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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL HUEDLY CHAVES DOS SANTOS AVALIAÇÃO DO CONCRETO AUTOADENSÁVEL COM AREIA DE RCD REFORÇADOS COM FIBRAS DE AÇO E DE POLIETILENO SUBMETIDOS AO ATAQUE ACELERADO POR CLORETOS NATAL-RN 2022 HUEDLY CHAVES DOS SANTOS AVALIAÇÃO DO CONCRETO AUTOADENSÁVEL COM AREIA DE RCD REFORÇADOS COM FIBRAS DE AÇO E DE POLIETILENO SUBMETIDOS AO ATAQUE ACELERADO POR CLORETOS Dissertação apresentada ao curso de Pós- graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Marcos Alyssandro Soares dos Anjos. NATAL-RN 2022 Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Sistema de Bibliotecas – SISBI Catalogação de Publicação da Fonte. UFRN – Biblioteca Central Zila Mamede SANTOS, HUEDLY CHAVES DOS. AVALIAÇÃO DO CONCRETO AUTOADENSÁVEL COM AREIA DE RCD REFORÇADOS COM FIBRAS DE AÇO E DE POLIETILENO SUBMETIDOS AO ATAQUE ACELERADO POR CLORETOS / HUEDLY CHAVES DOS SANTOS. - 2022. 121F.: IL. DISSERTAÇÃO (MESTRADO) - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, CENTRO DE TECNOLOGIA, PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL, NATAL, RN, 2021. ORIENTADOR: PROF. DR. MARCOS ALYSSANDRO SOARES DOS ANJOS. 1. CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO - DISSERTAÇÃO. 2. CONCRETO AUTOADENSÁVEL - DISSERTAÇÃO. 3. FIBRAS DE AÇO E POLIETILENO - DISSERTAÇÃO. 4. ATAQUE POR CLORETOS - DISSERTAÇÃO. 5. TENACIDADE - DISSERTAÇÃO. I. ANJOS, MARCOS ALYSSANDRO SOARES DOS. II. TÍTULO. RN/UF/BCZM CDU 628.4.036 ELABORADO POR ANA CRISTINA CAVALCANTI TINÔCO - CRB-15/262 HUEDLY CHAVES DOS SANTOS AVALIAÇÃO DO CONCRETO AUTOADENSÁVEL COM AREIA DE RCD REFORÇADOS COM FIBRAS DE AÇO E DE POLIETILENO SUBMETIDOS AO ATAQUE ACELERADO POR CLORETOS Dissertação apresentada ao curso de Pós- graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Marcos Alyssandro Soares dos Anjos – Orientador (UFRN) ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Kleber Cavalcanti Cabral – Examinador Interno (UFERSA) ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Ulisses Targino Bezerra – Examinador Externo (IFPB) Natal, 29 de outubro de 2021. AGRADECIMENTOS Em março de 2020, o mundo começou a presenciar algo extremamente atípico: uma pandemia que mudou completamente a forma de viver em sociedade. Todos os estabelecimentos foram fechados, incluindo instituições de ensino. Com o passar do tempo, a pandemia se intensificando e os prazos se esgotando, a dificuldade de desenvolver pesquisas já em andamento aumentou, e mais do que nunca foi necessário a ajuda de pessoas, a compreensão e o trabalho coletivo (porém mantendo distância) para concluir pesquisas com qualidade e manter a segurança dos pesquisadores. Desta forma, mais do que nunca, a gratidão pelas pessoas que me ajudaram chegar até aqui deve ser compartilhada. Primeiramente gostaria de agradecer a minha mãe Maria de Lourdes, que sempre foi e sempre será o motivo pelo qual luto diariamente por crescimento com dedicação, por ser exatamente meu maior exemplo do que é servir, amar, ser forte e corajosa. Suas orações pela madrugada por mim sempre me inspiram pelas manhãs. A Samuel Melo, que nunca saiu do meu lado, sempre me deu forças, sempre me apoiou de todas as formas, e sempre ofereceu seu colo quando necessário. Eu te amo. Aos meus sogros Francisco das Chagas e Maria de Lourdes, que mesmo sem muito espaço, ofereceram sua própria casa para que eu pudesse montar um laboratório para prosseguir com a pesquisa, além de serem meus ajudantes. Sem vocês, não sei se conseguiria dar continuidade. Minha gratidão será eterna. Aos meus irmãos Hubya e Hubenê Chaves, sobrinhos Ana Rúbia, Heitor, Eduarda e Lívia, e cunhado Pedro, que mesmo longe, sempre me apoiaram e compreenderam minha ausência em diversos momentos. Obrigado por tudo. A Universidade Potiguar, pela doação de materiais, empréstimo de equipamentos e disponibilidade do Laboratório de Materiais de Construção Civil sempre que havia uma brecha nos decretos governamentais, liberando acesso. Obrigado, Camila Nóbrega, por intermediar todos os processos. Ao IFPB pelo empréstimo de equipamentos e UFPB pela disponibilidade do Laboratório de Ensaios de Materiais e Estruturas – LABEME quando foi possível. À UFRN pela disponibilidade do Laboratório de Materiais de Construção Civil, e PEC, pela oportunidade de crescimento profissional; Aos colegas técnicos dos laboratórios: Murilo (FACEX), Sandro (UFRN), e Nelly e Sebastião (UFPB) pela ajuda e disponibilidade nos laboratórios sempre que precisei. À secretaria do PEC pela atenção, sempre nos atendendo de forma eficiente. Aos professores Ulisses e Kleber, pelas contribuições, correção e leitura da dissertação, extremamente importantes para a qualidade final do trabalho. Aos amigos de PEC: Adna, Anderson, Breno, João Paulo e Lisieux pela convivência e por dividir comigo as dores do cotidiano durante todo o processo dessa pesquisa. Aos amigos da UnP e da vida: Kércio, Ítalo Vale, Renato, Bonnie, Luciana e toda a equipe de professores das engenharias e arquitetura Campus Natal, por tornar a vida mais leve e alegre. Vocês me fazem muito bem. À Alan, pela paciência, pelas ligações, pelos risos, pela compreensão, pela palavra amiga, enfim, pelo suporte. Sem você, a jornada teria sido bem mais difícil. Ao grande amigo Ray, que no momento que mais precisei de ajuda, não “titubiou” e se prontificou a fazer o que fosse necessário. Você não faz ideia do quanto sua ajuda e suas palavras me deram forças para continuar. Você é muito importante para mim. Ao meu orientador Marcos Alyssandro, que aprendi a admirar. Uma pessoa fantástica, exemplo de profissional, que quando precisa, puxa a orelha, e que ao mesmo tempo tem um coração que não sei como cabe dentro dele. Humilde, não mede esforços para transmitir todo o conhecimento que tem, e que não é pouco. Tenho certeza de que fiz a escolha certa quando pedi para ser sua orientanda. Muito obrigado por acreditar em mim e por absolutamente tudo. Por fim, gostaria de agradecer a todos que me ajudaram de alguma forma, e que porventura não tenha citado aqui. Tenho certeza de que nunca teria conseguido concluir esse trabalho sozinha. RESUMO A geração de Resíduos da Construção e Demolição (RCD) vem crescendo a cada ano. Destinar corretamente este material é uma obrigação da sociedade. Uma solução é o seu reaproveitamento como agregado reciclado (AR) em concretos. Todavia, seu uso em substituição aos agregados naturais nos concretos mostra que há uma redução nas propriedades mecânicas e de durabilidade. Para amenizar esse problema, a adição de fibras ao concreto e o uso do concreto autoadensável (CAA) podem ser alternativas para melhorar o comportamento mecânico e de durabilidade, visto que o CAA utiliza baixas relações água/cimento. Recentes pesquisas têm intensificado o estudo de RCD em concretos estruturais com vista a entender o seu comportamento. O objetivo deste trabalho é avaliar a resistência à penetração de íons cloretos em concretos autoadensáveis com adição de fibras de aço e polietileno comercial, aliado a substituição da areia natural por agregado miúdoreciclado de RCD, submetidos à ação acelerada em ciclos de molhagem e secagem em solução salina, bem como o comportamento mecânico à compressão, à flexão e à tenacidade. A definição do teor de fibras e aditivo superplastificante foi realizada por meio de um estudo de argamassas para em seguida verificar o comportamento do CAA no estado fresco. No estado endurecido foram avaliados os comportamentos à compressão antes e após os ciclos de molhagem e secagem em solução salina, e flexão e tenacidade somente após os ciclos de molhagem e secagem em solução salina. A qualidade dos CAA foi avaliada a partir da determinação do coeficiente de difusão de íons cloreto, penetração de cloretos, resistividade elétrica, absorção de água por imersão, porosidade aberta em cura úmida, além do MEV para verificar o estado das fibras após ciclos de agressão e rompimento dos CAA. O estudo das argamassas mostrou que foi possível obter CAA com classificação SF2 e SF3 de acordo com a NBR 15823 (ABNT, 2017) a partir de argamassas com espalhamento entre 280 mm ± 20 mm. A substituição do agregado miúdo natural pelo AR reduziu a resistência à compressão em todos os traços. A adição das fibras de aço aumentou a resistência à compressão, à flexão e a tenacidade do compósito em comparação com o concreto de referência com AR. A adição das fibras de polietileno comercial não apresentou aumentos significativos nas resistências à compressão e à flexão em comparação com o concreto de referência com AR, contudo à tenacidade apresentou aumento significativo. Os compósitos com fibras apresentaram maior porosidade e absorção de água por imersão, causados pela incorporação de fibras no concreto. A penetração dos íons cloretos foi maior nos concretos com fibras, bem como os coeficientes de difusão. Por fim, as fibras de aço no MEV não apresentaram evidências de corrosão, e as fibras de polietileno apresentaram desgaste superficial causado por solicitação mecânica. Palavras-chave: construção e demolição; concreto autoadensável; fibras de aço e polietileno; ataque por cloretos; tenacidade. ABSTRACT The generation of Construction and Demolition Waste (CDW) has been growing every year. Properly disposing of this material is an obligation of society. One solution is its reuse as recycled aggregate (RA) in concrete. However, its use in replacement of natural aggregates in concrete shows that there is a reduction in mechanical and durability properties. To alleviate this problem, the addition of fibers to concrete and the use of self-compacting concrete (SCC) can be alternatives to improve the mechanical behavior and durability, since the SCC uses low water/cement ratios. Recent researches have intensified the study of CDW in structural concrete in order to understand its behavior. The objective of this research is to evaluate the resistance to penetration of chloride ions in self-compacting concrete with the addition of steel fibers and commercial polyethylene, combined with the replacement of natural sand by fine recycled aggregate of CDW, submitted to accelerated action in wetting and drying cycles in saline solution, as well as the mechanical behavior to compression, flexural strength, and toughness. The definition of fiber content and superplasticizer additive was carried out through a study of mortars to then verify the behavior of SCC in the fresh state. In the hardened state, the compressive behavior was evaluated before and after the wetting and drying cycles in saline solution, and flexural strength and tenacity only after the wetting and drying cycles in saline solution. The quality of the SCC was evaluated by determining the diffusion coefficient of chloride ions, chloride penetration, electrical resistivity, water absorption by immersion, open porosity in wet cure, in addition to the SEM to verify the state of the fibers after aggression cycles. and disruption of the SCC. The study of mortars showed that it was possible to obtain SCC with SF2 and SF3 classification according to NBR 15823 (ABNT, 2017) from mortars with a spread between 280 mm ± 20 mm. The replacement of fine natural aggregate by RA reduced the compressive strength in all mixes. The addition of steel fibers increased the compressive strength, flexural strength and toughness of the composite compared to the reference concrete with RA. The addition of commercial polyethylene fibers did not show significant increases in compressive strength and flexural strength compared to the reference concrete with RA, however the toughness showed a significant increase. Fiber composites showed greater porosity and water absorption by immersion, caused by the incorporation of fibers in concrete. The penetration of chloride ions was greater in concretes with fibers, as well as the diffusion coefficients. Finally, the steel fibers in the SEM showed no evidence of corrosion, and the polyethylene fibers showed surface wear caused by mechanical stress. Keywords: waste and demolition; self-compacting concrete; steel and polyethylene fibers; chloride ion attack; toughness. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Textura da superfície dos grãos de AR .................................................................... 22 Figura 2 - Zona de transição interfacial dupla em AR. ............................................................ 26 Figura 3 – Diferença entre matrizes com (a) agregado natural e (b) agregado reciclado de concreto. ........................................................................................................................... 26 Figura 4 – Comportamento do concreto no gráfico tensão x deformação (a) e vista lateral das pontes de tensão causadas pela adição de fibras (b). ........................................................ 28 Figura 5 – Formatos de fibras de aço (a) trefiladas a frio; (b) chapa cortada. .......................... 29 Figura 6 – Diagrama de Pourbaix no sistema ferro-água. ........................................................ 34 Figura 7 – Mecanismo de corrosão das barras de aço em concretos (a) e volumes dos produtos de oxidação do ferro (b).................................................................................................... 36 Figura 8 – Mecanismo de corrosão das barras por penetração de íons cloreto no concreto. ... 38 Figura 9 – Diagrama de Pourbaix para o sistema ferro-água com cloretos. ............................. 39 Figura 10 – Fluxograma do programa experimental. .............................................................. 46 Figura 11 – Fibra de polietileno ............................................................................................... 49 Figura 12 – Fibra de aço. .......................................................................................................... 50 Figura 13 – Fluxograma da mistura dos concretos ................................................................... 54 Figura 14 – Classes do índice de estabilidade visual (IEV) ..................................................... 56 Figura 15 – Corpos de prova submersos em água salina .......................................................... 57 Figura 16 – Fluxograma com a cronologia dos ensaios realizados. ........................................ 58 Figura 17 – Corpo de prova com parafina para ensaio de penetração de íons cloreto. ............ 59 Figura 18 – aspecto do concreto após aspersão da solução de nitrato de prata e medição da profundidade de penetração dos cloretos.......................................................................... 59 Figura 19 – Preparação dos corpos de prova usados no ensaio de difusão de cloretos (a) e corpo de prova utilizado no ensaio de difusão de íons cloreto (b). .................................. 61 Figura 20 – Aparelhagem do ensaio de migração de íons cloreto pelo método NT BUILD 492. ..........................................................................................................................................62 Figura 21 – Metodologia de medição da profundidade de penetração dos cloretos. ................ 62 Figura 22 – (a) Mecanismo do ensaio de resistividade elétrica, e (b) realização do ensaio. .... 64 Figura 23 – Esquema do ensaio de tração na flexão................................................................. 66 Figura 24 – Medição da distância hsp dos corpos de prova (a); entalhe no corpo de prova (b). .......................................................................................................................................... 67 Figura 25 – Prensa utilizada na pesquisa (a) e extensômetro da prensa (b). ............................ 68 Figura 26 – Exemplo do cálculo da tenacidade. ....................................................................... 69 Figura 27 - Equipamento utilizado no ensaio de MEV (a); metalização das amostras (b). ..... 70 Figura 28 – Granulometria dos agregados. ............................................................................... 71 Figura 29 – Resultados dos espalhamentos das argamassas .................................................... 74 Figura 30 – Gm X Espalhamento .............................................................................................. 74 Figura 31 - Aspecto das argamassas selecionadas: REF2 (a), RCD_AÇO2 (b), RCD_PE2 (c) e RCD_ADT5 (d). ............................................................................................................... 75 Figura 32 - Aspecto das argamassas não selecionadas: REF4 (a), RCD4 (b), RCD_ADT1 (c), RCD_AÇO3 (d) e RCD_PE3 (e). ..................................................................................... 76 Figura 33 – Espalhamento dos CAA adquiridos pelo slump flow test. .................................... 77 Figura 34 – Índice de estabilidade visual dos traços analisados............................................... 79 Figura 35 – Massas específicas no estado endurecido dos CAA antes e após os ciclos de agressividade com íons cloretos. ...................................................................................... 80 Figura 36 – Índice de vazio e absorção por capilaridade das amostras. ................................... 81 Figura 37 – Resistência à compressão axial dos traços em cura úmida aos 28 dias e após ciclos de agressividade aos 91 dias. ............................................................................................ 82 Figura 38 – Aspecto da ruptura à compressão dos corpos de prova dos traços (a) REF; (b) RCD, (c) AÇO, e (d) POLI. .............................................................................................. 83 Figura 39 – Resultados de resistência à flexão dos compósitos. .............................................. 84 Figura 40 – Gráfico tensão versus deslocamento dos compósitos após cura úmida de 90 dias. .......................................................................................................................................... 85 Figura 41 - Gráfico tensão versus deslocamento dos compósitos após ciclos de cloretos. .... 877 Figura 42 – Tenacidade das amostras com e sem ciclos de cloreto. ........................................ 87 Figura 43 – Profundidade de penetração dos cloretos nas misturas. ....................................... 89 Figura 44 – Frente de cloretos nos traços com ciclos de agressividade. .................................. 90 Figura 45 – Provetes rompidos diametralmente para ensaio colorimétrico. .......................... 911 Figura 46 – Coeficientes de difusão de íons cloreto das amostras. .......................................... 92 Figura 47 – Provetes após aspersão de nitrato de prata. ........................................................... 93 Figura 48 – Coloração da solução catódica com (a) 1 hora de ensaio, e (b) 24 horas de ensaio. .......................................................................................................................................... 94 Figura 49 – Coloração superficial dos provetes do traço AÇO após finalização do ensaio. .... 95 Figura 50 – Fibras de aço com leve corrosão após ensaio migração de cloretos. .................... 96 Figura 51 – Resistividades elétricas dos traços aos 49, 70 e 86 dias de idade durante os ciclos de cloretos, respectivamente. ............................................................................................ 97 Figura 52 – Fibras de aço após rompimento à compressão aos 90 dias após ciclos de agressividade. ................................................................................................................... 98 Figura 53 – Fibras de aço após rompimento à flexão aos 90 dias após ciclos de agressividade. .......................................................................................................................................... 99 Figura 54 – Fibras de polietileno após rompimento à flexão aos 90 dias após ciclos de agressividade. ................................................................................................................. 100 Figura 55 – Superfície de fratura da mistura AÇO. ............................................................ 10101 Figura 56 – Amostras coletadas dos traços AÇO (a) e POLI (b) para o ensaio MEV. .......... 102 Figura 57 – Imagem da fibra de polietileno após rompimento do corpo de prova obtida no MEV, aumento de 160 vezes. ......................................................................................... 103 Figura 58 - Imagem da fibra de polietileno após rompimento do corpo de prova obtida no MEV, aumento de 97 vezes. ........................................................................................... 104 Figura 59 – Imagem da fibra de aço no compósito após rompimento do corpo de prova obtida pelo MEV com aumento de 272 vezes (a) e 174 vezes (b). ........................................... 105 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Síntese de algumas pesquisas sobre as características do AR de RCD em concretos. .......................................................................................................................................... 25 Tabela 2 – Síntese de algumas pesquisas sobre as principais características do CRF. ............ 32 Tabela 3 – Teores de cloreto permitidos (% em relação à massa de cimento). ........................ 40 Tabela 4 – Informações técnicas do aditivo superplastificante. ............................................... 