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Anais-eCICT-2020---Cie770ncias-da-Vida---Demais-Centros

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XXXI CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 
TECNOLÓGICA DA UFRN - eCICT 2020 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS 
Ciências da Vida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXPEDIENTE
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
O Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica (eCICT) é um evento 
aberto à comunidade no qual todos os aproximadamente 1.500 alunos de 
Iniciação Científica e Tecnológica da UFRN (bolsistas e voluntários) apresentam 
os resultados de suas pesquisas desenvolvidas ao longo de um ano, como 
cumprimento de um plano de trabalho elaborado e orientado por um 
professor/pesquisador do quadro permanente da Instituição. 
 
O eCICT está entre as ações inseridas no âmbito do Programa 
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica da UFRN, que 
possui entre seus objetivos: a) Contribuir para a formação e engajamento de 
recursos humanos em atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e 
inovação; b) Contribuir para a formação científica de recursos humanos que se 
dedicarão a qualquer atividade profissional; e c) Contribuir para a formação de 
recursos humanos que se dedicarão ao fortalecimento da capacidade inovadora 
das empresas no País. Em 2020, a Pró-reitora de Pesquisa da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte realizou a 31a edição do Congresso em formato 
totalmente virtual. 
 
A 31a edição do Congresso teve como tema “Inteligência Artificial: 
expandindo as fronteiras da ciência”, estando alinhada aos 17 Objetivos do 
Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. Ao submeter os 
trabalhos ao Congresso, os alunos indicaram os objetivos da Agenda 2030 aos 
quais suas pesquisas estavam relacionadas. Essa iniciativa visa estimular a 
pesquisa cientifica e tecnológica voltada para a busca por soluções para os 
desafios sociais contemporâneos. 
 
Em uma etapa inicial, denominada de Mostra de Trabalhos e Vídeos de 
Ciência, Tecnologia e Inovação, foram realizadas as apresentações dos 
trabalhos submetidos pelos participantes do evento. As apresentações 
ocorreram de forma assíncrona, por meio de arquivos digitais (trabalho completo 
e vídeo), sendo disponibilizadas não só aos avaliadores do congresso pelos 
Sistemas da UFRN, mas também ao público em geral através do site do evento 
(www.cic.propesq.ufrn.br). Após essa etapa inicial, uma serie de vídeos sobre 
inteligência artificial e sobre a trajetória de sucesso dos pesquisadores 
destaques da UFRN no ano de 2020 foi disponibilizada (on demand) a todos os 
participantes, complementando as atividades remotas do evento. 
 
Os pesquisadores destaques da UFRN no ano de 2020 foram 
selecionados a partir do Prêmio Pesquisador Destaque da UFRN, certame 
instituído em 2019 por meio da Pró-reitora de Pesquisa e que e concedido 
anualmente aos pesquisadores da instituição que tenham apresentado 
relevantes contribuições para o desenvolvimento da ciência em cada uma das 
três grandes áreas do conhecimento: Ciências da Vida; Ciências Exatas, da 
Terra e Engenharias; e Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes. Foram 
escolhidos 03 pesquisadores, um em cada grande área do conhecimento. Além 
de troféu e certificado, todos os premiados receberam auxílio no valor de R$ 
5.000,00 (cinco mil reais) para custear despesas especificas, discriminadas em 
edital. 
 
Ainda no XXXI evicta, os alunos concorreram ao 4a Prêmio Destaque na 
Iniciação Cientifica e Tecnológica da UFRN, que foi instituído pela Pró-reitora de 
Pesquisa em 2017 para reforçar as ações dos programas institucionais de 
iniciação cientifica e tecnológica. O prêmio contemplou duas categorias: 
Trabalho Destaque de Iniciação Cientifica e Tecnológica e Vídeo Destaque de 
Divulgação Cientifica. Os premiados foram agraciados com bolsas mensais de 
até R$ 800,00 (oitocentos reais) durante o período de um ano. Os orientadores 
dos alunos premiados adquiriram precedência em relação aos demais para 
efeitos de concorrência no Edital de Bolsas de Pesquisa da UFRN em 2021. 
 
O evento cumpriu três funções valiosas para o desenvolvimento da 
ciência na instituição: inserção dos discentes em um ambiente acadêmico de 
publicação e apresentação dos resultados da pesquisa; divulgação cientifica por 
meio dos vídeos que utilizam uma linguagem cientifica, porém acessível a todos; 
e, por fim, a popularização da ciência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
PROGRAMAÇÃO 6 
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS 7 
ESCOLA DE SAÚDE 1266 
ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS 
DO RIO GRANDE DO NORTE 1483 
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI 1721 
INSTITUTO DO CÉREBRO 2470 
 
 
 
PROGRAMAÇÃO 
 
OUTUBRO 
21 a 23/10 
Mostra de Trabalhos e Vídeos de Ciência, Tecnologia e 
Inovação do eCICT 2020 
NOVEMBRO 
06 a 30/11 eCICT 2020 Virtual com conteúdos on demand 
30/11 Solenidade Virtual de Encerramento e Premiação 
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eCICT 2020 
 
 
 
CIÊNCIAS DA VIDA 7 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENTRO DE 
BIOCIÊNCIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
XXXI CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN 
 
eCICT 2020 
 
 
 
CIÊNCIAS DA VIDA 8 
 
CÓDIGO: HS0662 
AUTOR: AUREA ESTELLA DE ARAUJO SILVA 
COAUTOR: DÉBORA LOUISE DA CRUZ SILVA 
ORIENTADOR: ARRILTON ARAUJO DE SOUZA 
 
 
TÍTULO: COMUNICAÇÃO DURANTE ALIMENTAÇÃO: A INFLUÊNCIA DA 
IDENTIDADE SOCIAL DOS SAGUIS NA EMISSÃO DE CHAMADOS ALIMENTARES 
Resumo 
 A produção de chamados associados a alimentos em grupos de animais sociais pode 
garantir a sobrevivência e aptidão de um grupo. Dentre os primatas o comportamento 
cooperativo, por exemplo, o cuidado compartilhado de infantes entre os pais e 
ajudantes, é observado em humanos e calitriquídeos, e acarreta uma série de benefícios 
e custos. Para observar se existe algum mecanismo que possa reduzir os custos 
associados a esse sistema social, esse trabalho teve como objetivo verificar como e se 
os chamados alimentares mudam em função da qualidade do alimento e do status social 
e reprodutivo dos indivíduos. Assim, realizamos o estudo com dois grupos de saguis 
selvagens (Callithrix jacchus) na Floresta Nacional de Açu - ICMBio - RN, utilizando 
equipamento de gravação de imagem e som para registro experimental, que garantiram 
posterior análise de um total de 24 vídeos. Nossas hipóteses foram de que (1) a 
realização de chamadas e a (2) latência de início de vocalização sofreriam influência da 
qualidade do alimento e do status reprodutivo e social dos indivíduos. Embora essas 
hipóteses não tenham sido corroboradas, encontramos um dado interessante quanto a 
vocalização de saguis machos ajudantes e o tempo de início de latência, por isso 
sugerimos futuros estudos para maior compreensão ecológica e comportamental dessa 
espécie. 
 
Palavras-chave: Chamada associada a alimento; Saguis comuns; Reprodução 
cooperativa. 
TITLE: FOOD-CONTEXT COMMUNICATION:THE INFLUENCE OF SOCIAL IDENTITY 
AND RESOURCE QUALITY ON COMMON MARMOSET VOCALIZATIONS 
Abstract 
 The production of food associated calls in social animals can guarantee the fitness and 
survival of a group. Among primates, cooperative behavior, that is, the combined care of 
infants between parents and helpers, is observed in humans and callitrichids, and entails 
a series of benefits and costs. To observe if there is any mechanism to overcome the 
costs associated with this social system, our aim was to verify if food associated calls 
changes in relation to the quality of the food and the social and reproductive status of 
individuals. Our hypothesis were that (1) making callsand (2) latency to start 
vocalizations would be influenced by food quality and reproductive status of ours. Thus, 
we used two groups of wild common marmosets (Callithrix jacchus). The study and its 
food-context experiments took place at the National Forest of Açu - ICMBio - RN, using 
image and sound recording equipment for experimental recording that ensured a 
subsequent analysis of 24 videos. Although our hypothesis have not been confirmed, we 
found an interesting finding regarding the vocalization of male helpers and the elapsed 
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CIÊNCIAS DA VIDA 9 
 
time until the emission of the first call, therefore we suggest future studies to improve the 
understanding of socioecological gaps of this species. 
 
