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Arquitetura-Social-GOMES-2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE TECNOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
GABRIEL DE SOUZA GOMES 
 
 
 
 
 
ARQUITETURA SOCIAL PARA VALORIZAÇÃO DO 
PATRIMÔNIO CULTURAL DE MOITA VERDE 
Projeto de um Centro Comunitário para comunidade quilombola em 
Parnamirim/RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL, RN 
2022 
GABRIEL DE SOUZA GOMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARQUITETURA SOCIAL PARA VALORIZAÇÃO DO 
PATRIMÔNIO CULTURAL DE MOITA VERDE 
Projeto de um Centro Comunitário para comunidade quilombola em 
Parnamirim/RN 
 
Trabalho Final de Graduação apresentado ao 
Curso de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
como requisito para obtenção do grau de 
Arquiteto e Urbanista. 
 
 
Orientadora: Profª.Drª Eunádia Silva 
Cavalcante 
 
Co-Orientador: Prof°. Dr.José Clewton do 
Nascimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL, RN 
2022 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT 
 
 Gomes, Gabriel de Souza. 
 Arquitetura social para valorização do patrimônio cultural de 
Moita Verde: projeto de um centro comunitário para comunidade 
quilombola em Parnamirim/RN / Gabriel de Souza Gomes. - 2022. 
 143f.: il. 
 
 Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Centro de Tecnologia, Departamento de Arquitetura. Natal, 
RN, 2022. 
 Orientadora: Eunádia Silva Cavalcante. 
 Coorientador: José Clewton do Nascimento. 
 
 
 1. Comunidades quilombolas - Monografia. 2. Arquitetura 
social - Monografia. 3. Moita Verde - Monografia. 4. Centro 
comunitário - Monografia. 5. Racionalização construtiva - 
Monografia. I. Cavalcante, Eunádia Silva. II. Nascimento, José 
Clewton do. III. Título. 
 
RN/UF/BSE15 CDU 72:39(=414) 
 
 
 
 
 
Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344 
 
 
GABRIEL DE SOUZA GOMES 
 
 
 
ARQUITETURA SOCIAL PARA VALORIZAÇÃO DO 
PATRIMÔNIO CULTURAL DE MOITA VERDE 
Projeto de um Centro Comunitário para comunidade quilombola em 
Parnamirim/RN 
 
Trabalho Final de Graduação apresentado ao 
Curso de Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
como requisito para obtenção do grau de 
Arquiteto e Urbanista. 
 
 
Orientadora: Profª.Drª Eunádia Silva 
Cavalcante 
 
Co-Orientador: Prof°. Dr.José Clewton do 
Nascimento 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_______________________________________________ 
Eunádia Silva Cavalcante – Professora Orientadora 
 
_______________________________________________ 
George Alexandre Ferreira Dantas – Examinador Interno 
 
_______________________________________________ 
Andréa Virgínia Freire Costa – Examinadora Externa 
 
 
Aprovação em 15 de julho de 2022. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Ao encerrar essa longa jornada através desse trabalho, se faz necessário 
ressaltar a importância das pessoas que fizeram parte dessa caminhada. De 
modo mais forte ou mais superficial, cada um de vocês teve um impacto nessa 
conquista tão almejada que é a graduação no curso de Arquitetura e Urbanismo. 
 Agradeço primeiramente à Deus, por ter me dado as forças, condições e 
a capacidade de realizar toda essa árdua trajetória até aqui. Me mostrando como 
o esforço, aliado à fé e à dedicação, podem fazer a diferença na realidade. 
 Sou eternamente grato aos meus pais, Ângela e Diniz, por sempre 
colocarem a nossa educação em primeiro plano, fazendo o possível e o 
impossível para que sempre pudéssemos ter o melhor acesso ao conhecimento, 
amo vocês, obrigado por serem os apoios de qualquer escalada que pude fazer 
na vida. Aos meus irmãos Nathália e Lucas, pelo companheirismo, pelas 
alegrias e resenhas vivenciadas diariamente que só vocês proporcionam. 
 Agradeço à toda minha família de modo geral, aos avós, numerosos tios 
e tias e aos primos e primas mais numerosos ainda, que sempre me acolheram 
e participaram de forma tão marcante da minha criação. 
 Agradeço em especial à minha falecida avó materna, Vovó Basta, que 
partiu inclusive na metade dessa graduação. Nunca esqueceremos da senhora. 
 Aos meus amigos, agradeço primeiramente ao colega de turma, dupla dos 
vários trabalhos, Kelvin. Ao longo dessa graduação vivenciamos muita coisa 
juntos, sem você não tenho dúvidas de que ela teria sido muito menos 
proveitosa. Você é um verdadeiro irmão que ganhei e vou levar para a vida. 
 Agradeço demais aos meus amigos do IFRN, 9 anos de amizade que 
diariamente trazem as mais diversas alegrias, conhecimentos e histórias 
vivenciadas: Luiz, Lucas, Luighi, Júlia e Leo. Vocês são pessoas incríveis, 
saibam o quanto eu os admiro e considero muito mais que simples amigos. 
 À toda minha turma 2017.2 da UFRN, vocês sem dúvida proporcionaram 
a melhor graduação possível e algumas das melhores experiências da minha 
vida. Aprendi muito com cada um de vocês e suas características tão únicas. 
Agradeço em especial aos amigos Enderson, Thales, Leo Sindeaux e Yago 
pelas incontáveis resenhas e conhecimentos compartilhados. 
 Agradeço muito à Beatriz Azevedo pela disponibilidade, esclarecimentos 
e contribuições no trabalho, principalmente na busca por informações sobre a 
comunidade de Moita Verde. 
 Agradeço ainda à coordenação do curso de Arquitetura e Urbanismo da 
UFRN, sempre muito atenta e disposta a nos ajudar. Sou muito grato também 
aos professores do curso, em especial à Amíria, Renato, Marizo, Eugênio e 
Aldomar pelo que cada um de vocês agregou na minha formação desde os 
períodos mais iniciais. 
Por fim, agradecimentos especiais à minha orientadora Eunádia 
Cavalcante, por ter topado essa jornada junto comigo, pela paciência, pelas 
considerações sempre precisas e assertivas, bem como pela gentileza e 
compreensão. Não menos importante, agradeço ainda ao meu co-orientador, 
José Clewton, sempre com uma ideia, um croqui e uma piada à mão. Vocês 
são incríveis juntos e sem dúvidas me inspiraram muito a desenvolver um 
trabalho muito melhor do que eu esperava. 
 
 
RESUMO: 
 
A questão sobre os diversos grupos étnicos e culturais existentes é uma temática que 
ainda necessita de visibilidade, principalmente no Brasil como país notavelmente 
miscigenado, com origem colonizada na qual se utilizaram sistemas escravocratas cujas 
consequências são notáveis até os dias atuais. As comunidades de remanescentes 
quilombolas aparecem como exemplos desses grupos que ainda seguem batalhando 
nos dias atuais na defesa de seus territórios, modos de vida, costumes e cultura. A 
comunidade quilombola de Moita Verde, sobre a qual se debruça este estudo, 
apresenta-se como uma dentre as várias existentes no estado e no país, que ainda 
enfrentam problemas que se estendem desde as atividades econômicas, infraestrutura 
e reconhecimento das terras. O presente trabalho trata do desenvolvimento de um 
projeto arquitetônico de um Centro Comunitário focado em convívio, educação e cultura, 
bem como na eficiência do processo construtivo. Para tal, através de pesquisas 
documentais e entendimento da comunidade, tem-se por objetivos mostrar como a 
arquitetura possui potencial de promover transformações socioespaciais, principalmente 
em locais de vulnerabilidade social. Somado a isso, também visa entender as principais 
necessidades da comunidade e demandas que podem ser auxiliadas por um 
equipamento do tipo. Busca-se ainda aplicar as principais vantagens oferecidas por 
diretrizes projetuais ligadas ao conceito da racionalização construtiva, com intenção de 
se obter um projeto mais eficiente, durável, com baixa necessidadede manutenção e 
consumo reduzido de recursos materiais, energéticos e temporais. Nesse sentido, a 
principal motivação surge enquanto morador da cidade, de poder desenvolver uma 
proposta de qualidade e eficiência que possa contribuir nas diversas necessidades 
existentes da comunidade. Como resultado tem-se o projeto de uma edificação com 
espaços dispostos de modo a respeitar as condicionantes do terreno, funcionalidade e 
materialidade, permitindo a realização de diversas atividades culturais e educacionais, 
além de proporcionar ambientes de qualidade para o convívio da comunidade, visando 
a valorização de suas culturas e trazendo luz para mais oportunidades de 
desenvolvimento. 
 
Palavras-Chave: Arquitetura Social; Comunidades Quilombolas; Moita Verde; Centro 
Comunitário; Racionalização Construtiva. 
 