48 Tabela 5 – Características da fibra de polietileno..................................................................... 49 Tabela 6 – Características da fibra de aço. ............................................................................... 50 Tabela 7 – Composição dos traços utilizados nesta pesquisa. .................................................. 53 Tabela 8 – Consumo dos materiais em kg/m³. ......................................................................... 53 Tabela 9 – Critérios de avaliação da resistividade elétrica em concretos de acordo com a resistividade elétrica ......................................................................................................... 64 Tabela 10 – Massa específica, massa unitária e Dmáx dos agregados, e módulo de finura e índice de finura do cimento. ............................................................................................. 72 Tabela 11 – Espalhamento das argamassas estudadas.............................................................. 73 Tabela 12 - Características finais dos traços escolhidos ........................................................... 76 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 17 1.1 Objetivos.................................................................................................................... 191.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 19 1.1.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 19 2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 20 2.1 Resíduo da Construção e Demolição (RCD) .......................................................... 20 2.2 Concreto autoadensável ........................................................................................... 22 2.3 Concreto autoadensável com resíduo da construção e demolição ....................... 23 2.4 Concreto autoadensável reforçados com fibras ..................................................... 27 2.5 Durabilidade dos concretos ..................................................................................... 33 2.5.1 Corrosão ..................................................................................................................... 34 2.5.2 Corrosão por Ataque de Íon Cloreto .......................................................................... 37 2.6 Durabilidade dos concretos autoadensáveis com AR ............................................ 40 2.7 Durabilidade dos concreto autoadensável reforçado com fibras ......................... 42 3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 45 3.1 Materiais.................................................................................................................... 46 3.1.1 Cimento ...................................................................................................................... 47 3.1.2 Agregados ................................................................................................................... 47 3.1.3 Aditivo químico para concreto ................................................................................... 47 3.1.4 Água ........................................................................................................................... 48 3.1.5 Fibra Sintética............................................................................................................. 48 3.1.6 Fibra de Aço ............................................................................................................... 49 3.2 Métodos ..................................................................................................................... 50 3.2.1 Composição granulométrica ....................................................................................... 50 3.2.2 Massa específica ......................................................................................................... 50 3.2.3 Determinação do índice de finura .............................................................................. 51 3.3 Definição de teores de adição das fibras convencional e sintética ....................... 51 3.4 Preparo da mistura e moldagem da amostra ......................................................... 53 3.5 Propriedades do concreto autoadensável no estado fresco ................................... 55 3.5.1 Espalhamento, Índice de estabilidade visual e tempo de escoamento T500 ................ 55 3.6 Propriedades do concreto autoadensável no estado endurecido .......................... 56 3.6.1 Condição de exposição do CAA ao ambiente agressivo ............................................ 57 3.6.2 Penetração do cloreto através dos ciclos de molhagem e secagem ............................ 58 3.6.3 Difusão de íons cloreto ............................................................................................... 60 3.6.4 Resistividade elétrica .................................................................................................. 63 3.6.5 Massa específica e porosidade aberta ......................................................................... 64 3.6.6 Resistência à compressão ........................................................................................... 65 3.6.7 Resistência à flexão .................................................................................................... 65 3.6.8 Microscopia Eletrônica de Varredura - MEV ............................................................ 69 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 71 4.1 Caracterização dos materiais .................................................................................. 71 4.2 Propriedades das argamassas e dos caas no estado fresco ................................... 72 4.2.1 Estudo de argamassas ................................................................................................. 72 4.2.2 Propriedades dos caas no estado fresco ...................................................................... 77 4.3 Propriedades dos CAA’s no estado endurecido .................................................... 79 4.3.1 Análise das massas específicas................................................................................... 80 4.3.2 Índice de vazios e absorção de água por imersão ....................................................... 80 4.3.3 Análise das resistências à compressão ....................................................................... 81 4.3.4 Análise das resistências à flexão ................................................................................ 84 4.3.5 Análise da profundidade de cloreto ............................................................................ 88 4.3.6 Difusão de íons cloreto através da migração em regime não estacionário ................. 90 4.3.7 Análise da resistividade elétrica ................................................................................. 96 4.3.8 Análise das fibras em CAA em condições de agressividade...................................... 98 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 106 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 109 17 1 INTRODUÇÃO A construção civil é um dos setores econômicos que causam grandes impactos ambientais por consumir grande quantidade de recursos naturais, energia e por gerar resíduos (KISKU, 2017). Estima-se que a produção mundial de Resíduo da Construção e Demolição (RCD) chega a 3 bilhões de toneladas anualmente, sendo que China, Índia e Estados Unidos são os maiores contribuintes (AKHTAR e SARMAH, 2018). Reciclar o RCD, tornando-os agregados reciclados (AR) pode impulsionar a economia, além de ser uma solução sustentável. Na África do Sul, o valor total do RCD em Western Cape é estimado em 3,3 milhões de dólares em valor material (GREENCAPE, 2020). Nos EUA, o RCD contribui com mais de 7 bilhões de dólares para a economia, e 2,1 bilhões de dólares no setor de gerenciamento de resíduos da Coreia do Sul (AKHTAR; SARMAH, 2018). Desta forma, o reaproveitamento do RCD para diferentes aplicações, seja como AR para concreto ou para base de estradas, mostra-se bastante promissor. Contudo, para utilizar o AR em substituição aos agregados nos concretos, faz-se necessário a análise do desempenho destes compósitos para a sua posterior utilização em obras de maior porte. Estudos mostram que ocorrem reduções significativas de resistência mecânica quando as substituições de agregado natural por AR no concreto são realizadas, e quanto maior o teor de substituição, maior o decréscimo. Sasanipour e Aslani (2020) realizaram substituições de areia natural por AR em concretos autoadensáveis (CAA) de 25%, 50%, 75% e 100%, e concluíram que a redução na resistência à compressão pode chegar à 45% com 100% de substituição, e 20% à flexão. Já Wang (2016) substituiu a areianatural por AR em CAA’s em 25%, 50% e 100%, e obteve redução de 18% da resistência à compressão e 15% à tração, com substituição de 100%. Desta forma, nota-se melhores resultados quando o AR é incorporado em CAAs. Utilizar o concreto autoadensável pode ser uma forma de melhorar o comportamento mecânico de concretos com substituição de agregados naturais por agregados reciclados. O CAA é definido pela NBR 15823-1 (ABNT, 2017) como um concreto que flui somente com seu peso, além de ser capaz de preencher a fôrma e passar por obstáculos (armaduras e dutos) sem sofrer segregação, em todas as etapas da sua fabricação, ou seja, mistura, transporte, lançamento e acabamento. Para alcançar as propriedades de fluidez e homogeneidade, o CAA é constituído de grande quantidade de finos, o que reduz sua permeabilidade, melhorando assim as propriedades mecânicas e de durabilidade. Para mais, segundo a EFNARC (2005), o CAA possui diversas vantagens em seu uso, como redução do tempo de obra, da quantidade de mão- 18 de-obra e do ruído durante a concretagem. Além disso, a EFNARC (2005) também pontua que, por possuir naturalmente um fator água/cimento baixo e sua composição ser normalmente mais compacta, este tipo de concreto é mais durável em comparação com o concreto convencional, principalmente em ambientes de alta agressividade, pois sua baixa porosidade reduz a penetração de agentes agressivos no concreto. Outra forma de melhorar o desempenho mecânico e de durabilidade de concretos com AR, principalmente à flexão pós-fissuração, é a incorporação de fibras na matriz cimentícia. A adição de fibras na matriz do concreto tem como objetivo melhorar a resistência à fissuração e a fadiga, além de aumentar a tenacidade e reduzir a contração plástica, através da inibição do desenvolvimento de múltiplas trincas (AHMED et al., 2007; YEHIA et al., 2016). Essas trincas facilitam a entrada de agentes agressivos no concreto endurecido, que deterioram as armaduras presentes no concreto armado, reduzem a vida útil da peça e, em casos extremos, levando-na ao colapso (DESNERCK et al., 2015). As fibras utilizadas no concreto reforçado com fibras (CRF) podem ser metálicas, sintéticas, minerais e naturais, no qual cada uma possui uma finalidade de acordo com as características do seu material constituinte. Os estudos que avaliam resistência mecânica dos CRF se concentram, sobretudo, nas fibras de aço e fibras sintéticas. Frazão et al. (2015) analisaram CAA com adição de fibras de aço em relação a resistência à compressão, flexão e módulo de elasticidade do compósito, e verificaram aumento em torno de 8% à compressão e 3% no módulo de elasticidade, ambos com 90 dias, além de aumentar a tenacidade. Zeyad (2020) mostra um aumento tímido na resistência à compressão (2,6%), porém significativo aumento na resistência à flexão (144%) e à tenacidade (35%) com a incorporação de 0,25% em fração volumétrica de fibra de aço. Entretanto, essas fibras possuem o agravante de sofrerem corrosão, principalmente quando o ambiente no qual o concreto está inserido é litorâneo, reduzindo, assim, a durabilidade. Em relação às macrofibras sintéticas, Carnio (2017) cita que para aplicações estruturais, os teores utilizados das macrofibras de polietileno estão em torno de 0,5% em fração volumétrica, com melhorias nas propriedades de tenacidade e resistência ao impacto, sendo os teores máximos em 1,5%, também em fração volumétrica. Mazzoli et al. (2015) analisaram amostras com seis tipos e tamanhos diferentes de fibras (polipropileno, polivinil, polietileno e aço) usando métodos de análise de imagens, e concluíram que em termos de eficácia das fibras, a adição de macrofibras de polipropileno e 19 polietileno apresentaram o melhor desempenho quando comparados às outras fibras, já que elas proporcionaram um retardo e grande diminuição na formação de fissuras. Contudo, é sabido que o CRF tem a tendência de apresentar porosidade maior quando comparado com concretos convencionais, graças ao ar aprisionado advindo da adição das fibras. Além disso, a substituição de agregado natural por AR geralmente também causa aumento na porosidade dos concretos (AZEVEDO et al., 2020), o que pode causar redução de resistência mecânica e facilitar a penetração de agentes agressivos ao concreto. Assim, utilizar o CAA, que já possui fator água/cimento baixo, pode ajudar no fechamento desses poros, evitando a perda da resistência mecânica e tornando o material mais durável, principalmente em estruturas localizadas em regiões litorâneas, que mais sofrem com ataques dos íons cloreto. 1.1 Objetivos 1.1.1 Objetivo geral Este trabalho tem como principal objetivo avaliar os critérios de durabilidade e de resistência mecânica em concretos autoadensáveis com substituição total do agregado miúdo por agregado de RCD, e adição de fibras sintéticas de polietileno de alta densidade e de aço, separadamente, frente ao ataque de íons cloreto, focando no estudo da degradação das fibras e seus efeitos nas propriedades mecânicas do compósito. 1.1.2 Objetivos específicos • Analisar o comportamento reológico e mecânico do CAA com a adição de fibras sintéticas em comparação com o CAA com fibra de aço; • Entender o comportamento dos CAA reforçados por fibras frente ao ataque individual de íons cloreto (Cl-) de forma acelerada, bem como discorrer acerca da degradação deste ataque às fibras contidas no CAA. 20 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Resíduo da Construção e Demolição (RCD) A indústria da construção civil é um importante setor da economia mundial. Em 2019 ela foi responsável por 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, o que representa cerca de 230,4 bilhões de reais (IBGE, 2020). Esta indústria também é a maior consumidora de cimento Portland no mundo: em 2019, somente no Brasil foram produzidos cerca de 52,3 milhões de toneladas desse cimento, que foram vendidos para o mercado interno e externo (SNIC, 2020) e a expectativa é de aumento neste consumo, uma vez que ainda existe déficit habitacional e de infraestrutura no país, além do crescimento populacional. Infelizmente a construção civil é também o setor de maior impacto ambiental por consumir grande quantidade de recursos naturais, energia e geração de grande quantidade de resíduos (KISKU, 2017). Somente a produção de cimento emite normalmente cerca de 700 kg de dióxido de carbono (CO2) por tonelada de cimento produzido, porém no Brasil essa emissão é em torno de 564 kg de CO2 por tonelada de cimento (SNIC, 2020). Ademais, estima-se que a produção mundial de agregados gira em torno de 50 bilhões de toneladas por ano, sendo que o Brasil é responsável pela produção de cerca de 514 milhões de toneladas (VALVERDE, 2019). Todo esse material, transformado em concreto pode gerar resíduos sólidos, que se tornam uma problemática: segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, no Brasil, em 2018, foram coletados pelos municípios 122.012 toneladas de Resíduo da Construção e Demolição (RCD) (ABRELPE, 2019), mas apenas 21% desse entulho é reciclado (ABRECON, 2019). Os resíduos que podem vir a tornar-se agregado reciclado (AR) são aqueles classificados de acordo com a Resolução CONAMA nº 307 (CONAMA, 2002) como resíduos classe A, ou seja, resíduos de construção, demolição, reformas e reparos de obras de pavimentação, infraestrutura e de edificações, além de componentes cerâmicos, argamassa, concreto e peças pré-moldadas em concreto produzidas nos canteiros de obras. A NBR 15116 (ABNT, 2004) determina que o AR poderá ser usado somente em pavimentação e em concretos sem função estrutural, divididos em Agregados de Resíduo de Concreto (ARC) e Agregados de Resíduo Misto (ARM). Ambos são agregados obtidos pelo beneficiamento do resíduo pertencente à classe A, porém o ARC é caracterizadopor sua composição graúda possuir no mínimo 90% em massa de fragmentos à base de cimento Portland e rochas, já o ARM possui no máximo 90% em massa desses mesmos fragmentos. 21 A NBR 15116 (ABNT, 2004) também orienta, entre outras características, a absorção máxima de água, em porcentagem (no máximo 12% para ARC e 17% para ARM para agregados miúdos) e os teores máximos em relação à massa de agregado reciclado de contaminantes, como cloretos (1%), sulfatos (1%), materiais não minerais (2%) e torrões de argila (2%), podendo acumular, no máximo, 3% de contaminantes em concretos sem fins estruturais. À medida que os terrenos para aterro sanitário se tornam escassos e a demanda mundial de agregado aumenta anualmente, as formas de aproveitamento do RCD estão ganhando importância devido ao apelo ambiental e à legislação vigente. Esta atividade possui alguns benefícios ambientais, como redução do volume de extração de matéria-prima, redução na emissão de CO2 na atmosfera, no consumo de energia, na disposição inadequada de resíduos potencialmente recicláveis em aterros sanitários e nos custos municipais pelo tratamento desses resíduos (ABRECON, 2019). Atualmente, este material é largamente utilizado em obras de pavimentação, porém pesquisas estão sendo realizadas para a utilização desse material de forma sustentável e segura na produção de concretos estruturais, substituindo o agregado natural (AN) miúdo por AR, advindo do RCD. Apesar da grande geração de Resíduos da Construção Civil (RCC), que engloba, além do RCD, todos os materiais oriundos de reformas de edifícios, material em excesso e quebrados, desperdícios, embalagens de materiais, dentre outros (TAM et al., 2018), no Brasil estima-se que existam apenas 310 usinas de reciclagem desse tipo de material (KUHN et al., 2017). Essas usinas produzem AR com grande variação em sua composição e na qualidade, graças a diversos fatores como estágio, tipologia e origem da construção ou demolição, bem como quantidades de cada resíduo processado, que influenciam diretamente a produção, processamento e tratamento do AR (FAN et al., 2016, ABREU et al., 2018, L. S. FERREIRA et al., 2021). No geral, as partículas de AR oriundo de RCD possuem maior finura, rugosidade e irregularidade na sua forma, além da heterogeneidade da composição química e mineralógica, oriunda da variação da sua matéria prima, em comparação ao agregado natural (BRAVO et al., 2015, MARTÍNEZ et al., 2016), e com isso, aumenta-se a possibilidade de em sua composição haver contaminantes, como cloretos, sulfatos e álcalis (DHIR et al., 2019), reduzindo a durabilidade de compostos cimentícios produzidos com esse tipo de agregado. Ferreira et al. (2021) analisou estatisticamente propriedades físicas e microestrutura de agregados reciclados produzidos durante um ano em uma usina de reciclagem, em São José do Mipibu-RN, e demostrou que as propriedades do AR, como variabilidade do módulo de finura e teor de materiais pulverulentos, não variam muito, porém mesmo assim, essas pequenas variações no AR podem provocar alterações nas propriedades do material cimentício produzido. 22 Além disso, a pesquisa mostrou que a textura da superfície dos grãos de AR é extremamente porosa e rugosa, em comparação com agregados naturais (Figura 1), o que pode contribuir para um aumento da área superficial relacionada à interface agregado-matriz. Este mesmo estudo mostra predominância de silício (35,39%), cálcio (31,57%) e alumínio (17,06%) nas amostras, causado pela presença de uma camada de argamassa velha aderida às partículas de AR. Figura 1 - Textura da superfície dos grãos de AR Fonte: FERREIRA et al. (2021). A camada velha de argamassa aderida às partículas de AR pode reduzir a resistência mecânica em concretos e aumentar sua absorção de água, afetando negativamente o comportamento mecânico e a durabilidade de concretos produzidos com AR (FERREIRA et al., 2020, BAI et al., 2020, ABREU et al., 2018). Desta forma, percebe-se que o uso de AR em concretos mostra muitas vantagens ambientais, todavia ainda existe muita incerteza acerca de algumas propriedades deste material e como elas afetam o desempenho dos materiais cimentícios (BRAVO et al., 2015, SILVA et al., 2017). Os principais questionamentos são relacionados a influência da variabilidade dos AR nas propriedades do estado fresco, endurecido e durabilidade dos concretos, bem como a influência do grau de britagem em alguns parâmetros importantes como absorção de água, teor de materiais pulverulentos e rugosidade superficial. 