Buscar

ANALISE-DA-PROBLEMATICA-SOCIOAMBIENTAL-DE-NASCENTES-URBANAS-NO-MUNICIPIO-DE-GARA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANÁLISE DA PROBLEMÁTICA SOCIOAMBIENTAL DE NASCENTES 
URBANAS NO MUNICÍPIO DE GARANHUNS-PE 
 
Antonio Benevides Soares 
Mestrando em Geografia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Contato: a-bene2011@hotmail.com 
Adriano Lima Troleis 
Docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia 
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Contato: adrianotroleis@gmail.com 
1. INTRODUÇÃO 
 
Os efeitos da crise socioambiental são sentidos mais violentamente nas cidades, 
com destaque para as de países em desenvolvimento onde a expansão urbana acontece 
em harmonia com a reprodução do capital, porém em desarmonia com a natureza e com 
os interesses coletivos da sociedade resultando em espaços urbanos insalubres e 
excludentes que pouco consideram a equidade social e a qualidade de vida. Em geral, as 
médias e grandes cidades brasileiras sofreram a partir da década de 1950, um intenso 
crescimento urbano que aconteceu de forma desigual, mal planejado e poucas vezes 
executado quando planejado, resultando em poluição de recursos hídricos, condições 
precárias e insalubres de moradia, como também em ocupação de áreas de proteção 
ambiental que são vitais para uma relação de equilíbrio com a natureza e manutenção 
dos recursos naturais essenciais à vida humana. 
Essa lógica de expansão urbana desordenada, desigual e poluente aconteceu 
também em cidades médias pernambucanas das quais tomamos como foco do presente 
estudo a cidade de Garanhuns (fig. 01), que teve seu sítio urbano ocupado inicialmente 
pela localização geográfica estratégica e pelas condições naturais favoráveis em razão 
do clima ameno e da abundância de recursos hídricos com grande quantidade de 
nascentes perenes. A partir de 1887, com a vinda da linha férrea, a cidade se 
desenvolveu rapidamente e passou a utilizar intensamente as águas de nascentes 
próximas para abastecimento e já na década de 1920 possuía sistema de encanamento 
para abastecimento público com água de nascentes próximas à cidade. O uso das 
nascentes foi feito até 1967 quando foi suspenso devido, entre outros motivos, às 
suspeitas de contaminação por esgotos advindos das habitações que cada vez mais se 
aproximavam dos mananciais. No início da década de 1970 a ferrovia foi desativada, 
porém as várias rodovias já existentes propiciaram uma maior fluidez para a região 
dinamizando a economia e favorecendo o crescimento do tecido urbano que passa a se 
expandir com maior intensidade, e assim, diversos problemas socioambientais surgem e 
se intensificam no município, dentre eles condições precárias de moradia em áreas 
impróprias, aterramento e poluição de nascentes que outrora foram utilizadas para 
abastecimento da população e que também foram importantes para a economia do 
município, pois forneciam água para a segunda maior indústria extrativista de água 
mineral do estado nos anos de 1950 (IBGE, 1959).
Figura 01- Localização da á
Fonte: IBGE (2013) e 
 
Na atualidade, o município vive uma nova fase de intensificação do crescimento 
urbano em razão de uma importante expansão universitária que contribui 
significativamente, junto com a vanguarda do setor de serviços, para uma intensa 
especulação imobiliária e 
desordenado e desigual. Assim, são visíveis
em áreas inapropriadas no entorno de nascentes caracterizando uma forte pressão sobre 
os mananciais existentes no meio urbano. 
Diante disso, considerando a grande relevância das nascentes, 
existência delas é fundamental para o abastecimento e a manutenção dos rios de uma 
bacia hidrográfica, busca-se com este trabalho
decorrente da expansão urbana no entorno de nascentes no município de Garanhuns
objetivando à caracterização do uso e ocupação, identificação e análise dos impactos 
socioambientais existentes, entendimento de sua gênese e pr
 
