com o passar do tempo, e ante a necessidade crescente de mão-de-obra dos senhores de engenho, essa relação sofreu alterações. Com a instalação do Governo Geral, em 1549, intensificou-se a escravidão dos indígenas nas diversas atividades desenvolvidas na Colônia, gerando constantes conflitos. Prof. Guilherme Bertazzo 1. (Espcex (Aman) 2015) “Os primeiros trinta anos da História do Brasil são conhecidos como período Pré-Colonial. Nesse período, a coroa portuguesa iniciou a dominação das terras brasileiras, sem, no entanto, traçar um plano de ocupação efetiva. […] A atenção da burguesia metropolitana e do governo português estavam voltados para o comércio com o Oriente, que desde a viagem de Vasco da Gama, no final do século XV, havia sido monopolizado pelo Estado português. […] O desinteresse português em relação ao Brasil estava em conformidade com os interesses mercantilistas da época, como observou o navegante Américo Vespúcio, após a exploração do litoral brasileiro, pode-se dizer que não encontramos nada de proveito”. Berutti, 2004. Sobre o período retratado no texto, pode-se afirmar que o(a): a) desinteresse português pelo Brasil nos primeiros anos de colonização, deu-se em decorrência dos tratados comerciais assinados com a Espanha, que tinha prioridade pela exploração de terras situadas a oeste de Greenwich. b) maior distância marítima era a maior desvantagem brasileira em relação ao comércio com as Índias. c) desinteresse português pode ser melhor explicado pela resistência oferecida pelos indígenas que dificultavam o desembarque e o reconhecimento das novas terras. d) abertura de um novo mercado na América do Sul, ampliava as possibilidades de lucro da burguesia metropolitana portuguesa. e) relativo descaso português pelo Brasil, nos primeiros trinta anos de História, explica- se pela aparente inexistência de artigos (ou produtos) que atendiam aos interesses daqueles que patrocinavam as expedições. 2. (Pucsp 2014) "Descoberto o Novo Mundo e instaurado o processo de colonização, começou a se desenrolar o embate entre o Bem e o Mal." Laura de Mello e Souza. Inferno Atlântico. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 22-23. Na percepção de muitos colonizadores portugueses do Brasil, uma das armas mais importantes utilizadas nesse “embate entre o Bem e o Mal” era a: a) retomada de padrões religiosos da Antiguidade. b) defesa do princípio do livre arbítrio. c) aceitação da diversidade de crenças. d) busca da racionalidade e do espírito científico. e) catequização das populações nativas. Prof. Guilherme Bertazzo 3. (Uern 2013) Acerca dos povos “pré-colombianos” e dos habitantes do Brasil anteriores à colonização, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas: ( ) Todos, sem exceção, já haviam estabelecido uma organização política e social extremamente estratificada, estamental e hierarquizada, baseada nos laços de parentesco. ( ) Haviam sociedades agrícolas, sedentarizadas e algumas nômades, que não dominavam a domesticação de animais, o cultivo sistemático e viviam, portanto, da caça e da coleta. ( ) Em algumas regiões específicas, a agricultura se desenvolveu mais intensamente e o acúmulo de experiências culturais resultou numa maior condição de desenvolvimento entre essas populações. ( ) No Brasil, o período inicial do processo de colonização coincide, historicamente, com o período de sedentarização dos nativos e sua introdução ao mundo da agricultura e da pecuária, anteriormente inexistentes. A sequência está correta em: a) V–F–V–F b) V–F–F–V c) V–F–V–V d) F–V–V–F 4. (Unesp 2013) Leia o texto para responder à questão. [Os tupinambás] têm muita graça quando falam [...]; mas faltam-lhe três letras das do ABC, que são F, L, R grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se não têm F, é porque não têm fé em nenhuma coisa que adoram; nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm fé em Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem. E se não têm L na sua pronunciação, é porque não têm lei alguma que guardar, nem preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu modo, e ao som da sua vontade; sem haver entre eles leis com que se governem, nem têm leis uns com os outros. E se não têm esta letra R na sua pronunciação, é porque não têm rei que os reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguém, nem ao pai o filho, nem o filho ao pai, e cada um vive ao som da sua vontade [...]