2.2 Concreto Autoadensável 23 O concreto autoadensável (CAA) foi desenvolvido no Japão em meados de 1983, a partir da escassez de mão de obra qualificada, que culminou na redução similar na qualidade das estruturas de concreto neste país. Desta forma, uma das soluções encontradas foi sugerida por Okamura, em 1986: um concreto com baixo fator água/cimento, que pudesse preencher as formas somente com seu peso e sem a necessidade de vibração, simplificando sua execução e reduzindo a dependência do setor em relação à qualificação dos trabalhadores da construção civil, bem como aumentando a durabilidade do concreto (OKAMURA; OUCHI, 2003). O CAA, como o próprio nome sugere, possui características inatas no estado fresco. Este concreto tem a capacidade de fluir e autoadensar através do seu próprio peso, preenchendo as formas e vencendo obstáculos característicos (como armaduras), mantendo sua homogeneidade em todo o seu processo de produção - mistura, transporte, lançamento e acabamento (OMRANE et al., 2017, MOHSENI et al., 2017). Para alcançar essas características no estado fresco, boa resistência mecânica e alta durabilidade no estado endurecido, é necessário que alguns pontos sejam adaptados no planejamento e produção do CAA em relação ao concreto convencional. Rajhans et al. (2018) explicam que os constituintes básicos do CAA são os mesmos do concreto convencional, contudo a diferença está na proporção da mistura. O CAA contém maior teor de finos, alcançado geralmente através do maior consumo de cimento, teor menor de agregado graúdo e uso de superplastificante (SP) para redução da água de amassamento, e consequentemente, menor fator água cimento. Além disso, pode ser usado opcionalmente um agente modificador de viscosidade para alcançar a autoadensabilidade do concreto. Ainda segundo os autores, algumas adições como cinza volante, sílica ativa, pó de pedra-cal e escória de alto-forno granulada moída, fornecem um CAA com propriedades mecânicas e de durabilidade aprimoradas. Vale salientar que no Brasil, o CAA é normalizado através das NBR 15823 – Partes 1 a 6 (ABNT, 2017), que determinam as diretrizes para classificação do CAA, seu controle e recebimento no estado fresco, além de parâmetros para a verificação da autodensabilidade desses concretos, assim como as classes de autodensabilidade. 2.3 Concreto Autoadensável com Resíduo da Construção e Demolição Nos últimos anos um esforço contínuo vem sendo empregado para aumentar o uso de AR em concretos, sobretudo o uso de agregados de RCD. O uso de resíduos em concretos, principalmente o uso de agregados reciclados de britagem de rochas calcárias e graníticas já é 24 uma realidade, seja como fílers ou como AR (SINGH et al., 2016, PROKOPSKI et al., 2020). Esses materiais têm a facilidade de uso pois apresentam características constantes ao longo da britagem, visto que os resíduos advêm de uma única fonte, seja calcária ou granítica, eliminando a variabilidade da composição, problemática presente nos AR de RCD. Desta forma, diversas pesquisas mostram as dificuldades de utilizar o AR como agregado no concreto no estado fresco. A trabalhabilidade dos concretos convencionais, bem como o espalhamento do CAA, reduz com o aumento da taxa de substituição do AN por AR, reduzindosua fluidez. Isso se dá pelo fato de os AR possuírem porosidade maior graças à argamassa velha aderida aos grãos (BAI et al., 2020). O AR absorve a água livre durante o processo de mistura devido ao seu reduzido teor de água na fase de argamassa aderida do agregado, o que acarreta alta demanda de água na mistura para manter a trabalhabilidade (BEHERA et al., 2014). Azevedo et al. (2020) verificaram a densidade e absorção de água em argamassas com substituições da AN por AR em 25% (A1), 50% (A2) e 100% (A3). Foi observado um indicativo de queda na qualidade da argamassa, pois a partir da substituição de 25% do AN por AR, houve aumento significativo da absorção de água, chegando a 18% na argamassa A3, 4% a mais que na argamassa A1, com apresentou absorção de 14%. Além da absorção de água, os grãos de AR possuem maior rugosidade, o que aumenta a fricção interna entre partículas, criando assim a necessidade de mais argamassa para manter a trabalhabilidade destes concretos (RAO et al., 2011, ANIKE et al; 2019, BARROQUEIRO et al., 2020). Todavia, Kisku et al. (2017) afirmam que a incorporação de AR finos em até 20% em concretos não altera a trabalhabilidade destes. Para que as propriedades do concreto endurecido não sejam prejudicadas pela necessidade do ajuste da trabalhabilidade ou espalhamento ainda no estado fresco, é feito o uso de aditivos super plastificantes para que a quantidade de água na mistura não seja majorada, uma vez que é necessário aumentar em cerca de 13% o teor de água no concreto com AR para que este obtenha a mesma trabalhabilidade de concretos com agregado natural (WAGIH et al., 2013). O uso do AR em substituição ao agregado miúdo em CAAs tem a tendência de reduzir a resistência à compressão, flexão, e tração, sendo o último em menor escala. Sasanipour e Aslani (2020) realizaram substituições do AN por AR em 25%, 50%, 75% e 100%, e verificaram redução na resistência à compressão, que chegou a 45% com 100% de substituição, bem como a resistência à flexão: cerca de 20% também com 100% de substituição. Houve decréscimo menor na resistência à flexão pelo fato da substituição do AN por AR miúdo não 25 afetar significativamente a resistência à tração do concreto. A Tabela 1 apesenta um breve resumo de algumas publicações recentes que tratam do uso de AR em concretos convencionais e autoadensáveis, destacando as principais propriedades analisadas. Tabela 1 - Síntese de algumas pesquisas sobre as características do AR de RCD em concretos. Autor (es) Ano Periódico Observações Principais conclusões Rodrigues et al. 2013 Journal of Cleaner Production Foi feita a caracterização das propriedades físicas e químicas de agregados finos reciclados de 7 usinas para a produção de concreto, e sua relação com a composição mineralógica e o pré- processamento. Concluiu-se que, a menos que seja utilizado um diagrama de processamento desenvolvido, não é viável a aplicação dos agregados reciclados verificados em concretos. Wagih et al. 2012 HBRC Journal O AR verificado teve origem de entulho de concreto triturado, que foram coletados de 15 diferentes fontes de edifícios demolidos e de aterros sanitários. Os resultados mostraram que o entulho de concreto pode ser transformado em agregado reciclado útil e usado na produção de concreto com propriedades adequadas para a maioria das aplicações de concreto estrutural no Egito. Alexandridou, Angelopoulos, Coutelieris. 2018 Journal of Cleaner Production Foi feito a análise do agregado reciclado vindo de 3 diferentes usinas, e seu possível uso no concreto. Foi verificado a composição química, mineralógica, propriedades químicas, físicas e granulometria. Os resultados mostraram que o AR são inócuos à reação do agregado alcalino, possuem maior absorção de água, o que as torna inadequadas para substituir areia natural na Grécia. Os íons solúveis em água estão no mesmo nível dos agregados naturais. Martinez et al. 2016 Journal of Cleaner Production Foram analisados 3 tipos de agregados reciclados: agregados de concreto, mistos e reciclados de cerâmica. Os AR foram caracterizados quanto às propriedades físicas, mecânicas e químicas. Esses agregados foram incorporados em argamassas de assentamento. A caracterização física dos agregados reciclados mostra uma curva de distribuição granulométrica contínua, menor densidade e maior absorção, o que torna necessária a utilização de aditivo para obtenção de consistência adequada. As principais fases cristalinas apresentadas na análise de difração de raios X foram: calcita, quartzo e gesso. Fan et al. 2016 Construction and Building Materials Foram utilizados dois tipos de agregado fino, porém de mesma origem. O processo de britagem influencia significativamente a qualidade do AR resultante, e este AR pode ser usado para substituir a areia natural em concretos. Bravo et al. 2015 Journal of Cleaner Production Foram coletadas amostras de 3 usinas de reciclagem diferentes para agregados finos, e de 5 usinas diferentes para agregados grossos. Foram verificadas propriedades físicas e químicas destes materiais. Os testes detectaram uma grande variedade na composição do RA, compreendendo materiais cerâmicos, concreto, vidro, metais, entre outros. Fonte: elaborado pela autora (2021). A redução na resistência mecânica nos concretos com AR decorre da sua alta capacidade de absorção de água. Ao absorver parte da água do concreto, o AR reduz a disponibilidade de água para hidratação da partícula de cimento no concreto e, portanto, reduz a produção da fase de silicato de cálcio hidratado (C-S-H gel), prejudicando assim a resistência mecânica deste material (AKHTAR e SARMAH, 2018). Além disso, o concreto com AR contém zonas de transição interfacial dupla entre argamassa velha e agregado, e argamassa nova e velha, que aumenta a porosidade e causa a redução da resistência mecânica (LIU et al., 2011; KISKU et al, 2017). Esse fato pode ser visualizado na Figura 2, que mostra um esquema dessa zona de transição interfacial dupla. 26 Figura 2 - Zona de transição interfacial dupla em AR. Fonte: Rajhans et al. (2018). Já a Figura 3 mostra um esboço sobre a diferença entre matrizes cimentícias contendo AN (a) e AR de concretos (b), onde é notório a presença da argamassa velha aderida e fissuras no agregado causadas pelo processo de beneficiamento do RCD, aumentando a porosidade dos concretos produzidos com esse material e reduzindo sua resistência mecânica. Figura 3 – Diferença entre matrizes com (a) agregado natural e (b) agregado reciclado de concreto. (a) (b) Fonte: Behera et al. (2014). Portanto, percebe-se pelos estudos analisados que o AR é um material com potencial para ser usado em concretos estruturais. Todavia, é necessário sua caracterização e estudos de trabalhabilidade, resistência mecânica e durabilidade nos concretos antes de utilizá-lo, para garantir a qualidade final deste material (SILVA et al., 2017), mesmo quando o AR vem de 27 uma mesma usina de reciclagem. Além disso, apesar dos avanços nas pesquisas que avaliam a substituição parcial ou total do agregado miúdo em concretos convencionais por AR de RCD oriundos de usinas de reciclagem, ainda são escassos os estudos que avaliam a substituição de AN por AR em CAA’s (OMRANE et al, 2017, RAJHANS et al., 2018). 2.4 Concreto Autoadensável Reforçados com Fibras Com o intuito de reduzir as limitações dos concretos em geral, a adição de fibras como reforço estrutural vem sendo amplamente utilizada. Deste modo, o concreto reforçado com fibras (CRF) é um compósito formado por uma matriz cimentícia e por fibras, que são distribuídas de forma dispersa nesta. A matriz é responsável por proporcionarforma ao elemento de concreto e manter a posição das fibras. Já as fibras funcionam como um reforço, melhorando as propriedades da matriz, principalmente mecânicas (FRAZÃO et al.; 2015). Alguns estudos determinam que a adição de fibras em concretos convencionais e autoadensáveis melhora a resistência à fissuração, a tenacidade, resistência à fadiga, resistência ao fogo, redução de contração plástica, dentre outros, através da inibição do desenvolvimento de múltiplas trincas (AHMED et al, 2007, YEHIA et al, 2016). Lofgren (2005) explica que o concreto no geral se comporta conforme gráfico da Figura 4 (a), que também mostra o comportamento do CRF. Dentro do concreto existem naturalmente microfissuras pré-existentes, resultantes da retração, deformações térmicas e restrições internas causadas por agregados, oriundas do processo de endurecimento do concreto. Quando uma tensão é aplicada neste material, essas microfissuras começam a crescer na interface agregado / pasta de cimento (A), e podem se propagar para a argamassa (B). Quando o pico de tensão é atingido (C), as microfissuras se propagam de forma instável, formando as macrofissuras e levando à queda de tensão (D). A ramificação das trincas e a ponte formada pelos agregados causam o comportamento no gráfico entre os pontos D e E. Contudo, quando incorporamos fibras no concreto, ocorre um aumento da capacidade de absorção de energia do compósito: as fibras criam pontes de transferência de tensões através das fissuras, reduzindo sua propagação e expansão, como visto na Figura 4 (b), além de tornar o concreto mais dúctil quando comparado à concretos não reforçados, principalmente após a primeira fissura (KIM et al., 2008). Desta forma, quando ocorre a primeira fissuração no concreto por carregamento, há a ruptura da adesão entre a matriz cimentícia e as fibras, e o processo de transferência de tensões passa a ser controlado pelas tensões de atrito na interface matriz / fibra (FIGUEIREDO, 2011). 28 Figura 4 – Comportamento do concreto no gráfico tensão x deformação (a) e vista lateral das pontes de tensão causadas pela adição de fibras (b). (a) (b) Fonte: Lofgren (2005). Vale salientar que as fibras começam a ser solicitadas de forma gradual, e até deformação (w) de 0,05 mm não há contribuições significativas das pontes de transferência de tensão causadas pelas fibras, ou seja, as fibras são solicitadas principalmente no pós-fissuração. Vale salientar também que dependendo do tipo de fibra, pode ocorrer aumento de tensão causado pela deformação da fibra antes do seu arrancamento, porém após esse momento, a tensão do compósito começará a diminuir (LOFGREN, 2005). As principais fibras estruturais presentes no mercado são as fibras metálicas e as macrofibras sintéticas comerciais de polietileno (PE). As fibras metálicas começaram a ser estudadas no final dos anos 1950, sendo concedidas patentes somente nos anos de 1960, e as fibras sintéticas começaram a ser estudadas em 1965, sendo que seus comprimentos e diâmetros eram inicialmente semelhantes às fibras metálicas e de vidro (ACI, 2009). As fibras metálicas são fibras fabricadas a partir do aço (geralmente carbono, podendo ser inoxidável), e possuem diversas formas de fabricação. Essas fibras têm resistência à tração (até 2600 MPa com 1 mm de diâmetro) e módulo de elasticidade (cerca de 210 GPa) elevados (LOFGREN, 2005), são protegidas da corrosão pela matriz cimentícia através do seu ambiente alcalino, e o seu formato pode melhorar a ligação à matriz por meio de ancoragem mecânica ou rugosidade superficial (ACI, 2009). Mesmo assim, as fibras de aço, por serem mais rígidas que a pasta de cimento (YEHIA et al., 2014), tem a tendência de serem arrancadas da matriz quando solicitadas. 29 A norma NBR 15530 (ABNT, 2019) classifica as fibras metálicas de cinco maneiras diferentes, sendo que a fibra deve estar inserida em uma dessas formas: • com base na sua fabricação (trefilado a frio; chapas cortadas; produzidas por fusão; trefilados a frio e escarificados; e usinados a partir de blocos de aço); • com base em sua forma, que podem ser retas ou arredondadas; • revestimento: quando são fornecidas com algum tipo de revestimento; • com base na classificação do teor de carbono do aço usado: baixo (no máximo 0,30%), médio (entre 0,30% e 0,60%) ou alto teor de carbono (0,60% a 1,00%); • com base na tolerância de comprimento e diâmetro da fibra: classe A, B ou C, de acordo com a Tabela 2 da NBR 15530 (ABNT, 2019). A Figura 5 mostra os principais formatos das fibras de aço de acordo com a NBR 15530 (ABNT, 2019), sendo (d) o diâmetro, (w) a espessura da fibra, (t) a altura da sessão transversal da fibra, e (l) o comprimento da fibra. Figura 5 – Formatos de fibras de aço (a) trefiladas a frio; (b) chapa cortada. (a) (b) Fonte: adaptado da NBR 15530 (ABNT, 2019). Já as fibras comerciais de polietileno, segundo Pakravan e Ozbakkaloglu (2019), são produzidas na forma de monofilamento e possuem natureza hidrofóbica, excelente resistência química, boa resistência ao impacto e resistência à tração variando entre valores baixos a altos, com massa específica abaixo de 1,0 g/cm³. Ainda segundo os autores, comumente são utilizados dois tipos de fibras com diferentes propriedades mecânicas para aplicação em concretos: (1) fibras de polietileno de baixa densidade (LDPE); e (2) fibras de polietileno de alta densidade 30 (HDPE). A diferença entre os dois tipos basicamente se dá pelo formato das suas estruturas moleculares. As fibras de polietileno são fabricadas com deformações superficiais semelhantes a verrugas ao longo do comprimento da fibra, e têm como objetivo melhorar a aderência mecânica em pastas de cimento e argamassas (ACI, 2009). Apesar disso, a fibra de polietileno é fracamente aderida à matriz cimentícia - sendo que esta ligação é principalmente mecânica - e possui resistência à tração (até 600 MPa com 1 mm de diâmetro) e módulo de elasticidade baixos - cerca de 5 GPa - (LOFGREN, 2005, CARNIO, 2017) e, portanto, essa fibra tem a tendência de apresentar grandes deformações quando rompem. Em relação ao estado fresco, as fibras no geral reduzem o espalhamento nos CAAs, principalmente as de aço (ALABDULJABBAR et al.; 2019, MOHSENI et al.; 2017, ISLAM et al., 2011). Essas fibras podem aumentar a segregação, porém também reduzem a exsudação (ZEYAD, 2020). A perda de trabalhabilidade / espalhamento nos concretos convencionais e autoadensáveis ocorre por causa da maior rigidez da fibra de aço, que aumenta o atrito entre as fibras e os agregados, sendo que o comprimento e formato da fibra também influenciam essa propriedade (ASTM C143, 2010). É indicado que a fibra não possua comprimento maior que três vezes o diâmetro máximo do agregado utilizado no concreto, para não reduzir sua trabalhabilidade (FIGUEIREDO, 2011). Além disso, se a adição das fibras no concreto for feita de forma rápida durante a mistura, essas fibras podem aglutinar, afetando as propriedades mecânicas, bem como a trabalhabilidade (YEHIA et al., 2016). A quantidade de fibras adicionada à mistura de concreto depende das propriedades da matriz cimentícia e dos objetivos de desempenho desejados, sendo que a capacidade com que a fibra irá melhorar essas propriedades depende do módulo de elasticidade e resistência mecânica da fibra, além do tipo, geometria, razão volumétrica, dispersão e direção das fibras no concreto (ACI, 2009, ZEYAD, 2020). Carnio (2017) cita que para aplicações estruturais, os teores utilizados das macrofibras de polietileno estão em torno de 0,5% em fração volumétrica com melhorias nas propriedades de tenacidade e resistência ao impacto, sendo os teores máximos em 1,5%. Já os teoresde adição de fibras de aço variam bastante de acordo com a sua razão de aspecto (λ = L / d), porém pesquisas mostram que o teor mais utilizado está em torno de 1% em fração volumétrica. A melhora das propriedades mecânicas quando há incorporação de fibras nos concretos pode ser verificado em diversos estudos. Mazzoli et al. (2015) analisaram amostras com seis tipos diferentes de fibras (polipropileno, polivinil, polietileno e aço) usando métodos de análise de imagens, e concluíram que em termos de eficácia das fibras, a adição de 31 macrofibras de polipropileno e polietileno apresentaram o melhor desempenho quando comparados às outras fibras, pois elas propiciaram certo retardo e grande diminuição na formação de fissuras. Já em relação às fibras de aço, Kim et al. (2019) realizaram testes com três fibras de aço com razões de aspectos (λ) diferentes (65, 97,5 e 100), com incorporação de 2,0% de fibra de aço em fração volumétrica, e nove diferentes incorporações de fibras hibridas de aço com microfibras polietileno (λ = 387). Os resultados mostraram que as maiores resistências à compressão e à tração foram em concretos com apenas adições de 2,0% de fibras de aço, sendo que a maior resistência foi aquela com adições de fibras com λ = 100, e a adição das fibras de polietileno aumentou a ductilidade das amostras; já a maior resistência à flexão foi alcançada com a adição de 2% de fibra de aço com λ = 97,5. Abbass et al. (2018) estudaram concretos com três relações água/cimento (0,25, 0,35 e 0,45) e adições de fibras de aço com extremidade em gancho de três tipos diferentes: (1) l = 40 mm, d = 0,62 mm e λ = 65; (2) l = 50 mm, d = 0,62 mm e λ = 80; e (3) l = 60 mm, d = 0,75 mm e λ = 80. As fibras de aço foram adicionadas em três frações volumétricas: 0,5%, 1,0% e 1,5%. Os resultados indicaram um aumento em torno de 10 a 25% na resistência à compressão e de 31 a 47% na resistência à tração direta. Além disso, percebeu-se que o aumento no teor de fibra incorporada de 0,5% para 1,5% aumentou a resistência à flexão de 3% para 124% para a fibra com o λ = 65; já nos concretos com a fibra de λ = 80, observou-se o aumento de 140% na resistência à flexão, em comparação com o concreto de referência, sem fibras. A Tabela 2 mostra algumas pesquisas do CRF, seus objetivos, teores de adição, tipo de fibra e principais resultados em relação às propriedades mecânicas. 