Keywords: Food-call; Common marmosets; Cooperative breading. 
Introdução 
 O sistema de reprodução cooperativa é caracterizado pelo cuidado aloparental, ou 
seja, quando indivíduos não reprodutores auxiliam na criação da prole. Esse sistema 
ocorre em diversas espécies, desde aves até primatas (TARDIF, 1994). Dentre os 
benefícios e custos desse sistema estão, respectivamente, a tolerância de um indivíduo 
em um grupo e aumento de gasto energético que contribui para perda de peso corporal 
dos indivíduos ajudantes (HEINSOHN R. e LEGGE S., 1999). Nos primatas, apenas os 
humanos e a família Callitrichidae apresentam esse sistema de cuidado extensivo à 
prole, estando relacionado com a proatividade e motivação para compartilhamento de 
informações (BURKART, 2018). 
 A comunicação animal pode se dar por via visual, táctil, olfativa e acústica. Sendo esta 
última o maior foco dos estudos de comunicação em primatas. A vocalização permite 
que a informação presente nos chamados percorra longas distâncias, sendo um 
importante mecanismo para animais arborícolas (FRÖHLICH e VAN SCHAIK, 2018). 
Além de promover a coordenação do grupo em situações de predação, e durante o 
forrageio, neste caso atraindo outros membros para a fonte alimentar, podendo informar 
sobre a quantidade e qualidade do alimento (CLAY et al., 2012). 
 Além disso, alguns primatas podem realizar o ajuste voluntário do comportamento 
vocal quando em presença de espectadores, conhecido por efeito da audiência 
(EVANS, 1994), já observado em estudos com macacos-prego (Sapajus libidinosus) 
onde, indivíduos que informavam sobre a presença de alimento, reduziam as chances 
de agressão por indivíduos dominantes (FERREIRA, 2016). Estudos similares 
realizados com Macaca mulatta observaram que fêmeas adultas vocalizavam mais ao 
encontrar alimentos, e indivíduos que não realizavam chamados, quando pegos com 
alimento, eram punidos (SANTOS, NISSEN e FERRUGIA, 2006). 
 Nos calitriquídeos, há poucas evidências de tais ajustes nas vocalizações associadas 
a alimentos, o que pode ser devido ao sistema de reprodução cooperativa, que promove 
altos índices de tolerância social, refletindo em baixas taxas de agressão entre 
indivíduos (DE OLIVEIRA TERCEIRO et al., 2019; BURKART et al., 2014). Entretanto, 
devido aos custos associados ao cuidado da prole, indivíduos subordinados podem se 
utilizar de estratégias compensatórias para obter mais alimento e evitar a competição 
com os demais (SCHRADIN e ANZENBERGER, 2001). Tais estratégias podem se dar 
na mudança do comportamento vocal dos indivíduos ao encontrarem alimentos, como 
já demonstrado para as espécies previamente mencionadas. 
 A espécie Callithrix jacchus (Callitrichidae), primatas do Novo Mundo, vive em grupos 
de 3 a 17 indivíduos (ARAÚJO, 1996) composto por um par reprodutor, proles de 
gêmeos e ajudantes aparentados ou não, segundo Araújo (1996). Embora alguns 
calitriquídeos modulem seus chamados alimentares a depender de espectadores 
(CAINE et al., 1995), não há evidências de que nossa espécie de estudo altera seu 
comportamento vocal em função de seu status social ou da qualidade do recurso 
durante alimentação, de forma a atenuar os custos do cuidado cooperativo. 
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CIÊNCIAS DA VIDA 10 
 
 Sendo assim, objetiva-se verificar a influência da qualidade do alimento e do status 
social e reprodutivo dos indivíduos no comportamento vocal da espécie Callitrhix 
jacchus. Nossas hipóteses e predições são de que (1) a realização de chamados 
alimentares sofre influência da qualidade do alimento e do status reprodutivo dos 
indivíduos, onde a presença ou ausência de chamados dependerá do status reprodutivo 
do emissor e da qualidade do alimento; (2) o tempo para início do chamado (período de 
latência) será influenciado pelo status social do emissor e pela qualidade do alimento 
encontrado, onde fêmeas ajudantes terão uma latência maior e o tempo para início do 
chamado quando os recursos alimentares forem de alta qualidade, também será maior, 
independente do status social do emissor. 
 
Metodologia 
 
Local e espécie de estudo 
 O estudo foi realizado na Floresta Nacional de Açu (FLONA) Instituto Chico Mendes 
de Conservação e Biodiversidade (5º34'37 "S, 36º54'32" O), localizado no município de 
Açu, no estado do Rio Grande do Norte, Brasil (Fig. 1). A área possui 432 hectares e é 
caracterizada como um fragmento de Caatinga semiárido, a qual apresenta uma 
vegetação arbórea-arbustiva. Os períodos chuvosos ocorrem de fevereiro a maio, com 
índice pluviométrico de aproximadamente 699 mm por ano (EMPARN, 2015), e 
temperaturas máximas de até 35ºC. A coleta de dados ocorreu entre agosto de 2019 a 
março de 2020. 
 Foram seguidos dois grupos de Callithrix jacchus selvagens, já habituados à presença 
dos pesquisadores. Os indivíduos foram capturados para identificação e marcação. 
Após capturados, os indivíduos foram sedados através da administração de cetamina, 
0,2 ml para juvenis e 0,3 ml para subadultos e adultos. Com os indivíduos devidamente 
sedados, realizou-se as medições, pesagem e identificação do sexo, bem como a 
classificação etária de todos os indivíduos, com base em Yamamoto (1995): (0-5 
meses), juvenil (6-10 meses), subadulto (11-18 meses) e adulto (acima de 18 meses). 
 Para identificação visual dos indivíduos, cada animal teve sua pelagem pintada em 
diferentes regiões do corpo com ácido pícrico. Com todo o procedimento de identificação 
e marcação realizado, os animais foram devolvidos as suas gaiolas até que o efeito do 
sedativo cessasse, e logo em seguida foram levados de volta ao local de onde haviam 
sido capturados para serem libertados. Nenhuma coleta de dados foi realizada no dia 
da captura para que não existisse interferências nos registros comportamentais. 
Aspectos éticos 
 Este projeto foi licenciado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da 
Biodiversidade - ICMBio (licença nº 70537) e teve sua execução aprovada pela 
Comissão de Ética no Uso de Animais – CEUA (certificado nº 219.008/2020). 
Experimento de contexto alimentar 
 Para realização dos experimentos foram selecionadas duas fontes de alimentos 
conhecidas pelos saguis, sendo elas a banana e maçã, alimentos de alta e baixa 
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CIÊNCIAS DA VIDA 11 
 
qualidade, respectivamente, apresentados aos saguis em diferentes quantidades 
(Tabela 1). Ao todo foram realizadas seis condições experimentais, com relação a 
quantidade e qualidade dos alimentos. As condições eram randomizadas previamente 
a cada experimento, para evitar um viés de resposta. 
 Os alimentos foram disponibilizados em uma plataforma suspensa de 1m2 de livre 
acesso (figura 2), previamente montada próxima das árvores de descanso, e em 
horários em que os grupos começam o forrageio - pela manhã e no meio da tarde, após 
o descanso - evitando que os animais já estejam saciados após forrageamento natural. 
O experimento iniciava com a entrada do primeiro indivíduo na arena e era encerrado 
após o consumo de todos os pedaços da arenaou quando o grupo já havia se retirado 
da área. 
Registro comportamental 
 Todos os experimentos foram registrados em vídeo utilizando uma câmera Sony HDR-
AS15, para posterior análise dos comportamentos e da identidade dos indivíduos. 
realizamos também o registro vocal através de um gravador Zoom H4n Pro acoplado a 
dois microfones posicionados em ângulos diferentes, um microfone direcional 
Sennheiser ME67, manipulado pelo observador, a fim de capturar as vocalizações dos 
indivíduos focais e um microfone condensador AKG C1000 S, para capturar uma faixa 
mais ampla ao redor da arena. Os registros de áudio foram utilizados para diferenciar 
se as vocalizações emitidas durante o experimento eram de fato chamados alimentares. 
 Analisamos um total de 24 vídeos para obtenção dos dados, e tanto os grupos quanto 
as condições experimentais foram representadas em proporções iguais nas análises, 
sendo 12 testes para cada grupo e para cada alimento testado. Para cada vídeo foram 
registrados: (1) identidade do primeiro indivíduo (focal) a chegar na arena, (2) tempo de 
chegada, (3) ausência ou presença de vocalização, (4) o tempo e (5) latência até a 
realização da vocalização e (6) chegada de outros indivíduos do grupo . 
Análise estatística 
 Realizou-se o teste Sahpiro-Wilk para verificação da normalidade dos dados, que não 
apresentaram distribuição normal, sendo assim, optou-se por testes não-paramétricos. 
Utilizamos o teste Qui-quadrado de Pearson para verificar se a presença ou ausência 
de chamadas no contexto alimentar era influenciada pela qualidade dos itens 
alimentares ou pelo status social dos indivíduos (macho e fêmea, reprodutores ou 
subordinados). O teste de U de Mann-Whitney foi utilizado para verificar se o tempo 
para início da vocalização variava com a qualidade do alimento. Por fim, utilizamos o 
teste Kruskal Wallis para testar se o tempo para início do chamado variava em função 
do status social dos indivíduos, com pós-teste de Games-Howell para verificar quais 
grupos diferiam dos demais. Todos os testes consideraram o nível de significância de 
5% bicaudal. As análises foram realizadas através do software R Studio (Versão 
1.3.959). 
 
