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Ética, Regulamentação e Qualidade na Orientação Financeira Aula 07 O que são os stakeholders? Compreendendo suas funções Objetivos Específicos • Entender o funcionamento dos stakeholders nos negócios. Temas Introdução 1 Quem são e como os stakeholders se organizam? Considerações finais Referências Leandro Rangel Rodrigues Professor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Ética, Regulamentação e Qualidade na Orientação Financeira 2 Introdução Mais do que qualquer um, o empreendedor conhece muito bem a batalha para tornar concreto e abrir um negócio no Brasil, seja um pequeno, médio ou grande empreendimento, ainda que atualmente existam programas de incentivo no país. São muitos os obstáculos para se manter uma empresa funcionando, como gestão de pessoas, gestão de conflitos, relacionamentos interpessoais, personalidades diferentes dentro de uma mesma equipe ou setor tencionando o clima organizacional, posturas antiéticas, prazos, divergências, entre muitas outras questões. Dentro desse patamar, deve-se estar muito alerta com algo que inúmeras pessoas não percebem o quão importante é, que são as relações bancárias. Para Blanco (2011), elas acontecem entre os estabelecimentos bancários e os clientes, devendo estes procurar conhecer e compreender melhor o papel daqueles e de que forma podem proporcionar melhores serviços às suas empresas e negócios. Todas as organizações, não importa o porte, relacionam-se com diversos agentes econômicos, os quais ofertam metas e benefício variados entre si. Esses agentes, em inglês, são chamados stakeholders (que, se fôssemos traduzir ao pé da letra, seria “interessados”). 1 Quem são e como os stakeholders se organizam? Em uma empresa, pode-se classificar seus stakeholders como clientes, fornecedores, acionistas e investidores, funcionário, setor público, concorrentes, sociedade, bancos, enfim, diversas pessoas e categorias de processos físicos ou jurídicos. Bowditch e Buono (1992) definem stakeholders como: “[...] grupos ou pessoas identificáveis que uma organização depende para sobreviver”. Blanco (2011) diz que há três grupos de agentes/relacionamentos, que existem em qualquer negócio, e que fazem parte do mercado e da sociedade. São eles: • cadeia produtiva – composta por fornecedores, empresas e clientes; • cadeia de governança – composta por acionistas, gestores e funcionários; • outros agentes influenciadores externos – setor público, investidores, concorrentes e bancos. Vamos analisar a seguir a importância dos principais responsáveis por esse mercado. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Ética, Regulamentação e Qualidade na Orientação Financeira 3 1.1 Clientes Os clientes são o mais importante elemento de qualquer negócio. Desse modo, a relação com eles é o ponto central da prosperidade de toda a organização. Por isso, grande parte da ação das companhias é dirigida para os clientes. Aplica-se bastante em marketing, eventos, consultoria e sistemas. Uma das melhores representações de investimentos nesses stakeholders são softwares denominados Customer Relationship Management (CRM ou Gestão de Relacionamento com o Cliente). É uma ferramenta para mapear o comportamento do cliente e otimizar seu atendimento/acompanhamento. Abrange demasiada tecnologia e, na prática, os CRMs podem ser considerados processos agregadores de referências sobre os clientes, as vendas, a exequibilidade e as disposições de mercado. CRMs bem desenvolvidos preparam as empresas para que proporcionem préstimos e funções melhores a seus clientes, de modo que tornam os call centers mais eficientes, fazendo com que o setor de vendas faça seus negócios mais rapidamente e também tornando mais simples os processos de marketing, identificando novos clientes. 1.2 Fornecedores Apesar de não desfrutar do mesmo prestígio dos clientes, o fornecedor é um agente- chave para o progresso de qualquer empresa, salientando que há fornecedores para todo tipo de negócio. Os empresários sabem que dependem muito dos fornecedores para que seus serviços e suas mercadorias cheguem sem falhas e com boa qualidade aos clientes. Além de tudo, não devem haver atrasos nas entregas, e os empresários têm se esforçado bastante para que o produto e a logística recebam as melhores atenções e soluções possíveis para o desenvolvimento pleno. Por falar em logística, ela aparece em um cenário moderno, em que críticas ao modelo antigo de distribuição de produtos estabelecidos desde os tempos de Frederick Taylor (1856- 1915) e Henry Ford (1863-1947) eram feitos, já que se enaltecia a produção por segmentação em qualquer serviço industrial mais simples e básico. A logística vem nivelar primordialidade de suprimentos para que a produção siga contínua. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Ética, Regulamentação e Qualidade na Orientação Financeira 4 Henry Ford implementou a linha de montagem na produção. Graças a Ford, vimos os primeiros automóveis no mundo, em um dos acontecimentos mais revolucionários ocorridos na história, há pouco mais de 100 anos, por volta de 1913. O sistema fordista de fabricação de automóveis está relacionado aos fundamentos e ideias planejadas e realizadas pelo engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor, que, para elevar a produtividade do trabalho industrial, criou o que foi chamado de “Taylorismo”, modelo inventado pelo engenheiro que buscava a rapidez e eficiência operacional, o que deu origem à produção em série. Tudo isso mostra um pouco da importância dos fornecedores nesse processo, visto que cada trabalhador necessita de todo o material de trabalho, no tempo certo, para que tudo seja corretamente feito. Isso veio a ajudar bastante, mas não o suficiente para assegurar que a matéria-prima, que seria comprada, atendesse completamente a demanda. Assim, da mesma forma que o CRM foi desenvolvido para os clientes, criou-se um software para gerenciar a logística, denominado Supply Chain Management (SCM ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos). É esse tipo de processo que assegura que o cliente não sofrerá com o problema do excesso nem com a falta de mercadoria, dois problemas considerados fatais no mercado. 1.3 Acionistas e investidores Um acionista é um abastecedor de capital de uma organização e depositário da propriedade (parcial ou total). Ele também se aplica a empresas de pequeno ou médio porte, ao contrário do que muitos pensam. A procura do lucro é uma das principais funções dos acionistas. Potencializar o valor da ação do acionista é a meta mais importante dos gestores das empresas, os quais buscarão isso através da combinação de ações gerenciais no ajuste com todos os outros stakeholders já referidos aqui. Há uma vasta gama de estudos, conceitos e métodos para que as empresas elevem o valor de seus negócios. No entanto, há um componente geral a todas as ideias de avaliação de empresas que a maior parte dos pequenos e médios empresários não recordam ou mesmo não sabem: o capital investido pelo acionista, por encarregar-se de todos os riscos do negócio, teria que ser sempre uma remuneração maior que o dinheiro para pagar empréstimos e dívidas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Ética, Regulamentação e Qualidade na Orientação Financeira 5 Em teoria, todas as empresas, em qualquer segmento, devem investir o máximo para viabilizar e estimular a valorização do acionista. Os agentes catalisadores desses recursos financeiros são os mercados financeiros e de capitais (como empréstimo, leasing, notas promissórias, debêntures, comercial papers etc), e quem viabiliza tais negócios são os bancos. 1.4 Funcionários É preciso dar consideração ao stakeholder “funcionários”. Quando isso não ocorre, podem ocorrer sérios problemas para a organização, pois, talvez, não ocorra a prestação de serviços, ou poderá haver uma desídia com o trabalho. Sem motivação, sem preparo adequado dos funcionários, é possível até mesmo que se realizem serviçosde baixa qualidade. Blanco (2011, p. 25) alerta sobre a importância do trabalhador para as empresas, sobretudo em uma fase de grandes mudanças em relação ao mercado de trabalho, na qual as pessoas não buscam mais somente um emprego, mas também a estabilidade e a satisfação pessoal, de modo que muitos se tornem mais exigentes e lutem pelos seus direitos. Houve uma alteração de paradigmas, poucas pessoas atualmente trabalham somente pelo dinheiro, e os empresários não conseguem manter esses stakeholders no trabalho só pelo salário, de forma que devem oferecer desafio, realização, status quo e qualidade de vida. 1.5 Setor público O setor público representa o governo em todos os seus campos e condições, tais como agências regulatórias e Receita Federal do Brasil. O complexo sistema tributário brasileiro faz com que as empresas demandem muito tempo e esforço para cumprir as normas. As empresas geralmente criam um setor interno exclusivo para isso ou fazem uso de consultorias especializadas. É sabido pelas empresas que o descumprimento de deveres e responsabilidades civis causam danos terríveis a elas, até mesmo a perda de crédito. Por isso, é fundamental que se tenha uma excelente relação com esse stakeholder, pois ele define, inclusive, a