 
 
ABSTRACT: 
 
The issue of the various existing ethnic and cultural groups is a theme that still needs 
visibility, especially in Brazil as a notably miscegenated country, with a colonized origin 
in which slavery systems were used, the consequences of which are still evident today. 
The communities of remaining quilombolas appear as examples of these groups that are 
still fighting today in defense of their territories, ways of life, customs, and culture. The 
quilombola community of Moita Verde, which is the focus of this study, is one of many in 
the state and in the country that still face problems ranging from economic activities, 
infrastructure, and land recognition. The present work deals with the development of an 
architectural project for a Community Center focused on conviviality, education and 
culture, as well as on the efficiency of the construction process. To this end, through 
documentary research and community understanding, it aims to show how architecture 
has the potential to promote socio-spatial transformations, especially in places of social 
vulnerability. Added to this, it also aims to understand the main needs of the community 
and demands that can be helped by an equipment of this type. It also seeks to apply the 
main advantages offered by design guidelines linked to the concept of constructive 
rationalization, with the intention of obtaining a more efficient and durable project, with 
low maintenance needs and reduced consumption of material, energy and time 
resources. In this way, the main motivation arises as a city dweller, to be able to develop 
a proposal of quality and efficiency that can contribute to the diverse needs of the 
community. As a result, we have the project of a building with spaces arranged in a way 
that respects the conditions of the terrain, functionality and materiality, allowing for 
several cultural and educational activities, as well as providing quality environments for 
the community to live in, aiming to value their cultures and bringing light to more 
development opportunities. 
 
Key words: Social Architecture; Quilombola Communities; Moita Verde; Community 
Center; Constructive Rationalization. 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 01 – Número de comunidades quilombolas reconhecidas por região no Brasil............ 27 
Figura 02 – Processos de titulação em aberto no Nordeste e em andamento no Rio Grande do 
Norte...........................................................................................................................................28 
Figura 03 – Habitantes de uma comunidade quilombola em atividade cultural.........................30 
Figura 04 – Exemplo de oficina de artesanato realizada em comunidade quilombola..............31 
Figura 05 – Vista da cidade colombiana de Medellín................................................................35 
Figura 06 – Sistema de teleféricos utilizado em Medellín..........................................................36 
Figura 07 – Vista das escadas rolantes da cidade colombiana de Medellín.............................36 
Figura 08 – Bibliotecas em Medellín..........................................................................................37 
Figura 09 – Localização do Arena do Morro e espacialização das intervenções propostas pelo 
plano urbano...............................................................................................................................39 
Figura 10 – Espaço interno do Arena do Morro..........................................................................40 
Figura 11 – Arena do Morro inserido na comunidade.................................................................41 
Figura 12 – Fórmula para cálculo do índice de compacidade....................................................46 
Figura 13 – Aumento dos custos das fachadas com base no formato da edificação................47 
Figura 14 – Gráficos de comparação de variação de custos em função do aumento do isolamento 
(a) e consumo de energia em função do isolamento (b) ...........................................................50 
Figura 15 – Principais causas das patologias nas edificações..................................................51 
Figura 16 – Localização do Arena do Morro e demais intervenções propostas........................57 
Figura 17 – Vista aérea do Arena do Morro..............................................................................58 
Figura 18 – Plantas baixas do Arena do Morro e zoneamento dos ambientes do programa...59 
Figura 19 – Vista inferior do formato da cobertura do Arena do Morro.....................................60 
Figura 20 – Cobogós em concreto e as diferentes permeabilidades........................................61 
Figura 21 – Espaços internos do Arena do morro em utilização..............................................63 
Figura 22 – Localização do projeto da Escola no terreno do campus......................................64 
Figura 23 – Vista frontal/aérea da escola.................................................................................65 
Figura 24 – Planta baixa, cortes e zoneamento do projeto......................................................66 
Figura 25 – Sistema construtivo utilizado em perspectivas explodidas....................................67 
Figura 26 – Perspectivas do pátio central e das salas de aula.................................................68 
Figura 27 – Segunda pele da edificação em varetas de madeira de eucalipto........................69 
Figura 28 – Esquadrias e estratégias de conforto utilizadas na escola....................................70 
Figura 29 – Vista aérea e entrada principal do Museu..............................................................71 
Figura 30 – Plantas baixas dos pavimentos térreo e superior do Museu..................................72 
Figura 31 – Vistas dos ambientes internos da edificação.........................................................73 
Figura 32 – Painel artístico localizado em trecho da fachada frontal........................................73 
Figura 33 – Quadro Síntese dos Estudos de Referência..........................................................74 
Figura 34 – Localização de Parnamirim no Rio Grande do Norte.............................................76 
Figura 35 – Bairros e distritos do município de Parnamirim......................................................78 
Figura 36 – Localização do recorte de estudo no bairro de Vida Nova.....................................78 
Figura 37 – Dona Nazaré em sua casa, ao completar 100 anos de idade................................79 
Figura 38 – Mapa das Legislações incidentes sobre o território de Moita Verde.......................81 
Figura 39 – Mapa de uso do solo dentro dos sítios quilombolas...............................................83 
Figura 40 – Fotografias de 2019 dos sítios quilombolas de Moita Verde..................................84 
Figura 41 – Sequência de etapas previstas para o Programa de Urbanização Integrada de Moita 
Verde..........................................................................................................................................86Figura 42 – Localização do terreno selecionado na época e imagem dos estudos projetuais 
desenvolvidos pela equipe.........................................................................................................87 
Figura 43 – Quadro geral com linha do tempo dos ocorridos desde o início do Programa de 
Urbanização Integrada de Moita Verde.....................................................................................88 
Figura 44 – Mapa Geral do entorno da região de estudo em 2022.........................................90 
Figura 45 – Mapa de uso do solo do entorno...........................................................................91 
Figura 46 – Mapa de gabarito do entorno.................................................................................92 
Figura 47 – Mapas de hierarquia viária e pavimentação do entorno........................................92 
Figura 48 – Localização do terreno na área de estudo............................................................95 
Figura 49 – Áreas com legislações incidentes sobre o terreno................................................96 
Figura 50 – Quadro de prescrições urbanísticas para AEIA II.................................................97 
Figura 51 – Gráfico de temperaturas e precipitações médias de Parnamirim (2022) .............99 
Figura 52 – Rosa dos ventos e Carta Solar para Parnamirim sob o terreno............................99 
Figura 53 – Brainstorming de palavras feito para elaboração do conceito..............................103 
Figura 54 – Painel Conceito.....................................................................................................104 
Figura 55 – Significados da palavra costura............................................................................104 
Figura 56 – Zoneamento inicial 01, croqui feito à mão............................................................105 
Figura 57 – Zoneamento inicial 02, croqui feito à mão............................................................107 
Figura 58 – Zoneamento inicial 03, croqui feito à mão............................................................108 
Figura 59 – Partido Arquitetônico adotado..............................................................................109 
Figura 60 – Zoneamento volumétrico final do projeto com setores e condicionantes.............110 
Figura 61 – Planta de Locação e Cobertura............................................................................111 
Figura 62 – Planta Baixa do Pavimento Térreo.......................................................................113 
Figura 63 – Recorte da Planta Baixa do Pavimento Térreo....................................................114 
Figura 64 – Planta Baixa do Pavimento Superior....................................................................116 
Figura 65 – Recorte da Planta Baixa do Pavimento Superior.................................................117 
Figura 66 – Trechos dos Cortes BB e Corte CC do projeto....................................................118 
Figura 67 – Fachada Frontal do Centro Comunitário..............................................................119 
Figura 68 – Trechos das Fachadas Lateral direita e Posterior do Centro Comunitário...........120 
Figura 69 – Corte esquemático volumétrico mostrando a ventilação sobre as esquadrias …122 
Figura 70 – Modelos base das janelas e portas venezianas utilizadas no projeto..................123 
Figura 71 – Exemplo de modelo de porta camarão a ser utilizada..........................................124 
Figura 72 – Simulações de insolação para as fachadas Frontal e Lateral Direita...................124 
Figura 73 – Simulações de insolação para as fachadas Posterior e Lateral Esquerda...........125 
Figura 74 – Perspectiva do sistema estrutural do Centro Comunitário....................................127 
Figura 75 – Pintura sugerida para paginação do piso do Pátio Central...................................129 
Figura 76 – Moodboard com especificações gerais dos materiais utilizados no projeto..........130 
Figura 77 – Perspectiva Realista 01 do Centro Comunitário de Moita Verde...........................131 
Figura 78 – Perspectiva Realista 02 do Centro Comunitário de Moita Verde...........................131 
Figura 79 – Perspectiva Realista 03 do Centro Comunitário de Moita Verde...........................132 
Figura 80 – Perspectiva Realista 04 do Centro Comunitário de Moita Verde...........................132 
Figura 81 – Perspectiva Realista 05 do Centro Comunitário de Moita Verde...........................132 
Figura 82 – Perspectiva Realista 06 do Centro Comunitário de Moita Verde...........................133 
Figura 83 – Perspectiva Realista 07 do Centro Comunitário de Moita Verde...........................133 
Figura 84 – Perspectiva Realista 08 do Centro Comunitário de Moita Verde...........................133 
Figura 85 – Perspectiva Realista 09 do Centro Comunitário de Moita Verde...........................134 
Figura 86 – Perspectiva Realista 10 do Centro Comunitário de Moita Verde...........................134 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 01 – Programa e Pré-dimensionamento Setor Serviço..................................................101 
Tabela 02 – Programa e Pré-dimensionamento Setor Cultura e Educação...............................102 
Tabela 03 – Programa e Pré-dimensionamento Setor Convivência...........................................102 
Tabela 04 – Programa e Pré-dimensionamento Setor Alojamentos..........................................102 
Tabela 05 – Resumo total das áreas previstas para o projeto no pré-dimensionamento..........103 
Tabela 06 – Quadro de áreas finais e prescrições urbanísticas...............................................126 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ACQMV – Associação Comunitária Quilombola de Moita Verde 
AEIA II – Área Especial de Interesse Ambiental II 
AEIS – Área Especial de Interesse Social 
BRT – Bus Rapid Transit (tradução: sistema de ônibus de trânsito rápido) 
CEU – Centro de Artes e dos Esportes Unificados 
CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito 
CRAS – Centro de Referência da Assistência Social 
DARQ – Departamento de Arquitetura da UFRN 
EDU – Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano 
FCP – Fundação Cultural Palmares 
GEHAU – Grupo de estudos sobre Habitação, Arquitetura e Urbanismo 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano 
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Regularização Fundiária 
NBR – Norma Brasileira Técnica 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
PIB – Produto Interno Bruto 
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
PUI – Projeto Urbano Integrado 
RMN – Região Metropolitana de Natal 
SEHAB – Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária 
SEMOP – Secretaria Municipal de Obras Públicas e Saneamento 
SEPPIR – Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial 
UBS – Unidade Básica de Saúde 
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
ZPA I – Zona de Proteção Ambiental I 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 17 
2. A ARQUITETURA E SUA FUNÇÃO SOCIAL ............................................................ 21 
2.1. COMUNIDADES QUILOMBOLAS: AS BATALHAS NA HISTÓRIA E NA 
ATUALIDADE ......................................................................................................... 25 
2.1.1 O potencial existente: culturas, práticas e saberes ..................................... 29 
2.2. TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS EM COMUNIDADES ATRAVÉS DA 
ARQUITETURA: ..................................................................................................... 33 
2.2.1 O exemplo da cidade deMedellín - Colômbia ............................................. 33 
2.2.2 O caso do Arena do Morro .......................................................................... 39 
2.3. A RACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA NA ARQUITETURA .......................... 42 
2.3.1. Contextualização e Conceitos .................................................................... 42 
2.3.2. Decisões de projeto e estratégias que influenciam uma edificação a tornar-
se mais econômica/racional ................................................................................. 47 
3. EQUIPAMENTOS COMUNITÁRIOS ................................................................................ 54 
3.1. ESTUDOS DE REFERÊNCIAS ........................................................................ 57 
3.1.1. Arena do Morro .......................................................................................... 57 
3.1.2. Escola Secundária Lycee Schorge............................................................. 63 
3.1.3. Museu Violeta Parra .................................................................................. 71 
4. MOITA VERDE: UM DIAGNÓSTICO ............................................................................... 76 
4.1. A Comunidade Quilombola de Moita Verde ...................................................... 79 
5. A PROPOSTA ...................................................................................................................... 95 
5.1. O Terreno: Localização e Condicionantes Externos ......................................... 95 
5.2. Programa de Necessidades e Pré-dimensionamento ..................................... 100 
5.3. O Conceito ..................................................................................................... 103 
5.4. Evolução Formal e Partido arquitetônico ........................................................ 105 
5.5. Implantação e Planta de Cobertura ................................................................ 109 
5.6. Plantas baixas ................................................................................................ 113 
5.7. Cortes e Fachadas ......................................................................................... 117 
5.8. Soluções de Conforto e Esquadrias ............................................................... 122 
5.9. Quadro de Áreas ............................................................................................ 126 
5.10. Sistema construtivo e Especificações gerais ................................................ 126 
5.11. Volumetria final ............................................................................................. 131 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 136 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 138 
APÊNDICES ........................................................................................................................... 143 
 
