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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL VINÍCIUS BRITO E SILVA AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO E ESTIMATIVA SIMPLIFICADA DA ÁREA DE INUNDAÇÃO ORIGINADA POR UM POTENCIAL DANO DE 8 BARRAGENS DO NORDESTE BRASILEIRO NATAL-RN 2021 Vinícius Brito e Silva Avaliação das condições de conservação e estimativa simplificada da área de inundação originada por um potencial dano de 8 barragens do Nordeste brasileiro. Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Artigo Científico, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto Natal-RN 2021 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Elaborado por RAIMUNDO MUNIZ DE OLIVEIRA - CRB-15/429 Silva, Vinicius Brito e. Avaliação das condições de conservação e estimativa simplificada da área de inundação originada por um potencial dano em 8 barragens do Nordeste brasileiro / Vinicius Brito e Silva. - 2021. 29f.: il. Artigo Científico (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus central, Engenharia Civil, Natal, 2021. Orientador: Dr. Osvaldo de Freitas Neto. 1. Classificação de barragens - Artigo Científico. 2. Estado de conservação - Artigo Científico. 3. Área de enchente - Artigo Científico. I. Freitas Neto, Osvaldo de. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 624 CDU 626.21 Vinícius Brito e Silva Avaliação das condições de conservação e estimativa simplificada da área de inundação originada por um potencial dano de 8 barragens do Nordeste brasileiro. Trabalho de conclusão de curso na modalidade Artigo Científico, submetido ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil. Aprovado em 09 de setembro de 2021: ___________________________________________________ Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto – Orientador ______________________________________________________ Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França – Examinador interno ___________________________________________________ Eng. Felipe Carlos de Araújo Leal– Examinador externo Natal-RN 2021 RESUMO A Política Nacional de Segurança de Barragens, atribuída pela Lei 12334/2010, estabelece as diretrizes e procedimentos para que se possa garantir padrões de segurança em barragens. Em 2012 foi estabelecida uma metodologia para classificar quantitativamente a Categoria de Risco (CRI) e o Dano Potencial Associado (DPA) das barragens. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é aplicar o método de classificação da resolução 143/2012 do Conselho nacional de Recursos Hídricos, aplicado por Anderáos, Araújo e Nunes (2013). A classificação da Categoria de Risco foi posta em análise por meio de uma avaliação de condições de conservação de oito barragens da Região Nordeste, avaliação esta que foi feita por Pereira (2019) em outras barragens. Quanto ao Dano Potencial Associado, foi feita uma estimativa simplificada da área de inundação originada por um potencial colapso nas oito barragens estudadas, de modo a aplicar em campo a metodologia atual que classificou as oito barragens. O Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB) classifica 3 das barragens estudadas como categoria de risco alto, e as outras 5 de categoria de risco médio. Entretanto há elementos no estado de conservação de duas das barragens que merece uma revisão quanto a sua Categoria de Risco. Por meio da metodologia do dimensionamento de canais, foi possível de forma aproximada, determinar pontos urbanos que seriam atingidos por enchentes originadas de um dano potencial na barragem estando cheia. As oito barragens foram escolhidas por apresentarem DPA numericamente iguais, mas ficou evidente que essa quantificação se mostra insuficiente ao estabelecer padrões de segurança que vise preservar a vida humana. Palavras-chave: Classificação de barragens, estado de conservação e área de enchente. ABSTRACT: The National Dam Safety Policy, related to the Law 12.334/2010, establishes the guidelines and procedures in order to guarantee safety standards for dams. In 2012 a methodology was established in order to quantitatively classify the Dam Risk (CRI) and Potential Hazard (DPA). In this context, the goal of this research is to apply the CNRH resolution 143/2012 classification method, applied by Anderáos, Araújo and Nunes (2013). The Dam Risk classification was put under review by means of an assessment of the conservation conditions of eight dams in the Northeast Region, which was done by Pereira (2019) in other dams. Regarding Potential Hazard, a simplified estimate of inundation area caused by a potential breakdown in the eight studied dams was made, in order to apply the current methodology that classified the eight dams in field. The National Dam Safety Information (SNISB) classifies three of the dams studied as having high Dam Risk, and the other five as having medium Dam Risk. However, there are elements in the conservation