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59 PRIMEIROS SOCORROS Unidade II 5 INTOXICAÇÕES E ENVENENAMENTOS Intoxicações exógenas agudas podem ser definidas como as consequências clínicas e/ou bioquímicas da exposição aguda a substâncias químicas encontradas no ambiente (ar, água, alimentos, plantas, animais peçonhentos ou venenosos etc.) ou isoladas (pesticidas, medicamentos, produtos de uso industrial, produtos de uso domiciliar etc.) (SCHVARTSMAN et al., 1999). As intoxicações podem acontecer por ingestão, inalação ou contato, de forma não intencional (acidentes domésticos, ocupacionais e ambientais) ou de forma intencional (suicídios, lesões autoinfligidas, homicídios e agressões). No Brasil, as intoxicações são um problema de saúde pública, principalmente entre crianças. Medicamentos são os agentes mais frequentes, seguidos pelas intoxicações por animais peçonhentos, produtos domissanitários, pesticidas e produtos químicos de uso industrial. Em caso de intoxicação ou envenenamento, pode‑se ligar para os centros de informação e assistência toxicológica (Ciats), que orientam a população e os profissionais de saúde sobre os procedimentos a serem seguidos nos casos de intoxicação, com funcionamento 24 horas (0800 722 6001). Existem Ciats em todas as regiões brasileiras. O tratamento aplicado depende do tipo do veneno, mas infelizmente nem sempre é possível identificar o agente que causou o problema. Às vezes a pessoa fica impossibilitada de se comunicar porque já se encontra inconsciente. 5.1 Intoxicação alimentar É decorrente da ingestão de alimentos ou bebidas contaminados com bactérias, toxinas produzidas por bactérias, vírus, parasitas ou produtos químicos, como pesticidas. Falta de higiene e refrigeração insuficiente são as principais causas de contaminação dos alimentos. Sinais e sintomas: • enjoo; • vômitos; • diarreia; 60 Unidade II • dores abdominais; • febre. O que fazer? • Não ministrar medicamento para interromper a diarreia. • Iniciar o mais rápido possível reidratação com soro caseiro (uma colher de sopa de açúcar e uma colher de chá de sal de cozinha diluídos em 250 ml de água filtrada ou fervida); oferecer três colheres de sopa do soro a cada 15 minutos. • Procurar atendimento médico. 5.2 Intoxicação medicamentosa Ocorre por ingestão excessiva de um medicamento, mistura de vários medicamentos ou uso de medicamentos vencidos. Os sinais e sintomas dependem do tipo de medicamento e da quantidade ingerida, mas de maneira geral podem ocorrer: • azia; • náuseas e vômitos; • diarreia; • sonolência; • sudorese; • sensação de fraqueza; • palidez; • dificuldade respiratória; • inconsciência; • parada cardiorrespiratória. O que fazer? • Transportar a vítima para o hospital imediatamente. 61 PRIMEIROS SOCORROS • Se a vítima estiver inconsciente, verificar pulso e respiração. Em caso de PCR, chamar resgate e iniciar RCP. • Levar para o hospital a embalagem ou o nome do remédio que causou a intoxicação e, se possível, uma estimativa da quantidade ingerida. Observação Use medicamentos apenas sob orientação médica. Além disso, observe o prazo de validade, guarde‑os em sua embalagem original e longe do alcance das crianças. 5.3 Intoxicação por substâncias químicas Intoxicações por substância químicas incluem produtos industriais e de limpeza, gases, tintas, pesticidas e venenos, como raticidas e formicidas. O contato pode ser feito através da boca (ingestão), das vias aéreas (inalação) e da pele. De forma geral, os primeiros socorros nessas situações visam à identificação do agente causador, ao controle das funções vitais e ao transporte urgente da vítima ao hospital, onde passará por processo de desintoxicação (lavagem gástrica, uso de laxantes, carvão ativado, antídotos e antagonistas do veneno) (OLIVEIRA; MENEZES, 2003). Ingestão – sinais e sintomas: • respiração ou mau hálito com odor de veneno ou tóxico; • cianose nos lábios (arroxeamento por falta de oxigenação); • dor e ardência na boca e na garganta; • dor abdominal; • náuseas e vômitos; • mal‑estar; • inconsciência. O que fazer? • Tentar identificar o agente causador para que o médico possa direcionar o tratamento adequado. • Levar a vítima prontamente ao hospital ou, se não for possível, chamar o resgate. 62 Unidade II • Se inconsciente, checar sinais vitais e instituir RCP se necessário. Importante: não faça respiração boca a boca! Utilize máscara, se houver! • Não provocar vômitos (alguns agentes pioram a lesão tecidual ao passar uma segunda vez pelo esôfago e pela boca). • Manter a vítima aquecida. Inalação – sinais e sintomas: • dor de cabeça; • enjoo; • sonolência; • dificuldade respiratória; • inconsciência. O que fazer? • Checar a segurança do ambiente antes de prestar auxílio, para não tornar‑se uma vítima; se necessário, usar equipamentos de proteção adequados. • Afastar a vítima imediatamente do local contaminado e levá‑la para um local arejado. • Monitorar sinais vitais enquanto a encaminha para o atendimento médico imediato. Para evitar intoxicação por inalação, sempre abrir janelas ao manusear certos produtos químicos (como tintas e querosene), não deixar o carro em local fechado e manter sempre ventilação em ambientes com botijão ou encanamento de gás (uma fresta na janela da cozinha ou área de serviço, por exemplo). Contato direto com a pele – sinais e sintomas: • algumas substâncias são absorvidas sem causar lesão aparente (mas podem causar efeitos sistêmicos); • irritações; • lesão tecidual (queimaduras químicas). 63 PRIMEIROS SOCORROS O que fazer? • Lavar abundantemente com água corrente (torneira, chuveiro, mangueira); se o contato ocorrer com os olhos, lavar por mais tempo (15 minutos no mínimo). • Encaminhar a vítima ao médico. 5.4 Procedimentos em mordidas e picadas de animais peçonhentos Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ferrões ou aguilhões, estruturas através das quais o veneno é injetado ativamente. Observação A palavra peçonha quer dizer “substância venenosa”. Como exemplo desses animais, podemos citar as abelhas africanizadas, as aranhas, os escorpiões e algumas espécies de serpentes. Já os animais venenosos produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador. O envenenamento ocorre por contato ou compressão. Algumas espécies de sapos e de taturanas são animais venenosos (FUNED, 2015). Outro exemplo de animal venenoso é o peixe baiacu. Ele não inocula seu veneno na vítima, mas possui em seu interior uma vesícula com uma substância chamada tetrodotoxina (TDX). Ao comer o peixe e ingerir essa substância, há envenenamento do organismo, o que pode levar até à morte. No Brasil, são registrados aproximadamente 110 mil acidentes ocasionados por animais peçonhentos por ano. O tratamento é realizado em ambiente hospitalar com a utilização de soros específicos e outros medicamentos, por isso a identificação do animal que causou o acidente é fundamental para o sucesso do tratamento (FUNED, 2015). Se possível, deve‑se levar o animal para identificação; caso contrário, observar a cor e tamanho e tentar tirar uma foto. No caso de picadas de animais desconhecidos, considerar sempre a picada como venenosa. Os acidentes por animais peçonhentos, especialmente os ofídicos (causados por serpentes), foram incluídos pela OMS na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria das vezes, populações pobres que vivem em áreas rurais. Além disso, devido ao alto número de notificações, esse agravo (acidentes por animais peçonhentos) foi incluído na Lista de Notificação Compulsória do Brasil, ou seja, todos os casos devem ser notificados ao Governo Federal imediatamente após a confirmação. A medida ajuda a traçar estratégias e ações para prevenir esse tipo de acidente (BRASIL, 2019). Abelhas As abelhas inoculam suas toxinas por meio do ferrão. As reações do corpo após uma ferroada dependem de a pessoa ter alergia ao veneno e da quantidade de venenoinoculado (às vezes uma mesma pessoa pode ser picada por centenas de abelhas, o que torna o quadro mais grave). 64 Unidade II O quadro clínico pode variar desde uma inflamação local (inchaço, vermelhidão e dor) até uma forte reação alérgica. Em múltiplas picadas, devido à grande quantidade de veneno, pode haver urticária generalizada, broncoespasmo, queda da pressão arterial, edema de glote e choque anafilático. No entanto, se o indivíduo picado for alérgico, até mesmo uma única picada pode desencadear uma reação sistêmica mais grave. Figura 15 – Abelha africanizada Figura 16 – Vítima de picada de abelha O que fazer? A remoção de colônias de abelhas só deve ser realizada por pessoal treinado e equipado com vestimentas e materiais próprios, preferencialmente à noite, quando os animais estão calmos. 65 PRIMEIROS SOCORROS Barulhos (como sons de motores), odores fortes (perfumes, desodorantes, loção pós‑barba, spray de cabelo e até o próprio suor), cores escuras (principalmente preto e azul‑marinho), podem irritar as abelhas e desencadear um ataque. Por isso, durante a execução de algum trabalho no campo, deve‑se procurar usar roupas claras, não usar perfumes e não gritar. Evitar movimentos bruscos e excessivos quando próximo a alguma colmeia. Examinar a área de trabalho antes de montar acampamento ou de utilizar equipamentos motorizados e prestar atenção ao zumbido característico de um enxame. No caso de picada (FIOCRUZ, 2003): • Remover os ferrões através de raspagem do local com lâminas limpas, até que o ferrão se solte sozinho (o uso de pinça pode inocular mais veneno ainda existente no ferrão). • Após a remoção, lavar o local com água e sabão, para prevenir a ocorrência de infecção secundária. • Aplicar bolsa de gelo para controlar a dor. Se uma pessoa desenvolveu reação de hipersensibilidade ou se sofreu múltiplas picadas de abelhas, é preciso levá‑la ao hospital o mais rápido possível. Escorpiões Os acidentes com escorpiões ocorrem com maior frequência nos meses quentes e úmidos. Aqui no Brasil a espécie mais comum é do gênero Tityus. As pessoas mais expostas a esses animais são os trabalhadores da construção civil, de madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros, por manusear objetos e alimentos nos quais os escorpiões podem estar alojados. Figura 17 – Escorpião‑amarelo A grande maioria dos acidentes é leve e o quadro local tem início rápido e duração limitada. Os adultos apresentam dor imediata, vermelhidão e inchaço leve. As crianças menores de 7 anos apresentam maior risco de alterações sistêmicas nas picadas por escorpião‑amarelo, que podem levar a casos graves e requerem soroterapia específica em tempo adequado. 66 Unidade II O que fazer? A prevenção é a melhor conduta para impedir acidentes com escorpiões: não permitir acúmulo de lixo e entulho nas proximidades das casas, manter a grama aparada, evitar folhagens densas junto aos muros, manter terrenos baldios limpos, verificar roupas e sapatos antes de usá‑los, vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e rodapés, não colocar as mãos em buracos, troncos e sob pedras e, dependendo do trabalho, usar luvas e calçados de couro. Algumas recomendações são feitas quando se trata de ameaça por escorpiões: • No caso de picadas, lavar a região com água e sabão. • Não amarrar ou fazer torniquete. • Não aplicar outros tipos de substâncias sobre o local da picada (álcool, ervas, pó de café etc.). • Não cortar o local da picada e não fechar com curativo para não infeccionar. • Procurar serviço médico imediato e mais próximo ao local do acidente, como unidade básica de saúde (UBS) ou hospital de referência. Se possível, capturar o animal e levá‑lo ao serviço de saúde (nunca pegar o animal com a mão!), pois provavelmente será necessário soroterapia. • Pode ser necessário instituição do suporte básico de vida e prevenção do estado de choque. Aranhas Os acidentes causados por aranhas são comuns, porém a maioria não apresenta repercussão clínica importante. Três gêneros de aranha são considerados de importância médica no Brasil: aranha‑marrom, aranha‑macaca e viúva‑negra. As picadas geralmente causam sintomas de leves a severos. Figura 18 – Aranha‑marrom 67 PRIMEIROS SOCORROS O que fazer? A prevenção de picadas de aranhas é a mesma que para escorpiões: evitar acúmulo de lixo, entulho e folhas secas nas proximidades das casas; manter jardins, quintais, sótãos e porões limpos; manter a grama aparada; evitar folhagens densas junto aos muros; manter terrenos baldios limpos; verificar roupas e sapatos antes de usá‑los; usar luvas de proteção para manusear entulhos e jardins; não colocar as mãos em buracos, troncos e sob pedras; vedar soleiras de portas e janelas ao escurecer, pois esses animais têm hábitos noturnos. As seguintes recomendações devem ser seguidas: • Se uma pessoa sofrer picada de aranha, lavar o local com água e sabão. • Não amarrar ou fazer torniquete. • Não aplicar outros tipos de substâncias sobre o local da picada (álcool, ervas, pó de café, etc.). • Não cortar o local da picada e não fechar com curativo para não infeccionar. • Procurar serviço médico imediato e mais próximo ao local do acidente, como unidade básica de saúde (UBS) ou hospital de referência. Se possível, capturar o animal e levá‑lo ao serviço de saúde (nunca pegar o animal com a mão!), pois provavelmente será necessário soroterapia. Águas-vivas e caravelas Águas‑vivas e caravelas são animais marinhos de beleza exótica, porém perigosos. Fazem parte do filo Cnidaria e possuem tentáculos cobertos por células urticantes, que, quando em contato com a pele de uma pessoa, liberam uma toxina que causa lesões sentidas como verdadeiras queimaduras. Essas células são chamadas de cnidócitos e no seu interior abrigam os nematocistos, organelas que contêm peçonha (veneno). Cientificamente, essas lesões são denominadas “envenenamento por cnidários” e são mais frequentes no Sul do Brasil. Figura 19 – Água‑viva 68 Unidade II Figura 20 – Caravela A maioria dos acidentes com águas‑vivas são de intensidade leve a moderada, com vermelhidão, inchaço, dor local e ardência. Podem ocorrer bolhas e necrose. As caravelas (comuns no Norte e Nordeste) costumam causar acidentes mais graves. Muitas vezes a vítima pode apresentar uma reação alérgica ao veneno, o que torna o quadro grave, com reações sistêmicas, e deve ser encaminhada imediatamente ao hospital. O que fazer? Os indivíduos que praticam esportes aquáticos, como nadadores de grandes distâncias, devem usar roupas de neoprene e lycra. Essa medida protege a pele dos tentáculos desses animais. Ao notar uma caravela ou água‑viva na água, manter distância considerável, pois os tentáculos podem ser bem compridos. Usar óleo mineral na pele ao nadar em locais sabidamente com águas‑vivas, pois evita que os tentáculos grudem na pele (HADDAD JUNIOR; SZPILMAN; SZPILMAN, 2017). De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (HADDAD JUNIOR; SZPILMAN; SZPILMAN, 2017), os primeiros socorros para vítimas de acidentes com águas‑vivas e caravelas são os seguintes: • Sair da água imediatamente. Não tentar tirar os tentáculos da pele. • Lavar abundantemente o local com água do mar para remover ao máximo os tentáculos aderidos. Se houver possibilidade de obtenção de compressas, aplicá‑las na região atingida usando água do mar gelada, para controle da dor. Não utilizar água doce, pois ela poderá estimular quimicamente (por osmose) os nematocistos que ainda não descarregaram sua peçonha. • Prevenir novas inoculações: não tentar, de modo algum, remover os tentáculos aderidos esfregando toalhas ou areia na região atingida. Procurar desativar os nematocistos ainda íntegros banhando a região com ácido acético a 5% (vinagre) por cerca de 10 minutos. 69 PRIMEIROS SOCORROS • Remover suavemente os tentáculos ainda aderidos com a mão enluvada e com o auxílio de uma pinça. Lave mais uma vez o local com água do mare reaplique novos banhos de ácido acético a 5% (vinagre) por 30 minutos. • Diferenciar um caso de alergia: um paciente que apresente espirros, roncos e sibilos (chiado) no pulmão e dificuldade para respirar pode estar tendo uma reação alérgica. Esta pode ser muito grave e até causar a morte em casos de choque anafilático (quando a pressão arterial cai muito) ou quando as vias aéreas são obstruídas no edema de glote. Nesse caso, a vítima deve ser encaminhada ao hospital para cuidados avançados (adrenalina, corticoides e anti‑histamínicos injetáveis) devido ao risco de morte. Nos casos mais leves, empregam‑se os anti‑histamínicos e corticoides por via oral, sempre sob orientação médica. Serpentes Serpentes – ou ofídios – são animais carnívoros pertencentes ao grupo dos répteis. Popularmente são denominadas “cobras”, mas as cobras são serpentes da família Colubridae (toda cobra é uma serpente, mas nem toda serpente é uma cobra). As víboras também são serpentes, da família das Viperidae. As serpentes são encontradas em quase todo o mundo, mas habitam principalmente as regiões temperadas e tropicais, em razão de sua dependência do calor externo para efetuar sua termorregulação. O Brasil tem uma rica fauna de serpentes, composta por cerca de 265 espécies. Nem todas as serpentes são peçonhentas; algumas são inofensivas. Os viperídeos compreendem, sem dúvida, o grupo de serpentes mais importantes para a saúde pública, pois são responsáveis pela enorme maioria dos acidentes ofídicos por serpentes peçonhentas registrados, não só no Brasil, mas também nos outros países das Américas. São exemplos de viperídeos no Brasil: cascavel, jararaca, urutu cruzeiro, surucucu e coral‑verdadeira. Figura 21 – Cascavel 70 Unidade II Figura 22 – Coral Os acidentes ofídicos são mais comuns na zona rural, em plantações, pastos e em regiões de mata, principalmente nos meses de verão. O que fazer? O uso de botas de cano alto pode evitar 80% dos acidentes com serpentes. Também é importante usar luvas de raspas de couro para manusear entulho, lixo, lenha e não colocar a mão em buracos (15% dos acidentes com serpentes ocorrem em mãos e antebraços). Além disso, é vital não acumular lixo e entulho, pois isso favorece o aparecimento de ratos, os quais, por sua vez, atraem serpentes, que se alimentam deles (BRASIL, 2019). Em caso de picadas, é importante lavar o local com água e sabão. O paciente tem que ser mantido deitado e deve‑se procurar o serviço médico mais próximo, se possível levando o animal ou fotografia para identificação, pois o tratamento será feito com soro antiofídico específico. Não se deve fazer torniquete ou cortar o local da picada nem “chupar o veneno” ou colocar outras substâncias, como pó de café. Em acidentes nas extremidades do corpo, como braços, mãos, pernas e pés, acessórios que possam levar à piora do quadro clínico precisam ser retirados, como anéis, fitas amarradas e calçados apertados. Veja a seguir um excerto de uma nota do Ministério da Saúde sobre acidentes por animais peçonhentos. Utilização racional de antivenenos Nos últimos anos foram registrados no Brasil cerca de 140 mil acidentes por animais peçonhentos, entre serpentes, aranhas, escorpiões, lagartas, abelhas e outros animais em menor proporção. 71 PRIMEIROS SOCORROS O Ministério da Saúde, desde 1986, adquire toda a produção de antivenenos dos quatro produtores nacionais (Instituto Butantã, Instituto Vital Brasil, Fundação Ezequiel Dias e Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos). Mensalmente, o Ministério da Saúde distribui as cotas de antivenenos aos Estados, levando em consideração critérios epidemiológicos, que são as notificações de acidentes por animais peçonhentos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Tais antivenenos, utilizados de forma adequada, são a forma mais eficaz de neutralização da peçonha do animal causador do acidente. Para tanto, é de fundamental importância a disponibilização desses antivenenos em quantidade suficiente e em locais oportunos, com vistas a diminuir o tempo decorrente entre o acidente e o atendimento médico adequado. Fonte: Brasil (2019). 6 QUEIMADURAS, CHOQUES ELÉTRICOS E AFOGAMENTOS 6.1 Queimaduras A pele representa o maior órgão do corpo humano e sua principal função é proteção. Ela funciona como uma barreira física contra microrganismos, agentes físicos e químicos, e impede a perda de água. Além disso, a pele desempenha outras funções importantes, como regulação da temperatura corporal (através das glândulas sudoríparas e dos capilares sanguíneos) e produção de vitamina D. É também na pele que se encontram diferentes receptores sensoriais que nos permitem perceber calor, frio, tato e dor. Esses estímulos sensoriais provenientes da pele são fundamentais para a interação do organismo com o meio ambiente: através deles o sistema nervoso central pode ser informado das condições ambientais e programar respostas (como exemplo, temos o afastamento do membro de um objeto pontiagudo ao menor estímulo doloroso, para evitar uma lesão tecidual). As camadas que compõem a pele são a epiderme (mais superficial) e a derme (abaixo da epiderme). Existem ainda na pele outras estruturas denominadas “anexos”, como glândulas sebáceas e folículos pilosos. As queimaduras são lesões que afetam a pele, mas, em casos mais graves, podem acometer tecidos mais profundos, como músculos e órgãos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras (2015), queimaduras são feridas traumáticas causadas, na maioria das vezes, por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos. Atuam nos tecidos de revestimento do corpo humano, determinando destruição parcial ou total da pele e seus anexos, podendo atingir camadas mais profundas, como tecido celular subcutâneo, músculos, tendões e ossos. 72 Unidade II As causas mais frequentes das queimaduras são a chama de fogo, o contato com água fervente ou outros líquidos quentes e o contato com objetos aquecidos. As queimaduras provocadas pela corrente elétrica (transformada em calor ao tocar o corpo) são menos comuns, porém mais agressivas. Geralmente ocorrem em trabalhadores no exercício de seu ofício. Nesse caso, além do dano térmico, há alteração na condução elétrica cardíaca, que pode levar a PCR e morte (VALE, 2005). Algumas pesquisas apontam que, entre os casos de queimaduras notificados no país, a maior parte acontece nas residências das vítimas, e quase a metade das ocorrências envolve a participação de crianças, que se queimam através do derramamento de líquidos quentes sobre o corpo, como água quente no banho, água fervente da cozinha e bebidas quentes. Entre os adultos do sexo masculino, as queimaduras mais frequentes envolvem chama de fogo no ambiente de trabalho. Já para as mulheres adultas, os casos mais frequentes de queimaduras estão relacionados às várias situações domésticas, como cozimento de alimentos, acidentes com botijão de gás etc. (BRASIL, 2012). A chama de fogo, pela manipulação de álcool etílico, também é causa comum de queimaduras no Brasil. Inclusive, é responsável pela maioria dos casos em adolescentes e é a segunda maior causa de queimadura em crianças (VALE, 2005). Além dos danos estéticos e funcionais causados por queimaduras, principalmente quando elas acometem mãos e face, podem ocorrer desequilíbrios sistêmicos no organismo, muitas vezes levando a vítima à morte. Alguns dos principais são as infecções das feridas que evoluem para septicemia, dando abertura para que possa ocorrer choque séptico. Além disso, como a pele é responsável pela regulação da temperatura corporal e pelo equilíbrio hidroeletrolítico do corpo, pode haver perda de calor pela ferida, com hipotermia e também perda de fluidos corporais. Outra resposta sistêmica em queimaduras mais extensas é o aumento do metabolismo geral do corpo, o que leva ao aumento do catabolismo muscular com grande processo de atrofia desse tecido. Nos casos de fogo, pode haverinalação de gases tóxicos (como o monóxido de carbono). Alguns produtos da combustão são também irritantes e causam edema da mucosa traqueobrônquica, originando sinais como rouquidão, dispneia, expectoração cinzenta e estridor. Quando se fala em queimaduras, a prevenção é o melhor remédio. As queimaduras podem ser classificadas quanto a etiologia, profundidade e extensão. A etiologia (causas) engloba: • queimaduras térmicas (líquidos quentes, gordura quente, ferro quente, vapor, chapas quentes e fogo); • queimaduras químicas (substâncias cáusticas, como ácidos e álcalis); 73 PRIMEIROS SOCORROS • queimaduras elétricas (correntes de baixa voltagem, alta tensão e raio); • queimaduras por radiação (luz solar e fontes nucleares). A profundidade depende da intensidade do agente térmico e do tempo de contato como o tecido. Ela é o fator principal para determinar o prognóstico estético e funcional da queimadura: • Primeiro grau: atinge apenas a epiderme (camada mais superficial da pele), com eritema (vermelhidão) e dor, mas sem formação de bolhas. Descama de quatro a seis dias sem deixar cicatrizes. Exemplo: eritema solar. • Segundo grau: atinge a epiderme e parcialmente a derme. Há presença de eritema, dor intensa e bolhas; há regeneração espontânea, porém mais lenta (duas a quatro semanas); pode deixar sequelas, como alteração na coloração da pele ou cicatrizes. • Terceiro grau: destrói todas as camadas da pele, podendo acometer tendões, ligamentos, músculos e ossos. A lesão é indolor (devido à destruição de terminações nervosas), branca ou escura. Não há regeneração espontânea, por isso é necessário enxerto. Muitas vezes, dependendo do acidente, uma mesma pessoa pode apresentar os três graus de queimadura. Epiderme A. Queimadura de primeito grau (queimadura solar) Epiderme B. Queimadura de segundo grau (repare nas bolhas na fotografia) Derme Epiderme C. Queimadura de terceiro grau Derme Tela subcutânea Figura 23 – Graus de queimaduras Quanto à extensão, convém atentar ao fato de que os riscos gerais do queimado nas primeiras horas não dependem tanto do grau da lesão (primeiro, segundo ou terceiro), mas sim da extensão da área queimada: quanto maior a área afetada, maior a repercussão sistêmica, devido à perda das funções da pele (VALE, 2005). 