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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA RENATA BENÍCIO DE OLIVEIRA EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO E SEUS DETERMINANTES: UMA ANÁLISE PARA 2006 E 2017 NATAL – RN 2022 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA RENATA BENÍCIO DE OLIVEIRA EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO E SEUS DETERMINANTES: UMA ANÁLISE PARA 2006 E 2017 Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do título de Mestre em Economia, do Programa de Pós-Graduação em Economia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), do campus Natal. Orientadora: Dra. Janaina da Silva Alves Coorientadora: Dra. Eliane Pinheiro de Sousa NATAL – RN 2022 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Oliveira, Renata Benício de. Eficiência do setor agropecuário nordestino e seus determinantes: uma análise para 2006 e 2017 / Renata Benício de Oliveira. - 2022. 96f.: il. Dissertação (Mestrado em Economia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Economia. Natal, RN, 2022. Orientadora: Profa. Dra. Janaina da Silva Alves. Coorientadora: Profa. Dra. Eliane Pinheiro de Sousa. 1. Setor Primário - Dissertação. 2. Análise Envoltória de Dados - Dissertação. 3. Índice de Malmquist - Dissertação. 4. Setor Agropecuário - Dissertação. I. Alves, Janaina da Silva. II. Sousa, Eliane Pinheiro de. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 631.17 Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Renata Benício de Oliveira EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO E SEUS DETERMINANTES: UMA ANÁLISE PARA 2006 E 2017 Aprovada em: 14/12/2021 Membros da Banca Examinadora ___________________________________________________ Profa. Dra. Janaina da Silva Alves (orientadora) Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) ___________________________________________________ Profa. Dra. Eliane Pinheiro de Sousa (coorientadora) Universidade Regional do Cariri (URCA) ___________________________________________________ Prof. Dra. Alice Aloísia da Cruz Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) ___________________________________________________ Prof. Dr. Ahmad Saeed Khan Universidade Federal do Ceará (UFC) Natal – RN 2022 RESUMO O setor agropecuário no Brasil possui a heterogeneidade como uma de suas principais características. Esse aspecto se reflete em questões econômicas, sociais e geográficas, entre outras, e, consequentemente, influencia nas relações entre os produtores e o mercado. Em outros termos, cada agente se encontra em condições específicas que são capazes de determinar se há ou não possibilidade de permanência no setor. Nesse sentido, considerando que os bens sejam homogêneos, fatores como grau de competitividade, qualidade, produtividade e eficiência se revelam com grande importância e, portanto, devem receber a atenção devida, principalmente, em regiões, como o Nordeste brasileiro, que abriga uma quantidade considerável de agricultores, em relação ao total nacional. Diante da inviabilidade de tratar de todas estas questões, a presente pesquisa tem seu foco direcionado à análise da eficiência. Dessa forma, objetiva mensurar a eficiência do setor agropecuário nos municípios nordestinos e seus determinantes, a partir de dados dos anos de 2006 e 2017, retirados dos Censos Agropecuários dos respectivos anos. Especificamente, almeja analisar o desenvolvimento do setor agropecuário nordestino, estudar os conceitos de eficiência debatidos na literatura e suas formas de aferi-la, calcular os escores de eficiência técnica e de escala do setor agropecuário dos municípios da região Nordeste e investigar os fatores determinantes desses escores de eficiência. Para mensurar a eficiência do setor agropecuário, utilizou-se o modelo de Análise Envoltória dos Dados (DEA), juntamente com o Índice de Malmquist, e, para investigar seus fatores determinantes, empregou-se o modelo de regressão quantílica, para uma amostra de 1.263 municípios nordestinos. Os resultados evidenciaram que, em ambos os anos, quase a totalidade destes foi extremamente ineficiente, indicando, portanto, que os produtores estão tendo limitações em seu processo produtivo, e consequente desperdício de recursos. Além disso, o Índice de Malmquist revelou que o maior obstáculo para o aumento da eficiência é o atraso tecnológico. Acerca dos determinantes dos escores de eficiência mensurados, verificou-se que as variáveis analisadas influenciaram os quantis (0,25, 0,50 e 0,75) de forma diferente, sendo que o percentual de estabelecimentos com acesso ao financiamento e recebimento de orientação técnica obtiveram sinal negativo com os escores de eficiência do setor agropecuário nordestino. Ademais, a dummy referente à localização do município em região semiárida e a participação relativa daqueles cujo dirigente possui ensino médio regular registraram os efeitos com maior magnitude em todos os quantis. Assim, concluiu-se que é necessário que o poder público fortaleça seus instrumentos promotores do desenvolvimento agropecuário no Nordeste e amplie o alcance destes, de modo a atingir uma maior quantidade de produtores. Ademais, sugere- se maior investimento em educação, a fim de melhorar a eficiência agropecuária na região nordestina. Palavras-chave: Setor Primário. Análise Envoltória de Dados. Índice de Malmquist. ABSTRACT The agricultural sector in Brazil has heterogeneity as one of its main characteristics. This aspect is reflected in economic, social and geographic issues, among others, and, consequently, influences the relationship between producers and the market. In other words, each agent is in specific conditions that are capable of determining whether or not it is possible to remain in the sector. In this sense, considering that the goods are homogeneous, factors such as the degree of competitiveness, quality, productivity and efficiency are of great importance and, therefore, should receive due attention, especially in regions such as the Northeast of Brazil, which houses a large quantity considerable number of farmers in relation to the national total. Given the impossibility of dealing with all these issues, this research has its focus directed to the analysis of efficiency. Thus, it aims to measure the efficiency of the agricultural sector in northeastern municipalities and its determinants, based on data from the years 2006 and 2017, taken from the Agricultural Census of the respective years. Specifically, it aims to analyze the development of the northeastern agricultural sector, study the concepts of efficiency discussed in the literature and their ways of measuring it, calculate the technical efficiency and scale scores of the agricultural sector in the municipalities of the Northeast region and investigate the determining factors of these efficiency scores. To measure the efficiency of the agricultural sector, the Data Envelopment Analysis (DEA) model was used, along with the MalmquistIndex, and, to investigate its determining factors, the quantile regression model was used for a sample of 1,263 northeastern municipalities. The results showed that, in both years, almost all of these were extremely inefficient, indicating, therefore, that producers are having limitations in their production process, and a consequent waste of resources. Furthermore, the Malmquist Index revealed that the biggest obstacle to increasing efficiency is technological backwardness. Regarding the determinants of the measured efficiency scores, it was found that the analyzed variables influenced the quantiles (0.25, 0.50 and 0.75) differently, and the percentage of establishments with access to financing and receiving technical guidance obtained a negative sign with the efficiency scores of the northeastern agricultural sector. Furthermore, the dummy referring to the location of the municipality in a semi-arid region and the relative participation of those whose director has a regular high school education registered the effects with greater magnitude in all quantiles. Thus, it was concluded that it is necessary for the government to strengthen its instruments that promote agricultural development in the Northeast and expand their reach, in order to reach a greater number of producers. Furthermore, greater investment in education is suggested in order to improve agricultural efficiency in the Northeast region. Keywords: Primary Sector. Data Envelopment Analysis. Malmquist Index. LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Números, total e por tipo de agricultura, de estabelecimentos agropecuários nos estados nordestinos, nas grandes regiões e no Brasil, em 2006 e 2017 19 Quadro 2 - Principais Vantagens e Limitações no Uso da Análise Envoltória de Dados 52 Quadro 3 - Classificação dos escores de eficiência 53 Quadro 4 - Variáveis utilizadas em cada método e estudos que as inspiraram 59 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Eficiências Técnica e Alocativa sob a Orientação Produto 29 Figura 2 - Eficiências Técnica e Alocativa sob a Orientação Insumo 31 Figura 3 - Organograma das Técnicas de Mensuração da Eficiência 33 Figura 4 - Representação da função de produção 35 Figura 5 - Modelos e perspectivas da técnica de números índices direcionados à eficiência 36 Figura 6 - Gráfico do Modelo DEA básico 52 Figura 7 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme intervalos de eficiência técnica do setor agropecuário, em 2006 72 Figura 8 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme intervalos de eficiência técnica do setor agropecuário, em 2017 73 Figura 9 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme eficiência de escala do setor agropecuário, em 2006 74 Figura 10 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme eficiência de escala do setor agropecuário, em 2017 75 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Grupos de tamanho da população 56 Tabela 2 - Estatísticas descritivas das variáveis referentes aos inputs e outputs do modelo DEA, 2006 e 2017 60 Tabela 3 - Estatísticas descritivas das variáveis referentes aos inputs e outputs do modelo DEA, 2006 e 2017, por grupos de municípios 64 Tabela 4 - Distribuições das frequências absolutas (fi) e relativas (%) dos municípios nordestinos, conforme intervalos de medidas de eficiências, considerando o modelo CRS, em 2006 e 2017 69 Tabela 5 - Distribuições das frequências absolutas (fi) e relativas (%) dos municípios nordestinos, conforme a eficiência de escala do setor agropecuário, em 2006 e 2017 76 Tabela 6 - Distribuições das frequências absolutas (fi) e relativas (%) dos municípios nordestinos, em relação ao Índice de Malmquist e às mudanças na eficiência técnica e no nível tecnológico, entre 2006 e 2017 78 Tabela 7 - Estimativa das variáveis explicativas do nível de eficiência técnica do setor agropecuário dos municípios nordestinos 81 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11 1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 15 2 PANORAMA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO NO CONTEXTO NACIONAL .................................................................................................................. 