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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DE NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA EFEITO DO TREINAMENTO NEUROMUSCULAR INTEGRATIVO NO CONTROLE INIBITÓRIO DE ADOLESCENTES FUTEBOLISTAS: UM ESTUDO PILOTO THIAGO CÉSAR SILVA DE AZEVEDO NATAL – RN 2022 EFEITO DO TREINAMENTO NEUROMUSCULAR INTEGRATIVO NO CONTROLE INIBITÓRIO DE ADOLESCENTES FUTEBOLISTAS: UM ESTUDO PILOTO THIAGO CÉSAR SILVA DE AZEVEDO Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação Física. ORIENTADOR: PROF. DR. ARNALDO LUIS MORTATTI Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS Azevedo, Thiago César Silva de. Efeito do treinamento neuromuscular integrativo no controle inibitório de adolescentes futebolistas: um estudo piloto / Thiago César Silva de Azevedo. - 2022. 74f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-graduação em Educação Física. Natal, RN, 2022. Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Luis Mortatti. 1. Educação Física - Dissertação. 2. Cognição - Dissertação. 3. Habilidades Motoras Fundamentais - Dissertação. 4. Adolescentes - Dissertação. I. Mortatti, Arnaldo Luis. II. Título. RN/UF/BS-CCS CDU 796 Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263 Dedico este trabalho a minha esposa que me fez chegar até aqui através do seu incentivo e apoios incondicionais desde a minha inscrição para seleção. Sem ela não teria enfrentado essa jornada. THIAGO CÉSAR SILVA DE AZEVEDO EFEITO DO TREINAMENTO NEUROMUSCULAR INTEGRATIVO NO CONTROLE INIBITÓRIO DE ADOLESCENTES FUTEBOLISTAS: UM ESTUDO PILOTO COMISSÃO EXAMINADORA: ________________________________________ Prof. Dr. Arnaldo Luis Mortatti Universidade Federal do Rio Grande do Norte ________________________________________ Prof. Dr. Anelise Reis Gaya Universidade Federal do Rio Grande do Sul ________________________________________ Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy Universidade Federal do Rio Grande do Norte AGRADECIMENTOS Sem Ti Senhor, mesmo eu estando tão distante do Teu caminho, não haveria de ter persistido e chegado até aqui. Então faço minhas as palavras dessa canção que diz: “obrigado por estar aqui” (ROSA DE SARON, 2005). Não poderia de deixar de agradecer de forma alguma à minha esposa, Flávia Fernandes, minha fonte do mais puro amor. Sem o seu incentivo e o seu discernimento de me fazer enxergar que eu seria capaz, sequer teria feito a inscrição para seleção no mestrado. Todo esse tempo de estudos, que coincidiu com o período de pandemia, nos permitiu a convivência diária que tanto sonhamos sem a distância física dos dias semanais habituais. Obrigado meu anjinho por ter acredito que eu seria capaz e por estar comigo por todos esses anos. Nosso pilar de sustentação tão importante quanto: família. Aos meus pais, Júlia e Marcos, meus profundos agradecimentos por terem sido o meu Norte para que, mesmo diante de tantas dificuldades, eu pudesse avançar com meus estudos sem que nada me faltasse. Essa conquista também é de vocês. Agradeço também a minha irmã, Luanna, que hoje também trilha o caminho do mestrado e sabe o quão importante foi a dedicação de nossos pais para a nossa formação e personalidade. Mesmo que nossos laços tenham sido fortalecidos ainda mais na nossa vida adulta, lembranças do nosso convívio na infância é o que nos definem enquanto irmãos. Aos meus amigos de vida, seja aos que fiz na UFERSA, sejam os de Caicó ou os de Natal, meu muito obrigado pelo tempo compartilhado. Aos amigos que conheci pelo mestrado, em específicos aos que entraram junto comigo nessa caminhada Jaimar Macedo, Maria Karolina e Kleber Fernandes e aos que compõe o GEPEFIC, Professor Ricardo, Glauber, Elias, Ayrton, Bruno, entre tantos outros por toda troca de conhecimentos e ajuda ao longo desse período, em grande parte trilhado à distância, obrigado por tudo. Não esquecendo também de agradecer aos amigos da turma “Educação Física na Veia” que caminharam comigo na graduação e até hoje fazem parte do meu dia a dia e que me ajudaram nas coletas da pesquisa junto com alguns queridos do curso de Educação Física da UNOPAR Caicó. Sem deixar passar também um agradecimento especial ao professor Zé Maria e seus alunos que abraçaram a proposta da pesquisa e me permitiram fazer parte do cotidiano dos treinos na escolinha, contribuindo para um aprofundamento ainda maior de conhecimentos técnicos e de vida. À UFERSA, instituição a qual tenho orgulho de ser servidor, através de sua Política de Incentivo à Qualificação, gostaria de agradecer a possibilidade que me deu para afastar-me das minhas atribuições enquanto Técnico Desportivo para dedicar-me ao mestrado ao longo desses mais de dois anos. Certamente retorno ao trabalho com uma gama de conhecimentos e ideias que irão contribuir para o desenvolvimento do esporte na instituição. Gostaria de externar meus agradecimentos aos Professores Dr. Hassan Elsangedy e Dra. Anelise Gaya pela disponibilidade para participar da banca de defesa da dissertação e contribuir de forma ímpar para correção, lapidação e aprovação deste trabalho. E por fim, mas não menos importante, não poderia deixar de fazer um agradecimento especial ao Professor Dr. Arnaldo Mortatti, pela extrema paciência, confiança e orientações, mesmo quando parecia que as coisas não iam andar. Todas as cobranças, palavras de incentivos e parabenizações foram essenciais para que eu chegasse até aqui. Mesmo que não tenhamos tido uma convivência presencial tão intensa, o aprendizado foi intenso e gratificante. Muitíssimo obrigado professor. “Poderiam ter avisado Que a vida é difícil E que o tempo, o tempo passa Mas nem tudo passa com o tempo Nem mesmo o amor Nem os céus Nem Deus” (Guilherme de Sá, 2018) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 17 2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 20 2.1. GERAL ................................................................................................................ 20 2.2. ESPECÍFICOS .................................................................................................... 20 3. HIPÓTESE .......................................................................................................... 21 4. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 22 4.1. CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E MATURAÇÃO ................................. 22 4.2. TREINAMENTO NEUROMUSCULAR INTEGRATIVO ....................................... 24 4.3. CONTROLE INIBITÓRIO .................................................................................... 29 4.3.1. Efeito Stroop ................................................................................................... 31 4.4. AGILIDADE ......................................................................................................... 32 4.4.1. Avaliação da Agilidade....................................................................................34 5. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 35 5.1. TIPO DE PESQUISA .......................................................................................... 35 5.2. AMOSTRA .......................................................................................................... 35 5.3. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ....................................................... 36 5.4. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS ........................................................... 37 5.4.1. Avaliação do nível de atividade física ............................................................. 37 5.4.2. Variáveis antropométricas (estatura, altura tronco-encefálica, comprimento de membros inferiores e massa corporal) ...................................................................... 38 5.4.3. Avaliação da maturação somática .................................................................. 38 5.4.4. Teste de Stroop Computadorizado (TSC) - TESTINPACS ............................. 39 5.4.5. Teste de Agilidade com Utilização de Vídeo (VAT) ........................................ 40 5.4.6. Intervenção com o INT.................................................................................... 43 5.4.7. Delineamento da pesquisa ............................................................................. 46 5.5. TRATAMENTO ESTATÍSTICO ........................................................................... 46 6. RESULTADOS ................................................................................................... 48 6.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA ............. 48 6.2. VARIÁVEIS DO TESTE DE STROOP COMPUTADORIZADO .......................... 49 6.3. VARIÁVEIS DO TESTE AGILIDADE COM UTILIZAÇÃO DE VÍDEO ................. 53 6.4. CORRELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS DOS TESTES DE STROOP E DE AGILIDADE E A MATURAÇÃO SOMÁTICA ............................................................. 56 7. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 57 8. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 62 9. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 63 ANEXOS ................................................................................................................... 71 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Fluxograma de distribuição de amostragem nos grupos intervenção e controle ................................................................................................................. 