1 O presente artigo remete-se ao resultado parcial de
mestrado no âmbito do Programa de Pós
Grande do Norte. 
maior intensidade, e assim, diversos problemas socioambientais surgem e 
se intensificam no município, dentre eles condições precárias de moradia em áreas 
impróprias, aterramento e poluição de nascentes que outrora foram utilizadas para 
pulação e que também foram importantes para a economia do 
município, pois forneciam água para a segunda maior indústria extrativista de água 
mineral do estado nos anos de 1950 (IBGE, 1959). 
Localização da área de estudo. 
Fonte: IBGE (2013) e Google (2013). 
o município vive uma nova fase de intensificação do crescimento 
urbano em razão de uma importante expansão universitária que contribui 
significativamente, junto com a vanguarda do setor de serviços, para uma intensa 
especulação imobiliária e também para a produção acelerada de um espaço urbano 
desordenado e desigual. Assim, são visíveis condições de moradia precárias e insalubres 
em áreas inapropriadas no entorno de nascentes caracterizando uma forte pressão sobre 
mananciais existentes no meio urbano. 
Diante disso, considerando a grande relevância das nascentes, 
é fundamental para o abastecimento e a manutenção dos rios de uma 
se com este trabalho1 analisar a problemática socioambiental 
decorrente da expansão urbana no entorno de nascentes no município de Garanhuns
objetivando à caracterização do uso e ocupação, identificação e análise dos impactos 
socioambientais existentes, entendimento de sua gênese e proposição de mitigação. 
 
se ao resultado parcial de pesquisa que está sendo desenvolvida em nível de 
mestrado no âmbito do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio 
maior intensidade, e assim, diversos problemas socioambientais surgem e 
se intensificam no município, dentre eles condições precárias de moradia em áreas 
impróprias, aterramento e poluição de nascentes que outrora foram utilizadas para 
pulação e que também foram importantes para a economia do 
município, pois forneciam água para a segunda maior indústria extrativista de água 
 