32 Tabela 2 – Síntese de algumas pesquisas sobre as principais características do CRF. Autor (es) Ano Periódico Material e teor de fibra incorporada Objetivos Principais resultados Alabduljabbar et al. 2019 Fibers Aço – λ = 100 Teor (%): 1,0; 1,5; 2,0 em fração volumétrica. Estudar a eficácia de diferentes materiais de substituição de cimento nas propriedades frescas e mecânicas das misturas de CAA com diferentes quantidades de fibras de aço. O concreto sem nenhuma adição mineral apresentou melhor resistência à compressão com 2,0% de adição de fibra de aço, e melhores resistências à tração e flexão com adição de 1,5% de fibras. Gasemi, Gasemi, Mousavi 2019 Construction and Building Materials Aço - λ = 50 Teor (%): 0,1; 0,3 e 0,5 em fração volumétrica. Verificar a energia de fratura em CAA com diferentes agregados, fatores a/c e quantidade de fibras. No geral, independentemente do tamanho dos agregados graúdos, o aumento na quantidade de fibras no concreto aumenta a energia de fratura, o que torna o concreto mais dúctil. Pająk, Ponikiewski 2017 Procedia Engineering Fibras híbrida de aço - λ = 32 e 27 Teor (%): variando entre 1,0 a 3,0% Estudar CAA com adição de dois tipos diferentes de fibras metálicas (longas e curtas) com diferentes teores de adição. Os resultados mostraram que o CAA com fibra híbrida de 0,5% de fibra longa + 1,0% de fibra curta apresentaram a maior resistência à compressão (47,67 MPa), porém foi o CAA com 0,5% de fibra longa + 1,5% de fibra curta que apresentou maior resistência à tração (7,09 MPa). Isso se deu porque as fibras curtas estavam em maior quantidade e por serem mais leves. Frazão et al. 2015 Construction and Building Materials Aço - λ = 70 Teor (%): 2,5 em fração volumétrica. Além de indicadores de durabilidade, como absorção de água e resistividade elétrica, foram verificadas as resistências à compressão, módulo de elasticidade (E) de flexão. A resistência do CAA com fibras à compressão e o E foram maiores em 3,57% e 3,14% aos 90 dias, respectivamente, em comparação com o CAA sem fibras. A resistência residual à flexão aumentou até aos 28 dias, porém reduziu aos 90 dias, o que indica que algumas fibras falharam por ruptura. Mohseni et al. 2017 Journal of Cleaner Production Aço - λ = 67 Teor (%): 0,5, 0,75 e 1,0 em fração volumétrica Foram testados CAA com fibras de aço e polipropileno separadamente e formando fibra híbrida em relação à propriedades mecânicas e de durabilidade, sem adição de AR e com substituição parcial de 16% de NA graúdo por AR graúdo. Os concretos com 1,0% de adição de fibras de aço obtiveram os melhores resultados em relação às propriedades mecânicas, porém os CAA com AR tiveram suas resistências reduzidas. Os melhores resultados mecânicos foram os CAA com adição de 0,5% de fibra de polipropileno e 0,5% de fibra de aço. Choi et al. 2014 Construction and Building Materials Aço - λ = 48,4 PE - λ = 44,1 Teor (%): Aço - 0,4, 0,8 e 1,2 PP – 0,5, 1,0 e 1,5 Todos em fração volumétrica Investigar o efeito da adição de diferentes fibras em concretos leves. A adição de fibras de PE reduziu a resistência à compressão dos concretos analisados. Porém, todas as adições melhoraram as resistências à tração e à tenacidade dos concretos, chegando a um aumento de 56% à tração e 144,8% à flexão, comparado a o concreto leve sem fibras. Pešić et al. 2016 Construction and Building Materials PE - λ = 75 e 92 Teor (%): 0,4, 0,74 e 1,25 Investigar os benefícios potenciais da incorporação de fibras de PE de alta densidade recicladas simplesmente extrudadas em concretos. Foram verificados aumentos da resistência à compressão somente com a adição de 0,4% de fibras de PE em comparação com o mesmo concreto sem fibras. Em relação à flexão, foram registrados ganhos de resistência, chegando a 13,8% para a fibra de λ = 75 e 5,5% para a fibra de λ = 92. Fonte: elaborado pela autora (2021). 33 Apesar de tantos benefícios, principalmente com a incorporação de fibras metálicas, essas fibras possuem o agravante de poder sofrer corrosão, principalmente quando o ambiente onde o concreto está inserido é litorâneo, podendo sofrer com a agressividade dos íons cloreto. Já as fibras de polietileno, por causa de sua natureza hidrófobica e material sintético, não sofrem com esse tipo de agressividade, o que as tornam uma alternativa para substituição do uso das fibras de aço nessas regiões. 2.5 Durabilidade dos Concretos A durabilidade é a capacidade do concreto de resistir a diversos tipos de processos de deterioração, mantendo sua integridade e resistência por um período de exposição ao ambiente inserido. É também um dos fatores mais importantes no concreto em função da sua incidência direta no funcionamento dessas estruturas. O envelhecimento precoce das estruturas e a falta de manutenção dos edifícios estão reduzindo a vida útil das edificações. Desta forma, a NBR 6118 (ABNT, 2014) determina as diretrizes mínimas e parâmetros de projeto para garantir a durabilidade das estruturas em concreto armado, que depende basicamente do ambiente onde a estrutura está inserida, dos materiais constituintes, do fator água/cimento do concreto utilizado, do consumo de cimento e do cobrimento nominal da peça. Vale salientar quea norma NBR 15575 – parte 2 (ABNT, 2013) informa o desempenho mínimo requerido para as estruturas de concreto armado, bem como a vida útil de projeto (VUP) de 50 anos para esse sistema estrutural, considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis. A durabilidade das estruturas de concreto armado é influenciada pelos poros presentes na microestrutura desse material e as características desses poros determinam como os agentes agressivos ingressarão no concreto – a conectividade, continuidade, tortuosidade e o seu diâmetro - através de uma combinação entre os mecanismos de transporte – absorção por capilaridade, difusão e permeação (FRAZÃO et al., 2015, DODDS et al., 2017). Em uma pasta de cimento Portland hidratada, a fase sólida é composta por hidratos de cálcio com baixa solubilidade (como o silicato de cálcio hidratado, C-S-H; o hidróxido de cálcio, CH; e etringita, C-A-S-H) e se encontra em equilíbrio estável com a solução dos poros de alto pH (entre 12,5 e 13,5). Dessa forma, qualquer ambiente que possa levar à redução da alcalinidade da solução dos poros é considerado agressivo, pois levará à desestabilização dos produtos de hidratação dos materiais cimentícios. Além disso, deve-se verificar que com o aumento dos efeitos físicos nocivos, como porosidade e permeabilidade do concreto, 34 diminuição da resistência, fissuração e lascamento, os ataques químicos neste material podem ser acelerados (RIBEIRO et al., 2018). A armadura presente no concreto armado é protegida por duas barreiras, ambas criadas pelo concreto em torno da armadura: uma química, chamada camada passivadora, ou filme passivo, e uma física, através do cobrimento da armadura normatizada pela NBR 6118 (2014). A perda da barreira química pode ocorrer por diversos mecanismos, sendo preponderante a despassivação por íons cloreto e/ou por carbonatação, que podem iniciar e/ou acelerar o processo de corrosão das estruturas (FIGUEIREDO; MEIRA, 2013). 2.5.1 Corrosão A corrosão é a principal patologia presente nas estruturas de concreto armado, e as suas causas são bastante variadas. Ela pode ser definida como um processo de deterioração do material devido à ação química ou eletroquímica do meio ambiente, resultando na perda de massa do material corroído, que no caso do concreto armado, pode levá-lo, em casos extremos, à ruína de edificações. O processo da corrosão é instantâneo, e é causado pela necessidade do material em atingir o seu estado de menor energia, que é o seu estado mais estável. A maioria dos metais, como ocorre com o ferro, é encontrada na natureza na forma de compostos, como óxidos e hidróxidos, já que nessa forma eles apresentam um estado mínimo de energia (RIBEIRO et al., 2018). O aço presente no concreto armado é protegido graças à alcalinidade do concreto circundante, promovida pelo processo de hidratação do cimento. Portanto, para promover maior durabilidade nas estruturas de concreto, prolongando sua vida útil, é imprescindível o controle da abertura de fissuras, da difusidade do concreto e da corrosão nas armaduras (BERROCAL et al., 2013), através da manutenção da alcalinidade da camada de cobrimento da armadura (NUNES, 2014). O diagrama de Pourbaix, fruto de avaliações de reações termodinamicamente possíveis em função de um potencial de eletrodo (em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio) e do pH de diversos sistemas metal-solução, dentre eles o sistema ferro-água, pode ser utilizado na avaliação do comportamento de armaduras em estruturas de concreto, e pode ser verificado na Figura 6. Figura 6 – Diagrama de Pourbaix no sistema ferro-água. 35 Fonte: Rivetti et al. (2018). Desta forma, percebe-se que no ambiente alcalino com o pH na ordem de 13,5 e potencial de -800 mV, o ferro está em equilíbrio com o Fe3O4, e para valores de potencial menores, o aço não se corrói. Para valores maiores de potencial, o filme passivo na superfície da armadura é formado através dos óxidos Fe3O4 e Fe2O3, protegendo o aço da corrosão (OLLIVER; VICHOT, 2014, FENG et al., 2020). Contudo, com a redução de pH para 9, de acordo com o diagrama Pourbaix, a barra de aço fica ativa espontaneamente, liberando os íons Fe2+ para o eletrólito, dando início à corrosão do material. O mecanismo da corrosão consiste em um processo eletroquímico, onde ocorrem reações de oxidação do metal (reação anódica) e redução de um oxidante presente na solução em conjunto com o uso, no cátodo, de elétrons provenientes do ânodo (reação catódica). Com isso, formam-se produtos de corrosão advindos de reações secundárias na superfície do metal, que são mostradas nas reações de 1 a 4 (OLLIVER; VICHOT; 2014, NEVILLE; BROOKS; 2013). 𝐹𝑒 → 𝐹𝑒2+ + 2𝑒− (𝑟𝑒𝑎çã𝑜 𝑎𝑛ó𝑑𝑖𝑐𝑎) Reação 1 4𝑒− + 𝑂2 + 2𝐻2𝑂 → 4(𝑂𝐻) − (𝑟𝑒𝑎çã𝑜 𝑐𝑎𝑡ó𝑑𝑖𝑐𝑎) Reação 2 𝐹𝑒2+ + 2𝑂𝐻− → 𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 (ℎ𝑖𝑑𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑜𝑠𝑜) Reação 3 4𝐹𝑒(𝑂𝐻)2 + 2𝐻2𝑂 + 𝑂2 → 4𝐹𝑒(𝑂𝐻)3 (ℎ𝑖𝑑𝑟ó𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑓é𝑟𝑟𝑖𝑐𝑜 − 𝑓𝑒𝑟𝑟𝑢𝑔𝑒𝑚) Reação 4 36 Portanto, para haver corrosão são necessários três elementos: (1) a destruição do filme passivo, (2) a presença de oxigênio e (3) a presença de eletrólito. Assim, não ocorre corrosão no aço em concretos totalmente secos ou totalmente submersos, sendo que neste último, pode haver caso a água consiga incorporar ar (RIBEIRO et al; 2018). O produto formado pela corrosão (ferrugem) possui volume muito maior que o volume inicial do material antes das reações, cerca de 600% maior (METHA; MONTEIRO; 2014). Esse aumento de volume causa pressões internas dentro do concreto armado, podendo levar ao desplacamento do cobrimento, reduzindo a capacidade mecânica das estruturas das edificações. A Figura 7 ilustra esquematicamente o mecanismo da corrosão das barras de aço, bem como uma comparação dos volumes dos produtos da oxidação do ferro. Figura 7 – Mecanismo de corrosão das barras de aço em concretos (a) e volumes dos produtos de oxidação do ferro (b). (a) (b) Fonte: OLLIVER e VICHOT (2014). A redução da alcalinidade do concreto, que leva à destruição do filme passivo do aço e, portanto, inicia o processo de corrosão, é alcançada graças a presença de agentes deletérios, que adentram nos poros do concreto até alcançarem a superfície do aço. Os dois principais agentes agressivos são os íons cloreto (Cl-) e o CO2, sendo que em regiões costeiras o íon cloreto é mais presente e em maior concentração. Esses agentes, bem como o oxigênio, penetram no concreto através da difusão, que consiste em um mecanismo de transporte de substâncias de um meio para outro devido a uma diferença de potencial químico, muitas vezes de concentração (RIBEIRO; 2010). Para realizar o monitoramento das estruturas de concreto armado em relação à corrosão, existem técnicas de análise com métodos não destrutivos. A resistividade elétrica é uma dessas 37 técnicas, que através do valor da resistência que o concreto apresenta à passagem de uma corrente elétrica, indica a probabilidade de corrosão, tornando-se uma técnica qualitativa de avaliação (BERROCAL; LUNDGREN; LÖFGREN; 2013). 2.5.2 Corrosão por Ataque de Íon Cloreto Por apresentar um mecanismo de corrosão mais agressivo, o ataque por íons cloreto torna-se a patologia mais perigosa dentre os tipos de corrosão no concreto armado conhecidos, por apresentar uma corrosão por pites. A presença de cloreto no concreto pode resultar de componentes de agregados contaminados com cloreto, água de amassamento contaminada, ou por difusão do ambiente, como a exposição do concreto a um ambiente marinho ou o uso de sais de degelo (ou seja,CaCl2, MgCl2, NaCl) no inverno (BERTOLINI et al.; 2013). O mecanismo real detalhado de decomposição do filme passivo para desencadear a corrosão no aço por cloretos ainda não é totalmente compreendido, devido às dificuldades em examinar o processo em escala atômica nas camadas passivas extremamente finas (ACI; 2001, POURSAEE; 2016, ANGST; 2018). Contudo, três modelos são geralmente propostos: o modelo da adsorção, o modelo do filme óxido e o modelo de complexo transitório. Quando os cloretos penetram no concreto, existem três comportamentos possíveis: (1) parte deles formam o sal de Friedel (3CaO.Al2O3. CaCl2.10H2O) ao reagirem quimicamente com os compostos que contêm aluminatos (C3A e C4AF), tamponando os poros; (2) parte é adsorvida pelo gel amorfo de silicato de cálcio hidratado (C-S-H); e (3) sob forma de cloretos livres remanescentes, que interagem em processos corrosivos, podendo despassivar o aço (PRUCKNER; GJØRV; 2004). Vale salientar que grande parte do cloreto que reage com aluminatos é liberado assim que o pH cai para valores abaixo de 12, o que pode ocorrer localmente em vazios na interface aço / concreto. O cloreto ligado se dissolve e pode subsequentemente ser envolvido no início da corrosão (BERTOLINI et al.; 2013). Segundo ACI (2001) e Ribeiro et al. (2018), no modelo da adsorção, ou da troca iônica, a despassivação do aço é o resultado da adsorção e ingresso dos íons cloretos na camada mais externa do filme passivo, em competição com o oxigênio dissolvido ou com os íons OH-. O cloreto hidrata os íons metálicos, promovendo sua dissolução, o que causa estreitamento progressivo do filme passivo. Já no modelo do filme óxido, ou do defeito pontual, a despassivação ocorre quando há disponibilidade de oxigênio e existem fissuras ou algum tipo de heterogeneidade geométrica na interface aço-concreto. Os íons cloreto permanecem adsorvidos na superfície da camada 38 passivadora, e atuam como um catalisador na formação de íons de Fe2+ na interface óxido / eletrólito, que então se difundem para a interface óxido / metal, enquanto os íons O2+ se difundem na direção oposta. A dissociação dos íons Fe2+ do metal resulta na formação de vazios e, portanto, na despassivação do vergalhão, debilitando o filme passivo (ACI; 2001, RODRIGUES et al.; 2021). Por fim, no modelo do complexo transitório, segundo ACI (2001) os íons cloreto começam a competir com os íons hidroxila na formação de compostos, criando um polo anódico no concreto, causado pela concentração desses compostos em uma determinada região. Assim, um polo anódico é formado, o que fragiliza a camada passivadora (HELENE; 2004, BOUTEILLER et al.; 2012), e como produto, há a formação de um complexo solúvel de cloreto de ferro, como mostra a reação 5. 𝐹𝑒3+ + 𝐹𝑒2+ + 6𝐶𝑙− → 𝐹𝑒𝐶𝑙3 + 𝐹𝑒𝐶𝑙2 Reação 5 Como os compostos de cloreto são mais instáveis na presença de pH mais elevado, estes se dissociam e liberam o Cl- e o Fe2+, sendo que o último pode reagir com as hidroxilas presentes no concreto, rompendo o complexo e formando novos hidróxidos de ferro, que se depositam na superfície metálica, como mostra o esquema da Figura 8. Figura 8 – Mecanismo de corrosão das barras por penetração de íons cloreto no concreto. Fonte: OLLIVER e VICHOT (2014). Já os ânions Cl- deslocam-se pelo metal até as zonas catódicas, e podem interagir mais uma vez com o ferro da armadura, reduzindo o pH do eletrólito e causando um ciclo de 39 agressões localizado (SAREMI; MAHALLATI, 2002), conforme a reação 6. Portanto, percebe- se que ocorrem reações auto catalíticas, o que demonstra que pequenas quantidades de cloretos podem gerar ou acelerar processos corrosivos. 𝐹𝑒𝐶𝑙3 + 3𝑂𝐻 − → 3𝐶𝑙− + 𝐹𝑒(𝑂𝐻)3 Reação 6 A influência dos íons cloro pode ser visualizada, também, pela alteração no diagrama de Pourbaix para o sistema ferro-água com cloretos (Figura 9). Esse diagrama demonstra que ocorre uma redução da região de passividade provocado pela ação dos cloretos em comparação ao diagrama do sistema ferro-água, presente na Figura 6. Além disso, esse diagrama demonstra o surgimento de uma região de passividade imperfeita, e que a região de corrosão aumenta, sendo que esta é composta por uma região de corrosão por pites. Figura 9 – Diagrama de Pourbaix para o sistema ferro-água com cloretos. Fonte: Ribeiro et al. (2018). Ollivier e Vichot (2014) afirmam que concentrações muito baixas de cloretos (cerca de 0,01%) já conseguem provocar modificações na morfologia da camada passivadora, formando o composto FeOOH. Por isso, é de grande importância o controle tecnológico do 40 concreto durante todo seu processo de produção, desde o projeto estrutural até a sua cura, para que os teores de cloreto não ultrapassem o permitido por normas, conforme mostra a Tabela 3. Tabela 3 – Teores de cloreto permitidos (% em relação à massa de cimento). Normas Teor máximo de Cl- para concreto armado (%) NBR 7211 (2009) - brasileira 0,06% - concreto protendido 0,15% - concreto armado exposto nas condições de serviço da estrutura 0,40% - concreto armado em condições de exposição não severas 0,30% - outros tipos de construção em concreto armado. EN 206-1 (2007) – europeia 0,20% a 0,40% - concreto armado1 BS 8110-1 (1997) - britânica 0,20% - 0,40% - concreto armado2 ACI – 318 (2014) - americana 0,15% - 0,30% - 1,00% - concreto armado1 Fonte: elaborado pela autora (2021). Além do exposto, reduzir a permeabilidade do concreto pode ajudar a mitigar os efeitos deletérios dos íons cloreto neste. Uma possibilidade é o uso de adições minerais nas composições do concreto, como metacaulim, cinzas volantes e sílica ativa, que possuem a capacidade de se ligarem aos cloretos, e com isso contribuem na redução da penetração desses íons (WONGKEO et al.; 2014). A sílica ativa, por exemplo, gera uma reação pozolânica muito ágil para formar o gel C-S-H, incorporando-se ao Ca(OH)2 precipitado, diminuindo a quantidade e o tamanho dos poros no concreto, restringindo assim a penetração dos íons externos (JUNG et al.; 2018). 2.6 Durabilidade dos Concretos Autoadensáveis com AR Apesar da durabilidade do concreto armado ter se tornado um tema recorrente no meio acadêmico nos últimos anos, a durabilidade de CAA com AR ainda possui muitas lacunas a serem abordadas, já que sua durabilidade é muito influenciada pelo teor de finos (característica muito variável nos RCD), teor de ar incorporado, fissuração, microestrutura, zona de transição dupla e possíveis contaminantes presentes no AR. Estudos mostram que o uso de AR em CAA aumenta a absorção de água do concreto e seu volume de vazios, indicando aumento da porosidade nesses concretos, o que leva a 1 depende do ambiente inserido. 2 depende do cimento utilizado. 