74 Unidade II A extensão é calculada em porcentagem da superfície corporal total (SC), sendo consideradas no cálculo apenas as áreas com queimaduras de segundo e terceiro graus. Para determinar a extensão de uma queimadura, existem duas regras: • Regra da palma da mão: geralmente a palma da mão de um indivíduo (contando os dedos unidos e estendidos) corresponde a 1% de sua superfície corporal. Assim a extensão de uma queimadura pode ser estimada através do cálculo do “número de palmas”. • Regra dos nove de Wallace: é atribuído, a cada segmento corporal, o valor nove (ou múltiplo dele): − cabeça: 9%; − tronco frente: 18%; − tronco costas: 18%; − membros superiores: 9% cada; − coxa: 9% cada; − perna e pé: 9% cada; − genitais: 1%. Superfície anterior da cabeça e pescoço 4,5% Superfície anterior dos ombros, braços, antebraços e mãos 9% Superfície anterior das coxas, pernas e pés 18% Superfícies anterior e posterior das coxas, pernas e pés 36% Períneo 1% Superfícies anterior e posterior da cabeça e pescoço 9% Superfícies anterior e posterior dos braços, antebraços e mãos 18% Superfícies anterior e posterior do tronco 36% 100% da área corporal Vista anterior Figura 24 – Extensão de queimadura 75 PRIMEIROS SOCORROS Queimaduras são consideradas graves nas seguintes situações: • insuficiência respiratória instalada ou potencial (face e pescoço); • queimaduras de segundo ou terceiro graus superiores a 10% da superfície corporal em crianças e 15% da superfície corporal em adultos; • idade menor do que 3 anos ou maior do que 65; • presença de lesão inalatória; • politrauma associado ou doenças prévias associadas; • queimadura química; • trauma elétrico; • áreas nobres/especiais (olhos, orelhas, face, pescoço, mão, pé, região inguinal, grandes articulações e órgãos genitais). Os primeiros cuidados prestados às vítimas de queimadura contribuem enormemente para a redução de morbidade e mortalidade. O que fazer no caso de queimadura térmica? • A primeira providência deve ser remover a fonte de calor. Exemplo: afastar a vítima das chamas, em caso de fogo. Se as vestes estiverem em chamas, a vítima deve deitar e rolar no solo, sair correndo só fará as chamas aumentarem. Podem‑se jogar cobertores ou tapetes molhados na pessoa que está em chamas; isso ajudará a apagar o fogo. • Remover as vestes se não estiverem aderidas. Devem‑se remover joias, anéis e piercings, pois o corpo pode inchar e esses objetos podem ficar presos. • Resfriar a área com água corrente fria de torneira ou ducha (água gelada não deve ser utilizada). Esse procedimento permite a interrupção do calor, limitando o aprofundamento da lesão, além de promover a limpeza da ferida e aliviar a dor. O resfriamento deve ser realizado por vários minutos, em casos de queimaduras extensas, porém deve ser breve, devido ao risco de hipotermia. • Se as roupas estiverem aderidas, fazer o resfriamento sem retirá‑las e permanecer assim até o atendimento médico. • Proteger a queimadura, de preferência com tecido estéril; se não for possível, usar toalhas ou panos secos e limpos. Isso evita infecções (não usar algodão). 76 Unidade II • Não usar pomadas, pasta de dente, manteiga ou receitas caseiras, pois isso pode irritar ainda mais a pele já danificada e aumentar o risco de infecções. • Não estourar as possíveis bolhas. • Levar a vítima ao pronto atendimento mais próximo; se isso não for possível, acionar o Samu. • Em casos de queimaduras extensas, monitorar o paciente e fazer os procedimentos para evitar o estado de choque. • Dar atenção especial às queimaduras no rosto ou queimaduras que ocorreram em locais fechados: pode haver lesão do trato respiratório (presença de rouquidão, escarro cinzento, dispneia). O que fazer no caso de queimadura química? • Checar a segurança do local, que pode conter grandes poças de substâncias químicas em volta da vítima. Se houver perigo no local, não tentar efetuar o salvamento. O correto é acionar os bombeiros ou o Samu. • Lavar abundantemente o local com água (lembre‑se de usar EPI). Lavar por pelo menos 20 minutos (chuveiro ou mangueira, atentando para o jato não ser muito forte). • Remover roupas, sapatos e meias contaminados durante o procedimento de lavagem. • Após lavar a área, aplicar curativo limpo ou estéril e remover a vítima para um posto de pronto atendimento. Identificar o agente causador para relatar ao serviço médico. Se necessário, entrar em contato com o centro toxicológico mais próximo. O que fazer no caso de queimadura elétrica? • Checar a segurança do local e interromper a fonte de eletricidade antes de tocar na vítima. • Nesse tipo de incidente, as queimaduras geralmente não são o problema mais grave. Devido à possibilidade de PCR, instituir o suporte básico de vida e chamar o resgate. • Se a vítima estiver estável, checar dois frequentes locais de queimaduras em choques elétricos: mãos (geralmente a parte do corpo que entrou em contato com a fonte de energia) e pés (local por onde a energia deixou o corpo do paciente) (BERGERON et al., 2007). Colocar panos ou toalhas limpos nas áreas afetadas. • Providenciar cuidados para prevenir o choque. 77 PRIMEIROS SOCORROS Saiba mais Visite o site da Sociedade Brasileira de Queimaduras. Lá você encontra notícias, informativos, dicas de prevenção e centros de referências para atendimento aos queimados em todo o Brasil: http://sbqueimaduras.org.br/ 6.2 Choques elétricos As lesões por choque elétrico e raios representam pequeno número de admissões nos serviços de urgência e emergência, porém apresentam uma elevada taxa de mortalidade e morbidade. De acordo com o Grupo de EletricidadeAtmosférica (Elat) (apud MAGARÃO; GUIMARÃES; LOPES, 2011) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de todos os países do mundo, o Brasil é o mais atingido por descargas elétricas, sendo registrados aproximadamente 100 milhões de raios por ano no território nacional. Entre 2000 e 2009, ocorreram 1.321 mortes no país (média de 132 mortes por ano) (MAGARÃO; GUIMARÃES; LOPES, 2011). As lesões por raios podem ser diretas (mais graves, pois o raio atinge a vítima diretamente), por meio de outros objetos (através de árvores ou uma barra metálica, por exemplo), do solo ou de explosões. Já as lesões por choques geralmente ocorrem por falta de segurança nas instalações elétricas e equipamentos: fios descascados, falta de aterramento elétrico e falta de isolamento elétrico. A gravidade das lesões por choque elétrico é determinada pela voltagem, intensidade (amperagem) e tipo de corrente, além de pelo tempo de exposição (cada segundo de contato com a eletricidade diminui a possibilidade de sobrevivência da vítima). Em condições habituais, correntes de 100 a 150 volts já são perigosas e acima de 500 volts são mortais (FIOCRUZ, 2003). Durante a passagem da corrente pelos tecidos, há conversão de energia elétrica em energia térmica, causando lesões celulares e lesões traumáticas secundárias a contusões, contrações musculares vigorosas e quedas (MAGARÃO; GUIMARÃES; LOPES, 2011). De maneira geral, choques e raios podem causar desde queimaduras, superficiais ou profundas, até lesões de múltiplos órgãos. Mesmo quando a lesão da pele é superficial, pode haver comprometimento grave de tecidos mais profundos, sem que se perceba, como necrose muscular e comprometimento de vísceras (principalmente nos casos de correntes de baixa voltagem). Pode haver insuficiência renal secundária às lesões musculares (devido ao extravasamento de mioglobina intramuscular para a circulação com efeitos nefrotóxicos), a qual tem como principal sintoma a pigmentúria, que é a alteração da coloração da urina. Os ossos também podem sofrer queimaduras graves e osteonecrose, devido à sua elevada resistência à passagem de correntes elétricas. 78 Unidade II Lesões na cabeça são frequentes, como perfuração timpânica, queimaduras na face e no pescoço, trauma cranioencefálico e lesões no olho (como descolamento de retina e lesões na córnea). Em relação ao sistema nervoso, os pacientes podem apresentar perda de consciência e confusão mental. A complicação neurológica mais frequente nas vítimas de raios é o desenvolvimento de uma paralisia temporária chamada keraunoparalisia. Essa complicação ocorre em cerca de 70% dos pacientes vítimas de lesões graves. Acomete preferencialmente os membros inferiores e, apesar de, na maioria dos casos, ser reversível após algumas horas, alguns pacientes podem desenvolver sequelas permanentes (MAGARÃO; GUIMARÃES; LOPES, 2011). No entanto, a despeito de todas as possíveis e graves lesões em diferentes sistemas e órgãos que mencionamos, o comprometimento cardíaco é o principal motivo de morte nas vítimas de choques e raios. Podem ocorrer arritmias e parada cardiorrespiratória (PCR). Portanto, esses pacientes são considerados vítimas de traumas e de eventos cardiovasculares. A utilização dos protocolos do SBV para reverter uma possível PCR é recomendada, até que o suporte avançado seja possível. Imobilização cervical, controle das vias aéreas, manobras de reanimação e desfibrilação (quando indicada) constituem as medidas iniciais mais importantes. O que fazer? • Como os acidentes por eletricidade também oferecem perigo às pessoas que vão socorrer a vítima, é necessário, antes de socorrer o paciente, cortar a corrente elétrica, desligando a energia (chave de força geral) ou retirando os fusíveis da instalação, ou puxar o fio da tomada, certificando‑se de que ele esteja encapado. Se isso não for possível, tentar afastar a vítima da fonte de energia utilizando luvas de borracha grossas ou materiais isolantes e secos, como cabo de vassoura, tapete de borracha, jornal dobrado, pano grosso dobrado, corda etc.) (FIOCRUZ, 2003). • Em caso de parada cardiorrespiratória, iniciar imediatamente as manobras de ressuscitação até a chegada de atendimento especializado. • Como a keraunoparalisia e a disfunção autonômica podem imitar morte cerebral (com pupilas dilatadas), a RCP (reanimação cardiorrespiratória) prolongada está indicada mesmo na presença desses indícios. • Depois de obtida a ressuscitação cardiorrespiratória, ou se a vítima não tiver apresentado parada cardiorrespiratória, deve ser feito um exame geral para localizar queimaduras, fraturas ou lesões que possam ter ocorrido no caso de queda durante o acidente. Lembrete Não se deve tocar na vítima até que ela esteja separada da corrente elétrica ou que esta seja interrompida. 79 PRIMEIROS SOCORROS 6.3 Afogamentos Afogamento é a aspiração de líquido não corporal por submersão (todo o corpo dentro da água) ou imersão (parte do corpo dentro da água). Nesses casos, a tosse ocorre como uma resposta reflexa ao líquido nas vias aéreas. O quadro clínico e a gravidade do afogamento são determinados pela quantidade de água aspirada. A Sobrasa é uma entidade sem fins lucrativos que atua como um órgão na prevenção de afogamentos e incidentes de todas as atividades de esporte, lazer e trabalho na área aquática. Segundo ela (apud SZPILMAN, 2000), 16 brasileiros morrem afogados por dia! Vamos conhecer alguns números (ano‑ base Datasus 2016): • 47% dos óbitos ocorrem até os 29 anos; os adolescentes têm o maior risco de morte (entre 15 e 19 anos). • Homens morrem 6,8 vezes mais que mulheres. • Das regiões brasileiras, o Norte tem o maior índice de mortalidade. • A maior parte dos óbitos ocorre em rios e represas. • Crianças menores de 9 anos se afogam mais em piscinas e em casa. • Crianças maiores de 10 anos e adultos se afogam mais em águas naturais (rios, represas e praias). • 5.971 brasileiros morreram por afogamento em 2016. Os maiores fatores de risco para afogamento são: idade inferior a 14 anos, uso de álcool, baixa renda, pessoas de áreas rurais, comportamento de risco, falta de supervisão e epilepsia (pessoas epilépticas apresentam de 15 a 19 vezes mais risco de se afogarem). Os afogamentos, quanto às causas, podem ser classificados em primários, quando não existem indícios de uma patologia associada ao afogamento, e secundários, quando existe alguma causa que impediu a vítima de se manter na superfície da água e precipitou o afogamento: drogas (principalmente álcool), convulsão, traumatismos, ataques cardíacos, entre outras. Classificação dos afogamentos quanto à gravidade É importante salientar que afogamento é diferente de resgate. Resgate refere‑se à vítima resgatada viva da água sem sinais de aspiração de líquido, não apresentando, portanto, tosse ou espuma no nariz ou na boca. Nesse caso, a vítima pode ser liberada no local sem necessitar de atendimento médico após a avaliação do socorrista, quando consciente. Vítimas dessa situação podem apresentar hipotermia, náuseas, vômitos, distensão abdominal, tremores, cefaleia, cansaço e dores musculares decorrentes do esforço físico realizado dentro da água e do estresse emocional (SZPILMAN, 2000). 