o município vive uma nova fase de intensificação do crescimento 
urbano em razão de uma importante expansão universitária que contribui 
significativamente, junto com a vanguarda do setor de serviços, para uma intensa 
produção acelerada de um espaço urbano 
condições de moradia precárias e insalubres 
em áreas inapropriadas no entorno de nascentes caracterizando uma forte pressão sobre 
Diante disso, considerando a grande relevância das nascentes, uma vez que a 
é fundamental para o abastecimento e a manutenção dos rios de uma 
problemática socioambiental 
decorrente da expansão urbana no entorno de nascentes no município de Garanhuns-PE 
objetivando à caracterização do uso e ocupação, identificação e análise dos impactos 
oposição de mitigação. 
pesquisa que está sendo desenvolvida em nível de 
graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio 
Em razão do estudo ainda estar em andamento e das dimensões deste artigo, 
serão enfocadas as nascentes Vila Maria, Pau Amarelo e Pau Pombo, mas também 
fazem parte do estudo em andamento as nascentes Serra Branca, São Vicente, Brejo do 
Columinho, Olho d’Àgua e Bom Pastor. As referidas nascentes pertencem às bacias do 
Rio Mundaú e do Rio Canhoto e a realização do estudo proposto remete-se à 
necessidade de contribuir com o cumprimento do Plano Diretor de Garanhuns no 
tocante à produção de análises, diagnósticos e produtos cartográficos que subsidiem a 
proteção das Áreas de Preservação Permanente e que contribuam com a efetivação de 
outros instrumentos de proteção e recuperação ambiental das nascentes propostos no 
Plano Diretor em vigor que até o momento não foram realizados pelo poder público. 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Na atualidade, o modelo de ciência dominante mostra desgaste e o conhecimento 
científico baseado na perspectiva positivista é cada vez mais questionado nos mais 
diversos ramos da ciência. Nesse sentido, emergem em diversos campos do saber 
científicoperspectivas que buscam ler a realidade de uma forma holística e integrada 
haja vista a complexidade dos fenômenos. Na geografia, a abordagem sistêmica baseada 
na Teoria Geral dos Sistemas-T.G.S. difundida por Ludwig Von Bertalanfy (1977) tem 
importante papel na busca de uma abordagem geográfica integrada. Com a incorporação 
da T.G.S. difundida por Bertalanfy (1977), a vertente da Geografia voltada para o 
estudo do quadro natural ganhou um rico arsenal teórico e metodológico. Vários autores 
contribuíram para a incorporação e aperfeiçoamento da T.G.S. na Geografia com 
destaque para Sotchava (1977) e Bertrand (2004) em âmbito mundial e Antonio 
Christofoletti e Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro a nível nacional. 
 Christofoletti assim como Sotchava, Bertrand e tantos outros estudiosos das 
escolas alemã, russa e francesa considera o geossistema como uma unidade territorial ou 
uma unidade de paisagem que possui uma fisionomia, assim embora Bertrand (2004) 
proponha unidades de paisagem compatíveis com a cidade, os estudos dos geossistemas 
são realizados em grandes escalas com enfoque majoritariamente naturalista e quando a 
sociedade é considerada aparece apenas como um fator. Para Reis Júnior e Perez Filho 
(2006, p.10) o geossistema “[...] fazendo a interface natureza sociedade, acaba sendo 
tanto uma interpretação social da natureza, quanto uma interpretação natural da 
sociedade”. Dessa forma, a articulação da abordagem sistêmica com teorias voltadas 
para o entendimento social é fundamental já que a cidade é um espaço que embora 
submetido às lógicas da natureza é majoritariamente social e suas problemáticas têm a 
sociedade como principal geradora e vítima. 
Monteiro (1976) baseado na Teoria Geral dos Sistemas propõe, para tratar o 
clima urbano, o Sistema Clima Urbano-S.C.U. Segundo Mendonça (2010, p.151), o 
S.C.U “[...]consiste numa das primeiras propostas teórico-metodológicas produzidas no 
Brasil que apontam a necessidade do tratamento integrado dos elementos constituintes 
do ambiente das cidades na perspectiva do planejamento urbano”. Mendonça (2001) 
defende uma Geografia socioambiental, ou seja, uma Geografia que entende a sociedade 
e a natureza como indissociáveis. Nesse sentido, pensando na gestão socioambiental 
urbana, assim como se baseando em Monteiro (1976), Mendonça (2004) concebe uma 
contribuição teórico-metodológica para o estudo e a gestão das cidades denominada de 
Sistema Ambiental Urbano- S.A.U. Nesta abordagem o ambiente urbano é entendido 
como um sistema que é subdividido em subsistema natural e social e que da inter-
relação entre esses subsistemas através das dinâmicas impostas pelas instâncias sociais 
(atributos) surgem os problemas socioambientais urbanos que devem ser estudados para 
proposição de planejamento e gestão socioambiental urbana, a qual deve intervir nos 
subsistemas mencionados para mitigar os problemas socioambientais. 
Mendonça (2004, p. 195) citando o PNUD/UNOPS (1997), concebe que a 
instância natural é composta pelos elementos físicos da natureza; a instância social é 
composta pelos indivíduos e seus distintos níveis de organização, assim como por suas 
múltiplas formas de inter-relação; a instância construída é formada pelas formas e 
estruturas do espaço que são resultantes da dinâmica social sobre o território urbano. 
Nestes processos de interação interferem fatores de tipo histórico, econômico, político, 
social, natural, ecológico e cultural, cujas origens são tanto internas como externas ao 
ambiente. Cada uma dessas instâncias é ao mesmo tempo condicionante e condicionada 
uma pela outra. 
Milton Santos em sua teoria do espaço propõe que o espaço deve ser entendido 
como um sistema de objetos e ações considerados como um quadro único no qual a vida 
se realiza, assim o autor propõe como categorias de analíticas: configuração territorial, 
paisagem e formas-conteúdo. A configuração territorial refere-se ao arranjo espacial 
formado pelos sistemas naturais e sociais. A paisagem refere-se às formas, aos 
processos e arranjos visíveis por um observador de um dado espaço em um dado 
momento. A configuração territorial contém paisagens e formas que não podem ser 
compreendidas sem seu conteúdo, dado que ambos se explicam. 
As referidas categorias servem para analisar os elementos constituintes do 
espaço que são o homem (sociedade, cidadão e modos de vida), o meio ecológico 
(nascentes e os aspectos geológicos, pedológicos, geomorfológicos e climáticos), as 
firmas (imobiliárias e construtoras, etc.), as infraestruturas (saneamento básico, vias de 
transporte e sistemas de bens e serviços) e as instituições (poder público e seu conjunto 
de normas e leis). A inter-relação entre esses elementos resultam em problemas 
socioambientais. 
A vantagem de articular a teoria do espaço proposta por Santos com o S.A.U 
proposto por Mendonça é a de que é possível juntar o rico arsenal teórico-conceitual da 
teoria do espaço com o modelo teórico-metodológico do S.A.U, o que permite 
considerar as dinâmicas sociais e ambientais respeitando suas lógicas e especificidades 
à luz dos questionamentos ambientais atuais. 
Nesse contexto, considerando que no espaço urbano há uma profunda inter-
relação entre o social e o ambiental, o trabalho em desenvolvimento propõe um estudo 
que se encaixa na vertente da geografia socioambiental, pois se entende que para estudar 
o espaço urbano e suas problemáticas é preciso considerar a profunda imbricação entre 
o social e o natural e assim buscar elementos teóricos que subsidiem a análise. Nesse 
sentido, vislumbra-se uma abordagem sistêmica através da análise da problemática 
socioambiental de nascentes presentes no meio urbano do município de Garanhuns-PE. 
3. ETAPAS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA 
 