17 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
No Brasil como país notavelmente miscigenado, as questões que 
envolvem os diversos grupos étnicos e culturalmente diferenciados existentes no 
território se estendem desde séculos atrás. Por possuir origens associadas ao 
sistema de colonização e forte adesão da prática escravista que perdurou até 
pouco mais de um século atrás, nosso país possui consequências dessa história 
que se estendem até os dias atuais e se rebatem sobre diversos grupos da 
sociedade, principalmente sobre aqueles que mais sofreram com esse passado 
sombrio. 
As comunidades de remanescentes quilombolas são exemplos de 
importantes grupos étnicos que possuem origens tão antigas quanto a desses 
sistemas mencionados. Essas populações diretamente descendentes dos 
negros escravizados, indígenas e demais minorias possuem características 
culturais específicas que se estendem desde seus modos de vida, relações com 
as terras, costumes e cultura própria. 
No entanto, a existência desses grupos nos dias atuais se configura 
como verdadeiro símbolo de resistência, uma vez que sobrevivem aos diversos 
fatores que desestimulam qualquer crescimento social, havendo uma falta de 
conscientização mútua entre o Estado, a sociedade e as próprias comunidades 
acerca da existência dos seus direitos. As consequências dessa situação se 
rebatem no grau de vulnerabilidade apresentado por essas populações; que, de 
acordo com Azevedo (2019), apresentam mais de 70% dos indivíduos na classe 
de extrema pobreza. 
Essa situação se alarma ainda mais quando destacamos um tópico que 
perdura até os dias atuais: o reconhecimento dos territórios desses povos. Dos 
quais apesar de serem certificadas pela Fundação Cultural Palmares (FCP), 
quase metade das comunidades quilombolas reconhecidas oficialmente ainda 
aguardam até hoje pela titulação de suas terras. Atribuindo um sério risco a estas 
que seriam um dos mais importantes instrumentos para a manutenção da 
existência desses grupos. Os quais diariamente já convivem com problemas que 
se estendem desde o nível de infraestrutura física presente nas suas moradias 
e territórios, às atividades econômicas desempenhadas e ao acesso a serviços 
essenciais como saúde, lazer e segurança. 
18 
 
Para este produto, teremos como universo de estudo a comunidade de 
Moita Verde, localizada no bairro de Vida Nova em Parnamirim/RN. Que se 
apresenta como apenas mais uma dentre as várias existentes no estado, assim 
como em todo o país que lidam com a manutenção informal desse estado 
precário de vida de uma parcela da população tão rica culturalmente, mas que 
não encontra oportunidades de crescimento socioeconômico em meio a tantas 
dificuldades impostas pela realidade e consequentemente pela história. 
Nesse raciocínio, se faz importante o seguinte questionamento: Quais 
atributos um equipamento público destinado a convivência, educação e cultura 
deve possuir para contribuir na reversão da situação de vulnerabilidade dos 
moradores da comunidade quilombola de Moita Verde? 
 Desse modo, este trabalho possui como objeto de estudo os 
equipamentos públicos comunitários e a importância da racionalização 
construtiva para a otimização de recursos. Tendo como objetivo geral o 
desenvolvimento do projeto de um centro comunitário de educação, cultura e 
convívio, focado na eficiência do processo construtivo. Este objetivo se 
destrincha em outros três de forma mais específica, sendo eles: 
(I) Apresentar formas de utilização da arquitetura como elemento indutor 
de transformações socioespaciais, especialmente em localidades de 
interesse social. 
(II) Identificar os pontos essenciais que necessitam ser englobados na 
elaboração de um projeto de um equipamento comunitário, visando 
auxiliar nas principais demandas da comunidade. 
(III) Aplicar diretrizes projetuais focadas nos princípios e vantagens 
oferecidas pela racionalidade construtiva, levando em consideração as 
características do público destinado e da região onde o projeto será 
inserido. 
A motivação principal para investigar a referida temática parte da 
aspiração pessoal do autor, como morador da cidade ao identificar uma 
comunidade ainda em situação de abandono diante do poder público. Nesse 
sentido, a intenção seria trazer maior visibilidade para a situação sócio-política 
vivenciada por essas comunidades nos dias atuais, em busca de conseguir 
contribuir de alguma forma para a reversão desse cenário precário, onde as 
19 
 
carências abrangem até mesmo a inexistência de um simples espaço adequado 
para o convívio da população. 
Outro importante ponto se refere à demanda da região por ambientes que 
possibilitem atividades que promovam algum desenvolvimento socioeconômico, 
cultural e educacional para a região, de modo a utilizar das diversas riquezas 
culturais existentes comocombustível para a mudança. Nesse sentido, a 
proposta de um centro comunitário visa responder à boa parte dessas 
necessidades da comunidade, por meio de uma ideia que faz uso dos princípios 
da racionalização construtiva para desenvolver uma edificação eficiente, com 
menor utilização de recursos, facilidade de execução e menor necessidade de 
manutenção. 
Além disso, há o desejo pessoal de poder utilizar dos conhecimentos 
adquiridos ao longo da graduação para desenvolver uma proposta que poderia 
mostrar como a arquitetura possui papel essencial para transformações sociais, 
podendo auxiliar de modo notável na vida desses grupos historicamente 
fragilizados na nossa sociedade. 
Em vista do exposto, este trabalho se estrutura em três eixos principais, 
sendo o primeiro deles composto pelo capítulo 2 e seus subitens, neste primeiro 
momento será abordado sobre a arquitetura social e sua importância, seguido 
por um panorama sobre as comunidades quilombolas, exemplos de 
transformações sociais em comunidades e por fim as estratégias oferecidas pela 
racionalização construtiva. No segundo eixo, composto pelos capítulos 3 e 4, 
teremos uma breve introdução sobre os equipamentos comunitários e sua 
relevância para a sociedade, seguido pelos estudos de referências projetuais 
realizados. Em seguida será apresentado o universo de estudo, saindo do macro 
ao micro e contextualizando o leitor sobre a comunidade em estudo. Por fim, no 
terceiro eixo constituído pelos capítulos 5 e 6, serão apresentadas primeiramente 
a proposta projetual do centro comunitário desenvolvido, justificando através dos 
produtos gráficos e estudos realizados, as decisões projetuais e soluções 
adotadas para o projeto em função das diversas condicionantes. O último 
capítulo destina-se às conclusões resultantes com a realização do estudo, além 
de sugestões adicionais que podem contribuir para a referida problemática. 
 
