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XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN - eCICT 2021 ANAIS EXPEDIENTE APRESENTAÇÃO O Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica (eCICT) é um evento aberto à comunidade no qual todos os aproximadamente 1.500 alunos de Iniciação Científica e Tecnológica da UFRN (bolsistas e voluntários) apresentam os resultados de suas pesquisas desenvolvidas ao longo de um ano, como cumprimento de um plano de trabalho elaborado e orientado por um professor/pesquisador do quadro permanente da Instituição. O eCICT está entre as ações inseridas no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica da UFRN, que possui entre seus objetivos: a) Contribuir para a formação e engajamento de recursos humanos em atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação; b) Contribuir para a formação científica de recursos humanos que se dedicarão a qualquer atividade profissional; e c) Contribuir para a formação de recursos humanos que se dedicarão ao fortalecimento da capacidade inovadora das empresas no País. Em 2021, a Pró-Reitoria de Pesquisa da UFRN realizou a 32ª edição do Congresso em formato totalmente virtual. A 32ª edição do Congresso teve como tema “A Transversalidade da Ciência, Tecnologia e Inovações para o Planeta”, estando alinhada aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. Ao submeter os trabalhos ao Congresso, os alunos indicaram os objetivos da Agenda 2030 aos quais suas pesquisas estavam relacionadas. Essa iniciativa visa estimular a pesquisa científica e tecnológica voltada para a busca por soluções para os desafios sociais contemporâneos. Em uma etapa inicial, denominada de Mostra de Trabalhos e Vídeos de Ciência, Tecnologia e Inovação, foram realizadas as apresentações dos trabalhos submetidos pelos participantes do evento. As apresentações ocorreram de forma assíncrona, por meio de arquivos digitais (trabalho completo e vídeo), sendo disponibilizadas não só aos avaliadores do congresso pelos Sistemas da UFRN, mas também ao público em geral através do site do evento (www.cic.propesq.ufrn.br). Após essa etapa inicial, uma série de vídeos sobre a trajetória de sucesso dos pesquisadores destaques da UFRN no ano de 2021 foi disponibilizada (on demand) a todos os participantes, complementando as atividades remotas do evento. Os pesquisadores destaques da UFRN no ano de 2021 foram selecionados a partir do Prêmio Pesquisador Destaque da UFRN, certame instituído em 2019 por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa e que é concedido anualmente aos pesquisadores da instituição que tenham apresentado relevantes contribuições para o desenvolvimento da ciência em cada uma das três grandes áreas do conhecimento: Ciências da Vida; Ciências Exatas, da Terra e Engenharias; e Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes. Além de troféu e certificado, todos os premiados receberam auxílio no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para custear despesas específicas, discriminadas em edital. Ainda no eCICT 2021, os alunos concorreram ao 5ª Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica da UFRN, que foi instituído pela Pró-Reitoria de Pesquisa em 2017 para reforçar as ações dos programas institucionais de iniciação científica e tecnológica. O prêmio contemplou duas categorias: Trabalho Destaque de Iniciação Científica e Tecnológica e Vídeo Destaque de Divulgação Científica. Os premiados foram agraciados com bolsas mensais de até R$ 800,00 (oitocentos reais) durante o período de um ano. Os orientadores dos alunos premiados adquiriram precedência em relação aos demais para efeitos de concorrência no Edital de Bolsas de Pesquisa da UFRN em 2022. O evento cumpriu três funções valiosas para o desenvolvimento da ciência na instituição: inserção dos discentes em um ambiente acadêmico de publicação e apresentação dos resultados da pesquisa; divulgação científica por meio dos vídeos que utilizam uma linguagem científica, porém acessível a todos; e, por fim, a popularização da ciência. PROGRAMAÇÃO NOVEMBRO/2021 23 a 25/11 Mostra de Trabalhos e Vídeos de Ciência, Tecnologia e Inovação do eCICT 2021 JANEIRO/2022 24 a 28/01 eCICT 2021 Virtual com conteúdos on demand CB Centro de Biociências XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 7 CÓDIGO: HS0289 AUTOR: KATHARINA PATROCINIA DA SILVA ORIENTADOR: FELIPE NALON CASTRO TÍTULO: Efeito do sexo e meio de transporte utilizado na sociossexualidade. Resumo Introdução: Consumo conspícuo pode ser definido como um comportamento de consumo focado na apresentação de uma autoimagem idealizada (Baumeister, 1982) em contextos sociais, em detrimento da aquisição de produtos da mesma categoria, porém que possuem menor custo. Diversos estudos trazem o consumo conspícuo como um fator associado às motivações fundamentais (sistema motivacional que evoluiu com nossa espécie) que regem o comportamento reprodutivo dos seres humanos (Sundie et al, 2011; Yuan et al 2019; Buss & Foley, 2020; Borau & Bonnefon, 2020; Otterbring et al, 2020; Kruger, 2021), devido a sinalização de habilidade de aquisição de recursos, que possui alto valor no mercado de acasalamento. Objetivos: o atual estudo procurou investigar se existem diferenças nos níveis de sociossexualidade dos participantes em função de seu sexo, além de investigar se o meio de transporte (público ou privado) utilizado por estes também afetaria esses níveis, tendo como covariantes a idade e autoestima destes. Métodos: Os 278 participantes foram submetidos a um questionário sociodemográfico e ao Inventário de Orientação Sociosexual Revisado (SOI-R). Discussão e conclusões: 1) O meio de transporte utilizado e o sexo dos participantesafetam a sua sociossexualidade. 2) Há uma diferença entre os homens, indicando que a posse de um transporte particular aumenta os níveis de sociossexualidade de indivíduos do sexo masculino, contribuindo assim para um maior valor de acasalamento. Palavras-chave: consumo conspícuo, comportamento sexual, sociossexualidade, motivação TITLE: Effects of sex and means of transportation on sociosexuality. Abstract Introduction: Conspicuous consumption can be defined as a consumption behavior focused on the presentation of an idealized self-image (Baumeister, 1982) in social contexts, to the detriment of the purchase of products of the same category, but which have a lower cost. Several studies bring conspicuous consumption as a factor associated with fundamental motivations (the motivational system that evolved with our species) that govern the reproductive behavior of human beings (Sundie et al, 2011; Yuan et al 2019; Buss & Foley, 2020; Borau & Bonnefon, 2020; Otterbring et al, 2020; Kruger, 2021), due to the signaling of resource acquisition ability, which has a high value in the XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 8 mating market. Objectives: the current study sought to investigate whether there are differences in the participants' sociosexuality levels depending on their gender, in addition to investigating whether the means of transport (public or private) used by them would also affect these levels, with age and self-esteem as covariates of these. Methods: The 278 participants underwent a sociodemographic questionnaire and the Revised Sociosexual Orientation Inventory (SOI-R). Discussion and conclusions: 1) The means of transport used and the gender of the participants affect their sociosexuality. 