A pesquisa consiste em várias etapas onde foram e ainda serão realizadas 
entrevistas, pesquisa bibliográfica, documental e pesquisa de campo. As entrevistas 
serão realizadas com representantes do poder público da gestão municipal atual, de 
gestões anteriores e de órgãos estaduais que têm envolvimento com questões ambientais 
na cidade tais como Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos e Companhia 
Pernambucana de Saneamento. Também serão entrevistados moradores dos locais 
próximos às nascentes estudadas para identificar fatores que possam ter impactado e que 
impactam ambientalmente as nascentes, bem como a sucessão e a coexistência de 
processos de impacto socioambiental. 
Foi realizada pesquisa bibliográfica referente a livros e artigos pertinentes ao 
estudo, assim como documentos que continham dados históricos sobre a cidade, e que 
pudessem revelar a evolução do tecido urbano e os reflexos ambientais nas nascentes 
estudadas. 
Na pesquisa de campo foram coletadas amostras de água das nascentes Pau 
Amarelo, Pau Pombo e Vila Maria e analisadas em laboratório a partir dos parâmetros: 
Oxigênio Dissolvido (OD), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Nitrato e 
Coliformes Fecais e Totais. As coletas foram feitas nos meses de abril, julho, agosto, 
outubro e dezembro de 2013 e nos meses de fevereiro e abril de 2014 para observar o 
comportamento dos parâmetros em meses com características pluviométricas diferentes. 
Para isso, foram coletados dados de pluviosidade e temperatura que serão usados para 
verificar os meses em que houve superávit ou déficit hídrico, podendo assim ocasionar 
uma alteração na qualidade das águas diluindo ou concentrando seus poluentes 
respectivamente. Cada parâmetro será analisado de acordo com os limites estabelecidos 
pela Resolução 357/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente-CONAMA em 
relação aos usos permitidos para cada classe. Através desses procedimentos busca-se 
mensurar o grau da poluição e/ou contaminação causadas pelos impactos urbanos e suas 
possíveis consequências para os usuários diretos e indiretos das nascentes estudadas. 
Osimpactos ambientais em cada nascente serão avaliados utilizando o Índice de 
Impacto Ambiental em Nascentes – IIAN, conforme operacionalizado por Felippe e 
Magalhães Junior (2012). Mediante a utilização do IIAN, objetiva-se a classificação de 
forma qualitativa do grau de impacto a que as nascentes estão expostas. Os parâmetros 
escolhidos levam em conta a existência de vários fatores que alteram a qualidade da 
água da nascente e do córrego originado por ela, assim como, consideram a proteção da 
mesma em relação à influência externa. Por isso os parâmetros, usos, vegetação, 
equipamentos de infraestrutura e acessibilidade são considerados no IIAN. 
4. IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA QUALIDADE DAS ÁGUAS DAS 
NASCENTES VILA MARIA, PAU POMBO E PAU AMARELO 
 
