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Biodiesel-Monografia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS- CCSA 
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA 
 
 
 
 
 
 
EDLANE MIRELE RODRIGUES DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO DO BIODIESEL: UMA 
ANÁLISE DO IMPACTO NA AGRICULTURA FAMILIAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2018 
 
 
 
 
 
 
EDLANE MIRELE RODRIGUES DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO DO BIODIESEL: UMA ANÁLISE DO 
IMPACTO NA AGRICULTURA FAMILIAR 
 
 
 
 
Monografia de conclusão de curso apresentada 
ao Departamento de Economia da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
como requisito ao título de Bacharel em 
Ciências Econômicas. 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Thales Augusto Medeiros Penha 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal/RN 
2018 
 
 
 
 
 
 
EDLANE MIRELE RODRIGUES DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO DO BIODIESEL: UMA ANÁLISE DO 
IMPACTO NA AGRICULTURA FAMILIAR 
 
 
 
 
 
Monografia de conclusão de curso apresentada 
ao Departamento de Economia da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
como requisito ao título de Bacharel em 
Ciências Econômicas. 
 
 
 
Aprovada em: 04/07/2018 
 
 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Dr. Thales Augusto Medeiros Penha 
Orientador/DEPEC-UFRN 
 
 
__________________________________________ 
Prof. Dr. João Rodrigues Neto 
Examinador/UFRN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esta monografia à minha batalhadora e 
amada mãe. E Por todo o incentivo que ela 
sempre me deu, quanto aos estudos. E ao meu 
amado avô, Valter, que sempre acreditou em 
mim. 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Ao meu bom e generoso, Deus, por nutrir minha fé e esperança. 
À minha família pelos valores, incentivo, força e encorajamento. Em especial à minha amada 
mãe, Ana Patricia, e ao meu querido avô, Valter Barros. 
Ao meu esposo, pela atenção e paciência. 
Ao meu professor e amigo João Rodrigues Neto, por me apresentar (e presentear) a esse tema 
tão encantador, em se tratando das energias renováveis. 
Ao meu querido e paciente orientador, Thales Augusto, por todas as vezes que me ouviu, me 
corrigiu e me guiou por todo o trajeto, até a conclusão desta monografia. 
Deixo registrado, também, meus agradecimentos às minhas queridas e amadas amigas, 
Danielle Rodrigues, Julliana Edwisges, Larissa Regina, Suenya, Elaine Monique e Kaline, 
que tanto me ajudaram, me ouviram e me aconselharam nessa árdua caminhada. 
Esses são meus agradecimentos. 
“Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco" 
 (I Tessalonicenses 5:18) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA 
 
Santos, Edlane Mirele Rodrigues dos. 
 O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel: uma 
análise do impacto na agricultura familiar / Edlane Mirele 
Rodrigues dos Santos. - Natal, 2018. 
 75f.: il. 
 
 Monografia (Graduação em Ciências Econômicas) - Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais 
Aplicadas, Departamento de Economia. 
 Orientador: Prof. Dr. Thales Augusto Medeiros Penha. 
 
 
 1. Economia - Monografia. 2. Programa Nacional de Produção e 
Uso do Biodiesel (PNPB) - Monografia. 3. Agricultura familiar - 
Monografia. 4. Biocombustíveis - Monografia. I. Penha, Thales 
Augusto Medeiros. II. Título. 
 
RN/UF/CCSA CDU 338.31:662.2 
 
 
 
 
Elaborado por Shirley de Carvalho Guedes - CRB-15/404 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em um mundo cada vez mais preocupado com o 
futuro abastecimento de energia e com o 
aquecimento global, o contínuo desenvolvimento 
de biocombustíveis provavelmente irá se revelar 
um ingrediente essencial ao crescimento 
econômico sustentável. 
 
(José Goldemberg) 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente estudo tem por objetivo avaliar o Programa Nacional de Produção e Uso do 
Biodiesel (PNPB) no Brasil, de seu lançamento até os dias atuais e, verificar se os 
resultados obtidos condizem com o planejado pelo programa. A metodologia utilizada 
foi uma revisão bibliográfica e uma análise documental que permitiu a verificação dos 
resultados propostos. Como resultados, constatou-se que o objetivo de reduzir as 
disparidades regionais, diminuir as importações de diesel e diversificar as matérias-
primas para fabricação do biodiesel, não foram atendidos, conforme estipulava o 
programa. Entretanto, ainda que, com uma participação mínima, o biodiesel foi inserido 
como novo biocombustível na matriz energética brasileira, gerando inúmeros benefícios 
para o meio ambiente. Quanto aos agricultores familiares, estes, também se inseriram 
nessa cadeia produtiva, embora de forma desigual, por região brasileira. Deste modo, 
embora o programa tenha alavancado a diversificação da matriz energética, com a 
inserção de um novo biocombustível, e gerado novos postos de trabalho para o homem 
do campo, o PNPB ainda precisa de ajustes para atender todos os pontos propostos pela 
política. 
 
Palavras-chave: PNPB. Matriz Energética. Agricultura Familiar. Biocombustíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This study aims to evaluate the National Program for the Production and Use of Biodiesel 
(PNPB) in Brazil, from the beginning of the project until the present day, and to verify if the 
results obtained are in line with what is planned by the program. The methodology used was a 
bibliographical review and databases analysis that allowed the verification of the proposed 
results. As a result, it was found that the goal of reducing regional disparities, reducing 
imports of diesel and diversifying the raw materials for biodiesel production, were not 
achieved as stipulated in the program. However, although with a minimal participation, 
biodiesel was inserted as a new biofuel in the Brazilian energy matrix, generating numerous 
benefits for the environment. As for the family farmers, these, also, were inserted in this 
productive chain, although of unequal form, by Brazilian region. Although the program has 
leveraged the diversification of the energy matrix, with the insertion of a new biofuel, and 
created new jobs for the rural man, the PNPB still needs adjustments to meet all the posts 
proposed by the policy. 
 
Keywords: PNPB. Energy Matrix. Family Farmers. Biofuels. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 1- Fontes de Energia.....................................................................................................18 
Figura 2- Potencialidade para produção de biodiesel..............................................................23 
Figura 3- Fluxograma do Processo de Produção do Biodiesel................................................25 
Figura 4 - Cadeia produtiva do biodiesel.................................................................................26 
Figura 5 - Evolução do percentual de teor de biodiesel presente no diesel fóssil...................34 
Figura 6 - Capacidade nominal e produção de biodiesel (B100), segundo grandes regiões 
(mil m³/ ano) - 2016..................................................................................................................50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 – Repartição da Oferta Interna de Energia brasileirapara o ano de 2016...............41 
Gráfico 2 – Participação da lixívia e outras renováveis na matriz energética brasileira .........42 
Gráfico 3 - Consumo de energia no setor de transporte – 2017...............................................43 
Gráfico 4 – Consumo final de energia por fonte - 2016..........................................................43 
Gráfico 5 - Evolução do percentual de teor de biodiesel presente no diesel fóssil no Brasil..44 
Gráfico 6 - Produção de biodiesel x Importação de diesel fóssil.............................................45 
Gráfico 7- Evolução da Produção de Biodiesel no Brasil (m³)*..............................................46 
Gráfico 8 – Produção de biodiesel nas regiões brasileiras (2005-2017)*................................47 
Gráfico 9 – Evolução da Produção de biodiesel por região.....................................................48 
Gráfico 10 - Participação dos estados brasileiros na produção de biodiesel em M³ (2005 a 
2017)*.......................................................................................................................................48 
Gráfico 11 – Área colhida de Soja por regiões brasileiras (2000-2016)..................................51 
Gráfico 12 – Número de atendimentos prestados pela ATER no Sul e Centro- Oeste (2010-
2017).........................................................................................................................................51 
Gráfico 13 – Evolução do Número de Agricultores Familiares participantes do PNPB 
detentores do Selo Combustível Social.....................................................................................53 
Gráfico 14 – Evolução no número de agricultores familiares presentes no PNPB..................54 
Gráfico 15 - Nº de famílias fornecedoras de matéria prima nos arranjos do Selo Combustível 
Social x cooperativas por região brasileira (2008-2016)..........................................................55 
Gráfico 16 - Evolução da produção x nº de famílias produtoras de biodiesel.........................56 
Gráfico 17 - Matérias-primas utilizadas para fabricação de biodiesel.....................................58 
Gráfico 18 – Matéria prima para o biodiesel adquirida da agricultura familiar no âmbito do 
SCS (mil toneladas) – 2016......................................................................................................59 
Gráfico 19 – Matéria-prima adquirida da Agricultura Familiar com SCS - 2016 -(mil 
toneladas)..................................................................................................................................59 
Gráfico 20 – Matéria-prima adquirida da Agricultura Familiar com SCS por região brasileira 
– 2016- (mil toneladas).............................................................................................................60 
Gráfico 21 - Número de atendimentos da ATER à agricultura familiar por regiões brasileiras 
(2010-2017)...............................................................................................................................61 
Gráfico 22 - Número de atendimentos da ATER à agricultura familiar por regiões 
brasileiras..................................................................................................................................62 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
 
Quadro 1- Valores da incidência do PIS/PASEP e COFINS no biodiesel..............................35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
 
Tabelas 1 – Oleaginosas potenciais da região Nordeste..........................................................24 
Tabela 2 – Características de culturas oleaginosas no Brasil...................................................25 
Tabela 3 – Empresas com maior capacidade de produção de biodiesel no Brasil...................52 
Tabela 4 – Matérias primas da Agricultura Familiar por estados brasileiros -2016................60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
 
