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Pré-natal

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EG – Aula 2 – Cuidado Pré-natal na Atenção Básica 
A rede cegonha veio com intuito de estruturar e organizar a atenção à saúde materno-infantil no país. Os 
princípios da rede cegonha são: 
• Humanização do Parto e do Nascimento; 
• Organização dos Serviços de Saúde; 
• Acolhimento da Gestante e do Bebê; 
• Vinculação da Gestante à Maternidade; 
• Realização de Exames de Rotina com Resultados em Tempo Oportuno. 
Consulta Pré-Concepcional 
A consulta pré-concepcional é consulta que o casal faz antes de uma gravidez, objetivando identificar fatores 
de risco ou doenças que possam alterar a evolução normal de uma futura gestação. Nela, deve-se incluir a 
anamnese, exame físico, exames laboratoriais e exames complementares. 
A história clínica objetiva identificar situações que possam complicar a gravidez, como diabetes pré-gestaci-
onal, hipertensão, cardiopatias, tireoidopatias e processos infecciosos, incluindo as doenças sexualmente trans-
missíveis (DST). O uso de medicamentos, o hábito de fumar e o uso de álcool e drogas devem ser verificados. 
Na história familiar, destaca-se a avaliação de doenças hereditárias, pré-eclâmpsia, hipertensão e diabetes. 
Na história obstétrica, é importante registrar o número de gestações anteriores e de partos pré-termo, o in-
tervalo entre os partos, o tipo de parto, o peso ao nascimento e as complicações das gestações anteriores, como 
abortamento, perdas fetais, hemorragias e malformações congênitas. 
No exame geral, cabe verificar especialmente a pressão arterial, peso e altura da mulher. É recomendada a 
realização do exame ginecológico detalhado, com exame de mamas, abdominal, vulvar e vaginal, coleta de 
exame preventivo do câncer do colo do útero e exames complementares de imagem, caso indicados. Em rela-
ção à prevenção e às ações que devem ser tomadas quanto às infecções e a outras doenças crônicas e investigar 
infecções sexualmente transmissíveis (IST’s). Podem ser instituídas ações específicas quanto aos hábitos e ao 
estilo de vida, como orientação nutricional, orientações sobre os riscos do tabagismo e do uso rotineiro de 
bebidas alcoólicas e outras drogas; orientação quanto ao uso de medicamentos; avaliação das condições de 
trabalho; administração preventiva de ácido fólico no período pré-gestacional; 
Pré-Natal 
O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de 
um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e 
as atividades educativas e preventivas. A assistência pré-natal é o campo da medicina preventiva que analisa 
a mulher em um período especial de sua vida, na qual ansiedade, temores, angústia, expectativas e incertezas 
se direcionam de forma caprichosa à hora do parto, momento culminante de um período de vigilante espera e 
de emoção extrema. Segundo a OMS, o número adequado de consultas no pré-natal deve ser igual ou superior 
a 6. A atenção especial deve ser dispensada às gravidas com maiores riscos. 
As consultas deverão ser mensais até a 28ª semana (7º mês), quinzenais entre 28 e 36 semanas e semanais 
no termo até nascimento. Não existe alta do pré-natal. O evoluir da gestação mimetiza manifestações clínicas 
de doenças, na decorrência das adaptações gravídicas do organismo materno. 
Diagnóstico 
O diagnóstico da gravidez pode ser realizado utilizando-se da propedêutica clínica, do diagnóstico laborato-
riais e da ultrassonografia. A propedêutica clínica pode ser realizada pela anamnese e pelo exame físico, uti-
lizando-se de sinais e sintomas, sendo o mais importante o atraso menstrual, podendo estar associado a náuseas 
e vômitos, sialorreia e poliúria, etc. Entre os sinais, podemos individualizar o aumento do volume uterino e 
abdominal, alterações da forma em que o útero se torna globoso (sinal de Noblé-Budin), diminuição da 
consistência do istmo (sinal de Hegar) e diminuição da consistência do colo (sinal de Goodel), aumento da 
vascularização da vagina, do colo e vestíbulo vulvar (sinal de Jacquemier-Kluge) e sinal de Hunter (aréola 
mamária secundária), melasma facial e linha nigra. O diagnóstico laboratorial é realizado pela identificação 
do hormônio coriogonadotrófico (hCG) sérico, qualitativo ou quantitativo (25mUI/ML), sendo recomendável 
aguardar o atraso menstrual de 3 a 5 dias. Ou ainda pela ultrassonografia endovaginal. 
 