O centro urbano do município de Garanhuns possui no seu entorno uma grande 
quantidade de nascentes em fundos de vales com vertente íngremes. Com o passar do 
tempo o tecido urbano passou a se expandir em direção a essas vertentes e atualmente, 
várias nascentes estão ameaçadas sofrendo contínuo impacto de esgoto e de lixo jogados 
tanto pela população em geral como também, pelo poder público. 
Na nascente Pau Amarelo conforme é possível observar na figura 02, há 
habitações nas vertentes leste e oeste, no entanto destacam-se as moradias da vertente 
leste que são mais susceptíveis a desabamento em eventos chuvosos extremos. Nesse 
local, o risco é potencializado tanto pela declividade da encosta, onde as casas foram 
edificadas, quanto pelo material e a forma rudimentar como foram construídas. Já as 
moradias da vertente oeste fazem parte de uma área nobre do Bairro Heliópolis e não 
estão propriamente na vertente, porém as moradias de ambas as vertentes, além do risco 
que oferecem à vida dos moradores, também contaminam e poluem a nascente com lixo 
e lançamento de esgoto através de obras feitas pelo poder público contrariando o Plano 
Diretor (2008) por ele mesmo aprovado
vertentes são setores de recuperação ambiental e as nascentes
Áreas de Preservação Permanente
Portanto não devem receber lixo e
contaminante. Nesse sentido, percebe
contraditória uma vez que, promove ações para recuperar as áreas degradadas com a 
instituição de leis e normas, porém também c
construção de canais para lançar esgoto em áreas de nascentes.
Figura 02-A-Vertente Leste ocupada por moradias precárias
esgoto na nascente Pau Amarelo 
misturando a da nascente. 
Fonte: Antonio Benevides Soares (2012)
 
Na nascente Pau Pombo
nascente Pau Amarelo, pois 
onde a nascente se localiza
do vale em situação que tende cada 
pressão imobiliária para a construção na APP do riacho originado na nascente
Pombo, algo que mesmo proibido pela legislação vem ocorrendo
de fiscalização. Também há 
como no córrego originado por ela
edificadas, quanto pelo material e a forma rudimentar como foram construídas. Já as 
moradias da vertente oeste fazem parte de uma área nobre do Bairro Heliópolis e não 
vertente, porém as moradias de ambas as vertentes, além do risco 
vida dos moradores, também contaminam e poluem a nascente com lixo 
através de obras feitas pelo poder público contrariando o Plano 
e mesmo aprovado. No Plano Diretor (2008) 
vertentes são setores de recuperação ambiental e as nascentes, localizadas no vale
Áreas de Preservação Permanente-APPs, tal como determina o Código Florestal
ortanto não devem receber lixo e esgoto ou qualquer tipo de agente poluente e/ou 
contaminante. Nesse sentido, percebe-se que a atuação do poder público se revela 
contraditória uma vez que, promove ações para recuperar as áreas degradadas com a 
instituição de leis e normas, porém também contribui para sua degradação através da 
construção de canais para lançar esgoto em áreas de nascentes. 
ocupada por moradias precárias e presença de lixo B
esgoto na nascente Pau Amarelo C-Moradias próximas da vertente Oeste D-Á
Fonte: Antonio Benevides Soares (2012) 
Na nascente Pau Pombo (figura 03) também ocorre situação semelhante
, pois acontece a deposição de lixo de construção civil 
onde a nascente se localiza, assim como, existem moradias muito próximas 
do vale em situação que tende cada vez mais a se agravar, uma vez que existe
pressão imobiliária para a construção na APP do riacho originado na nascente
algo que mesmo proibido pela legislação vem ocorrendo em razão da ausência 
. Também há o despejo de esgoto tanto na área de exfiltração 
como no córrego originado por ela, assim além da poluição e contaminação também 
edificadas, quanto pelo material e a forma rudimentar como foram construídas. Já as 
moradias da vertente oeste fazem parte de uma área nobre do Bairro Heliópolis e não 
vertente, porém as moradias de ambas as vertentes, além do risco 
vida dos moradores, também contaminam e poluem a nascente com lixo 
através de obras feitas pelo poder público contrariando o Plano 
 consta que tais 
localizadas no vale, são 
tal como determina o Código Florestal. 
esgoto ou qualquer tipo de agente poluente e/ou 
se que a atuação do poder público se revela 
contraditória uma vez que, promove ações para recuperar as áreas degradadas com a 
ontribui para sua degradação através da 
-Canal que despeja 
Água de esgoto se 
 