Resultados e Discussões 
 
 Nossos resultados mostraram que a presença de vocalizações em contexto alimentar 
para a espécie Callithrix jacchus, parece não estar sendo alterada em função da 
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CIÊNCIAS DA VIDA 12 
 
qualidade dos itens alimentares (X² = 0.08, df = 1, p = 0.8). Outros estudos realizados 
com saguis-de-tufo-branco demonstram que há uma relação entre o aumento da taxa 
de emissão de chamados em presença de alimentos preferíveis, em comparação com 
alimentos de baixa preferência, onde há pouca ou nenhuma vocalização (VITALE et al., 
2003), entretanto em nosso trabalho, não contabilizamos o número de vocalizações 
emitidos para cada teste, devido ao tempo hábil para a realização dessa etapa, o que 
se faz necessário para a comparação de resultados. 
 A emissão de chamados não se mostrou dependente da função reprodutiva dos 
indivíduos (X² = 2.01, Df = 3, p = 0.6). De forma mais pontual, indivíduos dominantes, e 
mais especificamente as fêmeas reprodutoras, são mais agressivas com os demais 
integrantes do grupo, de forma a garantir acesso prioritário ao alimento (ARAÚJO, 
1996), então para eles o chamado alimentar pode representar pequenos custos. Ainda, 
a presença de chamadas alimentares para indivíduos reprodutores pode significar uma 
forma de atenuar os custos do cuidado a prole e incentivar a permanência dos indivíduos 
ajudantes no grupo (ZAHAVI e ZAHAVI, 1997). No entanto, para indivíduos 
subordinados, a presença dessas chamadas associadas a alimentos é relacionado com 
o aumento de competição por recursos. Mesmo assim, esses chamados podem 
apresentar um efeito significativo para a sobrevivência do grupo (FLEAGLE, 1988), de 
forma que os custos do cuidado dos infantes podem ser atenuados, o que pode superar 
os custos da competição alimentar. 
 Ao verificarmos a variação do período de latência para emissão dos chamados, isto é, 
o tempo que o animal demora entre encontrar o alimento e emitir a primeira vocalização 
informando a oportunidade alimentar em função da qualidade do item alimentar, foi 
observado que há uma diferença significativa (N = 49, U = 0.8, p < 0.001). O período de 
latência foi menor quando o alimento era de alta qualidade e tardia quando a qualidade 
do alimento era baixa (figura 3), o que está de acordo com a literatura (VITALE et al., 
2003), e ainda pode sugerir que indivíduos possam estar abdicando de seus interesses 
individuais para cooperar, como proposto por Burkart e Van Schaik (2020). Esse 
resultado pode ser analisado levando em consideração tanto as condições do ambiente 
onde a pesquisa foi realizada, quanto as características fisiológicas e sociais da espécie. 
 A Caatinga é caracterizada por longos períodos de seca, e alimentos de alta qualidade 
nutricional são raros e de limitado acesso entre as populações que ali habitam. Para os 
primatas, a atividade de forrageio, ou seja, a procura por alimento, tem influência sobre 
as outras atividades deles (MILTON e MAY, 1976). Então, para os saguis, primatas de 
pequeno tamanho, o custo energético é alto (GARBER, 1987), principalmente quando 
o grupo está se empenhando no cuidado de filhotes. Dessa forma, sugerimos que esse 
contexto de difícil acesso a recursos (MARTINS, 2007) pode ter contribuído para que os 
indivíduos da região se tornassem mais tolerantes para comunicar a presença de 
recursos mais valiosos, de forma a garantir a sobrevivência e aptidão do grupo, bem 
como postergar a procura por alimento, uma vez que o tipo de dieta influência o 
investimento de energia no forrageio (FLEAGLE, 1988). 
 Quanto a influência do status social dos indivíduos no período de latência para 
emissão dos chamados, verificou-se uma diferença significativa (X²= 10.5, p < 0.001), 
na qual os machos ajudantes se mostraram diferentes apenas das fêmeas reprodutoras 
(Tabela 2). Para as fêmeas reprodutoras (FR) obtivemos um N amostral muito baixo, o 
que explica a representação gráfica do resultado (fig. 3). No entanto, devido ao acesso 
privilegiado aos recursos alimentares e a falta de competição com outros membros do 
grupo que o par reprodutor possui, principalmente a fêmea, esperava-se que o tempo 
para emissão dos chamados alimentares fosse curto ou quase imediato. O período de 
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CIÊNCIAS DA VIDA 13 
 
latência das fêmeas e machos ajudantes mostrou-se, maior. Entretanto, nossa previsão 
de que as fêmeas ajudantes teriam período de latência maior - devido à alta competição 
com as fêmeas reprodutoras, a significativa taxa de infanticídio, e ao difícil acesso que 
esses indivíduos tem a alimentos (YAMAMOTO et al., 2009) - não diferiram 
significativamente dos demais membros do grupo, não corroborando nossa predição. 
 Nossos resultados sugerem que, indivíduos ajudantes podem estar adiando a emissão 
de chamados alimentares, para garantir o máximo de recursos antes da chegada de 
outros indivíduos do grupo, evitando tanto o aumento da competição, quanto de 
agressão (DE LA FUENTE, 2019). Essa estratégia já foi verificada em outros primatas, 
como por exemplo para espécie Macaca mulatta, onde as fêmeas do grupo realizavam 
a maior parte das chamadas alimentares, e ausência desses chamados estava 
relacionada com agressões (SANTOS, NISSEN e FERRUGIA, 2006; HAUSER e 
MARLER, 1993) 
 Para primatas reprodutores cooperativos como os saguis, a garantia de recursos por 
parte dos indivíduos ajudantes é, uma provável forma de compensar os custos 
associados ao cuidado constante dos infantes. Como dito, apenas os machos ajudantes 
(MA) apresentaram resultados significativamente diferente dos demais membros do 
grupo quando comparado a latência parainício de vocalização (figura 4). Por isso, 
supomos que devido aos custos do cuidado cooperativo, já citados nesse trabalho, e a 
participação mais ativa dos machos ajudantes no cuidado de indivíduos infantes 
(GUERREIRO MARTINS, 2019) - em comparação as fêmeas ajudantes, devido à taxa 
de infanticídio causado por elas (YAMAMOTO et al., 2009) – esses machos ajudantes 
podem estar apresentando o comportamento de chamadas alimentares mais 
tardiamente. 
 Como esses indivíduos subordinados, quando estão ajudando, apresentam uma 
redução significativa das horas destinada ao forrageio (HEINSOHN e LEGGE, 1999), 
encontrar alimentos e não realizar o chamado imediatamente pode lhe garantir um 
acesso por mais tempo a alimentação. Tornando então importante esse acréscimo de 
tempo que o indivíduo passa se alimentando antes que o restante do grupo chegue até 
o recurso. 
 