status of two of the dams that merit a review regarding their Dam Risk. Through the methodology of channel design, it was possible to approximate, and determine urban points that would be reached by floods caused by potential damage to the dam when full. The eight dams were chosen because they have numerically equal DPA, but it became evident that this quantification is insufficient to establish safety standards aimed at preserving human lives. Keywords: Dams classification, conservation status, inundation area. 6 1 INTRODUÇÃO A questão da segurança de barragens de terra ainda é um tema delicado, mesmo depois da tragédia da barragem de rejeitos de Brumadinho em 2019, que resultou em 270 mortes. Ao não haver uma fiscalização adequada, seguida de medidas corretivas, acidentes ou incidentes envolvendo barragens podem se tornar mais frequentes. De acordo com o relatório de segurança de barragens (RSB) da Agência Nacional de Águas do ano 2019, após o ocorrido em Brumadinho houve um crescimento expressivo nas fiscalizações de barragens, que resultou na Figura 1 a seguir. Figura 1 – Evolução do número de acidentes e incidentes por RSB Fonte: RSB ANA (2019) Fica evidente que antes de 2019 havia uma deficiência na quantidade de fiscalizações nas barragens brasileiras, havendo assim uma subnotificação de incidentes (sem danos) e acidentes (com danos). Segundo o Quadro 1, da Agência Nacional de Águas (ANA) e abordado por Pereira (2019), as fiscalizações são realizadas com uma periodicidade determinada pela classificação da categoria de risco e do dano potencial associado. Quadro 1 – Periodicidade de inspeções em função da Categoria de Risco (CRI) e Dano Potencial Associado (DPA) Dano Potencial Associado (DPA) Categoria de Risco (CRI) Alto Médio Baixo Alto Semestral Semestral Semestral Médio Semestral Semestral Anual Baixo Anual Anual Bianual Fonte: Pereira (2019) Ocorre que segundo a ANA (2019)as inspeções têm uma alta relevância para identificar perigos em potencial e iminentes e definir as medidas preventivas ou corretivas a serem tomadas pelos empreendedores. Segundo a Lei 12.334/2010 a Categoria de Risco (CRI) está atrelada a uma maior ou menor possibilidade de ocorrência de um evento danoso e o Dano Potencial 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Acidentes 4 1 0 5 4 6 4 3 12 Incidentes 4 6 4 6 5 17 10 2 58 0 20 40 60 80 Evolução do número de acidentes e incidentes por RSB Acidentes Incidentes 7 Associado (DPA) expressa a magnitude das consequências do evento em questão. O risco está relacionado à combinação da probabilidade com as suas consequências e a classificação desse risco trata-se do principal instrumento da Política Nacional de Segurança em Barragens para traçar as diretrizes e procedimentos para reparar as anomalias que um bom estado de conservação exige. Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho é aplicar atual metodologia de classificação de Categoria de Risco e Dano Potencial Associado a oito barragens da Região Nordeste. Metodologia essa que será apresentada no capítulo 2. Enquanto que os objetivos específicos são inspecionar oito barragens seguindo a ficha de inspeção da ANA, estimar áreas de inundação nas zonas urbanas à jusante das barragens, comparar a CRI atual com a verificada em campo, comparar o DPA de cada barragem com base na área inundável estimada e por fim estimar o número aproximado de domicílios e população potencialmente atingidas por um rompimento da barragem. 2 METODOLOGIA ATUAL DE CLASSIFICAÇÃO DA CATEGORIA DE RISCO E O DANO POTENCIAL ASSOCIADO O modelo atual da Resolução ABRH 143/2012 de classificação foi aplicado por Anderáos, Araújo e Nunes no vigésimo Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos em 2013, no qual é um evento vinculado a Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH) e é empregado na classificação de barragens quanto à CRI e ao DPA. E o atual método classifica a CRI das barragens pelas características técnicas (Quadro 2), e pelo Estado de Conservação das barragens (Quadro 3). Quadro 2- Características Técnicas (CT) Fonte: Anderáos, Araújo e Nunes (2013) Aspecto Descrição da característica técnica Altura (a) Altura ≤ 15m (0) 15m < Altura < 30m (1) 30m≤Altura ≤ 60m (2) Altura > 60m (3) Comprimento (b) Comprimento ≤ 200m (2) Comprimento > 200m (3) Tipo de barragem quanto ao material de construção (c) Concreto convencional (1) Alvenaria de pedra/ Concreto Ciclópico/ Concreto Rolado – CCR (2) Terra homogênea/ Enrocamento/ Terra Enrocamento (3) Tipo de fundação (d) Rocha sã (1) Rocha alterada dura com tratamento (2) Rocha alterada sem tratamento/ Rocha alterada fraturada com tratamento (3) Rocha alterada mole/ saprolito/ solo compacto (4) Solo residual/ aluvião (5) Idade da barragem (e) Entre 30 e 50 anos (1) Entre 10 e 30 anos (2) Entre 5 e 10 anos (3) <5 anos ou > 50 anos ou sem informação (4) Vazão de projeto (f) Deca milenar ou CMP (Cheia máxima