16 3 EFICIÊNCIA: CONCEITOS E ABORDAGENS .................................................. 26 4 PANORAMA DA EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO: EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS ....................................................................................... 38 5 METODOLOGIA ...................................................................................................... 51 5.1 Análise Envoltória de Dados (DEA) ................................................................. 51 5.2 Índice de Malmquist .......................................................................................... 54 5.3 Testes Estatísticos .............................................................................................. 55 5.4 Modelo de Regressão Quantílica ...................................................................... 57 5.5 Variáveis e Fontes dos Dados ............................................................................ 58 6 RESULTADOS SOBRE A EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO ............................................................................................................. 68 6.1 Análise dos Escores de Eficiência Técnica e de Escala ................................... 68 6.2 Índice de Malmquist: alterações nos níveis de eficiência técnica e tecnologia ........................................................................................................................................ 77 6.3 Determinantes dos Níveis de Eficiência do Setor Agropecuário Nordestino 79 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 83 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 85 APÊNDICES ................................................................................................................. 96 11 1 INTRODUÇÃO O Brasil dispõe de diversas vantagens naturais, decorrentes de sua benéfica localização geográfica, que, juntamente às inversões feitas em prol do desenvolvimento da pesquisa e tecnologia agrícola, contribuíram para que o país viesse a se tornar um grande exportador de bens agropecuários (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS, CGEE, 2018). Entre tais vantagens, podem ser mencionadas o clima favorável, que contribui para um custo de produção relativamente menor que em outras nações; a existência de largas extensões de terra adequadas para cultivo; e o apoio fornecido por instituições de pesquisa agropecuária conceituadas, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) (GUIMARÃES; PEREIRA, 2014). Assim, o papel da agropecuária nacional é extremamente relevante, tanto socialmente, a partir do fornecimento de gêneros alimentícios, como economicamente, sobretudo no que se refere ao crescimento do agronegócio (PINTOR; PIACENTI, 2016). O setor agropecuário é constituído por produtores de bens homogêneos (commodities). Sendo assim, a competitividade do setor está relacionada especialmente à utilização dos recursos disponíveis e ao nível tecnológico empregado nas propriedades rurais (GUIMARÃES; PEREIRA, 2014), ou seja, à eficiência da produção. Estar inserido em um ambiente produtivo com condições competitivas tem sido determinante para a continuidade da produção, sobretudo, após o fenômeno da globalização. Conforme Costa et al. (2013), nesse contexto, houve uma intensificação da concorrência e maior exigência por produtos de qualidade, acompanhadasda necessidade de atração e manutenção dos investimentos no setor, a fim de que esse se desenvolvesse. Nesse cenário, a agropecuária brasileira tem representado tanto uma parcela expressiva do Produto Interno Bruto (PIB) como das exportações nacionais. Considerando o ano de 2017, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017), esse segmento obteve uma participação de 5,7% no PIB, enquanto, paralelamente, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC, 2022), esse setor também foi responsável por 17,94% do valor total das exportações, tornando o Brasil o terceiro maior exportador de produtos agropecuários no mundo. As atividades agropecuárias estão presentes em todo o território nacional. No ano de 2017, o Censo Agropecuário de 2017 apontou que o Brasil possuía 5.073.324 estabelecimentos agropecuários, localizados em um total de 351.289.816 hectares, o equivalente a aproximadamente 41% da área do país (IBGE, 2019). Em âmbito regional, 12 ao se observar o número de estabelecimentos agropecuários, percebe-se que sua distribuição é semelhante ao longo do país, com exceção do Nordeste, onde há maior concentração. Segundo o Banco do Nordeste do Brasil e o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (BNB; ETENE, 2018a), com base nos dados do Censo Agropecuário 2017, essa região abriga 2,2 milhões de unidades agropecuárias, o que corresponde a 45,8% do total nacional, que estão alocadas em uma área de 70,6 milhões de hectares, equivalente a 45,31% da área nordestina. No que se refere à forma como a agricultura é praticada no Nordeste, Castro (2012) explica que essa é muito diversificada, tanto em termos do que se é cultivado como do nível da tecnologia empregada na produção. Esse é, geralmente, defasado em relação ao empregado em atividades semelhantes realizadas em outras regiões do país, que, por vezes, apresentam melhores índices de produtividade para essas mesmas atividades. Parte desse atraso tecnológico é explicado pela dificuldade, ou ainda a total ausência, de acesso à assistência técnica por parte dos produtores rurais, uma vez que o tamanho do corpo técnico das instituições oficiais responsáveis por esse apoio não possibilita a orientação individualizada aos agricultores. Consequentemente, as safras nordestinas tendem a permanecer abaixo do potencial produtivo. Além da defasagem tecnológica, os produtores se deparam com diversos obstáculos, como uso racional dos recursos naturais; crescente demanda pela automação do processo produtivo, em razão da urbanização; necessidade de aumento da produção sustentável de gêneros alimentícios, a fim de abastecer a população mundial crescente (CGEE, 2018); elevação contínua do nível de qualidade dos produtos ofertados; e integração da produção de pequenos, médios e grandes produtores aos principais canais de comercialização (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, MAPA, 2012). Todavia, apesar dessas dificuldades, o principal ponto de estrangulamento do setor agropecuário está diretamente relacionado à deficiência na infraestrutura logística, o que compromete o escoamento e a armazenagem da produção, impedindo, assim, sua elevação (GUIMARÃES; PEREIRA, 2014). No caso da região Nordeste, acrescenta-se questões relacionadas à deficiência logística, ausência de crédito e assistência técnica, porém o maior problema é a longa duração das estiagens. Como consequência, parte da produção nordestina é perdida e o êxodo rural é estimulado (CASTRO, 2012). Essas características fazem da agropecuária nordestina um empreendimento muito arriscado. Além disso, a parcela nordestina desse setor dispõe de restrito acesso aos 13 mercados, o que compromete o desenvolvimento regional (SILVA et al., 2018), tendo em vista sua relevância social e econômica no meio rural. Portanto, tendo em vista a importância do setor agropecuário para a região e os desafios locais e globais enfrentados, faz-se necessária a busca pela eficiência produtiva, a fim de otimizar os recursos disponíveis. Nesse sentido, Santos e Fernandes (2009) enfatizam que elevações nos níveis de eficiência da produção fazem com que o setor possa ampliar sua contribuição no processo de desenvolvimento, tendo em vista que a mensuração da eficiência das unidades produtivas beneficia tanto o planejamento quanto a tomada de decisão. Sepulcri (2004) defende que essa noção está relacionada à gestão agropecuária, que abrange um processo de escolhas sobre as ações a serem executadas, em relação à alocação, organização e emprego dos insumos de produção; no intuito de se conseguir os resultados almejados. Assim, deve-se primar por uma gestão eficiente dos recursos produtivos disponíveis. A análise da eficiência com enfoque nas atividades agropecuárias tem sido bastante estudada nos últimos anos tendo como objetivo principal realizar o diagnóstico e a identificação das ineficiências existentes e das suas origens, bem como evidenciar quais unidades produtivas podem ser consideradas eficientes e, assim, servir como referência para as demais, que deverão aprimorar a alocação dos recursos que empregam no processo de produção (BARBOSA; SOUSA, 2014). Entre tais estudos, podem ser mencionados Villano, Boshrabadi e Fleming (2010), Ayaz e Hussain (2011), Blancard e Martin (2012), Barbosa et al. (2013), Barbosa, Lima e Sousa (2014), Kourtesi, Witte e Polymeros (2016), Travassos et al. (2016), Scherer e Porsse (2017), Effendy et al. (2019), Silva et al. (2019a), Pinto e Coronel (2020), Reis et al. (2020), Arias-Robles e Alarcón (2021) e Gaviglio et al. (2021). Na presença de ineficiências técnicas, os produtores possuem condições de elevar a quantidade produzida, sem a necessidade de aumentar seu nível de insumos, que, geralmente, são escassos, ou adotar novas tecnologias ou práticas. Assim, pode-se evitar que os recursos disponíveis sejam desperdiçados, o que é um requisito para a sustentabilidade econômica. Ademais, é comum que agricultores mais eficientes tenham resultados econômicos melhores do que os menos eficientes (GUESMI et al., 2012). 