Conclusão 
 
 Dessa forma, esse trabalho demonstra que a realização de chamadas alimentares de 
Callithrix jacchus não foram influenciadas pela qualidade do alimento nem pelo status 
reprodutivo dos indivíduos. Ainda, a latência de início das vocalizações desses primatas 
teve relação significativa com a qualidade dos itens alimentares e com o status social 
dos indivíduos, porém os machos ajudantes diferenciaram-se significativamente das 
fêmeas reprodutoras. Embora nossas hipóteses não tenham sido corroboradas, esses 
dados podem significar que o comportamento de latência vocal apresenta influência 
dessas variáveis. Por isso, com intuito de verificar os potenciais resultados referentes a 
variável do status reprodutivo dos indivíduos e a presença de chamados, futuros estudos 
serão realizados, de forma a testar com dados mais robustos a influência do papel social 
e reprodutivo dos indivíduos no comportamento vocal durante alimentação. Além de 
acrescentar outras variáveis para observação, como a presença de comportamentos 
agonísticos e evasivos durante a alimentação. Assim, pretendemos contribuir para 
compreensão da ecologia e comportamento dessa espécie. 
 
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CIÊNCIAS DA VIDA 14 
 
Referências 
 
ARAÚJO, Arrilton. Influence des facteurs écologiques, comportementaux et 
démographiques sur la dispersion de Callithrix jacchus. 1996. Tese de Doutorado. 
Paris 13. 
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Anexos 
 
 
Figura 1. Mapa de localização da Floresta Nacional de Açu, Rio Grande do Norte, Brasil. 
 
 
Figura 2. Plataforma experimental. Autoria: Sérgio Henrique Dantas Vieira 
 
 
Tabela 1 - Descrição das condições experimentais de contexto alimentar. 
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Tabela 2. Resultados do pós-teste de Games-Howel para latência para início de 
vocalização e identidade social. Significância a nível de 0,05. 
 
 
Figura 3. Latência para início da vocalização em função da qualidade do alimento. 
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CÓDIGO: HS0754 
AUTOR: ANNA GABRIELY BARROSO DE SA 
COAUTOR: DÉBORA LOUISE DA CRUZ SILVA 
ORIENTADOR: ARRILTON ARAUJO DE SOUZA 
 
 
TÍTULO: INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE INFANTES NO COMPORTAMENTO 
VOCAL EM CONTEXTO ALIMENTAR EM Callithrix jacchus (Callitrichidae, Primates) 
Resumo 
A comunicação ocorre de várias formas, como os sinais sonoros, que são essenciais 
em ambientes em que outras modalidades são difíceis. Nos saguis, a comunicação 
vocal é importante para o grupo, inclusive durante o forrageio. Dessa forma, o objetivo 
do estudo foi verificar se há influência da presença de infantes nos chamados 
alimentares. Sendo as nossas hipóteses as de que a emissão desses chamados iria ser 
influenciados pela presença dos infantes no grupo e que esses iriam depender do status 
social do emissor. O estudo foi realizado com dois grupos de Callithrix jacchus na 
FLONA de Açu, RN - ICMBio, que foram submetidos à experimentos de contexto 
alimentar. Dois tipos de alimentos foram disponibilizados em uma plataforma de livre 
acesso e realizávamos o registro em vídeo e áudio, iniciado quando o primeiro indivíduo 
visualizava a plataforma e encerrado quando todosos pedaços de alimentos eram 
consumidos ou quando todos indivíduos iam embora. Os resultados indicaram que não 
houve influência da presença de infantes na emissão dos chamados alimentares. 
Apesar de nossas hipóteses não terem sido corroboradas, observarmos que machos 
ajudantes alteram seu comportamento vocal quando há infantes, com uma menor 
latência para vocalizar. Com outros estudos que mostram mudanças comportamentais 
na presença de infantes em primatas, supomos que há uma influência deles na emissão 
de chamados. Por isso, concluímos que há necessidade de dar continuidade a esse 
estudo dando robustez aos dado 
 
Palavras-chave: Calitriquídeos; cuidado parental; vocalização; alimentação. 
TITLE: VOCAL BEHAVIOR DURING FOOD-CONTEXT AND THE INFLUENCE OF 
INFANTS PRESENCE IN Callithrix jacchus (Callitrichidae, Primates) 
Abstract 
Communication takes place in the most diverse ways in primates, including acoustical 
signals, which are extremely important in environments were other modalities are not 
effective. In marmosets, cooperative breeding primates, vocal communication is 
important for adults and immatures, especially during foraging. Therefore, our aim was 
to verify if the emission of food-associated calls were being influenced by the presence 
of infants. Our hypothesis is that the food-calling behavior would be influenced by the 
presence of infants in the group and it would change according to the social and 
reproductive status of the first caller. The study was conducted with two groups of 
Callithrix jacchus at the FLONA of Açu - ICMBio - RN. Both groups were submitted to 
food-context experiments, in which two types of food were presented on a platform. Trials 
were registered both by audio and video for further analysis. Our results indicated that 
there was no influence of infants presence on food calling. However, although our 
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hypotheses have not been confirmed, we observed an indicative that male helpers alter 
their vocal behavior when infants are present, presenting less time to vocalize after 
encountering food. For these reasons coupled with several evidence of behavioral 
changes in presence of infants among primates, we suggest that food calls emission 
could vary in presence of offspring in C. jacchus. Requiring the continuity of data 
collection for more accurate and conclusive results. 
 
Keywords: Callitrichids; parental care; vocalization; feeding. 
Introdução 
A comunicação é fundamental para a sobrevivência e reprodução de espécies sociais, 
que utilizam diversos meios para a troca de informações intraespecíficas, como os sinais 
acústicos (BRADBURY & VEHRENCAMP, 1998). Ela ocorre quando um emissor, 
produz um sinal vocal, e um receptor, ao recebe-lo e interpretá-lo pode a partir dele, 
modificar o seu comportamento (BRADBURY & VEHRANCAMP, 1998; MAYNARD 
SMITH & HARPER, 2003). Nos primatas, a comunicação vocal é importante, uma vez 
que em ausência de contato visual, o som tem um grande potencial de percorrer longas 
distâncias (MÁRQUEZ et al., 2011; NAPIER & NAPIER, 1996). 
 
Tal comunicação também ocorre durante o forrageio, na descoberta de recurso 
alimentar, há emissão de chamados alimentares (daqui em diante CA) (CLAY et al. 
2012). Como visto por Kitzmann e Caine (2009), indivíduos aumentaram seus 
comportamentos de forrageio após ouvirem os CA de seus coespecíficos. Esses CA são 
fundamentais para o recrutamento social, coesão do grupo e diminuição das chances 
de predação durante o forrageio, pela presença de outros membros do grupo aumentar 
a probabilidade de detecção de predadores (CLAY et al., 2012). 
 
No caso das espécies reprodutoras cooperativas, nas quais indivíduos, que não os 
progenitores, cuidam dos filhotes (DE OLIVEIRA TERCEIRO & BURKART, 2019), como 
a espécie Callitrhix jacchus, essa troca de informações é essencial à sobrevivência dos 
filhotes, informando sobre fontes de alimentos e predadores (CLAY et al., 2012). A 
presença dos auxiliares não-reprodutivos no grupo é benéfica tanto para os infantes 
quanto para eles, por aumentarem sua aptidão inclusiva (YAMAMOTO & BOX, 1997). 
Em espécies não cooperativas, como macacos rhesus e bugios, as taxas de 
sobrevivência dos filhotes são menores, já que o cuidado é realizado majoritariamente 
pela mãe, sendo raro o cuidado por outros indivíduos (BREUGGEMAN, 1973; 
CRISTÓBAL-AZKARATE et al., 2005). 
 
O cuidado parental é realizado em diferentes proporções pelos ajudantes. Estudos 
mostram que machos adultos e subadultos carregam mais os filhotes do que as fêmeas 
da mesma idade, em contrapartida, as fêmeas ajudantes realizam mais partilha com os 
infantes (YAMAMOTO & BOX, 1997; GUERREIRO MARTINS et al., 2019). Sendo 
assim, esses indivíduos têm um papel essencial na diluição dos custos da criação da 
prole, aumentando assim probabilidade de sobrevivência desta (YAMAMOTO & BOX, 
1997). 
 