80 Unidade II No afogamento, a pessoa resgatada apresenta evidência de aspiração de líquido (tosse ou espuma no nariz e boca). Quantidades aspiradas tão pequenas quanto 70 ml podem produzir graves consequências. A função respiratória fica prejudicada pela entrada de líquido, interferindo nas trocas gasosas e levando à hipoxemia. A vítima deve ter sua gravidade avaliada no local do incidente, para que as condutas pertinentes sejam adotadas. De acordo com a Sobrasa (SZPILMAN, 2019), os afogamentos podem ser classificados quanto à gravidade em seis graus: Quadro 1 – Classificação de afogamentos Grau Características Conduta 1 Tosse sem espuma na boca ou nariz Repouso, aquecimento e medidas que visem ao conforto e tranquilidadedo banhista; não há necessidade de oxigênio ou hospitalização 2 Pouca espuma na boca e/ou nariz Tranquilização, aquecimento e transporte ao hospital, pois será necessário oxigênio e observação 24 horas 3 Muita espuma na boca e nariz, com pulso radial palpável Posicionamento da vítima em decúbito lateral direito, acionamento do resgate ou transporte ao hospital, pois será necessário oxigenoterapia em UTI 4 Muita espuma na boca e nariz, com pulso carotídeo, mas sem pulso radial palpável Posicionamento da vítima em decúbito lateral direito e pedido de resgate; monitoramento da respiração porque a vítima pode entrar em parada respiratória. Se isso acontecer, iniciar ventilações boca a boca. Será necessária hospitalização em UTI e ventilação mecânica 5 Parada respiratória, com pulso carotídeo Ventilação boca a boca; não fazer compressões cardíacas. Após retornar à respiração espontânea, tratar como grau 4 (decúbito lateral direito) e chamar resgate urgente 6 Parada cardiorrespiratória (PCR) RCP, 30 compressões torácicas e duas ventilações boca a boca (um socorrista) ou 15 compressões torácicas e duas ventilações boca a boca (dois socorristas). Nas PCR por afogamento não há fibrilação ventricular, e sim assistolia, por isso não é necessário providenciar um DEA Adaptado de: Szpilman (2019). Os pacientes graus 1, 2, 3, 4 e 5, quando sobrevivem, raramente apresentam sequelas, evoluindo para a cura em quase 95% dos casos. A determinação do prognóstico nos casos de afogamento grau 6 depende principalmente da existência ou não de lesão neurológica relacionada diretamente ao tempo e ao grau de hipóxia (SZPILMAN, 2000). Se o tempo de submersão for superior a uma hora, ou se já houver rigidez cadavérica, não se deve iniciar a RCP. A conduta é acionar o Instituto Médico Legal. Observação A razão de colocar o paciente em decúbito lateral direito é o fato de a aspiração de água ter predileção pelo segmento superior do lobo inferior direito, em razão da maior verticalização do brônquio principal direito. Assim, essa posição pode provavelmente melhorar a ventilação do pulmão esquerdo, resultando em melhora na oxigenação. 81 PRIMEIROS SOCORROS Cadeia de sobrevivência nos afogamentos A cadeia de sobrevivência do afogamento é um passo a passo que inclui todas as ações, desde os modos de evitar o afogamento até o hospital, quando necessário. Figura 25 – Cadeia de sobrevivência (Sobrasa) Seguem as diretrizes da Sobrasa (SZPILMAN, 2019) sobre o assunto: • Prevenir: apesar da ênfase no resgate e no tratamento, a prevenção permanece sendo a mais poderosa intervenção e a de menor custo. • Reconhecer o afogamento e pedir para ligarem 193 ou 192: ao contrário da crença popular, o banhista em apuros não acena com a mão e tampouco chama por ajuda. Tipicamente, ele encontra‑se em posição vertical, com os braços estendidos lateralmente, batendo‑os na água. Indivíduos próximos da vítima podem achar que ela está apenas brincando na água. A vítima pode submergir e emergir sua cabeça diversas vezes, enquanto está lutando para se manter acima da superfície. As crianças geralmente resistem de 10 a 20 segundos em tal luta, enquanto os adultos resistem por até 60 segundos, antes da submersão. Como a respiração instintivamente tem prioridade, a vítima de afogamento geralmente é incapaz de gritar por socorro. Ao reconhecer que uma vítima está se afogando, dê o alarme e peça que alguém ligue 193 (Corpo de Bombeiros) ou 192 (Samu). Só então o socorrista deverá partir para ajudar a realizar o resgate. • Fornecer flutuação – evitar a submersão: depois de reconhecer que uma vítima está em perigo e pedir a alguém para chamar por ajuda, a próxima prioridade é interromper o processo de afogamento fornecendo flutuação para a vítima. Fornecer flutuação é uma estratégia muito importante, mas não muito utilizada, apesar de ganhar tempo valioso para o serviço de emergência chegar. Dispositivos de segurança tais como boias salva‑vidas foram propositadamente concebidos para proporcionar flutuação. Se eles não estiverem disponíveis, deve‑se improvisar com garrafas pet vazias, pranchas de surf, geladeira ou outros materiais em isopor, espumas diversas e madeiras. É fundamental que leigos tomem precauções para não se tornarem uma segunda vítima na hora de ajudar. Levando‑se em consideração o número de leigos que se afogam e por vezes morrem na tentativa de salvar outros, a prioridade é ajudar jogando o material de flutuação, sem entrar na água, se possível. 82 Unidade II • Remover da água – só se for seguro: após prover flutuação e parar o processo de submersão, retirar a vítima da água é essencial, a fim de proporcionar um tratamento definitivo ao processo de afogamento. Sempre que possível, tentar ajudar a retirar a vítima sem entrar totalmente na água, utilizando técnicas de salvamento, tais como jogar para a vítima algum equipamento, tipo corda, vara, galho de árvore e outros. Se tudo mais falhar, o socorrista leigo pode então considerar sua entrada na água, sabendo que a entrada de uma pessoa inexperiente na água para salvar alguém é extremamente perigosa e, por isso, não é recomendada. A fim de diminuir o risco durante um socorro dessa natureza, deve‑se trazer sempre um objeto de flutuação para ajudar a vítima e reduzir o risco ao leigo/socorrista de ser afogado junto. A decisão de realizar o suporte básico de vida ainda dentro da água baseia‑se no nível de consciência do afogado e no nível de experiência do socorrista: − Vítima consciente: resgatar a pessoa até a terra. − Vítima inconsciente: checar a respiração e, se ausente, instituir a ventilação ainda dentro da água. Isso aumenta em quatro vezes as chances de sobrevivência sem sequelas. A hipóxia causada pelo afogamento resulta em apneia, que rapidamente evolui para parada cardíaca. • Suporte de vida – hospital, se necessário: o posicionamento da vítima para o primeiro atendimento em área seca deve ser o mais horizontal possível, deitada em decúbito dorsal, distante o suficiente da água a fim de evitar as ondas (no caso de praia). Se estiver consciente, deve ser colocada em decúbito dorsal a 30º; se estiver ventilando, porém inconsciente, em posição lateral de segurança (decúbito lateral sobre o lado direito). A manobra de compressão abdominal (Heimlich) nunca deve ser realizada como meio para eliminar água dos pulmões; ela é ineficaz e gera riscos significativos de vômitos com aumento da aspiração. Durante a ressuscitação, tentativas de drenar água ativamente, colocando a vítima com a cabeça abaixo do nível do corpo, aumentam as chances de vômito em mais de cinco vezes, levando a um aumento de 19% na mortalidade. A presença de vômito nas vias aéreas pode acarretar maior broncoaspiração e obstrução, impedindo a oxigenação, além de poder desencorajar o socorrista a realizar a respiração boca a boca. Em caso de vômitos, deve‑se virar a cabeça da vítima lateralmente e remover o vômito com o dedo indicador, usando um lenço ou aspiração, e continuar prestando a assistência ventilatória. Ainda na fase de suporte de vida, o procedimento é iniciar uma rápida avaliação da vítima, para classificar a gravidade do afogamento. Chame para checar o nível de consciência: “Você está me ouvindo?”; se houver resposta, ela está viva e trata‑se de um afogamento grau 1, 2, 3 ou 4. Coloque‑a na posição lateral de segurança e siga o protocolo para cada grau. Avalie se há necessidade de chamar o socorro avançado e aguarde‑o chegar. Se não houver resposta, a vítima está inconsciente. Chame ou peça para alguém chamar o resgate (192 ou 193) e cheque a respiração: abra as vias aéreas, ouça e sinta a respiração e veja se o tórax se movimenta. Se houver respiração, é um caso de resgate grau 1, 2, 3 ou 4. Coloque a pessoa então em posição lateral de segurança e aplique o tratamento apropriado para grau. Se não houver respiração, inicie as ventilações boca a boca; permitindo a elevação e o esvaziamento do tóraxa cada ventilação. 83 PRIMEIROS SOCORROS Após cinco ventilações, cheque o pulso. Se houver pulso, é uma parada respiratória isolada, grau 5 de afogamento. Mantenha então somente as ventilações de 10 a 12 vezes por minuto até o retorno espontâneo da respiração (usualmente isso acontece antes de terminarem as 10 ventilações). Se não houver pulso, inicie RCP (30 compressões para duas ventilações, se só houver um socorrista, e 15 compressões por duas ventilações, se houver dois socorristas). Não pare até que: — haja resposta e retornem a respiração e os batimentos cardíacos; coloque então a vítima de lado e aguarde o socorro médico solicitado; — você entregue o afogado a uma equipe médica; — você fique exausto. Observação Os casos de afogamento apresentam uma grande tolerância à falta de oxigênio, por isso deve‑se tentar a RCP além do limite estabelecido para outras patologias. Três fatos juntos ou isolados explicam o maior sucesso na RCP de afogados: o reflexo de mergulho, a continuação da troca gasosa de O2‑CO2 após a submersão e a hipotermia. Existem casos descritos de sucesso na reanimação de afogados após duas horas de manobras. Há também registros de casos de PCR com submersão maior do que 14 minutos ressuscitados com sucesso (SZPILMAN, 2019). Prevenção aos afogamentos Os números relativos aos afogamentos são alarmantes, não só no Brasil, mas no mundo – a OMS estima 372 mil mortes por afogamento a cada ano. Acredita‑se que esse número seja ainda maior, devido à falta de notificação e registro (AGÊNCIA LUSA, 2014). Por isso, a prevenção constitui‑se a melhor ferramenta no combate ao afogamento. As ações de prevenção são basicamente divididas em dois tipos (AGÊNCIA LUSA, 2014): • Prevenção ativa: são intervenções no ambiente aquático, como restringir acesso, sinalizar, informar, abrir postos de salva‑vidas, adotar medidas antissucção em bombas de piscina. • Prevenção reativa: supervisionar, orientar, advertir ou deslocar pessoas em local de risco. Alguns cuidados importantes que devem ser lembrados: • Ter atenção às crianças 100% do tempo: distância de um braço mesmo na presença de um salva‑vidas. • Restringir o acesso à área aquática com uso de grades e portões. 84 Unidade II • Na praia, nadar sempre próximo a um posto salva‑vidas e observar a sinalização para o local mais seguro para banho. • Em áreas aquáticas coletivas, haver sempre um salva‑vidas com materiais e equipamentos adequados. • Evitar ingerir bebidas alcoólicas e alimentos pesados antes do lazer na água. • Não superestimar sua capacidade de nadar (46% dos afogados acham que sabem nadar). • Praticar a pescaria embarcado ou em áreas de risco com o colete salva‑vidas. • Lazer em rios sempre com coletes salva‑vidas. Saiba mais A Sobrasa trabalha intensamente na prevenção aos afogamentos, oferecendo cartilhas, vídeos, livros, manuais e outras informações. Para conhecer melhor seu trabalho, visite o site: https://www.sobrasa.org 7 TRAUMAS 7.1 Atendimento à vítima de trauma Traumatismo é uma lesão ou ferida causada por uma força externa ao organismo, de natureza física ou química. As lesões e mortes decorrentes do trauma não só têm impacto nos envolvidos, mas em toda a sociedade. Ao redor do mundo, mais de 5 milhões de pessoas morrem anualmente em decorrência de trauma, geralmente relacionado aos acidentes automobilísticos. As projeções apontam para um crescimento dessa estatística até 2030, devido principalmente ao aumento do número de carros (OPAS, [s.d.]). Os traumas por quedas também são frequentes e estão relacionados à população idosa, que vem crescendo nos últimos anos. Ao nos depararmos com um paciente vítima de trauma, duas das principais prioridades são a investigação e o controle de possíveis hemorragias, as quais podem levar a um estado de choque (protocolo PHTLS – Prehospital Trauma Life Support). Após esse passo, podemos proceder ao SBV, tomando as medidas cabíveis em casos de PCR. 85 PRIMEIROS SOCORROS Algumas avaliações e condutas específicas devem ser realizadas, como nos casos de trauma torácico e abdominal. Cuidado com a manipulação e o transporte da vítima é outro ponto fundamental, sob o risco de ocorrer um agravamento do quadro no caso de uma manipulação inadequada. 