14 Considera-se que o setor agropecuário é um dos que colabora para a geração de empregos1 e de excedente exportável2. Dessa forma, elevar os níveis de eficiência da produção rural é uma das metas mais relevantes que os governos têm buscado ao longo dos anos, em razão dos benefícios proporcionados, como aumento da produção e da renda dos produtores rurais, o que desestimula o êxodo rural; elevação do saldo da balança comercial (GOMES; BAPTISTA, 2004); aumento da segurança alimentar e a criação de excedentes que contribuem de forma considerável para o crescimento industrial (SCHERER; PORSSE, 2017). Tão importante quanto detectar se as unidades produtivas estão empregando ou não seus recursos de forma eficiente é identificar os fatores que explicam os resultados obtidos, a fim de se buscar alternativas capazes de sanar quaisquer pontos de ineficiência existentes. Nesse sentido, a literatura aponta diversos fatores que podem explicá-los. Barbosa et al. (2013) citam o uso de adubos, o acesso à assistência técnica, a participação da mão de obra utilizada de caráter familiar e o acesso ao crédito. Freitas (2014) expõe o uso de sistemas de irrigação, a existência de unidade armazenadora na propriedade e a condição do produtor em relação à terra. Fernandes e Pascual (2015) destacam o grau de instrução, a média de idade e o tamanho da propriedade. Scherer e Porsse (2017) mencionam o nível de precipitações, o clima, a temperatura e o bioma. Reis, Moreira e Vilpoux (2018) aludem à diversificação do cultivo, ao cooperativismo e aos anos de experiência nas atividades praticadas no estabelecimento. Diante do exposto, infere-se que análises direcionadas à eficiência permitem a identificação de gargalos noprocesso de produção e, assim, facilita o planejamento e a tomada de decisão, de modo a melhorar o desempenho de determinado setor e, consequentemente, das condições de vida da parcela da população que está envolvida nessas atividades. Sob essas considerações, estudos a respeito da eficiência do setor agropecuário e seus determinantes se revelam de suma importância, principalmente em regiões como o Nordeste, em que uma parcela expressiva de sua população depende desse tipo de atividade para garantir sua sobrevivência. Dessa forma, o presente trabalho se fundamenta nas seguintes questões: os agropecuaristas nordestinos estão alocando seus 1 O número de pessoas ocupadas, em 2017, correspondeu a 1,5 milhões, no setor agropecuário (IBGE, 2019a); a 7,7 milhões, na indústria (IBGE, 2019b); e a 12,3 milhões, no setor de serviços (GANDRA, 2019). 2 Em 2017, a participação do agronegócio nas exportações totais do Brasil foi de 44% (CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA, CEPEA, 2018). 15 recursos produtivos de forma eficiente? Quais fatores influenciam a sua eficiência? Para responder a estas questões, a seguir são descritos os objetivos do trabalho. 1.1 OBJETIVOS O objetivo geral desta pesquisa é mensurar a eficiência do setor agropecuário nos municípios localizados na região Nordeste do Brasil e seus determinantes, em relação aos anos de 2006 e 2017. Além deste objetivo geral, estão elencados a seguir os objetivos específicos deste trabalho: ● Analisar o desenvolvimento do setor agropecuário nordestino; ● Estudar as definições de eficiência debatidas na literatura e suas técnicas de mensuração; ● Calcular os escores de eficiência técnica e de escala do setor agropecuário dos municípios nordestinos; ● Investigar os fatores condicionantes dos níveis de eficiência técnica e de escala da produção agropecuária nordestina. Sendo assim, além desta introdução, esta Dissertação possui sete capítulos, em que o segundo contextualiza a evolução do setor agropecuário nordestino em relação ao nacional, o terceiro discute as definições de eficiência e as suas diferentes formas de mensuração, o quarto apresenta a revisão de literatura acerca da eficiência agropecuária em âmbito nacional e internacional, o quinto explana a metodologia empregada, o sexto expõe e discute os resultados e, por fim, o sétimo exibe as considerações finais. 16 2 PANORAMA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO NO CONTEXTO NACIONAL A prática de atividades rurais no Brasil se depara com dificuldades distintas, decorrentes de sua heterogeneidade natural, que se refere aos relevos, tipos de solo, temperaturas e à presença de estações secas e úmidas afetadas por fenômenos climáticos cíclicos. Logo, é normal que a agropecuária brasileira possua uma estrutura bastante diversificada, abrangendo propriedades de vários tamanhos, diferentes biomas, povos e comunidades, produtores que divergem no tocante às técnicas empregadas no processo de produção, regiões com pior ou melhor logística etc. (MAPA, 2012). A agropecuária está continuamente experimentando um processo de modificações, em virtude das condições inerentes à sua natureza, como o regime de concorrência em que está inserido, caracterizado por grande quantidade de agentes e pela produção de commodities homogêneas; ao cenário de incertezas, as quais algumas são comuns a outros setores e outras são exclusivas, como é o caso dos efeitos do clima sobre o nível de produção; a acentuada instabilidade dos preços; e a forte influência dos preços externos. Assim, durante e em razão de tais transformações, o setor agropecuário apresenta descontinuidades em sua composição, de forma que “alguns agricultores migram de níveis de produtividade mais baixos para níveis mais elevados, enquanto outros perecem no processo e se tornam potenciais migrantes para a cidade” (LOPES et al., 2012, p. 21-22). Tendo em vista que uma parcela expressiva das commodities produzidas tem sua venda destinada ao mercado externo, o setor agropecuário é bastante afetado pela conjuntura internacional. Em geral, os preços praticados no mercado nacional tendem a se assemelhar aos internacionais, com algumas divergências derivadas de custos com frete (no caso de produtos exportados) e de tarifas de importação (no caso de produtos como leite, trigo e arroz). Dessa forma, a agropecuária é afetada positivamente (negativamente), quando a economia mundial cresce (entra em recessão), em razão das elevações (reduções) na demanda pelas commodities e em seus preços. Outro ponto importante a ser ressaltado é que a produção nacional não é capaz de suprir toda a demanda interna. Assim, as importações de produtos agropecuários são responsáveis por complementar esse atendimento, sobretudo, nas épocas de entressafra (GUIMARÃES; PEREIRA, 2014). O setor agropecuário possui um papel importante na economia, sobretudo a brasileira, tendo em vista sua capacidade de gerar empregos, renda, divisas internacionais 17 e segurança alimentar (GOMES; ALCANTARA FILHO; SCALCO, 2013). Em termos econômicos, destaca-se seu excelente desempenho, enquanto principal gerador de receitas cambiais líquidas, tendo em vista que, entre 2007 e 2017, as exportações líquidas do agronegócio foram determinantes para manter o superávit da balança comercial, conforme apontado por Reginato, Cunha e Vasconcelos (2019), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Agricultura e Abastecimento, do AgroStar e Ipeadata. Além disso, a partir de informações do IBGE, Reginato, Cunha e Vasconcelos (2019) acrescentam que a produção do setor agropecuário vem crescendo e se destacando desde a década de 1990. Em termos de PIB, a taxa média anual de crescimento desse segmento (3,6%), entre 1995 e 2017, foi superior tanto à nacional (2,3%) como a dos setores de comércio e serviços (1,9%) e industrial (1,3%), o que evidencia a relevância das atividades primárias para o crescimento econômico durante esse período. Ao se considerar somente os anos mais recentes, essa tendência também é mantida. Entre 2011 e 2017, por exemplo, o crescimento anual médio da agropecuária alcançou 3,1%, enquanto o PIB do país e o setor industrial registraram variações anuais médias inferiores a 1%. A relevância do setor agropecuário também é notável na região Nordeste. Segundo o BNB e ETENE (2018b), somente no primeiro semestre de 2018, as vendas do agronegócio corresponderam a 43,5% do total exportado pela região, se igualando ao percentual registrado pelo segmento, em âmbito nacional, nas exportações do país. Em termos de valores monetários, dados recentes destacados pelo BNB (2020) mostram que, em 2019, o agronegócio nordestino obteve um superávit de 5,41 bilhões de dólares na balança comercial, oriundos das exportações de 15,4 milhões de toneladas de bens primários. Considerando a produção como um todo, a Produção Agrícola Municipal (PAM), pesquisa realizada pelo IBGE (2020), revela que os valores correntes da produção agropecuária nordestina, ainda em 2019, ultrapassaram os 42 milhões de reais, equivalentes a quase 12% do total registrado pelo Brasil. Não obstante o bom desempenho do setor agropecuário nordestino, desde o período colonial, é perceptível a existência de diferenças no ritmo de desenvolvimento da agricultura entre as unidades federativas e regiões do país, em decorrência da diversidade dos ciclos econômicos vivenciados, relações de trabalho, disponibilidade relativa dos fatores de produção, aspectos culturais (GOMES; ALCANTARA FILHO; SCALCO, 2013), tipos de solo, práticas agropecuárias adotadas, produtos cultivados, animais 18 criados (SILVA; SILVA, 2016) e outros fatores relacionados às questões políticas, geográficas, climáticas, sociais e tecnológicas (SILVA et al., 2018). Especificamente na região Nordeste, Ferreira (2003)destaca a predominância de pequenos produtores agropecuários, concentração de terra, baixo nível de produtividade e irregularidade pluviométrica como principais características. Já em relação ao tipo de agricultura praticada, Lira (2016) destaca a predominância da agricultura de sequeiro, que tem como principal aspecto a dependência da precipitação de chuvas para que a cultura complete seu ciclo, o que traz muitas dificuldades aos produtores nordestinos, que possuem pouca capacidade para manter suas atividades em períodos contínuos de estresse hídrico, tendo em vista a baixa incidência de chuvas na região. Além disso, Moura, Khan e Silva (2000, p. 213) enfatizam a existência de diferenças estruturais e sobre como a agricultura é praticada dentro da própria região, ao explicar que, nela, as agriculturas moderna e tradicional coexistem. A primeira é intensiva em capital e utilizadora de tecnologias avançadas, que proporcionam níveis elevados de produtividade. A segunda, todavia, não conseguiu ter acesso às técnicas mais desenvolvidas e, consequentemente, faz uso de métodos primitivos, que demandam pouco capital e são caracterizados pela baixa produtividade. Dessa forma, a questão do pequeno produtor rural, que pratica a agricultura tradicional e integra a maior parte dos agropecuaristas da região, “se coloca de forma bastante complexa no conjunto da agricultura nordestina.” Segundo Guanziroli, Sabbato e Vidal (2014), a maioria dos produtores rurais nordestinos é formada por agricultores familiares. Apesar das diferentes definições adquiridas ao longo do tempo, a agricultura familiar é, geralmente, caracterizada pela pequena produção, comumente destinada à subsistência; enquanto a agricultura patronal é associada a níveis de produção elevados e alta integração no mercado. Tais aspectos, inerentes aos seus respectivos modos de produção, associados às próprias diferenças locacionais, fazem com que os produtores se comportem de formas distintas. Neste estudo, considera-se o conceito de agricultura familiar definido pela Lei n°11.326, no ano de 2006, que estabelece que os produtores familiares são aqueles que realizam suas atividades na zona rural e possuem, simultaneamente, quatro critérios: não possua propriedade com área superior a quatro módulos fiscais; utilize, predominantemente, mão de obra familiar nas atividades de seu estabelecimento; aufira um determinado percentual mínimo de renda familiar originada de sua unidade produtiva, a ser especificado pelo Executivo; e dirija esta juntamente com sua família. 