35 Figura 2. Modelo de visualização do TSC – TESTINPACS. (A) Etapa 1 (congruente) com resposta adequada a opção “Verde”; (B) Etapa 2 (congruente) com resposta adequada a opção “Preto”; (C) Etapa 3 (incongruente) com resposta adequada a opção “Azul” ...................................................................................... 40 Figura 3. Esquematização do Teste de Agilidade com utilização de Vídeo ........ 41 Figura 4. Delineamento da Pesquisa na linha do tempo ..................................... 46 Figura 5. Valores obtidos para o tempo de reação na etapa 03 (incongruente) do Teste de Stroop Computadorizado ....................................................................... 50 Figura 6. Valores obtidos para o IES na etapa 03 (incongruente) do TSC .......... 51 Figura 7. Alteração percentual (Δ%) dos valores obtidos para o tempo de reação na etapa incongruente do TSC em relação ao momento de pré-intervenção ...... 53 Figura 8. Valores obtidos para o Tempo Total do Teste de Agilidade ................. 54 Figura 9. Alteração percentual (Δ%) dos valores obtidos para o tempo total no VAT em relação ao momento de pré-intervenção ................................................ 55 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Estrutura do programa de INT para o período de 12 semanas ........... 45 Tabela 2. Características descritivas dos participantes (n = 16) nos momentos pré e pós-intervenção para idade, estatura, massa corporal e aPVC ........................ 48 Tabela 3. Caracterização do nível de atividade da amostra (n = 16) ................... 49 Tabela 4. Resultados descritivos das variáveis do Teste de Stroop Computadorizado ..................................................................................................49 Tabela 5. Dados descritivos da variação percentual (Δ%) das variáveis analisadas no Teste de Stroop Computadorizado .................................................................. 52 Tabela 6. Resultados descritivos das variáveis analisadas no VAT .................... 53 Tabela 7. Dados descritivos da variação percentual (Δ%) das variáveis analisadas no Teste de Agilidade com utilização de Vídeo .................................................... 55 Tabela 8. Correlações entre nível maturacional, tempo de reação da etapa incongruente do TSC e o tempo total no VAT após 12 semanas ......................... 56 LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS aPVC – Anos para o Pico de Velocidade de Crescimento. FE – Funções Executivas. GC – Grupo Controle. GINT – Grupo Intervenção. IES – Escore de Eficiência Invertido. INT – Treinamento Neuromuscular Integrativo. PVC – Pico de Velocidade de Crescimento. TALE – Termo de Assentimento Livre e Esclarecido. TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. TR – Tempo de Reação. TSC – Teste de Stroop Computadorizado. VAT – Teste de Agilidade com utilização de Vídeo. RESUMO EFEITO DO TREINAMENTO NEUROMUSCULAR INTEGRATIVO NO CONTROLE INIBITÓRIO DE ADOLESCENTES FUTEBOLISTAS: UM ESTUDO PILOTO Autor: Thiago César Silva de Azevedo Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Luis Mortatti O objetivo do estudo foi analisar o efeito do Treinamento Neuromuscular Integrativo (INT) no controle inibitório e na agilidade de jovens futebolistas da categoria sub-15. Métodos: 16 adolescentes foram divididos em grupo controle – GC (n = 8; 14,02 ± 0,84 anos; 1,62 ± 0,76 m; 53,74 ± 11,87 kg); e grupo intervenção – GINT (n = 8; 13,89 ± 0,88 anos; 1,64 ± 0,42 m; 54,71 ± 11,91 kg). O pico de velocidade de crescimento (PVC) foi utilizado para determinar a maturação somática, enquanto o desempenho cognitivo foi avaliado pelo Teste de Stroop Computadorizado (TSC) e a avaliação da agilidade foi dada a partir do Teste de Agilidade com utilização de Vídeo (VAT). Para observação do efeito do INT entre os grupos e ao longo do tempo foi utilizado a ANOVA de medidas repetidas. As diferenças percentuais (Δ%) entre os grupos foram verificadas através do teste U de Mann-Whitney. O coeficiente de correlação de Spearman foi utilizado para correlacionar os níveis maturacionais e os resultados obtidos no TSC e no VAT. Resultados: Para as etapas congruentes do TSC não foram observados efeito de tempo (F = 0,246; p = 0,707) e de interação entre os grupos (F = 0,942; p = 0,376). Entretanto, no GINT foi observado efeito de tempo na etapa incongruente para o tempo de reação [pré-intervenção para 06 semanas (p = 0,012); 06 semanas para pós-intervenção (p = 0,001); e pré para pós- intervenção (p = 0,001)] e Escore de Eficiência Invertido (IES) [06 semanas para pós-intervenção (p = 0,047) e da pré para pós-intervenção (p = 0,002)]. A Δ% apresentou diferença significante (p = 0,031) entre os grupos para o tempo de reação da etapa incongruente do TSC da pré para pós-intervenção. No GINT, a Δ% demonstrou ainda uma diminuição significante no tempo de reação (p = 0,004) e na IES (p = 0,030) da etapa incongruente do TSC da pré para pós-intervenção. O tempo total no teste de agilidade também demonstrou diminuição no GINT do momento pré para pós-intervenção (p = 0,034). Não houve correlação entre a maturaçãoe TSC (GC: r = -0,086, p = 0,840; GINT: r = 0,575, p = 0,136) e o VAT (GC: r = -0,332; p = 0,421; GINT: r = 0,701, p = 0,053) em nenhum dos grupos. Também não foi observado correlação em nenhum grupo entre o TCS e o VAT (GC: r = -0,484, p = 0,224; GINT: r = 0,603, p = 0,113). Conclusão: A adição do INT ao treinamento sistemático do futebol promoveu melhorias no desempenho cognitivo e no tempo total de agilidade de jovens jogadores de futebol. Palavras-chave: Educação Física, cognição, habilidades motoras fundamentais, adolescente. ABSTRACT EFFECT OF INTEGRATIVE NEUROMUSCULAR TRAINING ON INHIBITORY CONTROL IN ADOLESCENTS FOOTBALL PLAYERS: A PILOT STUDY Author: Thiago César Silva de Azevedo Advisor: Prof. Dr. Arnaldo Luis Mortatti The objective of the study was to analyze the effect of Integrative Neuromuscular Training (INT) on inhibitory control and agility of under-15 category youths in a soccer player. Methods: 16 adolescents were divided into a control group – CG (n = 8; 14.02 ± 0.84 years; 1.62 ± 0.76 m; 53.74 ± 11.87 kg); and intervention group – GINT (n = 8; 13.89 ± 0.88 years; 1.64 ± 0.42 m; 54.71 ± 11.91 kg). Peak growth velocity (PGV) was used to determine somatic maturation, while cognitive performance was assessed by the Computerized Stroop Test (CST) and the assessment of agility was given from the Video-based Agility Test (VAT). To observe the effect of INT between groups and over time, mixed repeated measures ANOVA was used. The percentage differences (Δ%) between the groups were verified using the Mann-Whitney U test. Spearman's correlation coefficient was used to correlate maturation levels and the results obtained in CST and VAT. Results: For the congruent steps of the TSC, no effect of time (F = 0.246; p = 0.707) and interaction between groups (F = 0.942; p = 0.376) were observed. However, in GINT, a time effect was observed in the incongruous step [pre-intervention for 06 weeks (p = 0.012); 06 weeks for post- intervention (p = 0.001); and pre- to post-intervention (p = 0.001)] and the effect of time for the Inverted Efficiency Score (IES) [06 weeks to post-intervention (p = 0.047) and from pre- to post-intervention (p = 0.002)]. The Δ% showed a significant difference (p = 0.031) between the groups for the reaction time of the incongruous stage of the CST from pre- to post-intervention. In GINT, the Δ% also showed a significant decrease in reaction time (p = 0.004) and in IES (p = 0.030) of the incongruous stage of the CST from pre- to post-intervention. The total time in the agility test also showed a decrease in GINT from the pre- to post-intervention moment (p = 0.034). There was no correlation between maturation and CST (CG: r = -0.086, p = 0.840; GINT: r = 0.575, p = 0.136) and VAT (CG: r = -0.332; p = 0.421; GINT: r = 0.701, p = 0.053) in none of the groups. No correlation was observed in any group between CST and VAT (CG: r = -0.484, p = 0.224; GINT: r = 0.603, p = 0.113). Conclusion: The addition of INT to systematic soccer training promoted improvements in cognitive performance and total agility time of young soccer players. Keywords: Physical Education, cognition, fundamental motor skills, adolescent. 