41 redução de resistência à penetração de alguns agentes agressivos, como os íons cloreto (SASANIPOUR; ASLANI; 2020). Guo et al. (2018) afirmam que a impermeabilidade do concreto com AR é influenciada pelo fator água/cimento, pela resistência original do concreto residual, idade de cura do concreto, presença de adições minerais e principalmente pela quantidade de AR, e que quanto maior for essa quantidade, menor a durabilidade do concreto, sendo que o efeito negativo é maior para AR miúdo do que para AR graúdo, já que o AR miúdo possui acúmulo de argamassa triturada no material mais fino (MARINKOVIĆ et al.; 2017). A presença de argamassa velha aderida ao AR também pode aumentar a porosidade do concreto. Abed, Nemes e Tayeh (2018) testaram 7 traços diferentes, sendo um traço o de referência, com agregado natural, e o restante com substituições do agregado natural por AR. Contudo, foram utilizados dois tipos de AR: um oriundo do processamento do traço de referência,sendo chamado de “1ª geração”, e outro oriundo do processamento do concreto “1ª geração”, sendo chamado de “2ª geração”, ou seja, reciclando um concreto já produzido com AR. Os resultados mostram aumento da absorção de água em todas as misturas com AR, tanto da 1ª como da 2ª geração, sendo que o aumento da 2ª geração foi bem maior, saindo de 1,01% no concreto de referência para 7,91% no concreto com substituição total do agregado natural. A densidade do concreto também reduziu com o uso do AR, principalmente o da 2ª geração. Ambos os fenômenos aconteceram graças a adesão de uma nova camada de argamassa no AR, já que o AR possui densidade mais baixa que o agregado natural, e a argamassa aderida absorve mais água. Bravo et al. (2018) testaram 34 misturas de concreto com agregados reciclados produzidos a partir de diferentes resíduos de construção e demolição não tratados, e avaliou o uso dos aditivos super plastificantes nestes concretos em relação à durabilidade. Foi concluído que a composição dos agregados reciclados foi mais relevante para a retração do que o teor de agregado substituído; concluíram também que apesar do superplastificante ter adequado a trabalhabilidade das misturas, ele não é tão eficaz para melhorar as propriedades de retração e durabilidade de concretos com RCD, porém em concretos com AR provenientes de concretos, essas propriedades são melhoradas. Entretanto, apesar das influências negativas, Shang et al. (2015) mostram que por causa da sua alta porosidade, o AR pode armazenar um pouco de água e fornecer cura interna ao concreto durante o desenvolvimento da microestrutura, podendo aumentar a impermeabilidade do concreto. Barroqueiro et al. (2020) afirmam que é possível produzir concretos autoadensáveis de alto desempenho com propriedades de durabilidade perfeitamente aceitáveis, através do uso 42 de adições minerais. Eles avaliaram aspectos de durabilidade de seis teores diferentes de substituições para AR finos e graúdos (0/0; 25/25; 50/50; 100/100; 0/100 e 100/0%) em CAA. Apesar dos resultados indicarem aumento na penetração dos íons cloreto (de 9% sem AR para 49% com AR), é possível melhorar a impermeabilidade do CAA com a adição de cinzas volantes. Essa adição mineral causa um aumento do tamanho médio dos poros em idades mais jovens; contudo, para idades mais avançadas, há uma tendência de diminuição do volume dos poros, fazendo com que a taxa de penetração diminua. Portanto, reduzir a porosidade do concreto, e consequentemente sua permeabilidade, é um dos desafios encontrados em diversas pesquisas, para tornar viável o uso do AR nos concretos, inclusive no CAA. 2.7 Durabilidade dos Concreto Autoadensável Reforçado com Fibras As fibras de aço vêm sendo adicionadas no concreto com o intuito de melhorar suas propriedades mecânicas, como capacidade de carga pós-fissuração e desempenho de absorção de energia, através da restrição do aumento da largura das fissuras, o que traz benefícios para a durabilidade desses compósitos. A excelente capacidade de travamento de trincas e formação de múltiplas trincas finas nos CRF pode atrasar o processo de iniciação da corrosão, uma vez que o surgimento e/ou crescimento das fissuras no concreto aumenta sua permeabilidade, favorecendo a entrada de agentes agressivos, como ácidos, sulfatos e íon cloreto (STEFANONI; ANGST; ELSENER; 2017, PAUL; ZIJL; ŠAVIJA; 2020). Outro ponto importante é a constatação de uma melhor interface da fibra - matriz em comparação com a interface vergalhão - matriz. A interface fibra-matriz é mais densa e uniforme devido à grande quantidade de hidróxido de cálcio - Ca(OH)2 - presente, comparado com a interface entre vergalhões de aço convencionais e a matriz, reduzindo a entrada de agentes agressivos no CRF (MICHEL et al.; 2013), já que esse composto pode ligar-se ao cloreto, reduzindo a concentração de cloretos livres responsáveis pelo início do processo de corrosão (FRAZÃO et al.; 2015). Teruzzi et al. (2004) produziram três misturas de concretos com 0,51% (mistura 1 e 2) e 0,77% (mistura 3) de adição de fibras de aço em fração volumétrica, e realizaram ensaios de difusão de íons cloreto, permeabilidade ao oxigênio, ciclos de gelo e degelo com e sem sais, e ciclos de carbonatação. As fibras possuíam 35 mm de comprimento e λ = 65. Os resultados mostraram que não foram encontrados efeitos significantivos na difusão dos cloretos ou permeabilidade ao oxigênio que poderiam ser atribuídos à presença de fibras, e concluíram que 43 a zona interfacial em torno das fibras não atua como um caminho preferencial para a penetração de agentes prejudiciais. Foi percebido nos CRF com fibras de aço uma dualidade em relação à corrosão das fibras metálicas: o dano excessivo na interface fibra-matriz resultaria em uma redução progressiva e localizada da seção transversal da fibra devido à corrosão (PAUL; ZIJL; ŠAVIJA; 2020). Contudo, as forças expansivas geradas durante a corrosão das fibras são insuficientes para o desprendimento do concreto, pois, devido ao seu diâmetro reduzido, o aumento do volume produzido pelos óxidos decorrentes do processo corrosivo não é suficiente para fender o concreto circundante e, portanto, para o concreto bem compactado a corrosão das fibras fica restrita à superfície do concreto (FRAZÃO et al.; 2015). Além disso, a corrosão nas fibras de aço também pode aumentar a rugosidade das fibras, o que pode aumentar o atrito entre a matriz cimentícia e a fibra, melhorando assim a resistência à tração residual do CRF (GRANJU; BALOUCH; 2005). A durabilidade do CRF com aço e macrofibras sintéticas foi examinada por Bernard (2004) separadamente em amostras pré-fissuradas expostas aos ambientes costeiros e no interior por uma duração variando de 7, 14 e 24 meses. Verificou-se que ambas as fibras possuem boa durabilidade, porém a macrofibra sintética apresentou melhor desempenho, independente do ambiente onde o concreto foi inserido. Nas amostras com largura de fissura acima de 0,10 mm, as fibras de aço foram significativamente danificadas pela corrosão no ambiente costeiro. A formação de pites na região das fibras de aço expostas pela fissura e nas áreas deformadas levou a uma redução significativa da seção transversal da fibra, provocando redução da resistência à tração residual. No concreto ainda não fissurado, Abbas et al. (2014), através do teste de migração rápida de cloreto (ASTM C1202, 2010), mostraram que CRF com fibras de aço e polietileno possuem coeficiente de difusão do cloreto menor que em concretos convencionais, bem como a carga desses íons passada pelas amostras. Isso foi justificado pelo fato de o CRF ter a capacidade de deter o surgimento de microfissuras durante o seu manuseio e cura, tornando o concreto mais impermeável à penetração dos solutos deletérios (CORINALDESI e MORICONI, 2012). A resistividade elétrica do concreto está sendo cada vez mais utilizada para auxiliar na avaliação de forma indireta das características do concreto (apesar de apresentar algumas limitações), como sua permeabilidade aos fluidos e difusividade do íon cloreto, que pode ser correlacionada ao grau de resistência do concreto aos efeitos prejudiciais de ambientes severos. Frazão et al. (2015) explicam que se espera que exista uma relação linear entre a intensidade 44 da corrosão e a condutividade das fibras de aço presentes no CRF, assim como ocorre em barras de aço inseridas em concretos, porém devido ao aspecto descontínuo do reforço da fibra, essa característica não é tão verificada. Segundo Tsai et al. (2009), os CRF com fibras de aço apresentam resistividade extremamente baixa devido à alta condutividade elétrica das fibras de aço. Apesar de ser um tema bem discutido no meio acadêmico, ainda existem grandes variações quantitativas nos resultados das pesquisas sobre a durabilidade do CRF relatadaspor diferentes autores, que podem ser atribuídas aos seus diferentes tipos de fibra, largura de fissura, condições e duração da exposição, propriedades da fibra, qualidade do concreto, dentre outros. Além disso, ainda não há um consenso comum em relação aos malefícios causados pela corrosão nas fibras de aço. As macrofibras de polietileno ainda são pouco exploradas, principalmente em pesquisas voltadas à durabilidade. No Brasil, as fibras de aço para concreto são normatizadas pela NBR 15530 (ABNT, 2019), que mostra as diretrizes em relação à qualidade das fibras, tipos de fibras metálicas e cuidados necessários na fabricação e controle tecnológico dos CRF. Além disso, o projeto estrutural dos CRF com fibras de aço é regido pela NBR 16935 (ABNT, 2021). Contudo, esta norma especifica apenas que as estruturas de CRF devem atender aos requisitos mínimos de durabilidade, sem especificar quais seriam esses requisitos. 45 3 MATERIAIS E MÉTODOS O programa experimental foi dividido em quatro partes, sendo elas: (1) caracterização dos materiais constituintes do CAA em estudo; (2) definição da incorporação ideal de fibras a serem determinadas através do estudo de argamassas autoadensável, com base em um traço de CAA já estudado por MELLO et al. (2020); (3) produção dos concretos, moldagem dos corpos de prova e ensaios tecnológicos nos estados fresco e endurecido; e (4) avaliação da durabilidade dos CAAs reforçados por fibras. A Figura 10 mostra o fluxograma do planejamento experimental do presente trabalho. 46 Figura 10 – Fluxograma do programa experimental. Fonte: elaborado pela autora (2021). 3.1 Materiais 47 Os materiais selecionados para a presente pesquisa foram aqueles cuja características possibilitariam um concreto autoadensável homogêneo, sem apresentar exsudação e segregação. Desta forma, foram utilizados os seguintes materiais: 3.1.1 Cimento O cimento utilizado no presente trabalho foi o cimento Portland tipo II com adição de fíler calcário (CP II F), fabricado em Pitimbu-PB e fornecido pela empresa Brennand Cimentos. Este cimento foi selecionado para a pesquisa por não apresentar pozolanas em sua composição, contendo no máximo 25% de filer calcário, e com isso, espera-se que a composição do cimento não interfira na influência do íon cloreto nas fibras incorporadas ao concreto. 3.1.2 Agregados Foram utilizados dois tipos de agregados miúdos nesta pesquisa. Um deles foi o agregado reciclado proveniente de resíduo da construção civil classe A, processado na região de São José do Mipibú-RN e fornecido pelo Grupo Duarte, com diâmetro máximo de 1,18 mm. O segundo agregado miúdo utilizado foi uma areia quartzosa fina oriunda do leito do rio da região de Serrinha-RN com diâmetro máximo de 1,18 mm. Já o agregado graúdo utilizado foi a brita granítica oriunda também da região de Serrinha-RN com diâmetro característico de 9,5 mm. O uso dos tipos de agregado graúdo e miúdo apresentados se justifica devido ao fato de os concretos autoadensáveis possuírem alta fluidez e tendência à segregação, e por isso, a necessidade do uso de materiais finos. 3.1.3 Aditivo químico para concreto O aditivo utilizado neste estudo com o intuito de promover ao concreto autoadensável a fluidez requerida, foi o aditivo superplastificante de terceira geração à base de Éter Policarboxílico de nome comercial MasterGlenium® SCC 160, fornecido pela empresa MasterBuilders/BASF. Vale salientar que este aditivo não possui cloretos em sua composição, desta forma não agredindo a matriz cimentícia, além de ter melhor desempenho em relação à penetração de íons cloreto, reduzindo-a, comparado com aditivos superplastificantes a base de 48 polímero lignossulfonato (MATIAS et al., 2014). Todas as características fornecidas pelo fabricante através da Ficha Técnica do produto estão disponíveis na Tabela 4. Tabela 4 – Informações técnicas do aditivo superplastificante. Propriedade Especificação Base química Éter Policarboxílico Aspecto Líquido branco turvo Densidade (g/cm³) 1,067 a 1,107 pH 7,00 a 9,00 Teor de Sólidos (%) 38,00 a 42,00 Fonte: Ficha Técnica do produto (2016). 3.1.4 Água Foi utilizada nesta pesquisa para a confecção dos concretos a água fornecida pela concessionária local de abastecimento de água do estado da Paraíba – CAGEPA, por apresentar- se em maior abundância. 3.1.5 Fibra sintética A fibra sintética utilizada neste estudo consiste em uma fibra estrutural de alta densidade (HDPE) constituída de um monofilamento fabricado em polietileno tereftalato modificado, fornecida pela empresa Sheikan Arcor Jet. Esta fibra foi selecionada por promover a transmissão de tensões de atrito interfacial em concretos de alta resistência à compressão e densamente compactados, em relação à alta resistência à ruptura da matriz cimentícia desse tipo de concreto (RANADE et al., 2013). As características desta fibra podem ser observadas através da Tabela 5 com dados fornecidos pelo fabricante, bem como o aspecto visual desta fibra pode ser visualizado na Figura 11. 49 Tabela 5 – Características da fibra de polietileno. Característica Valor Comprimento (mm) 40 Diâmetro (mm) 0,8 Razão de aspecto 50 Tensão máxima à tração (MPa) 4,9 Fonte: Ficha técnica do produto (2019). Figura 11 – Fibra de polietileno Fonte: autora (2021). 3.1.6 Fibra de Aço As fibras de aço influenciam o comportamento do concreto principalmente no incremento da resistência mecânica à flexão e a ductilidade, uma vez que essa fibra evita a propagação de trincas e melhora a absorção de energia. Isso ocorre principalmente por causa das pontes de transferência de tensão que a adição das fibras propicia ao concreto, além do aço ser um material dúctil (GHASEMI et al., 2019; ABBASS et al., 2018; ALABDULJABBAR et al., 2019). As fibras metálicas foram utilizadas com o intuito de avaliar sua influência no estado fresco e endurecido no CAA. Estas fibras possuem 30 mm de comprimento e são produzidas a partir de chapas de baixo carbono laminadas a frio, fornecida pela empresa Tec Machine. As principais informações sobre as fibras podem ser observadas na Tabela 6, bem como seus aspectos visuais na Figura 12. 50 Tabela 6 – Características da fibra de aço. Característica Valor Comprimento (mm) 30 Diâmetro (mm) 0,6 Razão de aspecto 50 Tensão máxima à tração (MPa) >1.000 Fonte: Ficha técnica do produto (2019). Figura 12 – fibra de aço. Fonte: autora (2021). 3.2 Métodos 3.2.1 Composição granulométrica As granulometrias dos agregados foram determinadas de acordo com a NBR NM 248 (ABNT, 2003), utilizando peneiramento manual. Já o módulo de finura dos agregados, bem como a determinação do diâmetro máximo foram realizados de acordo com as diretrizes da NBR 7211 (ABNT, 2009). 3.2.2 Massa específica As massas específicas do cimento foram determinadas através de ensaio norteado pela NBR NM 23 (ABNT, 2003), enquanto as massas específicas dos agregados miúdos seguiram as diretrizes da NBR NM 52 (ABNT, 2009). As massas específicas real e aparente do agregado graúdo foram obtidas pela NBR NM 53 (ABNT, 2009). 51 3.2.3 Determinação do índice de finura O índice de finura do cimento foi verificado através da NBR 11579 (ABNT, 2012). Este ensaio permite determinar a finura do cimento a partir da peneira de abertura 75 µm. 3.3 Definição de teores de adição das fibras convencional e sintética Os teores de fibra sintética e da fibra convencional incorporados no concreto autoadensável, bem como o ajuste do traço base, foram determinados a partir de um estudo das argamassas, com o intuito de verificar como a mistura se comportaria quanto aos aspectos relacionados a segregação e exsudação com a adição dessas fibras. Diversos autoresvalidam este método, que utiliza como base o método de Okamura e Ouchi (2003), possibilitando o teste de várias combinações com mais variáveis, bem como reduzindo a quantidade de material utilizado no estudo e a quantidade de recursos humanos, graças ao fato de que o concreto e a argamassa possuem comportamentos análogos no estado fresco (JIN, 2002; SHI, 2015; NEPOMUCENO et al., 2012). Para iniciar o estudo das argamassas, foram avaliadas as adições nas argamassas as adições de fibra sintética e convencional nos teores de 0,50%, 0,75%, 1,00% e 1,50%, separadamente, e selecionados os melhores resultados no que se refere ao espalhamento e a presença de segregação e/ou exsudação. Esses percentuais estão de acordo com diversos autores que utilizaram fibras de mesma composição e em teores variando de 0,25 a 2,00% (PEŠIĆ et al, 2016; AL-HADITHI et al., 2019, SONG; HWANG, 2004, ABBASS et al., 2018). Foram confeccionadas 23 argamassas diferentes em quatro estágios. As argamassas iniciais das etapas 1 e 2 (REF1 e RCD1) partiram do traço utilizado na pesquisa de MELLO et al. (2020), com foco em obter CAA com classificação SF2, de acordo com a NBR 15823-1 (ABNT, 2017). No primeiro estágio, foi realizado o ajuste do traço de referência com agregado miúdo natural (REF), totalizando 4 traços; no segundo estágio foi testado o teor de agregados (RCD), no qual viu-se a necessidade de acrescentar agregado miúdo natural em 10% da massa do RCD a fim de melhorar o aspecto áspero da argamassa, totalizando 4 traços (0%, 10%, 20% e 30%); no terceiro estágio foi variado o teor de aditivo no traço resultante do estágio 2 (RCD_ADT), e foram estudados 7 traços (1,49%, 1,55%, 1,60%, 1,63%, 1,65%, 1,70%, 1,80% e 1,90%) sem variação do fator água/cimento; e por fim, na etapa 4, foram verificados os teores máximos de 52 fibras de aço e polietileno (RCD_AÇO e RCD_PE) que poderiam ser incorporados nas argamassas, mantendo os parâmetros desejados. Nesta etapa, foram verificadas 8 argamassas, sendo 4 de cada tipo de fibra. Além do espalhamento, o índice de espalhamento relativo (Gm) foi calculado como mostra a Equação 1, e o seu alto valor indica maior deformabilidade da argamassa. 𝐺𝑚 = (𝑑1∗𝑑2−𝑑0 2) 𝑑0 2 Eq. 1 Em que: Gm: Índice de espalhamento relativo para argamassas; d1: primeiro diâmetro do espalhamento obtido com o mini cone para argamassas; d2: segundo diâmetro do espalhamento obtido com o mini cone para argamassas; d0: diâmetro da base do mini cone para argamassas. O valor de Gm indica se a argamassa possui dosagem para fornecer um CAA. Vários autores utilizam o parâmetro Gm da fração argamassa para dosar CAA e esses valores variam de 3 a 8. Contudo, ainda não existe consenso entre os pesquisadores quanto ao valor ideal para promover a autodensabilidade do CAA (EDAMATSU et al., 1999, JIN e DOMONE, 2002, NEPOMUCENO et al., 2014, TAKADA e WALRAVEN, 2001). Portanto, optou-se nesta pesquisa por considerar os traços adequados aqueles no qual o espalhamento no teste de mini slump-flow estivesse entre 260 mm e 300 mm (NEPOMUCENO et al., 2014, SAFIUDDIN et al., 2010), bem como Gm no intervalo de 6 ≤ Gm ≤ 8, já que a adição de fibras no CAA reduz o espalhamento da argamassa. Após o estudo das argamassas, foi definida a fração volumétrica de adição de fibras de polietileno e aço em 0,75%, resultando assim quatro traços produzidos, sendo que no traço de referência REF foi utilizado areia natural, e os outros três foi realizada a substituição total de areia natural por AR: o traço RCD sem adições de fibras; o traço AÇO com adição de fibras de aço; e o traço POLI com adição de fibra de polietileno. Os traços utilizados neste estudo, como dito anteriormente, foram desenvolvidos de acordo com Mello et al. (2020), que produziram concretos autoadensáveis com consumo de cimento aproximado de 450 kg/m³. Os traços com as respectivas adições e as proporções dos agregados e da água estão expostos na Tabela 7. 53 Tabela 7 – Composição dos traços utilizados nesta pesquisa. Traços Cimento Areia natural Agregado reciclado Agregado graúdo Água Adit. SP (%) Fibra de aço (AÇO) (%) Fibra de Polietileno (PE) (%) REF 1,0 1,64 - 2,16 0,467 0,35 - - RCD 1,0 0,164 1,64 2,16 0,467 1,70 - - AÇO 1,0 0,164 1,64 2,16 0,467 1,70 0,75 - POLI 1,0 0,164 1,64 2,16 0,467 1,70 - 0,75 Fonte: elaborado pela autora (2021). Após a definição dos traços e teores de adição de fibras, os consumos dos materiais a serem utilizados foram calculados de acordo com suas respectivas massas específicas, em kg/m³, e podem ser observados na Tabela 8. Tabela 8 – Consumo dos materiais em kg/m³. Traços Cimento Areia natural Agregado reciclado Agregado graúdo Água Adit. SP Fibra de aço (AÇO) Fibra de Polietileno (PE) REF 442,88 798,96 - 956,63 206,83 1,58 - - RCD 442,88 72,63 726,33 956,63 206,83 7,53 - - AÇO 442,88 72,63 726,33 956,63 206,83 7,53 58,50 - POLI 442,88 72,63 726,33 956,63 206,83 7,53 - 6,82 Fonte: elaborado pela autora (2021). Vale salientar que o fator água/cimento e a relação agregados/cimento não foram modificados nos traços com o intuito de que estes fatores não influenciassem as análises dos resultados. 3.4 Preparo da mistura e moldagem O processo de mistura dos concretos autoadensáveis foi baseado no trabalho de Mello et al. (2020), em que primeiramente os agregados miúdos foram secos em estufa por 24 horas e esfriados em temperatura ambiente. Após essa etapa, os materiais foram pesados de acordo com o volume necessário por betonada, sendo que foram realizados duas betonadas de 20 litros 54 de concreto, resultando em um volume de 40 litros de concreto por traço, e 160 litros de concreto no geral. Esse volume foi suficiente para a realização dos ensaios no estado fresco e confecção dos corpos de prova para o estado endurecido. Pelo fato de a betoneira suportar apenas 120 litros, foi preciso executar essa divisão para garantir energia de mistura necessária. Vale salientar que nos primeiros traços do dia, a parte interna da betoneira era umedecida, e em seguida realizada a mistura do concreto. Ressalta-se também que a cada betonada de 20 litros, a betoneira era lavada para a realização da próxima betonada. A ordem de colocação dos materiais foi iniciada pela brita e cerca de 1/3 do volume da água do traço. Após isso, toda a areia natural e / ou AR foram adicionados na mistura, com mais 1/3 do volume da água. Em seguida, foi adicionado o cimento e o restante da água na massa, e realizado a mistura até o CAA ficar homogêneo, sendo que esta etapa durou cerca de 2 minutos. As fibras foram adicionadas de forma lenta e separadas manualmente, para garantir sua distribuição uniforme, e foi feita a mistura por cerca de trinta segundos. Por fim, foi incluído o aditivo e feito a mistura do compósito até este ficar homogêneo. O processo de mistura por betonada pode ser verificado de forma resumida no fluxograma da Figura 13. Figura 13 – Fluxograma da mistura dos concretos Fonte: elaborado pela autora (2021). Todo o processo de mistura levou cerca de sete minutos e foi realizado em uma betoneira de 120 litros, com eixo inclinado e motor de 0,5 CV. Quando necessário, foram 55 realizadas paradas no processo para raspagem da parte interna da betoneira com o intuito de retirar os materiais finos que estavam aderidos em suas paredes internas. Os corpos de prova produzidos no presente estudo foram moldados em duas geometrias diferentes: prismáticos e cilíndricos. Os corpos de prova prismáticos foram moldados para realizar o ensaio de resistência à tração na flexão. Foram confeccionados 6 corpos de prova prismáticos com altura e largura de 100 mm e comprimento de 400 mm, conforme NBR 5738 (ABNT, 2015) para cada traço, porém sem a necessidade de adensamento,ou seja, o concreto era somente lançado dentro das fôrmas metálicas e logo após era feito um nivelamento da superfície com régua biselada. Já os corpos de prova cilindros foram moldados para a realização dos demais ensaios no estado endurecido. Foram moldados 10 corpos de prova cilíndricos com diâmetro de 100 mm e altura de 200 mm, conforme a NBR 5738 (ABNT, 2015), para cada traço. Para realizar a moldagem, o concreto foi vertido nas formas metálicas cilíndricas, e depois foi feito o acabamento da superfície com régua biselada, sem a necessidade de nivelamento. 