19 A fim de observar como se dá a participação da agricultura familiar e não familiar no Nordeste, bem como eventuais diferenças entre esta, as demais regiões e o Brasil, o Quadro 1 apresenta o número total de estabelecimentos nas unidades federativas nordestinas, nas cinco grandes regiões e no Brasil, nos últimos dois Censos Agropecuários realizados. Como pode ser observado, tanto em 2006 como em 2017, a agricultura familiar se sobressaiu com a maior participação, não apenas no Nordeste, mas em todas as outras regiões do país, reafirmando a importância dos pequenos produtores para o setor como um todo. Ademais, quando observado o número de estabelecimentos familiares em relação ao total de estabelecimentos existentes em cada estado nordestino, verifica-se que, em 2006, Alagoas obteve a maior proporção de unidades familiares, com 90,14%; enquanto o Rio Grande do Norte registrou a menor, com 84,65%. Já em 2017, a maior participação foi alcançada por Maranhão, com 85,14%; enquanto a menor foi obtida pelo Ceará, com 75,54%. Quadro 1 - Números, total e por tipo de agricultura, de estabelecimentos agropecuários nos estados nordestinos, nas grandes regiões e no Brasil, em 2006 e 2017 Brasil, Região e Unidade da Federação Total Tipo de agricultura 2006 2017 Não Familiar Familiar 2006 2017 2006 2017 Maranhão 140.378 219.765 18.732 32.647 121.646 187.118 Piauí 142.885 245.601 16.649 48.355 126.236 197.246 Ceará 200.100 394.330 24.522 96.468 175.578 297.862 Rio Grande do Norte 64.179 63.452 9.850 12.772 54.329 50.680 Paraíba 121.351 163.218 14.748 37.729 106.603 125.489 Pernambuco 233.937 281.688 23.168 49.077 210.769 232.611 Alagoas 93.006 98.542 9.168 16.173 83.838 82.369 Sergipe 90.627 93.275 9.256 21.215 81.371 72.060 Bahia 682.899 762.848 87.101 169.437 595.798 593.411 Nordeste 1.769.362 2.322.719 213.194 483.873 1.556.168 1.838.846 Norte 400.767 580.613 58.461 100.038 342.306 480.575 Sudeste 809.965 969.415 202.549 280.470 607.416 688.945 Sul 862.059 853.314 135.128 187.547 726.931 665.767 Centro-Oeste 293.725 347.263 93.599 123.988 200.126 223.275 Brasil 4.135.878 5.073.324 702.931 1.175.916 3.432.947 3.897.408 Fonte: Elaboração própria com base nos Censos Agropecuários de 2006 e 2017. 20 Constata-se, ainda, que, em 2006, a agricultura familiar era praticada em 3.432.947 estabelecimentos agropecuários brasileiros, o que corresponde a 83% do total, enquanto, em 2017, esse número cresceu, em termos absolutos, atingindo 3.897.408 unidades, o equivalente a 76,82%, registrando, assim, um decréscimo em termos percentuais. Em nível regional, tem-se que, em 2006, o Nordeste foi a região com o maior percentual de estabelecimentos familiares, em relação ao seu total, com 87,95% (1.556.168 unidades); enquanto em 2017, não obstante seu crescimento em termos absolutos, alcançando 1.838.846 unidades produtivas, teve sua participação relativa reduzida para 79,17%, ficando abaixo da região Norte (82,77%). Em contrapartida, em ambos os anos, o Centro-Oeste registrou o menor percentual de estabelecimentos familiares, com 68,13% e 64,3%, respectivamente. 2.1 Breve Evolução do Setor Agropecuário Ao se observar a evolução da agropecuária brasileira, tem-se que, até a década de 1960, as técnicas de produção agropecuária eram, predominantemente, do tipo artesanal (PEREIRA, 2003). Esse fator, juntamente com outras características do setor, especialmente a concentração fundiária e o baixo nível de assalariamento dos trabalhadores da zona rural, dificultavam o seu desenvolvimento. Assim, a sociedade da época tinha como uma de suas principais preocupações as questões agrárias, sendo que o debate estava fundamentado por duas vertentes de pensamento, na qual, por um lado, tinha-se aqueles que defendiam uma reforma agrária que ampliasse o acesso dos trabalhadores rurais à terra; e por outro lado, havia os apoiadores da modernização agrícola, sob o argumento de que, dessa forma, o nível de produção seria elevado e os produtores teriam seu bem-estar melhorado, sem a necessidade da reforma agrária (MELO, 2011). Nesse sentido, Delgado (2005) explica que, após o início do regime militar, em 1964, as questões envolvendo essa discussão passam a ser o principal foco do governo, cuja prioridade passou a ser a busca por formas de fazer crescer a produção e a produtividade do setor agrícola, em razão das demandas urbana e do setor externo, que estavam em expansão. Para isso, a política agrícola e comercial do período é direcionada à promoção de um aprofundamento das relações técnicas da agricultura com a indústria e de ambos com o setor externo. 21 Dessa forma, nas duas décadas seguintes, teve-se o início de seu processo de modernização, ocorrido em decorrência da execução de várias políticas públicas, com destaque àquelas direcionadas à oferta de crédito subsidiado, ao estabelecimento de preços mínimos de garantia para os gêneros alimentícios e ao desenvolvimento na área de pesquisa e extensão rural. Todavia, ressalta-se que o crescimento agropecuário aconteceu de formas distintas nesses dois períodos, sendo que, nos anos de 1970, foi baseado na incorporação de novas terras e de mais mão-de-obra; e, nos anos de 1980, teve como pilar o aumento da produtividade desses fatores (VICENTE,2002), sendo também dependente de investimentos, que objetivavam difundir as tecnologias, recuperar o solo e aumentar a produção de alimentos agrícolas destinados ao mercado nacional (PINTOR; PIACENTI, 2016). No caso do suporte governamental via fornecimento de crédito, ao observar os anos de 1966-2000, Matos e Pessôa (2011) verificaram que, de 1966 até 1970, os produtores das regiões Sul e Sudeste obtiveram 77,4% do total disponibilizado e, nos anos seguintes, o equivalente a aproximadamente 65% do crédito nacional. Além disso, em 1966, os produtores da região Centro-Oeste não registraram nenhuma participação. Já em 1970, esta região conseguiu obter 6,5% do crédito do país e, desde então, tal percentual registrou elevações, alcançando seu máximo, 32,9%, em 1988/89, em virtude da implantação de programas públicos que estimulavam a ocupação do Cerrado. Por outro lado, juntas, as regiões Norte e Nordeste apresentaram em 1966, sua maior porcentagem, com 23%, de forma que, no restante do período essa proporção decresceu, variando entre 10% e 16%. Matos e Pessôa (2011) apontam, ainda, a existência de desigualdades na política de preços mínimos, que fornecia suporte para os agropecuaristas, reduzindo os danos econômicos ocorridos pelas modificações nas condições de mercado e por fatores naturais; e na política de seguro agrícola, em que quaisquer prejuízos obtidos nas plantações eram ressarcidos pelo poder público. Assim como o fornecimento de crédito, tais políticas também apresentaram caráter seletivo, tendo em vista que apenas determinados tipos de lavouras e produtores poderiam usufruir das mesmas. Os principais favorecidos por tal iniciativa foram os médios e grandes produtores, enquanto, em termos de commodities, a soja era um dos produtos mais beneficiados. Portanto, os pequenos produtores ficaram, novamente, excluídos. Essas transformações no setor agropecuário tiveram consequências positivas e negativas. Em relação às primeiras, Pereira (1999) destaca a diversificação da pauta de 22 produtos considerados economicamente relevantes. No caso das segundas, Pires e Ramos (2009) enfatizam o agravamento da heterogeneidade setorial nacional, em todos os aspectos, tendo em vista que os hiatos existentes entre os produtores rurais com disponibilidade de recursos suficientes para demandar as inovações tecnológicas e aqueles que conseguem produzir apenas em nível de subsistência foram expandidos. Assim, Delgado (2001) explica que, nesse período, houve uma modernização conservadora, uma vez que a integração técnica do setor secundário com o primário abrangeu somente as oligarquias rurais vinculadas ao capital comercial. Nesse contexto, tem-se, portanto, que o progresso técnico voltado à agricultura e pecuária brasileiras foi absorvido pelos empresários do ramo que dispunham dos grandes volumes de capital necessários para realizar os investimentos em suas firmas, localizadas, geralmente, no Centro-Sul do Brasil; e excluiu, assim, os demais, que, em geral, eram pequenos produtores, residentes, sobretudo, nas regiões Norte e Nordeste. Para se ter uma noção dessa realidade, em 1985, 93% dos produtores brasileiros não possuíam tratores, um percentual que correspondia a 4,5 milhões de pessoas. Logo, essa massa populacional rural dispunha em sua propriedade apenas de uma moradia para a família, não possuindo, individualmente, qualquer papel produtivo importante à nível nacional (SILVA, 1998). Tais condições sociais proporcionaram um forte estímulo ao êxodo rural. Assim, na tentativa de melhorar seu bem-estar, muitos produtores rurais migraram para os centros urbanos. Paralelamente, aqueles que se mantiveram no campo continuavam a enfrentar a pobreza e a tentar se adaptar às novas mudanças. Entretanto, dadas as difíceis circunstâncias nas quais estavam inseridos e em razão do caráter seletivo da modernização agropecuária, eventualmente, viam-se obrigados a vender suas propriedades e migrar para a cidade, renunciando, muitas vezes, o estabelecimento onde produziam os alimentos para sua subsistência (NEUMANN; FAJARDO; MARIN, 2017). Todavia, nem sempre as condições na zona urbana eram melhores. Assim, muitos produtores se submetiam a condições depreciadas de trabalho, enquanto outros sequer encontravam uma nova ocupação (MEYER; SILVA, 1998). Ferreira (2003) acrescenta que, além das desigualdades regionais durante o processo de modernização agropecuária, também houve disparidades intrarregionais, como ocorreu no Nordeste. Nessa parte do país, as modificações foram direcionadas para solucionar os problemas causados pela irregularidade das chuvas, por meio da construção de amplos perímetros irrigados públicos, acompanhados de projetos de assentamento, produção de gêneros alimentícios, colonização e incentivo à produção familiar. 