17 1. INTRODUÇÃO O contexto da prática do futebol é resultado de constantes mudanças nas condições de jogo sendo, portanto, uma das modalidades esportivas com maior grau de imprevisibilidade (GARGANTA e GRÉHAIGNE, 1999), exigindo do jogador atenção e foco para observar, processar e avaliar situações, bem como escolher em um curto espaço de tempo as soluções técnicas e táticas necessárias para cada situação de jogo (GRECO, 2006). Essa capacidade de análise e escolha de uma ação ideal é definida como tomada de decisão e é modulada por processos cognitivos que envolvem habilidades perceptivo-cognitivas como percepção visual, atenção, antecipação e memória (MURGIA et al., 2014). Um conceito que pode estar inserido nesse processo cognitivo para tomada de decisão é o de controle inibitório. Este é conceituado como a capacidade de um indivíduo de controlar a atenção, o comportamento, os pensamentos e as emoções para que ele foque em fazer o que é mais apropriado ou necessário no momento, inibindo tomadas de decisões impulsivas, respostas prepotentes e pensamentos desagradáveis (DIAMOND, 2013). O impacto do controle inibitório no desempenho esportivo ainda é incerto, embora a literatura traga indícios que existe uma associação entre controle inibitório e o sucesso esportivo, pois, hipoteticamente, pode facilitar a adaptação a situações novas ou a mudanças que geralmente ocorrem em cenário esportivos complexos, como é o caso do futebol, através da supressão de ações motoras inadequadas em ambientes imprevisíveis e indeterminados (VERBURGH et al., 2014). Outra importante capacidade para o desempenho no futebol é a agilidade, que é entendida como a capacidade de responder a um estímulo através da movimentação do corpo inteiro para mudar de direção ou velocidade e possui dois componentes-chave: o primeiro está atrelado a capacidade cognitiva e envolve os processos de percepção e tomada de decisão; e o segundo relacionado a aspectos físicos, compreende a velocidade de mudança de direção necessária para responder ao estímulo (SHEPPARD e YOUNG, 2006). O componente perceptivo e de tomada de decisão da agilidade se mostra como um aspecto que pode estar associado ao controle inibitório de modo que um melhor desempenho na agilidade pressupõe uma capacidade de processamento rápido de informações relevantes, ignorando os estímulos irrelevantes, os quais auxiliarão em uma tomada de decisão mais rápida e eficiente (ARBENETHY et al., 18 2013). Dessa forma, pode ser que uma maior capacidade de controle inibitório contribua para melhoria na agilidade. O desenvolvimento das habilidades perceptivo-cognitivas é ainda mais importante durante a infância e adolescência, onde as crianças e adolescentes possuem capacidades motora e cognitivas altamente “plásticas” e responsivas ao treinamento (MYER et al., 2013a), sobretudo por causa do desenvolvimento e amadurecimento das vias neuromusculares e do córtex pré-frontal (ARAIN et al., 2013). É preciso, portanto, oferecer um ambiente enriquecido de oportunidades para potencializar o desenvolvimento da aptidão neuromuscular e das habilidades motoras fundamentais (HMF) desde a infância (MYER et. al., 2013b), ampliando as experiências em diferentes atividades que possibilitarão processos mais eficientes e especializados de tomada de decisão (CASEY et al., 2005). Entretanto, professores e treinadores em seu cotidiano prático acabam por concentrar à sua atenção no desenvolvimento de habilidades específicas do esporte, geralmente focados em aspectos técnicos ou táticos descontextualizados de situações reais de jogo, relegando a um segundo plano a importância do desenvolvimento de habilidades perceptivo-cognitivas, aptidão neuromuscular e HMF como base para participação contínua das crianças e adolescentes em programas de exercícios e esportes (BERGERON, 2015; LABELLA & MYER, 2017). Nesse contexto, o Treinamento Neuromuscular Integrativo (Integrative Neuromuscular Training – INT) vem se apresentando como uma abordagem de treino para crianças e adolescentes que pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e perceptivas, por meio de exercícios que combinam a perturbação visual e a ação reativa para desenvolver a melhora na percepção de informações do ambiente e na tomada de decisão/ação conforme as exigências da tarefa colocada (FORT-VANMEERHAEGHE et al., 2016). O INT é um programa que mescla diversos tipos de atividades com exercícios gerais para treinamento de habilidades motoras fundamentais; atividades específicas, com base em exercícios prescritos para déficits motores; e atividadespara condicionamento físico com foco em exercícios de força, resistência, agilidade, estabilidade dinâmica da região do tronco (centro-core) e pliometria (FAIGENBAUM et al., 2011; FORT-VANMEERHAEGHE et al., 2016; MYER et al., 2011a). Faigenbaum et al. (2013) também argumentam a favor de intervenções com o INT nos anos de crescimento da criança como mecanismo que contribui para o 19 alcance de um nível de capacidade motora e cognitiva acima do potencial esperado sem o treinamento, além de também estabelecer comportamentos desejáveis para uma promoção da atividade física ao longo da vida. Assim, a participação de crianças e adolescentes em um programa de INT, realizado de acordo com cada estágio de desenvolvimento físico, cognitivo e social, dentro de um ambiente controlado e eficaz para que eles desenvolvam suas habilidades, poderá acarretar a melhora do seu desempenho atlético, a diminuição do risco de lesões e fomentar um estilo de vida ativo e saudável que irá perdurar ao longo de toda a vida (MYER et. al., 2011b; KUSHNER et. al., 2015). As evidências sobre a eficácia do INT demonstram que ele deve ser iniciado na infância e perdurar até a adolescência de forma a maximizar os benefícios relacionados ao desenvolvimento neuromuscular, cortical e cognitivo, já que após a maturação, a plasticidade córtico-motora e neuromuscular se torna fortemente diminuída (MYER et al., 2015). Porém, já há alguma evidência que o início da realização do INT em adolescentes esportistas promoveu aumento na competência motora de jovens jogadores de voleibol (NUNES et al., 2019). Os estudos até aqui referenciados demonstraram que o INT é um modelo de treinamento eficaz para melhoria das capacidades, comportamentos e habilidades físico-motoras a partir da infância. Muitos desses estudos apontaram também para uma relação na melhoria de desempenho físico-motor com o desenvolvimento neuronal (FAIGENBAUM et. al., 2011; MYER et. al., 2013b; KUSHNER et. al., 2015; MENEZES, et. al., 2020). O próximo passo nessa evolução conceitual e prática das intervenções com o INT aponta para necessidade de estudos que analisem diretamente o efeito do INT em aspectos específicos da cognição de adolescentes. A partir dessa perspectiva, e entendendo que os estudos até o momento fazem relação apenas teórica entre o INT e o desempenho cognitivo (FAIGENBAUM et. al., 2013; MYER et. al., 2015; FORT-VANMEERHAEGHE et al., 2016), percebe-se a necessidade de se pesquisar o efeito do treinamento neuromuscular integrativo na capacidade cognitiva e nos processos de percepção e tomada de decisão de adolescentes que já estão inseridos em uma prática regular e sistemática de treinamento específico do futebol. 20 2. OBJETIVOS 2.1. GERAL Analisar o efeito do Treinamento Neuromuscular Integrativo (INT) no controle inibitório e na agilidade de adolescentes futebolistas da categoria sub-15. 2.2. ESPECÍFICOS Comparar os resultados obtidos no Teste de Stroop Computadorizado congruente e incongruente entre os grupos (GC e GINT) antes e depois do programa de treinamento neuromuscular integrativo; Comparar os resultados das variáveis (tempo de percepção e tomada de decisão, tempo de resposta do movimento e tempo total) obtidas no Teste de Agilidade com utilização de Vídeo entre os grupos (GC e GINT) antes e depois do programa de treinamento neuromuscular integrativo; Correlacionar os resultados obtidos entre o Teste de Stroop Computadorizado e o Teste de Agilidade com utilização de Vídeo; Averiguar o efeito do INT no desempenho cognitivo e na agilidade em função do nível maturacional dos jovens futebolistas. 21 3. HIPÓTESE De acordo com estudos prévios (FAIGENBAUM et al., 2011; MYER et al., 2013b; KUSHNER et al., 2015; MENEZES, et al., 2020), os quais fazem associação teórica entre a melhoria de desempenho físico-motor com o desenvolvimento neuronal e desempenho cognitivo, apresenta-se nesta pesquisa a hipótese que o INT, aplicado a adolescentes jogadores de futebol da categoria sub-15 e que ainda estão em pleno desenvolvimento motor e cognitivo, terá impacto positivo no controle inibitório e na agilidade. 22 4. REVISÃO DE LITERATURA Nesta revisão, pretendeu-se possibilitar ao leitor um melhor entendimento sobre a temática abordada no estudo e suas variáveis de desfecho. Assim, apresentou-se os aspectos relacionados ao processo de crescimento e desenvolvimento, em especial no período pubertário e em seguida apresentou-se os conceitos sobre o Treinamento Neuromuscular Integrativo e os aspectos básicos sobre as variáveis de desfecho do estudo, a saber: controle inibitório, avaliação do controle inibitório, agilidade e a avaliação da agilidade. Desta forma, buscou-se apresentar as informações básicas para o entendimento sobre a problemática do estudo e a relação entre o programa de treinamento e os seus benefícios para as variáveis analisadas. 4.1. CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E MATURAÇÃO Os processos de crescimento, desenvolvimento e maturação são complexos e levam ao completo estado funcional do ser humano (TSE et al., 1989). São processos centrais na evolução da criança desde o nascimento até à fase adulta e interferem diretamente nas relações afetivas, sociais, cognitiva e motoras dos indivíduos (PAPALIA et al., 2006). Crescimento e maturação são comumente associados quando se discute temas relacionados à bebês, crianças e adolescentes, sendo por vezes tratados como sinônimos. Porém cada um se refere a atividades biológicas específicas (MALINA et al., 2009). O primeiro diz respeito à aspectos quantitativos associados a mudanças no tamanho do indivíduo, considerando o corpo em sua totalidade ou em partes, relacionados com a hipertrofia e hiperplasia celular. Já a maturação está intimamente ligada às alterações e amadurecimento das funções orgânicas de diferentes órgãos e sistemas, sendo definido, portanto, como um processo biológico qualitativo (TSE et al., 1989; PAPALIA et al., 2006; MALINA et al., 2009). Por sua vez, o desenvolvimento refere-se a um conceito mais amplo sendo entendido como uma interação entre as características biológicas individuais de crescimento e maturação com o meio ambiente ao qual o sujeito é exposto ao longo de sua vida (GALLAHUE et al., 2013; MALINA et al., 2009). O desenvolvimento é, portanto, um processo contínuo que tem início na concepção e vai até a morte. Nessa perspectiva, Gallahue et al. (2013, p. 21) trazem a noção de desenvolvimento motor como