2) There is a difference between men, indicating that ownership of a private vehicle increases the levels of sociosexuality of males, thus contributing to a higher mating value. Keywords: conspicuous consumption, sexual behavior, sociosexuality, motivation IntroduçãoSegundo os estudos de Sundie et al. (2011), pode-se definir consumo conspícuo como um comportamento de consumo focado na apresentação de uma autoimagem idealizada (Baumeister, 1982) em contextos sociais, em detrimento da aquisição de produtos da mesma categoria, porém que possuem menor custo. Tal escolha de consumo pode ocorrer por simbolizar estilo, prazer pessoal e autoexpressão (Kother & Keller, 2016), além de fornecer sinalizações sobre seu status social a outros indivíduos (Miller, 2009). Veículos de passageiros, por exemplo, tem como função básica o transporte. No entanto, além de suas funções atreladas a facilidade de deslocamento, este objeto também pode ser utilizado para sinalizar determinados atributos em contextos sociais (Sundie et al., 2011), sendo relatado até mesmo o sentimento de aumento do status social como motivação para a decisão de consumo (Hennighausen et al., 2016). A tomada de decisão dos humanos pode ter base em sistemas motivacionais que evoluíram ao decorrer da história de nossa espécie, devido a pressões de seleções específicas, formando assim as chamadas motivações fundamentais (Schaller et al., 2017). Estas motivações fundamentais provêm de múltiplos e independentes sistemas, que estão relacionados a fisiologia, segurança, estima e afiliação, existindo dentre as motivações aquelas que seriam prioritárias em detrimento das outras (Maslow, 1943), tendo sido elaborado por Kenrick e colaboradores (2010) um modelo de hierarquia das motivações humanas baseadas tanto no trabalho de Maslow (1943), quanto em modelos teóricos e empíricos antropológicos, psicológicos e evolucionistas, adicionando também objetivos reprodutivos entre os que guiam estas motivações, uma vez que comportamentos sociais são essenciais para o sucesso reprodutivo humano (Schaller et al., 2017). Diversos estudos trazem o consumo conspícuo como um fator associado às motivações fundamentais que regem o comportamento reprodutivo dos seres humanos (Sundie et al, 2011; Yuan et al 2019; Buss & Foley, 2020; Borau & Bonnefon, 2020; Otterbring et al, 2020; Kruger, 2021), pois a aquisição de produtos culturais de luxo podem ser um demonstrativo de riqueza, o que é interessante do ponto de vista de aquisição de prestígios sociais, sinalizando características interessantes para o mercado de acasalamento XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 9 (McAndrew, 2018; Veblen, 1979; Saad, 2007). Essa sinalização, por ser difícil de ser reproduzida (dependente de grande poder aquisitivo), é considerada uma sinalização confiável, baseando-se na Teoria da Sinalização Custosa. É importante citar que a sinalização de características desejáveis é extremamente importante no mercado de acasalamento (Bliege Bird & Smith, 2005; Nelissen & Meijers, 2011). Em indivíduos do sexo masculino, este comportamento se mostra no contexto de estratégia sexual para aquisição de parceiras, sinalizando maior capacidade de prover recursos (Buss & Schmitt, 1993), sendo assim considerados mais atraentes pelas mulheres (Sundie et. al, 2011). Neste mesmo contexto, nas mulheres esse comportamento parece estar associado a autopromoção em contextos competitivos e retenção de parceiros (Buss & Foley, 2019), além de preferirem produtos que aumentem sua atratividade (Hudders et al, 2014; Bradshaw et al, 2019; Yuan & Zheng, 2019; Mafra et al, 2020; Bervian & Floriani, 2021). Baseando-se nos fatores aqui descritos, o atual estudo procurou investigar se existem diferenças nos níveis de sociossexualidade dos participantes em função de seu sexo, além de investigar se o meio de transporte (público ou privado) utilizado por estes também afetaria esses níveis, tendo como covariantes a idade e autoestima destes. Metodologia • Participantes. A amostra total deste estudo consistiu em 278 pessoas, sendo 133 homens (M = 25.11, SD = 6.93) e 145 mulheres (M= 25.63, SD = 6.64). Entre os participantes, 44,60% da amostra se declarou branca, 39.93% eram pardos (ou mestiços), 9.71% eram negros, 4,32% eram asiáticos (japoneses, chineses ou coreanos) e 1.44% eram indígenas, de acordo com os parâmetros brasileiros de classificação da cor de pele (IBGE). Em relação à orientação sexual, 92.45% dos participantes relataram ser heterossexuais, 5.4% bissexuais e 1.8% homossexuais. Não foram observadas diferenças entre homens e mulheres com relação à idade (t(276)=0,63, p=0,528) e autoestima (MHomens=20,91, DPHomens=4,37, MMulheres=20,53, DPMulheres=4,66; t(276)=-0,70, p=0,486). • Procedimentos Os participantes foram expostos a questionários anônimos e individuais, nos quais os participantes responderam questões baseadas no Inventário de Orientação Sociossexual revisado (SOI-R). Três itens compunham a impressão de atitude: (1) “Sexo sem amor é OK”, (2) “Eu consigo me imaginar estando confortável e curtindo sexo casual com diferentes parceiros”, e (3) “Eu não quero ter relações sexuais com uma pessoa até eu ter certeza de que nós teremos uma relação de longo prazo, um relacionamento sério”. Ao final, os participantes responderam questões sociodemográficas. • Análises estatísticas XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 10 Tendo como objetivo avaliar se existem diferenças relacionadas ao nível de sociossexualidade em função do sexo do participante, ou se o tipo de transporte (público ou privado) também gera essas diferenças foram aplicados testes General Linear Models (GLM) Univariados, tendo como variáveis independentes o meio de transporte dos participantes no dia a dia (Público ou Privado) e o sexo dos participantes (Masculino ou Feminino) e como covariáveis sua autoestima e idade. Também foi realizado um teste Post Hoc de Bonferroni para maior detalhamento. O nível de significância definido foi 5%. Resultados e Discussões Baseado nos testes anteriormente descritos, foi observada uma interação entre o sexo dos participantes e o meio de transporte que estes utilizam no dia a dia com a sociossexualidade apresentada por estes (Tabela 1 e 2). A partir disso, foram realizados dois testes de Post hoc. O primeiro (Post hoc 1) demonstrou diferença entre homens e mulheres que se deslocam através de transporte pública, além de apresentar também uma diferença entre eles quando se trata daqueles que utilizam transporte privado. O segundo teste (Post hoc 2), apresentou uma diferença entre homens que se deslocam por transporte público e privado, mostrando que aqueles que utilizam o transporte privado apresentam uma maior sociossexualidade, ao passo que, entre as mulheres, essa diferença não foi observada. Conclusão Baseando-se nas informações aqui apresentadas, é possível concluir que o meio de transporte utilizado e o sexo dos participantes afetam a sua sociossexualidade. Este efeito revela, principalmente, que há uma diferença entre os homens, indicando que a posse de um transporte particular aumenta os níveis de sociossexualidade de indivíduos do sexo masculino, contribuindo assim para um maior valor de acasalamento. Referências Baumeister, R. F. (1982). A self-presentational view of social phenomena. Psychological bulletin, 91(1), 3. Bervian, L. M., & Floriani, D. E. (2021). As mulheres se vestem para outras mulheres? Um estudo sobre consumo de luxo feminino e competição intrassexual. Revista Brasileira de Marketing, 20(1), 105-131. BliegeBird, R., Smith, E., Alvard, M., Chibnik, M., Cronk, L., Giordani, L., ... & Smith, E. (2005). Signaling theory, strategic interaction, and symbolic capital. Current anthropology, 46(2), 221-248. Borau, S., & Bonnefon, J. F. (2020). 