23 Entretanto, tais transformações ocorreram de forma heterogênea e seletiva, tanto em relação ao espaço quanto aos bens produzidos. Fornazier e Vieira Filho (2012) ressaltam que, consequentemente, os produtores que foram excluídos desse processo tiveram suas condições de vida pioradas, mantendo-se na zona rural e praticando atividades pouco monetizadas, dependendo, muitas vezes, de outros recursos para assegurar sua sobrevivência, como as rendas de transferências governamentais. Posteriormente, durante os anos de 1990, o setor agropecuário brasileiro foi pressionado a passar por novas transformações, em virtude da abertura da economia ao mercado internacional. Além disso, retomou-se a preocupação com relação às disparidades entre as regiões, no que se refere à rapidez de incorporação e expansão do uso da terra3, à adoção de técnicas avançadas no processo produtivo e à utilização de assistência técnica. Sob essas novas circunstâncias, surgiram alguns desafios a serem superados pelo setor, como a necessidade de se elevar a eficiência e identificar potenciais ganhos de produtividade (MARINHO; CARVALHO, 2004). Dessa forma, o setor agropecuário deve buscar a eficiência máxima dos insumos empregados, sobretudo, nas regiões naturalmente menos produtivas e/ou com técnicas menos avançadas, a fim de reduzir esse hiato produtivo. Lira (2016) explica que o setor agropecuário tem como uma de suas principais características a heterogeneidade, aspecto que não se restringe somente a fatores geográficos e climáticos, mas engloba também aspectos econômicos, sociais e referentes à disponibilidade de recursos, o que, eventualmente, implica em diferenças entre os próprios agricultores, sendo refletidas em termos de potencialidades e restrições associadas aos recursos e habilidades de geração de renda, capacitação, aprendizado obtido por meio de seus antecedentes e/ou assistência técnica, localização etc. Sendo assim, cada estabelecimento produtivo acaba desenvolvendo suas próprias estratégias de sobrevivência e de produção, o que contribui para a complexidade e diversidade do setor. Considerando-se essas diferenças entre os agropecuaristas e na tentativa de compensar a não realização de uma reforma agrária, Neumann, Fajardo e Marin (2017) acrescentam que, a partir de então, o poder público modificou as orientações das políticas de desenvolvimento do meio rural, que passaram a compreender as especificidades de 3 Nesse período, Pintor e Piacenti (2016) explicam que a maioria das unidades federativas, principalmente aquelas localizadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, teve seu processo de abertura agrícola esgotado, dada a impossibilidade de expansão em novas áreas. Em contrapartida, naquelas pertencentes às regiões Norte e Nordeste, caracterizadas pela abundância de terras, tal processo foi acentuado, de modo que se avançou sobre as áreas do Cerrado e pastagens naturais. 24 ambos os grupos de agricultores, perdendo, assim, seu caráter totalmente produtivista, que tendia a excluir ospequenos produtores; e enfatizando o papel dos atores sociais. Dessa forma, a partir da segunda metade da década de 1990, uma característica bastante notada do setor agropecuário é a sua forte dependência das políticas públicas, entre as quais se destacam a oferta de crédito rural subsidiado, a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) e as políticas de proteção à produção familiar. Em relação à primeira, o programa de crédito mais importante para os produtores rurais é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). As duas últimas, por sua vez, estão relacionadas, pois, embora a PGPM tenha sido instituída durante o período de modernização conservadora, foi reforçada, a posteriori, por políticas auxiliares, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que determinam a aquisição de parte da produção proveniente dos agricultores familiares, por entes governamentais, a um preço fixado pelo governo (GUIMARÃES; PEREIRA, 2014). Apesar da tentativa de desenvolver a produção agropecuária nacional, as políticas agrícolas implementadas pelo governo, durante a década de 1990, acentuaram as desigualdades regionais, especialmente, na região Nordeste em relação às demais. Um exemplo disso é o PRONAF, cujos recursos são considerados escassos e caros e que foi relativamente pouco usufruído pelos produtores nordestinos. Esse Programa foi orientado aos agricultores e pecuaristas que já estavam razoavelmente integrados ao mercado e que, deste modo, apresentavam condições, na visão do governo, de empregar os recursos obtidos eficientemente. Entretanto, como mais de 80% dos agropecuaristas da região encontravam-se descapitalizados ou em processo de descapitalização, esses não constituíram o público do PRONAF (FREIRE, 1999). O acesso limitado ao crédito rural, por parte dos produtores nordestinos, não se restringiu aos anos iniciais da implementação desse tipo de programa. Baseado nos dados dos Censos Agropecuários de 2006 e 2017, verifica-se que, na região Nordeste, apenas 325.399 estabelecimentos rurais tiveram acesso ao financiamento no primeiro ano, enquanto somente 284.728 unidades produtivas obtiveram crédito no segundo ano, o que equivale a aproximadamente 13% e 12% do total de estabelecimentos existentes na região, respectivamente (IBGE, 2007; IBGE, 2019). Nesse contexto, Nogueira (2005) explica que, em decorrência da assimetria de oportunidades, acentuada pela política agrícola discriminante, há, também, uma disparidade expressiva nos níveis de renda, de modo que, em algumas regiões do país, esses são muito inferiores, enquanto em outras, 25 são bastante elevados, o que é reflexo das divergências em relação à remuneração dos fatores de produção, sobretudo a mão de obra. Ademais, Araujo e Mancal (2015) explicam que, nas regiões menos desenvolvidas, é preciso que as políticas direcionadas ao desenvolvimento do setor sejam acompanhadas de investimentos complementares em infraestrutura. Como pode ser observado, ao longo de toda a história, o desenvolvimento da agropecuária brasileira ocorreu de forma desigual entre as regiões do país, particularmente, em detrimento do Nordeste (FERREIRA, 2003). Além disso, as disparidades também foram agravadas em nível intrarregional, sendo que os produtores que detinham algum capital puderam modernizar suas empresas e obter vantagens na comercialização de seus produtos, enquanto os pequenos agropecuaristas preservavam suas técnicas primitivas e continuavam a produzir para sua subsistência. Portanto, o cenário vigente é de uma região que, embora abrigue a maior parte dos produtores brasileiros, possui sua produção comprometida por fatores climáticos, políticos, sociais e econômicos. Diante de tantos obstáculos, a utilização eficiente de seus recursos produtivos se torna de extrema relevância, ao otimizar os recursos, que são escassos. Esse assunto será discutido de forma mais aprofundada no próximo capítulo. 26 3 EFICIÊNCIA: CONCEITOS E ABORDAGENS Na literatura econômica, a mensuração do nível de eficiência, no que se refere ao processo de produção, é realizada com base na comparação entre os valores observados e os valores considerados ótimos. Portanto, a noção de eficiência está conectada com o menor custo ou a maior produção possível em dado sistema produtivo (FREITAS, 2014). Dessa forma, um processo produtivo economicamente eficiente é aquele em que os custos são minimizados, empregando-se a melhor combinação possível dos insumos disponíveis, dados os seus respectivos preços, e, simultaneamente, o produto potencial é maximizado (ALMEIDA, 2012). Por vezes, o conceito de eficiência é confundido com o de produtividade, porém esses termos possuem significados diferentes. Enquanto a eficiência é focada em valores ótimos, a fim de evitar desperdícios, a produtividade está associada à razão entre produto e insumo, isto é, a quantidade produzida por cada unidade de insumo utilizado. Dessa forma, quando uma unidade produtiva corrige suas ineficiências, a produtividade aumenta, porém, não necessariamente a situação inversa será verdadeira (STUKER, 2003). O primeiro indicador de eficiência produtiva, denominado de Coeficiente de Utilização dos Recursos, foi desenvolvido por Debreu (1951) e se fundamentava na ideia de que os insumos produtivos estão alocados de forma eficiente quando, a partir de determinado ponto, se torna impossível decrescer sua quantidade e manter o mesmo nível de produção. Assim, após mensurar os coeficientes de cada firma, o autor analisou os níveis de ineficiência a partir das distâncias destas em relação à fronteira de produção ótima. Freitas (2014) acrescenta que, na mesma década, Koopmans (1951) e Shephard (1953) também forneceram contribuições importantes para a temática. Koopmans (1951) estabeleceu um conceito de eficiência segundo o qual essa é alcançada quando a produção de um bem não é passível de ser elevada sem que a de outro bem seja reduzida. Por outro lado, assim como Debreu (1951), Shephard (1953) baseou sua análise de eficiência a partir das distâncias entre as unidades produtivas ineficientes e a fronteira de eficiência. Apesar da relevância dessas contribuições, o conceito mais utilizado e difundido é o de Farrel (1957), que defende que uma unidade produtiva é eficiente quando produz a maior quantidade possível com os insumos disponíveis. Quintela (2011) explica que Farrel (1957) contribuiu para a literatura que trata da eficiência, ao elaborar técnicas de programação matemática direcionadas à sua mensuração. Assim, o autor criou uma 27 fronteira de eficiência, representada por uma isoquanta, tendo como base as diferentes combinações de