7.2 Trauma de crânio O cérebro fica dentro do crânio, que é rígido e inflexível. Na presença de uma lesão, a hemorragia e o edema resultantes podem ocasionar um aumento da pressão intracraniana, o que pode comprometer a função cerebral e a integridade do tecido. O aumento de pressão, se não for reduzido, pode levar a danos irreversíveis e à morte. Os traumas cranianos são geralmente decorrentes de quedas, acidentes automobilísticos e acidentes de moto. Apresentam alta taxa de mortalidade e morbidade – aproximadamente 60% dos pacientes que sobrevivem a traumas cranianos ficam com algum tipo de sequela significativa, como déficit motor e cognitivo (GENTILE et al., 2011) Os traumas da cabeça podem envolver o couro cabeludo, o crânio (parte óssea) ou o encéfalo (trauma cranioencefálico – TCE), isoladamente ou de forma combinada. Além disso, em alguns casos, pode haver presença concomitante de trauma raquimedular (lesão na coluna e medula). As lesões no couro cabeludo podem sangrar muito, devido ao rico suprimento de vasos sanguíneos nessa estrutura. Às vezes, a pele permanece intacta, mesmo assim ocorre sangramento nas estruturas subjacentes, formando o famoso “galo”. A conduta nesse caso é fazer compressa com gelo. Nos casos de sangramento, deve‑se fazer compressa com gaze até o seu controle (cabeça elevada). Sinais e sintomas de trauma cranioencefálico : • inconsciência ou redução no nível de consciência; • cefaleia; • confusão ou mudança de comportamento; • pupilas desiguais, arreativas ou dilatadas; • paralisia de um lado do corpo; • visão prejudicada; • náusea/vômito; 86 Unidade II • convulsão; • deformidades do crânio, com depressão ou afundamento; • equimose ao redor dos olhos (olho roxo); • sangramento pela orelha ou nariz; • fluido claro saindo pelas orelhas (líquor); • alterações dos sinais vitais. O que fazer? Ao cuidar de pacientes com trauma na cabeça, admita que lesões no pescoço possam existir. Os passos a seguir então são: • Acionar o resgate. • Manter as vias aéreas abertas (manobrando a mandíbula, pois não se deve fazer hiperextensão do pescoço) e estabilizar manualmente a cabeça e o pescoço. • SBV: checar a necessidade de ressuscitação cardiopulmonar. • Manter o paciente em repouso; não deixar que ele se mova ou mude de posição. • Controlar a hemorragia sem colocar compressão direta no local do trauma, pois isso pode causar dano adicional ao cérebro (usar curativo absorvente). • Prevenir o choque: manter o paciente aquecido, não dando nada para beber ou comer. • Se o paciente vomitar, virá‑lo em bloco para o decúbito lateral de forma a preservar a imobilização da coluna cervical. • Monitorar o nível de consciência e os sinais vitais. 7.3 Trauma de tórax Traumas torácicos geralmente são causados por acidentes de carro, quando, durante uma freada súbita, o motorista é lançado contra o volante, impactando diretamente o tórax, principalmente se estiver sem cinto de segurança. Pode também ser causado pelo impacto de uma queda, de uma escada, por exemplo, ou de um atropelamento. 87 PRIMEIROS SOCORROS Todo trauma ocorrido na parede torácica pode causar danos aos pulmões, coração, vasos sanguíneos e órgãos protegidos pelas costelas. As costelas e o esterno podem ser fraturados ou separados. Por isso, o paciente, após ter recebido os primeiros socorros, deve ser levado prontamente ao hospital, ou o resgate deve ser acionado. Os traumas torácicos apresentam alta taxa de mortalidade (FENILI et al., 2002). Os traumas de tórax podem ser fechados, também chamados de traumatismos contusos (contusão torácica), nos quais não há lesão de pele, ou abertos, também chamados de traumatismos penetrantes. As principais causasde traumatismos penetrantes são feridas por armas de fogo ou armas brancas. Quando muitas costelas forem fraturadas do mesmo lado (pelo menos dois pontos de fratura em duas costelas consecutivas), pode haver uma condição denominada tórax instável, na qual a região afetada fica “desconectada” da parede torácica e, portanto, não se moverá junto com o restante do tórax durante os movimentos respiratórios. Essa “falta de compasso” da região acometida durante a respiração é denominada respiração paradoxal: durante a inspiração, o segmento afetado move‑se para dentro e durante a expiração, para fora. Essa instabilidade da caixa torácica pode levar a prejuízos na ventilação, e pode evoluir para insuficiência respiratória e hipóxia, principalmente se o paciente tiver idade avançada. Lembrete Durante a inspiração, o diafragma se contrai, as costelas se elevam e o tórax se expande com a entrada do ar nos pulmões. Na expiração, ocorre a saída de ar e o abaixamento das costelas. Sinais e sintomas: • dor intensa no local da fratura, que piora com a movimentação e respiração; • deformidade no local da fratura; • posição característica: o paciente protegerá o local com uma das mãos ou o antebraço, comprimindo o local do trauma; • respiração paradoxal, no caso de múltiplas fraturas e tórax instável; • falta de ar, no caso de comprometimento do pulmão. O que fazer? • No caso de fraturas de costelas sem complicações, imobilizar o braço do lado da lesão sobre as costelas fraturadas (tipoia e enfaixamento adicional). 88 Unidade II • No tórax instável, estabilizar e imobilizar o segmento do afundamento: coloque um travesseiro ou uma toalha na região e fixe‑os com adesivos largos; se isso não for possível, coloque o travesseiro no local e peça à vítima que deite sobre o lado ferido. • Se houver feridas abertas, realizar um curativo impermeável com três bordas vedadas e uma livre, de forma a permitir a saída de ar na expiração e impedir a entrada de ar pelo orifício na inspiração. No caso de objetos encravados, não os retire! Transporte o paciente rapidamente ao hospital ou chame o resgate. Atenção aos sinais de falta de ar, sangue espumoso saindo pela boca e dilatação das veias do pescoço: são sinais de comprometimento pulmonar e cardíaco; o paciente deve receber atendimento médico com urgência. Figura 26 – Estabilizando fratura de costelas e tórax instável 7.4 Trauma abdominal Os traumas abdominais são gravíssimos, podem ocasionar lesão de vasos e vísceras, com consequente hemorragia. Quando o intestino ou o estômago são perfurados, pode haver desenvolvimento de infecções. As lesões abdominais, do mesmo modo que as torácicas, podem ser abertas ou fechadas. Nas lesões fechadas, o abdômen sofre um golpe forte ou é esmagado, mas a pele permanece intacta. Essas lesões são perigosas porque podem causar hemorragia interna e choque. Nas lesões abertas, há sangramentos externos e exposição de vísceras (evisceração abdominal). Sinais e sintomas: • distensão ou irregularidade no formato do abdômen; • equimose (mancha roxa) no abdômen ou nas costas; 89 PRIMEIROS SOCORROS • sensibilidade ou rigidez abdominal; • dor, variando de leve a insuportável; • fraqueza; • náusea e/ou vômitos; • sede (se houver choque); • órgãos protusos através dos ferimentos. O que fazer? • Chame o resgate (192). • Previna o choque: aqueça a vítima, mantenha‑a deitada, se possível, com as pernas elevadas (às vezes as vítimas de trauma abdominal preferem ficar com os joelhos flexionados). • Vire a cabeça para o caso de vômito. • Não dê nada para a vítima beber ou comer, mesmo se se queixar de fome ou sede. • Se houver objetos encravados, não os retire, apenas faça um curativo ao redor para conter a hemorragia. • Em caso de evisceração: cubra os órgãos com um pano limpo umedecido em água potável. Nunca coloque materiais aderentes como algodão ou lenços de papel. Não toque os órgãos ou tente recolocá-los na cavidade abdominal. • Monitore os sinais vitais. 7.5 Lesões musculoesqueléticas As lesões ortopédicas são muito comuns. Podem acontecer com crianças brincando, durante atividades esportivas, de lazer, em acidentes automobilísticos ou até em casa. O atendimento de um médico especialista sempre será necessário, para avaliar a extensão da lesão, solicitar exames de imagem e definir condutas, como imobilização ou cirurgia. É preciso ter muita atenção com a movimentação e o transporte do acidentado, pois a manipulação inadequada pode acarretar deslocamento da fratura, perfuração da pele, lesões musculares, laceração de vasos sanguíneos e hemorragia. Os primeiros socorros nas lesões ortopédicas têm como prioridade imobilizar e proteger o segmento, prevenindo, assim o agravamento da lesão, até que a pessoa seja transportada para o hospital ou até a chegada do resgate. 90 Unidade II 7.5.1 Entorses Entorses são causados por movimentos exagerados da articulação, além de sua amplitude normal de movimento. Nesse processo, ocorre lesão de ligamentos, que pode ser classificada conforme sua gravidade em grau 1 (lesões leves, estiramento de poucas fibras), grau 2 (lesões moderadas, ruptura parcial do ligamento) e grau 3 (lesões graves, ruptura total do ligamento). Os entorses são muito comuns na articulação do joelho e do tornozelo (quando pisamos em um terreno irregular, por exemplo). São comuns também na prática esportiva, quando as articulações são submetidas a um estresse maior do que o habitual. Observação Ligamentos são estruturas constituídas por tecido conjuntivo e têm a função de conectar um osso ao outro, mantendo o alinhamento e a estabilidade articular. Fibras rotas do ligamento talofibular anterior Figura 27 – Entorse no tornozelo Sinais e sintomas: • dor; • edema; • dificuldade ou incapacidade de usar a articulação, dependendo da gravidade do entorse. 91 PRIMEIROS SOCORROS O que fazer? • Compressas de gelo para conter o processo inflamatório (edema, dor, sangramento); o gelo pode ser aplicado de 15 a 25 minutos, dependendo da articulação acometida; isso deve ser repetido de três em três horas, nos dois primeiros dias. • Repouso e proteção da articulação acometida. • Elevação da articulação acometida, principalmente em caso de entorses do tornozelo, para controlar edema. • Imobilização para transporte: como não é possível saber se a pessoa teve uma lesão mais grave associada, como uma fratura, deve ser sempre encaminhada ao hospital. Além disso, em entorses mais graves, é necessário um período de imobilização com órtese ou gesso para recuperação do ligamento, por isso a avaliação médica é fundamental. 7.5.2 Luxações Luxação é um desvio ou separação de um osso de sua posição normal na articulação. É uma condição potencialmente grave, pois, quando há separação das superfícies articulares, feixes vasculares, tendões e nervos são tracionados, podendo levar a sérias lesões nessas estruturas. É comum as luxações estarem associadas a uma fratura, o que torna o quadro mais complicado. As luxações geralmente são causadas por um trauma, como uma queda ou um acidente automobilístico. No entanto, algumas vezes a luxação pode ocorrer sem a presença de um trauma significativo. Nesses casos, por um processo de microlesões de repetição, ocorre uma lassidão do tecido conjuntivo, como cápsula articular e ligamentos, o que propicia a instabilidade da articulação. A articulação do corpo mais comumente acometida por luxação é o ombro, embora luxações patelares e do cotovelo também sejam frequentes. Figura 28 – Luxação de ombro 92 Unidade II Figura 29 – Ombro luxado Sinais e sintomas: • perda dos contornos normais da articulação (deformidade); • edema; • dor intensa; • incapacidade de movimentar aquela articulação. O que fazer? • Aplicar compressas de gelo para conter o processo inflamatório (edema, dor, sangramento). • Não tentar reposicionar a articulação! Esse procedimento só poderá ser realizado por um médico habilitado. • Protegere imobilizar o segmento e levar a pessoa a um hospital com urgência; se não for possível, chamar o resgate. Após a redução (correção) da luxação, o médico testará a sensibilidade e o pulso do segmento para avaliar a integridade dos nervos e vasos. Geralmente, após a luxação, o paciente ficará imobilizado por um período, para restabelecimento dos tecidos lesionados. 7.5.3 Fraturas As fraturas são lesões ósseas de origem traumática, embora possam ocorrer pela exposição do osso a pequenas sobrecargas repetitivas (fraturas de estresse). Podem ocorrer em qualquer osso do corpo humano, mas alguns tipos de quedas e algumas atividades esportivas podem gerar fraturas típicas, como a do osso escafoide (punho), que ocorre comumente na queda com a mão espalmada. 