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A amostra foi composta de 72 indivíduos, todos voluntários, sendo: 25 homens heterossexuais, e 47 mulheres, 24 heterossexuais e 23 não-heterossexuais. Os dados foram coletados durante eventos de speed-dating nos quais se aplicou o Inventário dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade (Big five) e um questionário sociodemográfico contendo perguntas relativas à idade mínima, máxima e ideal em um parceiro. Foram realizadas correlações de Spearman entre os traços de personalidade com as idades mínimas, ideais e máximas. Os resultados apresentam correlações significativas para mulheres heterossexuais, em que Extroversão e Agradabilidade apresentam efeitos negativos na idade preferida, enquanto Conscienciosidade apresenta um efeito positivo. Ausência de correlações significativas para homens heterossexuais e mulheres não- heterossexuais pode ter relação com presença de mulheres bissexuais na amostra (dificultando um padrão). Palavras-chave: Escolha de parceiro. Speed-dating. Diferenças entre os sexos. TITLE: Is time relative? ideal age for a partner Abstract Personality operates as a set of emotional, physiological and behavioral characteristics. These characteristics may end up reflecting on how the individual behaves and interacts in the environment. The search for an ideal partner depends on several factors and the characteristics sought may vary with environmental, economic and age factors. Studies XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 16 indicate a relationship between personality and the choice of a partner. In this context, the aim of this study is to assess whether personality influences the age of an ideal partner. The sample consisted of 72 individuals, all volunteers, being: 25 heterosexual men, and 47 women, 24 heterosexual and 23 non-heterosexual. Data were collected during speed- dating events where the Big Five Personality Factors Inventory (Big Five) and a sociodemographic questionnaire containing questions related to the minimum, maximum and ideal age in a partner were applied. Spearman correlations between personality traits and minimum, ideal and maximum ages were performed. The results show significant correlations for heterosexual women, where Extraversion and Agreeableness have negative effects on preferred age, while Conscientiousness has a positive effect. The absence of significant correlations for heterosexual men and non-heterosexual women may be related to the presence of bisexual women in the sample (hindering a pattern). Keywords: Choice of partner. Speed-dating. Differences between the sexes. Introdução A evolução pode ser entendida como mudanças na capacidade de alterar a forma e até mesmo o comportamento dos organismos, gerando vantagens adaptativas e que são passadas ao longo de suas gerações (Ridley, 2004). Para Hattori e Yamamoto (2012), a Psicologia Evolucionista enxerga os meios psicológicos e comportamentais como produtos das adaptações orientadas pela seleção natural, selecionadas ao lidar com questões adaptativas enfrentadas por nossos antepassados. Ao atingir a idade reprodutiva um indivíduo pode deixar descendentes férteis que podem vir a se reproduzir e promover o fluxo de seus genes ao longo das gerações, de modo que o número dos descendentes deixados pode acabar sendo uma forma de medir a aptidão de um indivíduo (Alcock, 2011). A reprodução cruzada pode simbolizar um forte mecanismo capaz de promover vantagens evolutivas devido à combinação do material genético dos indivíduos, podendo desencadear renovação e reparo, que será passado para sua prole proporcionando melhores características (Sousa & Hattori, 2018). Indivíduos com mais parceiros acabam por se reproduzir mais (Alcook, 2011), podendo refletir sua capacidade de atração e de manutenção de um parceiro, em que sujeitos de ambos os sexos acabam competindo durante a escolha (Sousa & Hattori, 2018). Devido à reprodução ser um fator tão importante, a escolha de um parceiro se torna um processo necessário a fim de avaliar características desejadas em uma possível prole (Noë & Hammerstein, 1995). Estudos mostram que parece haver padrões universais de características mais bem avaliadas e preferidas para cada sexo (Buss & Barnes, 1986), como também preferências diferentes (Pawlowski, 2000), podendo sofrer variação por mecanismos sociais e culturais (Lopes et al., 2018). Para o sexo masculino homens heterossexuais buscam parceiras fisicamente atraentes e mais jovens (Russock, 2011; Howie & Pomiankowski, 2018) e as mulheres heterossexuais buscam parceiros que indicam a capacidade de auxiliar no cuidado da prole (Hattori & Castro, 2017), além de características como bom-humor (Buss et al., XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 17 2001; Hone et al., 2015), inteligência (Prokosch et al., 2009; Stone et al., 2012) e maior status social (Buss et al., 2001; Souza et al., 2016). A personalidade pode ser interpretada como um conjunto de aspectos emocionais, fisiológicos e comportamentais (Carere & Locurto, 2011), podendo representar a forma do indivíduo pensar, sentir e socializar (Silva & Nakano, 2011). Alguns estudos já apresentam relação entre os traços de personalidade com o número de parceiros (Nettle, 2005) e com o processo de escolha de parceiros (Schmitt et al., 2008; Stone et al., 2012; Whyte et al., 2019). Algumas preferências podem sofrer influência da idade do indivíduo (Marcinkowska et al., 2017), mas será que a personalidade pode desencadear preferências no que se refere à idade em um parceiro? O Speed-dating, ou Encontro Rápido no português, se apresenta como uma nova metodologia para o estudo e entendimento de alguns comportamentos em que é oferecida aos participantes a possibilidade de encontro direto com parceiros em potencial (Finkel & Eastwick, 2008). Somado a metodologias de coleta de dados, pode permitir o estudo de comportamentos associados à dinâmica de escolha de parceiros. O objetivo deste trabalho é investigar a existência da relação entre os traços de personalidade de indivíduos com as preferências quanto à idade em um(a) parceiro(a). Metodologia Nossa amostra contou com um total de 72 voluntários, e os procedimentos gerais deste estudo foram realizados no Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Todos os participantes deste estudo foram recrutados por meio de ferramentas de divulgação como cartazes e redes sociais. A amostra foi composta de 25 participantes heterossexuais, e 47 do sexo feminino, das quais 23 se declararam não-heterossexuais e 24 heterossexuais. Todos eram maiores de 18 anos. Durante seções de speed-dating foi pedido aos participantes o preenchimento de um Termo de consentimento livre esclarecido (TCLE), contendo informações e esclarecimentos acerca dos objetivos da pesquisa, como também seus benefícios. Duas vias foram entregues, uma ficando com o participante e uma com os pesquisadores. Os participantes responderam a um inventário contendo questões acerca da idade, sexo, orientação sexual do(a) participante, estado civil, grau de escolaridade e questões relativas a um(a) parceiro(a) ideal, como cor, altura e idade mínima, ideal e máxima. Também foi aplicada uma versão validada e traduzida por Andrade (2008) do Inventário dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade (Big Five) para o português, separando a personalidade em cinco principais traços: Abertura, Conscienciosidade,Extroversão, Neuroticismo e Agradabilidade. Tal questionário continha 44 afirmações no formato de escala likert de 5 pontos, sendo 1- discordo totalmente a 5- concordo totalmente. A análise dos dados foi realizada por meio do software livre Past. Os dados foram organizados em três grupos com base no sexo e orientação sexual dos indivíduos, XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 18 reunindo seus traços