Outro fator para a sobrevivência dos filhotes, é o compartilhamento de alimentos até 
que consigam nutrientes independentemente, auxiliando no aprendizado sobre a dieta 
e técnicas de busca de alimento (BROWN et al. 2004). Parece haver uma relação entre 
a presença de infantes e a emissão de CA, como visto em 
alguns calitriquídeos (C. jacchus: GUERREIRO MARTIN et al., 
2019; Leontopithecus rosalisa: TROISI et al., 2018). Entretanto, há poucos estudos de 
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campo relacionado o comportamento vocal na presença de infantes para a nossa 
espécie de estudo. 
 
O sagui-do-tufo-branco (C. jacchus), é um primata do novo mundo, nativo do Brasil que 
vive em grupos de 9 a 17 indivíduos (ARAUJO, 1996; GHAZANFAR et al., 2019), 
habitando da Caatinga à Mata Atlântica (PONTE & CRUZ, 1995). Geralmente, os grupos 
possuem apenas um par reprodutor, com prole gemelar duas vezes ao ano, e os 
indivíduos subordinados auxiliam no cuidado, carregando e compartilhando comida 
(GHAZANFAR et al., 2019). 
 
O objetivo do estudo é verificar a influência da presença de infantes nas chamadas de 
alimentação na espécie C. jacchus. Nossa primeira hipótese é de que o tempo para a 
emissão dos chamados será influenciado pela presença de infantes, sendo nossa 
predição a de quando há infantes no grupo, o período de latência, tempo entre a 
descoberta do alimento e a primeira vocalização, será menor. Nossa segunda hipótese 
é a de que o comportamento vocal do emissor vai depender de seu status social e da 
presença de infantes no grupo, sendo a nossa predição a de que os machos ajudantes 
terão uma menor latência. 
 
Metodologia 
 
Local de estudo 
O estudo foi realizado na Floresta Nacional de Açu do ICMBio (5º34'37” S, 36º54'32” O), 
no município de Açu no Rio Grande do Norte, Brasil. O local é um fragmento semiárido 
de caatinga de 432 hectares com uma vegetação característica arbórea arbustiva 
(MIRANDA et al., 2007) e com períodos chuvosos de fevereiro a maio, tendo índice 
pluviométrico de 699 mm por ano (EMPARN, 2015) e temperaturas de até 35°C. A coleta 
ocorreu de agosto de 2019 a março de 2020. 
Sujeito de estudo 
Dois grupos de saguis (Callitrhix jacchus), já habituados a presença dos pesquisadores, 
foram capturados por armadilhas acionadas à distância, para a realização das 
marcações individuais, identificação do sexo e idade dos animais. Após a captura, 
realizou-se a sedação dos indivíduos com cetamina, com dosagem de 0,2 mL para 
infantes e 0,3 mL para subadultos e adultos. A classificação de idade teve como base 
Yamamoto (1995), infante (0-5 meses), juvenil (6-10 meses), subadulto (11-18 meses) 
e adulto (acima de 18 meses). Enquanto sedados, eles foram pesados, medidos, 
tiveram o sexo identificado. Para a identificação, cada indivíduo teve sua pelagem 
marcada em partes distintas do corpo com ácido pícrico. 
Após a captura, os indivíduos foram devolvidos às gaiolas até queo efeito do sedativo 
acabasse e só então eles foram levados de volta ao ambiente para serem liberados. O 
grupo foi acompanhado pelo resto do dia para garantir a sua segurança e nenhum dado 
foi coletado no dia da captura para evitar interferência no registro comportamental. 
Aspectos éticos 
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O estudo teve autorização concedida pelos Instituto Chico Mendes de Conservação e 
Biodiversidade – ICMBio (licença n° 70537) e Comitê de Ética o Uso de Animais (CEUA) 
(certificado nº 219.008/2020). 
Registro das respostas vocais e comportamentais aos alimentos 
Para testar nossas hipóteses, foi realizado um experimento que consistia no 
provisionamento de alimentos de alta e de baixa qualidade nutricional, respectivamente 
banana e maçã, em diferentes quantidades (Tabela 1). Os pedaços de fruta eram 
distribuídos uniformemente em uma plataforma (Figura 1) suspensa de 1m2, que 
permitia o livre acesso dos indivíduos para o consumo dos itens alimentares. Os itens 
alimentares foram pesados para que houvesse proporcionalidade entre os diferentes 
tipos. 
O experimento tinha início quando o primeiro indivíduo visualizava e se locomovia em 
direção a plataforma e se encerrava quando todos os pedaços de alimento eram 
consumidos ou com a saída dos indivíduos do local. As condições de cada teste foram 
aleatorizadas e ocorreram duas vezes ao dia, um de manhã e outra de tarde, com 
intervalos de um dia entre elas. 
O experimento foi gravado em vídeo com uma câmera Sony HDR-AS15 para registro 
comportamental e identificação posterior dos indivíduos. Os registros vocais foram 
realizados através de um gravador Zoom H4n Pro conectado a dois microfones. Um 
microfone direcional (Sennheiser ME67), manuseado pelo observador para acompanhar 
o primeiro indivíduo a vocalizar, e um microfone condensador (AKG C1000 S) 
posicionado acima da arena, registrando os sons do entorno. 
A plataforma foi instalada próxima a locais de forrageio ou de descanso dos grupos e 
os experimentos foram realizados nos horários do dia que o grupo começa a forragear, 
no início da manhã e no fim do descanso da tarde, para evitar que os animais fiquem 
saciados com o forrageio natural e pouco motivados a participarem do experimento. 
Análise comportamental 
As variáveis a serem analisadas em cada grupo são: (1) sexo, status social e reprodutivo 
do primeiro indivíduo a chegar na plataforma; (2) presença de infantes no grupo, (3) 
presença de vocalização por parte do animal focal; (4) o período de latência entre a 
descoberta do alimento e a primeira vocalização. 
Análise estatística 
Realizou-se o teste Shapiro-Wilk para verificação da normalidade dos dados, que não 
apresentaram distribuição normal, portanto, realizamos testes não-paramétricos e 
descritivos. Para testar a influência da presença de infantes no tempo para o início da 
vocalização, foi realizado o teste U de Mann-Whitney. As análises foram realizadas no 
RStudio (Versão 1.3.959). Para testar se o comportamento vocal estava sendo alterado 
em função do status social dos indivíduos e da presença de infantes no grupo, 
realizamos uma análise descritiva dos dados, devido ao baixo número amostral obtido. 
A coleta de dados foi interrompida em março de 2020 devido a pandemia a SARS-CoV-
2 que fechou as FLONAS, por determinação do ICMBio - Ministério do Meio Ambiente. 
 