sendo “a mudança contínua do comportamento motor ao longo da vida, 23 provocada pela interação entre as exigências da tarefa motora, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente”. Durante duas décadas, o organismo humano tem como principal meta “crescer” e se “desenvolver”, fenômenos esses que ocorrem de forma simultânea, mas que tem sua maior ou menor velocidade determinadas pelo nível maturacional do indivíduo, bem como suas vivências e experiências quando criança ou adolescente (GUEDES e GUEDES, 2006). Vale destacar ainda que o crescimento e a maturação biológica não acontecem de forma síncronas com a idade cronológica, podendo haver variações na idade biológica e no nível maturacional em grupo de crianças do mesmo sexo e idade cronológica (MALINA e BOUCHARD, 2002). O indivíduo apresenta alguns momentos de grande crescimento somático que podem ser verificados através de medidas que expressam a aceleração na estatura. O primeiro ocorre logo após a fase intrauterina e depois tem uma pequena aceleração durante a primeira infância e início da segunda (entre 6 e 8 anos), ocorrendo novamente durante a adolescência sendo conhecida como estirão de crescimento. Na puberdade, os adolescentes chegam a alcançar uma velocidade de crescimento entre 12 e 14 centímetros por ano em meninos e meninas, respectivamente (EVELETH eTANNER, 1990). O auge dessa aceleração é conhecido como pico de velocidade de crescimento (PVC). Além do rápido aumento em estatura e de massa corporal, no período do estirão também há uma série de outras mudanças físicas, psicológicas e motoras devido, entre outras coisas, a maturação dos sistemas nervoso e endócrino (MALINA e BOUCHARD, 2002). A idade cronológica em que ocorre o PVC é considerado como indicador maturacional (MALINA, BOUCHARD e BAR-OR, 2009), assim, o cálculo do PVC, geralmente em estudo longitudinais, é utilizado como importante marcador do período de puberdade (MIRWALD et al., 2002). Os meninos iniciam o estirão de crescimento por volta dos 12 anos, atingindo o pico da taxa de crescimento aos 14 anos, terminando por volta dos 18 anos. Já as meninas apresentam uma magnitude do PVC superior à dos meninos e tendem a iniciar as ocorrências de estirão de crescimento cerca de dois anos mais cedo (FIGUEIREDO et al., 2009). Contudo, a análise maturacional através do PVC deve interpretada levando-se em consideração a grande variabilidade interindividual (PHILIPPAERTS et al., 2006). Dentre as mais variadas formas de identificação do nível maturacional, tais como maturação óssea, maturação dental e maturação das características sexuais 24 secundárias, a maturação somática vem sendo discutida e investigada como um método que consiste em utilizar dados antropométricos (como idade, peso, estatura e estatura tronco-encefálica) em uma equação de regressão proposta por Mirwald et al. (2002), para determinar os anos para o Pico de Velocidade do Crescimento (aPVC). O aPVC estima a distância, em anos, que o sujeito está do PVC para estatura (MIRWALD et al., 2002; MALINA, BOUCHARD e BAR-OR, 2009). Esse método, como alternativa para a avaliação da maturação biológica, vem se apresentando na comunidade científica como indicador útil e confiável para se analisar o nível de maturação dos adolescentes, com benefício adicional de ser um instrumento de baixo custo, fácil aplicabilidade e não invasivo (MALINA et al., 2012). Nessa perspectiva, o aPVC contribui para a identificação maturacional dos adolescentes para que os mesmos possam ser classificados dentro de faixas etárias maturacionais (não pela classificação por idade cronológica), com o intuito de individualizar a carga de treinamento que respeite as características morfofisiológicas e psicossociais dos jovens a fim de maximizar suas capacidades físicas e cognitivas (MORTATTI et al., 2013). 4.2. TREINAMENTO NEUROMUSCULAR INTEGRATIVO A atividade física está estreitamente associada a inúmeros benefícios fisiológicos e psicossociais, sendo particularmente potencializada durante a infância e adolescência, período em que as crianças e adolescentes possuem capacidades motoras e cognitivas altamente “plásticas” e responsivas ao treinamento (MYER et. al., 2013a). Contudo, estudos recentes apontam para uma diminuição da prática de atividade física nesse público, dando espaço para o estabelecimento de hábitos sedentários (BASTERFIELD et. al., 2011). As recomendações globais de saúde sugerem que os jovens em idade escolar participem de pelo menos 60 minutos diários de atividades físicas moderadas à vigorosas (AFMV) como jogos, esportes e exercícios físicos esquematizados (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010), sendo ideal a participação em programas que incluem o ensino adequado de habilidades motoras por um profissional capacitado e em um ambiente diversificado, divertido e mentalmente engajante (FAIGENBAUM et al., 2013). As atividades voltadas a esse público devem ir além do uso do corpo, devendo estimular a aprendizagem cognitiva das habilidades trabalhadas a fim de melhorar o engajamento no exercício, o 25 desempenho motor e a aptidão física. Quando os exercícios físicos são programados para serem cognitivamente estimulantes para crianças e adolescentes, estes passam a perceber e entender o que estão fazendo e como estão se movimentando (MEDIATE e FAIGENBAUM, 2007), o que provocará melhoria nas competências técnicas durante o exercício físico (TOMPOROWSKI et al., 2013). O Treinamento Neuromuscular Integrativo (INT), nessa perspectiva, vem se mostrando ser uma abordagem de treino inovadora para crianças e adolescentes que estão em idade escolar por melhorar a qualidade de vida e componentes relacionados à saúde, a prevenção de lesões e o condicionamento físico-motor e cognitivo (FAIGENBAUM et al., 2011; FORT-VANMEERHAEGHE et al., 2016; MYER et al., 2011a). O INT é um programa que incorpora diversos tipos de atividades: gerais, para treinamento de habilidades motoras fundamentais; específicas, com base em exercícios prescritos para déficits motores; e atividades para condicionamento físico com foco em exercícios de força, resistência, agilidade com feedback neurocognitivo/visual-motor, estabilidade dinâmica da região do tronco (centro-core) e pliometria (FAIGENBAUM et al., 2011; MYER et al., 2015). O INT contribui para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e perceptivas através de exercícios que combinam perturbação visual e ação reativa que visam promover a melhora na percepção de informações do ambiente e aprimorar a tomada de decisão/ação segundo as exigências da tarefa imposta (FORT-VANMEERHAEGHE et al., 2016). Nesse sentido, Myer et al. (2013b) chamam a atenção para o fato de que, mesmo que o desenvolvimento cognitivo esteja intrinsicamente ligado a fatores genéticos, os estímulos ambientais também desempenham papel significativo nesse desenvolvimento, sobretudo na fase da infância e adolescência, pois nessas fases as capacidades motoras e cognitivas são altamente “plásticas” e sensíveis ao treinamento (MYER et al., 2015). O ponto chave para melhoria dessas capacidades cognitivas e motoras através do INT está alicerçada na instrução adequada à idade e à progressão da complexidade e intensidade dos exercícios conduzidos por profissionais qualificados e especialistas nos princípios fundamentais da ciência, do exercício e da fisiologia de jovens, bem como destreza pedagógica para o ensino das habilidades motoras e demais exercícios em um ambiente divertido e cognitivamente envolvente (FAIGENBAUM et al., 2013). 26 O Treinamento Neuromuscular Integrativo é um método de baixíssimo custo financeiro e tecnológico propositalmente concebido para oportunizar aos jovens a melhoria de sua aptidão neuromuscular e a maestria das habilidades motoras fundamentais que formarão a base para a participação futura em contextos esportivos, de lazer e de saúde. A participação regular nessas atividades pode fornecer um mecanismo para aumentar os níveis de atividade física na juventude, gerando potencial para manutenção dessas atividades na vida adulta (BLOEMERS et al., 2012). Nesse contexto, as práticas mentais e cognitivas proporcionadas pelo INT tem potencial para melhorar o desempenho motor e diminuir o risco de lesões quando iniciado durante a pré-adolescência, explorando fatores físicos e cognitivos já consolidados e contribuindo para o desenvolvimento das habilidades neuromotoras durante a maturação (MYER et al., 2015). Dessa forma, o INT deve ser iniciado na infância e perdurar até a adolescência de forma a maximizar os benefícios relacionados ao desenvolvimento neuromuscular, cortical e cognitivo, já que após a maturação, a plasticidade córtico- motora e neuromuscular se torna fortemente diminuída (MYER et al., 2015). Faigenbaum et al. (2013) também argumentam a favor de intervenções com o INT nos anos de crescimento da criança como mecanismo que contribui para o alcance de um nível de capacidade motora e cognitiva acima do potencial esperado sem o treinamento, além de também estabelecer comportamentos desejáveis para uma promoção da atividade física ao longo da vida. O potencial para desenvolvimento das habilidades motoras fica mais acentuadoquando o INT é iniciado ainda na infância e se mantém durante a adolescência quando comparado inclusive com o INT iniciado somente na adolescência. A falta de um programa regular de exercícios físico ao longo da maturação por sua vez apresenta efeito oposto ao minimizar o potencial de desenvolvimento das habilidades motoras e cognitivas. O INT quando iniciado na infância, nesse modelo conceitual, é potencializador para o desenvolvimento