de personalidade e as idades mínimas, máximas e ideais para um parceiro: (1) Homens Heterossexuais, (2) Mulheres Heterossexuais e (3) Mulheres Não- Heterossexuais. Foram realizados testes de Shapiro-Wilk visando observar a normalidade e a distribuição dos dados coletados. Em seguida, foram realizadas correlações de Spearman para os dados não-paramétricos, correlacionando os traços de personalidade com a idade mínima, máxima e ideal de um parceiro. Para todos os testes foi levado em consideração um p < 0,05. Resultados e Discussões As correlações feitas representam três grupos: (1) Homens Heterossexuais, (2) Mulheres Heterossexuais e (3) Mulheres Não-Heterossexuais, permitindo visualizar melhor possíveis padrões, como também comparar características de acordo com sexo e orientação sexual dos grupos. Nossos resultados mostram correlações significativas apenas em um dos três grupos estudados. As Figuras 1, 2 e 3 apresentam as correlações encontradas (Anexos). Em fundo cinza correlações significativas (p < 0,05), os círculos em vermelho representam correlações negativas e os em azul correlações positivas. Na Figura 4 podemos observar os valores de significância (p) encontrados nas Figuras 1, 2 e 3. As diferenças entre os grupos heterossexuais do sexo masculino e feminino podem representar mecanismos das estratégias sexuais (Buss e Schmitt, 1993), em que as diferenças encontradas envolvendo os traços de personalidade com as preferências de idade podem representar estratégias adaptativas para cada sexo. Pode apontar uma semelhança com as características masculinas que podem ter sido adaptativas para o sexo feminino, o que também poderia ajudar a explicar as diferenças encontradas entre as mulheres e heterossexuais e mulheres não-heterossexuais já que elas buscam diferentes tipos de parceiros (Valentova e Veloso, 2018). Homens Heterossexuais Não foram observadas correlações significativas entre os traços de personalidade e as idades desejadas em um parceiro (resultados na Fig. 1). Essa ausência de correlações entre a personalidade e idade pode apontar a idade como sendo um fator importante na escolha masculina e, dessa forma, não tendo uma diferença entre os traços de personalidade, pois se torna importante para todos, já que homens buscam mulheres com uma melhor atratividade física e mais jovens, por serem indicativos de valores reprodutivos e fertilidade (Howie & Pomiankowski, 2018; Pawlowski, 2000; Russock, 2011). Mulheres Heterossexuais XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 19 Foram observadas correlações significativas e as idades do parceiro ideal (resultados na Fig. 2). Primeiramente, a Extroversão se correlacionou negativamente com a idade média. As pontuações em Extroversão se relacionando de forma negativa com a idade média podem indicar que mulheres mais extrovertidas por serem mais ativas e sociáveis (Nettle, 2006) podem vir a preferir homens com uma idade média menor, de forma que homens mais jovens podem estar mais propensos a participar de situações extrovertidas junto a elas, pois alguns indivíduos tendem a buscar parceiros que combinem em algum ponto (Figueredo et al., 2006). Por sua vez, foi observada uma correlação negativa entre Agradabilidade e idade mínima. Isso pode indicar que mulheres heterossexuais que pontuam mais em Agradabilidade podem estar mais dispostas a se relacionar com homens mais jovens. Ainda, encontramos correlação positiva entre o traço de Conscienciosidade e idade mínima, de modo que uma maior pontuação em Conscienciosidade em mulheres heterossexuais pode indicar uma preferência por homens mais velhos. Podemos destacar preferências voltadas às capacidades de manutenção e/ou obtenção de recursos (Li et al., 2013), de modo que homens com uma maior idade mínima estão mais propensos à obtenção de recursos. Mulheres Não-Heterossexuais Diferente dos resultados encontrados para as mulheres heterossexuais, para o grupo das mulheres não-heterossexuais não foram encontradas correlações significativas envolvendo traços de sua personalidade com o perfil de idade apontado para um possível parceiro ideal (resultados na fig. 3). Isso pode estar mostrando que as preferências desse grupo são mais parecidas com as preferências de homens heterossexuais do que de mulheres. A partir dos estudos de Valentova (2016a; 2016b) hipotetiza-se que indivíduos não-heterossexuais apresentam preferências tanto ligadas ao sexo, como à sua orientação sexual, estando assim, esses indivíduos com preferências entre as de homens e mulheres heterossexuais. Conclusão Podemos concluir este trabalho ressaltando 4 principais pontos: (1) Nossos resultados apresentaram correlações significativas para o grupo das mulheres heterossexuais, de forma que as pontuações em extroversão, agradabilidade e conscienciosidade aparentam impactar no perfil de idade de um parceiro. (2) Para os outros dois grupos, homens heterossexuais e mulheres não-heterossexuais, não foram encontradas correlações significativas, uma vez que as diferenças encontradas entre os sexos podem estar relacionadas com as estratégias adaptativas para cada um. XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 20 (3) Mais estudos ainda são necessários para verificar melhor os achados presentes neste trabalho e, para melhores projeções, seria interessante ampliar o número de indivíduos na amostra e isolar melhor os grupos, de modo que seja possível um melhor agrupamento permitindo avaliar de forma mais específica as características com base no sexo e na orientação sexual dos indivíduos. (4) Os dados foram coletados por meio de instrumentos questionários durante seções de speed-dating, o que permite visualizar novas abordagens para uma metodologia já utilizada no exterior, mas pouco conhecida no Brasil, auxiliando a consolidá-la em solo nacional. Referências Alcock, J. (2011). Comportamento Animal: uma abordagem evolutiva (9a edição). Porto Alegre: Artmed. Andrade, J. M. (2008). Evidências de Validade do Inventário dos Cinco Grandes Fatores de Personalidade para o Brasil. 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Anexos XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 23 Figura 1: Relação entre os valores para os traços de personalidade do grupo de Homens Heterossexuais com a idade mínima, ideal e máxima de uma parceira. Em azul, tendência a correlações positivas. Em vermelho, tendência a correlações negativas. XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 24 Figura 2: Relação entre os valores nos traços de personalidade do grupo de Mulheres Heterossexuais com a idade mínima, ideal e máxima de um parceiro. Em cinza, correlações significativas. Em azul, correlações positivas. Em vermelho, correlações negativas. XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 25 Figura 3: Relação entre os valores para os traços de personalidade do grupo de Mulheres Não-Heterossexuais com a idade mínima, ideal e máxima de um(a) parceiro(a). Em azul, tendência a correlações positivas. Em vermelho, tendência a correlações negativas. XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 26 Figura 4: Quadros contendo o valor de significância (p) das correlações encontradas nas figuras 1, 2 e 3. Correlação significativa com base nos valores de p < 0,05. XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 27 CÓDIGO: HS1099 AUTOR: IZIS LIMA RIBEIRO ORIENTADOR: CAROLINA VIRGINIA MACEDO DE AZEVEDO TÍTULO: Relação entre a intensidade de luz na sala de aula pela manhã, padrões temporais de sono, sonolência diurna e componentes da atenção em adolescentes. Resumo A alta sonolência diurna nos adolescentes é uma problemática que aflige pais, gestores e professores, visto que níveis adequados de atenção são essenciais para a aprendizagem. Além disso, a privação de sono está associada a efeitos negativos na regulação das emoções, da memória e da concentração, fatores imprescindíveis para um bom desempenho cognitivo. Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo investigar a relação entre a intensidade de luz na sala de aula pela manhã, os padrões temporais de sono, sonolência diurna e os componentes da atenção em adolescentes do turno matutino em Natal/RN que estavam cursando o 1º ou o 2º ano do ensino médio em uma escola privada. Como instrumentos foram utilizados questionários e o Diário do Sono para analisar os aspectos relacionados ao sono (níveis de sonolência e padrões temporais de sono) e a TEC (Tarefa de Execução Contínua) para avaliar os componentes da atenção estudados. Diferentemente do esperado, não foram observadas correlações significativas entre os níveis de intensidade luminosa registrados em sala de aula e os componentes da atenção. Entretanto, houveram diferenças entre os anos, de modo que os alunos do 2º ano apresentaram horários de dormir mais tardios, menor tempo na cama e maiores níveis de sonolência quando comparados aos do 1º ano, o que pode estar associado a diferença da demanda de atividades acadêmicas escolares entre os anos, bem como aos hábitos noturnos de exposição a luz exibidos pelos participantes. Palavras-chave: Intensidade da luz, sonolência diurna, atenção, adolescentes. TITLE: Relationship between morning light intensity in the classroom, temporal sleep patterns, daytime sleepiness and attention componentsin adolescents. Abstract High daytime sleepiness in adolescents is a problem that afflicts parents, managers and teachers, since adequate levels of attention are essential for learning. Furthermore, sleep deprivation is associated with negative effects on the regulation of emotions, memory and concentration, essential factors for good cognitive performance. Thus, XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 28 this study aimed to investigate the relationship between light intensity in the classroom in the morning, temporal sleep patterns, daytime sleepiness and adolescents attention components in the morning period in Natal / RN who were attending the 1st or 2nd year of high school at a private school. As instruments, questionnaires and the Sleep Diary were used to analyze aspects related to sleep (sleepiness levels and temporal patterns of sleep) and the TEC (Continuous Execution Task) to assess the components of attention studied. Unlike expected, no correlations were observed between the levels of light intensity recorded in the classroom and the components of attention. However, there are differences between the years, so that 2nd year students, regardless of sleeping later, have less time in bed and higher levels of sleepiness when compared to 1st year, which may be associated with the difference in demand for school activities between years, as well as to nocturnal habits of exposure to light transforms by the participants. Keywords: light intensity, daytime sleepiness, attention, adolescents. Introdução A alta sonolência diurna nos adolescentes é uma problemática que aflige pais, gestores e professores, visto que níveis adequados de atenção são essenciais para a aprendizagem. Pesquisadores haviam destacado desde a década de 90 (Carskadon, Vieira & Acebo, 1993) que a adolescência é caracterizada por modificações marcantes no ciclo sono e vigília decorrentes das oscilações hormonais e comportamentais inerentes à puberdade, as quais favorecem horários mais tardios de dormir e despertar, constituindo o que os pesquisadores chamam de “atraso de fase”. Entretanto, o cenário encontrado no turno matutino das escolas brasileiras apresenta um crescente número de episódios de sonolência excessiva, se opondo ao que seria uma situação propícia ao desenvolvimento cognitivo. Dentre as modificações comportamentais, há um aumento da autonomia nas decisões dos horários de sono, que são atualmente fortemente influenciadas pelas interações digitais. Dessa forma, ao assumirem um perfil de atividades mais noturno, associado à exposição intensa de luz azul, tendem a “empurrar” os horários de sono, exacerbando o atraso dos ritmos característico dessa fase (Menna-Barreto & Louzada, 2007). Nesse contexto, há a criação de uma “armadilha temporal”, na qual os adolescentes são estimulados por fatores sociais e hormonais a dormirem mais tarde, porém são forçados a acordar mais cedo para cumprir os horários escolares (Menna-Barreto & Wey, 2007). Como resultado, há o desenvolvimento de uma privação crônica do sono, caracterizada pelo padrão "sanfona" do sono e vigília, constituído de sono insuficiente na semana e sono prolongado no final de semana, como mecanismo de compensação (Valdez, Ramirez, & García, 1996). XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 29 Há evidências de que a sonolência diurna, consequência mais direta da privação de sono, está atrelada a mudança nos níveis de atenção e desempenho, bem como a episódios de lapsos mentais que comprometem a realização de atividades mais complexas e que exijam níveis mais elevados de criatividade (Menna-Barreto & Louzada, 2007). Além disso, a privação crônica de sono está associada a alterações negativas na regulação das emoções, da memória e da concentração, essenciais ao processo de aprendizagem (Dahl & Lewin, 2002). Portanto, o conflito entre horários matutinos de ensino e a tendência à vespertinidade intrínseca à adolescência, acaba por amplificar tais problemáticas, fomentando a manutenção de um ambiente desfavorável à aquisição, construção e consolidação de novos conhecimentos. A exposição à luz nas primeiras horas do dia sinaliza o sistema de temporização interno o adiantamento dos ritmos. Em contrapartida, a exposição a luz ao anoitecer apresenta um efeito reverso, agindo de modo a retardá-los (Wright et al, 2013; Appleman et al, 2013). Dessa forma, à medida que aumentamos ou diminuímos à exposição à luz pela manhã tendemos a adiantar ou atrasar, respectivamente, os ritmos (Menna-Barreto & Louzada, 2007). Além disso, a exposição à luz, principalmente na faixa do azul (devido à maior sensibilidade a essa faixa de cor pelas células ganglionares da retina), possui efeito estimulante à manutenção da vigília e dos processos cognitivos (Vanderwalle et al., 2007). Dessa forma, o período, a duração e a intensidade de exposição à luz na sala de aula pela manhã podem influenciar os padrões de sono e consequentemente os níveis de atenção e desempenho cognitivo dos adolescentes. Nesse sentido, o estudo da relação entre a intensidade de luz na sala de aula pela manhã, os padrões temporais de sono, associados à sonolência diurna e aos componentes da atenção em adolescentes, se mostra imprescindível para a construção de um maior entendimento acerca do funcionamento e dos mecanismos de regulação do ciclo sono e vigília apresentado pelos alunos nessa fase da vida. Além disso, a maior compreensão destes processos pode contribuir para a formulação de soluções e intervenções nos ambientes escolares e nos hábitos dos alunos. Metodologia 1.1. Participantes A amostragem utilizada foi do tipo transversal e compreendeu um total de 48 adolescentes entre 14 e 17 anos, sendo 30 meninas e 18 meninos, todos matriculados no turno da manhã no 1º ou 2º ano do ensino médio de uma escola privada localizada na cidade de Natal, RN. 1.2. Critérios de inclusão e exclusão Foram incluídos na amostra os adolescentes, de ambos os sexos, que estavam matriculados no 1º ou 2º anos do turno matutino em escolas particulares da cidade de Natal, e que, voluntariamente, entregaram os termos de consentimento livre e esclarecido e de assentimento devidamente assinados. Em contrapartida, foram excluídos os XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 30 participantes que não preencheram os questionários por completo ou que relataram uma ou mais das seguintes condições: i. uso regular de psicofármacos; ii. distúrbios de sono e de saúde; iii. diagnóstico de distúrbios neurológicos atuais ou no passado, deficiências sensoriais e/ou motoras sérias, e déficits cognitivos; iv. diagnóstico de uma das seguintes doenças psiquiátricas: Depressão Maior, Transtorno do Humor Bipolar, Transtorno Psicótico, Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH). 