provável) – TR =10000 anos (3) Milenar – TR = 1000 anos (5) TR = 500 anos (8) TR < 500 anos ou desconhecida / Estudo não confiável (10) 8 Quadro 3 – Estado de Conservação (EC) Aspecto Descrição do estado de conservação Confiabilidade das estruturas Extravasoras (g) Estruturas civis e eletromecânicas em pleno funcionamento/ canais de aproximação ou de restituição ou vertedouro (tipo soleira livre desobstruídos (0) Estruturas civis e eletromecânicas preparadas para a operação, mas sem fontes de suprimento de energia de emergência/ canais ou vertedouro (tipo soleira livre) com erosões ou obstruções, porém sem risco a estrutura vertente. (4) Estruturas civis comprometidas ou Dispositivos hidroeletromecânicos com problemas identificados, com redução de capacidade de adução e com medidas corretivas em implantação/ canais ou vertedouro (tipo soleira livre) com erosões e/ou parcialmente obstruídos, com risco de comprometimento da estrutura vertente. (7) Estruturas civis comprometidas ou Dispositivos hidroeletromecânicos com problemas identificados, redução de capacidade de adução e sem medidas corretivas/ canais ou vertedouro (tipo soleira livre) obstruídos ou com estruturas danificadas (10) Confiabilidade das Estruturas de Adução (h) Estruturas civis e dispositivos hidroeletromecanicos em condições adequadas de manutenção e funcionamento (0) Estruturas civis comprometidas ou dispositivos hidroeletromecanicos com problemas identificados com redução de capacidade de adução e com medidas corretivas em implantação (4) Estruturas civis comprometidas ou dispositivos hidroeletromecanicos com problemas identificados, com redução de capacidade de adução e sem medidas corretivas (6) Percolação (i) Percolação totalmente controlada pele sistema de drenagem (0) Umidade ou surgência nas áreas de jusante, paramentos, taludes ou ombreiras estabilizada e/ou monitorada (3) Umidade ou surgência nas áreas de jusante, paramentos, taludes ou ombreiras, sem tratamento ou em fase de diagnóstico (5) Surgência nas áreas de jusante, taludes ou ombreiras com carreamento de material ou vazão crescente (8) Deformações e Recalque (j) Inexistente (0) Existência de trincas e abatimentos de pequena extensão e impacto nulo. (1) Trincas e abatimentos de impacto considerável gerando necessidade de estudos adicionais ou monitoramento (5) Trincas, abatimentos ou escorregamentos expressivos, com potencial de comprometimento da segurança. (8) Deterioração dos Taludes / Paramentos (l) Inexistente (0) Falhas na proteção dos taludes e paramentos, presença de arbustos de pequena extensão e impacto nulo (1) Erosões superficiais, ferragem exposta, crescimento de vegetação generalizada, gerando necessidade de monitoramento ou atuação corretiva. (5) Depressões acentuadas nos taludes, escorregamentos, sulcos profundos de erosão com potencial de comprometimento da segurança. (7) Eclusa (m) Não possui eclusa (0) Estruturas civis e eletromecânicas bem mantidas e funcionando (1) Estruturas civis comprometidas ou Dispositivos hidroeletromecânicos com problemas identificados, e com medidas corretivas em implantação. (2) Estruturas civis comprometidas ou Dispositivos hidroeletromecânicos com problemas identificados, e sem medidas corretivas. (4) Fonte: Anderáos, Araújo e Nunes (2013) Há um terceiro quadro que trata dos planos de segurança das barragens (PS), no entanto este não entrou neste trabalho, uma vez que as oito barragens estudadas não possuem tal plano, sendo um item não aplicável. A CT (Quadro 2) e EC (Quadro 3) são resultados dos somatórios da pontuação de cada linha dos quadros. 9 Os três primeiros quadros da Resolução 143/2012 atribui à CRI de uma barragem ao valor quantitativo resultante do somatório dos números entre parênteses: CRI = CT + EC. Valores maiores significa situações de maior risco para uma barragem. Qualitativamente a CRI possui as seguintes características. Alto: para um somatório maior ou igual a 60 ou EC = 8* Médio: para um somatório de pontos entre 35 e 60 Baixo: para um somatório inferior a 35 *Pontuação 8 em qualquer coluna do estado de conservação. Quadro 4 - classificação das barragens quanto ao Dano Potencial Associado. Fonte: Anderáos, Araújo e Nunes (2013) DPA alto: pontuação superior a 16 DPA médio: pontuação entre 11 e 15 DPA baixo: pontuação igual ou inferior a 10 Aspecto Volume Total do Reservatório (s) Potencial de perdas de vidas humanas (t) Impacto Ambiental(u) Impacto sócio- econômico (v) D es cr iç ã o e c o n d iç ã o Pequeno ≤ 5hm³ (1) INEXISTENTE (Não existem pessoas permanentes/ residentes ou temporárias/transitando na área a jusante da barragem (0) SIGNIFICATIVO (quando a área afetada da barragem não representa área de interesse ambiental, áreas protegidas em legislação específica ou encontra-se totalmente descaracterizada de suas condições naturais) (3) INEXISTENTE (Quando não existem quaisquer instalações e serviços de navegação na área afetada por