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Resultados e Discussões 
 
Para verificar nossas hipóteses e predições foram realizados 24 testes, nos quais 
apenas metade deles apresentaram vocalizações previamente à chegada de outros 
indivíduos na plataforma de alimentação (Tabela 2). Ao verificar se havia diferença no 
tempo de início das vocalizações em função da presença de infantes (Figura 2) não foi 
observado diferença significativa (w = 19,5; p = 0,8726). Dessa forma, é possível 
perceber que a latência entre a descoberta do alimento e as primeiras vocalizações 
parece não sofrer influência da presença de infantes no grupo. 
No entanto, alguns estudos demonstraram que vários comportamentos são 
influenciados pela presença dos infantes, em Callithrix jacchus. Em Yamamoto e Box 
(1997) foi observado que tanto os pais, como os ajudantes mostram interesse nos 
infantes e até chegam a competir para fornecer cuidados à prole. Já em Barbosa, Mota 
e Barbosa (2017) foi visto que a vocalização dos infantes influenciou respostas 
comportamentais dos outros indivíduos do grupo, como aumento na frequência de 
abordagem, aumento do tempo em proximidade com os infantes e locomoção após o 
estímulo infantil. Esses fatos, demonstram que talvez haja uma influência da presença 
dos imaturos e que apenas os dados foram insuficientes pelo pequeno número amostral. 
Ao verificar se o comportamento vocal dos indivíduos estava sendo alterado em relação 
ao status social e reprodutivo e a presença e infantes no grupo, não foi possível chegar 
a conclusões significativas devido ao baixo número amostral. No entanto, ao avaliarmos 
os dados obtidos (Tabela 3), foi possível observar uma maior taxa do comportamento 
vocal por parte dos ajudantes na presença de infantes. Além disso, com esses dados 
foi possível verificar uma menor latência para vocalização tanto dos reprodutores quanto 
dos ajudantes na presença de infantes (Figura 3), bem como a diminuição no tempo 
decorrido entre a descoberta do alimento e a primeira vocalização nos machos 
ajudantes (Figura 4). 
Na literatura foi possível observar uma fêmea ajudante que raramente tinha acesso aos 
infantes fazendo repetidos chamados alimentares, mesmo quando não tinha alimentos, 
na tentativa de ter acesso aos imaturos (GUERREIRO MARTIN et al., 2019). Além disso, 
já se sabe que os calitriquídeos não seguem o padrão geral dos primatas, por exibirem 
altas taxas de chamados alimentares e de compartilhamento de alimento, tanto com os 
imaturos, quanto com os adultos, ainda que em menor quantidade, uma vez que isso 
faz parte do sistema de reprodução cooperativa deles (BROWN et al., 2004). Esses 
fatos aliados, parecem convergir com nossos resultados preliminares, no qual os 
indivíduos podem estar modificando o comportamento vocal frente aos alimentos 
quando há infantes no grupo. 
Outros estudos sugerem que o compartilhamento de comida ocorre mais por parte dos 
machos do que das fêmeas, além de que os chamados alimentares ocorrem com maior 
frequência nas primeiras semanas de vida dos infantes com altas taxas de 
compartilhamento e facilitação social (GUERREIRO MARTIN et al., 2019). Tais achados 
podem ajudar a explicar o menor tempo de latência para emissão de chamados em 
machos ajudantes, em comparação com as fêmeas. Ademais, as taxas de 
compartilhamento revelam de fato um cuidado aloparental, uma vez que os infantes são 
menores e mais fracos que os adultos, isso reflete a motivação do ajudante adulto em 
compartilhar sem uma obrigação (GUERREIRO MARTIN et al., 2019). 
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As menores taxas de emissão de chamados alimentares e uma maior resistência para 
partilha alimentar por parte das fêmeas, principalmente as reprodutoras, podem ser 
resultantes da alta demanda energética para a gravidez e amamentação (GUERREIRO 
MARTIN et al., 2019; TARDIF, 1994). Outras pesquisas demonstram que há fêmeas 
ajudantes que apresentam cuidados com a prole tanto quanto os machos de mesmo 
status social, mas também há fêmeas que estão constantemente em busca de 
oportunidades reprodutivas como fêmeas dominantes (BURKART, 2015; YAMAMOTO 
et al., 2014). Em consequência dessa possibilidade de competição, essas fêmeas até 
são privadas do cuidado a prole, uma vez que há o risco de infanticídio por parte delas 
(FINKENWIRTH et al., 2016; YAMAMOTO et al., 2009). Aliado a essas informações, é 
possívelsupor que por isso as fêmeas ajudantes tenham um maior tempo de latência 
para a vocalização do que os machos do mesmo status na presença de infantes no 
grupo, como foi demonstrado parcialmente no nosso estudo. 
 
Conclusão 
 
Diante dos resultados obtidos nesse estudo, não foi possível concluir com base em 
resultados estatísticos, se a emissão de chamadas foi influenciada pela presença de 
imaturos. No entanto, foi possível observar a partir dos poucos registros que fizemos e 
da revisão bibliográfica que nossas hipóteses, de que o comportamento seria alterado 
na presença de infantes e que essa alteração iria depender do status social, 
possivelmente seriam corroboradas. Dessa forma, se faz necessária a continuidade 
desse estudo, de modo a aumentar a robustez dos dados e chegar a resultados mais 
conclusivos. 
 
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CIÊNCIAS DA VIDA 24 
 
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Anexos 
 
 
Tabela 1: Descrição das etapas e condições do experimento. 
 
 
Figura 1: Plataforma de alimentação. (Autoria: Débora Louise da Cruz Silva) 
 
 
Tabela 2: Registro das vocalizações em todo o experimento. 
 
 
Figura 2: Latência para vocalização em função da presença de infantes. 
 
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Tabela 3: Registro de vocalização por status social. 
 
 
Figura 3: Latência para vocalização em função do status reprodutivo. 
 
 
Figura 4: Latência para vocalização em função do status social. (FM) fêmea 
reprodutora;(MR) macho reprodutor; (FA) fêmea ajudante; (MA) macho ajudante. 
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CÓDIGO: HS0913 
AUTOR: RAYANE STEPHANE ROCHA DE SENA SILVA 
COAUTOR: SABINNE DANIELLE GALINA 
COAUTOR: MARIA LUIZA CRUZ DE OLIVEIRA 
COAUTOR: HUDSON GUILHERME SILVA DA COSTA 
ORIENTADOR: CAROLINA VIRGINIA MACEDO DE AZEVEDO 
 
 
TÍTULO: Relação entre exposição à luz no trajeto de casa para a escola pela manhã, 
irregularidade no ciclo sono e vigília e componentes da atenção em adolescentes 
Resumo 
A adolescência é uma fase de transição entre a infância e a vida adulta, com mudanças 
nas áreas biológica, psicológica e social, dentre as quais, um atraso na fase de sono. 
Nos adolescentes do turno matutino, há privação de sono, aumento na irregularidade 
do sono e sonolência no início da manhã, impactando o desempenho escolar. Neste 
estudo, avaliamos a relação entre a exposição à luz pela manhã no trajeto de casa à 
escola, irregularidade no ciclo sono-vigília, hábitos de sono, sonolência ao acordar, e 
componentes da atenção em adolescentes do turno matutino. Participaram 101 
adolescentes de ambos os sexos do 1º e 2ºanos do ensino médio de escolas privadas 
(Natal/RN), que preencheram o diário de sono associado à actimetria por 10 dias para 
registrar a intensidade de luz, padrões de sono e sonolência ao acordar. Os 
componentes da atenção (atenção seletiva e sustentada, alerta tônico e fásico) foram 
avaliados pela Tarefa de Execução Contínua. Houve uma tendência a correlação 
positiva fraca entre a média semanal de intensidade de luz pela manhã no trajeto de 
casa à escola e o percentual de respostas corretas na atenção seletiva (r=0,19; p=0,06), 
e a correlação negativa fraca entre a média de intensidade de luz e o percentual de 
omissões no alerta tônico (r=-0,18; p=0,07). Sugere-se que há uma relação entre 
maiores intensidade de luz pela manhã no trajeto de casa à escola e melhor 
desempenho atencional, porém é necessário um aumento da amostra para avaliar esta 
relação. 
 
Palavras-chave: Adolescentes. Luz pela manhã. Irregularidade do sono. Sono. Atenção. 
TITLE: Relationship Between Exposure to Light on The Itinerary from Home to School in 
the Morning, Irregularity in the Sleep-Wake Cycle and Components of Attention in 
Adolescents 
Abstract 
Adolescence is a transition between infancy and adulthood with changes in biological, 
psychological, and social areas, among them, a delay in sleep phase. Adolescents of 
morning shift show sleep deprivation and irregularity, and sleepiness in early morning, 
impacting school performance. In this study, we evaluated the relationship between 
exposure to morning light on commuting to school, sleep-wake cycle irregularity, sleep 
habits, sleepiness upon awaking, and attention components in adolescents in the 
morning shift. Participated 101 teens of both sexes from freshman and sophomore years 
on private high schools (Natal/RN), who filled a sleep diary in association with actimetry 
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for 10 days to record light intensity, sleep patterns and sleepiness upon awaking. The 
attention components (selective and sustained attention, tonic and phasic alertness) 
were evaluated by a Continuous Performance Task. There was a tendency towards a 
weak positive correlation between the weekly mean of morning light intensity during 
commuting and the percentage of correct responses for selective attention (r=0.19; 
p=0.06), besides a weak negative correlation between the mean of light intensity and the 
percentage of omissions for tonic alertness (r=-0.18; p=0.07). It is suggested that there 
is a relationship between the exposition to higher intensity of light on commuting to 
school in the morning and better attention performance, however an increase in the 
sample is necessary to assess this relationship. 
 