insumos, tecnologias e produtos gerados. Posteriormente, Farrel e Fieldhouse (1962) contribuíram para essa temática, ao desenvolverem medidas de eficiência capazes de avaliar, simultaneamente, as relações entre vários insumos e produtos, a partir do cálculo de uma unidade tomadora de decisão (Decision Making Unit – DMU, em inglês) “virtual”, resultante de uma média ponderada de firmas eficientes, que seria utilizada como referência para as demais unidades (ALVIM; STULP, 2014). Na década de 1970, Charnes, Cooper e Rhodes (1978) aprimoraram os estudos de Farrel e criaram o método de Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis – DEA, em inglês), que produz resultados mais detalhados do que as medidas paramétricas, permitindo, assim, um melhor gerenciamento dos recursos produtivos disponíveis (SENA, 2005). Sendo assim, pode-se afirmar que a definição de eficiência econômica é constituída a partir da junção de dois conceitos: eficiência técnica e alocativa. A primeira analisa a razão entre o produto observado e o potencial máximo atingível, considerando-seum dado nível de insumos; enquanto a segunda avalia a razão entre o nível de insumos empregado e o mínimo necessário para se produzir determinada quantidade de produto (LOVELL, 1992), considerando os preços relativos e visando maximizar o lucro (REIS; RICHETTI; LIMA, 2005). Isso implica dizer que uma unidade ineficiente tem capacidade de produzir mais, com uma certa quantidade de insumos, ou de manter o nível de produção vigente, utilizando menos insumos (CGEE, 2018). Alvim e Stulp (2014) explicam que a eficiência técnica pode ser considerada global ou local. Quando é global, se observa a distância da unidade produtiva em relação à fronteira de eficiência com retornos constantes de escala (CCR, em referência às iniciais de seus fundadores, Charnes, Cooper e Rhodes). Quando é local, considera-se a possibilidade de a unidade em questão elevar sua razão produto/insumo, por meio de modificações da escala de produção, passando para uma situação de retornos crescentes ou decrescentes de escala (BCC, sigla que representa as iniciais de seus formuladores, Banker, Charnes e Cooper), isto é, apresentando retornos variáveis de escala. Por outro lado, na eficiência alocativa, as relações insumo e produto variam em função dos preços. Segundo Benício e Mello (2014), quando a variação do nível de insumos é menor (maior) do que a variação do produto, a unidade produtiva apresenta retornos crescentes (decrescentes) à escala. 28 A escolha adequada da escala de produção é relevante, pois muitas atividades podem mudar de acordo com o tipo de escala determinado e, por conseguinte, ocasionar modificações na fronteira de possibilidade de produção, que servirá como referência para as unidades localizadas em seu interior. Em outros termos, para cada tipo de escala, há uma fronteira específica (PEREIRA, 1999). A estimação dos escores de eficiência técnica, seguindo-se os modelos com retornos constantes e variáveis de escala, dá origem ao conceito de eficiência de escala. Essa é obtida a partir da razão entre ambos os escores, sendo que, se esses diferem, a firma apresentará ineficiência de escala. O contrário também é válido (NOGUEIRA, 2005). No que tange aos estudos realizados com foco nas atividades agropecuárias, é comum a mensuração da eficiência técnica, objetivando diagnosticar e identificar as ineficiências presentes no processo produtivo, suas causas e quais unidades podem servir de referência para as demais (BARBOSA; SOUSA, 2014). Nesse contexto, tem-se que, por exemplo, uma unidade produtiva que, dada uma certa quantidade de insumos, apresente um índice de eficiência técnica de 64%, está operando 36% abaixo de sua produção potencial. Logo, esse último percentual equivale à produção adicional que a mesma poderia alcançar, mantendo-se o nível de insumos empregados, caso melhorasse sua eficiência (VILLANO; BOSHRABADI; FLEMING, 2010). No caso deste estudo, adotou-se o modelo com retornos constantes de escala, a fim de se obter os escores de eficiência técnica, como empregado por Santos e Fernandes (2009), Blancard e Martin (2012), Musemwa et al. (2013) e Effendy et al. (2019). As medidas de eficiência são precedidas pela determinação do tipo de orientação, que pode ser baseada na redução dos insumos (orientação insumo) ou na maximização da produção (orientação produto) (COELLI et al., 1998). Sendo assim, do ponto de vista da orientação insumo, uma unidade produtiva é tecnicamente ineficiente quando um determinado nível de produto estiver sendo alcançado com mais insumos do que o necessário e alocativamente ineficiente quando os recursos disponíveis estiverem alocados de forma inadequada, considerando seus respectivos preços relativos. Já sob a ótica da orientação produto, a ineficiência técnica ocorre quando o conjunto de insumos utilizados corresponde a um nível de produto efetivo abaixo do produto potencial e alocativamente ineficiente quando o produto disponível não estiver alocado apropriadamente, tendo em vista seus respectivos preços relativos (QUINTELA, 2011). Neste trabalho, optou-se pela orientação produto, conforme proposto por Stuker (2003), Barbosa et al. (2013) e Effendy et al. (2019), uma vez que esta especificação 29 permite identificar a possibilidade de aumentos na produção com o montante de insumos que já se encontra à disposição dos agricultores, sendo, portanto, uma abordagem mais adequada, considerando-se que a população e, consequentemente, a demanda do setor agropecuário estão sempre crescendo. A Figura 1 representa graficamente o conceito de eficiência, tanto técnica como alocativa, sob a orientação produto e, a fim de simplificar a análise, adota-se o modelo com retornos constantes de escala. Considere-se uma unidade produtiva que produz dois bens (y1 e y2), fazendo uso de um único insumo (x), cuja curva de possibilidade de produção é denotada por ZZ’. Os pontos que estiverem abaixo desta curva, como é o caso do ponto A, são considerados ineficientes, pois neles o produto observado é menor que o produto potencial. Assim, tem-se que a distância AB corresponde ao nível de ineficiência técnica, permitindo inferir-se que, mantida a quantidade utilizada do insumo x, ainda é possível produzir mais. Figura 1 - Eficiências Técnica e Alocativa sob a Orientação Produto Fonte: Coelli (1996). Assim, a eficiência técnica (ET) é determinada conforme a equação (1): 𝐸𝑇 = 0𝐴 0𝐵 (1), em que o segmento de reta 0𝐴̅̅̅̅ representa a distância percorrida pelo nível de produção efetiva e o segmento de reta 0𝐵̅̅̅̅ corresponde à distância total necessária para que o nível produtivo atinja o máximo alcançável e, consequentemente, a firma opere não ociosamente, mas sim eficientemente. 30 Caso as informações acerca dos preços dos produtos estivessem disponíveis, seria possível definir a linha DD’, que corresponde à isoreceita. Dessa forma, poderia se identificar o ponto B’ como aquele em que a combinação de y1 e y2 maximiza a produção e a receita, dada a linha de isoreceita. Nesse mesmo ponto, nota-se que a Taxa Marginal de Transformação (TMT) se iguala à razão entre os preços. A eficiência alocativa (EA) corresponde, portanto, a equação (2): 𝐸𝐴 = 0𝐵 0𝐶 (2), em que o segmento de reta 0𝐵̅̅̅̅ representa a distância percorrida pelo nível de produção potencial e o segmento de reta 0𝐶̅̅̅̅ corresponde à distância entre a curva de possibilidade de produção e a isoreceita. Nesse sentido, tem-se que a eficiência econômica (EE) é expressa pelo produto das duas medidas (ET e EA), conforme ilustrado na equação (3): 𝐸𝐸 = 0𝐴 0𝐶 = 0𝐴 0𝐵 𝑋 0𝐵 0𝐶 = 𝐸𝑇 𝑋 𝐸𝐴 (3) Para fins de comparação, a mesma situação, mas desta vez sob a orientação insumo, é demonstrada, graficamente, pela Figura 2. Nesse caso, tem-se uma firma que utiliza dois insumos (x1 e x2) para produzir um único bem (y). Supondo-se que a isoquanta SS’, correspondente à firma eficiente, seja conhecida4, pode-se inferir que determinada firma, cujo nível de insumos adotados, para produzir uma unidade de produto, é representado pelo ponto P, possui ineficiência técnica equivalente à distância QP, que simula a quantidade de insumos que poderia ser reduzida sem que houvesse diminuição do produto vigente. 4 A função de produção da firma eficiente não é conhecida na prática e, dessa forma, deve ser estimada a partir das observações do setor analisado. No presente trabalho, tal mensuração foi feita a partir do método DEA. 31 Figura 2 - EficiênciasTécnica e Alocativa sob a Orientação Insumo Fonte: Coelli (1996). Logo, a eficiência técnica (ET) dessa empresa pode ser expressa pela equação (4): 𝐸𝑇 = 0𝑄 0𝑃 = 1 − 𝑄𝑃 0𝑃 (4), em que 0𝑄̅̅ ̅̅ representa o mínimo de insumos necessários para que se atinja a quantidade produzida no período vigente e 0𝑃̅̅̅̅ equivale ao total de insumos que estão sendo efetivamente empregados pela firma para alcançar seu nível de produção atual. Logo, o segmento 𝑄𝑃̅̅ ̅̅ evidencia o volume excedente de recursos que está sendo utilizado pela unidade produtiva, alertando, portanto, para a presença de ineficiência. A ET varia de 0 a 1, de modo que, quanto menor (maior) o valor registrado, menor (maior) o grau de eficiência técnica. Na Figura 2, por exemplo, o ponto de máxima eficiência técnica é dado por Q, pois esse se localiza na isoquanta eficiente. Se a razão entre os preços também for conhecida, pode-se estabelecer a linha AA’, possibilitando-se, assim, a mensuração da eficiência alocativa (EA), que, no caso de uma firma que opere no ponto P, é demonstrada pela equação (5): 𝐸𝐴 = 0𝑅 0𝑄 (5), em que 0𝑅̅̅̅̅ mostra o nível de custo do conjunto de insumos empregados no ponto P e 0𝑄̅̅ ̅̅ faz referência ao custo da quantidade de insumos a ser utilizada eficientemente no ponto Q. Dessa forma, a distância RQ corresponde ao valor dos custos que poderiam ser reduzidos, caso a produção ocorresse no ponto Q’, que apresenta eficiência econômica, 32 ao invés do ponto Q, que, embora seja eficiente sob o ponto de vista técnico, não o é sob a ótica alocativa. A eficiência econômica (EE) é, então, dada pela equação (6): 𝐸𝐸 = 0𝑅 0𝑃 = 0𝑄 0𝑃 𝑋 0𝑅 0𝑄 = 𝐸𝑇 𝑋 𝐸𝐴 (6) A Figura 3 apresenta algumas abordagens para se mensurar a eficiência. Segundo Guesmi et al. (2012), no caso da eficiência técnica, duas delas se destacam na literatura: as paramétricas, sendo que a Análise da Fronteira Estocástica (AFS) é mais conhecida; e as não paramétricas, em que a Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis, DEA) é a mais utilizada. A diferença entre elas é que a última fornece mais flexibilidade, pois sua execução não exige que se conheça a verdadeira especificação da forma funcional que caracteriza o processo produtivo nem a formulação de hipóteses sobre a distribuição dos erros. Todavia, possui como principal desvantagem a impossibilidade de se isolar os efeitos de ineficiência derivados de ruídos ou choques aleatórios. Stuker (2003) explica que conhecer a forma funcional de relação entre as variáveis dependente e independente e a admissão de hipóteses sobre a distribuição dos resíduos são requisitos obrigatórios para o emprego da abordagem paramétrica, que faz uso do método de regressão para avaliar o comportamento das observações em termos médios. Por outro lado, a abordagem não-paramétrica dispensa tais exigências, pois interpreta que quaisquer desvios em relação à fronteira de eficiência são resultantes de ineficiência produtiva e não de outros fatores. 