93 PRIMEIROS SOCORROS Podem ser fechadas, quando a pele permanece intacta e não há ferimentos em volta, ou abertas, quando a pele sobre o local da fratura é danificada e o osso pode ficar exposto através do ferimento. Nesse tipo de fratura, a chance de infecção é alta. Sinais e sintomas: • dor; • deformidade ou angulação do segmento fraturado; • crepitação (ruído ou sensação produzidos pelo atrito entre extremidades ósseas); • edema; • hematoma; • perda de função: incapacidade de movimentar ou usar o membro (às vezes é possível, dependendo da fratura, a vítima conseguir usar ou mover o osso); • se for uma fratura aberta, pode haver fragmentos de ossos expostos. O que fazer? • Acalmar a passar tranquilidade ao paciente. • Prestar atenção aos sinais de choque hipovolêmico: manter o paciente em decúbito e aquecido. • Fazer compressas com gelo, se possível (fraturas fechadas). • No caso de fraturas expostas, proteger o ferimento e conter a hemorragia, se houver. • Imobilizar o segmento para transporte ou protegê‑lo até a chegada do resgate (nos casos de suspeita de fratura, a imobilização deve ser aplicada em uma articulação acima e uma abaixo da fratura). • Não deslocar, remover ou transportar o acidentado de fratura antes de ter a parte afetada corretamente imobilizada. A única exceção a ser feita é para os casos em que o acidentado corre perigo iminente de vida. Lembrete Nos casos de fraturas expostas com presença de sangue, devem‑se utilizar os equipamentos de proteção individual para os cuidados de primeiros socorros. 94 Unidade II 7.6 Imobilizações Existem algumas técnicas de imobilização que facilitam muito o transporte da vítima que sofreu um trauma ortopédico, protegendo o segmento que sofreu a lesão. É possível improvisar uma tala com alguns materiais disponíveis em casa, como cabos de vassoura, travesseiros, pedaços de papelão, guarda‑chuvas, tábuas de passar roupas, revistas enroladas, gravatas. Também é possível realizar tala anatômica, ou autoimobilização, amarrando e fixando a parte lesionada a um segmento adjacente, como imobilizar um dedo atando‑o a outro, uma perna à outra ou um braço contra o peito. Figura 30 – Autoimobilização Na dúvida, considere qualquer lesão uma possível fratura e imobilize o membro, se for transportar a vítima. A imobilização minimiza os danos às partes moles, nervos e músculos, evita que uma fratura fechada se transforme em aberta e minimiza o sangramento e o inchaço. Deve‑se imobilizar sempre uma articulação acima e uma abaixo do ponto da fratura ou da suspeita de fratura. Isso garante a estabilidade do segmento. Quando é uma articulação que está machucada, mantenha o raciocínio: imobilize um osso acima e outro abaixo. 95 PRIMEIROS SOCORROS Não tente corrigir nenhum desvio ou angulação ao imobilizar o membro — isso só pode ser feito no hospital pelo médico ortopedista. Se a fratura for exposta, cubra os ferimentos com curativos estéreis antes de colocar a tala. Sempre verifique os pulsos antes e depois da imobilização, para assegurar‑se de que não houve compressão e restrição do fluxo sanguíneo. Antes de transportar a vítima, imobilize‑a. A) B) C) D) Figura 31 – Talas improvisadas 7.7 Transporte adequado da vítima Não existe uma regra fixa de como ou quando devemos movimentar ou transportar um paciente. Essa decisão depende de muitos fatores, como condições da cena, estado da vítima e número de socorristas disponíveis. Em princípio, deve‑se evitar a manipulação do paciente, principalmente em casos de trauma, pois isso pode agravar sua condição. O ideal, nesses casos, é prestar os primeiros socorros no local e aguardar a chegada do atendimento especializado. 96 Unidade II Se possível, tente manter o paciente em repouso, mesmo que ele tenha condições de mover‑se (nem todos os sinais e sintomas aparecem imediatamente). No entanto, existem muitas situações nas quais é primordial realizar a mudança de decúbito ou o transporte da vítima, a fim de garantir sua segurança e a do socorrista. Na sequência listamos alguns fatores para que consideremos a movimentação do paciente: • Segurança do local: incêndio, risco de explosões, vazamento de gás, risco de desabamento, trânsito descontrolado. A situação é tão perigosa para o paciente e para o socorrista que não há opção a não ser transportá‑lo. • Posição do paciente: os cuidados do salvamento não podem ser realizados devido à posição do paciente. Por exemplo, para realizar a ressuscitação cardiopulmonar é preciso que ele esteja em decúbito dorsal sobre uma superfície plana e rígida. • Emergências clínicas: ocorrem quando um paciente não sofreu trauma, mas apresenta uma condição clínica grave que necessita intervenção médica imediata — por exemplo: uma reação alérgica severa, AVE, envenenamento ou uma emergência diabética. Muitas vezes, levá‑lo ao hospital será mais rápido do que aguardar o resgate. Uma vez verificada a necessidade transportar um acidentado, é fundamental assegurar‑se da manutenção da respiração e dos batimentos cardíacos. As hemorragias devem ser controladas, e as lesões ortopédicas, imobilizadas. Lembrete Em qualquer quadro em que haja parada cardiorrespiratória, o paciente não deve ser transportado. As manobras de RCP devem ser iniciadas no local até a chegada do suporte avançado (resgate). O paciente só deve ser retirado do local se houver perigo ambiental iminente (explosão, fogo etc.). Para escolher qual técnica de transporte utilizar, devem‑se levar em conta as circunstâncias do momento: • O acidentado está consciente ou inconsciente? • A vítima pode deambular? • Quais as condições clínicas? Existe a possibilidade de choque? (Nesse caso, o paciente deve ser transportado deitado.) • Existe suspeita de trauma na coluna? (Nesse caso, deve‑se sempre fazer o transporte em superfície rígida com duas ou três pessoas para garantir a estabilidade da coluna.) 97 PRIMEIROS SOCORROS • Quantos socorristas e voluntários estão disponíveis? • Qual o preparo físico do socorrista? A seguir serão listados alguns métodos de transporte de pacientes em primeiros socorros (FIOCRUZ, 2003). 7.7.1 Transporte com um socorrista Transporte de apoio O braço do acidentado é passado por trás da nuca do socorrista, que segura sua cintura. É adequado para acidentados conscientes e apenas com ferimentos leves, embora seja útil também para vítimas de desmaios ou vertigens. Figura 32 – Transporte de apoio Transporte no colo Usamos esse tipo de transporte em casos de envenenamento ou picada por animal peçonhento em que o acidentado esteja consciente, ou em casos de lesão ortopédica no tornozelo ou no pé. 98 Unidade II Figura 33 – Transporte no colo Transporte nas costas Pode ser utilizado para envenenamentos, por exemplo, ou lesões ortopédicas de tornozelo e pé previamente imobilizadas. Figura 34 – Transporte nas costas Transporte de bombeiro Pode ser usado em casos que não envolvam fraturas e lesões graves. É um meio de transporte eficaz e muito útil, se puder ser realizado por uma pessoa ágil e fisicamente capaz. 99 PRIMEIROS SOCORROS Figura 35 – Transporte de bombeiro Transporte de arrasto com lençol Não deve ser realizado em casosde fratura de coluna. Figura 36 – Transporte de arrasto com lençol 100 Unidade II 7.7.2 Transporte com dois socorristas Transporte de apoio Adequado para acidentado consciente apenas com ferimentos leves. Útil também para vítimas de desmaios ou vertigens. Figura 37 – Transporte de apoio Transporte de cadeirinha A vítima deve estar bem para poder segurar os socorristas. Esse tipo de transporte é útil para lesões ortopédicas de tornozelo e pé, picadas de animais peçonhentos, entre outras. Figura 38 – Transporte de cadeirinha 101 PRIMEIROS SOCORROS Transporte pelas extremidades Esse tipo de transporte só deve ser feito se não houver suspeita de fraturas na coluna ou nos membros da vítima. Figura 39 – Transporte pelas extremidades Transporte ao colo Esse tipo de transporte só deve ser feito se não houver suspeita de fraturas na pelve. Figura 40 – Transporte ao colo Transporte de cadeira Quando a vítima está em uma cadeira, pode ser transportada nela, com uma pessoa segurando o assento à frente e a outra segurando no encosto, por trás. 102 Unidade II Figura 41 – Transporte de cadeira 7.7.3 Transporte com três socorristas Transporte ao colo Não deve ser realizado em caso de suspeita de fratura da coluna ou pelve. O movimento deve ser coordenado através de contagem, passando da posição ajoelhada para a posição em pé. Figura 42 – Transporte ao colo 103 PRIMEIROS SOCORROS Transporte no lençol Não deve ser realizado em caso de suspeita de fratura da coluna. Figura 43 – Transporte no lençol Transporte de maca – como improvisar uma maca Em alguns casos, como quando há suspeita de fratura na coluna, o transporte mais seguro é aquele feito em uma maca. Pode‑se improvisar uma maca com paletós com as mangas do avesso e para dentro, passando por cabos de vassoura. Podem‑se também utilizar portas ou tábuas de passar roupas. Não deve ser realizado em caso de suspeita de fratura da coluna. Figura 44 – Maca A remoção de uma vítima com suspeita de fratura da coluna ou pelve que esteja em estado grave sem expectativa de chegada do resgate deve ser efetuada como se seu corpo fosse uma peça rígida, ficando cada pessoa responsável por um segmento. O movimento deve ser coordenado de modo que todos a levantem ao mesmo tempo, causando o mínimo de desvio possível. Lembre‑se de que isso se aplica apenas a situações extremas. O ideal é aguardar a chegada do resgate. 104 Unidade II 7.8 Tipos de ferimentos Ferimentos são lesões dos tecidos moles produzidas por trauma. De maneira geral, as feridas podem ser classificadas em: fechadas e abertas. 7.8.1 Feridas fechadas – contusão Nas feridas fechadas, a pele não foi rompida. Tais lesões são normalmente provocadas por um impacto e pode haver lesão e sangramento interno, que varia de leve a intenso. Como a pele está íntegra, esse sangramento vaza entre os tecidos, causando um hematoma, que pode variar de cor, passando de preto ou roxo para amarelo‑amarronzado. Normalmente as contusões não são sérias, mas em casos de contusão extensa, pode haver sangramento intenso com graves danos aos tecidos. Contusões abdominais e torácicas, como será visto mais adiante, são perigosas e exigem cuidados especiais. O que fazer? • Manter em repouso o segmento contundido. • Aplicar compressas com gelo para controle da dor, edema e hematoma (primeiras 48 horas). 7.8.2 Feridas abertas Nas feridas abertas, há lesão na pele. São elas: • Escoriações: lesões simples da camada superficial da pele ou mucosas. Não apresentam risco à vítima, mas são extremamente dolorosas. São comuns em quedas quando a pele sofre arranhões devido à aspereza do terreno. • Lesões corto-contusas: produzidas por objetos cortantes (lâminas, facas), podem causar danos a tendões, músculos, nervos e vasos. Causam sangramento de graus variados. • Lacerações: são lesões de cortes irregulares (tecido rasgado), geralmente por um objeto que não tem a lâmina afiada. • Perfurações: perfuração da pele e tecidos subjacentes por objetos pontiagudos. Ferimentos por armas de fogo são também perfurações. Lesões perfurantes de tórax e abdômen devem ser prontamente ocluídas e levadas ao hospital imediatamente. • Empalamentos: tipo de perfuração na qual o objeto penetrante ainda se encontra encravado. • Amputações traumáticas: separação de um membro ou estrutura (dedos, mãos, pés, braços ou pernas). Podem ser causadas por objetos cortantes, esmagamentos ou forças de tração. Geralmente são decorrentes de acidentes de trabalho e automobilísticos, com prevalência em homens jovens. 105 PRIMEIROS SOCORROS • Esmagamentos: podem resultar em lesões fechadas ou abertas, dependendo da gravidade. Associados a desabamentos e acidentes automobilísticos, com grave comprometimento dos tecidos. O que fazer? • O socorrista deve lavar as mãos e colocar luvas antes de iniciar o procedimento. • Lavar a ferida com água e sabão, para evitar infecções (escoriações e lesões corto‑contusas). • Controlar o sangramento com compressões diretas e aplicação de curativos e bandagens. Nos empalamentos, não se deve tentar remover o objeto! O correto é estabilizar o ferimento com curativos em volta do objeto encravado e levar o ferido ao hospital o mais breve possível. Nas amputações, o procedimento é acionar o resgate ou pedir que alguém o faça. Feito isso, a assistência envolve vários passos: • Acalmar a vítima enquanto se controla a hemorragia (compressão no local da amputação). • Recuperar o membro (envolvendo‑o numa compressa limpa e molhada, colocá‑lo em dois sacos plásticos e depois em um isopor com gelo e tampa, para que possa ser reimplantado). • Enviar o membro amputado com a vítima na ambulância. As vítimas de amputação correm risco de choque hipovolêmico e por isso precisam ser encaminhadas ao hospital com urgência. Observação Nunca coloque a parte amputada diretamente em um recipiente com gelo, pois isso pode causar a morte celular e não haverá possibilidade de reimplante. 8 EMERGÊNCIAS OBSTÉTRICAS O motivo de esse tema ser abordado no livro de primeiros socorros deve‑se ao fato de que pode acontecer de uma gestante entrar em trabalho de parto sem que haja tempo de transportá‑la para uma maternidade ou hospital. Muitas vezes nem mesmo é possível aguardar a chegada de uma equipe do Samu ou dos bombeiros. Nesse tipo de situação, é preciso dar apoio e acalmar a gestante, dando suporte para o trabalho de parto. 