Keywords: Adolescents. Morning light. Sleep irregularity. Sleep. Attention. 
Introdução 
A adolescência é uma fase em que ocorre maturação puberal, que está relacionada à 
ação de hormônios sexuais. Há também modificações fisiológicas que podem manter 
relação com o desenvolvimento de padrões de sono, com maior duração da fase do 
sono quando comparado com adultos, atraso no horário de dormir e acordar, além de 
haver diferença entre os padrões de sono na semana - dias de escola - e fim de semana, 
decorrente de um conflito entre o atraso nos horários de sono e o horário escolar do 
turno da manhã (Millman, 2005). Essas modificações fisiológicas decorrentes da fase 
puberal promovem uma prorrogação no estado de vigília avançando pela noite, o que 
leva a um aumento na exposição à luz à noite, que de forma natural e coordenada leva 
a um atraso em algumas funções fisiológicas (Andrade et al., 1993; Anders et al., 1980). 
Segundo a Associação Brasileira do Sono (2018), o sono se modifica em diferentes 
faixas etárias, e para adolescentes que estudam pela manhã é provável que ocorra uma 
restrição do sono devido à dificuldade natural que os adolescentes possuem em acordar 
mais cedo. Uma análise de dados, coletados em várias regiões do Brasil durante a 
Semana do Sono em 2018, comprovou a ocorrência da privação do sono durante a 
semana e uma tendência à compensação dessa privação nos fins de semana, 
caracterizando uma irregularidade dos ritmos circadianos (Associação Brasileira do 
Sono, 2018). O padrão de irregularidade de sono entre semana e fim de semana em 
adolescentes é bem marcado e mantém relação com a manutenção dos níveis de 
atenção na sala de aula. 
A atenção é um processo cognitivo bastante estudado, porém de difícil conceituação. 
Para Valdez (2019), a atenção é a relação do indivíduo com o meio ambiente e implica 
em processar e selecionar a informação que chega ou responder estímulos e sustentar 
respostas por algum intervalo de tempo. Baseado no modelo proposto por Posner e 
Rafal (1987), Valdez (2019) sugere quatro componentes para o processo cognitivo da 
atenção. Esses componentes serão descritos a seguir: (1) alerta tônico, o qual é a 
capacidade de responder a qualquer evento do meio ambiente; (2) alerta fásico, é a 
capacidade de responder a um evento após um sinal de alerta; (3) atenção seletiva, se 
refere a capacidade de produzir uma resposta específica para cada estímulo; (4) 
atenção sustentada, tem a ver com continuar respondendo ao estímulo por um 
determinado tempo. 
A luz natural do dia pode atingir iluminâncias de até 10.000 lux, enquanto a luz artificial 
em ambientes fechados, com a sugerida no Brasil para salas de aula é de no mínimo 
500 lux e, mais comumente, atinge valores ainda menores, como 300 lux (Galina, 2017; 
NBR ISO/CIE 8995-1. 2013). A retina possui receptores de imagem, cones e bastonetes, 
assim como as células ganglionares intrinsecamente fotossensíveis, ipRGCs, as quais 
integram informações e as enviam ao cérebro através do nervo óptico, além de mediar 
a maioria dos efeitos da luz no ritmo circadiano. De modo geral, se expor à luz pela 
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manhã possui efeito de avançar o ritmo, enquanto a exposição à luz à noite possui efeito 
de atrasar o ritmo circadiano (Blume; Garbazza; Spitschan, 2019). 
Nesse contexto, a luz tem um papel regulador nos ritmos biológicos e a privação do 
sono dificulta ainda mais os níveis dos componentes da atenção pela manhã em 
adolescentes, resultando em impactos não apenas na atenção, mas no humor. Portanto, 
nosso objetivo neste trabalho é avaliar a relação entre a exposição à luz pela manhã no 
trajeto de casa até a escola, quanto ao seu impacto sobre os componentes da atenção, 
assim como os hábitos de sono e sonolência ao acordar, em adolescentes que estudam 
no turno matutino no município de Natal/RN. Espera-se que uma maior exposição à luz 
pela manhã esteja relacionada a maiores níveis de atenção, menores níveis de 
sonolência ao acordar, assim como de irregularidade nos horários de sono entre 
semana e fim de semana em adolescentes que estudam no turno matutino. 
 
Metodologia 
 
Participantes e procedimento experimental 
 
Foram recrutados 127 adolescentes do 1º e 2º anos do ensino médio, do turno da 
manhã, de ambos os sexos (16 ± 0,6 anos), matriculados em escolas privadas da cidade 
de Natal/RN. Foram excluídos adolescentes que relataram: 1) uso regular de 
psicofármacos; 2) distúrbios de sono e de saúde; 3) diagnóstico de distúrbios 
neurológicos (p.ex. epilepsia) atuais ou no passado, deficiências sensoriais e/ou 
motoras sérias, e déficits cognitivos; 4) diagnóstico de uma das seguintes doenças 
psiquiátricas: Depressão Maior, Transtorno do Humor Bipolar, Transtorno Psicótico, 
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH); e 5) que não preencheram os 
questionários por completo. Os padrões temporais de sono foram registrados por meio 
do preenchimento do diário de sono, o qual descreve comportamentos feitos antes e 
depois do sono. A sonolência ao despertar foi avaliada por meio da Escala de sonolência 
de Maldonado (2004) adaptadapor Belísio (2014). A intensidade de luz à qual os 
participantes foram expostos foi registrada por meio de actímetros, com ênfase para o 
intervalo entre os horários de acordar e de início das aulas. Estes registros foram feitos 
durante 10 dias consecutivos, incluindo dias de semana e fim de semana. Dentro desses 
10 dias, os participantes foram submetidos à realização da tarefa de execução contínua 
(TEC), proposta por Valdez et al. (2005), em que foram coletados dados referentes à 
atenção sustentada e seletiva, alerta tônico e fásico. A tarefa foi aplicada entre terças-
feiras e sextas-feiras no horário de 7h30min e 9h30min. 
 
Descrição dos instrumentos utilizados 
 
O diário de sono utilizado foi com base nas adaptações feitas por Andrade (1997) e 
Louzada (2000), as quais propõem questões a respeito do horário de deitar e levantar, 
além do motivo para acontecerem, despertares noturnos, horários e frequência de 
cochilos durante o dia, e sonolência do indivíduo ao acordar, medida pela Escala de 
sonolência de Maldonado. Os actímetros do modelo ActTrust da Condor foram utilizados 
no punho não dominante do indivíduo, pois é um equipamento semelhante a um relógio 
de pulso. Ele mede a movimentação do indivíduo e a duração, intensidade e horário a 
que o usuário está exposto à luz. Os dados obtidos foram utilizados para verificar o perfil 
de exposição à luz dos adolescentes participantes da pesquisa do caminho de casa 
para a escola até o momento em que se encontram em sala de aula para observar o 
padrão de exposição à luz durante a semana. 
 
Análise de dados 
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Dos 127 estudantes recrutados, apenas 101 concluíram as etapas do estudo. A 
exposição à luz no percurso de casa até a escola foi avaliada por meio da média da 
intensidade de luz registrada por meio dos actímetros durante 5 dias de coleta de dados 
nos dias de aula, entre o horário de acordar até o início das aulas pela manhã. As 
associações entre a intensidade média de luz no trajeto de casa à escola, padrões 
temporais de sono, sonolência diurna, e as variáveis dos testes de atenção foram 
analisadas por meio de testes de correlação de Spearman, com um nível de significância 
de 5%, através do programa Statistica 8 (TIBCO Statistica). 
 