 
20 
 
 
21 
 
2. A ARQUITETURA E SUA FUNÇÃO SOCIAL 
 
Ao pensar sobre arquitetura, é natural que as primeiras imagens que 
venham à mente das pessoas sejam de edifícios, casas modernas e luxuosas, 
lojas e centros comerciais com suas fachadas mirabolantes, dentre outros. 
Todos esses itens aqui mencionados envolvem sim arquitetura e necessitam 
dela tanto para seu desenvolvimento, como para garantia do pleno 
funcionamento. Entretanto, acaba ficando esquecido (ou pelo menos 
subentendido) algo que todos estes possuem em comum, que é a ideia de 
pertencerem a uma cidade. 
Acontece, portanto, um clássico equívoco ao dissociar uma edificação de 
todo o contexto e entorno em que essa se encontra inserida. Seria interessante 
por parte do usuário ao pensar sobre as várias arquiteturas que observa se 
questionar: Por que a cidade é dessa forma? Por que eu moro onde eu moro? 
Por qual motivo meu trabalho está localizado em uma região tão diferente da que 
eu moro? Por que algumas regiões parecem ser tão difíceis de se chegar? 
De acordo com Moraes et. al (2008), o crescimento populacional 
apresentado nas últimas décadas ocasionou um verdadeiro acúmulo de 
problemas nas cidades, que não estavam preparadas para receber tal expansão 
demográfica. A acelerada ampliação do perímetro urbano destas, associada à 
ausência de planejamento adequado tende a resultar em diversas modificações 
sociais no espaço urbano. 
As respostas para as diversas perguntas e problemas mencionados estão 
diretamente atreladas ao planejamento urbano que é feito para as nossas 
cidades. Nesse aspecto, o arquiteto aparece como figura com papel decisivo na 
busca por igualdade, democracia e justiça social em cidades que sejam 
pensadas por todos e para todos. 
 
Se existe uma função social do arquiteto no nosso país, ela sem dúvida 
está na cidade. Isso implica que a arquitetura tem que ter um 
compromisso com o espaço urbano e coletivo [...] (MARICATO, 2019).1 
 
1 MARICATO, Ermínia. O papel social da arquitetura. [Entrevista concedida a] Alessandra 
Soares, Arthur Maia e Pedro Rossi. Vitruvius, São Paulo, n. 078.01, p. 1-5, mai. 2019. 
 
22 
 
Ainda segundo a autora, é necessário também que estejamos atentos ao 
espaço que vivemos, observando a importância de itens como o uso e ocupação 
do solo e como tudo que está ou não construído possui um impacto fundamental 
para a cidade. Pois, a garantia do funcionamento ideal desta se estende inclusive 
para além da ideia do edificado, englobando itens que vão desde a preocupação 
com as questões ambientais, como o saneamento básico e até a democratização 
dos acessos aos espaços, através da mobilidade urbana. 
Dados apresentados por Moraes et. al (2008) mostram que em menos de 
40 anos (1960 a 2000) 80% da população brasileira passa a se concentrar nas 
regiões urbanas. Resultando em diversos problemas relacionados com tópicos 
como trânsito e transporte; precarização das moradias e oferecimento adequado 
de serviços como educação e saúde. 
Com isso, é possível refletir sobre a complexidade que envolve as 
cidades, onde cada um dos itens mencionados possuem influência direta sobre 
a qualidade de vida dos seus habitantes. De modo que alguns problemas, como 
a ausência de determinados equipamentos nas proximidades de suas moradias, 
se interligam com outros, como a dificuldade que um usuário possui para se 
deslocar de uma região para outra no meio urbano. 
Nesse raciocínio, Moraes et. al (2008) destaca o papel dos gestores nessa 
situação, uma vez que estes possuem a missão de trazer melhorias e assegurar 
o desenvolvimento das cidades. Aplicando corretamente os recursos públicos 
com objetivo de auxiliar nas necessidades da população. 
No entanto, tomando por exemplo o que aconteceu com o processo de 
revisão do Plano Diretor da capital do Rio Grande do Norte, percebe-se uma 
sequência de fatos que vão no sentido contrário aos que almejam testemunhar 
uma cidade mais justa; preocupada com as causas sociais; com o que é 
construído e com o papel que a terra possui sobre essas questões. Onde os 
interesses dos gestores sobrepõem o planejamento e ignoram os cenários 
alarmantes vivenciados pelos grupos mais carentes. 
Como afirma Ataíde et. al (2021), o texto da minuta final do Plano Diretor 
de Natal se apresenta como de difícil compreensão, contendo problemas de 
coerência graves, contradições nos artigos, ineficácias, retrocessos no plano 
23 
 
social e riscos ao meio ambiente. Alertando ao Poder Público municipal e aos 
diversos setores técnicos, sociedade civil e dos movimentos sociais, que a 
proposta representa um grave risco para a manutenção da sustentabilidade 
urbanística, ambiental e social da cidade. 
Ressalte-se que grande parte das contestações foram relacionadas 
aos equívocos do processo participativo, cuja forma impositiva não 
observou os fundamentos básicos da gestão democrática da cidade. 
Verificou-se pouca ou quase nenhuma transparência, além de 
estratégias de comunicação e divulgação débeis, com cronograma 
inadequado à disponibilidade de tempo dos interessados, 
particularmente dos representantes dos segmentos populares. 
(ATAÍDE et. al, 2021). 
 Nesse sentido, é possível perceber como a ocorrência de problemas 
relacionados ao debate, transparência e a participação justa da sociedade nesse 
processo, tendem a acarretar na supressão das opiniões da população e 
consequentemente no favorecimento indevido dos interesses de determinados 
grupos sociais, como ressalta a autora, tendendo a beneficiar “notadamente os 
interesses do mercado imobiliário, do comércio e do turismo” (ATAÍDE et. al, 
2021). 
 Desse modo, se faz importante destacar a opinião da população menos 
favorecida através de documentos como: A Carta de Natal2, que foi resultado de 
um seminário popular realizado em 2015 e que trazia como temática 
“Desenvolvimento Local e Direito à Cidade”. Esse texto divulgado pelo 
Observatório dasMetrópoles, visava conceder visibilidade às pautas defendidas 
pelas organizações comunitárias e dos diversos movimentos sociais dos bairros 
de Natal. Clamando por ações por parte das autoridades de todas as esferas 
governamentais que auxiliassem no desenvolvimento, qualidade de vida e 
autonomia para os moradores dessas comunidades, que possuem baixa renda 
e vivem em situações precárias. 
 Um dos pontos principais destacados pelo texto são os eixos necessários 
para esse desenvolvimento, sendo eles: o planejamento local, a oferta de 
equipamentos sociais estratégicos (destacando infraestrutura para atividades 
 
2 DESENVOLVIMENTO Local e Direito à Cidade: A Carta de Natal. In: Observatório das Metrópoles. 
Natal, 21 mar. 2015. Disponível em: https://www.observatoriodasmetropoles.net.br/desenvolvimento-local-
e-direito-cidade-carta-de-natal/. Acesso em: 13 mar. 2022. 
 
24 
 
culturais, desportivas e de lazer) somada a uma gestão participativa com controle 
social desses equipamentos sugeridos. 
 De acordo com o documento, apesar de nos anos recentes deste século 
terem ocorrido avanços em questões importantes para a inclusão social como 
planos de distribuição de renda e equidade, a presença do poder público nessas 
comunidades periféricas ainda se mostra ausente. Informando que as estruturas 
existentes nessas regiões se apresentam na maioria das vezes como precária, 
inadequada e que não estão de fato a serviço da comunidade, contribuindo para 
a manutenção do processo de exclusão social. 
 É possível, portanto, perceber a partir de exemplos da nossa cidade 
vizinha, que as diferentes formas de pensar a cidade impactam diretamente no 
modo de vida da população e em como estes conseguem se desenvolver. Sendo 
essencial a busca por um equilíbrio que leve em consideração todos os 
participantes do meio urbano. 
Segundo Maricato (2019), a maior parte da nossa população ainda não 
possui acesso a uma moradia projetada por arquitetos, isso se reflete 
diretamente nas políticas habitacionais que tendem a segregar e isolar cada vez 
mais determinados grupos de pessoas para as regiões periféricas da cidade. 
Simplesmente por não possuírem condições de fazer parte do jogo do mercado 
imobiliário. 
A arquitetura é muito importante para a sustentabilidade ambiental, 
para a saúde das pessoas, para a racionalidade urbana, para a 
economia de custos urbanos, para a melhoria das cidades e para as 
vidas das pessoas. Há muito trabalho a ser feito, mas é maravilhoso e 
prazeroso para quem acredita que a arquitetura é necessária. 
(MARICATO, 2019). 
 A partir do apontamento da autora, se faz notório como a arquitetura 
possui um papel decisivo em diversos itens. Conseguindo impactar diretamente 
em tópicos do aspecto social, influenciando nas condições de saúde e qualidade 
de vida dos habitantes, mas também especialmente no objetivo de tornar uma 
cidade mais racional e econômica. 
Nessa perspectiva, toda e qualquer forma de desperdício deve ser 
combatido na construção, assim como, a utilização de recursos 
empregados além do necessário à produção (MELO NETO 2019, apud 
PINHO; LORDSLEEM JR, 2009) 
25 
 
 Afinal, como visto nos dados apresentados, o aumento populacional e a 
expansão dessas massas populacionais para as extremidades das cidades são 
aspectos que demandam custos, tanto para o setor da construção civil, mas 
principalmente para o meio ambiente. 
 