ABIOVE Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais 
ANP Agência Nacional de Petróleo 
ATER Assistência Técnica e Extensão Rural 
BACEN Banco Central do Brasil 
BEN Balanço Energético Nacional 
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura 
CEI Comissão Executiva Interministerial 
CENAL Comissão Executiva Nacional do Álcool 
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social 
CPF Cadastro de Pessoas Físicas 
CNAL Conselho Nacional do Álcool 
CNPE Rede Brasileira de Tecnologia do Biodiesel 
CTNBIO Comissão Técnica Nacional de Biossegurança 
DAP Declaração de Aptidão ao Pronaf 
DNTR Departamento Nacional de Trabalhadores Rurais 
DOU Diário Oficial da União 
EMATER Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural 
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
EMBRATER Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural 
EUA Estados Unidos da América 
FBC Fundo Bio de Carbono 
FINAME Financiamento e aquisição de máquinas e equipamentos 
FPC Fundo Protótipo de Carbono 
GTI Grupo de Trabalho Interministerial 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
ICMS Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços 
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados 
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia 
MDA Ministério de Desenvolvimento Agrário 
MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 
MME Ministério de Minas e Energia 
OIE Oferta Interna de Energia 
ONU Organização das Nações Unidas 
OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo 
PAC Programa de Aceleração do Crescimento 
PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público 
PIS Programa de Integração Social 
PMR Preço máximo de referência 
PNATER Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural 
PNPB Programa Nacional de Produção e Uso dos Biocombustíveis 
PROÁLCOOL Programa Nacional do Álcool 
PROBIODIESEL Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico do Biodiesel 
PRODIESEL Programa de Substituição do Óleo Diesel 
 
 
 
 
PROINF Apoio a Projetos de Infraestrutura e Serviços em Territórios 
PROÓLEO Programa Nacional de Produção de Óleos Vegetais para Fins 
Energéticos 
PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar 
RBTB Rede Brasileira de Tecnologia do Biodiesel 
SAF Secretaria de Agricultura Familiar 
SCS Selo Combustível Social 
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
UBRABIO União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene 
UFCE Universidade Federal do Ceará 
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO......................................................................................................................16 
1 RUMO A UMA MATRIZ ENERGÉTICA MAIS LIMPA.............................................18 
1.1 Algumas considerações sobre as fontes de energias limpas...............................................18 
1.2 Vantagens e desvantagens do uso do Biodiesel..................................................................21 
1.3 A produção de biodiesel no Brasil......................................................................................22 
2 A GÊNESE DO PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO DO 
BIODIESEL NO BRASIL E NO MUNDO..........................................................................282.1 Antecedentes do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) ...............28 
2.2 O Programa Nacional do Álcool.........................................................................................29 
2.3 A origem e evolução do PNPB...........................................................................................30 
2.4 O Selo Combustível Social.................................................................................................35 
2.5 Os Leilões de Biodiesel.......................................................................................................38 
3 A PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO BRASIL APÓS O PNPB..................................41 
3.1 A inserção do biodiesel na matriz energética brasileira......................................................41 
3.2 Os objetivos e resultados do PNPB.....................................................................................45 
3.3 Participação da agricultura familiar no PNPB....................................................................53 
3.4 A produção de biodiesel por matéria-prima........................................................................57 
3.5 Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER..................................................................61 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................63 
REFERÊNCIAS......................................................................................................................64 
ANEXOS..................................................................................................................................70 
ANEXO 1 - COOPERATIVAS HABILITADAS PARA COMERCIALIZAR MATÉRIA-
PRIMA DA AGRICULTURA FAMILIAR.............................................................................71 
ANEXO 2 – RELAÇÃO DAS EMPRESAS COM SELO COMBUSTÍVEL SOCIAL..........74 
16 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O cenário mundial atual aponta para uma forte pressão sobre a matriz energética, na 
medida em que países em desenvolvimento tem aumentado consideravelmente a demanda por 
energia. A combinação do impacto ambiental negativo causado pelos combustíveis fósseis, as 
oscilações recorrentes do preço do petróleo, o crescente interesse, por parte dos países 
importadores, por independência com relação aos países exportadores de petróleo, a crescente 
demanda por energia e o aumento da preocupação com a mudança climática global e com a 
sustentabilidade, têm apontado para um cenário até pouco tempo atrás desconhecido. 
(SOUSA, 2010) 
Nesse contexto, existe a necessidade de esforços mundiais destinados ao aumento da 
oferta de energia e de, principalmente, migrar para uma matriz mais “limpa”, tendendo a dar 
maior enfoque aos processos sustentáveis, sob a ótica econômica, ambiental e social. A 
preocupação específica com relação ao clima, diz respeito ao aquecimento global (“efeito 
estufa”). (MATTEI, 2010). Nesse cenário, tem emergido várias trajetórias tecnológicas 
"limpas", tais como, eólica, solar e as biomassas. 
Dentre estas alternativas menos poluentes, a biomassa destaca-se pelo fato de, além de 
ser uma alternativa de produção de energia renovável, permite a inclusão produtiva de 
produtores rurais de diversas áreas em sua cadeia produtiva, uma vez que, essa energia pode 
ser produzida por diversos tipos de matérias-primas. Por conseguinte, a biomassa pode ter 
mais um efeito virtuoso, que é aumentar a renda no campo, haja vista, que a grande parte da 
pobreza mundial encontra-se no meio rural. 
Nesse contexto, o Brasil tem potencial de dinamizar diversos espaços produtivos do 
país, uma vez que, aspecto não desprezível da biomassa, é seu caráter descentralizador 
(SOUSA, 2010), proporcionando a produção de diversas culturas agrícolas aptas a serem 
transformadas em biomassa, e, portanto, tem a capacidade de incluir produtores de todas as 
regiões. 
Além do mais, existe uma imensa disponibilidade de terras agricultáveis, e as 
melhores condições do clima, solo e tempo, e o legado oriundo do PRÓALCOOL, que o 
deixa em condição ímpar na conjuntura mundial. Em face do exposto, o Governo Federal 
inicia uma série de investimentos para desenvolver a produção e uso do biodiesel no país. 
17 
 
 
 
A partir de 2003, o governo brasileiro iniciou esforços objetivando a criação, de uma 
política para incentivo da produção do biodiesel, que se consolidou em 2004, no Programa 
Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) para dinamizar várias regiões do país, 
inclusive a região Nordeste. À vista disso, este trabalho indaga a seguinte questão de 
pesquisa: quais os resultados alcançados pelo PNPB ao longo dos últimos anos na região 
Nordeste? 
O presente trabalho parte da hipótese de que os resultados obtidos ficaram aquém do 
esperado, devido à falta de articulação e manejo da política pública. Assim sendo, esse estudo 
tem o objetivo de identificar os resultados alcançados pelo PNPB, analisando se estes 
condizem com o planejado pelo programa. 
Para alcançar os objetivos propostos, se faz necessário uma avaliação minuciosa de 
alguns pontos específicos, em se tratando de: a) Levantar dados sobre o PNPB; b) o 
levantamento histórico da política; c) Avaliar a capacidade de inserção dos pequenos 
agricultores rurais; d) avaliar a inserção do biodiesel na matriz energética brasileira; e d) 
verificar se houve redução nas importações de diesel. 
Este trabalho é uma pesquisa aplicada, de abordagem qualitativa, com objetivo de 
fazer uma análise descritiva. Os dados secundários foram obtidos nos sites oficiais do 
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustíveis (ANP), 
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), Balanço Energético 
Nacional (BEN), e do Ministério de Minas e Energia (MME). 
Além desta introdução, o trabalho possui outros três capítulos. O primeiro capítulo faz 
menção à necessidade de se utilizar fontes energéticas mais limpas, dando ênfase ao uso dos 
biocombustíveis, em especial, o biodiesel. O segundo capítulo, expõe o levantamento 
histórico do PNPB, mostrando todas as fases da política. No terceiro capítulo, se exibe uma 
análise dos dados estatísticos, por conseguinte, os resultados. E por fim, são apresentadas as 
considerações finais desse estudo. 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
CAPÍTULO 1 - RUMO A UMA MATRIZ ENERGÉTICA MAIS LIMPA 
 
1.1 – Algumas considerações acerca das fontes de energias limpas. 
 
A energia é um insumo fundamental, pois, é um fator de produção determinante para a 
expansão da economia, desde sempre. Dessa forma, suas fontes sempre foram alvo de 
investigações e preocupações científicas e geopolíticas. A primeira grande fonte de energia foi 
o carvão, que determinou o avanço da Primeira Revolução Industrial, ainda no século XVI. 
Desde então, essa matriz sofreu alterações importantes que abriu caminho para novas 
trajetórias tecnológicas e crescimento de determinados setores ligados direta e indiretamente à 
sua produção. 
As fontes de energia, hoje, podem ser classificadas em dois grupos, as energias 
renováveis e não renováveis. Dentre as renováveis, apresentam-se a hidráulica, eólica, 
biomassa, geotérmica, as ondas e marés. Já, dentre as não renováveis, tem-se o petróleo, o gás 
natural, urânio e carvão mineral. 
 