. (Gabriel Soares de Souza. Tratado descritivo do Brasil em 1587, 1987.) Prof. Guilherme Bertazzo O texto destaca três elementos que o autor considera inexistentes entre os tupinambás, no final do século XVI. Esses três elementos podem ser associados, respectivamente: a) à diversidade religiosa, ao poder judiciário e às relações familiares. b) à fé religiosa, à ordenação jurídica e à hierarquia política. c) ao catolicismo, ao sistema de governo e ao respeito pelos diferentes. d) à estrutura política, à anarquia social e ao desrespeito familiar. e) ao respeito por Deus, à obediência aos pais e à aceitação dos estrangeiros. 6. Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos seus são corredios. CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela história do Brasil: documentos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997 (adaptado). O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de Caminha, documento fundamental para a formação da identidade brasileira. Tratando da relação que, desde esse primeiro contato, se estabeleceu entre portugueses e indígenas, esse trecho da carta revela a: a) preocupação em garantir a integridade do colonizador diante da resistência dos índios à ocupação da terra. b) postura etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas culturais do indígena. c) orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão de obra para colonizar a nova terra. d) oposição de interesses entre portugueses e índios, que dificultavao trabalho catequético e exigia amplos recursos para a defesa recursos para a defesa da posse da nova terra. e) abundância da terra descoberta, o que possibilitou a sua incorporação aos interesses mercantis portugueses, por meio da exploração econômica dos índios. 7. Considere o texto a seguir: "Em toda a semana [os homens] se ocupam em fazer roças para seus mantimentos (que antes não faziam senão as mulheres)". Prof. Guilherme Bertazzo ("Cartas dos primeiros jesuítas do Brasil (1538-1553)". Editadas por Serafim Leite. São Paulo: Comissão do IV Centenário, 1954, v. I, p. 179). Neste texto descreve-se uma mudança na divisão social do trabalho indígena (trabalho masculino e feminino), que ocorreu no Brasil colonial com a chegada dos padres jesuítas. Contudo, antes desta mudança, cabia aos homens e às mulheres tupinambás: a) os homens derrubavam a floresta, caçavam e pescavam, e as mulheres trabalhavam no plantio. b) os homens trabalhavam no plantio, caçavam, pescavam, e as mulheres derrubavam a floresta. c) os homens trabalhavam na obtenção de alimentos, e as mulheres na criação dos filhos. d) os homens derrubavam a floresta, e as mulheres obtinham os alimentos. e) os homens trabalhavam na obtenção de alimentos, e as mulheres na organização das cerimônias religiosas. 8. Leia as duas estrofes a seguir: É o Brasil antes de Cabral Pindorama, Pindorama É tão longe de Portugal Fica além, muito além Do encontro do mar com o céu Fica além, muito além Dos domínios de Dom Manuel. Vera Cruz, Vera Cruz Quem achou foi Portugal Vera Cruz, Vera Cruz Atrás do Monte Pascoal Bem ali Cabral viu Dia vinte e dois de abril Prof. Guilherme Bertazzo Não só viu, descobriu Toda terra do Brasil." Pindorama, de Sandra Peres e Luiz Tatit, in "Palavra Cantada", Canções Curiosas, 1998. Entre as várias referências da letra da canção à chegada dos portugueses à América, pode-se mencionar: a) a preocupação com os perigos da viagem, a distância excessiva e a datação exata do momento da descoberta. b) o caráter documental do texto, que reproduz o tom, a intenção informativa e a estrutura dos relatos de viajantes. c) a dúvida quanto à expressão mais adequada para designar a chegada dos portugueses, daí a variação de verbos. d) o pequeno conhecimento das novas terras pelos conquistadores, indicando sua crença de terem chegado às Índias. e) a diferença entre os termos que nomeavam as terras, sugerindo uma diferença entre a visão do índio e a do português. 