2.1. COMUNIDADES QUILOMBOLAS: AS BATALHAS NA HISTÓRIA E NA 
ATUALIDADE 
 
Os quilombos ou comunidades quilombolas são importantes grupos 
étnicos presentes na nossa sociedade há bastante tempo. Sua origem possui 
relação direta com o processo escravagista que fez parte da história do nosso 
país e que impacta na nossa cultura e modo de vida até os dias atuais. 
 De acordo com Giselma Maria Sacramento da Rocha (2014), desde o 
século XVII existia um conceito predominante na historiografia sobre o que 
seriam os chamados quilombos. Sendo estes definidos basicamente como 
agrupamentos de negros escravos fugidos, indígenas e demais minorias, 
constituindo grupos sociais localizados em regiões distantes e com acesso difícil. 
É citado como exemplo o famoso quilombo dos Palmares, no estado de Alagoas. 
 Ainda de acordo com a autora, é necessário a libertação dessas 
definições consideradas ultrapassadas, uma vez que mais de um século depois 
da abolição da escravidão, a partir da nova Constituição em 1988, esses grupos 
passam a adquirir reconhecimento enfatizando seu caráter étnico. O termo 
quilombo passa então por um processo de ressignificação, recebendo agora a 
devida conotação política e as devidas garantias de direitos por parte do Estado. 
Com a ressemantização, entende-se por quilombo ou comunidade 
quilombola, locais que foram ocupados, terras que foram compradas, 
doadas ou herdadas, por grupos que apresentam características 
culturais específicas, sejam no modo de se relacionar, de viver de 
forma coletiva, de criar regras internas. (ROCHA, 2014, p.08). 
 Este é um passo considerado importante, pois ainda existem diversos 
reflexos da escravidão, não apenas no nosso país como no mundo inteiro. Como 
afirma Mariana Madureira (2018), o racismo estrutural se apresenta como 
apenas um dentre os vários problemas deixados por esse sistema, que dentre 
os cerca de 130 anos de “liberdade” após a promulgação da Constituição, ainda 
26 
 
não foram suficientes para promover uma vida de igualdade aos descendentes 
dos 3,5 milhões de homens e mulheres prisioneiros que vieram do continente 
africano. 
Nesse sentido, esse novo significado estabelecido possui papel que se 
estende não apenas no âmbito de melhor definição do que seriam esses grupos 
como também na própria autoestima dos mesmos. “Ser negro ou índio passa a 
ser motivo de orgulho” (ROCHA, 2014, p.08). 
 No entanto, a autora Beatriz Simões Brito de Azevedo (2019), enfatiza 
sobre como mesmo após essas mudanças ao longo do tempo, ainda é notável 
a perpetuação das condições de vulnerabilidade dos remanescentes 
quilombolas no Brasil. Destacando dados como índices que ilustram as 
condições de vida precárias dessas comunidades pelo país, onde das mais de 
214 mil famílias (quase 1,2 milhões de pessoas) estimadas em 2013 pela extinta 
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), cerca de 
74,73% destes viviam em situação considerada como extrema pobreza. 
 Ainda de acordo com esses dados, apesar de 82% dos moradores 
realizarem atividades econômicas como pesca artesanal, extrativismo ou 
atividades relacionadas com agricultura, quase 80% destes ainda eram 
dependentes do Programa Bolsa Família. Além disso, os problemas com 
ausência de infraestrutura adequada se estendem a diversos aspectos, que vão 
desde o abastecimento de água das moradias (44,79% com acesso), à ausência 
de banheiros e/ou sanitários em casa (33,06% ainda não possuíam), 
saneamento básico e até mesmo fornecimento de energia elétrica (79,29% das 
moradias contempladas). 
Os números apresentados refletem o cenário em que boa parte dos 
quilombolas se deparam todos os dias – já que a maioria dos aspectos 
vistos correspondem a cerca da metade dessa população – e, por 
assim dizer, nos indica o grau de vulnerabilidade a que estão sujeitos. 
As carências são encontradas em todos os âmbitos, seja na habitação 
ou infraestrutura urbana escassa, como também no acesso a direitos 
básicos como saúde, lazer, segurança e educação. (AZEVEDO, 2019, 
p.08). 
 A autora faz ainda uma analogia bastante relevante ao comparar a 
situação atual dessas comunidades com a realidade de séculos atrás vivida 
pelos negros escravos recém libertos após a Lei Áurea (1888) os quais apesar 
27 
 
de livres não encontravam oportunidades para seu crescimento socioeconômico. 
De modo que essas negligências e desrespeito mencionados, aliados à falta de 
conscientizaçãotanto da população de modo geral, como das próprias 
comunidades em si resultam na perpetuação dessa situação de exclusão social 
que se estende por gerações. 
 Por meio de dados de 2022 (Figura 01), obtidos através da Fundação 
Cultural dos Palmares (FCP), conseguimos saber que atualmente existem ao 
todo 3.495 comunidades quilombolas que possuem certificação no país, 
espalhadas por quase 90% dos estados brasileiros. Concentrando-se 
principalmente na região Nordeste que detém mais de 63,11% dos grupos, com 
destaque para os estados da Bahia e do Maranhão com mais de 800 unidades 
cada. 
Figura 01 – Número de comunidades quilombolas reconhecidas por região no Brasil. 
Fonte: Fundação Cultural dos Palmares (2022). 
Outro âmbito de vulnerabilidade mencionado por Azevedo (2019), refere-
se à titulação dos territórios desses povos. Onde boa parte ainda passa por 
longos processos de tramitação em busca do devido reconhecimento. Todo esse 
conjunto forma uma realidade alarmante que ameaça uma das principais bases 
para a garantia da existência dessa população, a manutenção de suas 
características, costumes e modos de vida. 
A partir desse contingente, faz-se necessário destacar ainda a burocracia 
e lentidão no andamento dos processos de titulação das terras pertencentes a 
28 
 
estes grupos. Segundo dados disponibilizados pelo órgão que seria responsável 
por esses processos de reconhecimento, o Instituto Nacional de Colonização e 
Regularização Fundiária (INCRA), apontam em março de 2022 a existência de 
1802 processos de titulação em aberto (Figura 02). Seguindo lógica proporcional 
ao número de comunidades por região, o Nordeste aparece como a região com 
maior número de processos aguardando andamento totalizando 1028 
comunidades em espera e, portanto, em situação de instabilidade jurídica. 
 Como afirma Azevedo (2019), esse número elevado de quilombos 
localizados nas áreas mais litorâneas do país possui relação direta com o destino 
das atividades desenvolvidas pelos escravos nos grandes engenhos de cana-
de-açúcar, sendo sugerida a necessidade de políticas públicas e medidas de 
desenvolvimento social concentradas especificamente nessas regiões com 
número mais expressivo. 
Figura 02 – Processos de titulação em aberto no Nordeste e em andamento no Rio Grande do 
Norte. 
 
Fonte: INCRA (2022); INCRA (2021); modificado pelo autor (2022). 
 
 Ao nos determos no estado do Rio Grande do Norte, de acordo com o 
INCRA (2022), nos deparamos com um total de 23 processos de titulação das 
terras em estado de pendência, dos quais até o ano de 2021 apenas 8 destes 
estavam em andamento. Os demais grupos, incluindo a comunidade quilombola 
de Moita Verde, a qual se debruça este trabalho, aguardam ainda até os dias 
atuais o início da tramitação do processo de reconhecimento. 
 Assim, tornam-se bem-vindas alternativas e medidas que auxiliem esses 
grupos a se manterem e evoluírem nos âmbitos sociais e econômicos, enquanto 
aguardam sem previsão certa por maior estabilidade jurídica e apoio do Estado. 
 