Figura 1 – Fontes de Energia 
 
 Fonte: Rocha (2009) apud SOUSA (2010) 
 
Nos últimos anos, o debate acerca das mudanças climáticas e do aquecimento global, 
ganhou destaque na comunidade científica, bem como, chamou atenção da população em 
geral. À vista disso, tem havido uma forte tendência da substituição da matriz de energia 
mundial, por fontes menos poluentes e sustentáveis. A partir desse debate, se iniciam fortes 
19 
 
 
 
investimentos para desenvolver novas fontesde energia, dentre estas, a agroenergia, que se 
destacou diante das demais. 
"O termo agroenergia compreende um conjunto de produtos derivados da biomassa, 
produzidos ou liberados pela atividade humana ou animal, que possam ser transformados em 
fontes energéticas para usos distintos: eletricidade, calor e transporte." (SEBRAE, 2013) 
 
Considera-se que a agroenergia é composta por quatro grandes grupos: etanol e co-
geração de energia provenientes da cana-de açúcar; biodiesel de fontes lipídicas 
(animais e vegetais); biomassa florestal e resíduos; e dejetos agropecuários e da 
agroindústria. Das florestas energéticas obtêm-se diferentes formas de energia, como 
lenha, carvão, briquetes, finos (fragmentos de carvão com diâmetro pequeno) e licor 
negro. (BRASIL, 2006, p. 12,13) 
 
 
Esse tema reúne diversos interesses, dentre os quais podemos citar os comerciais, 
buscando desenvolver o agronegócio das oleaginosas potencialmente produtoras do óleo, os 
ecológicos, buscando minimizar os impactos ambientais, os industriais, onde a maior 
interessada é a indústria química, e os sociais, que visam diminuir as disparidades regionais 
(SOUSA, 2010). Esse fato demonstra a amplitude e importância da agroenergia apontando 
para uma importante sinergia entre agricultura e economia. 
É importante diferenciar bioenergia de agroenergia, que segundo Sousa (2010), a 
bioenergia é a energia renovável originada de fontes biológicas, como galhos, podas de 
árvores e lodo. Por sua vez, a agroenergia é a energia proveniente da agricultura, e compõe o 
grupo da bioenergia. Como exemplo de energia formada da agroenergia, tem-se o 
biocombustível biodiesel e álcool, que advém, respectivamente, de oleaginosas e da cana-de-
açúcar. 
FRIEDMAN (2008) apud SOUSA (2010, p. 57), afirma que "a sociedade humana está 
em busca da revolução energética". Essa revolução trata do fim do uso dos combustíveis 
fósseis. É nesse âmbito, que biocombustíveis tem o papel fundamental na mitigação do efeito 
estufa. Eles surgem como uma válvula de escape do planeta para diminuir os efeitos da 
liberação de gás carbônico na atmosfera, proveniente dos combustíveis fósseis. Esse aumento 
de dióxido de carbono (CO²) constituiu-se no maior responsável pelo efeito estufa, resultando 
no aquecimento global do planeta. 
Com o objetivo de reduzir essas emissões de CO² na atmosfera, e consequentemente, 
reduzir os efeitos do aquecimento global, firmou-se o Protocolo Kyoto, um acordo 
internacional firmado entre os países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU). 
O acordo foi assinado em 1997, no Japão, mas só entrou em vigor em 2004. Segundo 
20 
 
 
 
Decicino (2007), o acordo tinha como principal objetivo amenizar o impacto dos problemas 
ambientais causados pelos modelos de desenvolvimento industrial e de consumo vigentes no 
planeta. Nesse acordo, ficou estabelecido que, os países integrantes deveriam se comprometer 
a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa em 5,2%, se comparado com o ano de 
1990. 
Para atingir as metas propostas pelo acordo, os países necessitariam tomar algumas 
medidas, dentre as quais podemos mencionar: aumento da eficiência energética do país, 
promoção de práticas sustentáveis de manejo florestal, promoção de formas sustentáveis de 
agricultura, apoio à P&D para descobrir novas fontes de energias renováveis e estimular 
reformas adequadas em setores relevantes, objetivando promover políticas e medidas que 
limitem ou reduzam emissões de gases de efeito estufa (DECICINO, 2007). 
Atualmente, o setor que mais instiga a eliminação de gás carbônico, é o setor de 
transportes. Uma vez que, a maior parte desse setor é dependente de combustíveis fósseis. 
Como se espera que o número de veículos praticamente triplique até meados do século XXI, é 
provável que se dê continuidade a problemas relativos ao aquecimento do planeta. Aliado a 
isso, tem-se uma escalada crescente dos preços do petróleo (com aumento dos preços em 
todos os segmentos dessa cadeia), bem como, impasses nesse modelo energético em várias 
regiões do mundo. (MATTEI, 2010) 
É a partir da “Crise do Petróleo”, iniciada na década de 1970, que reacendeu os 
estudos para se produzir os biocombustíveis. 
 
A primeira grande crise energética vivenciada pelo capitalismo foi deflagrada pela 
OPEP em 1973, através de uma forte redução na produção de petróleo e, 
consequentemente, resultou numa abrupta elevação do preço do barril de petróleo no 
mercado internacional, em torno de 300% entre 1973/74. O preço do barril passou 
de US$ 2,90 para US$ 11,65 em apenas três meses, em preços correntes. Essa 
redução na oferta pode ser explicada, em parte, porque os principais países 
produtores mundiais de petróleo perceberam que essa fonte de energia não é um bem 
renovável, ou seja, um dia ela se esgotará, mas também existem questões políticas e 
econômicas envolvidas por trás desse comportamento por parte dos produtores de 
petróleo. A segunda grande elevação do preço do barril de petróleo ocorreu em 
1979, alcançando US$ 26, em 1980 chegou a US$ 32 e em 1981 aproximadamente 
US$ 40 (SCANDIFFIO, 2005 apud GARCIA, pag. 31, 2007). 
 
Segundo dados do Biodieselbr (2007), a segunda elevação no preço do barril de 
petróleo, foi motivada pela paralisação da produção iraniana e pelo embargo imposto pelos 
principais produtores de petróleo, aos Estados Unidos e países europeus, devido ao fato 
dessas nações terem apoiado Israel na Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão). Esse 
21 
 
 
 
movimento de expansão/retração dos preços do petróleo vem se registrando desde então, com 
efeitos sobre as políticas de estímulo aos combustíveis alternativos. (MATTEI, 2010, p.735) 
Conforme acima exposto, a maneira que os países acharam para superar essas duas 
fortes crises do petróleo foi utilizar a energia de forma econômica ou investir em fontes de 
energias renováveis. 
No caso do biodiesel, as principais experiências foram brasileiras, que até ensaiou nas 
décadas de 1970/80 o uso comercial de óleos vegetais como combustível, visando à 
substituição parcial ou total do óleo diesel, criando para isso o Plano de Produção de Óleos 
Vegetais para Fins Energéticos (Pró-óleo) (MAPA, 2005). 
 
1.2 - Vantagens e desvantagens do uso do Biodiesel 
 
Por ser um combustível “limpo”, a inserção do biodiesel na matriz energética acarreta 
uma série de benefícios à sociedade, ao meio ambiente e a economia. Todavia, como é de se 
esperar, essa nova energia também vem acompanhada de alguns malefícios. 
A utilização do biodiesel apresenta vantagens ecológicas e socioeconômicas. Como 
vantagem ecológica, essa energia caracteriza-se por ser renovável e não emitir dióxido de 
enxofre, que polui o meio ambiente. Do ponto de vista socioeconômico, observa-se que este 
tipo de produção pode contribuir para geração de emprego e renda para o homem do campo, 
por não necessitar de mão de obra especializada, e a produção desses grãos pode ser feita em 
localidades próximas, para evitar o gasto com transporte, o que o tornaria dispendioso. 
(RATHMANN et al., 2005 apud GARCIA, 2007). 
Ainda em termos de vantagens ambientais, está pode vincular a ganhos econômicos, 
algumas vantagens econômicas podem ser obtidas por meio ao protocolo Quioto, que criou o 
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), prevendo a redução certificada das emissões 
de gases do efeito estufa. “Uma vez conquistada essa certificação, quem promove a redução 
da emissão de gases poluentes tem direito a créditos de carbono e pode comercializá-los com 
os países que têm metas a cumprir.” (BRASIL, 2012) 
Quanto às vantagens técnicas, segundo o Biodieselbr (2006), o biodiesel tem fácil 
transporte e fácil armazenamento, devido ao seu menor risco de explosão. E, de acordo com 
Oliveira e Costa (2002), outra vantagem técnica, é a adaptabilidade do biodiesel aos motores 
ciclo diesel, que não precisam adaptação paraa utilização do novo biocombustível. 
As desvantagens do uso do biodiesel estão mais relacionadas com a parte técnica. 
Segundo Garcia (2007), o biodiesel puro (B100) apresenta um conteúdo energético cerca de 
22 
 
 
 
11% menor do que o óleo diesel mineral, e em consequência, pode gerar perda de potência 
nos motores, alcançando uma redução da ordem de 4 a 7% na potência máxima e, no caso do 
uso em misturas, essa perda variará de acordo com a percentagem aditivada. Outro problema 
relacionado ao biodiesel é a oxidação, que impede que o combustível seja estocado por um 
longo período de tempo. Ainda no que tange à parte técnica, a ANP (2014) apud MAPA 
(2015), registra a necessidade de trocas mais frequentes dos filtros de combustível quando da 
utilização do B20 em motores off-road. No entanto, verificou-se a inexistência de impactos 
indesejados sobre a durabilidade e desgaste de componentes em testes realizados pela 
empresa Camargo Corrêa e pelo Ladetel. Além disso, Garcia (2007) ainda destaca os custos 
elevados de produção, a volatilidade do preço das matérias-primas, e capacidade de produção 
limitada. 
 