1.3. Procedimentos 1.3.1. Comitê de Ética em Pesquisa O presente projeto encontra-se aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (parecer n. 1.489.057). 1.3.2. Conversa com a equipe pedagógica Antes do recrutamento houve uma conversa com a equipe pedagógica, a direção e o corpo docente das escolas para apresentar o projeto, bem como discutir o cronograma de execução das atividades propostas. 1.3.3. Recrutamento e entrega dos termos Foram realizadas visitas às salas de aulas que tiverem como finalidade convidar os alunos a participarem da pesquisa e explicar os objetivos e procedimentos relacionados ao projeto. Nessas visitas, também ocorreu a entrega dos termos de Consentimento Livre e Esclarecido e de Assentimento para os adolescentes que demonstraram interesse em participar da pesquisa. Neles estavam descritos os objetivos, procedimentos e possíveis riscos da pesquisa a ser realizada. Os termos foram assinados pelos pais/responsáveisou pelos próprios alunos, caso fossem maiores de 18 anos. 1.4. Coleta de dados A coleta foi realizada em 2016 durante os semestres letivos, com exceção de feriados e períodos de avaliações escolares. Os questionários iniciais (“A saúde e o Sono” e a Escala de Sonolência Pediátrica) foram preenchidos na sala de aula, em horários previamente combinados com a equipe pedagógica, e os demais foram entregues aos participantes para serem respondidos em casa. Os padrões temporais de sono e a sonolência diurna foram avaliados por meio dos questionários: “A saúde e o Sono” (Mathias et al., 2006); a Escala de Sonolência Pediátrica (Felden, et al., 2003) e o Diário de sono (Andrade, 1997; Louzada, 2000) com a Escala de Sonolência de Maldonado (Belísio, 2014), o qual foi respondido por um período de 10 dias. XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 31 A atenção foi avaliada através da Tarefa de Execução Contínua desenvolvida por Valdez et al. (1995), por meio dos componentes: alerta tônico e fásico, atenção seletiva e atenção sustentada. Para realização da tarefa o aluno foi previamente deslocado para uma sala reservada, onde permaneceu em repouso sentado por 5 min, a fim de evitar possíveis interferências nos resultados. Além disso, a tarefa foi executada individualmente com cada participante em um horário entre 7h30 e 9h30. A tarefa teve duração de cerca de 11 min e um momento prévio de treinamento, sendo realizada uma única vez com cada participante. A intensidade luminosa foi medida em cada sala dos alunos participantes através do luxímetro. As medições ocorreram nos dias em que a Tarefa de Execução Contínua foi realizada, no período das 7h30 às 9h30 em intervalos de uma hora. 1.5. Análise dos dados As relações entre a intensidade média de luz na sala de aula, os padrões temporais de sono, os níveis de sonolência diurna e as variáveis dos testes de atenção foram analisadas por meio de testes de correlação de Spearman. Tendo em vista que os resultados encontrados através das análises dos componentes de atenção não foram os esperados, sentiu-se a necessidade de realizar um estudo comparativo do perfil das variáveis coletadas entre os anos, em busca de detectar algum parâmetro ou desconformidade que pudesse explicar os resultados observados. Nesse sentido, as médias de intensidade luminosa, dos níveis de sonolência diurna e das variáveis dos testes de atenção foram comparadas entre os anos através de teste t student independente. Enquanto as médias dos padrões temporais de sono e dos níveis de sonolência ao acordar foram analisadas por meio de análises de variância de medidas repetidas tendo o ano de ensino como fator e o momento da semana (semana/fim de semana) como medida repetida. Em todos os testes foi adotado um nível de significância de 5%. Resultados e Discussões 2. Resultados: 2.1. Intensidade luminosa em sala e padrões temporais de sono Os grupos apresentaram correlação positiva moderada (Spearman, p<0,01 - Tabela 1) entre a intensidade luminosa e os horários de dormir na semana e nos finais de semana e para os horários de acordar na semana. Dessa forma, quanto maior a intensidade luminosa a que os alunos se expõem, mais tarde eles dormem durante a semana e fim de semana e mais tarde acordam no final de semana. Além disso, foram observadas correlações positivas moderadas (Spearman, p<0,05 - Tabela 1) entre a intensidade luminosa e os níveis de sonolência ao acordar durante a semana, nos finais de semana e entre os escores de sonolência diurna geral. Desse modo, quanto maior a intensidade luminosa que os alunos se expõem, mais sonolentos eles se sentem ao acordar durante a semana e fim de semana e tendem a ficar mais sonolentos durante o dia. XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 32 2.2. Intensidade luminosa em sala e atenção Os grupos não apresentaram correlação significativa entre a intensidade de luz dentro das salas de aula estudadas e os componentes da atenção analisados: alerta tônico e fásico, atenção sustentada e seletiva (Spearman, p>0,05 - Tabela 2) 2.3. Intensidade luminosa Foram observadas diferenças entre as médias das intensidades luminosas apresentadas em cada ano. O grupo do segundo ano do ensino médio apresentou valores maiores de intensidade quando comparado ao grupo do primeiro ano (t (46) = - 9,504; p <0,05). Os dados gerais para cada ano e suas respectivas iluminações das salas se encontram descritos na tabela 3. 2.4. Padrões temporais de sono 2.4.1. Horários de dormir Os grupos diferem entre si em relação aos horários de dormir na semana e no final de semana (Anova, F (1,84) 13,076; p <0,05; η² = 0,135; poder observado = 0,947). Foi observado que os alunos do segundo ano, em média, dormem mais tarde que os alunos do primeiro ano, esse padrão se mantém tanto nos dias de aulas como nos finais de semana. Em geral, não foram observadas diferenças significativas entre os horários de dormir na semana e no final de semana (Anova, F (1,84) = 0,207; p >0,05; η² = 0,002; poder observado = 0,074) (tabela 4). 2.4.2. Horários de acordar Os grupos não diferiram entre si quanto aos horários de acordar na semana e no final de semana (Anova, F (1,84) 1,674; p >0,05; η² = 0,020; poder observado = 0,249). Entretanto, foram notadas diferenças entre os horários de acordar nos dias letivos e nos finais de semana (Anova, F (1,84) = 190,438; p <0,05; η² = 0,694; poder observado = 1,000), nos quais ambos os grupos tendem a acordar, em média, 2h31min mais tarde (tabela 4). 2.4.3. Tempo na cama Os grupos apresentaram diferenças em relação ao tempo na cama na semana e no final de semana (Anova, F (1,84) 4,803; p <0,05; η² = 0,054; poder observado = 0,582), em que os alunos do segundo ano, em média, exibiram menor tempo na cama quando comparados aos alunos do primeiro ano (tabela 4). Mais uma vez, foram observadas diferenças entre os dias da semana e os finais de semana (Anova, F (1,84) 41, 558; p <0,05; η² = 0,330; poder observado = 1,000), nos quais ambos os grupos dormem, em média, 1h44min a mais (tabela 4). 