estrutural do córtex, bem como desenvolvimento cognitivo e neuromuscular. No contrapondo, o potencial de inatividade física ao longo dos anos de crescimento pode influenciar no aumento do risco de síndrome metabólica e déficits no desenvolvimento estrutural do córtex (MYER et al., 2015). Myer et. al. (2013b) discutem então qual seria a idade mais adequada para iniciação regular em programas de treinamentos tal como o INT. Os autores 27 argumentam que uma criança apta a participar de esportes estruturados (a partir dos 7 anos) estaria também apta a participar do INT. Tal afirmação encontra fundamento na ideia de que as crianças a partir dessa idade já são capazes de seguir as instruções do treinador e de lidar com demandas de atenção exigidas em um programa de treinamento como o INT, embora não se deva negligenciar a melhora das habilidades motoras em anos anteriores (KUSHNER et al., 2015). Consta-se que quanto mais precoce for a iniciação e a manutenção no INT, maior será o potencial das capacidades neuromotoras atingidas na idade adulta. Ainda é possível observar que os jovens fisicamente inativos tendem a não atingir o potencial de performance neuromuscular prevista para a idade adulta. Myer et. al. (2013b) ainda apontam que o tipo de atividade anterior ao início de um programa sistematizado de treinamento também é importante. Dessa forma, os jovens devem se envolver em uma gama variada de atividades físicas e esportivas com o intuito de melhorar o desempenho de habilidades neuromotoras fundamentais, as quais serão ainda mais intensivamente desenvolvidas com o INT. Faigenbaum et al. (2011) em seu estudo com a intervenção com crianças escolares entre 7 e 8 anos consideraram o INT como um programa seguro, eficaz e valioso para melhoria do condicionamento e aptidão física relacionadas à saúde e às habilidades motoras fundamentais para este público. No estudo eles evidenciaram a melhoria, em comparação ao grupo controle, da força, resistência muscular e capacidade cardiorrespiratória nos participantes envolvidos no INT dentro de um período de 8 semanas, com 2 treinos semanais de INT de 15 minutos antes das aulas de Educação Física. Os autores atribuem as melhoras nesses componentes às alterações de natureza neuromuscular, estando elas relacionadas à ativação, coordenação, recrutamento e disparo de unidades motoras. Em outro estudo que visa investigar os efeitos da adesão ao INT na força do abdutor do quadril em jovens atletas mulheres (idade média de 15 anos), Sugimoto et. al. (2014) conduziram uma intervenção com 21 jogadoras de voleibol do ensino médio ao longo de 10 semanas. No estudo, os autores concluíram que a maior adesão ao treinamento neuromuscular focado no tronco e quadril parece contribuir para o aumento de força do abdutor de quadril em adolescentes atletas, situação associada a alterações dos perfis biomecânicos e neuromusculares que levam a uma menor taxa de incidência de lesões, em especial a síndrome da dor patelofemural. Nesse contexto, os autores relataram que o INT foi de fácil adaptação 28 à rotina dos treinos de futebol, não causando lesões, podendo ser incorporado ao planejamento das rotinas de treinos do esporte de forma adaptada para atender as necessidades individuais dos jovens atletas com base nos seus estágios de maturação (PANAGOULIS et al., 2018; KUSHNER e. al., 2015). Menezes et al. (2020) buscaram também avaliar o efeito do INT na performance motora de 38 jogadores de futebol com idade entre 8 e 9 anos. Para tal, avaliaram o desempenho das crianças nas variáveis relacionadas ao equilíbrio, flexibilidade, salto vertical em contramovimento, velocidade de sprint e velocidade de mudança de direção. Em comparação ao grupo controle, houve melhoria significativa para o equilíbrio, flexibilidade e salto vertical, não sendo capaz de modular a velocidade no sprint e a mudança de direção. Dessa forma, conforme explicam os autores, considerando a limitada hipertrofia observadas em jovens pré- púberes, os ganhos apresentados no estudo, em especial da força e potência anaeróbica, devem estar relacionados ao desenvolvimento neuronal, com a melhoria na ativação de unidades motoras, coordenação e adaptações no acoplamento excitação-contração muscular (BEHRINGER et al., 2011). Em uma proposta de analisar os efeitos do INT e do destreino no desempenho do salto em contramovimento em jogadores jovens de voleibol, Nunes et al. (2019) trouxeram uma abordagem de pesquisa semelhante aos estudos até aqui mencionados, mas com adolescentes com média de 13 anos de ambos os sexos por um período de 12 semanas. Outra novidade trazida na pesquisa foi o efeito do destreino depois de 8 semanas sem treino no desempenho do salto. Os achados indicam que o grupo da intervenção melhorou o desempenho do salto após as 12 semanas e que esses ganhos foram mantidos após o período de destreino, enquanto os resultados do grupo controle se mantiveram estáveis, indicando que o INT é um modelo de treinamento importante para a manutenção do condicionamento neuromuscular. Foi verificado a não associação entre a evolução maturacional nos dois grupos, o que indica que as melhorias observadas no grupo de intervenção são decorrentes do treinamento realizado e corrobora com a proposta que os efeitos do INT estão favorecendo o desenvolvimento neuronal (NUNES et al., 2019). O INT se apresenta, portanto, como um programa seguro e importante para ajudar os jovens a melhorarem suas habilidades motoras fundamentais, a mecânica de movimento, o aumento de força e desenvolvimento de suas capacidades cognitivas, baseado na progressão e intensidade dos exercícios, no feedback ativo e 29 na instrução qualificada. Os modelos teóricos também indicam que quando iniciado na infância, o INT pode potencializar o desenvolvimento motor e cognitivo do indivíduo, aumentando as chances de se manter um estilo de vida ativo na fase adulta ao passo que reduz os riscos de lesões nas práticas esportivas, de lazer e de saúde (FAIGENBAUM e MYER, 2010; MYER et al., 2011a; MYER et al., 2011b). 4.3. CONTROLE INIBITÓRIO As funções executivas (FE) referem-se a um conjunto de processos mentais de ordem superior (top-down) baseados na concentração e atenção, inibindo ações automatizadas ou instintivas em contextos que exigem a ação planejada do indivíduo (DIAMOND, 2013). De forma complementar, o dicionário da International Neuropsychological Society define as FE como habilidades cognitivas dirigidas para determinado objetivo e que possuem a capacidade adaptativa a diversas demandas e mudanças ambientais necessárias para realização de comportamentos complexos (LORING, 1999). A partir das FE é que são construídas funções cognitivas superiores como raciocínio, resolução de problemas e planejamento (COLLINS e KOECHLIN, 2012). Existem vários tipos de processos que são classificados como funções executivas, dos quais o controle inibitório vem sendo considerado uma das mais importantes, pois envolve a capacidade de controlar a atenção, o comportamento, os pensamentos e as emoções de um indivíduo para que este foque em fazer o que é mais apropriado ou necessário no momento, inibindo tomadas de decisões impulsivas, respostas prepotentes e pensamentos desagradáveis. Sem essa capacidade de inibição, o indivíduo estaria sujeito a pensar/agir impulsivamente, dando respostas condicionadas a estímulos do ambiente e à tarefaque está desenvolvendo. Assim, o controle inibitório permite a escolha adequada de comportamentos e pensamentos que são necessários para o alcance do objetivo que se quer atingir (DIAMOND, 2013). O controle inibitório inclui o controle de interferência e o autocontrole. No que se refere ao controle de interferência, ao nível da percepção, se tem a atenção seletiva, que diz respeito ao atendimento seletivo de estímulos importantes à tarefa suprimindo outros estímulos concorrentes. De forma automática e involuntária, estímulos diversos, como um movimento visual ou um ruído alto, tendem a atrair a nossa atenção, sendo necessário optarmos por ignorar voluntariamente a atenção 30 para esses estímulos e atender a outros conforme a intenção desejada (POSNER e DIGIROLAMO, 1998; THEEUWES, 1991). Ainda em relação ao controle de interferência, a inibição cognitiva é responsável por suprimir representações mentais prepotentes como pensamentos ou memórias indesejados, permitindo também o esquecimento intencional (ANDERSON e LEVY, 2009) para interferência proativa de informações adquiridas anteriormente e retroativas para itens ainda a serem apresentados (POSTLE et al., 2004). O autocontrole, como aspecto do controle inibitório, é a capacidade de controlar o próprio comportamento e as próprias emoções a serviço do controle de comportamento, resistindo a tentações e evitando agir de forma impulsiva. O autocontrole também diz respeito a ter disciplina e ser capaz de permanecer na tarefa apesar das distrações ou da possibilidade de desistência da mesma para fazer outro trabalho ou para se divertir (DIAMOND, 2013). Em última instância, envolve o ato de obrigar-se a fazer ou manter-se em algo mesmo que haja outras possibilidades de tarefas que possibilitem um prazer imediato em detrimento de uma recompensa mais tardia (LOUIE e GLIMCHER, 2010). É essa capacidade que permite, por exemplo, que atletas se mantenham focados em provas extenuantes como correr uma maratona. Na prática esportiva, a capacidade de manter o foco e a concentração, inibindo distrações e mantendo o autocontrole, é de extrema importância para execução de tarefas motoras que vão contribuir diretamente para o desempenho do atleta (LIAO, MENG e CHEN, 