3.5 Propriedades do concreto autoadensável no estado fresco Os ensaios no estado fresco são de suma importância, pois são eles que avaliam se o concreto autoadensável produzido possui o comportamento necessário para ser classificado como tal. Esses ensaios foram realizados de acordo com as normas brasileiras vigentes. 3.5.1 Espalhamento, Índice de estabilidade visual e tempo de escoamento T500 O ensaio de espalhamento, ou Slump Flow Test, é realizado no estado fresco para verificar a capacidade de fluxo do concreto autoadensável produzido através da análise do diâmetro, em milímetros (mm), do círculo formado após a retirada do tronco do cone de Abrams – ou slump flow (SF) – e estabilização do concreto. Deste ensaio foi possível verificar outros dois parâmetros do CAA: índice de estabilidade visual e tempo de escoamento T500. Estes ensaios são norteados pela norma NBR 15823-2 (ABNT, 2017). O ensaio do tempo de escoamento consiste na medição do tempo que o concreto preenche um círculo de 500 mm de diâmetro após a retirada do tronco do cone de Abrams, sendo que esse tempo medido serve como parâmetro para avaliação da viscosidade do CAA, denominado T500, e apresentado em segundos. 56 Já o índice de estabilidade visual (IEV) foi determinado a partir de uma análise visual, ou seja, foi verificado a presença predominante ou não de agregados nas bordas do concreto após sua estabilização, utilizando para tal caracterização um gabarito disponibilizado pela norma para diferentes situações, conforme Figura 14. Figura 14 – Classes do índice de estabilidade visual (IEV) Fonte: adaptado da NBR 15823-2 (ABNT, 2017). Vale observar que a condição “IEV 0” é considerada a situação ideal, uma vez que esta apresenta um CAA sem evidência de segregação ou exsudação. 3.6 Propriedades do concreto autoadensável no estado endurecido Os ensaios no estado endurecido foram realizados para analisar o comportamento mecânico e de durabilidade dos CAAs com substituição do agregado miúdo por RCD e das fibras de aço e de polietileno adicionadas neste, sendo que esses ensaios foram realizados tanto em corpos de prova submetidos a ciclos de agressão de íons cloretos, quanto em corpos de prova somente submetidos à cura úmida. Foram moldados por mistura 6 corpos de prova prismáticos medindo 100 mm x 100 mm x 400 mm e 13 corpos de prova cilíndricos medindo 100 mm x 200 mm. 57 3.6.1 Condição de exposição do CAA ao ambiente agressivo Todas as amostras produzidas foram desmoldadas após 24 horas de sua moldagem. Logo após foram colocadas em cura por imersão de água na temperatura de 28°C por 28 dias. A fim de otimizar o trabalho humano e economizar a quantidade de concreto produzido, os ensaios de índices físicos foram realizados com os mesmos corpos de prova, e os ensaios de resistividade elétrica foram realizados nos corpos de prova do ensaio à compressão antes da sua realização. Após o período inicial de 28 dias de cura submersa, os corpos de prova foram submetidos a condição de exposição agressiva baseado na metodologia utilizada por Ye et al. (2016), no qual foram analisados concretos submetidos a ciclos de secagem e molhagem com cloreto em concretos convencionais. No presente trabalho, a metodologia será aplicada em concretos autoadensáveis. Primeiramente, após os 28 dias de cura, todas as amostras foram secas ao ar livre natural durante três dias, iniciando assim o primeiro ciclo de agressividade. Em seguida, os corpos de prova foram imersos em um recipiente plástico com solução de NaCl com 15% de concentração (18,75 kg de NaCl comercial + 100 kg de água da concessionária local) durante 4 dias, conforme mostra a Figura 15. Para garantir a qualidade do cloreto livre na solução durante todos os ciclos, a solução salina foi trocada ao término de cada ciclo. Cada ciclo de agressão durou 7 dias, e se repetiu oito vezes até a conclusão do estudo. Figura 15 – Corpos de prova submersos em água salina Fonte: autora (2021). 58 As condições de alta concentração de NaCl ao qual os corpos de prova foram submetidos foi realizada com o objetivo de verificar a penetração do íon cloreto nos concretos, bem como garantir que as fibras incorporadas pudessem ser alcançadas pelo agente agressor, e com isso permitir a análise do efeito dessa agressividade nas fibras. Os ensaios realizados foram divididos em ensaios destrutivos e não destrutivos. Os ensaios destrutivos foram realizados ao final de todos os ciclos, quando as amostras tinham 28 dias (compressão) e 90 dias de idade (compressão e flexão). Já os ensaios não destrutivos foram realizados aos 49 dias, aos 70 dias e aos 90 dias, ou seja, no final do último ciclo. A Figura 16 mostra o esquema resumo de todos os ensaios que foram realizados nos concretos autoadensáveis deste estudo, bem como as idades quando foram feitos. Figura 16 – Fluxograma com a cronologia dos ensaios realizados. Fonte: elaborado pela autora (2021). 3.6.2 Penetração do cloreto através dos ciclos de molhagem e secagem Para exercer o acompanhamento da penetração do íon cloreto nos concretos autoadensáveis, foi realizado o ensaio de penetração do cloreto. Para isso, os corpos de prova 59 de 100 mm por 200 mm utilizados foram capeados com parafina como mostra a Figura 17, para evitar a penetração desse agente agressivo na direção longitudinal do corpo de prova. Figura 17 – Corpo de prova com parafina para ensaio de penetração de íons cloreto. Fonte: autora (2021). Após os ciclos de molhagem e secagem, os corpos de prova foram serrados para que houvesse acesso à sessão transversal destes, como mostra a Figura 18 (a). Logo em seguida ao rompimento, foi aspergido na superfície da sessão transversal uma solução de nitrato de prata (AgNO3) com concentração de 0,1M (5,1 g de nitrato de prata + 300 ml de água destilada). Desta forma, foi possível verificar a frente de penetração de íons cloreto através do processo colorimétrico, no qual a região branca indica precipitação de cloreto de prata (AgCl) quando úmida, e arroxeada após secagem da solução, indicando onde houve penetração do cloreto. Figura 18 – aspecto do concreto após aspersão da solução de nitrato de prata e medição da profundidade de penetração dos cloretos. 60 (a) (b) Fonte: autora (2021). Após secagem, os corpos de prova passaram novamente por capeamento com parafina e voltaram aos ciclos de molhagem e secagem. Por fim, a profundidade de penetração dos cloretos foi medida como mostra a Figura 18 (b), nas datas presentes na Figura 16. 3.6.3 Difusão de íons cloreto O ensaio de difusão dos íons cloreto é um ensaio de durabilidade que tem como objetivo determinar a resistência à penetração desses íons no concreto. Esse ensaio é realizado pelo método rápido contido na NT BUILD 492 (NORDTEST, 1999) e na especificação LNEC E- 463 (LNEC, 2004) e foi realizado nas datas previstas no cronograma presente na Figura 16. O resultado deste ensaio é a determinação do coeficiente de difusão de íons cloreto através de ensaio de migração em regime não estacionário. Para a realização deste ensaio, foi necessário a utilização de corpos de prova com 100 ± 2 mm de diâmetrocom 50 ± 5 mm de altura, foram extraídos de um corpo de prova com 100 mm de diâmetro e 200 mm de altura, como mostra a Figura 19. De cada corpo de prova maior foi possível fazer 3 corpos de prova menores, através de cortes. Esses corpos de prova menores foram ensaiados após 90 dias de cura por imersão. 61 Figura 19 – Preparação dos corpos de prova usados no ensaio de difusão de cloretos (a) e corpo de prova utilizado no ensaio de difusão de íons cloreto (b). (a) (b) Fonte: (a) Farias, 2019; (b) autora (2021). O ensaio começa com a preparação dos provetes, que consiste em colocá-los à vácuo por três horas e em seguida, em imersão em solução saturada de Ca(OH)2 por 18 ± 2 horas, para garantir que o ingresso dos íons cloreto no concreto seja predominantemente por difusão. É utilizado uma solução anódica (0,3M NaOH – 12 g de NaOH + 1 kg de água destilada) e outra catódica (10% NaCl – 1 kg de NaCl comercial + 9 kg de água natural) e aplicada inicialmente uma voltagem de 30 V nos provetes, conforme normatização, para assim criar um potencial elétrico e forçar a migração dos íons cloreto para o concreto. Se necessário, essa voltagem deverá ser corrigida durante o teste para manter a corrente elétrica passante. A temperatura das amostras deve ficar entre 20ºC e 25ºC. Toda a aparelhagem, bem como esquema do ensaio podem ser observados na Figura 20. 62 Figura 20 – Aparelhagem do ensaio de migração de íons cloreto pelo método NT BUILD 492. Fonte: elaborado pela autora (2021). Após o ensaio concluído, os corpos de prova foram rompidos através de compressão diametral, e foi aspergido a solução de nitrato de prata para verificar, através do precipitado branco visível, a frente de penetração de íon cloreto. Essa frente foi medida conforme mostra a Figura 21. Figura 21 – Metodologia de medição da profundidade de penetração dos cloretos. Fonte: adaptado de NORDTEST (1999). 63 Por fim, o coeficiente de difusão foi calculado conforme equação simplificada proposta pela NT BUILD 492 (NORDTEST, 1999) e pode ser vista através da Equação 2, e os parâmetros necessários foram obtidos durante o ensaio. O valor do coeficiente de difusão para cada traço de CAA analisado foi estabelecido como a média dos coeficientes encontrados para as três amostras submetidas à mesma exposição. 𝐷 = 0,0239(273+𝑇)𝐿 (𝑈−2)𝑡 (𝑥𝑑 − 0,0238√ (273+𝑇)𝐿𝑥𝑑 𝑈−2 ) Eq. 2 Em que D é o coeficiente de difusão no estado não estacionário, x10-12 m²/s; T é o valor médio das temperaturas inicial e final no anólito, em graus Celsius (°C); L é a espessura do provete, em milímetros (mm); U é o valor absoluto da voltagem aplicada, em volts (V); t é a duração do ensaio em horas; e xd é o valor médio da profundidade de penetração, em milímetros (mm). 3.6.4 Resistividade elétrica A resistividade elétrica foi medida seguindo as normas RILEM TC-154 (VENNESLAND et al., 2007) e ASTM G57 (ASTM, 2012). Este ensaio foi realizado para acompanhamento da penetração dos íons cloreto, durante e após os ciclos de molhagem e secagem. O equipamento utilizado neste ensaio foi o Resipod da marca Proceq, o qual possui quatro eletrodos espaçados em 50 mm, que utilizam para a medição os princípios do dispositivo de Wenner. Para isso, uma corrente elétrica é aplicada às duas sondas nas extremidades e a diferença de potencial é medida entre as duas sondas internas. A corrente é carregada por íons na solução aquosa do poro dentro concreto. Por isso, o ensaio foi realizado com os corpos de prova saturados, após a etapa de molhagem dos ciclos de agressividade, garantindo assim que estes estivessem saturados superficialmente. O esquema do ensaio pode ser verificado na Figura 22. 64 Figura 22 – (a) Mecanismo do ensaio de resistividade elétrica, e (b) realização do ensaio. (a) (b) Fonte: (a) Manual de uso do equipamento PROCEQ (2017); e (b) autora (2021). Foram realizadas três medições em cada corpo de prova, sendo testados três corpos de prova de cada traço. Essas medições foram feitas nos corpos de prova com idades de 49, 70 e 86 dias naqueles que passaram pelos ciclos de molhagem e secagem, bem como nos corpos de prova que não sofreram ciclos de agressão, aos 90 dias. A média das medições resultou no valor da resistividade elétrica final, em kΩ.cm. Com esta média, foi verificada a probabilidade de corrosão através do boletim europeu CE – COST 509 (1997), que mostra critérios de avaliação quanto à resistividade com relação ao risco de corrosão, presente na Tabela 9. Tabela 9 – Critérios de avaliação da resistividade elétrica em concretos de acordo com a resistividade elétrica Nível de corrosão Insignificante Fraco Moderado Elevado Resistividade do concreto (kΩ.cm) ≥100 50 a 100 10 a 50 < 10 Fonte: COST 509 (CE, 1997). 3.6.5 Massa específica e porosidade aberta 65 As massas específicas real, seca e saturada, a absorção de água por imersão e o índice de vazios foram determinados de acordo com a NBR 9778 (ABNT, 2009), utilizando corpos de prova cilíndricos de 100 mm por 200 mm. Esses ensaios foram realizados seguindo as etapas listadas a seguir: • Realizar a secagem dos corpos de prova em estufa por 72 horas na temperatura de (105 ± 5) ºC, e determinar a massa seca da amostra (ms); • Imergir a amostra em água por 72 horas em temperatura de (23 ± 2) ºC; • Levar a amostra para um recipiente cheio de água, que deve ser levado à ebulição de forma progressiva, levando um tempo entre 15 e 30 minutos, e manter a ebulição por 5 horas. • Deixar a água esfriar naturalmente até a temperatura de (23 ± 2) ºC e em seguida, realizar a pesagem submersa através de balança hidrostática (mi). • Secar a amostra superficialmente com um pano úmido e logo após, determinar a massa da amostra (msat). De posse dos resultados, calcula-se a massa específica e porosidade aberta através das equações presentes na NBR 9778 (ABNT, 2009). 3.6.6 Resistência à compressão O ensaio de resistência à compressão foi realizado conforme NBR 5739 (ABNT, 2018), em uma prensa hidráulica analógica da marca AMSLER, com capacidade para 100 toneladas e velocidade de aplicação de carga de 0,45 MPa/s. Os corpos de prova foram retificados com um disco diamantado em uma retífica de eixo horizontal, para uniformizar a superfície de aplicação da carga. Foram rompidos 3 corpos de prova por idade de ensaio (28 dias e 90 dias), sendo que aos 90 dias foram rompidos tanto os corpos de prova que não sofreram ciclos de agressividade, como aqueles que sofreram. O resultado foi apresentado em MPa através da média dos três corpos de prova ensaiados, em conjunto com seu respectivo desvio padrão. 3.6.7 Resistência à flexão O comportamento à flexão foi analisado seguindo as propostas da C 1185 - 03 (ASTM, 2003), RILEM 49 TRF (1994) e NBR 5738 (ABNT, 2015). Os corpos de prova foram confeccionados com dimensões 100 mm x 100 mm x 400 mm, e entalhados conforme mostra 66 a Figura 23, que além das dimensões do corpo de prova, também mostra a posição do entalhe e local de aplicação da carga, representada pela letra F. Figura 23 – Esquema do ensaio de tração na flexão Fonte: adaptado da NBR 5738 (ABNT, 2015). Os entalhes foram realizados na lateral dos corpos de prova através de corte com serra mármore, respeitando a distância entre o fundo do entalhe e o topo do corpo de prova (hsp) com 83 ± 1 mm, como mostra a Figura 24 (a). O resultado do entalhe no corpo de prova pode ser verificado na Figura 24 (b). 67 Figura 24 – Medição da distância hsp dos corpos de prova (a); entalhe no corpode prova (b). (a) (b) Fonte: autora (2021). Os testes de flexão em três pontos foram realizados em uma prensa hidráulica da marca TecQuipment Ltda, com capacidade de 10 toneladas, ilustrada na Figura 25 (a). O extensômetro acoplado na prensa pode ser visto na Figura 25 (b). 68 Figura 25 – Prensa utilizada na pesquisa (a) e extensômetro da prensa (b). (a) (b) Fonte: autora (2021). Todos os cálculos para determinar a resistência máxima à flexão dos CRF foram feitos de acordo com a C 1185 - 03 (ASTM, 2003), através da Equação 3. 𝑅 = 3 𝑃𝐿 2 𝑏𝑑² Eq. 3 Em que: R = resistência à flexão, MPa; P = carga máxima, N; L = comprimento do vão, mm; b = largura do corpo de prova, mm; e d = espessura do corpo de prova, (mm). Já a capacidade de absorção de energia estática na flexão dos compósitos foi verificada de acordo com RILEM 49 TRF (1994), que propõe que a tenacidade é a área abaixo do gráfico carga versus deflexão, até o nível de carga de 40% da carga máxima (de pico) no trecho descendente, como mostra a Figura 26. Foram rompidos 6 corpos de prova para cada traço, aos 93 dias, sendo que 3 corpos de prova passaram por cura úmida, e o restante sofreu ciclos de molhagem e secagem. 69 Figura 26 – Exemplo do cálculo da tenacidade. Fonte: RILEM (1994). 3.6.8 Microscopia Eletrônica de Varredura - MEV A microestrutura dos CAA produzidos foi avaliada pela microscopia eletrônica de varredura (MEV), com o intuito de analisar a interação e aderência entre fibras adicionadas e a matriz cimentícia, bem como verificar o estado das fibras adicionadas após os ciclos de agressão. As imagens geradas neste ensaio são oriundas de um feixe contínuo de elétrons focalizado, que varre a superfície da amostra. Esses elétrons interagem com o material e, assim, através de um detector presente no equipamento, é possível analisar as energias dos elétrons, que são interpretadas pelo equipamento e, com isso, geram imagens com alta definição. O equipamento utilizado neste ensaio foi da marca TESCAN, modelo Veja 3. A Figura 27 mostra o equipamento utilizado, bem como o tratamento realizado com ouro nas amostras. 70 Figura 27 - Equipamento utilizado no ensaio de MEV (a); metalização das amostras (b). (a) (b) Fonte: autora (2021). Como o objetivo foi verificar apenas a interação entre matriz cimentícia e fibra, sem observar possíveis reações químicas nos corpos de prova, o ensaio foi feito sem espectroscopia por energia dispersiva (EDS). 71 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Caracterização dos materiais A caracterização física dos agregados areia natural, agregado reciclado e brita, foi realizada através do ensaio de granulometria NM 248 (ABNT, 2003), gerando assim suas curvas granulométricas representadas na Figura 28. Delas foi possível determinar o módulo de finura e diâmetro máximo do agregado, cujos valores estão indicados também na Tabela 10. Figura 28 – Granulometria dos agregados. Fonte: elaborado pela autora (2021). A massa específica do cimento foi determinada com o intuito de calcular o seu consumo por metro cúbico de concreto. Além da massa específica, foram calculados a massa unitária e o índice de finura afim de complementar as características físicas deste material, e os resultados podem ser vistos na Tabela 10. Foram realizados também os ensaios para determinar as massas específicas e unitárias dos agregados através das normas NM 52 e NM 53 (ABNT, 2009), que também estão indicados na Tabela 10. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 0,01 0,1 1 10 100 % q u e p as sa Diâmetro das partículas (mm) Brita AR Agregado miúdo 72 Tabela 10 – Massa específica, massa unitária e Dmáx dos agregados, e módulo de finura e índice de finura do cimento. Propriedade Material Unidade Areia AR Brita Cimento Massa específica 2,632 2,610 2,612 3,025 g/cm³ Massa unitária no estado solto 1,513 1,363 1,410 - g/cm³ Massa unitária no estado compactado - - 1,448 - g/cm³ Diâmetro máximo 1,18 1,18 9,50 - mm Módulo de Finura 1,28 1,75 5,80 - - Índice de Finura - - - 1,78 % Fonte: elaborado pela autora (2021). 4.2 Propriedades das argamassas e dos CAAs no Estado Fresco 4.2.1 Estudo de argamassas Os resultados dos espalhamentos de todas as argamassas obtidos podem ser visualizados na Tabela 11. 73 Tabela 11 – Espalhamento das argamassas estudadas. Mistura Espalhamento (mm) Aditivo (%) Fibra (%) REF1 230 0,30 - REF2 270 0,35 - REF3 310 0,40 - REF4 330 0,52 - RCD1 303 1,49 - RCD2 245 1,49 - RCD3 235 1,49 - RCD4 192 1,49 - RCD_ADT1 255 1,55 - RCD_ADT2 290 1,60 - RCD_ADT3 290 1,63 - RCD_ADT4 305 1,65 - RCD_ADT5 300 1,70 - RCD_ADT6 299 1,80 - RCD_AÇO 288 1,70 0,50 RCD_AÇO2 286 1,70 0,75 RCD_AÇO3 258 1,70 1,00 RCD_AÇO4 270 1,80 1,00 RCD_PE1 290 1,70 0,50 RCD_PE2 290 1,70 0,75 RCD_PE3 295 1,70 1,00 RCD_PE4 295 1,80 1,00 Fonte: elaborado pela autora (2021). É possível visualizar que pequenos incrementos de SP acarretam grande aumentos no espalhamento das composições de argamassa com agregado miúdo natural (REF), ao aumentar o teor de SP de 0,3% para 0,5% das amostras REF1 e REF4, o espalhamento aumentou 45%. Esse comportamento já é bastante conhecido devido a dispersão das partículas de cimento e inibição de sítios reativos promovida pelo SP a base de policarboxilato. As 12 argamassas que apresentaram espalhamento dentro do limite proposto, entre 260 mm e 300 mm, podem ser verificadas na Figura 29. 74 Figura 29 – Resultados dos espalhamentos das argamassas Fonte: elaborado pela autora (2021). Em relação ao índice de espalhamento relativo (Gm), os resultados obtidos podem ser observados na Figura 30, em que se verificam 12 traços dentro dos parâmetros determinados. Figura 30 – Gm X Espalhamento Fonte: elaborado pela autora (2021). Todas as argamassas que obtiveram valores de Gm dentro do intervalo selecionado apresentaram resultados semelhantes aos mostrados na Figura 29, o que era esperado uma vez 75 que este índice depende basicamente do espalhamento das argamassas. Todas as argamassas com adição de fibras de polietileno apresentaram espalhamento entre 260 mm e 300 mm e Gm dentro do intervalo, contudo a mistura RCD_PE3, com 1% de adição, apresentou leve aglomeração de fibras, como pode ser visto na Figura 32 (e). As argamassas com teores de adição de fibras de aço de 0,5% e 0,75% apresentaram Gm dentro do intervalo fixado, porém com o aumento de adição para 1% ocorreu forte segregação da fibra, como pode ser verificado na Figura 34 (d), além de redução no espalhamento, o que demonstra que a fibra de aço reduz a fluidez da argamassa. A Figura 31 mostra o aspecto das argamassas selecionadas para realizar a mistura em CAA. Nota-se que há ausência de segregação e exsudação em todas as misturas. Figura 31 - Aspecto das argamassas selecionadas: REF2 (a), RCD_AÇO2 (b), RCD_PE2 (c) e RCD_ADT5 (d). Fonte: autora (2021). Na Figura 32 é possível verificar as misturas REF4(a), RCD4(b), RCD_ADT1(c), RCD_AÇO3(d) e RCD_PE3(e), demonstrando exemplos do aspecto das argamassas que não 76 foram selecionadas pelos critérios de espalhamento (260 mm a 300 mm) e de Gm (entre 6 e 8). Percebe-se que ocorreu exsudação na argamassa REF4(a), aparências ásperas nos traços RCD4 (b) e RCD_ADT1 (c), indicando muitos finos e pouco aditivo SP respectivamente, e aglomerado de fibras na mistura RCD_AÇO3 (d) e RCD_PE3 (e). Figura 32 - Aspecto das argamassas não selecionadas: REF4 (a), RCD4 (b), RCD_ADT1 (c), RCD_AÇO3 (d) e RCD_PE3 (e). Fonte: autora (2021). Portanto, após a análisedos dados, bem como análise visual, optou-se por utilizar os traços que atendessem a todas os parâmetros determinados. A Tabela 12 mostra os traços selecionados e as suas características. Tabela 12 - Características finais dos traços escolhidos Mistura argamassa Mistura correspondente ao CAA Aditivo (%) Espalhamento (mm) t200 (s) Gm REF2 REF 0,35 270 0,72 6,16 RCD_ADT5 RCD 1,7 300 1,92 8,00 RCD_AÇO2 AÇO 1,7 286 2,18 7,12 RCD_PE2 POLI 1,7 290 1,86 7,41 Fonte: elaborado pela autora (2021). 