2.5. Níveis de sonolência diurna 2.5.1. Sonolência diurna geral (Escala Pediátrica de Sonolência Diurna) XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 33 Os grupos apresentaram diferenças em relação à distribuição dos escores da sonolência diurna geral (t (46) = -2,678; p <0,05). De modo geral, os alunos do segundo ano, possuem, em média, uma maior sonolência diurna quando comparados aos alunos do primeiro ano. 2.5.2. Sonolência ao acordar (Escala de Sonolência de Maldonado) Os grupos não diferiram entre si em relação aos níveis de sonolência ao acordar (Anova, F (1,84) 2,609; p >0,05; η² = 0,030; poder observado = 0,358). Entretanto, foram observadas diferenças entre os finais de semana e os dias letivos (Anova, F (1,84) 4,947; p <0,05; η² = 0,056; poder observado = 0,594), nos quais, ambos os grupos apresentaram maiores níveis de sonolência ao acordar (tabela 4). 2.6. Componentes da atenção Não foram observadas diferenças significativas (t independente, p>0,05) entre os grupos em relação às médias associadas aos componentes de atenção analisados. Na tabela 5 estão detalhados as médias gerais e os desvios padrões encontrados para atenção sustentada e seletiva e para os alertas tônico e fásico. 3. Discussão O presente estudo analisou a relação entre a exposição à luz na sala de aula pela manhã e os padrões temporais de sono, associados à sonolência diurna e aos componentes da atenção em adolescentes discentes de uma escola privada da cidade de Natal, RN. Ao contrário do que se esperava inicialmente, tendo em mente que a exposição à luz possui efeito estimulante à manutenção da vigília e dos processos cognitivos (Vandewalle et al, 2007), não foram observadas correlações significativas entre a exposição àluz na sala de aula e os componentes da atenção estudados (alerta tônico e fásico, atenção sustentada e seletiva). A ausência de correlações significativas, neste caso, pode estar atrelada a níveis de sonolência excessivos, resultantes de noites de sono de curta duração e de baixa qualidade, associados aos hábitos noturnos dos participantes. Além disso, os resultados demonstraram a existência de correlações positivas moderadas entre os níveis de intensidade luminosa e os horários de dormir e acordar nos finais de semana, os horários de acordar na semana e os níveis de sonolência analisados. Portanto, quanto maior a intensidade luminosa ao qual os alunos se expõem, mais tarde dormem durante a semana e fim de semana, mais tarde acordam no final de semana e exibem graus mais elevados de sonolência ao acordar e durante o dia. Diante deste resultado, destoante do esperado, e em busca de possíveis explicações, foram feitas comparações entre os anos, o que mostrou diferenças nas médias de intensidade luminosa, nos horários de dormir, no tempo na cama e nos níveis de sonolência diurna apresentados pelos grupos. É pertinente destacar que as turmas do segundo ano foram as que exibiram maiores níveis de intensidade luminosa em sala de aula, além de apresentarem horários mais tardios de dormir, menor tempo na cama e escores mais elevados de sonolência diurna, quando comparados às turmas do primeiro ano. XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 34 Apesar da associação positiva entre os níveis de intensidade luminosa na sala de aula e o atraso nos horários de dormir e acordar nos alunos parecer contraintuitivo, uma vez que a exposição à luz nas primeiras horas do dia atua no adiantamento dos ritmos (Wright et al, 2013), é interessante refletir acerca do tipo de ambiente ao qual esses adolescentes estavam inseridos e as pressões aos quais estavam submetidos durante o período da coleta. Em relação ao tempo na cama exibido pelos adolescentes, foi observado que os alunos de ambos os anos dormem em média 1h44min a mais nos finais de semana, ou seja, eles sofrem uma privação de sono na semana que tende a ser compensada nos dias livres. Além disso, os alunos do segundo ano dormem em média 30min a menos que os do primeiro ano, padrão que se mantém tanto nos dias letivos como nos fins de semana. Os alunos dos segundos anos, teoricamente mais velhos e hierarquicamente mais “cobrados” pelo sistema de ensino, foram os que apresentaram horários mais tardios de dormir durante a semana e nos fins de semana, maior sonolência durante o dia, em comparação aos alunos dos primeiros anos. A diferença nos resultados observados entre os anos pode estar associada ao fato dos alunos do segundo ano estudarem nas salas mais iluminadas, bem como à maturidade e ao grau de demanda acadêmica a eles direcionado. Posto que, de acordo com Zhou et al (2011), o sono insatisfatório apresentado na adolescência tende a se agravar com a idade e está associado ao uso frequente de equipamentos eletrônicos à noite, aos horários de início das aulas do turno matutino e ao tempo diferido nas atividades acadêmicas fora do espaço escolar. Além disso, o atraso nos ritmos observado nos adolescentes pode ser reflexo dos hábitos e dos padrões de exposição à luz noturna exibidos pelos alunos que compuseram a amostra em estudo. Uma vez que esses, na época da coleta, habitavam em áreas urbanizadas e, portanto, estavam expostos ao paradoxo luminoso provocado pelas luzes da cidade. Em consonância ao proposto, Ohayon e Melisse (2016), relatam que a noite iluminada inerente às áreas urbanas, ao alterar os padrões diários de exposição à luz, tende a promover um efeito retardatário sobre os ritmos internos. De modo que, pessoas que habitam em cidades urbanizadas estão mais propensas a desenvolverem distúrbios relacionados ao sono, como atraso nos horários de dormir e acordar, sono de curta duração e baixa qualidade, além de se tornarem mais suscetíveis a episódios de sonolência diurna. Entretanto, estudos adicionais que analisem efetivamente a carga horária das atividades escolares submetidas a esses adolescentes, bem como o efeito real e os graus de intensidade luminosa presentes nas salas de aula e no entorno das moradias ocupadas pelos participantes, são necessárias para confirmar estas proposições. Por fim, é relevante destacar que este estudo apresenta limitações devido ao pequeno tamanho da amostra analisada e a ausência da coleta de informações acerca da demanda acadêmica direcionada aos estudantes, bem como sobre os hábitos noturnos de uso de aparelhos eletrônicos exibidos por esses. Desse modo, para um maior entendimento dos resultados aqui observados, torna-se necessário a realização de novas pesquisas complementares que abarquem as restrições citadas. Conclusão XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 35 Diferentemente do esperado, os níveis de intensidade de luz na sala de aula não apresentaram correlações significativas em relação aos componentes da atenção e foram associados a horários mais tardios de sono nos estudantes. Neste contexto, constatou-se que os alunos do segundo ano, que coincidentemente ocupavam as salas mais iluminadas apresentaram horários mais tardios de dormir, menor tempo na cama e níveis mais elevados de sonolência diurna, o que pode estar associado a diferença da demanda de atividades acadêmicas escolares entre os anos, bem como aos hábitos noturnos oriundos dos adolescentes mais velhos. Entretanto, estudos adicionais que analisem fatores capazes de modular a ação da luz pela manhã (tais como hábitos noturnos de uso de aparelhos eletrônicos e padrão de exposição à luz artificial, por exemplo), bem como o efeito das demandas de atividades extraclasses sobre o sono, são necessários para um entendimento mais profundo dos resultados observados. Referências ANDRADE, Miriam M.M. Padrões temporais das expressões da sonolência em adolescentes. Tese de doutorado. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo (USP),São Paulo, SP, Brasil, 1997. APPLEMAN, Kenneth; FIGUEIRO, Mariana G. E REA, Mark S. Controlling light–dark exposure patterns rather than sleep schedules determines circadian phase. Sleep Medicine, vol 14, 5 ed., maio 2013, pag. 456-461. https://doi.org/10.1016/j.sleep.2012.12.011. BELÍSIO, A.S. Padrões temporais de sono, sonolência diurna e os componentes da atenção em crianças que estudam nos turnos da manhã e da tarde na educação infantil. Tese de doutorado. 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XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 36 WRIGHT, Kenneth P. Jr et al. Entrainment of the Human Circadian Clock to the Natural Light-Dark Cycle. Current Biology, vol. 23, 16 ed., ago. 2013, pag. 1554-1558. https://doi.org/10.1016/j.cub.2013.06.039. MATHIAS, A.; SANCHES, R. P. & ANDRADE, M.M.M. Incentivar hábitos desono adequados: um desafio para os educadores. Disponível em:<https://www.unesp.br./prograd/PDFNE2004/artigos/eixo10/incentivarhabitosdoson o.pdf>. MENNA-BARRETO, L. & WEY, D. Ontogênese do sistema de temporização: a construção e as reformas dos ritmos biológicos ao longo da vida humana. Psicologia USP, 2007; 18(2), 133-153. https://doi.org/10.1590/S0103-65642007000200008. OHAYON M.M. & MILESI, C. Artificial outdoor nighttime lights associate with altered sleep behavior in the American general population. Sleep, 2016; 39 (6): 1311-20. https://doi.org/10.5665/sleep.5860. VALDEZ, P.; RAMIREZ, C. & GARCIA, A. 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XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 38 Correlações entre as intensidades luminosas registradas em sala de aula e os componentes da atenção analisados. Variação dos valores observados (valor mínimo e máximo), média e variância da intensidade luminosa (lux) medida nas salas de aula de cada ano (t independente, p <0,05). XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 39 Médias e desvios padrões para os horários de dormir e acordar, duração do sono e para a sonolência ao acordar entre as semanas e finais de semanas. XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 40 Médias e desvios padrões para os tempos de reação, porcentagem de omissões e respostas corretas para atenção seletiva e para os alertas tônico e fásico, e a estabilidade geral média para a atenção sustentada. XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 41 CÓDIGO: HS1254 AUTOR: MATHEUS BASTOS COSTA CHAVES ORIENTADOR: ARRILTON ARAUJO DE SOUZA TÍTULO: Conflitos entre operárias de Dinoponera quadriceps (Hymenoptera, Formicidae) em ambiente natural são influenciados pela disponibilidade de alimento? Resumo A disputa por alimento é um dos principais fatores incitadores de conflitos entre formigas. Neste estudo buscamos averiguar a influência imposta pela disponibilidade de alimento nas interações agonísticas entre operárias de Dinoponera quadriceps de dez colônias. As observações foram realizadas na Floresta Nacional (FLONA) de Nísia Floresta-RN, entre Julho de 2019 e Fevereiro de 2020. Neste período avaliamos a disponibilidade de alimento por meio de armadilhas pitfall e do alimento obtido pelas operárias durante o forrageio. Durante o acompanhamento do forrageio marcamos pontos com bandeiras nos trajetos e também em ocorrências de comportamentos. Com isso obtivemos o mínimo polígono convexo de cada colônia, assim podendo averiguar a porcentagem de alimento coletado e de conflitos ocorridos dentro e fora das zonas de sobreposição das áreas de forrageio. As forrageadoras coletaram majoritariamente alimento de origem animal, em sua maioria insetos mortos, mas também frutos e sementes, principalmente das famílias Myrtaceae e Annonaceae. Foram registrados conflitos em variados graus de agressividade, sendo a maioria combates ritualizados de baixa letalidade. Os resultados indicam que a disponibilidade de alimento não gera influência nos conflitos entre as operárias das colônias estudadas. O índice de captura de alimento e conflitos foi ligeiramente maior dentro das zonas de sobreposição. Futuros estudos podem elucidar as demais variáveis que afetam a competição na espécie. Palavras-chave: Agonismo. Zona de sobreposição. Forrageio. Formiga. Competição. TITLE: Conflicts between workers of Dinoponera quadriceps (Hymenoptera, Formicidae) in the wild are influenced by food availability? Abstract The dispute for food is one of the main factors that lead to conflicts amongst ants. In this study we aim to ascertain the influence made by the food availability on agonistic interactions between workers of ten colonies of Dinoponera quadriceps. The XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN eCICT 2021 42 observations occurred in the Floresta Nacional (FLONA) de Nísia Floresta-RN, from July 2019 to February 2020. We estimated the food availability with the use of pitfall traps and food obtained by the workers during foraging. During the tracking of the foraging we marked points with flags in the trails regularly and also in occurrences of conflicts and food collection. With that we could obtain the minimum convex polygon of each colony and therefore ascertain the percentage of food collected and conflicts occurred in and outside of the overlap zones of each foraging area. The workers collected primarily animal based material, mainly dead insects, but also fruits and seeds from the Myrtaceae and Annonaceae families. Conflicts were recorded on varying degrees of aggressiveness, mainly in the form of low risk ritualistic combat. The results indicate that the food availability does not present any influence in the conflicts amongst workers of the studied colonies and that the conflicts and food collection happen with slightly higher frequency inside the overlap zones. Future studies may clarify other variables that might affect competition in the species. Keywords: Keywords: Agonistic behavior. Overlap zone. Foraging. Ant. Competition Introdução A disputa por recursos limitantes como alimento comumente implica na realização de comportamentos custosos aos indivíduos envolvidos (Huntingford & Turner, 1987). Contudo, muitas espécies de formiga evitam gasto de energia elevado gerado pela competição direta por meio de outras estratégias menos custosas. Entre elas estão, a segregação espacial e temporal, combate ritualizado e estratégias diferentes de forrageamento (Hölldobler & Lumsden, 1980). Apesar da tendência de segregação espacial, as áreas de forrageio de competidores podem se sobrepor. Geralmente, essas áreas de sobreposição representam um custo elevado no forrageio pois a competição entre as colônias é ainda mais acentuada. A competição muitas vezes leva a conflitos que podem culminar em injúrias e morte. Isso se dá pelo eventual encontro de competidores diretos e pela potencial superexploração dos recursos encontrados naquela região (Adams, 1998). A disponibilidade de alimento é portanto um dos principais fatores bióticos que influenciam a competição. Estudos prévios indicaram que com a redução da disponibilidade de presas no ambiente ocorre o aumento no número de conflitos, inclusive podendo levar à morte de operárias em recorrência desses (Driessen, Van Raalte, & De Bruyn, 1984; Mabelis, 1979, 1984). A escassez de recursos pode também promover o aumento da área total utilizada pelos grupos durante o forrageio (Adams, 2001). É válido observar que as espécies presentes no grupo Formicidae variam, e muito, em suas estratégias de forrageio e ecologia, diferindo bastante na forma como configuram e mantém seus territórios. As colônias de formigas “poneromorfas” geralmente são habitadas por poucos indivíduos, com pouca ou nenhuma variação morfológica entre operárias e entre operárias e rainha.
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