acidente da barragem) (0) Médio 5 a 75hm³ (2) POUCO FREQUENTE (Não existem pessoas ocupando permanentemente a área a jusante da barragem, mas existe estrada vicinal de uso local (4) MUITO SIGNIFICATIVO (quando a área afetada da barragem apresenta interesse ambiental relevante ou protegida em legislação específica) (5) BAIXO (quando existe pequena concentração de instalações residenciais e comerciais, agrícolas, industriais ou de infraestrutura na área afetada da barragem) (4) Grande 75 a 200hm³ (3) FREQUENTE (Não existem pessoas ocupando permanentemente a área a jusante da barragem, mas existe rodovia municipal ou estadual ou federal ou outro local e/ou empreendimento de permanência eventual de pessoas que poderão ser atingidas. (8) ALTO (quando existe grande concentração de instalações residenciais e comerciais, agrícolas, industriais, de infraestrutura de serviços de lazer e turismo na área afetada da barragem ou instalações portuárias ou serviços de navegação) (8) Muito Grande > 200hm³ (5) EXISTENTE (Existem pessoas ocupando permanentemente a área a jusante da barragem, portanto vidas humanas poderão ser atingidas. (12) 10 3 MATERIAIS E MÉTODOS – METODOLOGIA O trabalho tem duas frentes de revisão metodológica. Inicialmente foram escolhidas 8 barragens de terra localizadas nos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba. Essas barragens estão listadas de acordo com o Quadro 5. Quadro 5 – Barragens estudadas e seus respectivos órgãos fiscalizadores Barragem Município - Estado Coordenadas (UTM) Órgão fiscalizador Campo Grande São Paulo do Potengi - RN 25M 193.304 m E 9.337.949 m S IGARN Santa Cruz do Trairi Santa Cruz -RN 24M 828.700 m E 9.311.018 m S IGARN Santa Luzia Santa Luzia - PB 24M 729.319 m E 9.239.668 m S ANA São Mamede São Mamede – PB 24M 712.938 m E 9.233.496 m S ANA Jatobá I Patos – PB 24M 690.477 m E 9.219.162 m S AESA Farinha Patos – PB 24M 693.823 m E 9.217.224 m S AESA Esguicho Ouro Branco – RN 24M 726.116 m E 9.255.315 m S ANA Zangarelhas Jardim do Seridó - RN 24M 748.445 m E 9.270.611 m S IGARN Fonte: SNISB Todas as oito barragens supracitadas, são adjacentes a áreas urbanas, possui órgãos fiscalizadores distintos, todas foram submetidas a metodologia para avaliar suas condições de conservação. Bem como, as áreas urbanas a jusante das barragens fora submetida a uma estimativa simplificada da área de inundação, resultante de um dano potencial da barragem a montante de cada cidade. Cada uma das barragens, já estão classificadas no SNISB quanto a CRI e ao DPA. A categoria de risco (CRI) e o dano potencial associado (DPA) serão estudados e aplicados nas seguintes metodologias. 3.1- Metodologia para investigar categoria de risco (CRI) Para impor os métodos apresentados pela Resolução 143/2012 do CNRH, foi necessário a visita em campo de cada barragem apresentada e empregar a ficha de inspeção da Agência Nacional de Águas (ANA). O estado de conservação da barragem é um dos fatores determinantes ao definir a categoria de risco e a ficha da ANA tem o seguinte formato. Quadro 6– Exemplo de ficha de inspeção para talude de montante 11 Legenda: Fonte: ANA (2019) Neste trabalho, as anomalias foram verificadas nas ombreiras, taludes, crista e vertedouro das barragens. E com as anomalias em mãos é possível aplicar o Quadro 03 que trata do estado de conservação e depois comparar com a CRI (alta, média ou baixa) que o SNISB atribui àquela barragem especificamente. 3.2- Metodologia para estimar área de inundação No tocante à avaliação do DPA, é necessário um estudo com a área jusante da barragem, dando ênfase a área urbana. A metodologia para estimar as áreas de inundação envolve cotas de terreno do Google Earth, equações de dimensionamento de canais e dados censitários do IBGE. Utilizando a equação de Manning (Equação 1), é possível dimensionar um canal com as características do ambiente estudado e com uma vazão previamente calculada. FICHA DE INSPEÇÃO DE BARRAGEM DE TERRA LOCALIZAÇÃO/ ANOMALIA SITUAÇÃO MAGNITUDE BARRAGEM Talude de Montante Erosões NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G Escorregamentos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G Fissura/afundamento (face do concreto) NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G Rip-rap incompleto, destruído ou deslocado NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G Afundamentos e buracos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G Árvores e arbustos NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G Erosão no encontro das ombreiras NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G Formigueiros, cupinzeiros ou toca de animais NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G Deslocamento de blocos de rocha pelo efeito de ondas NA NE PV DS DI PC AU NI I P M G Comentários: NA: Não aplicável DI: Anomalia diminuiu NE: Anomalia não existente PC: Anomalia permaneceu constante PV: Anomalia constatada pela primeira