77 4.2.2 Propriedades dos CAAs no estado fresco Para verificar a autoadensabilidade dos concretos, os ensaios de caracterização dos concretos autoadensáveis previstos na NBR 15823 (ABNT, 2017) foram realizados. Pelo ensaio do slump flow test descrito na NBR 15823 – parte 1 (ABNT, 2017) é possível determinar o espalhamento e classificá-lo de acordo com a média dos valores obtidos por traço. A Figura 33 mostra o valor médio dos espalhamentos de cada traço, e com isso é possível verificar que os traços AÇO, POLI e RCD apresentaram classificação SF2, com espalhamento médio apropriado para a maioria das aplicações em concreto armado, enquanto o traço REF apresentou classificação SF3. Figura 33 – Espalhamento dos CAA adquiridos pelo slump flow test. Fonte: elaborado pela autora (2021). Apesar de ter sido classificado como SF3, o traço REF apresentou boa estabilidade visual, conforme mostra a Figura 34. Vale salientar que o traço REF não possui adição de fibras em sua composição, nem substituição de areia natural por AR, o que justifica seu espalhamento maior em comparação com os outros traços em estudo. Segundo a NBR 15823 – 1 (ABNT, 2017), esse concreto pode ser utilizado em estruturas com alta densidade armaduras e / ou estruturas com formas arquitetônicas complexas, com o uso de concreto com agregado graúdo de pequenas dimensões (9,5 mm). Os traços com adição de fibras – AÇO e POLI – apresentaram espalhamentos menores que o traço de referência REF. Esse resultado já era esperado, uma vez que o atrito entre as fibras e os agregados graúdos reduzem a capacidade de mobilidade dos agregados graúdos 788,33 755,67 750,00 720,27 0,87 4,01 3,52 3,35 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 550,00 600,00 650,00 700,00 750,00 800,00 850,00 REF AÇO POLI RCD E sp al h am en to ( m m ) Slump flow T500 SF1 SF2 SF3 V S 1 V S 2 T 5 0 0 ( s) 78 contidos no concreto autoadensável devido sua massa específica elevada e formato. Além disso, as macrofibras de polietileno possuíam comprimento três vezes maior que o diâmetro máximo do agregado graúdo (9,5 mm), o que também contribui significativamente no aumento da resistência ao movimento dos agregados graúdos no concreto, conforme também observado no estudo de Figueiredo (2011). Esses resultados foram semelhantes aos de outros autores (ALABDULJABBAR et al.,2019, PEŠIĆ et al., 2016), em que a adição de fibras metálicas e sintéticas reduziram o espalhamento dos concretos. O espalhamento do traço RCD foi cerca de 8,6% menor que o espalhamento do traço REF. Isso se deu pelo fato de o AR possuir maior porosidade do que o agregado natural, graças às camadas aderidas de argamassa velha na superfície desses agregados. Essas camadas aumentam a absorção de água desses agregados, demandando maior consumo de água para manter a trabalhabilidade do CAA quando comparado à concretos sem AR. Esse resultado está de acordo com estudos de Kou e Poon (2009), em que houve queda de espalhamento do CAA com a substituição total de agregado miúdo por AR. A segunda característica analisada no estado fresco foi em relação à viscosidade dos concretos autoadensáveis produzidos através do tempo de escoamento no slump flow, o t500. A Figura 35 mostra esses resultados, que demonstram que o traço REF foi classificado como VS1, enquanto os demais traços foram classificados como VS2. Os valores maiores do t500 para as misturas AÇO, POLI e RCD se dão por causa da maior absorção de água característica do AR presente nessas composições, que reduzem a água presente no concreto, aumentando a fricção entre as partículas do concreto, além da mobilidade reduzida graças à presença das fibras, no caso dos traços AÇO e POLI. O índice de estabilidade visual pode ser verificado na Figura 34. Todos os traços foram classificados com IEV-0, uma vez que não se observou indícios de segregação e exsudação, bem como foi possível observar a presença de agregados até a borda da circunferência formada pelos CAA. 79 Figura 34 – Índice de estabilidade visual dos traços analisados. Fonte: elaborado pela autora (2021). Portanto, verificou-se que todos os concretos produzidos atingiram os requisitos normativos para serem caracterizados como concretos autoadensáveis, comprovando assim que suas características no estado fresco são pertinentes a esse tipo de concreto. 4.3 Propriedades dos CAAs no Estado Endurecido Neste tópico serão abordados os resultados dos ensaios realizados nos concretos autoadensáveis no estado endurecido. Serão analisados os impactos da adição das fibras de aço e de polietileno nas propriedades mecânicas desses compósitos, comparando as amostras que foram curadas de forma submersa em água com aquelas que sofreram ciclos agressividade de cloretos. Em seguida, serão discutidos pontos relacionados à presença dos íons cloreto, com ênfase nos efeitos que este agente agressivo pode causar nas fibras incorporadas aos concretos, 80 levando e consideração a condição de exposição ao qual as amostras foram submetidas como forma de agredi-as de modo acelerado, de acordo com a Figura 16. 4.3.1 Análise das massas específicas As massas específicas foram obtidas de acordo com a NBR 9778 (ABNT, 2005) nas idades de 28 dias e 90 dias, ou seja, antes e após os ciclos de agressividade com cloretos. A Figura 35 apresenta os valores encontrados. Figura 35 – Massas específicas no estado endurecido dos CAA antes e após os ciclos de agressividade com íons cloretos. Fonte: elaborado pela autora (2021). Percebe-se que há uma uniformidade no comportamento de todas as misturas, tanto antes como após os ciclos de agressividade. Percebe-se também que houve pouca variação das massas específicas entre traços e um leve aumento da massa específica na idade mais avançada (90 dias), o que já é esperado pois com o avanço da idade, os concretos conseguem desenvolver os produtos de hidratação, reduzindo os poros e tornam-se mais compactos. Essa pequena variação das massas específicas entre os traços mostra a similaridade dos agregados miúdos utilizados, no caso, areia natural e areia reciclada, bem como também demonstra que a presença das fibras e os ciclos de agressividade de cloretos não foram fatores determinantes para modificação das massas específicas das misturas. 4.3.2 Índice de vazios e absorção de água por imersão 2,55 2,59 2,59 2,65 2,56 2,61 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 28 90 28 90 28 90 M as sa e sp ec íf ic a (g /c m ³) Idade (dias) 28 28 28 RCD AÇO POLI 81 O índice de vazios e a absorção de água por imersão são duas propriedades que são interligadas e por isso, podem ser analisadas em conjunto. Como o índice de vazios e a absorção por imersão são propriedades que avaliam a dificuldade da água de penetrar na estrutura porosa dos concretos, foi decidido apresentá-las em conjunto. A Figura 36 mostra os valores dos índices de vazios e da absorção por imersão nos concretos aos 28 dias. É notório que o traço RCD obteve menores valores dessas propriedades em comparação com os traços AÇO e POLI. Isso se dá por causa da tendência de incorporação de ar causada pela adição de fibras nesses traços, o que não houve no traço RCD. Além disso, a fibra de aço possui menor comprimento (30 mm) que a fibra depolietileno (40 mm), e por isso o traço POLI apresentou maior índice de vazios e maior absorção por capilaridade. Figura 36 – Índice de vazio e absorção por capilaridade das amostras. Fonte: elaborado pela autora (2021). Os resultados encontrados corroboram com as análises realizadas por diversos pesquisadores, como Söylev e Özturan (2014) e Frazão et al. (2015), em que a porosidade e a absorção por imersão de água das misturas aumentou com a adição de fibras. 4.3.3 Análise das resistências à compressão A Figura 37 mostra o comportamento da resistência à compressão aos 28 com cura úmida e aos 90 dias com ciclos de agressividade. O valor apresentado no gráfico é resultado de 1 0 ,9 % 1 1 ,7 % 1 4 ,3 % 4,8% 5,1% 6,5% 0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 0,0% 4,0% 8,0% 12,0% 16,0% 20,0% RCD AÇO POLI A b so rç ão p o r im er sã o ( % ) Ín d ic e d e v az io s (% ) Índice de vazios Absorção por imersão 82 uma média de três corpos de prova e os coeficientes de variação das misturas ficaram abaixo de 10%. Figura 37 – Resistência à compressão axial dos traços em cura úmida aos 28 dias e após ciclos de agressividade aos 91 dias. Fonte: elaborado pela autora (2021). Como pode ser verificado na Figura 37, todos os traços apresentaram o mesmo comportamento, com valores menores de compressão aos 28 dias e maiores aos 90 dias de idade. Helene (1984, apud VIEIRA FILHO, 2007, p. 99) mostra que para concretos com cimento CPII – F e fator água / cimento de 0,48, sem adições minerais, o ganho de resistência à compressão aos 91 dias em comparação à resistência aos 28 dias pode chegar a 18%. No caso, o traço RCD e POLI apresentaram aumentos tímidos de 4% e 2%, respectivamente, o que pode ser atribuído ao aumento de resistência mecânica natural dos materiais cimentícios entre as idades de 28 e 91 dias. Já o traço REF apresentou aumento de 18,2%, e o traço RCD, 3,98%. Fraternali et al. (2011), Oliveira e Castro-Gomes (2011) e Hasan et al. (2011) mostram resultados semelhantes aos encontrados quando adicionado fibra sintética de tereftalato de polietileno nos compósitos, resultando em baixos ganhos de resistência quanto à compressão com o avanço da idade destes. Contudo, Yin et al. (2015) explicam que as amostras com fibras sintéticas não metálicas apresentam modo de falha mais dúctil e um desempenho estrutural pós- falha, o que é atribuído à capacidade das fibras de distribuir tensões e desacelerar o processo de propagação de trincas. A Figura 38 mostra os corpos de prova das misturas RCD, POLI e AÇO após a ruptura, corroborando com o que foi apresentado por Yin et al. (2015). 35,7 40,2 35,5 37,3 42,2 41,8 39,8 38,1 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 REF RCD AÇO POLI T en sã o ( M P a) 28 dias 90 dias com cloretos 83 Figura 38 – Aspecto da ruptura à compressão dos corpos de prova dos traços (a) REF; (b) RCD, (c) AÇO, e (d) POLI. Fonte: elaborado pela autora (2021). Já o aumento de resistência da mistura AÇO entre as idades de 28 dias e 90 dias mostrou maior relevância, com cerca de 12%. Outros autores também apresentaram conclusões similares em CAA, como Mohamed et al. (2013), Mastali e Dalvand (2016), Zeyad (2020) e Alabduljabbar et al. (2019), em que, neste último, a adição de fibras de aço em 1% em fração (a) (c) ) (d) (b) 84 volumétrica nos CAA sem adição mineral resultou em um aumento de 14,5% na resistência à compressão dos compósitos, aos 90 dias. Comparando os traços entre si, a resistência à compressão dos traços AÇO e POLI, que possuem fibras em sua composição, foram menores em relação aos traços REF e RCD em ambas as idades. Esse pode ser resultado da maior incorporação de ar que a adição de fibras causa nos concretos autoadensáveis, o que foi constatado e pode ser visualizado na Figura 36. Contudo, como o coeficiente de variação dos resultados à compressão foram menores que 10%, aos 90 dias é possível concluir que os concretos apresentaram resultados à compressão semelhantes. 4.3.4 Análise das resistências à flexão As resistências à flexão dos compósitos podem ser visualizadas na Figura 39, que mostra aumento da resistência à flexão nos corpos de prova que passaram por ciclos de agressividade de cloretos. Verifica-se que o ciclo de molhagem e secagem em cloreto e o aumento da idade provocaram aumento nas resistências à flexão das amostras de 17,9%, 22,5% e 22,2% para os traços RCD, AÇO e POLI, respectivamente. Esse aumento, como dito anteriormente, está relacionado com o ganho de resistência com o avanço da idade. Figura 39 – Resultados de resistência à flexão dos compósitos. Fonte: elaborado pela autora (2021). O comportamento dos compósitos à flexão pode ser visualizado através dos gráficos força versus deslocamento mostrado na Figura 40. É possível verificar que o traço RCD 2,79 3,29 3,60 4,41 2,84 3,47 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 90 dias sem ciclo 90 dias com ciclo R es is tê n ci a à fl ex ão ( M P a) RCD AÇO POLI 85 apresentou comportamento frágil, com ruptura abrupta e pouca deformação, o que é esperado de concretos sem reforço de fibras em sua composição. Figura 40 – Gráfico tensão versus deslocamento dos compósitos após cura úmida de 90 dias. Fonte: elaborado pela autora (2021). O traço com fibras de aço apresentou maior resistência residual pós pico característico de concretos reforçados com esse tipo de fibra. Comparando a mistura RCD com AÇO, houve um aumento de 29% na carga máxima resistida para amostras que passaram por cura úmida, e 34% nas amostras que passaram por ciclos de cloretos. O aumento de resistência à flexão dos concretos reforçados com fibras de aço corrobora com os resultados de outros pesquisadores (MASTALI e DALVAND, 2016, PAJĄK e PONIKIEWSKI, 2013). O traço com fibras de polietileno (POLI) apresentou maiores deslocamentos e ruptura controlada em comparação com o traço RCD, porém a carga de pico do traço POLI mostrou-se semelhante ao traço RCD. Isso demonstra que a adição de uma fração volumétrica de 0,75% de macrofibras de polietileno não foi efetiva para aumentar de forma significativa a resistência à flexão do compósito. Este resultado está de acordo com pesquisas anteriores (Pešić et al, 2016, Fraternali et al., 2011). Yin et al. (2015) afirmam que o comportamento à flexão dos compósitos com macrofibras sintéticas é dominado pelas propriedades da matriz cimentícia, o que justifica valores tão próximos de resistência à flexão entre as misturas POLI e RCD. 320,7 413,8 325,9 0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0 350,0 400,0 450,0 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 T en sã o ( M P a) Deslocamento δ (mm) RCD s/ ciclo (kN) AÇO s/ ciclo (kN) POLI s/ ciclo (kN) 86 Apesar das fibras de polietileno apresentarem maior comprimento (40 mm) em comparação à fibra de aço (30 mm), isso leva ao raciocínio de que a fibra de PE, por ter maior área de contato com a matriz cimentícia e pela transferência de tensões da matriz para essa fibra ocorrer por atrito mecânico, a fibra de PE pode proporcionar desempenho melhor quanto ao aumento da resistência à flexão. Contudo, ao utilizar fibras com comprimentos maiores e mesma fração volumétrica que fibras menores, consequentemente há uma redução da quantidade de fibras por área capaz de interceptar as fissuras. O mesmo resultado ocorre quando há o aumento do diâmetro das fibras. Desta forma, as fibras de PE, apesar de possuírem a mesma razão de aspecto (λ = 50) que as fibras de aço, possuem maior comprimento (L = 40 mm) e diâmetro (d = 0,8 mm) que as fibras de aço (L = 30 mm e d = 0,6 mm), o que faz com que exista maior quantidade de fibras de aço no CAA que fibras de PE, com a mesma fração volumétrica, nos dois traços. Essadiferença de quantidade de fibras no CAA aliado a natureza dos materiais constituintes dessas fibras, levam ao aumento da resistência à flexão do compósito com fibras de aço, e justifica os valores apresentados. Além disso, as fibras flexíveis, no caso, as de polietileno, ao serem solicitadas necessitam retificar, e, com isso, a abertura da fissura aumenta, ocasionando uma ruptura brusca momentaneamente, o que não ocorre com a fibra rígida (aço). O comportamento à flexão dos compósitos após os ciclos de agressividade pode ser verificado na Figura 41. É notório que o comportamento de todas as misturas que sofreram ciclos de agressividade de cloretos foi bem semelhante ao comportamento das misturas que permaneceram em cura úmida pelo mesmo período, porém as misturas que sofreram os ciclos apresentaram maior capacidade de carga. 87 Figura 41 - Gráfico tensão versus deslocamento dos compósitos após ciclos de cloretos. Fonte: elaborado pela autora (2021). Para verificar a ductilidade das amostras com e sem ciclos de cloretos, foi necessário analisar a tenacidade dos compósitos como forma de absorção de energia. A tenacidade foi determinada através da área sob a curva do gráfico tensão versus deslocamento, até o valor de 40% da carga máxima suportada pelos corpos de prova, conforme determinado por RILEM 49 TRF (1994). A Figura 42 mostra os resultados da tenacidade das misturas. Figura 42 – Tenacidade das amostras com e sem ciclos de cloreto. Fonte: elaborado pela autora (2021). 377,6 506,9 398,3 0 100 200 300 400 500 600 0 1 2 3 4 5 T en sã o ( M P a) Deslocamento δ (mm) RCD c/ ciclo (kN) AÇO c/ ciclo (kN) POLI c/ ciclo (kN) 2,76 1,08 9,34 9,63 5,54 4,99 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 90 dias sem ciclo 90 dias com ciclo T en ac id ad e (J ) RCD AÇO POLI 88 Os resultados mostram que a adição de fibras de aço ou polietileno aumenta a capacidade de absorção de energia estática na flexão dos compósitos. Isso se deve ao fato de as fibras atuarem como pontes de tensão, e quando a matriz cimentícia é solicitada, esta transfere as cargas para as fibras, evitando a propagação de fissuras no compósito e, consequentemente, aumentando a capacidade de absorção de energia deste material. A mistura AÇO apresentou a maior tenacidade dentre os traços analisados. As fibras de aço aumentaram a tenacidade do compósito em 3,4 vezes a tenacidade da mistura RCD nas amostras em cura úmida, e 8,9 vezes nas amostras com ciclos de agressividade. Os resultados encontrados da mistura AÇO mostram o grande potencial de aumento de tenacidade que as fibras de aço possuem. Além de criarem as pontes de tensão, evitando a propagação de fissuras nos compósitos, as fibras de aço possuem boa aderência à matriz cimentícia e alto módulo de elasticidade. Ambas as características têm papel fundamental na contribuição para o aumento da resistência à flexão dos compósitos. A mistura POLI, apesar de ter apresentado resistência à flexão muito próxima da mistura RCD, apresentaram maiores tenacidades, no geral. Nas amostras que passaram por cura úmida, a mistura POLI apresentou o dobro da tenacidade da mistura RCD, e nas amostras que passaram por ciclos de cloretos, esse aumento foi em 4,6 vezes. Apesar de não ter mostrado aumento direto no valor da resistência à flexão, a adição das fibras de polietileno retardou a propagação de fissuras, atrasando o colapso brusco das amostras, já que quando o concreto falha, a carga é transmitida às fibras, evitando o colapso abrupto (FOTI, 2011). Oliveira e Castro-Gomes (2011) afirmam que o principal benefício da adição de macrofibras sintéticas não metálicas em concretos é a melhora na ductilidade na região pós-fissuração e na tenacidade à flexão dos concretos, já que as fibras sintéticas possuem baixo módulo, porém com alta capacidade de absorção de energia (YIN et al., 2015). 4.3.5 Análise da profundidade de penetração de cloretos Foram analisadas as profundidades de penetração de cloretos nas misturas com o intuito de observar os efeitos desses íons nas fibras, bem como na durabilidade desses concretos. A Figura 43 mostra a profundidade de penetração de cloreto de todos os traços produzidos. 89 Figura 43 – Profundidade de penetração dos cloretos nas misturas. Fonte: elaborado pela autora (2021). Como esperado, todas as misturas não apresentaram frente de cloretos aos 28 dias iniciais, uma vez que durante este período os corpos de prova estavam submetidos à cura submersa. Pela Figura 45 é possível constatar que os traços AÇO e POLI apresentaram penetração de cloretos menor que no traço RCD, apesar deste traço ter apresentado menor porosidade através dos ensaios de índice de vazios e absorção por imersão, o que indica que as fibras influenciaram positivamente o não avanço da penetração dos íons cloreto. Isso pode ser atribuído ao bloqueio dos poros do cimento com a inclusão das fibras, o que está de acordo com o estudo de Behfarnia e Behravan (2014). O resultado apresentado na Figura 43 pode ser verificado visualmente na Figura 44, que mostra a evolução da frente dos íons cloreto nos traços estudados. Vale salientar que a região que apresenta a cor cinza arroxeada indica presença de cloretos no concreto. 0 1 0 ,0 0 1 9 ,8 0 2 1 ,0 0 0 9 ,6 0 1 7 ,0 0 2 0 ,6 0 0 8 ,0 0 2 2 ,0 0 2 3 ,6 0 0 5 10 15 20 25 30 28 60 80 90 P en et ra çã o ( m m ) Idade (dias) AÇO POLI RCD 90 Figura 44 – Frente de cloretos nos traços com ciclos de agressividade. Fonte: autora (2021). 