106 Unidade II O parto é um processo natural e na maioria das vezes acontece sem intercorrências. No entanto, emergências com a mãe e com o bebê podem ocorrer, por isso é importantíssimo que o socorrista esteja atento aos principais sinais de complicações. 8.1 O bebê e a anatomia da gestação Um bebê, enquanto está crescendo e se desenvolvendo dentro do útero materno, é chamado de feto. O feto recebe nutrição e oxigênio através da placenta, que é uma estrutura arredondada altamente vascularizada ligada à parte interna do útero. Da placenta se origina o cordão umbilical, que se conecta com o bebê através de seu abdômen (mais precisamente no umbigo). O cordão tem aspecto de uma corda e contém uma veia e duas artérias em espiral, por onde entram os nutrientes provenientes da circulação materna e saem as excreções do feto para a corrente sanguínea da mãe. A troca de nutrientes e excreções através da placenta ocorre sem que o sangue do bebê e da mãe se misturem. A placenta também tem a função de produzir hormônios, como o estrogênio e a progesterona, que sustentam a gestação. Após um parto normal, a placenta se desprende do útero e é expulsa, saindo pelo canal vaginal alguns minutos após a saída do bebê. O feto fica dentro do saco amniótico, também chamado de “bolsa”, imerso no líquido amniótico, que o cerca e protege. Normalmente a bolsa se rompe um pouco antes do trabalho de parto ou durante ele, e o líquido escorre pela vagina. Essa é uma informação importante que deve ser conhecida pela pessoa que estiver auxiliando o parto. Nagestação, o colo uterino, também chamado de cérvix, possui um tampão mucoso que é expelido durante sua dilatação no início do trabalho de parto. Normalmente, a mulher nota a saída do tampão pelo canal vaginal, que tem aspecto de muco tingido de cor de rosa, devido à presença de sangue (sinal da mancha de sangue). Durante o trabalho de parto, os músculos do útero se contraem e empurram o bebê para baixo, através do cérvix, que se dilata cada vez mais para permitir a passagem da cabeça em direção à vagina – a qual possui uma camada de músculo liso que torna possível sua distensão para acomodar a passagem bebê. A apresentação é o termo utilizado para fazer referência à parte do bebê que aparece primeiro no canal de parto. No parto normal, o mais comum e esperado é que a cabeça apareça primeiro (apresentação cefálica), porém em alguns casos pode ser uma perna, um braço ou as nádegas, o que pode complicar a situação. 8.2 Etapas do trabalho de parto 8.2.1 Primeira fase: dilatação Inicia‑se com as contrações uterinas até a completa dilatação do cérvix, para que o bebê possa entrar no canal vaginal. É a etapa mais longa e normalmente começa com uma dor na região das costas, que progride para uma dor na parte inferior do abdômen. 107 PRIMEIROS SOCORROS As contrações são a causa de dor do parto. São cíclicas, ou seja, há alternância em períodos de contração e relaxamento. No início do trabalho de parto, os intervalos de contração são distantes (um a cada 30 minutos), porém, o tempo entre uma contração e outra diminui com a aproximação do nascimento (a cada três ou dois minutos). A duração da contração diz respeito ao tempo em que o útero fica contraído, que normalmente vai de 30 segundos a um minuto. 8.2.2 Segunda fase: coroação e parto Tem início quando o bebê entra no canal de parto e vai até seu nascimento. As contrações ficam mais próximas e duram mais. A mãe pode experimentar uma vontade de evacuar devido à pressão que o bebê exerce no reto à medida que desce pelo canal de parto. A coroação ocorre quando a cabeça do bebê (ou outra parte do corpo) aparece na abertura vaginal e pode ser visualizada. Isso significa que o nascimento é iminente. Logo após a cabeça do bebê aparecer, os ombros e o corpo vêm em seguida. 8.2.3 Terceira fase: dequitação Vai do nascimento do bebê até a saída da placenta, que se separa da parede uterina e é expelida junto com as membranas do saco amniótico. Alguns sinais e sintomas indicam que o parto é iminente, ou seja, está para acontecer: • coroação entre as contrações; • intervalo de pelo menos dois minutos entre as contrações; • contrações intensas e demoradas (duração de 40 a 90 segundos); • vontade de evacuar; • abdômen rígido. 8.3 Como transportar uma mulher em trabalho de parto Se for possível e as condições indicarem que há tempo hábil, deve‑se tentar transportar a gestante para um hospital. Para isso: • Manter a gestante deitada durante todo o trajeto, sem roupas íntimas que possam atrapalhar o parto. • Colocar um lençol, toalha ou cobertor limpo sob as nádegas e a parte inferior das costas. 108 Unidade II • Pedir para a gestante manter os joelhos dobrados e membros inferiores afastados para que se possa monitorar o canal de parto. • Jamais solicitar que a gestante cruze ou junte as pernas, pois a pressão pode prejudicar seriamente o bebê. • Se a gestante estiver com enjoos ou vomitar, sua cabeça deve ser virada e mantida para o lado, e sua boca, limpa. Quando não transportar a gestante prestes a dar à luz: • quando não existir disponibilidade de transporte adequado; • quando não for possível chegar ao hospital (enchentes, desastres naturais, greves e outras situações similares); • quando o parto for esperado para os próximos cinco minutos. Nesse caso, acione o resgate e inicie o auxílio à gestante em trabalho de parto. Algumas perguntas devem ser feitas, pois fornecem informações importantes acerca da saúde da mãe e do bebê: idade e data esperada do parto; se teve acompanhamento médico durante a gravidez e telefone do médico (tente contato telefônico se possível); se tem alguma complicação conhecida, como hipertensão ou diabetes; se teve perda de muco (tampão) ou se a bolsa rompeu (neste caso questionar a cor do fluido, pois se estiver escuro esverdeado o feto pode estar em sofrimento e isto requer transporte imediato ao hospital); se é a primeira gravidez (o trabalho de parto de uma primigesta é de cerca de 16 horas, o que aumenta a chance de transporte ao hospital; o tempo de trabalho de parto é bem menor para cada gestação subsequente). 8.4 Auxiliando o parto Assuma que todos os fluidos e sangue da mãe e do bebê são contaminados, por isso use os EPIs: luvas, máscaras e óculos de proteção, se disponíveis. Providencie lençóis, toalhas e mantas limpas, saco plástico para guardar a placenta (esta precisará ser examinada posteriormente por um médico) e um cordão para amarrar o cordão umbilical. Dê apoio emocional à gestante durante todo o processo e tente proporcionar um ambiente de privacidade, pedindo às pessoas que saiam. Se a mulher sentir vontade de evacuar, não permita que ela vá ao banheiro; essa sensação é causada pela compressão do reto durante a passagem do bebê pelo canal do parto. Fora isso, aja da seguinte forma: • Acomode a mãe: deite a mulher de costas com os joelhos separados e membros inferiores bem afastados (numa cama e, se não for possível, no chão); cubra‑a com um lençol ou toalha, para preservar sua privacidade. 109 PRIMEIROS SOCORROS • Eleve a pelve da gestante com cobertor, lençol ou toalha dobrada; apoie a cabeça e os ombros com travesseiros. • A mãe deve descansar entre as contrações; durante a contração, deve fazer a maior força possível, empurrando o bebê para baixo. • Cheque a coroação. Se a cabeça já aparecer, solicite à mãe que faça força para empurrar a fim de que a cabeça do bebê deslize para fora do canal de parto; enquanto isso, apoie a cabeça do bebê, evitando pressionar as fontanelas (parte mole no topo do crânio). Não puxe o bebê! • Pode haver laceração do períneo (espaço entre o ânus e a vagina), mas essa complicação pode ser tratada posteriormente em ambiente hospitalar. • Se o saco amniótico ainda não estiver rompido, rasgue‑o com os dedos, puxando a membrana para longe do nariz e da boca do bebê (se a bolsa não for rompida, ela impedirá a sua respiração). • Quando a cabeça já tiver saído, deve‑se verificar se o cordão está ao redor do pescoço; em caso positivo, utilize dois dedos para passá‑lo sobre a cabeça do bebê. • A maioria dos bebês nasce com a face voltada para baixo e gira para a direita ou esquerda depois da saída da cabeça; logo depois, saem os ombros e o tórax. Continue apoiando o bebê durante todo o processo; como ele está escorregadio (coberto com uma substância gordurosa e esbranquiçada, o vérnix caseoso), uma toalha limpa ajudará a segurá‑lo. • Uma vez que o bebê tenha saído completamente (fim da segunda fase do trabalho de parto), mantenha a criança com a cabeça ligeiramente abaixada para que sangue, fluidos e muco escoem da boca e do nariz. Enxugue a boca e o nariz com gaze. • Mantenha o bebê no mesmo nível da vagina, deitado de lado e envolto em um cobertor. • Mantenha a mãe deitada até a saída da placenta, que pode durar de 10 a 20 minutos (não tente puxá‑la!), e guarde‑a em um saco plástico para exame posterior (entregue‑o para o pessoal do resgate). • Coloque um absorvente higiênico ou uma toalha sobre a abertura vaginal sem introduzir nada na vagina. Junte os membros inferiores da parturiente, elevando seus pés. • Registre a hora do parto. A perda de sangue através da vagina é normal após o parto, no entanto, em caso de sangramento excessivo, massageie o útero com a mão espalmada na parte inferior do abdômen (movimentos circulares); se o sangramento persistir, há risco de choque e por isso a mulher deve ser transportada imediatamente ao hospital. 110 Unidade II 8.5 Cuidando do cordão umbilicalNão há necessidade de amarrar ou cortar o cordão, se a placenta ainda não tiver sido expelida. Enquanto houver pulsação, o bebê receberá oxigênio do sangue da mãe, o que é positivo. Logo que a placenta sair, deve‑se amarrar o cordão com cadarços limpos de sapato. Usar barbante é perigoso, pois pode cortá‑lo em vez de amarrá‑lo. Amarre o cordão a aproximadamente 25 cm do abdômen do bebê, com nó duplo. Faça a segunda amarração distante da primeira cerca de 7 cm (em direção ao abdômen). Uma vez amarrado, o ideal é aguardar auxílio médico e deixar para a equipe de suporte avançado (SAV) a tarefa de cortar o cordão. No entanto, se isso realmente não for possível – se o resgate não estiver a caminho ou se não houver meios de transportar a mãe e a criança – o corte do cordão deve ser feito com uma tesoura previamente fervida (o bebê pode desenvolver uma infecção se o cordão for cortado com material não esterilizado). Não toque as superfícies da lâmina após a desinfecção. Faça o corte entre as duas amarrações. 8.6 Cuidando do bebê Após o nascimento, deve‑se proteger o bebê para evitar perda de calor e hipotermia, já que ele perde calor facilmente (superfície corporal proporcionalmente maior que a de adultos). Portanto, seque‑o imediatamente, enrole‑o em um cobertor e cubra a cabeça dele. Observe a cor da pele, o pulso, a respiração e a presença de choro. É esperado que o bebê chore. Além disso, sua frequência respiratória deve ser de no mínimo 40 respirações por minuto, e a frequência cardíaca de no mínimo 100 batimentos por minuto (HAFEN; KARREN, FRANDSEN, 2002). A angústia respiratória é indicada por coloração azul da pele (cianose), pulso fraco, ausência de choro e respiração irregular, superficial ou ausente. Caso o bebê apresente esses sinais, pode ser necessário encorajá‑lo a respirar batendo levemente na sola dos pés ou esfregando suas costas em movimentos circulares, usando três dedos. Se o bebê necessitar de respiração de salvamento, faça respiração boca a boca na frequência de uma respiração a cada três segundos. Se a frequência cardíaca for menor que 80 batimentos por minuto, inicie as compressões torácicas. Se for menor do que 60 batimentos por minuto, inicie as compressões com respiração. Figura 45 – Estimulando o bebê a respirar 111 PRIMEIROS SOCORROS Resumo As intercorrências com animais peçonhentos incluem abelhas, escorpiões, aranhas e serpentes. A conduta de forma geral é lavar o local com água e sabão, não passar nenhum tipo de pomada ou remédio caseiro e transportar a vítima rapidamente ao hospital. Se for possível, deve‑se capturar ou tirar uma foto do animal para a instituição do antiveneno correto. Queimaduras podem ser de primeiro grau (atingem apenas a epiderme), segundo grau (atingem a epiderme e parte da derme) e de terceiro grau (destroem todas as camadas da pele, podendo atingir tecidos mais profundos). A gravidade da queimadura não está na profundidade da lesão, mas sim na extensão. As complicações incluem septicemia, hipotermia e distúrbios hidroeletrolíticos, que podem levar à morte. A primeira providência é lavar a região abundantemente com água na temperatura ambiente (se a queimadura for química, lavar mais