Resultados e Discussões 
 
Verificou-se uma tendência a uma correlação positiva fraca entre a média semanal de 
intensidade de luz pela manhã e o percentual de respostas corretas para a atenção 
seletiva (r= 0,19; p<0,05 - Tabela 1; Figura 1), e a uma correlação negativa fraca entre 
a média semanal de intensidade de luz e o percentual de omissões para o alerta tônico 
(r= -0,18; p<0,067 - Tabela 1; Figura 2). Não houve correlação significativa entre a média 
semanal de intensidade de luz e as variáveis referentes aos outros componentes da 
atenção, alerta fásico e atenção sustentada, dentro dos critérios analisados, sendo eles: 
tempo de reação médio, percentual de respostas corretas e percentual de omissões. 
Assim como, não houve correlações significativas entre a média de intensidade de luz 
semanal e o índice de sonolência de Maldonado, horários de deitar, levantar e 
irregularidade nos horários de sono (Tabela 2). 
De acordo com uma das hipóteses propostas, os estudantes que se expuseram mais a 
luz pela manhã tenderam um maior percentual de respostas corretas na TEC para o 
componente de atenção seletiva. Também foi observada uma tendência a que quanto 
maior a exposição à luz pela manhã menor a omissão das respostas para o alerta tônico. 
Essas tendências estão de acordo com o efeito que a exposição à luz pela manhã tem 
em melhorar os componentes da atenção, aumentando os níveis de alerta dos 
adolescentes e, a depender do horário, duração e intensidade dessa exposição, pode 
avançar os ritmos biológicos (Sharkey et al., 2011; Gooley, 2017). Choi e colaboradores 
(2019) mostraram que a exposição a luz artificial pela manhã com uma iluminância de 
500 lux possui efeito de aumentar os níveis de alerta nos indivíduos de faixa etária entre 
23 anos. Além disso, os participantes da pesquisa foram expostos a luz branca e luz 
enriquecida com azul e se observou que a luz azul possui maior influência sobre os 
níveis de alerta. 
Gabel e colaboradores (2013) confirmam que a exposição à luz matinal em indivíduos 
de faixa etária entre 20 e 33 anos, melhora os parâmetros subjetivos de bem estar, 
sonolência, tensão e desempenho cognitivo de modo que o indivíduo se sinta mais apto 
para cumprir as tarefas que exijam um esforço intelectual. Crowley e Eastman (2015) 
propuseram que a exposição à luz artificial pela manhã combinada com a não exposição 
a noite pode avançar o ritmo de adolescentes. Apesar dessas descobertas não 
manterem total relação com os achados do presente estudo, reafirmam que a exposição 
à luz pela manhã, mesmo sendo artificial, pode diminuir a irregularidade do sono e a 
restrição do sono, além de contribuir para aumentar os níveis de alerta. 
Para as outras variáveis analisadas: alerta fásico, atenção sustentada, irregularidade do 
sono, sonolência ao acordar e sonolência de Maldonado, não houve correlação 
significativa, provavelmente devido a limitação do tamanho da amostra analisada e/ou 
a diferenças individuais. A exposição à luz pela manhã possui um papel importante para 
o desempenho escolar dos adolescentes que estudam pela manhã frente ao horário de 
início das aulas e às condições fisiológicas naturais dos ritmos biológicos dos 
adolescentes. Sugere-se para os próximos estudos um tamanho amostral maior para 
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avaliar a relação entre intensidade de luz pela manhã, irregularidade do ciclo sono e 
vigília e os componentes da atenção em adolescentes do turno matutino. 
 
Conclusão 
 
Com o presente trabalho, sugerimos que níveis mais elevados de exposição à luz 
matinal estão relacionados a maiores os níveis de alerta tônico e atenção seletiva em 
adolescentes que estudam pela manhã. Porém, não observamos relações entre essa 
exposição e a irregularidade do sono na semana e a sonolência ao acordar, assim como 
com os outros componentes da atenção, provavelmente devido ao baixo número de 
participantes no estudo. Para novos estudos, propomos aumentar o tamanho da 
amostra para avaliar a relação entre a exposição à luz pela manhã no trajeto de casa 
até a escola, irregularidade do ciclo sono e vigília e os componentes da atenção em 
adolescentes do turno matutino. Não obstante, sugerimos que os adolescentes se 
exponham à luz natural pela manhã e que as escolas melhorem a qualidade da luz em 
sala de aula, respeitando as recomendações previstas e promovendo um ambiente mais 
propício para melhores níveis de atenção e alerta, principalmente nos primeiros horários 
das aulas matutinas. 
 
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Anexos 
 
 
Tabela 1 – Correlações entre a média da intensidade de luz no trajeto de casa até a 
escola na semana e os componentes da atenção (Spearman, p<0,05). 
 
 
Figura 1 - Correlação entre a média da intensidade de luz no trajeto de casa até a escola 
na semana e percentual de respostas corretas para a atenção seletiva (Spearman, 
p<0,05). 
 
 
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Tabela 2 – Correlações entre a média da intensidade de luz no trajeto de casa até a 
escola na semana e a irregularidade do sono, horários de sono e sonolência ao acordar 
na semana (Spearman, p<0,05). 
 
 
Figura 2 - Correlação entre a média da intensidade de luz no trajeto de casa até a escola 
na semana e percentual de omissões nas respostas para o alerta tônico (Spearman, 
p<0,05). 
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CÓDIGO: HS0966 
AUTOR: FRANCISCO ALISSON DE MOURA ALVES 
COAUTOR: ADRIELLY MARCELA DE CASTRO DO NASCIMENTO 
ORIENTADOR: FIVIA DE ARAUJO LOPES 
 
 
TÍTULO: Market Simulator: escolha de parceiro em um speed-dating 
Resumo 
 
Ao longo de anos de estudos acerca da compreensão da dinâmica de parceiros, novos 
modelos acabaram surgindo. Nesse processo, o speed-dating surgiu e consiste em 
encontros rápidos entre indivíduos, de modo a simular a dinâmica do mercado de 
acasalamento e tentar compreender o processo de escolha de parceiros. Assim, o 
speed-dating já vem sendo utilizado em estudos da área ao redor do mundo, mas é uma 
metodologia a ser consolidada no Brasil. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo 
investigar a relação entre personalidade, autoavaliação e valor de mercado dos 
indivíduos a partir do uso do speed-dating como metodologia. Nossa amostra contou 
com 54 indivíduos, 29 homens e 25 mulheres, todos heterossexuais e solteiros. Esses 
compareceram ao Centro de Biociências (UFRN) e responderam também a um conjunto 
de questionários. Para a análise dos dados foram feitas correlações de Pearson e 
Spearman. Foram observadas correlações entre traços de personalidade e as 
dimensões da autoavaliação para cada sexo. Quanto à autoavaliação e o valor de 
mercado do parceiro escolhido no speed-dating, não foram encontradas correlações 
significativas. Assim, o speed-dating demonstrou potencial para investigar as 
características associadas ao valor de mercado de indivíduos de acordo com sua 
personalidade. Entretanto, são necessários mais estudos para o entendimento da 
dinâmica de valor de mercado como também para a consolidação do speed-dating como 
metodologia científica. 
 
 
Palavras-chave: Diferenças sexuais. Personalidade. Valor de mercado. 
TITLE: Market Simulator: choosing a speed-dating partner 
Abstract 
 
Over years of studies on understanding the dynamics of partners, new models have 
emerged. In this process, speed-dating emerged and consists of quick meetings 
between individuals, in order to simulate the dynamics of the mating market and try to 
understand the process of choosing partners. Thus, speed-dating has already been used 
in studies of the area around the world, but it is a methodology to be consolidated in 
Brazil. In this sense, this study aims to investigate the relationship between personality, 
self-assessment and market value of individuals from the use of speed-dating as a 
methodology. Our sample included 54 individuals, 29 men and 25 women, all 
heterosexual and single. These attended the Center for Biosciences (UFRN) and also 
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CIÊNCIAS DA VIDA 34 
 
answered a set of questionnaires. Pearson and Spearman correlations were used to 
analyze the data. Correlations were observed between personality traits and the 
dimensions of self-assessment for each sex. Regarding the self-assessment and the 
market value of the partner chosen in speed-dating, no significant correlations were 
found. Thus, speed-dating has demonstrated the potential to investigate the 
characteristics associated with the market value of individuals according to their 
personality. However, further studies are needed to understand the market value 
dynamics as well as to consolidate speed-dating as a scientific methodology. 
 
 
Keywords: Sexual differences. Personality. Market value. 
Introdução 
No mercado de acasalamento humano, os indivíduos possuem um valor de mercado 
que pode ser um indicativo de suas qualidades como parceiro em potencial (Pawlowski, 
2000). Dentro desse mercado, os indivíduos também possuem preferências traços 
como características físicas e mesmo inteligência e bom-humor (Hattori et al., 2013). As 
preferências são diferentes entre os sexos (Pawlowski, 2000), e também podem sofrer 
influência de variáveis sociais e culturais (Lopes et al., 2018). 
O Valor de mercado dos indivíduos é uma importante característica no mercado de 
acasalamento, sendo traçado a partir da autoavaliação dos indivíduos unindo suas 
representações cognitivas, características e habilidades (Valentova & Veloso, 2018). 
Indivíduos com uma maior autopercepção do valor de mercado podem acabar sendo 
mais exigentes nas características presentes em um parceiro, de modo que suas 
características acabam por refletir uma maior cobrança na busca por um parceiro em 
potencial (Edlund & Sagarin, 2010) seja por características físicas ou de personalidade. 
Carere e Locurto (2011) abordam a personalidade

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