33 Figura 3 - Organograma das Técnicas de Mensuração da Eficiência Fonte: Sarafidis (2002). A abordagem paramétrica se divide em dois tipos de métodos, os que formam fronteira e os que não a formam. No caso do primeiro tipo, destacam-se a Análise da Fronteira Determinista e a Análise da Fronteira Estocástica. Essa subclassificação teve seu surgimento na década de 1970, a partir dos estudos de Aigner e Chu (1968), Afriat (1972), Aigner et al. (1977) e Meesun e Van Den Broecker (1977), que explicaram os níveis de eficiência das unidades observadas, por meio de uma forma funcional. A principal diferença entre ambas as abordagens consiste na interpretação sobre os resíduos. A primeira é fundamentada na ideia de que toda ineficiência existente surge de eventos que estão sob o controle das instituições. Logo, o termo de erro possui distribuição unilateral não-simétrica. A segunda, por sua vez, surgiu na tentativa de aprimorar a primeira. Assim, além do termo de erro presente na fronteira determinista, denominado unilateral, pressupõe-se a existência de um erro simétrico, caracterizado por variação aleatória, que reflete eventos exógenos, isto é, que não estão sob o controle das instituições e são inerentes às relações empíricas, englobando, portanto, a heterogeneidade das firmas e o efeito de fatores externos ao modelo, como variáveis omitidas e erros de mensuração, sobre os níveis de eficiência calculados. Assim, quando o erro simétrico é nulo, as funções de ambos os métodos se tornam iguais (QUINTELA, 2011). 34 As equações (7) e (8) demonstram, respectivamente, os modelos da fronteira determinista e estocástica, conforme explicitado por Almeida (2012), em que Yi é a quantidade produzida da i-ésima unidade produtiva; xi é um vetor de insumos da i-ésima unidade produtiva; β é um vetor dos regressores a serem estimados; ui é uma variável aleatória não negativa associada aos elementos causadores da ineficiência técnica da i- ésima unidade produtiva; vi é um termo de erro aleatório com média zero, que está relacionado aos fatores fora do controle das instituições; e n é o número de unidades produtivas da amostra. 𝑌𝑖 = 𝑓(𝑥𝑖; 𝛽)𝑒 −𝑢𝑖, 𝑖 = 1, 2, … , 𝑛 (7) 𝑌𝑖 = 𝑓(𝑥𝑖; 𝛽)𝑒 (𝑣𝑖−𝑢𝑖) , 𝑖 = 1, 2, … , 𝑛 (8) Segundo Sarafidis (2002), a abordagem paramétrica de fronteira é mais indicada quando o pesquisador possui confiança de que a forma funcional da fronteira está bem especificada; variáveis omitidas podem alterar os resultados e o teste de hipóteses é relevante. Todavia, possui como deficiências: a vulnerabilidade à presença de informações discrepantes, pois estas podem fazer com que o modelo perceba, equivocadamente, uma forte presença de ruídos nos dados e, assim, não consiga detectar os níveis de ineficiência corretamente; a estimação por máxima verossimilhança, que pode fornecer estimadores ineficientes e inconsistentes; a pressuposição de que a maioria das unidades produtivas são eficientes, quando, na realidade, a situação oposta é mais comum, fazendo com que a distribuição atribua, erroneamente, igual importância a firmas eficientes e ineficientes, entre outros problemas. Já em relação ao segundo tipo de método, que não forma fronteira, destaca-se a análise de regressão simples, em que a eficiência é calculada a partir de dois passos. Segundo Sarafidis (2002), inicialmente, determina-se o modelo de regressão que se ajusta melhor aos dados utilizados, no sentido de estabelecer a melhor relação entre insumos e produto. Em seguida, o termo de erro do modelo estimado seria interpretado como uma medida de ineficiência, uma vez que representa os desvios em relação à média. Assim, a função de produção seria dada pela equação (9), em que ci corresponde ao custo total, yi equivale ao vetor de produtos, β representa o vetor dos regressores, f é a forma funcional que caracteriza a relação entre c e y, e ui é a ineficiência calculada para a firma i: 𝑐𝑖 = 𝑓(𝑦𝑖; 𝛽) + 𝑢𝑖 (9) 35 Entretanto, autores como Fare, Grosskopf e Lovell (1994) e Gomes e Baptista (2004) ressaltam que seus resultados podem ser viesados, pelo fato de a função de produção apresentar somente os resultados médios, desconsiderando as diferenças das unidades produtivas. Nesse sentido, a Figura4 apresenta a diferença entre os resultados obtidos pelo DEA e pelos mínimos quadrados ordinários. Como pode ser percebido, no caso do primeiro, as unidades eficientes se localizaram na fronteira e as demais serão avaliadas individualmente, de acordo com sua distância da fronteira. Por outro lado, no caso da regressão simples, existem pontos acima e abaixo da função estimada que serão desconsiderados. Logo, as análises realizadas por tal método deixam de captar os melhores e os piores desempenhos e, portanto, inviabilizam a identificação das unidades ineficientes e seus pontos de estrangulamento, bem como das eficientes, dificultando o seu processo de desenvolvimento, ao não fornecerem inferências personalizadas para cada situação observada. Figura 4 - Representação da função de produção Fonte: Gomes e Baptista (2004). Assim como a abordagem paramétrica, a não paramétrica também é subdividida em métodos que não formam e que formam fronteira. Em relação ao primeiro tipo, destaca-se a utilização de números índices, que, conforme Mariano, Almeida e Rebelatto (2009), tem a capacidade de comparar as relações outputs/inputs entre dois pontos, que podem se referir a uma mesma DMU em dois períodos de tempo ou a duas DMUs diferentes. Quanto à interpretação, tem-se que se a eficiência registrada for maior (menor) que um, a DMU avaliada possui maior (menor) eficiência em relação à unidade tomadora 36 de decisão considerada como referência. A expressão 10 apresenta o cálculo da eficiência produtiva quando se utiliza a técnica dos números índices, em que: E se refere ao escore de eficiência, P equivale à produtividade corrente da DMU analisada e 𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒 corresponde à produtividade da DMU base: 𝐸 = 𝑃 𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒 (10) Os principais números índices identificados na literatura são o Índice de Laspeyres, o Índice de Paasche, o Índice de Fischer, o Índice de Tornqvist e o Índice de Malmquist, conforme expressos na Figura 5. Nesse sentido, Costa (2017) explica que no que tange à utilização de índices de eficiência, tem-se que os índices de Paasche, Laspeyres, Fischer e Türquivist podem seguir a orientação insumo, produto ou serem avaliados com foco na produtividade. Entretanto, pelo fato de se constituírem como técnicas paramétricas, são suscetíveis a problemas relacionados à presença de informações discrepantes, a exemplo de distorções nos resultados obtidos. Ademais, no caso dos dois primeiros índices, é obrigatório que se conheça, a priori, os pesos a serem utilizados. Diferentemente destes, o índice de Malmquist pode ser empregado somente com a perspectiva da Análise Envoltória de Dados (DEA) ou Fronteira Estocástica. Tendo em vista que este trabalho empregou a Análise Envoltória de Dados e que uma mesma unidade tomadora de decisão tem seu comportamento avaliado em relação a dois anos (2006 e 2017), utilizou-se o Índice de Malmquist, que é abordado com mais detalhes no capítulo referente à metodologia. Figura 5 - Modelos e perspectivas da técnica de números índices direcionados à eficiência Fonte: Mariano, Almeida e Rebelatto (2009). 37 Em relação ao segundo tipo de método não-paramétrico que forma fronteira, destaca-se o DEA. Tal método é mais apropriado em situações que: as variáveis dependentes são altamente correlacionadas, influências aleatórias não repercutem de forma expressiva sobre as observações e é difícil justificar uma forma funcional específica para o componente de ineficiência (SARAFIDIS, 2002). Entre as vantagens em sua utilização, destacam-se a mensuração do nível de eficiência para cada uma das unidades produtivas consideradas e a não necessidade de se partir de um modelo matemático específico. Em contrapartida, sua principal limitação consiste na sensibilidade a dados discrepantes, visto que os resultados são obtidos pela comparação dos valores de todas as DMUs entre si para todas as variáveis selecionadas (SOUSA JÚNIOR, 2003). Todavia, tal problema metodológico pode ser contornado a partir de procedimentos para identificação de outliers e sua eventual remoção. Ressalta-se que todo método é passível de crítica, em razão dos seus respectivos problemas, tanto práticos como teóricos. Assim, independente de qual seja usado, os escores de eficiência não devem ser vistos como resultados conclusivos, mas como sinalizadores (SARAFIDIS, 2002). No caso do presente estudo, optou-se pela mensuração da eficiência por meio do método DEA, de acordo com a abordagem do Índice de Malmquist, que será abordado de forma mais detalhada no capítulo 5. O capítulo a seguir expõe diversos trabalhos empíricos com foco na eficiência das atividades agropecuárias, bem como na identificação de seus determinantes. 