1.3 – A produção de biodiesel no Brasil 
 
A definição do biodiesel partiu de diversas óticas diferentes, principalmente as 
relacionadas com a nomenclatura e especificações, mas, em todas as definições, se manteve a 
mesma essência. 
Segundo o Decreto Presidencial nº 5.297, de 6 de dezembro de 2004, artigo 1º, o 
biodiesel é: “combustível para motores a combustão interna com ignição por compressão, 
renovável e biodegradável, derivado de óleos vegetais ou de gorduras animais, que possa 
substituir parcial ou totalmente o óleo diesel de origem fóssil (...)” 
 Segundo dados da ANP (2016), o biodiesel é um combustível renovável obtido a 
partir de um processo químico denominado transesterificação
1
. E, Quimicamente, o biodiesel 
pode ser definido como um éster monoalquílico de ácidos graxos de cadeia longa com 
características físico-químicas semelhantes as do óleo diesel mineral. (HOLANDA, 2004) 
 Segundo Khalil (2006), Consultor Sênior do Centro de Pesquisas da Petrobras, o 
biodiesel pode ser obtido por diversos métodos, existem os químicos, os bioquímicos e os 
termoquímicos. 
 Químicos: Transesterificação Alcalina e Esterificação Ácida2 
 Bioquímicos: Transesterificação enzimática 
 
1
 Por meio desse processo, os triglicerídeos presentes nos óleos e gordura animal reagem com um álcool 
primário, metanol ou etanol, gerando dois produtos: o éster e a glicerina. 
2
 A esterificação é uma reação química reversível entre um ácido carboxílico e um álcool, produzindo éster e 
água. (Lana Magalhães, 2018) 
23 
 
 
 
 Termoquímicos: Craqueamento catalítico e Hidrocraqueamento 
Todavia, este primeiro somente pode ser comercializado como o combustível 
renovável biodiesel, após passar por processos de purificação para adequação à especificação 
quanto à qualidade, sendo destinado principalmente para aplicação em motores de ignição por 
compressão (ciclo Diesel). 
O Brasil possui uma extensa variedade de matérias-primas, potencialmente, produtoras 
de biodiesel. Dentre elas, pode-se citar o dendê (Elaeais guineensis, Jaquim), a macaúba 
(Acrocomia aculeata, Jacq.), a tucumã (Astrocaryum murmuru, Mart.), a inajá (Maximiliana 
maripa) e o babaçu (Orbignya phalerata, Mart.), mamona (Ricinus communis), algodão 
(Gossypium), soja (Glycine max), o óleo de girassol (Helianthus annuus) o óleo de amendoim 
(Arachis hypogaea) e as gorduras animais. 
Apesar de possuir essa vastar variedade de oleaginosas, atualmente, 99,6% da 
produção brasileira, é obtida através do óleo da soja e o restante, advém de gordura animal e 
outras fontes. A figura 2 ilustra as matérias-primas com maior destaque para fabricação do 
biodiesel dentre a agricultura familiar, no ano de 2016, por região brasileira. Vale salientar 
que, nos anos anteriores, houve a produção de amendoim, canola, dendê, gergelim e girassol. 
 
Figura 2 – Potencialidade para produção de biodiesel
 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Balanço do Selo Combustível Social, 2016. 
24 
 
 
 
A figura 3 demonstra que, na região Norte do Brasil, destaca-se apenas a produção de 
soja. No Nordeste, há uma diversidade maior de matérias-primas, com a produção de 
mamona, soja, coco e óleo de peixe. No Centro-Oeste, apenas a soja domina o mercado. Na 
região Sul, soja e óleo de frango e no Sudeste, soja, mamona e macaúba. Deste modo, a maior 
parte do biodiesel produzido do país é oriundo da soja. 
Aprofundando um pouco mais, a região Nordeste, objeto desse estudo, observa-se as 
matérias-primas potenciais de cada estado para o ano de 2016. 
 
Tabelas 1 – Oleaginosas potenciais da região Nordeste 
 
Estado Oleaginosas 
Ceará (CE) Mamona e óleo de peixe 
Bahia (BA) Mamona, soja e óleo de peixe 
Alagoas (AL) Coco 
Sergipe (SE) Coco 
Rio Grande do Norte (RN) - 
Paraíba (PB) - 
Pernambuco (PE) - 
Maranhão (MA) - 
 
 Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do MDA, Balanço do Selo Combustível Social, 2016. 
 
A partir da observação da tabela acima, constata-se que há uma diversidade de 
matérias-primas na região Nordeste, potenciais para a produção do biodiesel, o que não ocorre 
com as demais regiões, pelo fato de concentrarem a produção de soja. Todavia, o rendimento 
e o teor do óleo caracterizam as oleaginosas mais viáveis para esse novo combustível. 
Conforme dados da tabela 2, observa-se que, apesar do amendoim, o coco e algodão 
permitirem as maiores rendimentos de produção, seus custos de produção são maiores que os 
das demais oleaginosas, isto pode explicar o fato de a soja ser a principal cultura adotada para 
produção, devido a seu alto rendimento, assim como um custo de produção inferior as das 
citadas anteriormente. É importante destacar a mamona e o girassol que possuem baixos 
custos de produção, o que tem permitido a maior inserção de produtores familiares menos 
capitalizados, todavia, seu baixo rendimento em relação às demais produtos destacados, 
esclarece sua baixa inserção dentro da matriz produtiva. 
 
25 
 
 
 
Tabela 2 – Características de culturas oleaginosas no Brasil em 2017 
 
Oleaginosa 
Rendimento médio 
(kg/ha) 
Teor de óleo 
(%)* 
Custo de Produção 
(R$/ha)** 
Algodão 47.758 15,0 4.621 
Amendoim 63.951 40,0 – 43,00 3.675 
Girassol 18.250 38,0 – 48,0 1.050 
Mamona 5.952 45,0 – 50,0 1.105*** 
Soja 40.092 18,0 2.016 
Coco 88.454 55,0 – 60,0 12.225 
 
Fonte: elaboração própria a partir de dados do IBGE, 2017. 
*Dados obtidos de Nogueira apud BIODIESELBR, 2006. 
**Dados obtidos do Agrianual (2013) 
***Dados obtidos Embrapa (2018) 
 
 
O biodiesel é obtido por diferentes métodos e inúmeras matérias-primas. Todavia, esse 
trabalho irá abordar somente o método químico de transesterificação, com base em óleos 
vegetais para obtenção do biocombustível biodiesel. 
 
Figura 3 – Fluxograma do Processo de Produção do Biodiesel 
 
 
 
Fonte: Parente, 2003. 
 
26 
 
 
 
Após demonstrar o fluxo de obtenção de biodiesel e as principais características 
técnicas deste processo, vale apresentar, também, os principais agentes envolvidos na 
produção desse biocombustível, ou seja, apresentar sua cadeia produtiva. 
 
Figura 4 - Cadeia produtiva do biodiesel 
 
 
 Fonte: RATHMANN, 2007 adaptado da ANP. 
 
A base institucional é caracterizada pelas ações governamentais e não governamentais, 
sendo elas materializadas em programas públicos de incentivos a produção e uso do biodiesel. 
A cadeia de produção do biodiesel pode ser distribuída em quatro fases: 
 
a) Primeira fase: temos a fabricação do óleo vegetal, como demonstra a figura 4. 
Nessa fase temos o fornecimento das sementes, a maioria proveniente da 
agricultura familiar, máquinas, adubos e herbicidas. Essa fase contempla ainda 
as atividades detransporte e armazenagem. Segundo Garcia (2007), Destaca-se 
ainda nesta fase, a questão do fornecimento de assistência técnica e das linhas 
de crédito, pois o capital e o conhecimento também são considerados insumos 
de produção. O fornecimento do crédito e do conhecimento podem ser 
inteiramente público ou privado, ou mesmo misto, como é o caso brasileiro. 
 
b) Segunda fase: Essa fase é caracterizada pela produção industrial do biodiesel, 
que após reagir com o álcool, no processo de transesterificação, torna-se 
biodiesel. Ela demanda óleo vegetal, catalisadores, álcool, energia elétrica e 
mão de obra. 
27 
 
 
 
c) Terceira fase: é a fase de distribuição do biodiesel, onde há a movimentação 
entre as etapas 1 e 2 da cadeia produtiva do biodiesel. Nessa, há o transporte 
dos insumos, da produção de matéria primas, do óleo vegetal, e do biodiesel 
até o consumidor. Vale salientar que nesta fase, também, destaca-se a função 
dos revendedores atacadistas e varejistas. 
 
d) Quarta fase: a última etapa da cadeia produtiva do biodiesel é o consumidor 
final, que pode ser um indivíduo dono de um veículo movido a óleo diesel, 
uma empresa que possui uma frota de veículos automotores ou o mercado 
exterior. 
 
E assim, essa cadeia produtiva é responsável por gerar vários empregos, tanto por 
meio da agricultura familiar quanto pelo lado da indústria nacional. 
Baseado na importância do biodiesel, como combustível, foi criado o Programa 
Nacional de Produção e Uso do Biodiesel que será discorrido no capítulo 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
CAPÍTULO 2 - A GÊNESE DO PROGRAMA NACIONAL DE PRODUÇÃO E USO 
DO BIODIESEL NO BRASIL E NO MUNDO. 
 