vez AU: Anomalia aumentou DS: Anomalia desapareceu NI: Anomalia não inspecionada I: Insignificante M: Média P: Pequena G: Grande 12 Equação 1 – Dimensionamento de canais de Manning 𝑛 ∗ 𝑄𝑝 √𝐼𝑜 = 𝐴𝑚 ∗ 𝑅ℎ3 2 Sendo “n” o coeficiente de rugosidade (Manning) adimensional, valor tabelado determinado pelas características do canal. “Qp” é a vazão de pico em m³/s. “Io” é a declividade média do canal em (%). “Am” é a área molhada de uma seção transversal do canal em m². E “Rh” é o raio hidráulico resultante da razão entre área e perímetro molhado. A seção trapezoidal resultante da Equação 1 representa a calha do rio a jusante, em um determinado ponto e no momento em que uma vazão de pico (máxima) passar por aquele ponto. Segundo Oliveira (2016) a vazão de pico resultante de um rompimento de barragem, gera um hidrograma superior a vazões naturais de projeto, levando-se em conta o tempo de retorno. E segundo Hagen (1982), apresentado por Oliveira (2016), a Equação 2 traz o método para calcular a vazão de pico de uma barragem, levando-se em conta o volume (V) em m³ e a altura da barragem cheia menos a folga (Hd) em metros. Equação 2 – Expressão da vazão de pico segundo Hagen (1982) 𝑄𝑝 = 1,205 ∗ (𝐻𝑑 ∗ 𝑉)0,48 A Tabela 1 traz os valores do coeficiente de rugosidade (Manning) “n” para rios e arroios. Tabela 1 – Coeficientes de rugosidade (Manning) Natureza das calhas Condições Muito boas Boas Regulares Ruins 1- Limpos, retilíneos e uniformes 0,25 0,28 0,30 0,33 2- Como em 1, com vegetação e pedras 0,30 0,33 0,35 0,40 3-Com meandros, bancos e poços pouco profundos, limpos 0,35 0,40 0,45 0,50 4-Como em 3, com águas baixas, declividade fraca 0,40 0,45 0,50 0,55 5-Como em 3 com vegetação e pedras 0,33 0,35 0,40 0,45 6-Como em 4 com pedras 0,45 0,50 0,55 0,60 7-Com margens espraiadas, pouca vegetação 0,50 0,60 0,70 0,80 8-Com margens espraiadas, muita vegetação 0,75 1,00 1,25 1,50 Fonte: Porto (1999) A declividade (Io) foi determinada a partir de dados de altitude e distância (Fonte: Google Earth) na própria calha do rio a jusante da barragem. As distâncias medidas foram aleatórias, porémsuperiores a 2 quilômetros, e a diferença entre a cota de início e a cota final traz a variação de altura que é dividida pela distância e multiplicada por 100 obtendo assim a declividade em %. A área molhada foi obtida ao adotar por tentativa uma altura para a seção trapezoidal que é representado pela Figura 2. 13 Figura 2 – Esquema da seção trapezoidal representando uma calha de rio. Fonte: Porto (1999) A dimensão b representa a largura natural da calha do rio. A dimensão B representa a largura da calha do rio no momento da passagem da vazão de pico originada pelo rompimento da barragem. Neste trabalho y = H que indica a altura da onda de pico, pelo motivo de ser uma calha transbordada. 4 RESULTADOS 4.1 Avaliação das condições de conservação das barragens Ao aplicar a ficha de inspeção da ANA, foi constatada as seguintes anomalias nas barragens e pelo estado de conservação chegou ao seguinte resultado e a discussão dos resultados será tratada no capítulo 5. 4.1.1 Barragem Campo Grande (São Paulo do Potengi – RN) A barragem Campo Grande, atualmente classificada com CRI média, apresenta anomalias. Em seu talude de montante foi constatada a presença de vegetação, tombamento de rochas do rip-rap, e deformações na inclinação do talude (Figura 3 – a) e b)). Enquanto o talude de jusante não apresenta proteção adequada, há falhas no sistema de drenagem e foi constata a presença de uma erosão média (Figura 3 – c)). O coroamento da barragem, apresentava falhas no meio fio e nas canaletas de drenagem Figura 3 – d)). As anomalias presentes corroboram com SNISB ao classificar a barragem com CRI média. Figura 3 – Anomalias na Barragem Campo Grande a) Talude de montante com vegetação b) Inclinação irregular de talude 14 c)Erosão em talude de jusante d) Drenagem comprometida na crista Fonte: Autor (2021) 4.1.2 Barragem Santa Cruz do Trairi (Santa Cruz – RN) A barragem Santa Cruz do Trairi, foi constatado que, por imagens de 2012 (Google Street View), que havia afundamentos (Figura 4 – a)) e trincas no seu coroamento (Figura 4 – b)). Figura 4 – Anomalias presentes em 2012 a) Afundamentos na crista b) Fissura vista a partir da crista Fonte: Google Street View (2012) No entanto o registro fotográfico recente mostrou pavimentação da crista (Figura 5 – a)) com britas graníticas. Seu talude montante apresenta alta presença de árvores e arbustos além de drenagens incompletas (Figura 5 –b)). Não sendo possível constatar o adequado reparo na barragem, é prudente manter a CRI alta já estabelecido pelo SNISB. Figura 5 – Pavimento da crista e talude de montante a) Crista atualmente pavimentada com brita granítica. 