valorização e o crédito da organização como digna e confiável, ou não. 1.6 Concorrentes Quando se fala em “concorrentes”, está se referindo não apenas a uma ou duas empresas que trabalham com os mesmos produtos, mas também a múltiplas organizações, visto que todo o negócio está colocado dentro de um mercado composto por inúmeras empresas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Ética, Regulamentação e Qualidade na Orientação Financeira 6 Blanco (2011) lembra que, todos os dias, surgem e acabam organizações e empreendimentos, em uma velocidade constante e acelerada, em tempos dinâmicos e sem fronteiras, em que uma empresa tanto pode ser comprada e valorizada a um custo elevadíssimo quanto pode ser eliminada sem que muitos não entendam como ou porquê. Assim sendo, é obrigação dos empresários terem atenção redobrada com tudo que está acontecendo no mercado, mapeando os concorrentes diretos, observando como estão agindo os concorrentes indiretos, colocando pessoas para trabalhar e estudar os adversários, para verificar seus pontos fortes e fracos e desenvolver seus potenciais de modo que a empresa possa ter estratégias de marketing e de posicionamento para se destacar no mercado com diferenciais em relação às outras existentes. 1.7 Sociedade Para Blanco (2011), a sociedade é o grupo de pessoas, consumidoras (ou o que ele denomina “atores”), que reivindica o comportamento responsável da organização. Isto é, a sociedade exige que a empresa aja com hombridade, integridade, “caráter”, tendo uma conduta digna nas suas ações. Percebe-se desde muito tempo que existem certas estratégias de relações entre organizações e a sociedade, como a de caráter político (que visa à redução da demanda, do que é necessário à empresa) e a de caráter imperialista (que abrange a conquista de territórios). Atualmente, bastante cobrada pela sociedade, por exemplo, está a estratégia relacionada à forma das empresas lidarem com a natureza, se procuram ou não a sustentabilidade, de forma que não desperdicem recursos naturais e comprometam-se com o ambiente, não apenas com seus lucros. Existem também as exigências da sociedade em relação ao não uso de trabalho infantil, ou trabalho escravo, e a outras questões que possam denegrir demasiadamente a imagem da empresa. Por tudo isso, evidentemente, esse stakeholder é fundamental a qualquer empresa que tenha se posicionado e se preocupado com os impactos ambientais e suas responsabilidades cotidianas, para que mantenha um bom crédito com a sociedade e até com alguns bancos, que cobram essa postura ética e negam crédito a quem não cumprir suas obrigações. 1.8 Bancos (um ativo para o desenvolvimento da empresa) Blanco (2011) ressalta a importância das relações com os agentes financeiros, lembrando que os bancos não podem nem devem ser um stakeholder esquecido ou ignorado, como Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Ética, Regulamentação e Qualidade na Orientação Financeira 7 muitas vezes acontece. É através do banco que diversos serviços são feitos, desde pagamentos e seguros até financiamentos, emissão de títulos e ações etc. Os empresários devem procurar entender os funcionamentos dos bancos, saber o que se passa internamente, de que forma o processo de crédito de sua empresa acontece, compreender os contratos feitos, analisar os juros, comparar tarifas, bem como tratar o banco como um parceiro fiel na cadeia de um valor de negócios. Considerações finais Prezado (a) estudante! Após entendermos o que é e quais são as funções dos stakeholders, vemos que eles são imprescindíveis para que uma empresa funcione, evolua, relacione-se bem em todos os âmbitos. Assim, procuram extrair de cada um dos stakeholders vistos aqui (clientes, fornecedores, acionistas, investidores, funcionários, setor público, concorrentes, sociedade e bancos) o melhor que puderem, buscando igualmente atender cada um deles com eficiência, inteligência e competência, a fim de alcançar seus objetivos e satisfazer as necessidades de todos. É importante não se esquecer que, individual ou coletivamente, eles representam parceiros para a empresa e necessitam atenção, responsabilidade e profissionalismo constantemente, de modo que permaneçam colaborando e sendo cruciais no progresso e na prosperidade das organizações. Aplique com muita consciência tudo o que está sendo ensinado e continue estudando sempre. Referências BLANCO, F. Os 7 passos para o melhor relacionamento bancário. São Paulo: Saraiva, 2011. BOWDITCH, J. L.; BUONO, A. F. Elementos de Comportamento Organizacional. São Paulo: Pioneira, 1992.
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