 
2.1 - Antecedentes do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) 
 
Conforme dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o primeiro ensaio com uso 
de biocombustíveis ocorreu em 1900, por Rudolf Diesel, em Paris, com um motor movido a 
óleos vegetais. Segundo Rathmann et al. (2005) apud Mattei (2010), após os ensaios de 
Diesel, em 1937, foi concedida a primeira patente relativa aos combustíveis oriundos de óleos 
vegetais ao pesquisador G. Chavanne, em Bruxelas (Bélgica). Já em 1938, segundo os 
mesmos autores, foi realizado o primeiro registro de uso de combustíveis de óleos vegetais 
nos ônibus que fazia a linha Bruxelas-Lovaina. Além destes, há diversos outros registros 
ainda durante o período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em que carros de guerra 
eram abastecidos com combustível de origem vegetal. 
No entanto, a propagação do biodiesel, como combustível, vai acontecer após a 
segunda crise do petróleo, ocorrida no ano de 1973. É a partir daí, que os países 
desenvolvidos irão começar a buscar alternativas para substituir o petróleo. Dentre os países 
pioneiros deste feito, destacam-se a Áustria, França e Alemanha, que, desde 1980, vem 
implementando políticas para desenvolver esse combustível. Nos EUA, políticas de incentivo 
ao biodiesel só foram lançadas por volta da década de 90. Este foi o caminho traçado pelo 
biodiesel no mundo, que demonstrou seu potencial como combustível (MATTEI, 2010). 
 
Na América Latina, deve-se destacar, também, a produção de biodiesel na 
Argentina, que, desde 2001, vem incentivando a expansão deste produto. Através do 
Decreto 1.396 (novembro de 2001), instituiu-se o “Plano de Competitividade do 
Combustível Biodiesel” com a finalidade de incentivar investimentos (externos e 
internos) na produção do combustível, cuja matéria-prima básica é a soja e, com 
menor expressão, o girassol. Neste mesmo ano, também foram instituídas normas de 
controle de qualidade do produto, sobretudo em termos dos testes exigidos e das 
regras para sua comercialização. (MATTEI, 2010, p. 734) 
 
 
No Brasil, entretanto, antes de existir o biodiesel, a solução foi a produção de etanol, 
também como resposta às crises do petróleo, fazendo com que o governo brasileiro em 1975 
lançasse o Programa Nacional do Álcool - PROÁLCOOL
3
, que tinha como principal diretriz 
 
3
 O Programa Nacional do Álcool será discutido na página 29 
29 
 
 
 
enfrentar a crise mundial do petróleo e incentivar a utilização do álcool como combustível e, 
assim ir, aos poucos, substituindo os cada vez mais os combustíveis fósseis. 
 
2.2 – O Programa Nacional do Álcool 
 
 A experiência mais importante do Brasil com biocombustíveis se deu com o Programa 
Nacional do Álcool. Programa criado pelo governo brasileiro para substituir, ao longo do 
tempo, o uso de derivados do petróleo. O outro motivo para desenvolver esse programa foi 
reduzir a dependência externa e superar as fortes crises do petróleo, que ao oscilar, 
comprometia toda a economia mundial. 
O Proálcool foi criado em 14 de novembro de 1975, pelo decreto n° 76.593, com o 
intuito de substituir total ou parcialmente a gasolina. A principal matéria-prima utilizada era a 
cana-de-açúcar e a mandioca. A cana-de-açúcar tem o mais alto retorno para os agricultores 
por hectare plantado. O custo de produção do açúcar no país é baixo, podendo, dessa maneira, 
competir no mercado internacional. (BIODIESELBR, 2006) 
O esforço foi dirigido, sobretudo, para a produção de álcool anidro para a mistura com 
gasolina. Nessa fase, o esforço principal coube às destilarias anexas. A produção alcooleira 
cresceu de 600 milhões (1975-76) para 3,4 bilhões (1979-80) (BIODIESELBR, 2006). 
Após o Segundo Choque do Petróleo no final da década de 1970, o governo resolve 
criar medidas mais drásticas para fixar o Proálcool, e assim ele institui o Conselho Nacional 
do Álcool - CNAL e a Comissão Executiva Nacional do Álcool - CENAL para administrar 
melhor o programa (BIODIESELBR, 2006). 
A partir de 1986, o cenário internacional do mercado petrolífero é alterado. Os preços 
do barril de óleo bruto caíram de um patamar de US$ 30 a 40 para um nível de US$ 12 a 20. 
Esse novo período, denominado “contra choque do petróleo”, colocou em xeque os programas 
de substituição de hidrocarbonetos fósseis e de uso eficiente da energia em todo o mundo. 
(BIODIESELBR, 2006). No Brasil, esses efeitos foram sentidos pela falta de recursos para 
continuarem investindo no programa. 
Mesmo com a redução do preço do barril de petróleo, o PROÁLCOOL ainda 
conseguiu, substituindo gasolina por álcool, reduzir 10 milhões de automóveis consumidores 
de gasolina rodando no Brasil, o que diminuiu a dependência do país do petróleo importado 
(Lamonato, 2014). Segundo Biodieselbr (2006), essa substituição no período de 1976-2004 
https://danilotlamonato.jusbrasil.com.br/
30 
 
 
 
representou uma economia de US$ 61 bilhões (dólares de dezembro) ou US$ 121 bilhões 
(com os juros da dívida externa). 
O maior legado deixado por esse programa, e sem dúvidas o mais importante, foi a 
introdução do uso dos combustíveis renováveis na matriz energética. E diante dessa trajetória, 
incentivando o uso de biocombustíveis, que se abriram portas para a introdução do biodiesel. 
 
2.3– A origem e evolução do PNPB 
 
Foi a partir dos bons resultados com a utilização do álcool, como combustível 
veicular, que o biodiesel entrou como uma nova fonte energética para o mundo. 
Os primeiros registros do interesse do Brasil por biodiesel ocorrem ainda na década de 
1920, quando o Instituto Nacional de Tecnologia testava combustíveis alternativos e 
renováveis. Durante a Segunda Guerra Mundial, houve algumas tentativas experimentais de 
uso do biodiesel também. (SUAREZ et al, 2014) 
Ainda segundo Suarez (2015), houve relato, na década de 40, do uso de óleo com a 
reação de craqueamento, mas não se sabe se tentaram usar o processo de transesterificação, 
também. 
Na década de 1960, uma experiência partiria da iniciativa privada, mais 
propriamente das indústrias Matarazzo. O grupo buscava produzir óleo comestível a 
partir dos grãosde café. Para lavar o café de forma a retirar suas impurezas, 
impróprias para o consumo humano, foi usado o álcool da cana-de-açúcar. A reação 
entre o álcool e o óleo de café resultou na liberação de glicerina, redundando em 
éster etílico, ou seja, biodiesel. O resultado acabou sendo relatado anos depois em 
debates com indústrias automobilísticas. . (SUAREZ et al, 2014) 
 
 
A primeira patente de biodiesel foi instituída na Universidade Federal do Ceará, no 
final dos anos 70, e o responsável por esse feito, foi o engenheiro químico, Expedito Parente. 
Houve também, na década de 80, outra iniciativa de tornar o biodiesel um combustível 
nacional, se tratava o projeto Dendiesel, biocombustível proveniente do óleo de dendê. 
Segundo Suarez (2014), o projeto era defendido pelo pesquisador Hernani de Sá, que se 
tornou um grande defensor do uso dos combustíveis renováveis. Ele acreditava que o Brasil 
poderia se tornar o pioneiro na substituição do diesel mineral, através do óleo de dendê. Tanto 
acreditava que, em 1984, Hernani percorreu o Brasil em um carro da Volkswagem, utilizando 
apenas biocombustível, para provar que o projeto era viável. 
Ainda na década de 1980, sob a ótica governamental, quando, com o envolvimento de 
outras instituições de pesquisas da Petrobrás e do Ministério da Aeronáutica, foi criado o 
31 
 
 
 
Prodiesel, cujo combustível foi testado por fabricantes de veículos a diesel. A UFCE também 
desenvolveu o querosene vegetal de aviação para o Ministério da Aeronáutica. Após os testes 
em aviões a jato, o combustível foi homologado pelo Centro Técnico Aeroespacial 
(SUAREZ, 2014). 
Em termos de trajetória histórica, verificam-se distintas fases na incorporação do 
biodiesel à agenda das políticas públicas. Em 1980, Governo Federal lançou o Programa 
Nacional de Produção de Óleos Vegetais para Fins Energéticos (Proóleo), que continha o 
Prodiesel como um de seus subprogramas. Ainda naquele ano, foi criada a Empresa Cearense 
Produtora de Sistemas Energéticos (Proerg), em Fortaleza, de onde surgiram dois tipos de 
óleos combustíveis: o óleo de origem vegetal, obtido através da semente de maracujá; e óleo 
de origem animal, extraído de peixes (MATTEI, 2010). Contudo, nos anos posteriores, a crise 
do petróleo diminuiu, fazendo com que os agentes públicos perdessem o interesse pelo tema, 
e desativassem o programa, consequentemente a Proerg. 
No ano de 1990, houve a reestruturação da matriz energética e o retorno do tema 
biodiesel, como combustível veicular, no qual a Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(UFRJ), através de testes com o biodiesel em motores de combustão, constatou a viabilidade 
econômica do biodiesel como combustível. 
Desde a década de 80, o Brasil vem direcionando esforços para desenvolver o 
biodiesel no país, como brevemente discorrido anteriormente, mas o primeiro programa de 
incentivo à produção do Biodiesel surgiu no governo do presidente Fernando Henrique 
Cardoso, no ano de 2002, se trata do Programa Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico 
do Biodiesel - PROBIODIESEL, que tinha como diretriz, segundo dados do Ministério da 
Ciência e Tecnologia (2002), "promover o desenvolvimento científico e tecnológico de 
biodiesel, a partir de ésteres etílicos de óleos vegetais puros e/ou residuais". 
 Em linhas gerais, esse programa tinha como objetivos reduzir a dependência do 
petróleo; expandir os mercados das oleaginosas; impulsionar a demanda por combustíveis 
alternativos; e reduzir a emissão de gases poluentes, visando atender as regras do Protocolo de 
Kyoto, do qual o Brasil é signatário (MATTEI, 2010). 
Ainda no ano de 2003, o Ministério de Minas e Energia (MME) institui o Programa 
Combustível Verde – Biodiesel, cujo objetivo era prover a sociedade com diferentes 
combustíveis, com preços estruturados de forma aderente às políticas públicas. A política 
surgia da necessidade de diversificar as fontes de combustíveis líquidos, reduzir as 
importações de diesel, geração de emprego e renda no setor agrícola, fixação das famílias no 
32 
 