15 b) Talude de montante repleta de vegetação. Fonte: Autor (2021) 4.1.3 Barragem Santa Luzia (Santa Luzia-PB) A Barragem de Santa Luzia apresentava tocas de animais na crista (Figura 6 – a)), erosão no pé do talude de jusante (Figura 6-b)) e fissuras no seu vertedouro (Figura 6– c)). A principal anomalia desta barragem era danos em sua placa de rip-rap (Click PB), no entanto constatou- se o seu reparo (Figura 6 – d)). A inspeção indica a CRI média assim como indica o SNISB. Figura 6 – Anomalias na Barragem de Santa Luzia a) Toca de animais em crista b) Erosão em pé de talude de jusante c) Vertedouro fissurado d) Rip rap restaurado Fonte: Autor (2021) 4.1.4 Barragem São Mamede (São Mamede-PB) 16 Não foi possível acessar o talude de montante desta barragem em razão da vegetação altamente densa no local e a presença de uma cerca (Figura 7 – a)). Foi constatado a falta de proteção do talude de jusante e a presença de erosão (Figura 7 –b)). Há afundamento no contato do material solo com o muro de concreto do vertedouro (Figura 7 – c)). O SNISB classificou essa barragem com Categoria de Risco (CRI) alta, e devido a permanência de anomalias é prudente manter a classificação atual. Figura 7 – Anomalias na Barragem de São Mamede a) Talude de montante inacessível b)Talude de jusante erodido c) Contato de solo com muro de concreto Fonte: Autor (2021) 4.1.5 Barragem Jatobá I (Patos – PB) A barragem Jatobá I apresentou anomalias em todos os seus elementos estruturais. O talude de montante apresentou tombamento de pedras, muitas árvores e arbustos e deformações expressivas (Figura 8 – a)). As ombreiras tinham erosões sendo possível enxergar à montante rocha onde o elemento estava assentado (Figura 8 –b)). Havia afundamentos e ausência de meio fio na crista da barragem (Figura 8 –c)), bem como toca de animais (Figura 8 –d)). E o talude de jusante apresentava canaletas quebradas (Figura 8 –e)), erosões profundas (Figura 8 –f)) e ausência de proteção do talude. No vertedouro constatou-se a presença de fissuras (Figura 8 – g)) e erosão próxima ao contato do concreto com o solo (Figura 8 –h)). 17 A barragem Jatobá I foi o maciço que apresentou mais anomalias de todas as oito barragens estudadas neste trabalho. O SNISB classifica a barragem Jatobá I com Categoria de Risco (CRI) média, mas diante das condições é plausível modificar a CRI para alta. Figura 8 – Anomalias na barragem Jatobá I a) Talude de montante b) Ombreira de montante c) Crista com afundamentos d) Toca de animais na crista e) Canaleta obstruída f) Talude de jusante com sulcos profundos 18 g) Vertedouro fissurado h) Erosão próxima ao vertedouro Fonte: Autor (2021) 4.1.6 Barragem Farinha (Patos – PB) A barragem da Farinha com vertedouro central de concreto, apresentava em 2016, rachaduras com vazamentos visíveis através do paredão de concreto (Figura 9 – a)), relatado pela impressa local na época (Portal G1-PB), ou seja, apresentava surgência. Após uma restauração, foi constatado a permanência em menor quantidade do vazamento pelo vertedouro (Figura 9 – b)) principalmente pela lateral do mesmo (Figura 9 – c)). Além da presença densa de arbustos e árvores no talude de montante (Figura 9 –d)), é possível visualizar a ausência de proteção e erosão no talude de jusante (Figura 10-a)) e também a queda de materiais na região do contanto do maciço de solo com o concreto (Figura 10 – b)). A permanência da surgência com carreamento de materiais, sugere que não se trata de uma barragem de CRI média, como indicou o SNISB, e sim CRI alta, devido a pontuação 8 no quadro 3. Figura 9 –Anomalias na Barragem Farinha. a) Surgência em 2016 b) Situação atual do vertedouro de concreto Fonte: G1-PB (2016) Fonte: Autor (2021) 19 c) Surgência na lateral do vertedouro d) Talude de montante com muita vegetação Fonte: Autor (2021) Figura 10 – Mais anomalias presentes na barragem da Farinha a) Talude de jusante b) Deslizamento de solo no talude de montante Fonte: Autor (2021) 4.1.7 Barragem Esguicho (Ouro Branco – RN) A Barragem Esguicho apresentou erosões profundas em sua ombreira de montante (Figura 11 – a)), além de anomalias no meio fio da crista e ausência de proteção no talude de jusante (Figura 11-b)). O atual CRI da barragem é médio, o que se evidencia na inspeção realizada, corroborando assim com o SNISB. Figura 11 – Anomalias na Barragem Esguicho a) Ombreira de montante erodida b) Crista e talude de jusante Fonte: Autor (2021) 20 4.1.8 Barragem Zangarelhas – (Jardim do Seridó – RN) A Barragem Zangarelhas, atualmente classificada pelo SNISB com CRI alto, apresentou anomalias no talude de montante com a forte presença de árvores e arbustos (Figura 12 – a)). A crista tinha canaletas quebradas (Figura 12 –b)), o talude de jusante tinha falhas na proteção e ondulações na inclinação, incluindo vestígios de incêndio (Figura 12 – c)). E por fim o vertedouro estava fissurado (Figura 12 – d)). O estado de condição da barragem, e a sua falta de manutenção é plausível manter o CRI alto atribuído pelo SNISB. Figura 12 – Anomalias na Barragem Zangarelhas a) Talude de montante b) Drenagem comprometida no talude de jusante c) Inclinação irregular de talude d) Vertedouro fissurado Fonte: Autor (2021) 4.2 Estimativa simplificada da área de inundação 4.2.1 Parâmetros de cálculo Utilizando a equação 2, foi calculado a vazão de pico (Tabela 2), com dados provenientes do IGARN para as barragens potiguares e da AESA para os maciços paraibanos. 