2017; CAMPOS et al., 2019). As funções executivas, incluindo o controle inibitório, estão intimamente associadas a circuitos cerebrais que englobam o córtex pré-frontal, o sistema límbico e a região do núcleo estriado, de modo que na adolescência, tais funções encontram-se imaturas, sobretudo na região do córtex pré-frontal (ZHANG et al., 2016). É importante observar que é justamente na adolescência em que há uma maior ocorrência de comportamentos de riscos e atos impulsivos, devido ao desenvolvimento não completo do controle inibitório relacionado à imaturidade neural (WILLHELM, 2015; MATA et al., 2010). Porém, considerando-se um desenvolvimento normal, a interação entre o indivíduo e o ambiente ao longo do período da adolescência permite a intensificação do amadurecimento das funções executivas (MUSCATELLO, 2014), sendo sugerido na literatura a modulação das FE a partir do contexto afetivo e social (CRONE, 2009). A diferenciação das FE se torna mais efetiva na adolescência, quando 31 comparado com a infância, de modo que a capacidade de controle inibitório, por exemplo, se torna mais independente das outras capacidades executivas, embora não exista consenso na literatura sobre qual faixa etária ocorreria tal diferenciação (PEREIRA et al., 2018). Os adolescentes, portanto, se tornam cada vez mais capazes de controlar pensamentos e ações que se alinham aos seus objetivos (CRONE, 2009), sendo este período propício para potencialização do controle inibitório a partir de estímulos ambientais, sobretudo no contexto esportivo. 4.3.1. Efeito Stroop O teste de Stroop é um teste neuropsicológico que visa avaliar a capacidade de controle inibitório do indivíduo. Na versão mais clássica proposta por Stroop (1935), os indivíduos são solicitados a lerem três tabelas diferentes: na primeira, eles são solicitados a lerem nome de cores (escritas em tinta preta); na segunda, é solicitado a nomear mancha de cores diferentes; e na terceira etapa, eles devem nomear a cor da tinta ao invés de ler a palavra com o nome de uma cor diferente a da tinta (palavra “vermelho” escrita na cor verde). Nessa última etapa, de característica incongruente, os sujeitos avaliados devem executar uma tarefa menos automatizada (nomear a cor da tinta) enquanto inibem uma tarefa mais automática (ler a palavra), sendo esse processo de inibição da resposta automatizada denomina de efeito Stroop (STROOP, 1935). Neste contexto de estímulos e respostas conflituosas, o tempo de reação para as respostas e a taxa de erros/acertos são importantes variáveis para avaliação do controle inibitório (STRAUSS, SHERMAN e SPREN, 2006). Contudo, muito métodos de pontuação são relatados na literatura e, segundo revisão de Scarpina e Tagini (2017), nenhum deles permite uma avaliação completa do efeito Stroop. Assim, os autores propõem que o desempenho no teste de Stroop leve em consideração o tempo de reação e a precisão das respostas na etapa incongruente, bem como seja avaliado o desempenho também nas condições congruentes do teste. O Escore de Eficiência Invertido (Inverse Efficiency Score – IES), proposto por Townsend e Ashby (1978), apresenta uma relação entre o tempo de reação e o percentual de acertos na etapa incongruente como parâmetro para avaliação do controle inibitório no teste de Stroop e vem sendo adotado em diversos estudos (HUGHES et al., 2014; LI et al., 2016; KHNG et al., 2014). O IES em conjunto com a avaliação do tempo de reação em todas as etapas e número de erros cometidos na 32 etapa incongruente apontam para uma avaliação mais completa do desempenho dos indivíduos no teste de Stroop, conforme sugerem Scarpina e Tagini (2017). 4.4. AGILIDADE A conceituação do termo agilidade vem sendo discutida na literatura. Classicamente, é entendido a agilidade como a capacidade de mudar de direção de forma rápida e precisa avaliadas rotineiramente por meio de testes pré-planejados. Porém, no contexto esportivo a maioria das mudanças de direção dos jogadores durante esportes coletivos se dá pela necessidade de resposta a estímulos externos como o movimento da bola ou dos adversários e companheiros (SHEPPARD e YOUNG, 2006; FARROW, YOUNG e BRUCE, 2005). Diante dessa análise, o conceito básico sobre agilidade parece não dar conta de abarcar todos os aspectos que envolvem tal capacidade. Com a finalidade de ampliar tal conceito, Sheppard e Young (2006) propõe que a agilidade seja definida como a capacidade de movimentar todo o corpo de forma rápida, mudando de direção ou velocidade para responder a um determinado estímulo. A partir dessa ideia, os autores trazem dois componentes importantes para a agilidade: um relacionado a processos cognitivos/perceptivos e de tomada de decisão e outro relacionado à aspectos físicos/fisiológicos intimamente ligado à resposta motora do indivíduo. O primeiro está associado com a capacidade de rastreamento visual, conhecimento situacional, reconhecimento de padrões e antecipação. Já o componente motor se refere à aceleração/desaceleração e velocidade de mudança de direção, influenciados diretamente pelas qualidades morfológicas e técnicas dos indivíduos (SHEPPARD e YOUNG, 2006). Šimonek (2019) considera a agilidade como uma capacidade motora híbrida e complexa, pois depende tanto de aspectos do metabolismo energético (capacidades condicionais) quanto de processos que envolvem a participação dos sistemas nervoso e sensorial (capacidades coordenativas). O desenvolvimento da agilidade contribui diretamente para a melhoria de desempenho em diversas modalidades esportivas uma vez que estudos vem demonstrandoforte relação entre o desempenho da agilidade e o sucesso esportivo de jovens atletas (HENRY et al., 2011; YOUNG et al., 2011). A agilidade, como habilidade cognitivo/motora básica e subjacente, torna o aprendizado de novas 33 habilidades esportivas mais fácil, permitindo a execução do movimento de maneira mais eficiente (SMITH, XIAO e BECHARA, 2012). Mesmo que não ocorra de forma linear, a velocidade de mudança de direção (componente motor da agilidade) tem uma melhora de desempenho natural ao longo da infância e adolescência (PHILIPPAERTS et al., 2006). O pico de desenvolvimento dessa capacidade parece ocorrer entre 13 e 14 anos em jovens do sexo masculino, momento o qual está relacionado diretamente com o Pico de Velocidade de Crescimento. Nessa fase são observadas melhorias na força e na potência resultantes do contínuo desenvolvimento neural e aumento nas concentrações de andrógenos sexuais (MALINA, BOUCHARD e BAR-OR, 2004). No tocante ao desenvolvimento dos processos relacionados à percepção durante o início da adolescência, há escassez de estudos que enfoquem o impacto do crescimento e maturação no desempenho desses componentes cognitivos da agilidade (SHEPPARD e YOUNG, 2006). Todavia, algumas pesquisas vêm buscando demonstrar que os processos de percepção e tomada de decisão, assim como capacidade de mudança de direção, também melhoram ao longo do processo maturacional, sendo responsáveis diretos pela melhoria no desempenho motor (GALLAHUE, OZMUN e GOODWAY, 2011). Embora haja essa escassez de estudos, fundamentações teóricas postulam que o processo de percepção é elemento importante no desenvolvimento da agilidade, pois este processo é responsável pela organização, processamento e interpretações de estímulos sensoriais os quais serão necessários para a efetiva tomada de decisão e resposta motora (ERICKSON, 2007). Já o processo de tomada de decisão demora mais tempo para amadurecer, tendo em vista a complexidade desse processo que envolve a reação ao estímulo a partir de uma decisão que precisa ser tomada em um curto espaço de tempo. Com o avançar da maturação os indivíduos aumentam sua capacidade de processamento de informações e se tornam mais capazes de separar informações relevantes e irrelevantes para uma melhor tomada de decisão (ABERNETHY et al., 2013), capacidade intimamente associada ao controle inibitório como visto anteriormente. Assim, é possível identificar a adolescência como um período sensível à maturação cerebral, sobretudo por conta do desenvolvimento do córtex pré-frontal e fortalecimento de circuitos neurais que melhoram a capacidade de resolução de problemas mais complexos de forma mais rápida e eficiente (ARAIN et al., 2013). 34 Aliado à maturação cerebral, a ampla gama de experiências em diferentes atividades físicas e esportivas proporcionarão o desenvolvimento de processos especializados de tomada de decisão (CASEY et al., 2005). 4.4.1. Avaliação da Agilidade A partir do conceito indicado por Sheppard e Young (2006) algumas propostas de avaliação da agilidade vem surgindo, mas algumas delas vem sendo questionadas devido a sua validade ecológica, pois os estímulos apresentados são inconsistentes com aqueles encontrados na prática esportiva (NIMPHIUS et al., 2018; SHEPPARD et al., 2006). Assim, Sheppard et al. (2006) buscaram validar um teste de agilidade utilizando um estímulo humano como base para que o avaliado mudasse de direção em resposta ao movimento de uma pessoa, avaliando assim as habilidades perceptivas e antecipatórias de forma mais ecológica. Contudo, a variação nos padrões de movimento da pessoa utilizada como estímulo pode acabar influenciando nos resultados dos testes, pois ela dificilmente manteria os padrões de movimento repetidas vezes ao longo da aplicação do teste (YOUNG et al., 2011). Buscando sanar essa limitação, Young et al. (2011) propôs um teste de agilidade a partir de estímulos específicos do esporte, no caso o futebol, utilizando- se vídeos de um jogador de futebol fazendo movimentações e mudanças de direção projetados em uma tela a frente do avaliado que deverá responder ao movimento conforme as orientações repassadas. Comparado a métodos de estímulos com setas ou de mudança de direção planejadas, a avaliação da agilidade a partir de estímulos de vídeos previamente gravados e específicos do esporte, tal como o proposto acima, surgem como alternativa confiável para avaliar o desempenho da agilidade (FARROW, YOUNG e BRUCE, 2005; SERPELL, FORD e YOUNG, 2010; YOUNG et al., 2011; HENRY et al., 2011). 