 
 
campo, utilização de terras inadequadas para produção de alimentos e, disponibilizar um 
combustível ambientalmente correto, o biodiesel. O Combustível Verde seria empregado, 
ainda, como um instrumento de definição de uma nova política nacional para uso do 
biodiesel, todavia, esse programa também não obteve êxito. (FOSTER, 2003) 
Como a tentativa de avançar com o programa Combustível Verde não deu certo, ainda 
em 2003, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PROBIODIESEL volta à 
agenda pública e sofre uma importante reformulação. E através de decreto presidencial, o 
governo cria o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), com intuito de discutir a viabilidade 
econômica do novo combustível, biodiesel. Segundo Mattei (2010), este grupo, produziu um 
relatório que enfatizou aspectos relacionados à produção, distribuição, comercialização, 
tributação e controle de qualidade. Os resultados obtidos serviram de base para as 
reformulações, e assim, ele acenou para que a produção de biodiesel ocorresse de forma 
descentralizada, contemplando as diversas rotas tecnológicas, matérias-primas, categorias de 
produtores, características regionais e o tamanho das plantas industriais. Dentre as mudanças 
importantes, destaca-se a geração de emprego e renda para o homem do campo. 
Com alterações significativas, o PROBIODIESEL passa a se chamar Programa 
Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). Nesse período o "Governo Federal 
organizou a cadeia produtiva, definiu as linhas de financiamento, estruturou a base 
tecnológica e editou o marco regulatório do novo combustível" (MME, 2017). 
A forma de implantação do PNPB foi estabelecida por meio do Decreto de 23 de 
dezembro de 2003. A estrutura gestora do Programa ficou definida com a instituição da 
Comissão Executiva Interministerial (CEI), possuindo, como unidade executiva, um Grupo 
Gestor (MME, 2017). 
Acrescenta-se, ainda, em termos de estrutura, a criação da Rede Brasileira de 
Tecnologia do Biodiesel (RBTB) pela CEI em 2004, formada por entidades de pesquisa 
residentes em 23 Estados. A RBTB tem por objetivo o provimento de serviços de assistência 
técnica e a realização de pesquisas nas diversas áreas que envolvem a produção e a 
comercialização de biodiesel e, mesmo de seus subprodutos e de coprodutos (ABREU, 
VIEIRA & RAMOS, 2006). 
Após concluir toda a estrutura organizacional e institucional para uso e produção do 
biodiesel o governo brasileiro institui a Medida Provisória nº 214, de 13 de setembro de 2004, 
criando assim, a figura jurídica do biodiesel. E em dezembro do mesmo ano, o presidente 
Lula, lança oficialmente o PNPB, que segundo o MME tinha como principais diretrizes: 
33 
 
 
 
 
 Introduzir o biodiesel na matriz energética brasileira de forma sustentável, permitindo 
a diversificação das fontes de energia, o aumento na participação das energias 
renováveis e a segurança energética; 
 Geração de emprego e renda para o homem do campo, com a produção de matérias-
primas; 
 Redução de disparidades regionais. Com ênfase no desenvolvimento do Norte e 
Nordeste; 
 Diminuição das emissões de gases do efeito estufa; 
 Economia de divisas, com a redução na importação do diesel fóssil; 
 Incentivos fiscais e criação de políticas públicas direcionadas as regiões mais 
carentes. 
 Uso de diferentes matérias-primas oleaginosas e rotas tecnológicas (transesterificação 
etílica ou metílica, craqueamento, etc.). 
 
Apesar de substituir o diesel de origem fóssil, em qualquer uma das suas aplicações, a 
inserção do biodiesel na matriz energética brasileira deverá ocorrer de forma gradual e focada 
em mercados específicos, que garantam a irreversibilidade do processo (BIODIESELBR, 
2006). E assim, o governo estipulou metas para, aos poucos, ir misturando o biodiesel ao 
diesel do petróleo, até obter umamistura ideal. 
 
A sua mistura ao diesel fóssil teve início em 2004, em caráter experimental e, entre 
2005 e 2007, no teor de 2%, a comercialização passou a ser voluntária. A 
obrigatoriedade veio no artigo 2º da Lei n° 11.097/2005, que introduziu o biodiesel 
na matriz energética brasileira. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a mistura 
legalmente obrigatória de 2% (B2), em todo o território nacional. Com o 
amadurecimento do mercado brasileiro, esse percentual foi sucessivamente ampliado 
pelo CNPE até o atual percentual de 7,0%, conforme pode ser observado: (ANP, 
2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://nxt.anp.gov.br/NXT/gateway.dll/leg%2Fleis%2F2005%2Flei%2011.097%20-%202005.xml
34 
 
 
 
 
Figura 5 - Evolução do percentual de teor de biodiesel presente no diesel fóssil 
 
 
Fonte: UBRABIO (2018) 
 
A figura acima mostra a evolução do percentual de teor de biodiesel presente no diesel 
fóssil ao longo dos anos. A regra de adição foi regulamentada pelo Decreto presidencial de 
número 5.448 do ano de 2005. No Decreto fica estabelecido a adição de 2% de biodiesel ao 
diesel fóssil em 2005 (Mistura B2). 
Em 2008, a mistura B2 passou a ser obrigatória em todo o país e nos anos posteriores 
esse percentual aumentou. Já em 2010, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) 
elevou o percentual para 5% e o B5 passou a ser obrigatório, antecipando em três anos a meta 
estabelecida pela Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005. (UBRABIO, 2018) 
Após alguns anos de estagnação do Programa, autorizam a mistura de 6% em 2014 
(mistura B6) que logo alcançou os 7% no ano posterior. 
Em novembro de 2015, a Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional do Senado 
aprovou o PLS 613/2015, que previa que a mistura obrigatória do combustível renovável ao 
óleo diesel chegasse progressivamente a 10% em até três anos. O Projeto de Lei foi aprovado 
por unanimidade pelos senadores e seguiu para a Câmara dos Deputados, onde tramitou em 
regime de urgência e também contou com apoio unânime dos deputados, fazendo com que 
fosse sancionado em março de 2016, como a Lei nº 13.263/2016. (UBRABIO, 2018) 
Após fixar o novo percentual da mistura de biodiesel ao diesel, ficam estabelecidos os 
prazos para as misturas do B8, B9 E B10. Vale lembrar, também, que para a criação do novo 
marco regulatório para a mistura B15, faltando apenas uma decisão do CNPE. De acordo com 
35 
 
 
 
a UBRABIO (2018) em março de 2017 começou a se utilizar a mistura B8 e no ano seguinte a 
B10. 
Dentre os principais objetivos do PNPB com a evolução dessas misturas de biodiesel, 
existia o forte apelo da inserção social dos agricultores familiares e, para que esse objetivo 
fosse atendido o Governo Federal instituiu por meio do Decreto nº 5.297, de 6 de dezembro 
de 2004 o “Selo Combustível Social (SCS)” que tratará de incluir esses agricultores que 
estiverem enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar 
(PRONAF). 
 
2.4 – O Selo Combustível Social 
 
O Selo Combustível Social é um componente de identificação, criado a partir 
do Decreto Nº 5.297, de 6 de dezembro de 2004, concedido pelo MDA ao produtor de 
biodiesel que cumpre os critérios descritos na Portaria nº 512, de 5 de setembro de 2017. O 
Selo confere ao seu possuidor o caráter de promotor de inclusão social dos agricultores 
familiares enquadrados do Pronaf (MDA, 2018). 
A concessão do direito de uso do Selo Combustível Social permite ao produtor de 
biodiesel ter acesso às alíquotas de PIS/PASEP e COFINS com coeficientes de redução 
diferenciados para o biodiesel, que varia de acordo com a matéria-prima adquirida e região da 
aquisição, incentivos comerciais e de financiamento. (MDA, 2018) 
Conforme Decreto Nº 7.768, de 27 de Junho de 2012 e da Lei Nº 12.865, de 9 de 
Outubro de 2013 que dispõe sobre o tratamento tributário do biodiesel, segue o quadro abaixo 
que designa os impostos incidentes sobre esse combustível. 
 
Quadro 1- Valores da incidência do PIS/PASEP e COFINS no biodiesel R$/m³ 
 
Regiões/Matérias-primas Alíquota PIS/PASEP COFINS 
Qualquer matéria-prima 0,7802 R$ 26,41 R$ 121,59 
Norte, Nordeste e Semiárido 
Mamona e Palma 0,8129 R$ 22,48 R$ 103,51 
Agricultor familiar enquadrado no PRONAF 0,9135 R$ 10,39 R$ 47,85 
Soja 
Soja 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00 
 Fonte: Elaboração própria conforme Decreto Nº 7.768/12 e Lei Nº 12.865/13. 
 
http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/user_arquivos_64/4_-_Decreto_5297.doc
http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/user_img_1754/Portaria%20N%20512%2C%20de%205%20de%20Setembro%20de%202017%20%281%29%20%281%29_1.pdf
http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/user_img_1754/Portaria%20N%20512%2C%20de%205%20de%20Setembro%20de%202017%20%281%29%20%281%29_1.pdf
http://www.mda.gov.br/sitemda/secretaria/saf-pronaf/sobre-o-programa
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.768-2012?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.865-2013?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.865-2013?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%207.768-2012?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2012.865-2013?OpenDocument
36 
 
 
 
Através do quadro acima, se pode observar que, o principal incentivo do programa é 
reduzir o valor das alíquotas de PIS/PASEP e CONFINS. Algumas oleaginosas e regiões 
auferiram alguns incentivos a mais que outras, conforme estipula o Nº 7.768, de 27 de junho 
de 2012 e a Lei Nº 12.865, de 9 de Outubro de 2013, que institui para o biodiesel fabricado a 
partir de oleaginosas fabricadas por agricultores familiares integrantes do PRONAF. 
 Para o biodiesel fabricado a partir de qualquer matéria-prima que seja produzida pela 
agricultura familiar, independentemente da região, a alíquota efetiva é R$ 0,78/M³. E por fim, 
para o biodiesel fabricado a partir da soja, a alíquota é zero, independente da região plantada. 
Vale salientar que esse incentivo dado à soja contraria o relatório do GTI, quanto a não 
priorização de matéria-prima, afetando negativamente o PNPB. 
 