21 Tabela 2 – Dados das barragens e vazão de pico calculada Barragem Hd (m) V (m³) Qp (m³/s) Campo Grande 15,0 23.139.000,00 15.149,40 Santa Cruz do Trairi 10,0 5.158.750,00 6.067,00 Esguicho 17,8 27.937.000,00 18.003,00 Zangarelhas 14,0 7.916.000,00 8.758,00 Santa Luzia 13,0 11.720.000,00 10.204,00 São Mamede 10,0 15.790.000,00 10.380,00 Jatobá I 11,5 17.516.000,00 11.667,30 Farinha 8,0 25.738.000,00 11.790,00 – Coeficiente de Rugosidade (Manning) (n) Os rios a jusante estudados possuem no geral as seguintes características: Com meandros, bancos e poços pouco profundos, limpos, com águas baixas, declividade fraca e com pedras. Sendo assim segundo a Tabela 4 tem-se n=0,50. – Declividade (Io) Como explicado na metodologia, os valores de declividade para cada rio a jusante calculados são apresentados na Tabela 3: Tabela 3 – Declividade média das calhas Rio à jusante Io (%) Rio Potengi (Campo Grande) 1,30 Rio Trairi (Santa Cruz do Trairi) 1,50 Rio Quipauá (Santa Luzia) 1,10 Rio Sabugi (São Mamede) 1,60 Riacho dos Mares (Jatobá I) 2,10 Rio Espinharas (Farinha) 0,90 Rio Barra Nova (Esguicho) 0,90 Rio das Cobras (Zangarelhas) 0,95 4.2.2 Dimensionamento de seções de cheia A Tabela 4 traz o tamanho da área molhada e o respectivo raio hidráulico da seção transversal trapezoidal. 22 Tabela 4 – Área molhada das seções de inundação Barragem Zona urbana mapeada N° de seções 𝑛 ∗ 𝑄𝑝 √𝐼𝑜 = 𝐴𝑚 ∗ 𝑅ℎ3 2 Campo Grande São Paulo do Potengi - RN 3 6.643,45 Santa Cruz do Trairi Santa Cruz -RN 3 2.476,84 Esguicho Ouro Branco – RN 3 8.582,59 Zangarelhas Jardim do Seridó - RN 3 3.461,90 Santa Luzia Santa Luzia – PB 1 3.520,71 São Mamede São Mamede - PB 2 5.470,74 Jatobá I Patos – PB 3* 6.149,20 Farinha Patos – PB 3* 6.048,14 *Duas seções em comum 4.3 Estimativa aproximada das áreas de inundação Com as seções trapezoidais calculadas e as posicionando no mapa de satélite do Google, tem-se os seguintes resultados de área de inundação estimada (linhas vermelhas). As calhas originais dos rios são representadas pela linha grossa azul. Todas as imagens têm como fonte as imagens de satélite do Google. E vale ressaltar que o maior número de seções significa uma maior precisão da área de inundação. Figura 13 – Estimativa de área inundável São Paulo do Potengi – RN Fonte: Google Earth 23 Figura 14 – Estimativa de área inundável -Santa Cruz- RN Fonte: Google Earth Figura 15 – Estimativa de área inundável - Santa Luzia – PB Fonte: Google Earth 24 Figura 16 – Estimativa de área inundável – São Mamede Fonte: Google Earth Figura 17 – Estimativa de área inundável – Ouro Branco – RN Fonte: Google Earth 25 Figura 18 – Estimativa de área inundável –Jardim do Seridó- RN Fonte: Google Earth Figura 19 – Estimativa de área inundável – Patos-PB (Jatobá I) Fonte: Google Earth 26 Figura 20 - Estimativa de área inundável – Patos-PB (Farinha) Fonte: Google Earth Figura 21 - Estimativa de área inundável – Patos-PB (Jatobá I ou Farinha) Fonte: Google Earth 27 Com a área delimitada pelas linhas vermelhas, é possível estimar o número de domicílios que seriam potencialmente atingidos e multiplicar pela ocupação média por domicílio de acordo com o IBGE (2010), gerando a Tabela 5. Tabela 5 – População afetada imediatamente a jusante Cidade População estimada potencialmente afetada Domicílios potencialmente afetados São Paulo do Potengi – RN 1150 hab. 420 Santa Cruz –RN 1000 hab. 340 Santa Luzia – PB 350 hab. 120 São Mamede – PB 700 hab. 220 Patos – PB* 7700 hab. 2300 Ouro Branco – RN 150 hab. 55 Jardim do Seridó - RN 820 hab. 300 *Para cada barragem há diferenças irrelevantes Fonte: IBGE (2010) 5 DISCUSSÃO Ao aplicar a metodologia da Resolução 143/2012 do CNRH nas oito barragens, é necessário fazer algumas ponderações. As CRIs das duas barragens de Patos deveriam ser reclassificadas para alto pelo SNISB, pelo fato da ampla quantidade de anomalias que a Barragem Jatobá I possui, e pela persistente surgência na Barragem Farinha. Na categoria deformações e recalques (Quadro 2) a Barragem Jatobá I atinge a pontuação de 8 e a Barragem Farinha no quesito percolação atinge a mesma pontuação. Sendo assim, as duas barragens deveriam ser classificadas como categoria de risco alto. Um ponto que chama a atenção é que barragens classificadas pelo SNISB com CRI alto (Santa Cruz do Trairi e Zangarelhas) possuíam um estado de conservação melhor do que as duas represas de Patos, o que reforça uma revisão na classificação e assim aumentar a frequência das inspeções. As informações do Sistema Nacional de Informação em Segurança de Barragens devem ser atualizadas em concordância com as inspeções