4.3.6 Difusão de íons cloreto através da migração em regime não estacionário O ensaio de difusão de íons cloreto por migração em regime não estacionário possibilita analisar a penetração dos cloretos em concretos que não sofreram ciclos de agressividade, sendo que é considerado um ensaio com velocidade acelerada, já que em apenas 24 horas já é possível a leitura dos resultados (em alguns casos), e a penetração dos íons cloreto ocorrem de forma forçada através da passagem de corrente elétrica. A penetração forçada dos cloretos deve acontecer apenas em uma única direção (no caso, de baixo para cima), e, portanto, nas regiões laterais dos provete, onde estes estão em contato com a manga de borracha, foi aplicado previamente silicone afim de impermeabilizar a região. Após o rompimento no sentido diametral do provete, é possível, através da aplicação de nitrato de prata, medir a profundidade da penetração através do precipitado do cloreto de prata. A Figura 45 mostra o corpo de prova rompido diametralmente. AÇO AÇO RCD RCD POLI POLI 3º ciclo 8º ciclo 91 Figura 45 – Provetes rompidos diametralmente para ensaio colorimétrico. Fonte: autora (2021). Esse ensaio foi realizado apenas em corpos de prova com 90 dias de cura submersa, uma vez que os corpos de prova que passaram pelos ciclos de agressividade com NaCl sofreram penetração de íons cloreto no sentido radial do corpo de prova, como pode ser visto na Figura 47. Como a penetração forçada nos provetes causada pelo ensaio de difusão está no sentido longitudinal do corpo de prova original, ao aspergir o nitrato de prata não é possível determinar a origem do cloreto encontrado, ou seja, se ele penetrou por difusão ou se penetrou devido a condição do ciclo, reduzindo a confiabilidade dos resultados. A Figura 46 mostra os coeficientes de difusão de íons cloretos das amostras analisadas. 92 Figura 46 – Coeficientes de difusão de íons cloreto das amostras. Fonte: elaborado pela autora (2021). Percebe-se que o coeficiente de difusão de íons cloreto foi maior nos concretos com fibras (AÇO e POLI) do que no traço sem fibras (RCD), o que indica que os concretos com fibras possuemmenor resistência à penetração dos cloretos que o concreto sem fibra, indicando também sua maior permeabilidade. Como visto em resultados anteriores, os concretos dos traços AÇO e POLI apresentaram maior porosidade aberta, o que justifica o maior coeficiente de difusão nesses traços. Além disso, a presença das fibras de aço influencia diretamente na difusidade dos concretos. Afroughsabet et al. (2017) verificaram que por se tratar de um experimento relacionado a uma corrente que passa da superfície do concreto, a presença de elementos condutores, como as fibras de aço, aumentaram significativamente a difusividade de cloretos das misturas analisadas: a difusividade dos cloretos dos concretos reforçados com fibras de aço foi até 101% maior que a do concreto de referência pela adição de 1,0% de fibra de aço. É possível também verificar os resultados apresentados visualmente através da observação dos provetes após rompimento diametral e aspersão de nitrato de prata, como mostra a Figura 47. A penetração de cloretos nas misturas POLI e RCD são muito semelhantes, enquanto a mistura AÇO apresenta maior frente de cloretos. 15,4 11,7 10,7 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 AÇO POLI RCD C o ef ic ie n te d e d if u sã o d e ío n s cl o re to (1 0 -1 2 m ²/ s) Concretos aos 90 dias de cura submersa 93 Figura 47 – Provetes após aspersão de nitrato de prata. Fonte: autora (2021). O efeito das fibras sintéticas na resistência à penetração de cloretos do concreto tem sido investigado por diversos pesquisadores. Os resultados dos testes de alguns pesquisadores (AFROUGHSABET et al.; 2017, YEHIA et al.; 2016, RAMEZANIANPOUR et al.; 2013, KAKOOEI et al.; 2012) mostraram que a adição de fibra sintética no concreto levou a um aumento na resistência à penetração de cloreto do concreto, enquanto outros pesquisadores (SÖYLEV e ÖZTURAN; 2014, SADRINEJAD et al.; 2018) relataram resultados opostos, os quais obteve-se uma redução na resistência do concreto à penetração de cloretos. Em relação às fibras de aço, verificou-se que com o avanço do ensaio, a solução catódica começou a apresentar uma coloração laranja / avermelhada, que foi ficando mais presente no decorrer do ensaio, e que pode ser visto na Figura 48. A superfície dos provetes também apresentou manchas da mesma cor, como mostra a Figura 49. 94 Figura 48 – Coloração da solução catódica com (a) 1 hora de ensaio, e (b) 24 horas de ensaio. (a) (b) Fonte: autora (2021). S. Teng et al. (2018), Afroughsabet et al. (2017) e Frazão et al. (2019) apresentaram resultados semelhantes, e citaram que essa coloração é indício de material corroído, causado pelo acúmulo de íons cloreto na interface fibra / pasta, que deteriora a película protetora de óxido das fibras de aço, deixando-as mais vulneráveis à corrosão. 95 Figura 49 – Coloração superficial dos provetes do traço AÇO após finalização do ensaio. Fonte: autora (2021). As fibras de aço, após rompimento, apresentaram leve corrosão na região onde os cloretos penetraram (Figura 50), porém não foi suficiente para desenvolver fissuras visíveis nos corpos de prova. O ensaio foi feito de acordo com a LNEC E463 (LNEC, 2004), que indicou o período de 24 horas de ensaio, de acordo com o tamanho dos provetes. Para que ocorra maior concentração de cloretos no concreto, e com isso, a maior penetração deste agente agressivo, faz-se necessário maior tempo de ensaio, forçando a corrosão mais acentuada das fibras (Frazão et al., 2015). 96 Figura 50 – Fibras de aço com leve corrosão após ensaio migração de cloretos. Fonte: autora (2021). 4.3.7 Análise da resistividade elétrica De acordo com a literatura, é possível relacionar a resistividade elétrica com a probabilidade de corrosão das armaduras no concreto armado, podendo ser utilizada como um indicativo da qualidade do concreto analisado uma vez que ela quantifica a resistência do concreto à movimentação dos íons. Esta técnica está relacionada ao ingresso de cloreto porque a presença de cloreto pode aumentar a corrente elétrica e reduzir a resistividade do concreto. A Figura 51 mostra os resultados das resistividades elétricas obtidas nos CAA com 49, 70 e 86 dias de idade, ou seja, no 3º, 6º e 8º ciclos de cloretos, respectivamente. É notório que todos os CAA apresentaram o mesmo comportamento, com valores maiores de resistividade aos 49 dias, redução de resistividade aos 70 dias e pequeno aumento aos 86 dias. 97 Figura 51 – Resistividades elétricas dos traços aos 49, 70 e 86 dias de idade durante os ciclos de cloretos, respectivamente. Fonte: elaborado pela autora (2021). Vale salientar que o traço AÇO apresentou baixíssima variação de resistividade elétrica, bem como o menor valor de resistividade elétrica em todas as idades. Yehia et al. (2016) explica que a elevada condutividade elétrica das fibras de aço diminui a resistividade elétrica dos concretos, ou seja, a condutividade elétrica das fibras de aço é o parâmetro decisivo para a medição de resistividade, em vez do sistema de poros capilares. Percebe-se também que somente o traço RCD apresentou em todas as medições risco moderado de corrosão, ou seja, com resistividade maior que 10 kΩ.cm, e os traços POLI e AÇO apresentaram risco elevado de corrosão, com valores de resistividade menores que 10 kΩ.cm, de acordo com a classificação indicada pelo boletim técnico europeu CE – COST 509 (1997). É sabido que a conectividade e o tamanho dos poros têm uma influência significativa nas propriedades de transporte do concreto. Quando um concreto possui uma porosidade mais alta e esses poros estão conectados, a corrente elétrica pode ser transportada por íons através dessa rede de poros do concreto, o que, consequentemente, leva a uma resistência elétrica mais baixa. Desta forma, a redução na resistividade dos concretos AÇO e POLI em comparação com o traço RCD mostra que a adição das fibras aumentou a porosidade desses traços, como já mostrado anteriormente, contribuindo para redução das suas resistividades elétrica. Além disso, as medições da resistividade elétrica foram realizadas após a permanência dos corpos de prova submersos na solução salina por 4 dias consecutivos, contribuindo para a saturação dos poros. 98 Esses resultados corroboram com os resultados encontrados por Yehia et al. (2016), Söylev e Özturan (2014) e Afroughsabet et al. (2016). 4.3.8 Análise das fibras em CAA em condições de agressividade Após o rompimento dos corpos de prova à compressão e flexão, foi observado nos traços AÇO e POLI o estado das respectivas fibras após os ciclos de agressividade de cloretos. A Figura 52 mostra as fibras de aço no traço AÇO após o rompimento à compressão. Percebe- se que apesar de apresentar indícios do início de corrosão das fibras na face exterior do corpo de prova através de manchas marrons na sua superfície, as fibras apresentaram corrosão pontual apenas nas pontas das fibras, muito leve e apenas em algumas fibras. Figura 52 – Fibras de aço após rompimento à compressão aos 90 dias após ciclos de agressividade. Fonte: autora (2021). Yehia et al. (2016) afirmam que os concretos que possuem fibras de aço ou fibras híbridas, independentemente da sua compactação e trabalhabilidade, possuem fibras no revestimento das peças de concreto, e no caso das fibras de aço, podem sofrer corrosão, criando manchas acastanhadas na superfície do concreto. Além disso, os autores não encontraram evidências de corrosão internamente ao corpo de prova, mesmo nas regiões onde o cloreto conseguiu penetrar. A Figura 53 mostra esse mesmo comportamento nos corpos de prova 99 submetidos à flexão após os ciclos de agressividade,onde as fibras nas regiões mais externas do corpo de prova não apresentaram nenhum indício de corrosão, como manchas acastanhadas ou redução de sessão da fibra. Figura 53 – Fibras de aço após rompimento à flexão aos 90 dias após ciclos de agressividade. Fonte: autora (2021). Afroughsabet et al. (2016) explica que é amplamente relatado que no caso do concreto reforçado com fibras de aço, a corrosão desta fibra é muito menos severa do que em comparação com o reforço de vergalhões de aço de estruturas de concreto. Já as fibras de polietileno do traço POLI, após rompimento por flexão, aparentaram apenas alongamento característico do material e desgaste da superfície da fibra, como pode ser visto na Figura 54. Como esperado, as fibras de polietileno não sofreram nenhum tipo de corrosão, já que essas fibras são compostas de material hidrofóbico e não metálico. 100 Figura 54 – Fibras de polietileno após rompimento à flexão aos 90 dias após ciclos de agressividade. Fonte: elaborado pela autora (2021). A falha dos compósitos por flexão pode ocorrer por perda de aderência, por ruptura da fibra ou por deslizamento da fibra da matriz. A Figura 55 para o traço AÇO e a Figura 54 para o traço POLI mostram que as superfícies de fratura dos corpos de prova dos compósitos estudados apresentam uma predominância do arrancamento das fibras (pull out), o que pode ser indicado pelos diversos pontos vazios destacados pelos círculos. Anjos et al. (2003) cita que este fenômeno causa aumento na capacidade de absorção de energia na flexão, o que foi confirmado nos ensaios de resistência mecânica e podem ser visualizados na Figura 42. 101 Figura 55 – Superfície de fratura da mistura AÇO. Fonte: autora (2021). Após o rompimento por compressão dos corpos de prova, foi retirada uma amostra do material dos traços que sofreram os ciclos de agressividade para a realização do ensaio de MEV, com o intuito de avaliar o estado das fibras de polietileno e aço, bem como suas interações com a matriz cimentícia. Foi tomado o cuidado de retirar as amostras das regiões mais externas dos corpos de prova, para assim garantir que as amostras possuíam cloretos em sua composição. A Figura 56 mostra as amostras coletadas dos traços AÇO (a) e POLI (b). Vale salientar que as amostras passaram por um processo de metalização com ouro da superfície antes do ensaio, o que justifica a coloração escura da superfície da amostra. Fibras sem indício de rompimento Arrancamento da fibra de aço após rompimento por flexão 102 Figura 56 – Amostras coletadas dos traços AÇO(a) e POLI(b) para o ensaio MEV. (a) (b) Fonte: autora (2021). As fibras de PE geralmente têm uma superfície lisa com uma natureza hidrofóbica que limita sua capacidade de melhorar o desempenho dos compósitos cimentícios (Pakravan, Ozbakkaloglu, 2019). Através das imagens do ensaio de microscopia eletrônica de varredura, presentes nas Figuras 57 e 58 foi possível verificar que a superfície das fibras de polietileno não apresentou sinais detectáveis de deterioração química causada pelos cloretos presentes, e o dano visível parece ser apenas o resultado do atrito entre a matriz cimentícia e a fibra, quando o corpo de prova sofreu a aplicação da carga, visto que as fibras foram arrancadas do concreto quando as amostras romperam. A Figura 57 mostra o estado da superfície da fibra de polietileno após o rompimento do corpo de prova, onde é possível ver a superfície rugosa das fibras. 103 Figura 57 – Imagem da fibra de polietileno após rompimento do corpo de prova obtida no MEV, aumento de 160 vezes. Fonte: elaborado pela autora (2021). A Figura 57, em conjunto com a Figura 58, indicam que as fibras de polietileno apresentaram aderência razoável com a matriz cimentícia, uma vez que é possivel ver partes da matriz cimenticia aderidas na fibra após o rompimento do compósito, e novamente o aspecto rugoso da fibra após o rompimento. Além disso, é possível observar pontos onde houveram afundamento na superfície da fibra. Apesar das fibras terem apresentado aspecto rugoso superficial, o que também foi encontrado na pesquisa realizada por Curosu et al. (2017) e Pešić et al. (2016), este tipo de fibra não adere fortemente ao concreto, e sua ligação à matriz circundante é principalmente mecânica, e por isso, os danos causados na fibra são causados pela fricção devido ao extenso arrancamento, comportamento este que pode ser visualizado na Figura 54. Para utilizar totalmente a resistência à tração das fibras de polietileno e aumentar o comportamento tensão / deformação de um compósito reforçado com essas fibras, Pakravan e Ozbakkaloglu (2019) explicam que a ligação interfacial entre as fibras e a matriz precisa ser aumentada por causa da baixa afinidade entre as fibras de polietileno e os materiais cimentícios, Descamação e rugosidade da superfície da fibra de PE Pedaço da matriz cimentícia incrustada na fibra 104 o que geralmente é realizado com tratamentos dessas fibras com soluções alcalinas, como ácido crômico e plasma de argônio. Figura 58 - Imagem da fibra de polietileno após rompimento do corpo de prova obtida no MEV, aumento de 97 vezes. Fonte: elaborado pela autora (2021). Apesar das fibras de aço sofrerem pull out, a Figura 59 mostra que houve certa aderência à matriz cimentícia dessas fibras. Na superfície das fibras é possível visualizar a argamassa aderida. Contudo, apesar de estar em contato com os íons cloreto, as fibras de aço não apresentaram indícios de corrosão no ensaio MEV, como protuberâncias brancas. As protuberâncias que aparecem na Figura 61 são frações de argamassas aderidas na superfície da fibra. Matriz cimentícia Fibra de PE Pontos de afundamento na fibra Partes da matriz cimentícia aderida 105 Figura 59 – Imagem da fibra de aço no compósito após rompimento do corpo de prova obtida pelo MEV com aumento de 272 vezes (a) e 174 vezes (b). (a) (b) Fonte: elaborado pela autora (2021). Matriz cimentícia Argamassa aderida Fibra de aço 106 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em função dos resultados apresentados e discutidos acerca da resistência à penetração de íons cloreto dos concretos autoadensáveis com substituição de agregado miúdo natural por agregado reciclado de RCD e adição de fibras de aço e polietileno comercial, bem como seus comportamentos à compressão, flexão e tenacidade, seguem as principais conclusões: • O estudo de argamassa permitiu a adequação do traço a ser utilizado para produção dos CAA, o que reduziu gastos com material, mão de obra e tempo. O estudo de argamassa também possibilitou a produção de CAA com classe de espalhamento SF2 e SF3 de acordo com a NBR 15823-1 (ABNT, 2017). • A substituição do agregado miúdo natural por AR tende a reduzir o espalhamento dos CAA, o que demanda maior quantidade de aditivo superplastificante para atingir o espalhamento de mesma classificação do traço com apenas agregado miúdo natural. • A resistência à compressão dos concretos apresentou pequena variação entre traços, com valores acima de 38 MPa aos 90 dias, chegando a 42,2 MPa. Contudo, todos os traços com AR e adição de fibras apresentaram os menores valores, o que indica que a incorporação de ar causada pela adição das fibras foi um fator mais preponderante na redução dessa resistência mecânica do que a substituição do agregado miúdo por AR. Os traços com adição de fibras apresentaram ruptura mais dúctil que os CAA sem fibras. • O traço AÇO apresentou maior resistência à flexão dentre todos os traços analisados, tanto aqueles submetidos a ciclos de agressividade como aqueles que passaram por cura úmida.Já o traço POLI apresentou resistência à flexão semelhante ao traço RCD, o que demonstra que a adição de 0,75% de fibras comerciais de polietileno não foi suficiente para melhorar essa propriedade. Contudo, a ruptura dos corpos de prova desse traço não foi abrupta. • O traço AÇO apresentou a maior tenacidade dentre os traços analisados, uma vez que esse tipo de compósito possui bom comportamento pós fissuração. Já o traço POLI, apesar de não ter apresentado ganhos na resistência à flexão, mostrou boa capacidade de absorção de energia na flexão. • As massas específicas dos concretos apresentaram leve aumento entre as idades de 28 e 90 dias, e valores semelhantes, o que demonstra que a presença das fibras não modificou essa propriedade dos CAA. 107 • O traço RCD apresentou menor índice de vazios e absorção por imersão, seguido pelo traço AÇO e em seguida, POLI, o que evidencia que a adição de fibras aumenta a incorporação de ar no CAA. As fibras comerciais de polietileno possuíam maior comprimento que as fibras de aço, o que contribuiu para que esse traço apresentasse piores resultados. • Os traços AÇO e POLI apresentaram penetração de cloretos menor que no traço RCD, apesar deste traço ter apresentado menor porosidade através dos ensaios de índice de vazios e absorção por imersão, o que indica que as fibras influenciaram positivamente o não avanço da penetração dos íons cloreto. Isso pode ser atribuído ao bloqueio dos poros do cimento com a inclusão das fibras. • O coeficiente de difusão de íons cloreto não acompanhou o comportamento dos CAA que passaram por ciclos de cloretos. O coeficiente de difusão de íons cloretos foi maior nos concretos com fibras (AÇO e POLI) do que no traço sem fibras (RCD), o que indica que os concretos com fibras possuem menor resistência à penetração dos cloretos que o concreto sem fibra, indicando também sua maior permeabilidade, corroborando com os resultados de índice de vazios. • As fibras de aço, após ensaio de difusão de íons cloreto, apresentaram leve corrosão na região onde os cloretos penetraram, porém não foi suficiente para desenvolver fissuras visíveis nos corpos de prova. Essa corrosão foi evidenciada também pela coloração vermelho – alaranjada que a solução catódica apresentou com o decorrer do ensaio. As fibras comerciais de polietileno não apresentaram sinais de degradação química. • O traço RCD apresentou maiores valores de resistividade elétrica dentre os traços estudados, porém mesmo assim mostrou risco moderado de corrosão. Já o traço POLI apresentou resistividade elétrica menor que o traço RCD e risco elevado de corrosão, o que foi atribuído à maior porosidade das amostras desse traço em comparação com o RCD. O traço AÇO mostrou menor resistividade elétrica dentre os traços analisados, com risco de corrosão elevado, causada pela condutividade elétrica das fibras de aço, que se mostrou decisiva na medição deste parâmetro, ao invés da porosidade do compósito. • As fibras de aço do compósito AÇO que passou por ciclos de cloretos apresentaram leve corrosão apenas nas pontas, nas fibras que estavam situadas perto da superfície dos corpos de prova, o que mostrou que a concentração de íons cloretos no compósito, 108 causada pelos ciclos de molhagem e secagem, não foi suficiente para desencadear a corrosão dessas fibras. • O ensaio MEV corroborou com o resultado anteriormente apresentado: as fibras de aço não apresentaram corrosão, bem como as fibras de polietileno não apresentaram sinais de degradação química. Portanto, com base nos resultados obtidos para os concretos autoadensáveis analisados, pode-se concluir que é possível a substituição do agregado miúdo por agregado reciclado de RCD. O acréscimo de fibras de aço para melhorar a resistência à flexão, e a incorporação de fibras de aço e polietileno para aumento da tenacidade também são válidos. Além disso, o avanço da frente de íons cloretos nos traços foram semelhantes. 109 REFERÊNCIAS ABBAS, Safeer; SOLIMAN, Ahmed M.; NEHDI, Moncef L.. Chloride Ion Penetration in RC and SFRC Precast Tunnel Lining Segments. Aci Materials Journal, [S.L.], v. 111, n. 6, p. 613-621, dez. 2014. ABBASS, W.; KHAN, M. I.; MOURAD, S.. Evaluation of mechanical properties of steel fiber reinforced concrete with different strengths of concrete. Construction And Building Materials, [S.L.], v. 168, p.556-569, abr. 2018. ABED, Mohammed; NEMES, Rita; TAYEH, Bassam A.. Properties of self-compacting high- strength concrete containing multiple use of recycled aggregate. Journal Of King Saud University - Engineering Sciences, [S.L.], v. 32, n. 2, p. 108-114, fev. 2020. ABREU, Vilson; EVANGELISTA, Luís; BRITO, Jorge de. 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