Importante avanço é a adoção pelo CONFAZ (Conselho Nacional de Política 
Fazendária) de importantes convênios para desonerar o mercado de biodiesel, 
Convênios n.º 11/05 e 113/06, os quais possibilitam os Estados concederem isenção 
nas operações internas com produtos vegetais destinados ao biodiesel e reduzir a 
base de cálculo do ICMS devido nas saídas deste produto, reduzindo o montante do 
imposto a pagar na comercialização. Os convênios incentivam tanto os produtores 
de matéria-prima usada na fabricação do biodiesel, quanto os comerciantes. Mas, 
não são autoaplicáveis. Os Estados devem aderir e integrá-los em seus 
Regulamentos do ICMS. Contudo, a questão principal que dará maior segurança 
jurídica e incentivo às operações do biodiesel ainda não está normatizada, falta 
regulamento específico para o biodiesel. 
Hoje, a maioria dos Estados aplica o mesmo tratamento dado ao diesel com as 
alíquotas gerais do imposto, quais sejam, 17% e 18%, e em apenas 10 Estados há 
diferenciação de alíquota do ICMS entre o diesel e o biodiesel. (BIODIESELBR, 
2006) 
 
Outra vantagem do Selo Combustível Social é o acesso às melhores condições de 
financiamento junto aos bancos que operam o Programa (ou outras instituições financeiras 
que possuam condições especiais de financiamento para projetos) (MDA, 2010). 
Após adquirir os benefícios do Selo, o produtor deve assumir algumas obrigações 
descritas na Portaria nº 512 de 5 de Setembro de 2017, onde pode-se grifar: 
 
 A aquisição de um percentual mínimo de matéria prima dos agricultores 
familiares no ano de produção de biodiesel; 
 Assegurar capacitação e assistência técnica a essesagricultores familiares 
contratados. 
 Firmar contratos com os agricultores familiares negociados com a participação 
de uma entidade representativa dos mesmos (sindicatos, federações). A 
37 
 
 
 
agricultura familiar organizada na forma de sindicatos ou federações terá que 
dar anuência por meio de carta para validar o que foi acordado entre as partes; 
 Repassar cópia dos contratos devidamente assinados pelas partes para o 
agricultor familiar contratado e para a entidade representativa (sindicato, 
federação, outros); 
 Capacitar os agricultores e agricultoras familiares para a produção de 
oleaginosa(s), de forma compatível com a segurança alimentar da família e 
com os processos de geração de renda em curso, contribuindo para a melhor 
inserção da agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel e para o 
alcance da sustentabilidade da propriedade. 
 Repassar ao agricultor familiar assistido pelo técnico, cópia do laudo de visita 
devidamente assinado; 
 
 De 2005 a 2014, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) concedeu o uso 
do Selo Combustível Social a várias unidades produtoras de biodiesel. Em 2005, iniciaram 
com 3 unidades detentoras do selo, e em 2014, o saldo acumulado resultou em 41 unidades 
realizando parceria com a agricultura familiar. 
Outra maneira que o Governo Federal encontrou para alavancar a produção do 
biodiesel foi por meio da oferta de linhas de crédito destinadas aos produtores agrícolas e 
industriais. Dentre as linhas de créditos criadas para beneficiar o produtor de biodiesel, pode-
se citar o Pronaf biodiesel, o Pronaf Agroindústria e Pronaf Eco. 
 
 Pronaf biodiesel: é um crédito para o financiamento do custeio das 
lavouras de o Plano Safra 2005/2006 16 oleaginosas, inclusive, a mamona, 
destinadas à produção de biodiesel. Será garantida, conforme constará no 
Manual de Crédito Rural (MCR), a concessão de um novo crédito de custeio 
ao agricultor familiar, independentemente, do montante utilizado na safra de 
verão precedente. (MDA, 2005) Todavia, vale salientar, que essa linha de 
crédito só vigorou durante os anos de 2005 e 2006, conforme previa o Plano 
Safra 2005/2006. Nos anos posteriores, a linha foi desativada e o MDA 
passou a utilizar para fomentar o uso de biocombustíveis o Pronaf Eco, que 
continua ativo até hoje. 
 
38 
 
 
 
 Pronaf Agroindústria: Essa linha de crédito é destinada para a compra de 
máquinas e equipamentos para o processo industrial de obtenção do 
biodiesel. Linha para o financiamento de investimentos, inclusive em 
infraestrutura, que visam o beneficiamento, o processamento e a 
comercialização da produção agropecuária e não agropecuária, de produtos 
florestais e do extrativismo, ou de produtos artesanais e a exploração de 
turismo rural. (MDA, 2018) 
 
 Pronaf Eco (2007): Investimento para aproveitamento hidroenergético, 
tecnologia de energia renovável, tecnologias ambientais, projetos de 
adequação ambiental, adequação ou regularização das unidades familiares à 
legislação ambiental, implantação de viveiros de mudas, investimento em 
silvicultura, Investimento em dendê (Pronaf Eco Dendê) Investimento em 
seringueira (Pronaf Eco Seringueira). (MDA, 2018). A única desvantagem 
dessa linha, é que nela, o biodiesel compete com outras culturas de 
oleaginosas, assim também, como com o fomento à produção de álcool. 
 
Além destes, o BNDES lançou o Programa de Apoio Financeiro a Investimentos em 
Biodiesel, onde, um dos requisitos para obter o financiamento é possuir o selo Combustível 
Social. Segundo Biodieselbr (2006), esse financiamento consiste na participação do banco em 
até 90%, para projetos com selo Combustível Social e até 80%, para projetos sem selo 
Combustível Social. Os prazos e as taxas de juros da operação foram definidos de acordo com 
o disposto nas Políticas Operacionais do Banco, excerto, as operações para aquisição de 
máquinas e equipamentos. 
A comercialização desse biodiesel produzido pela Agricultura Familiar no Brasil 
funcionará na forma de leilões públicos, os quais serão organizados pela Agência Nacional de 
Petróleo. 
 
2.5 - Os Leilões de Biodiesel 
 
 Os leilões de biodiesel são regulados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), que, 
após ter seu mercado compulsório estabelecido pela Lei 11.097, de 13 de janeiro de 2005, o 
Ministério de Minas e Energia (MME), através da Portaria nº 483, de 03 de outubro de 2005, 
cria as diretrizes para realizar os leilões públicos. Assim, a ANP fica responsável de regular e 
39 
 
 
 
fiscalizar a contratação do biodiesel entre os fornecedores e os adquirentes dos Leilões, e sua 
posterior comercialização para distribuidores de combustíveis até o consumidor final. Os 
Leilões Públicos deverão ser promovidos com a periodicidade e a antecedência necessárias 
para assegurar o adequado suprimento do mercado consumidor. 
De acordo com a ANP (2018), o edital padrão do leilão estabelece que o processo 
passe por oito etapas, que estão listadas abaixo: 
 Etapa 1: habilitação dos fornecedores de biodiesel, promovida diretamente pela ANP 
por meio de análise documental. 
 Etapa 2: apresentação das ofertas pelos fornecedores para atender à mistura 
obrigatória. Cada fornecedor pode apresentar até três ofertas por unidade produtora. O 
preço apresentado para cada oferta, em reais por metro cúbico, na condição FOB, 
incluindo PIS/PASEP e COFINS, sem ICMS, não pode ser superior ao preço máximo 
de referência (PMR) regional, que é calculado pela ANP. 
 Etapa 2.a: apresentação de uma oferta individual de venda, com indicação do preço 
unitário e do volume pelos fornecedores, exclusivamente para fins de comercialização 
de biodiesel de uso voluntário. O volume ofertado por cada fornecedor não poderá ser 
superior ao seu saldo total de oferta não vendida para fins de adição obrigatória. Na 
segunda rodada de lances o fornecedor poderá alterar apenas o preço unitário. 
 Etapa 3: seleção das ofertas pelos adquirentes, com origem exclusiva em fornecedores 
detentores do selo combustível social. Nessa etapa os distribuidores disputam os lotes 
de biodiesel ofertados pelos produtores detentores do selo. 
 Etapa 4: reapresentação de preços de ofertas pelos fornecedores. Nessa etapa, os 
fornecedores deverão apresentar novos preços, sempre iguais ou inferiores àqueles 
apresentados na etapa 2, visando a sua participação na etapa 5. 
 Etapa 5: seleção das demais ofertas pelos adquirentes, com origem em quaisquer 
fornecedores, independentemente de possuírem o selo combustível social. 
 Etapa 5.a: seleção das ofertas pelos adquirentes para fins de comercialização de 
biodiesel de uso voluntário. 
 Etapa 6: consolidação e divulgação do resultado final, que é publicado no Diário 
Oficial da União (DOU). 
 