técnicas futuras. Apesar do reparo na crista da Barragem Santa Cruz do Trairi com a pavimentação com britas graníticas, não foi possível concluir que os problemas de afundamento e trincas foram solucionados, uma vez que o SNISB ainda a considera com CRI alto. Nas demais barragens, o estado de conservação sugere uma CRI médio, mas o estado de abandono de São Mamede, apesar da vistoria feita pela ANA em 2019, continua com anomalias vistas no Manual do Empreendedor Sobre Segurança de Barragens da ANA (2016). A pontuação exata para a CRI de cada barragem não foi levantada, em decorrência da falta de informações técnicas quanto ao tipo de solo da fundação das barragens, bem como a total falta de abordagem do plano de segurança que também traz pontos para a classificação quantitativa da CRI. O estado de conservação atual corrobora com o SNISB. Quanto ao DPA, pelo atual método de classificação, todas as oito barragens são classificadas pelo SNISB com DPA alto. Mas não só isso, quantitativamente todas possuem DPA de pontuação 27 (Quadro 4). E os resultados das estimativas de área inundável nas zonas urbanas a jusante mostra uma alta discrepância no que se refere ao tamanho da população atingida, principalmente entre as cidades de Patos e Ouro Branco. O atual método de quantificar o Dano Potencial Associado se mostra impreciso nesta questão, pelo fato de não levar em conta o tamanho da população que reside a jusante da 28 barragem. Só é checado se há ou não pessoas residentes a jusante o que se mostrou insuficiente para quantificar as consequências referentes ao potencial de perdas de vidas humanas. 6 CONCLUSÃO Com esta avaliação das condições de conservação e estimativa simplificada das áreas de inundação originada por um possível colapso das oito barragens, foi possível concluir que o SNISB por meio dos órgãos fiscalizadores, deve rever sua classificação de categoria de risco em barragens, principalmente aquelas próximas a áreas urbanas de modo a aumentar a frequência das inspeções e identificar perigos em potencial e iminentes e definir as medidas preventivas ou corretivas a serem tomadas pelos empreendedores. É necessário que a Resolução 143/2012 da ANRH adoteuma nova metodologia para classificar o dano potencial das barragens. Adotando uma fórmula mais precisa e consistente que leve em consideração o tamanho da população que possa ser atingida por um possível rompimento. As barragens próximas a Patos, uma cidade com mais de 100 mil habitantes, não pode ter DPA igual ao Esguicho próximo a Ouro Branco com 4 mil habitantes. 7 REFERÊNCIAS Agência Nacional de Águas (Brasil). Relatório de Segurança de Barragens 2019. Brasília: ANA, 2020 Agência Nacional de Águas (Brasil). Guia de Orientação e Formulários do Plano de Ação de Emergência - PAE. Brasília: ANA, 2020 PEREIRA, Lucas Mazullo. Avaliação das Condições de Manutenção e Segurança de Barragens no Interior do Estado do Rio Grande do Norte. 2019. 75 f. trabalho de graduação - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2019. PORTO, Rodrigo de Melo. Hidráulica Básica. 2. ed. São Carlos -Sp: Eesc, 1999 Agência Nacional de Águas (Brasil). Guia de Orientação e Formulários para Inspeções de Segurança de Barragem. Brasília: ANA, 2016 OLIVEIRA, ALARCON, Mapeamento de Áreas Suscetíveis Inundação por Rompimento de Barragem em Ambiente Semiárido, Tese de doutorado em Geografia Física, Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo – 2010 ANDERÁOS, Alexandre; ARAÚJO, Ligia M. N. de; NUNES, Carlos Motta. Classificação De Barragem Quanto A Categoria De Risco E Dano Potencial Associado. In: XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 20., 2013, Bento Gonçalves. Classificação de Barragem Quanto a Categoria de Risco e Dano Potencial Associado. Bento Gonçalves: Abrh, 2013. p. 1-8. BRASIL. ANA. Sistema Nacional de informações sobre Segurança de Barragens. Disponível em: 29 https://portal1.snirh.gov.br/ana/apps/webappviewer/index.html?id=93e7af22c2294572b5aa55 4dfc048bc4. Acesso em: 06 ago. 2021. REDAÇÃO, ClickPB. População teme rompimento no açude de Santa Luzia, no Sertão. ClickPB, Paraíba, p. 1, 18 fev. 2019. Disponível em: <https://www.clickpb.com.br/paraiba/populacao-teme-rompimento-no-acude-de-santa-luzia- no-sertao-255248.html> Acesso em 25 Nov. 2020. GLOBOPLAY (Brasil). Barragem da Farinha está com problemas de vazamento. 2016. Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/4958556/. Acesso em: 13 jan. 2021 GLOBOPLAY (Brasil), Barragem da Farinha, que abastece a cidade de Patos, apresenta fissuras. 2017. Disponível em <https://globoplay.globo.com/v/5768006/> Acesso em 13 jan. 2021 https://www.clickpb.com.br/paraiba/populacao-teme-rompimento-no-acude-de-santa-luzia-no-sertao-255248.html https://www.clickpb.com.br/paraiba/populacao-teme-rompimento-no-acude-de-santa-luzia-no-sertao-255248.html https://globoplay.globo.com/v/5768006/
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