Classificação de Risco 
São considerados fatores de risco: 
• Idade menor que 15 e maior que 35; 
• Ocupação com excesso de esforço, estresse ou exposição à agentes físicos, químicos ou mutagênicos; 
• Situação familiar insegura e não aceitação da gravidez; 
• Situação conjugal insegura; 
• Baixa escolaridade; 
• Condições ambientais desfavoráveis; 
• Altura menor que 1,45 m; 
• IMC de baixo peso, sobrepeso ou obesidade; 
Fatores relacionados à história reprodutiva anterior: 
• Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou malformação; 
• Macrossomia fetal; 
• Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas; 
• Intervalo de partos menor do que dois anos ou maior que cinco anos; 
• Nuliparirdade e multiparirdade (cinco ou mais partos); 
• Cirurgia uterina anterior e três ou mais cesarianas; 
• Morte intrauterina ou perinatal; 
• História prévia de doença hipertensiva da gestação; 
• Abortamento habitual; 
• Esterilidade/infertilidade; 
Fatores relacionados às condições prévias: 
• Cardiopatias; 
• Pneumonias graves (incluindo asma); 
• Nefropatias graves; 
• Endocrinopatias; 
• Doenças hematológicas; 
• Hipertensão arterial sistêmica; 
• Doenças neurológicas; 
• Doenças psiquiátricas; 
Resumo dos Sinais 
Sinal de Noblé-Budin: útero se torna globoso. 
Sinal de Hegar: diminuição da consistência do istmo. 
Sinal de Goodel: diminuição da consistência do colo. 
Sinal de Jacquemier-Kluge: aumento da vascularização da região. 
Sinal de Hunter: aréola mamária secundária. 
• Doenças autoimunes; 
• Alterações genéticas maternas; 
• Antecedente de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar; 
• Ginecopatias; 
• Portadoras de doenças infecciosas; 
• Hanseníase; 
• Tuberculose; 
• Usuárias de drogas; 
• Patologias que necessitem de acompanhamento especializado; 
Fatores relacionados à gravidez atual: 
• Restrição do crescimento intrauterino; 
• Polidrâmnio (excesso de líquido amniótico) ou oligoidrâmnio (insuficiência de líquido amniótico); 
• Gemelaridade; 
• Malformações fetais ou arritmia fetal; 
• Distúrbios hipertensivos da gestação; 
• Infecção urinária de repetição ou dois ou mais episódios de pielonefrite; 
• Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de tratamento com sulfato ferroso; 
• Portadoras de doenças infecciosas; 
• Infecções como a rubéola e a citomegalovírus adquiridas na gestação atual; 
• Proteinúria; 
• Diabetes mellitus gestacional; 
• Desnutrição materna severa; 
• Obesidade mórbida ou baixo peso; 
• NIC III; 
• Alta suspeita clínica de câncer de mama ou mamografia com Bi-Rads III ou mais; 
• Adolescentes com fatores de risco psicossocial. 
Consulta Obstétrica 
Durante a consulta obstétrica, deve-se seguir o seguinte roteiro: 
• Identificação (nome, idade, profissão, estado civil, escolaridade, etc); 
• História da paciente: queixa e duração – DUM; 
• História pregressa da moléstia atual; 
• Interrogatório complementar (hábitos da paciente, alergias); 
• Interrogatório sobre os diversos aparelhos; 
• Antecedentes familiares; 
• Antecedentes pessoais: ginecológicos (menstruais, sexuais); 
• Antecedentes pessoais obstétricos: número de gestações e partos (normal e cesárea), idade no primeiro 
parto, peso do recém-nascido, tempo de gestação, intercorrências do ciclo grávido-puerperal, amamen-
tação. 
Já na semiologia obstétrica, deve-se fazer o controle da pressão arterial, mensuração da altura uterina, 
mensuração da circunferência abdominal, palpação obstétrica, ausculta dos batimentos cardíacos fetais 
(>12 semanas de gestação e é consideradonormal entre 120 a 160 bpm). No exame ginecológico, deve veri-
ficar as mamas, fazer o exame especular e toque vaginal. Outra avaliação é o peso materno, onde o ganho 
de peso recomendado na gestação, segundo o estado nutricional (IMC) é: 
• Baixo peso: 12,5 a 18,0 kg; 
• Adequado: 11,5 a 16,0 kg; 
• Sobrepeso: 7,0 a 11,5 kg; 
• Obesidade: 7,0 kg; 
Sobre a orientação nutricional, no primeiro trimestre não há necessidade de aumento dessa ingesta, enquanto 
a recomedação de aumento de calorias ingeridas no segundo trimestre é de 340 kcal/dia e no terceiro trimestre 
de e 452 kcal/dia. Nos micronutrientes, deve-se orientar para o aumento do consumo de alimentos ricos em 
ferro, ácido fólico, cálcio, iodo, vitamina A e D, podendo ser incluído polivitamínicos e a suplementação de 
ácido fólico. 
Os exames complementares que devem ser requisitados são: 
• Hemograma; 
• Tipagem sanguínea e fator Rh; 
• Coombs indireto (anticorpos anti-Rh - se for Rh negativo); 
• Glicemia de jejum; 
• VDRL; HIV; 
• Rubéola e Citomegalovírus; 
• Toxoplasmose IgM e IgG; 
• Hepatite B (HbsAg) e hepatite C (HVC); 
• Exame de urina e urocultura; 
• T4 livre e TSH; 
• Ultrassonografia obstétrica endovaginal (verificar a idade gestacional); 
• Citopatológico de colo de útero; 
• Exame parasitológico de fezes; 
• Exame secreção vaginal e pesquisa Strepto b; 
Além disso, é necessário pedir, de acordo com o trimestre, alguns exames específicos: 
Primeiro Trimestre: ultrassonografia morfológica com perfil bioquímico. 
Segundo Trimestre: ultrassonografia morfológica com dopplerfluxometria das artérias uterinas maternas e 
avaliação do colo uterino por via vaginal e ecocardiografia fetal. 
Terceiro Trimestre: ultrassonografia obstétrica com dopplerfluxometria das artérias uterinas, umbilicais, ce-
rebral média e duto venoso, cardiotocografia anteparto e ressonância nuclear magnética fetal.

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