29 
 
2.1.1 O potencial existente: culturas, práticas e saberes 
 
 De acordo com o Decreto N° 4887/2003, ficam definidos como 
Comunidades quilombolas os grupos étnicos-raciais que segundo critérios de 
auto-atribuição, detentores de trajetória histórica própria, possuidores de 
relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra e 
diretamente associados com a resistência à opressão sofrida ao longo da 
história. 
 Ainda segundo essa legislação, são consideradas como terras ocupadas 
por remanescentes quilombolas, aquelas que são utilizadas para a garantia da 
reprodução física, social, econômica e cultural desses grupos. 
De um modo geral, os territórios de comunidades remanescentes de 
quilombos originaram-se em diferentes situações, tais como doações 
de terras realizadas a partir da desagregação da lavoura de 
monoculturas, como a cana-de-açúcar e o algodão, compra de terras, 
terras que foram conquistadas por meio da prestação de serviços, 
inclusive de guerra, bem como áreas ocupadas por negros que fugiam 
da escravidão. (SEPPIR, 2013, p.13). 
Nesse sentido, é notório o valor, o significado e a importância que as 
terras possuem para esses grupos. Uma vez que estão diretamente atreladas à 
sua história e existência, esses podem ser considerados como ambientes com 
uma elevada carga cultural, que ligados aos saberes e conhecimentos desses 
povos resultam em um verdadeiro patrimônio nacional que merece a devida 
atenção e auxílio das diversas áreas da sociedade. 
As relações que as comunidades quilombolas mantêm também estão 
interligadas diretamente com o conhecimento tradicional, as vivências 
e valores compartilhados coletivamente. Nas terras quilombolas é 
possível verificar a difusão dos conhecimentos através do plantio e 
colheita dos alimentos, nas práticas da cura por meio das plantas 
medicinais que envolvem reza e benzimentos, nas festas religiosas e 
nas organizações comunitárias, sociais e jurídicas para a manutenção 
da vida. (CORREIA 2019; VIEIRA et. al, 2021, p.19). 
 Portanto, todos esses itens associados à riqueza cultural dessas 
comunidades, são elementos que podem ser utilizados a favor do 
desenvolvimento dessas regiões. Como afirma Vieira (2021), estes podem 
incorporar seus conhecimentos e práticas através de atrativos culturais e roteiros 
que podem atender à algumas demandas como o lazer e o turismo. 
 Nesse raciocínio, o chamado turismo comunitário pode aparecer 
justamente como uma solução positiva que segundo Madureira (2018), além de 
30 
 
servir de incentivo à manutenção e valorização da existência dessas 
comunidades, pode se tornar uma atividade que gera renda, movimentando a 
economia local de maneira sustentável e atrativa para turistas nacionais e 
estrangeiros. 
 Como colocam Vieira et. al (2021) e Brasil (2006), o turismo em áreas 
quilombolas engloba atividades que envolvem os bens culturais, as memórias e 
identidade de seus povos, bem como manifestações populares como 
gastronomia, artes visuais, músicas e danças, artesanato local, dentre várias 
outras. Desse modo, essa atividade aparece com o objetivo não de se aproveitar 
ou capitalizar recursos em cima disso, mas sim de essencialmente preservar os 
legados étnicos, saberes e fazeres desses grupos. 
Figura 03 – Habitantes de uma comunidade quilombola em atividade cultural. 
Fonte: Rota da Liberdade-Bahia /Divulgação. 
 É apontado ainda que o turismo pode, portanto, funcionar como elemento 
de restauração de alguns costumes e práticas que se perderam com o passar 
do tempo (AGUIAR, 2017; VIEIRA et. al, 2021). 
 Um dos estados brasileiros que pode ser citado como verdadeiro exemplo 
da utilização desse potencial existente é a Bahia, que como mencionado 
anteriormente, possui um dos números mais elevados de comunidades 
quilombolas reconhecidas do país. Esses grupos se utilizam do turismo como 
meio de valorização e reconhecimento das culturas e costumes, bem como uma 
estratégia para produção de renda extra. 
 De acordo com a pesquisa realizada por Vieira et. al (2021), observa-se 
no estado 12 iniciativas organizadas focadas no turismo nessas comunidades, a 
31 
 
maior parte localizadas na região do Recôncavo Baiano. Os turistas podem 
interagir com as comunidades, participar de seu cotidiano e ter contato com 
múltiplos conhecimentos tradicionais e ancestrais. Por meio de diversos tipos de 
atividades e práticas que estão diretamente associadas com vivências e 
produções, permitindo aos visitantes terem experiências únicas e ricas através 
das tradições desses povos. 
Figura 04 – Exemplo de oficina de artesanato realizada em comunidade quilombola. 
Fonte: Quilombo do Campinho da Independência. 
 Ainda segundo os autores, dentre as principais práticas e conhecimentos 
apresentados nesses roteiros, alguns foram identificados entre quase todas as 
comunidades, dentreeles destacam-se a culinária local, terapias de cura e saúde 
e o samba de roda. Sendo apresentado na pesquisa ainda oficinas que envolvem 
atividades como produção de artesanato, modos de produção agrícola, aulas de 
capoeira e maculelê, dentre vários outros exemplos. 
 No entanto, a realização de tais experiências necessita de uma 
infraestrutura adequada que forneça o devido suporte às atividades e aos 
visitantes. Este é um ponto necessário a ser destacado; uma vez que, como 
mencionado no item anterior, essas comunidades ainda sofrem com a 
precariedade em diversos aspectos. O turismo aparece então como mais um 
elemento que evidencia o potencial dessas comunidades e que pode expor ainda 
mais a situação em que se encontram, frisando suas claras demandas por itens 
como educação, saneamento básico, saúde, e essencialmente o direito às suas 
terras. 
32 
 
 A situação de abandono por parte do Estado, aliada a burocracia e 
lentidão do andamento de ações que favoreçam as comunidades quilombolas, 
são fatores que quando associados à ausência de oportunidades implicam 
diretamente nas atividades que essas populações realizarão para conseguir 
sobreviver. Como afirmam Oliveira e Müller (2016, p.322): 
[...] os quilombolas desempenham as atividades mais desgastantes e 
sem a garantia de direitos trabalhistas; em alguns casos, a 
dependência de pessoas não quilombolas para sobreviver os coloca 
em uma relação de dominação que beira uma espécie de escravidão 
moderna. Seus recursos naturais, principalmente a água, são 
disputados e poluídos por pessoas do entorno de seus territórios, em 
total desrespeito ao uso, prático e simbólico, que a coletividade faz 
deles (apud AZEVEDO, 2019, p. 41). 
 
 Nesse sentido, a arquitetura também pode aparecer como elemento de 
suporte ao desenvolvimento socioeconômico desses grupos étnicos. A presença 
de equipamentos públicos que oferecem espaços adequados para a realização 
de suas práticas comunitárias e suas atividades econômicas, pode ser um fator 
decisivo para contribuir na manutenção da existência dessas comunidades. Esse 
raciocínio dialoga com as ideias defendidas por Moraes et. al (2008), que afirma 
que a presença de tais equipamentos associados aos demais usos da cidade 
refletem diretamente não apenas na ordenação do território, como também no 
bem-estar social e desenvolvimento econômico da região. 
 Com isso, é possível estabelecer uma reflexão sobre as diversas 
alternativas existentes que podem ser incorporadas para auxiliar na mudança de 
vida e resgate dessas populações quilombolas. O turismo cultural aparece como 
apenas uma dentre estas, portanto, não pode ser visto como a única solução e 
deve ser pensado com o cuidado de buscar levar em consideração esses povos 
e suas realidades, atentando sempre para que esse tipo de atividade deve 
responder primordialmente à demanda das comunidades e não de setores da 
economia. Além disso, ações desse tipo devem ser encaradas principalmente 
pelo poder público, não apenas como de caráter urgente e necessário, mas 
também como de dívida histórica e social, em busca do equilíbrio, da igualdade 
em uma sociedade com mais oportunidades para todos. 
 
33 
 
2.2. TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS EM COMUNIDADES ATRAVÉS DA 
ARQUITETURA: 
 
 Tendo em vista as várias dificuldades enfrentadas por essas 
comunidades, somadas à um cenário carente de oportunidades, vimos que a 
arquitetura pode aparecer como elemento chave que faltava para estimular a 
mudança dessas duras realidades. 
 Desse modo, esse item visa apresentar exemplos de transformações 
sociais ocorridas em comunidades que passaram por um conjunto de 
intervenções urbanas e especialmente arquitetônicas que desempenharam 
papel essencial para a mudar a história desses locais, que antes (assim como a 
comunidade quilombola estudada) se encontravam em grave situação de 
vulnerabilidade social. 
 