tempo), cobrir com panos limpos para evitar infecção e levar a vítima ao hospital. A primeira ação que deve ser tomada ao prestar auxílio à vítima de choque elétrico é o desligamento da energia elétrica no quadro de força. Feito isso, verificar imediatamente o pulso e a respiração, pela grande possibilidade de esse tipo de paciente desenvolver PCR. Se necessário, iniciar a RCP. Avaliar a presença de queimaduras ou fraturas e tomar as medidas cabíveis, até a chegada do socorro especializado ou transporte ao hospital. Só ajude uma pessoa afogando‑se na água se sentir‑se seguro para isso. De preferência ofereça flutuação para depois realizar o resgate. Ao retirar a vítima da água, coloque‑a em decúbito dorsal e cheque a respiração e o pulso. Ela pode estar em parada cardiorrespiratória (afogamento grau 4) ou somente em parada respiratória (afogamento grau 5). Acione o resgate e inicie o suporte básico de vida com as manobras de RCP cabíveis. Os casos de afogamento apresentam uma grande tolerância à falta de oxigênio, por isso deve‑se tentar a RCP além do limite estabelecido para outras patologias. Traumas podem ocasionar lesões de gravidade variável. Avalie a vítima e verifique as necessidades. Se for preciso, inicie o SBV. Atente para hemorragias e possível estado de choque. Verifique abdômen e tórax. O transporte da vítima de trauma deve ser realizado por pessoal especializado, por isso só a movimente se absolutamente necessário (parada cardiorrespiratória ou perigo iminente, como explosões). Existem várias técnicas de transporte 112 Unidade II de vítimas — sua escolha deverá ser baseada no número de socorristas disponíveis e nas condições do paciente. Lesões musculoesqueléticas podem ser entorses, luxações ou fraturas. Nas fraturas, imobilize o segmento para transportar a vítima, uma articulação acima e uma abaixo do ponto de fratura. Para isso, podem ser utilizados travesseiros, cintos, faixas, papelão, guarda‑chuva etc. Feridas no geral devem ser lavadas com água e sabão e verificadas quanto à presença de hemorragias. Nos empalamentos, não tente realizar a retirada dos objetos. Nas amputações traumáticas, após socorrer a vítima e controlar a hemorragia, guarde o segmento amputado em dois sacos plásticos e coloque‑o em um isopor com gelo, para que possa ser reimplantado. Nunca coloque o segmento amputado direto no gelo. Nos partos iminentes, nos quais não há tempo para transporte ao hospital (coroação do bebê), auxilie o processo. Providencie toalhas e posicione a gestante, incentivando‑a a fazer força durante a contração (deve descansar entre as contrações). Segure o bebê conforme nasce, apoiando‑o pela cabeça sem puxá‑lo. Lembre‑se, a maioria dos partos ocorre sem maiores intercorrências. Aguarde a saída da placenta naturalmente (não a puxe). Depois de expelida, amarre o cordão umbilical em dois pontos, usando um cadarço, por exemplo. Não corte o cordão, espere o resgate. Seque e enrole o bebê em um cobertor, para que não perca calor. Atenção à sua respiração, pulso e coloração. Se necessário, incentive sua respiração massageando as costas. No caso de queda na frequência cardíaca (menor que 80 bpm), inicie as manobras de RCP para bebês. Exercícios Questão 1. (Cesgranrio 2012, adaptada) Primeiros socorros dizem respeito às medidas imediatamente aplicadas a um acidentado, enquanto se aguarda assistência médica. Com relação à aplicação das medidas de primeiros socorros, analise as afirmativas a seguir. I – Ao se retirar o capacete de um acidentado, poderá ocorrer lesão da coluna vertebral. II – O indivíduo que presta socorro à vítima de acidente de trânsito tem por objetivo principal aliviar a dor do acidentado. III – Uma de suas regras principais é não movimentar a vítima. É correto o que se afirma em: 113 PRIMEIROS SOCORROS A) I, apenas B) II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Reposta correta: alternativa C. Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: a remoção do capacete é uma manobra que requer extrema precaução, se a coluna cervical da vítima não estiver alinhada. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: o objetivo principal é a preservação da vida e da integridade da vítima. III – Afirmativa correta. Justificativa: o cuidado com a manipulação e o transporte da vítima é fundamental, pois há risco de ocorrer um agravamento do quadro no caso de uma manipulação inadequada. Questão 2. (FCC 2013, adaptada) Uma vítima de atropelamento está deitada na calçada, apresenta‑se sonolenta e observa‑se sangramento de média intensidade na perna esquerda. Ela se queixa de muita dor na cabeça e nas costas. De acordo com as informações das pessoas que presenciaram o acidente, há suspeita de fratura cranianae na coluna vertebral devido ao choque do carro com essas regiões do corpo da vítima. Nessa situação, uma das condutas que a pessoa que socorre pode realizar é: A) Utilizar luva de borracha ou similar, se houver necessidade de entrar em contato com o sangue da vítima. B) Estancar o sangramento por meio da aplicação de compressa ou bolsa de água quente sobre o local. C) Limpar a lesão na perna esquerda e friccionar vigorosamente o local com antisséptico. D) Avaliar a motricidade por meio de testes de flexão e rotação da cabeça e da coluna vertebral. 114 Unidade II E) Oferecer líquidos e alimentos quentes à vontade, objetivando manter uma hidratação adequada. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: a primeira atitude a ser tomada pelo socorrista é a de avaliar a cena (os riscos que o socorro pode gerar naquela situação); se tiver contato com sangue, é imprescindível o uso de luvas próprias ou adaptadas que evitem o contato direto. B) Alternativa incorreta. Justificativa: para interromper hemorragias, caso existam, é necessário aplicar ligeira pressão sobre o local, com um pano, gaze ou compressa limpa. C) Alternativa incorreta. Justificativa: não limpar lesões e não friccionar vigorosamente o local com antisséptico. D) Alternativa incorreta. Justificativa: manter a vítima imobilizada, evitando mexer no pescoço, pois podem existir danos na coluna. E) Alternativa incorreta. Justificativa: não oferecer bebidas ou alimentos à vítima, mesmo se houver queixa de fome ou sede. 115 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 SAMU‑192.JPG. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/jpg/2019/janeiro/23/samu‑ 192.jpg. Acesso em: 13 nov. 2019. Figura 2 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 22. Figura 3 DISQUE, K. Basic Life Support (BLS). 4th ed. Michigan: Satori Continuum Publishing, 2016. E‑book. Figura 4 GONZALES et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 101, n. 2, supl. 3, p. 1‑221, 2013. p. 8. Figura 5 GONZALES et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 101, n. 2, supl. 3, p. 1‑221, 2013. p. 5. Figura 6 A) GONZALES et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 101, n. 2, supl. 3, p. 1‑221, 2013. p. 5. B) GONZALES et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 101, n. 2, supl. 3, p. 1‑221, 2013. p. 5. Figura 7 DISQUE, K. Basic Life Support (BLS). 4th ed. Michigan: Satori Continuum Publishing, 2016. E‑book. Figura 8 DISQUE, K. Basic Life Support (BLS). 4th ed. Michigan: Satori Continuum Publishing, 2016. E‑book. 116 Figura 9 MOORE, K.; DALLEY, A.; AGUR, A. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. p. 369. Figura 10 AGUR, A. M. R.; DUGANI, S.; ALFONSI, J. E. Anatomia clínica: integrada com exame físico e técnicas de imagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. p. 326. Figura 11 BERGERON, J. D. et al. Primeiros socorros. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007. Figura 12 MOORE, K.; DALLEY, A.; AGUR, A. Anatomia orientada para a clínica: 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. p. 1023. Figura 13 GONZALES et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 101, n. 2, supl. 3, p. 1‑221, 2013. p. 161. Figura 14 GONZALES et al. I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 101, n. 2, supl. 3, p. 1‑221, 2013. p. 96. Figura 15 FLOR‑NATUREZA‑INSETO‑ABELHA‑BEE‑3316074/. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/flor‑ natureza‑inseto‑abelha‑bee‑3316074/. Acesso em: 13 nov. 2019. Figura 16 PITCHON, R. et al. Alergia a himenópteros: do ambulatório à urgência. Revista Médica de Minas Gerais, v. 24, supl. 2, p. 6‑12, 2014. p. 9. Figura 17 ESCORPI%C3%A3O‑ADULTO‑F%C3%AAMEA‑GR%C3%A1VIDA‑1165688/. Disponível em: https:// pixabay.com/pt/photos/escorpi%C3%A3o‑adulto‑f%C3%AAmea‑gr%C3%A1vida‑1165688/. Acesso em: 13 nov. 2019. 117 Figura 18 FUNED. Guia de bolso: animais peçonhentos. Belo Horizonte: Funed, 2015. Figura 19 MORANDINI, A. C. et al. Cubozoa e Scyphozoa (Cnidaria: Medusozoa) de águas costeiras do Brasil. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, v. 95, n. 3, p. 281‑294, 30 set. 2005. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0073‑47212005000300008&lng=en&nrm=isso. Acesso em: 4 nov. 2019. Figura 20 HADDAD JUNIOR, V.; SZPILMAN, D.; SZPILMAN, M. Recomendação Sobrasa: lesões por água‑viva. Rio de Janeiro: Sobrasa, 2017. p. 4. Figura 21 FUNED. Guia de bolso: animais peçonhentos. Belo Horizonte: Funed, 2015. Figura 22 FUNED. Guia de bolso: animais peçonhentos. Belo Horizonte: Funed, 2015. Figura 23 TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. p. 168. Figura 24 MOORE, K.; DALLEY, A.; AGUR, A. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. p. 15. Figura 25 SZPILMAN, D. Afogamento: boletim epidemiológico no Brasil 2018. Rio de Janeiro: Sobrasa, 2018. p. 1. Disponível em: http://www.sobrasa.org/new_sobrasa/arquivos/baixar/AFOGAMENTOS_Boletim_ Brasil_2019.pdf. Acesso em: 10 out. 2019. Figura 26 HAFEN, B. Q.; KARREN, K. J.; FRANDSEN, K. J. Primeiros socorros para estudantes. 7. ed. Barueri: Manole, 2002. p. 158. 118 Figura 27 AGUR, A. M. R.; DUGANI, S.; ALFONSI, J. E. Anatomia clínica: integrada com exame físico e técnicas de imagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. p. 286. Figura 28 HEIDDEGER, W. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. v. 1, p. 103. Figura 29 PEZZI, L. H. A. et al. Anatomia clínica baseada em problemas. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. p. 65. Figura 30 HAFEN, B. Q.; KARREN, K. J.; FRANDSEN, K. J. Primeiros socorros para estudantes. 7. ed. Barueri: Manole, 2002. p. 197. Figura 31 A) HAFEN, B. Q.; KARREN, K. J.; FRANDSEN, K. J. Primeiros socorros para estudantes. 7. ed. Barueri: Manole, 2002. p. 199. B) HAFEN, B. Q.; KARREN, K. J.; FRANDSEN, K. J. Primeiros socorros para estudantes. 7. ed. Barueri: Manole, 2002. p. 200. C) HAFEN, B. Q.; KARREN, K. J.; FRANDSEN, K. J. Primeiros socorros para estudantes. 7. ed. Barueri: Manole, 2002. p. 201. D) HAFEN, B. Q.; KARREN, K. J.; FRANDSEN, K. J. Primeiros socorros para estudantes. 7. ed. Barueri: Manole, 2002. p. 201. Figura 32 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 54. Figura 33 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 55. Figura 34 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 56. 119 Figura 35 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 56. Figura 36 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 57. Figura 37 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 58. Figura 38 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 59. Figura 39 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 59. Figura 40 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 60. Figura 41 BRASIL. Manual de primeiros socorros.Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 60. Figura 42 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 62. Figura 43 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 63. Figura 44 BRASIL. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. p. 66. Figura 45 HAFEN, B. Q.; KARREN, K. J.; FRANDSEN, K. J. Primeiros socorros para estudantes. 7. ed. Barueri: Manole, 2002. p. 348. 120 REFERÊNCIAS Textuais AGÊNCIA LUSA. A OMS estima 372 mil mortes por afogamento a cada ano. Agência Brasil, 17 nov. 2014. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2014‑11/afogamento‑mata‑ 372‑mil‑pessoas‑por‑ano‑revela‑oms. Acesso em: 29 out. 2019. AMERICAN HEART ASSOCIATION. Hands‑only CPR. 2019. Disponível em: https://international.heart. org/en/hands‑only‑cpr. Acesso em: 4 nov. 2019. ANDRADE, A.; PINTO, S. C.; OLIVEIRA, R. S. (org.). Animais de laboratório: criação e experimentação. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002. BARONE, B. et al. Cetoacidose diabética em adultos: atualização de uma complicação antiga. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 51, n. 9, 2007. BERGERON, J. D. et al. Primeiros socorros. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007. BRASIL. Acidentes por animais peçonhentos: o que fazer e como evitar. In: PORTAL do Governo Brasileiro. 2019. 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