também ocorre situação semelhante a da 
acontece a deposição de lixo de construção civil no vale 
moradias muito próximas da vertente 
uma vez que existe forte 
pressão imobiliária para a construção na APP do riacho originado na nascente Pau 
em razão da ausência 
o despejo de esgoto tanto na área de exfiltração da nascente 
, assim além da poluição e contaminação também 
verifica-se a descaracterização 
que a força do esgoto canalizado juntamente com as águas pluviais causaram forte 
processo erosivo. 
Figura 03-A- Aterramento para construção na área de APP 
nascente C- Lixo na nascente D-
Fonte: Antonio Benevides Soares (2012) e Grupo Viva Mais Garanhuns (2013)
 
Na nascente Vila Maria a lógica de impactos 
nascentes anteriores, pois área de exfiltração
moradias e possui usos que propiciam a degradação uma vez que
animais que também ocorre no local
comunitária e para recreação por crianças. Assim como na nascent
Maria também ocorre despejo de esgoto na área da nascente o que além de 
água, causou um intenso processo erosivo que evolui
(figura 04). 
Figura 04- A- Lavanderia comunitária B
Fonte: Antonio Benevides Soares (2012)
 
No tocante à análise
bacteriológicos nas nascente
se a descaracterização da APP da nascente e do Riacho Pau Pombo
que a força do esgoto canalizado juntamente com as águas pluviais causaram forte 
Aterramento para construção na área de APP B- Lançamento de esgoto no riacho próximo à
- Erosão causada pelo esgoto. 
Fonte: Antonio Benevides Soares (2012) e Grupo Viva Mais Garanhuns (2013)
Na nascente Vila Maria a lógica de impactos permanece parecida com 
nascentes anteriores, pois área de exfiltração/surgência da nascente
usos que propiciam a degradação uma vez que, além da criação de 
que também ocorre no local, há a utilização da água da nascente na lavanderia
e para recreação por crianças. Assim como na nascente Pau Pombo
Maria também ocorre despejo de esgoto na área da nascente o que além de 
um intenso processo erosivo que evoluiu para uma profunda voçoroca
Lavanderia comunitária B- Voçoroca causada pelo despejo de esgoto
Fonte: Antonio Benevides Soares (2012) 
nálise preliminar do comportamento dos parâmetros químicos e 
nascentes, verifica-se que a nascente Pau Amarelo está sofrendo alto 
da APP da nascente e do Riacho Pau Pombo, haja vista 
que a força do esgoto canalizado juntamente com as águas pluviais causaram forte 
no riacho próximo à 
 
Fonte: Antonio Benevides Soares (2012) e Grupo Viva Mais Garanhuns (2013) 
permanece parecida com a das 
nascente é cercada por 
além da criação de 
há a utilização da água da nascente na lavanderia 
Pau Pombo, na Vila 
Maria também ocorre despejo de esgoto na área da nascente o que além de poluira 
uma profunda voçoroca 
esgoto. 
 