2.2.1 O exemplo da cidade de Medellín - Colômbia 
 
A cidade colombiana de Medellín ficou famosa mundialmente ao longo da 
história devido sua relação com o tráfico de drogas e a violência. De acordo com 
Angiollilo (2019), por volta dos anos de 1980 e 1990 a cidade atinge seu ápice 
no índice de violência, contando com 381 casos de homicídio para cada 100 mil 
habitantes. Para se ter uma dimensão do problema, a OMS (Organização 
Mundial da Saúde) considera como “violência epidêmica” índices acima de 10 
homicídios para 100 mil habitantes. 
Esses números altamente elevados estão diretamente relacionados com 
os conflitos armados entre as facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas. 
Contribuindo para desenvolver um cenário de terror vivenciado pela cidade, onde 
os moradores que não se adequavam à situação estavam sujeitos a sequestros, 
homicídios encomendados e estupros. 
Ainda segundo Angiollilo (2019), recentemente em 2017, esses índices de 
homicídios caíram para 22 a cada 100 mil habitantes. Ao questionar o arquiteto 
e urbanista Carlos Mario Rodríguez, que atuou como gerente de desenho 
urbanístico da Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano (EDU), a autora 
34 
 
obteve o relato de que logo no início dos anos 2000 ficou diagnosticado 
claramente que faltavam serviços institucionais básicos como educação, saúde 
e cultura para a região. 
Dessa forma, ao longo de 2004 a 2011, Medellín passa por uma 
transformação social e espacial que se utiliza bastante da arquitetura e 
urbanismo; e como sugere a autora, mostrou ao mundo como ações que 
melhoram a qualidade de vida dos habitantes dessas regiões periféricas podem 
fornecer influência direta sobre os níveis de violência. 
Ao longo desses anos foram pensadas para a cidade políticas públicas 
focadas em reduzir as desigualdades sociais intraurbanas e democratizar o 
acesso da população a essa gama de serviços públicos que eram oferecidos 
apenas nos bairros de classe média. O ex-prefeito da cidade, Sergio Fajardo, 
explicou durante uma entrevista sobre os elementos que nortearam as ideias 
aplicadas em Medellín: 
A estratégia da transformação esteve baseada em três questões: 
implementação de um sistema de transporte público e de 
acessibilidade eficiente e qualificado, provisão de serviços públicos de 
qualidade para toda a população e planejamento urbano e territorial de 
longo prazo. (GHIONE, 2014). 
Nesse sentido, Medellín apresentava mais um desafio, devido a sua 
localização geográfica. A cidade que se iniciou primeiro ao longo do vale do rio 
homônimo, passa a partir da década de 1950 a sofrer um aumento populacional 
que resulta na expansão desta para as áreas de encostas das montanhas 
(Figura 05) que a cercam (ANGIOLLILO, 2019). 
35 
 
Figura 05 – Vista da cidade colombiana de Medellín. 
Fonte: Archdaily. 
Assim como acontece no Brasil e em outras cidades sul-americanas, o 
território é formado por uma região central mais rica e plana, cercada pelos 
bairros mais periféricos onde estão os indivíduos de menor renda, construindo 
de modo irregular nas regiões montanhosas. Desse modo, essa ocupação que 
ocorre sem planejamento urbano algum está sujeita a diversos problemas como 
a falta de espaços públicos, vias de circulação adequadas e até infraestruturas 
básicas como fornecimento de água, energia elétrica e rede de esgoto. 
Portanto, para resolver essas questões foram exigidas soluções que 
promovessem a integração entre esses bairros. Para isso, Medellín contou com 
investimentos em sistemas de transporte com soluções adequadas à topografia 
local como os famosos “Metrocables”, que como afirma Angiolillo (2019), foram 
“a espinha dorsal do processo”, por se constituírem de um sistema de teleféricos 
que agora fazem a conexão entre estações de metrô e diversas áreas antes 
segregadas. 
36 
 
Figura 06 – Sistema de teleféricos utilizado em Medellín. 
Fonte: Archdaily. 
Somado a isso, de acordo com Ghione (2014), a cidade conta ainda com 
outras estratégias inovadoras comoas escadas rolantes que se mostraram como 
solução bastante original para o acesso às favelas (Figura 07). Além de outros 
modais como o sistema de trens elevados, ônibus BRT e micro-ônibus que 
acessam as regiões mais distantes dos bairros. 
Figura 07 – Vista das escadas rolantes da cidade colombiana de Medellín. 
Fonte: Archdaily. 
Paralelamente às intervenções mais focadas em mobilidade como a 
própria qualificação do sistema viário existente, também foram implantados 
diversos equipamentos públicos focados em auxiliar as necessidades da 
população local, como escolas e postos de saúde. 
A base da estratégia em Medellín foi “colocar todas as ferramentas de 
desenvolvimento de maneira simultânea no território; não fazer uma 
escola aqui e um ginásio acolá, mas escolher um determinado local 
37 
 
para começar e, nele fazer tudo o que fosse possível, dentro do que se 
chamou PUI, Projeto Urbano Integrado. (ANGIOLILLO, 2019). 
Dentre essas obras em diferentes escalas, o destaque em questão vai 
para as intervenções arquitetônicas chamadas de “Parques Bibliotecas”. Estes 
edifícios são constituídos por três blocos com estética e materialidade 
chamativa, interligados por um espaço público aberto (Figura 08). Localizados 
em áreas específicas pelo histórico notável de violência, abrigam atividades e 
serviços diversos, voltadas para educação, convivência e cultura. Possuem 
qualidade arquitetônica notável, uma vez que foram frutos de concursos públicos 
de projetos, objetivando assegurar com que as experiências obtidas pelos 
moradores fossem as melhores possíveis. 
Figura 08 – Parques Bibliotecas em Medellín. 
Fonte: Archdaily. 
Esses Parques Biblioteca contam com vários recursos além dos livros em 
meio físico, com materiais em formato digital como vídeos e outras formas de 
conteúdo. Somado a isso, os edifícios contam ainda com diversos programas 
que disponibilizam à população cursos de artes, informática, idiomas e até 
administração de pequenos negócios. Ficando assim expressa a importância 
destes para a inclusão dessas comunidades em práticas que podem auxiliar sua 
inserção no cenário econômico, bem como possuem efeito notável até na 
educação da população desses bairros, devido a ampla gama de programas 
culturais e a facilidade de acesso à computadores e internet (CAPILLÉ, 2017). 
38 
 
Dessa forma, fica clara a intenção destes projetos arquitetônicos que 
visaram minimizar as desigualdades sociais existentes na região. Essas 
edificações passam a assumir portanto um papel de marco referencial, ao 
possuírem valor simbólico no renascimento dessas áreas antes fragilizadas e 
abandonadas. 
A população local que antes padecia perante à situação da violência, 
passa então a fazer parte do processo de transformação do espaço urbano em 
que vive. A arquitetura possui papel fundamental nesse aspecto, uma vez que 
esta influencia não apenas na disponibilidade de serviços antes ausentes, como 
também na própria sensação de pertencimento desses moradores. Afetando 
inclusive a autoestima desses indivíduos, por morarem em bairros que não mais 
são conhecidos pelos cenários de decadência vivenciados. 
A segunda estratégia utilizada pelo Projeto de 
Parques Biblioteca refere-se à ideia de que os edifícios devem não só 
representar mudança urbana através de suas monumentalidades 
midiáticas, porém o mais importante é que devem produzi-la através 
do arranjo de espaços que podem gerar um novo senso de 
comunidade e cidadania por meio de coabitação e interação 
informal. Como foi mencionado acima, o termo “Parque” no título do 
projeto “vem em primeiro lugar precisamente devido ao fato de que 
essas instalações são espaços públicos, em primeiro lugar” (CAPILLÉ, 
2017). 
Nesse sentido, é válido ressaltar novamente a importância do papel social 
que a arquitetura assume nesses ambientes de maior vulnerabilidade social. 
Fornecendo não só uma transformação dos espaços e suas características 
estéticas, mas também uma mudança notável na forma como os indivíduos 
interagem com estes locais. 
 
 
39 
 
2.2.2 O caso do Arena do Morro 
 
O ginásio Arena do Morro é um projeto marcante desenvolvido pelo 
renomado escritório suíço Herzog & de Meuron para o bairro de Mãe Luiza na 
cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Sendo o primeiro de um 
conjunto de intervenções elaboradas para uma proposta de plano urbano 
denominado “Uma Visão Para Mãe Luiza” que teve início em 2009. 
Mãe Luiza é uma das favelas mais conhecidas da capital, tendo seu 
destaque atrelado principalmente à localização geográfica da comunidade, que 
se encontra inserida justamente entre o Parque das Dunas e a Via Costeira. 
Apesar da localização considerada privilegiada, o bairro e sua comunidade 
sempre enfrentaram várias dificuldades ao longo dos anos. De acordo com os 
estudos iniciais desenvolvidos pelo escritório em parceria com uma equipe local, 
foram identificados vários espaços disponíveis com potencial, porém poucas 
atividades desenvolvidas na região. 
Desse modo, o plano proposto apresenta uma série de 11 intervenções 
no espaço público, formando um grande eixo conectivo que cruza 
perpendicularmente uma das principais vias do bairro e se estende em direção 
à orla marítima. 
Figura 09 – Localização do Arena do Morro e espacialização das intervenções 
propostas pelo plano urbano. 
Fonte: GADELHA (2021), HERZOG & DE MEURON (2012). 
Como é possível ver através da figura 09, a proposta inclui a integração 
entre atividades e espaços públicos como anfiteatro, quadra de esportes, lojas 
para atividades comerciais, oficinas para atividades profissionalizantes, escola, 
40 
 
parque e percursos diversos. Além disso, como afirma Gadelha (2021), é notório 
o aproveitamento das dinâmicas existentes, em especial da malha urbana atual 
do bairro, o que serve como elemento de potencialização desses eixos que 
fazem o contorno do morro de Mãe Luiza. 
Figura 10 – Espaço interno do Arena do Morro. 
Fonte: IWAN BAAN (2014). 
O ginásio Arena do Morro se apresenta como o projeto pioneiro do plano, 
que obteve uma repercussão bastante positiva devido a qualidade arquitetônica 
do produto final. Passando a fornecer à comunidade local um equipamento 
público de referência internacional, disponível para atividades diversas como 
esporte, recreação, cultura e educação. 
O ginásio é um edifício permeável, naturalmente ventilado, que 
transforma e traduz o impacto do seu ambiente natural e urbano num 
destino público e foco para atividades desportivas, culturais e de lazer. 
(HERZOG & DE MEURON, 2016). 
 