40 
 
 
 
Quanto aos fornecedores industriais de biodiesel interessados em participar dos leilões, 
esses deverão atender aos seguintes requisitos, conforme Portaria nº 81, de 26 de Novembro 
de 2014: 
1. Ser detentor do Selo Combustível Social ou apresentar projeto reconhecido pelo MDA 
como possuidor dos requisitos necessários à obtenção do selo e; 
2. Cooperativa agropecuária do agricultor familiar: a cooperativa que esteja habilitada 
como fornecedora de matéria-prima aos produtores de biodiesel para os fins de 
concessão e manutenção do Selo Combustível Social; 
3. Produtor de biodiesel: ser pessoa jurídica constituída na forma de sociedade sob as leis 
brasileiras, com sede e administração no país, beneficiária de autorização da ANP e 
possuidora de Registro Especial de Produtor de Biodiesel junto à Secretaria da Receita 
Federal do Brasil. 
Segundo a ANP (2018) os leilões são feitos a cada dois meses, e isso acontece para 
conseguir manter as entregas de biodiesel em dia. Existe também a possibilidade de leilões 
complementares e para que estes venham a existir há a necessidade de: 
 Suprir os volumesde biodiesel não entregue pelos produtores aos adquirentes; 
 Aquisição de quantidades de biodiesel superiores à demanda necessária ao 
atendimento do percentual mínimo obrigatório. 
 
Por ser feito de forma pública, os leilões possuem uma maior credibilidade quanto a 
sua comercialização para com os agentes envolvidos. Sem contar que, por não avaliarem o 
porte do produtor no processo de negociação, acaba por manter o ambiente mais igualitário e 
mais justo. 
Agindo dessa forma, o governo brasileiro procura implementar o PNPB, para 
diferenciá-lo dos demais programas que existiram anteriormente, principalmente, no que 
concerne ao enfoque social e ecológicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
 
CAPÍTULO 3 - A PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO BRASIL APÓS O PNPB 
 
3.1 A inserção do biodiesel na matriz energética brasileira 
 
Este capítulo tem por objetivo discutir os principais resultados obtidos com o 
Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) no Brasil, de seu surgimento até 
os dias atuais, com enfoque na região Nordeste. Serão abordados resultados quanto à 
comercialização, a estrutura industrial, produção de biodiesel, o número de atendimentos 
dados pela ATER, o uso de matérias-primas e a evolução do número de agricultores 
familiares presentes no PNPB. Os resultados permitiram avaliar a viabilidade do programa, 
bem como, a situação atual da produção agrícola, a inclusão social da agricultura familiar e a 
geração de empregos vinculados com o processamento de biodiesel. 
De acordo com o Balanço Energético Nacional – BEN (2017), em 2016, as energias 
renováveis correspondiam a 43,5% do total de energia ofertada no país, representando um dos 
mais altos percentuais de renováveis no mundo. Esta participação ainda apresentou um 
pequeno crescimento devido, particularmente, à queda da oferta interna de petróleo e 
derivados, além da expansão da geração hidráulica, que havia perdido sua participação nos 
anos anteriores. O gráfico 1 mostra a participação detalhada das fontes de energia no Brasil, 
atualmente, dividindo-as em renováveis e não renováveis. 
 
Gráfico 1 – Repartição da Oferta interna de Energia brasileira para o ano de 2016 
 
 
Fonte: elaboração própria a partir de dados do BEN, 2017. 
 
biomassa da cana hidráulica lenha e carvão
vegetal
lixívia e outras
renováveis
não renováveis
ENERGIAS RENOVÁVEIS (43,5%) ENERGIAS
NÃO
RENOVÁVEIS
(56,5%)
17,50% 
12,60% 
8% 5,40% 
56,50% 
Oferta Interna de Energia no Brasil - 2016 
42 
 
 
 
Analisando os dados históricos publicados no Balanço Energético Nacional desde o 
ano 2000, se constatou que houve um destaque na participação da energia renovável 
proveniente da biomassa, que de 2000 a 2006, era superada pela energia hidráulica. A partir 
de 2007 a oferta interna de biomassa da cana passou a se expandir, garantindo a sua liderança, 
frente à hidrelétrica. Segundo Ruiz (2018), essa redução de energia hidrelétrica se deu, devido 
às mudanças climáticas, ocasionando fortes secas em todo o país. 
O biodiesel, elemento desse estudo, participa, também, como uma nova fonte 
renovável proveniente de biomassa. Sua participação na Oferta Interna de Energia, em 2016, 
equivale a 1,04% na matriz energética, o que demonstra uma insignificante participação, se 
comparada com as demais energias. Evidenciando, de antemão, que o PNPB não gerou 
impactos profundos na alteração da utilização dessa energia. No gráfico 2 está detalhado a 
participação da lixívia e outras renováveis, onde participa, também, o biodiesel. 
 
Gráfico 2 – Participação da lixívia e outras renováveis na matriz energética brasileira (5,4%) 
– 2016 (mil tep*) 
 
 
 
Fonte: elaboração própria a partir de dados do BEN, 2017. 
* Tonelada equivalente de petróleo (tep): Unidade de energia. A tep é utilizada na comparação do poder 
calorífero de diferentes formas de energia com o petróleo. Uma tep corresponde à energia que se pode obter a 
partir de uma tonelada de petróleo padrão. (ANEEL, 2018) 
 
Vale salientar que, no setor de transportes, segundo maior consumidor de energia do 
Brasil, o biodiesel aparece como o quinto combustível mais consumido pela população. Como 
mostra o gráfico abaixo, extraído do BEN, 2017. 
 
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
2,91% 
1,04% 
0% 
0,99% 
0,37% 
0,05% 0,03% 
Lixívia e outras renováveis na matriz energética (5,40%) - 2016 - 
(mil tep*) 
43 
 
 
 
Gráfico 3 - Consumo de energia no setor de transporte – 2017 
 
 
Fonte: BEN, 2017. 
 
No gráfico 3 o combustível mais consumido pelo setor de transportes é o óleo diesel, 
que compõe 43,9% do consumo total. O segundo combustível mais usado é a gasolina, que 
participa em 29,3%. O etanol, primeiro combustível da categoria de renováveis, é o terceiro 
mais consumido do setor, com 16,8% consumido. O querosene de aviação, 4%, o biodiesel é 
consumido em 3,3% pelo setor. O gás natural, 1,9% e os demais combustíveis 0,8%. 
 
Gráfico 4 – Consumo final de energia por fonte - 2016 
 
Fonte: BEN, 2017. 
 
Quando destacado por fonte, a participação do biodiesel desaparece. Isso ocorre, 
porque esse consumo se dá, através das adições de biodiesel ao diesel fóssil. Onde, de 18,1% 
44 
 
 
 
de diesel fóssil consumido, 1,26% é referente ao biodiesel, que foi adicionado ao mesmo. 
Correspondendo a 7% do total de diesel consumido no país. 
 
Gráfico 5 - Evolução do percentual de teor de biodiesel presente no diesel fóssil no Brasil 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelo autor, conforme dados da ANP, 2017 e Lei nº 13.263/16. 
 
A mistura do biodiesel ao diesel fóssil teve início em 2004, ainda em caráter 
experimental no teor de 2%. (ANP, 2017) Posteriormente, o biodiesel é introduzido na matriz 
energética pela Lei n° 11.097/2005 e começa a amadurecer no mercado brasileiro, passando 
de uma mistura de 2% (B2) em 2005 para 3% em 2008. Esse percentual foi sucessivamente 
ampliado pelo CNPE até o atual percentual de 7,0%, conforme pode ser observado no gráfico 
5. (ANP, 2017) 
 As adições superiores a 7%, marcadas no gráfico 5 em cor azul, se deram conforme a 
Lei nº 13.263/2016, que dispõe acerca das adições de biodiesel ao óleo diesel, onde ficam 
estabelecidos os seguintes percentuais vendidos ao consumidor final, em qualquer parte do 
território nacional: 
 
I - 8% (oito por cento), em até doze meses após a data de promulgação desta Lei; 
 
E foi a partir dessas misturas que se chega ao consumo de 1,04% de biodiesel na 
matriz energética brasileira e 3,3% de consumo final no setor de transportes. 
 
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
2% 2% 2% 2% 
3% 
4% 
5% 5% 5% 5% 
7% 7% 7% 
8% 
Evolução do percentual de teor de biodiesel presente no diesel 
fóssil no Brasil 
http://nxt.anp.gov.br/NXT/gateway.dll/leg%2Fleis%2F2005%2Flei%2011.097%20-%202005.xml
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.263-2016?OpenDocument
45 
 
 
 
3.2–Os objetivos e resultados do PNPB 
 
Dentre os objetivos propostos pelo PNPB, estava o de reduzir as importações de diesel 
fóssil com a fabricação do biodiesel, fato este, que não aconteceu, apesar de a produção de 
biodiesel seguir um fluxo crescente. 
Segundo SILVA (2013), mesmo com produção acentuada do biodiesel desde a 
implementação do PNPB, este não conseguiu impedir o crescimento do volume de diesel 
importado. Houve uma pequena queda da importação de diesel no auge da crise financeira, 
mas em decorrência da depreciação cambial nesse período. Em 2010, as importações 
tornaram a crescer. A apreciação real do câmbio, desde 2004, e o preço elevado do biodiesel, 
podem justificar as principais causas do crescimento das importações de diesel no Brasil. 
Enquanto a apreciação do cambio torna o diesel mais barato, a competividade do biodiesel é 
reduzida pelo elevado custo para produzi-lo, refletindo no crescimento das importações

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