do comportamento dos parâmetros químicos e 
que a nascente Pau Amarelo está sofrendo alto 
grau de poluição orgânica por lançamentos de esgoto e de lixo no vale onde a nascente 
se localiza e que o uso da água para consumo humano está seriamente comprometido 
podendo causar várias doenças, caso a água seja consumida sem tratamento avançado. 
Nesse sentido, embora o parâmetro Oxigênio Dissolvido-OD tenha apresentado valores 
elevados e acima dos limites estabelecidos pela legislação somente em agosto, os 
demais parâmetros indicam uma intensa poluição orgânica da água proveniente da 
nascente. A possível explicação para a normalidade do parâmetro OD, na maior parte do 
período, pode estar no fato do corpo hídrico analisado ser lótico tendo então, a 
oxigenação renovada de forma contínua. Assim, a água proveniente da nascente Pau 
Amarelo pode ser classificada como classe IV que segundo o CONAMA deve ser usada 
apenas para navegação e harmonia paisagística, no entanto nem para esses usos a água 
analisada teria utilidade devido ao odor desagradável e à cor escura da mesma. 
Já a nascente Pau Pombo sofre intensa poluição orgânica por lançamentos de 
esgoto. Assim, baseado nos resultados preliminares dos laudos dos parâmetros 
analisados e na Resolução 357/05 do CONAMA, as águas provenientes da nascente 
podem ser classificadas como classe IV já que obedecem à mesma lógica da nascente 
Pau Amarelo, na qual embora, o parâmetro OD tenha se apresentado na maioria das 
coletas dentro dos limites estabelecidos pelo CONAMA, os parâmetros DBO, nitrato e 
coliformes fecais e totais se apresentaram extremamente alterados. Na nascente Pau 
Pombo o resultado do parâmetro coliforme fecal chegou a ultrapassar cento e sessenta 
vezes o limite da classe II na amostra do mês de dezembro de 2013. 
Já em relação à nascente Vila Maria, pode-se considerar a água proveniente da 
mesma como sendo de classe II podendo ter diversos usos domésticos desde que passe 
por tratamento simplificado, porém a situação da nascente é preocupante uma vez que, 
as amostras foram coletadas onde a água subterrânea exfiltra, assim evidencia que ao 
chegar à superfície a água já se apresenta contaminada. 
Diante disso, considera-se que os resultados preliminares têm mostrado que a 
cidade de Garanhuns vem expandindo-se aceleradamente a partir da emergência do polo 
universitário com a chegada de novas universidades e expansão das já existentes 
levando à produção de um espaço urbano desigual e socioambientalmente impactado, 
agravando-se cada vez mais pelas ações contraditórias e descoordenadas do poder 
público que no discurso defende um desenvolvimento socioambientalmente equilibrado, 
porém age ignorando o planejamento existente, poluindo através de obras que destinam 
esgoto para as nascentes, como também permitindo moradias em áreas de proteção 
ambiental definidas pelo Código Florestal e pelo Plano Diretor Municipal. Assim, neste 
estágio da pesquisa já se verifica que as nascentes alvo do estudo se encontram em 
severas condições de degradação ambiental apresentando-se poluídas e envoltas por 
situações contrastantes de ocupação geradoras de impactos socioambientais. 
5. REFERÊNCIAS 
 
BERTALANFY, Ludwig von. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: 3.ed. Vozes, 
1977. 
 
BERTRAND, G.; Paisagem e geografia física global. R. RA´E GA, Curitiba, n. 8, p. 
141-152, 2004. Editora UFPR. 
 
GOOGLE, Software Google Earth, 2013. 
 
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Monografia de Garanhuns. Rio 
de Janeiro: Serviço Gráfico do IBGE, 1959. 
 
______, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Banco de Dados. Disponível 
em: <http://www.ibge.gov. br/home/default.php>. Acesso em 29 de maio 2014. 
 
MENDONÇA, Francisco de Assis. Geografia Socioambiental. Revista Terra Livre, 
São Paulo, ano 17, n. 16, p. 113 a 132, 2001. 
 
___________, Francisco. Impactos socioambientais urbanos. Curitiba: Editora da 
UFPR, 2004. 
___________, F. A. Riscos e vulnerabilidades socioambientais urbanos a 
contingência climática. Mercator - volume 9, número especial (1), 2010: dez. 
 
MONTEIRO, C.A.F. O clima e a organização do espaço no estado de São Paulo: 
problemas e perspectivas. São Paulo: IGEOG, 1976. 
 
REIS JÚNIOR, D. F. da C.; PEREZ FILHO, A. Esperando a Teoria: do Holismo 
Geo-Sistêmico aos Geossistemas. In: VI Simpósio Nacional de Geomorfologia e 
Regional Conference on Geomorphology, 2006, Goiânia. 
 
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São 
Paulo:EDUSP,2012a. 
 
________, Milton. Espaço e método. São Paulo: EDUSP, 2012b 
SOTCHAVA, V. B. Estudo de Geossistemas. Métodos em Questão nº 16. São Paulo: 
IG, USP, 1977. 
 
FELIPPE, Miguel Fernandes; LAVARINI, Chrystiann; PEIFER, Daniel; DOLABELA, 
Davi MAGALHÃES JR, Antônio. Espacialização e caracterização das nascentes em 
unidades de conservação de Belo horizonte-MG. In: XVIII Simpósio Brasileiro de 
Recursos Hídricos. 2009.

Continue navegando