 De acordo com Rheingantz et al. (2017), os textos divulgados sobre a 
proposta traduzem o efetivo processo de concepção e de diálogo com a 
comunidade, bem como com o seu entorno. Ainda segundo os autores, a 
ausência de vandalismo, a conservação e a limpeza do local são um forte 
indicativo da aprovação e apropriação desse espaço. Comprovando que os 
arquitetos conseguiram traduzir com maestria e sensibilidade os desejos da 
41 
 
comunidade de Mãe Luiza, uma região periférica com diversas vulnerabilidades 
sociais e carência de investimentos. 
Figura 11 – Arena do Morro inserido na comunidade. 
Fonte: IWAN BAAN (2014). 
 Desse modo, fica evidente que uma intervenção para uma comunidade 
do tipo não deve ser pensada como uma simples edificação que visa custar o 
mínimo possível e por isso possuirá baixa qualidade. O exemplo do Arena do 
Morro, como colocam a equipe responsável pelo projeto Herzog & de Meuron 
(2016), “Torna-se um símbolo para a comunidade”. Trazendo a reflexão de que 
uma proposta que preza pela excelência em todos os aspectos e que responde 
corretamente às necessidades dos usuários, tende a ser aprovada, utilizada e 
zelada por estes. 
 
 
 
42 
 
2.3. A RACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA NA ARQUITETURA 
 
Por estarmos trabalhando com uma proposta arquitetônica que seria 
voltada para um grupo socialmentevulnerável, além de imaginar um possível 
financiamento advindo do poder público, alternativas que ofereçam redução de 
custos e consumo de recursos se tornam muito bem-vindas, pois podem auxiliar 
na justificativa de que a proposta possui um custo benefício viável. 
Este capítulo abordará de forma mais detalhada sobre a temática da 
racionalização construtiva, tal aprofundamento se faz necessário para que 
possamos identificar de que modo é possível utilizar dos conceitos e diretrizes 
existentes para alcançar melhores resultados, com finalidade de aplicar na 
concepção do projeto que será desenvolvido para a comunidade visando torná-
lo mais eficiente. 
 
2.3.1. Contextualização e Conceitos 
 
Sabemos que a construção civil é um dos setores que possui destaque 
devido ao seu crescimento notável ao longo das décadas e importância para 
nossa economia. De acordo com dados da revista Exame (2021), o setor já 
representa 7% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro com alto índice de 
crescimento e geração de novos empregos. 
Todavia, Melo Neto (2019), afirma que são estimados que cerca de 20 a 
50% dos nossos recursos naturais são consumidos pelo mercado da construção 
civil. Por isso, nos dias atuais esse nicho se encontra em um processo constante 
de transformação, estando sempre à procura de métodos e ações que otimizem 
os processos construtivos através de maior produtividade e redução de custos. 
No entanto, é notável que ao longo dos anos, a indústria da construção 
civil no Brasil apresentou dificuldades quando se trata de investir em novas 
tecnologias, melhoria de produtividade e da qualidade dos produtos finais. Visto 
que, até o presente ano ainda é possível observar em nossas cidades a 
execução de edificações do mesmo modo que se faziam a 30 ou 40 anos atrás. 
43 
 
 O processo construtivo utilizado nessa indústria apesar de incorporar 
inovações em algumas equipamentos e maquinário, nos dias atuais ainda se 
apresenta bastante dependente, especialmente das técnicas atreladas aos 
trabalhadores e à mão de obra tradicional. 
Desse modo, de acordo com Vale (2006), as várias mudanças na situação 
econômica e política do nosso país, associadas às mudanças na cultura da 
população e na oferta de mão de obra disponível são fatores que têm 
influenciado as empresas da construção civil a procurarem por alternativas 
tecnológicas que fogem da linha de pensamento tradicional presente nesse 
setor. Em função inclusive do quanto o público pode pagar atualmente por esses 
produtos. 
A economia nacional hoje está bastante diferente do que era há vinte 
anos atrás, época em que o mercado da construção civil esteve bem 
aquecido. Muitos investimentos foram feitos neste mercado, havia 
facilidade de se conseguir recursos para a produção. Hoje estes 
recursos são escassos. Para viabilizar seus empreendimentos as 
empresas precisam buscar não só novas alternativas de 
financiamento, como também a redução de seus custos. (VALE, 2006, 
p. 28). 
A competitividade também aparece como outro fator que estimula a busca 
por soluções que otimizem esses processos. Uma vez que, ainda de acordo com 
o autor, com a velocidade de se obter informações na atualidade e a globalização 
mais presente da economia estimulam a concorrência entre as empresas. Estas, 
por sua vez, necessitam com o passar do tempo estarem aptas a atender às 
novas necessidades de seu mercado de atuação, que devido aos itens 
mencionados, se torna cada vez mais exigente quanto a qualidade desejada 
para esses produtos/serviços. A ideia de racionalização construtiva aparece 
então como uma das ferramentas que podem auxiliar a atingir esses objetivos. 
O conceito de racionalização na construção civil possui múltiplas 
definições que foram discutidas por diversos autores ao longo do tempo. A 
seguir, podemos observar e estabelecer relações a partir de alguns destes. 
A racionalização construtiva de acordo com Rosso (1980), pode ser 
definida como a aplicação dos recursos de forma mais útil e prestativa para se 
obter um produto final com maior eficiência. O autor argumenta que arquitetos e 
projetistas não devem se sentir responsáveis por apontar uma vasta gama de 
44 
 
soluções para o projeto, mas sim aquelas que de fato ofereçam melhor resposta 
às necessidades reais dos usuários, sejam nos aspectos técnicos, econômicos 
e principalmente funcionais. 
Um raciocínio parecido é apresentado por Sabbatini (1989), ao conceituar 
racionalização construtiva como um processo composto pelo conjunto de ações 
que tem como objetivo a otimização da utilização dos recursos disponíveis na 
construção em todas as suas fases, sejam estes materiais, humanos, 
organizacionais, energéticos, temporais e financeiros. 
 Ambas as ideias acima também dialogam com a definição apontada por 
Vale (2006), que afirma de modo mais sintetizado que podemos entender a 
racionalização construtiva como um processo de produção ou conjunto de ações 
reformadoras que tem por finalidade propor a substituição de práticas rotineiras 
convencionais por métodos que estejam firmados em um raciocínio sistemático, 
visando eliminar quaisquer casualidades nas decisões tomadas. 
 Desse modo, é possível observar que todos os conceitos e definições 
apresentadas tendem a convergir para alguns pontos em comum, sendo o 
primeiro deles a ideia de otimização e/ou melhora. O segundo ponto se refere a 
todos mencionarem a racionalização como um conjunto de vários itens que 
compõem uma estratégia. Ou seja, adotar apenas uma medida ou outra isolada 
tenderá naturalmente ao insucesso. 
 Assim, entendemos que a racionalização aparece como um item que 
busca solucionar uma série de problemas existentes na indústria da construção 
civil. Isso vai de encontro inclusive com os interesses de várias empresas desse 
setor e inclusive de órgãos públicos, pois como visto, visa utilizar os recursos 
disponíveis de modo mais lógico. 
 Nesse sentido, quando falamos sobre como e por onde devemos começar 
quando precisamos implementar essa estratégia, é inevitável mencionar que 
esta começa ainda na fase do projeto de arquitetura. Como menciona Vale 
(2006), a partir dele o processo se estende à diversas outras etapas, que vão 
desde a análise dos itens e materiais a serem utilizados, execução e até mesmo 
o desempenho do produto em uso. 
45 
 
Entretanto, sabe-se que o projeto é um dos principais vilões e/ou 
culpados pela falta de procedimentos com relação à racionalização da 
construção, além do favorecimento, ao aparecimento de algumas 
patologias encontradas nas edificações. (VALE, 2006, p. 44). 
O autor complementa ainda afirmando que diversos fatores vão contribuir 
para essa distorção, apontando como o principal deles o desenvolvimento de 
projetos sem levar em consideração o processo construtivo por trás. 
Ressaltando que por meio de um “Projeto Integral” poderão ser definidos com 
melhor precisão os requisitos da edificação, e dos seus componentes 
intermediários. E será nesse momento que o arquiteto possuirá condições para 
aplicar a sua capacidade de análise e síntese para identificar as melhores 
soluções. 
Dessa forma, os projetos passam então a serem vistos cada vez mais 
como item com maior importância, uma vez que um acerto nessa etapa tende de 
forma lógica e consequente a guiar as demais na direção correta para atender 
às necessidades propostas. Promovendo assim maior qualidade e 
consequentemente mais economia para quem deseja construir. 
A preocupação com o projeto tornou-se mais evidente, por ser este 
considerado como um dos principais fatores na busca da melhoria para 
o desempenho do produto (edificação), diminuição dos custos de 
produção, diminuição de ocorrência de falhas tanto no produto quanto 
no processo e otimização das atividades de execução. (VALE, 2006, p. 
49) 
Adentrando mais a fundo na etapa do projeto arquitetônico é possível 
identificar alguns itens que possuem

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