35 5. MATERIAIS E MÉTODOS 5.1. TIPO DE PESQUISA O presente estudo caracteriza-se como uma intervenção controlada, randomizada, com amostra intencional e não probabilística e com emprego de análise comparativa entre as variáveis. 5.2. AMOSTRA Participaram do estudo 16 indivíduos, escolhidos de forma não probabilística e por conveniência, da turma sub-15 de uma escola de futebol particular. A amostra é composta por jovens com faixa etária entre 12 e 16 anos que participam dos treinos de futebol ministrados pelo mesmo professor, duas vezes por semana, em sessões de 01h30min cada. No início da pesquisa, a amostra foi dividida e alocada em dois grupos de forma randômica: (1) Grupo Controle – GC: grupo de controle cujo alunos participaram apenas dos treinos de futebol; (2) Grupo Intervenção – GINT: grupo de alunos que participaram das intervenções com o Treinamento Neuromuscular Integrativo (INT), além da participação nos treinos de futebol. Figura 1. Fluxograma de distribuição de amostragem nos grupos intervenção e controle. 36 O recrutamento dos sujeitos se deu inicialmente com o convite aos indivíduos para participarem da pesquisa, momento no qual foi explicado também aos responsáveis legais maiores de 18 anos toda a logística e metodologia do trabalho, como os procedimentos de coletas, os testes aplicados, as rotinas de intervenção e os riscos e benefícios decorrentes da participação dos sujeitos. Para os jovens e responsáveis que demonstraram interesse em participar do estudo foram entregues o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), respectivamente. Foi delimitado um período de no máximo 15 dias para entrega dos termos assinados, iniciando-se a pesquisa com aqueles que deram retorno dos termos assinados. Durante esse período os jovens e responsáveis tiveram total acesso à equipe da pesquisa para esclarecimento de dúvidas sobre o estudo, seja de forma presencial ou por telefone. A pesquisa adotou todas a normas e diretrizes aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN) – parecer nº 4.703.660, em consonância com a Declaração de Helsinki (2013) e Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil. 5.3. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO A inclusão dos sujeitos na pesquisa se deu com base nos seguintes critérios: Faixa etária entre 12 e 16 anos; Ser voluntário para participar da pesquisa; Não apresentar problemas de saúde física ou mental que inviabilize a realização dos exercícios e testes; Participar efetivamente dos treinos de futebol na escolinha. Foram utilizados como critérios de exclusão do estudo o participante que se enquadrou em um dos itens abaixo: Esteve inserido em alguma outra prática desportiva formal; Teve frequência de participação nas intervenções abaixo de 75%; Não compareceu em alguma etapa das avaliações e testes. 37 5.4. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS 5.4.1. Avaliação do nível de atividade física O nível de atividade física foi avaliado através de monitoramento das atividades físicas diárias, utilizando-se acelerômetros triaxiais (ACTIGRAPH® GT3X- BTLE, Pensecalo, FL) com uma taxa de frequência de 100Hz. Os acelerômetros sãosensores de movimento eletrônicos capazes de monitorar a quantidade, a frequência e intensidade de movimentos de um indivíduo ao longo de um período. Dessa forma, sua utilização permite a medição objetiva da quantificação de atividade física registrada em intervalos de epoch do aparelho, em set de 1 segundo e com saídas expressas em counts/min conforme recomendado por Evenson et al., (2008). Os participantes do estudo receberam o aparelho antes da primeira avaliação, e o utilizaram no lado direito do corpo na altura do quadril, através de um cinto elástico ajustável por um período contínuo de sete dias (incluindo final de semana), pelo menos por 10 horas diárias (TROST et al., 2005; TROIANO et al., 2008; DAVIS et al., 2011). Junto ao acelerômetro, foi entregue um diário de registro, no qual os sujeitos foram instruídos a preencher os horários e os motivos pelos quais tiveram que retirar o aparelho (por exemplo, durante o banho e o sono). Eles foram orientados a somente retirar o aparelho quando forem praticar atividades aquáticas e tomar banho. Todas as informações em relação ao funcionamento do acelerômetro, como utilizá-lo e as demais recomendações necessárias foram repassadas no dia da entrega e por meio de panfleto informativo entregue junto ao aparelho. Tanto a entrega, como a devolução foram feitas pessoalmente na própria escolinha. Os dados foram produzidos pela magnitude vetorial a partir dos valores apresentados por cada um dos três eixos (X, Y e Z), gerando um resultado referente à magnitude e tempo das atividades físicas praticadas pelos adolescentes ao longo do período de coleta das informações. Os dados foram tratados como válidos a partir da colocação do aparelho até o final do uso dentro dos sete dias programados. A definição de não uso do acelerômetro foi estipulada a partir do registro de nenhuma quantidade de movimento por um período acima de 60 minutos. Como já mencionado, o acelerômetro registra uma quantidade de movimento ao longo de um período expresso em counts/min. Desse modo, os pontos de cortes adotados para definição do nível de atividade física para os jovens foram: 0-100 counts/min para comportamento sedentário; 101-2292 counts/min atividades leves; 38 2293-4008 counts/min para atividades moderadas; e acima de 4009 counts/min atividades vigorosas (EVENSON et al., 2008). Os dados foram extraídos do acelerômetro realizando o download pelo Software Actilife verão 6 13.3.2 e armazenados para análise e tratamento em planilha do Excel®, gerando informações sobre o padrão de movimento (quantidade de counts), níveis de atividade física (sedentário, leve, moderada ou vigorosa) e comportamento sedentário (tempo sem movimentação, breaks e bouts). Os dados foram mensurados e tratados com base na média ponderada dos sete dias, levando- se em consideração expressas em média e desvio padrão. Foi utilizado o Software Actilife verão 6 13.3.2 para análise dos dados. 5.4.2. Variáveis antropométricas (estatura, altura tronco-encefálica, comprimento de membros inferiores e massa corporal) As variáveis antropométricas foram coletadas seguindo a padronização da International Society for Advancement in Kinanthropometry – ISAK (MARFELL- JONES et al., 2006). A aferição da estatura foi realizada por meio de estadiômetro vertical com 210 cm de comprimento e precisão de 0,1 cm. Para a aferição da estatura tronco-encefálica foi utilizado um estadiômetro de 120 cm de comprimento e precisão de 0,5 cm e um banco de 50cm para que o indivíduo pudesse sentar-se sem encostar os pés no chão. O comprimento dos membros inferiores se deu pela diferença entre os valores aferidos para estatura e altura tronco-encefálica. A medição da massa corporal foi realizada por uma balança de plataforma digital (Welmy, São Paulo, SP, Brasil), nivelada, calibrada e graduada de zero a 150kg, com precisão de 0,1kg, e resultado expresso em quilogramas. 5.4.3. Avaliação da maturação somática Conforme os procedimentos e equação descritos por Mirwald et al. (2002), a estimativa dos anos para o Pico de Velocidade de Crescimento (aPVC) em adolescentes foi calculada a partir dos dados antropométricos coletados: idade cronológica em anos (IC); massa corporal em quilogramas (MC); estatura em centímetros (EST); estatura tronco-encefálica em centímetros (ETE); e comprimento de membros inferiores em centímetros (CMI). A partir desses dados, aplicou-se as seguintes fórmulas: 39 aPVC (feminino) = –9.376 + [0.0001882 x (CMI x ETE)] + [0.0022 x (IC x CMI)] + [0.005841 (IC x ETE)] – [0.002658 x (IC x MC)] + [0.07693 x (MC/EST)] aPVC (masculino) = –9.236 + [0.0002708 (CMI x ETE)] – [0.001663 (IC x CMI)] + [0.007216 (IC x ETE)] + [0.02292 (MC/EST)] Os valores resultantes da equação predizem o nível maturacional do adolescente ao estimar, em anos, a distância que o indivíduo está do PVC. 5.4.4. Teste de Stroop Computadorizado (TSC) - TESTINPACS Para avaliar a capacidade de controle inibitório e o desempenho cognitivo dos sujeitos utilizou-se o Teste de Stroop Computadorizado – TESTINPACS, que é um software de palavras e cores utilizado para avaliar a capacidade executiva de controle inibitório a partir do conflito gerado pela oposição entre palavras e cores (CÓRDOVA et al., 2008). O TSC é realizado em três etapas e as questões apresentadas no teste são congruentes (1ª e 2ª etapas) seguidas de uma etapa de questões incongruentes. Antes de cada etapa, o sujeito é familiarizado com o teste e antes de se submeter a cada condição é feito um rememoramento. Os dedos indicadores das mãos ficaram sobre os botões do teclado que representam as setas esquerda (←) e direita (→), as quais eram acionadas conforme estímulo apresentado na tela do computador. Na primeira etapa (com questões congruentes), são apresentados no centro do monitor à frente do avaliado, retângulos coloridos nas cores verde, azul, preto ou vermelho e abaixo duas alternativas de resposta correspondentes ou não a cor do retângulo (Figura 2-A), devendo ser selecionado o nome da cor correspondente. Na segunda etapa (também de questões congruentes), os estímulos e respostas aparecem em formato de palavras brancas, devendo o sujeito acionar a resposta coincidente entre a palavra no centro do monitor e a alternativa abaixo (Figura 2-B). Já na etapa três as questões são incongruentes, as palavras não representarão necessariamente a cor com a qual estão coloridas. Assim, o avaliado será instruído a escolher a alternativa correspondente à cor da palavra, inibindo a resposta da identidade da palavra (Figura 2-C). 