9. Em geral, os nossos tupinambás ficaram admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e pêros (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?” LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974. O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido: a) do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais. b) da preocupação com a preservação dos recursos ambientais. c) do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil. d) da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas. e) da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno. Prof. Guilherme Bertazzo 10. Se levarmos em conta que os colonizadores portugueses mantiveram um contato maior com as nações tupi, podemos dizer que as sociedades indígenas brasileiras viviam num regime de comunidade primitiva, no qual: a) não existia propriedade privada, pois os únicos bens individuais eram os instrumentos de caça, pesca e trabalho, como o arco, a flecha e o machado de pedra. b) cabia aos homens, além da caça e da pesca, toda a atividade agrícola do plantio a da colheita. c) cada família tinha a sua propriedade, apesar de todos trabalharem para o sustento da comunidade. d) a economia era planificada, e todo o excedente era trocado com as tribos vizinhas. e) tanto a propriedade privada quanto a agricultura de subsistência e a divisão de trabalho obedeciam a critérios naturais, ou seja, de acordo com o sexo e a idade. 11. Considere a ilustração: Extração do pau-brasil pelos índios. Detalhe ornamental de mapa do Atlas de Johannes van Keulen, 1683. (In: Elza Nadai e Joana Neves. "História do Brasil". São Paulo: Saraiva, 1996. p. 39) A devastação das florestas brasileiras não é uma prática recente. No contexto da história do Brasil colonial, essa devastação decorreu da exploração do pau-brasil, como mostra a ilustração, que era uma atividade: a) praticada pelos povos indígenas para comércio interno, antes mesmo da chegada dos europeus. b) desprezada pelos colonizadores portugueses, razão pelo qual os franceses a praticavam utilizando o trabalho dos índios. c) considerada monopólio da Coroa portuguesa e gerou muitos conflitos entre índios, portugueses e franceses. d) realizada entre índios e ingleses porque os franceses estavam interessados exclusivamente na busca do ouro e prata. e) desenvolvida pelos holandeses que utilizavam o trabalho do índio e os remuneravam com baixos salários. 12 Em carta ao rei D. Manuel, Pero Vaz de Caminha narrou os primeiros contatos entre os indígenas e os portugueses no Brasil: “Quando eles vieram, o capitão estava com um colar de ouro muito grande ao pescoço. Um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. Outro viu umas contas de rosário, brancas, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o Prof. Guilherme Bertazzo colar do Capitão, como se dissesse que dariam ouro por aquilo. Isto nós tomávamos nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e o colar, isto nós não queríamos entender, porque não havíamos de dar-lhe!” (Adaptado de Leonardo Arroyo, A carta de Pero Vaz de Caminha. São Paulo: Melhoramentos; Rio de Janeiro: INL, 1971, p. 72-74.) Esse trecho da carta de Caminha nos permite concluir que o contato entre as culturas indígena e europeia foi: a) favorecido pelo interesse que ambas as partes demonstravam em realizar transações comerciais: os indígenas se integrariam ao sistema de colonização, abastecendo as feitorias, voltadas ao comércio do pau-brasil, e se miscigenando com os colonizadores. b) guiado pelo interesse dos descobridores em explorar a nova terra, principalmente por meio da extração de riquezas, interesse que se colocava acima da compreensão da cultura dos indígenas, que seria quase dizimada junto com essa população. c) facilitado pela docilidade dos indígenas, que se associaram aos descobridores na exploração da nova terra, viabilizando um sistema colonial cuja base era a escravização dos povos nativos, o que levaria à destruição da sua cultura. d) marcado pela necessidade dos colonizadores de obterem matéria-prima para suas indústrias e ampliarem o mercado consumidor para sua produção industrial, o que levou à busca por colônias e à integração cultural das populações nativas. 13. Sobre o período Pré-colonial, é CORRETO afirmar: a) Um grupo de mercadores portugueses, representados por Fernão de Loronha, arrendou o direito de exploração do território, no início do século XVI. b) A extração de pau-brasil era destinada à exportação dessa madeira para a construção de fortes e edifícios administrativos
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