40 Figura 2. Modelo de visualização do TSC – TESTINPACS. (A) Etapa 1 (congruente) com resposta adequada a opção “Verde”; (B) Etapa 2 (congruente) com resposta adequada a opção “Preto”; (C) Etapa 3 (incongruente) com resposta adequada a opção “Azul”. O indivíduo teve que, utilizando as setas, indicar a resposta que julgar correta nas três etapas, computando como correta as questões que apresentam resposta coincidente ao estímulo apresentado. Em todas as etapas foram registrados a média do tempo de reação (TR) em milissegundos (ms). Para a etapa 3 (incongruente), relacionado a inibição da resposta (controle inibitório), além da média do TR também foram registrados a quantidade de erros (n) cometidos e calculado o Escore de Eficiência Invertido (Inverted Efficiency Score – IES) a partir da relação entre a média do TR e o percentual de acertos alcançados na fase incongruente. Os sujeitos foram submetidos a dois blocos (um de rememoramento e outro para registro dos dados) com 12 questões automáticas e aleatórias em cada etapa, com intervalo de um minuto entre os blocos, totalizando um tempo total estimado do teste entre 3 e 5 minutos. 5.4.5. Teste de Agilidade com Utilização de Vídeo (VAT) Validado por Young et al. (2011), o Teste de Agilidade com utilizaçãode Vídeo (Video-based Agility Test – VAT) é um teste que consiste em solicitar que o avaliado reaja a um passe realizado por um jogador em um vídeo projetado em uma tela de 2 x 2 metros. No vídeo, o jogador aparece conduzindo uma bola em linha reta e, em um determinado momento, executa um passe lateral mudando de direção para direita ou para esquerda de forma aleatória em cada vídeo. Os avaliados foram instruídos a avançarem em linha reta e reagissem ao passe do jogador no vídeo tentado interceptá-lo, tal como em uma situação real de jogo, movendo-se o mais rápido possível na mesma direção do passe executado. A inicialização do teste se deu através de sinal sonoro, por meio de um sistema de fotocélulas (Speed Test 6.0 Standard, Cefise, Nova Odessa, SP, Brasil), concomitantemente com a reprodução do vídeo em tela através de um notebook (Samsung Book E-30, Samsung Electronics Co., Ltd., Seul, Coreia do Sul) e um 41 projetor de vídeo (Epson Powerlite X39, Seiko Epson Corporation, Nagano, Japão) conectados por cabo HDMI. Após o sinal sonoro, o participante realizava um sprint em linha reta de aproximadamente quatro metros mudando de direção assim que percebe o passe do jogador no vídeo, buscando acompanhá-lo, e percorrendo aproximadamente mais quatro metros em direção ao portão de saída. No portão de saída estava posicionada uma fotocélula que registrava a passagem do avaliado e enviava à maleta na mesa de controle o tempo total gasto desde o sinal sonoro até a passagem no portão de saída em milissegundos. Todo o teste foi gravado por uma câmera de alta velocidade (Canon EOS REBEL T5i, Canon Inc., Tóquio, Japão) colocada cinco metros atrás da zona de teste para que fosse possível obter e analisar os dados de vídeo posteriormente. A esquematização do teste está elucidada visualmente na figura 3. Figura 3. Esquematização do Teste de Agilidade com utilização de Vídeo. 42 Os avaliados foram submetidos a uma tentativa de familiarização em cada sessão de teste e em seguida realizaram três tentativas com trinta segundos de descanso entre elas, sendo utilizado como resultado a média entre elas, conforme realizado também no estudo de Young et al. (2011). Para cada participante foram dadas instruções padronizadas que consistiram em informar que haveria uma tentativa de familiarização com o teste seguida de três tentativas válidas. Em seguida, foi dado um sinal de “prepara-se” para que o avaliado se posicionasse na linha de saída e fica-se parado até o sinal sonoro. Foi orientado que após o sinal sonoro e concomitante início do vídeo, o participante deveria deslocar-se ao encontro do jogador no vídeo o mais rápido possível acompanhando sua mudança de direção junto com a bola a fim de interceptá-lo até a passagem no portão de saída, como se fosse uma situação real de jogo. Se for cometido um erro e o participante errar a direção de deslocamento, ele deveria se recuperar durante o movimento e correr para o portão de saída correto. As análises e dados obtidos dos vídeos foram feitos no formato bidimensional (2D) utilizando-se um editor de vídeo (Sony Vegas Pro 13.0; Sony Creative Software Inc., Middleton, WI, EUA) para visualização de cada frame da filmagem feita a cada 33 milissegundos, obtendo-se em cada tentativa do avaliado as seguintes variáveis (todas registrada em milissegundos): Tempo de percepção e tomada de decisão: período correspondente ao início do passe da bola do jogador do vídeo até o instante em que o avaliado posiciona o pé de apoio para mudança de direção a fim de acompanhar o jogador na tela. Foi considerado como pé de apoio o primeiro contato do pé do avaliado com o chão que deu início ao movimento dele em direção ao portão de saída correto para a tentativa; Tempo de resposta do movimento: intervalo de tempo que vai desde o apoio do pé do avaliado para mudança de direção até a sua passagem pelo portão de saída (fotocélula); Tempo total: somatório do tempo de percepção e tomada de decisão e o tempo de resposta do movimento. Para participação no dia do teste, foi solicitado aos sujeitos que eles evitassem práticas de exercícios físicos extenuantes, bem como mantivessem uma alimentação e hidratação adequadas. Os vídeos projetados durante as sessões de teste foram gravados em um campo de futebol e tiveram a participação de um 43 jogador com características semelhantes às da amostra desse estudo, a fim de se reproduzir uma simulação de jogo ainda mais próxima do real. Na gravação, pediu- se para o jogador conduzir a bola por aproximadamente seis metros em direção à câmera, efetuando um passe lateral e consequente mudança de direção para direita ou para esquerda, o que resultou na gravação de seis videoclipes (três para cada lado) com pequenas diferenças entre elas. A partir dos clipes, foram formadas vinte combinações com três vídeos em cada combinação sem que houvesse repetição de clipes em cada. Duas combinações foram descartadas, pois nelas havia a mudança de direção do atleta para o mesmo lado nos três videoclipes, restando assim, 18 combinações nas quais o jogador muda de direção pelo menos uma vez para o lado oposto de outra tentativa. Para cada avaliado, era selecionado aleatoriamente uma combinação de videoclipes através de randomização online. 5.4.6. Intervenção com o INT Para a intervenção, os grupos foram divididos da seguinte forma: (1) Grupo de Controle – GC: participou somente dos treinos de futebol habituais ministradas e planejadas pelo professor da escolinha sem nenhuma intervenção experimental relacionada a pesquisa; (2) Grupo de Intervenção – GINT: o grupo participou do Treinamento Neuromuscular Integrativo (INT), no período inicial da sessão de treino, o qual incluiu exercícios que trabalham as habilidades motoras gerais, alguns adaptados que apresentavam demandas cognitivas ou dupla tarefa, bem como exercícios de força, resistência, estabilidade dinâmica com foco na região central do corpo (CORE), agilidade e pliometria. Após o trabalho com o INT, os sujeitos participavam do restante do treino de futebol. As intervenções e acompanhamento dos grupos se deram num período de 12 semanas, com duas intervenções semanais, ou seja, um total de 24 intervenções no espaço de tempo de três meses. A sessão total de treino tinha duração de 01h30min e cada intervenção no GINT durou em média 15 minutos aplicada no período inicial do treino, sendo: 3 minutos de explicação das atividades e aquecimento e 12 minutos de exercícios com o INT. O restante do período da sessão no GINT foi destinado à aplicação do treino de futebol ministrado pelo professor da escolinha. O GC participou integralmente de todo o período de treino ministrado pelo professor da escolinha. Estas aulas foram registradas pelo pesquisador em um diário de campo 44 para acompanhamento das atividades desenvolvidas e participação dos indivíduos. Os treinos de futebol consistiam em um período de aquecimento e exercícios físicos gerais no início da sessão (20 minutos); segundo momento dedicado a exercícios de fundamentos da modalidade (30 minutos); e, por fim, tempo dedicado ao jogo coletivo (40 minutos). Todas as intervenções com o INT foram realizadas por profissionais de Educação Física previamente treinados e na própria escolinha. A escolha dos exercícios a serem trabalhados com o GINT, teve como base os artigos de Faigenbaum et al. (2009), Faigenbaum et al. (2011), Nunes et al. (2019) e Menezes et al. (2020) cujo trabalhos focam em treinamentos aplicados tanto para atletas, em uma variada gama de esportes, quanto para praticantes iniciantes de atividades físicas gerais. Os exercícios envolveram corridas, agachamentos, saltos, atividades de equilíbrio, agilidade, atividades de dupla tarefa e com demandas cognitivas conforme tabela 1. A progressão nos níveis de intensidade, volume e complexidade