38 4 PANORAMA DA EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO: EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS Considerando-se a relevância de se avaliar a eficiência do setor agropecuário e seus condicionantes, vários estudos direcionados à essa temática têm sido realizados ao longo dos anos. No caso da literatura internacional, podem ser mencionados Villano, Boshrabadi e Fleming (2010), Ayaz e Hussain (2011), Blancard e Martin (2012), Kourtesi, Witte e Polymeros (2016), Effendy et al. (2019) e Gaviglio et al. (2021). Dada a existência de diferentes níveis de eficiência técnica, apontadas pela literatura, entre os produtores de pistache na província de Carmânia, no Irã, Villano, Boshrabadi e Fleming (2010) tiveram como intuito analisar se, nos anos de 2003 e 2004, tais diferenças eram decorrentes somente de limitações técnicas ou se eram ocasionadas por distinções no desempenho entre as variedades cultivadas pelos produtores. Para tal, empregaram o método meta-fronteira estocástica, em que a quantidade produzida de pistache seco correspondeu a variável dependente, enquanto os regressores foram constituídos pela área total da plantação de pistache, quantidade de água utilizada, mão de obra empregada, despesas totais, idade da árvore, densidade de árvores por hectare e quatro variáveis do tipo dummy (uma referente ao ano de 2004 e três concernentes às regiões Norte, Central e Oeste, tendo como base a região Noroeste). Apesar de haver poucas diferenças entre os graus de eficiência técnica dos produtores das três variedades consideradas, concluíram que desconsiderar as restrições de produção impostas pela escolha da variedade pode resultar em superestimação da capacidade de aumento produtivo via adoção de melhores práticas agrícolas. Ayaz e Hussain (2011) propuseram avaliar o impacto do crédito na eficiência do setor agrícola, no distrito de Faisalabad, localizado na província paquistanesa Punjab. Para tal, utilizaram o método da análise de fronteira estocástica, a partir de dados levantados, de forma primária, no ano de 2009, referentes a uma amostra de 300 agricultores. O nível de produto correspondeu a variável resposta, enquanto os regressores foram constituídos pelo tamanho da área em que as atividades eram executadas, diárias de trabalho, quantidade de fertilizantes aplicados, uso de sistemas de irrigação, custos com insumos e gastos com o gado. Além disso, observaram o efeito das variáveis tamanho da área de operação, experiência, escolaridade, tamanho do rebanho, número total de práticas de cultivo, uso de medidas de proteção para as plantações e realização de financiamento sobre o produto. 39 Segundo os resultados encontrados, em média, os agricultores da amostra apresentaram um nível de ineficiência de 16%, sendo que os fatores que mais influenciaram tal resultado foram a experiência, a escolaridade, o tamanho do rebanho, o número total de práticas de cultivo e o acesso ao crédito. Ao final do estudo, concluíram que o fornecimento de linhas de créditomais adequadas possibilitou a utilização oportuna de insumos agrícolas, bem como a adoção de novas tecnologias e a oportunidade de se atingir níveis elevados de eficiência técnica. Blancard e Martin (2012) propuseram uma forma alternativa de mensurar a eficiência energética agrícola na França. Assim, com base em dados de uma amostra de 133 estabelecimentos produtivos, em relação ao ano de 2007, empregaram o DEA para obter os escores de eficiência, adotaram a orientação insumo e assumiram o modelo com retornos constantes de escala. A variável referente à produção de cereais correspondeu ao produto, enquanto os insumos consistiram no uso de fertilizantes químicos, uso de pesticidas, uso de combustíveis fósseis, área da propriedade, mão de obra e maquinaria. Segundo os resultados encontrados, do ponto de vista da eficiência técnica, o consumo de energia poderia diminuir até 30%, enquanto, ao se considerar a eficiência alocativa, essa redução poderia ser de até 10%, sem que a quantidade produzida fosse alterada. Nesse contexto, e reconhecendo a dificuldade de aceitação dos produtores em relação às políticas públicas direcionadas à redução no consumo de energia, concluíram que as ineficiências observadas poderiam ser corrigidas por meio de políticas públicas que busquem relacionar a minimização do consumo e dos custos. Assim como Ayaz e Hussain (2011), Kourtesi, Witte e Polymeros (2016) buscaram verificar o nível de eficiência técnica do setor agrícola, porém tiveram como foco os produtores de cereais na Grécia, considerando uma amostra de 632 agricultores. Dessa forma, tendo como base os anos de 2008 a 2011, fizeram sua pesquisa aplicando a técnica de fronteira parcial robusta condicional por quantil. As variáveis consideradas como inputs foram as horas de trabalho totais, a área total da propriedade, o uso de fertilizantes e pesticidas, e outros custos (energia elétrica, combustível, sementes etc.). O output foi representado pela receita total da produção. Ademais, para identificar os determinantes do nível de eficiência, fizeram uso de uma estimação não-paramétrica de um modelo linear local e, assim, analisaram a influência das seguintes variáveis: a região em que a unidade produtiva está localizada, a altitude dessa, o ano que está sendo observado, a proporção de terras possuídas em relação 40 ao total, o uso de práticas de irrigação, a participação familiar no total de mão de obra empregada e, por fim, a idade do produtor. Os resultados evidenciaram uma grande heterogeneidade entre os graus de eficiência registrados pelos produtores, sendo que, no tocante ao modelo sem fronteira condicional, somente 10,44% foram classificados como super eficiente, enquanto em relação ao modelo com fronteira condicional, nenhum deles obteve tal posição. Os principais condicionantes desse desempenho foram o uso de sistemas de irrigação, a região em que o estabelecimento está localizado e o ano observado. Assim, concluíram que os programas de desenvolvimento rural devem ser direcionados a sanar tais fontes de ineficiência. Effendy et al. (2019) almejaram avaliar a eficiência das fazendas de cacau na região de Celebes, na Indonésia, para o ano de 2016, com base em uma amostra de 424 produtores. Para tal, empregaram o DEA, sob a orientação produto, e adotaram o modelo com retornos constantes de escala. Em seguida, analisaram os condicionantes dos níveis de eficiência obtidos, a partir do modelo Tobit. Para mensurar a eficiência, as variáveis referentes aos inputs foram a área da propriedade, o uso de fertilizantes químicos, o fator trabalho, o custo de pesticidas, o custo com podas e o custo com saneamento, enquanto o output adotado foi a produção de cacau. Para detectar os fatores que influenciaram o escore de eficiência obtido por cada produtor, consideraram esse como variável dependente, ao passo em que os regressores abrangeram o tipo de semente, o uso de fertilizantes orgânicos, extensão e treinamento (número de visitas), o acesso ao crédito, o acesso ao mercado, a participação de mulheres e o sexo do dirigente do estabelecimento. De acordo com os resultados obtidos, a maioria dos produtores de cacau está operando de forma ineficiente, sendo que foi identificada a possibilidade de redução dos custos de, em média, 60%. Ademais, todas as variáveis explicativas se mostraram relevantes na determinação da eficiência. Concluíram, portanto, que os governantes devem direcionar sua atenção para tais variáveis, principalmente no que tange ao acesso ao financiamento e ao treinamento das habilidades das produtoras de cacau. Diferentemente dos estudos anteriores, Gaviglio et al. (2021) objetivaram mensurar a eficiência técnica de estabelecimentos agrícolas e pecuários localizados em áreas periurbanas, em Milão, Itália, a partir de uma amostra final de 44 produtores, entrevistados entre 2015-2016. A metodologia utilizada foi a Análise Envoltória de Dados, seguindo a orientação produto e adotando os modelos com retornos constantes e variáveis de escala. No que tange às variáveis empregadas, o produto foi representado 41 pela receita total, enquanto os insumos consistiram na área da terra, custos variáveis e as respectivas quantidades de mão de obra familiar e não familiar. Ademais, observaram a influência de aspectos econômicos - vendas em cadeias curtas de abastecimento de alimentos (%), vendas em cadeias alimentares convencionais (%) e receita que deriva da atividade multifuncional (%) - e demográficos – trabalhadores empregados com menos de 40 anos de idade (%) e trabalhadores que possuem diploma (%) - sobre os níveis de eficiência obtidos, utilizando o teste t como método. Após analisarem os escores de eficiência, constataram que as fazendas agrícolas se revelaram mais eficientes do que as fazendas de gado, mas possuíam uma tecnologia produtiva. A participação em cadeias curtas de abastecimento de alimentos e na agricultura multifuncional não afeta os níveis de eficiência técnica das propriedades. Portanto, concluíram que são necessárias políticas que almejem melhorar o nível de educação dos agricultores e sustentar a eficiência das propriedades, bem como um conhecimento mais profundo da agricultura praticada no entorno das cidades e das condições para sua manutenção econômica sustentável. Assim como em âmbito internacional, a eficiência do setor agropecuário também é bastante discutida nacionalmente, como é o caso dos estudos de Gonçalves et al. (2008); Santos et al. (2009); Nascimento et al. (2012); Barbosa et al. (2013); Sousa, Justo e Campos (2013); Barbosa, Lima e Sousa (2014); Barbosa e Sousa (2014); Travassos et al. (2016); Scherer e Porsse (2017), Silva et al. (2019a) e Reis et al. (2020). Gonçalves et al. (2008) se propuseram a mensurar as eficiências técnica e de escala dos produtores de leite do Estado de Minas Gerais, em relação ao ano de 2005, considerando diferentes estratos de produção (menos de 50L por dia, de 50L a 200L por dia e acima de 200L por dia), bem como identificar quais variáveis se caracterizavam como determinantes dos seus respectivos níveis de eficiência. Logo, considerando uma amostra de 771 propriedades produtoras de leite, cujas informações foram coletadas no Diagnóstico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais, utilizaram a abordagem DEA, seguindo a orientação insumo e adotando os modelos CRS e VRS, para calcular os escores de eficiência e, posteriormente, um modelo econométrico Tobit, para captar os fatores determinantes dos resultados obtidos. No tocante às variáveis empregadas no DEA, os autores utilizaram dois outputs: o valor da quantidade produzida de leite e laticínios, incluindo tanto o que era destinado às vendas como ao consumo de cada família; e a receita total obtida por cada propriedade com a venda e consumo de animais. No caso dos inputs, estes equivaleramaos gastos 42 com: mão de obra (familiar ou contratada), alimentos para os animais (forragem verde, silagem, feno e suplementos alimentares), medicamentos para os animais, combustível e energia, fluxo de serviços para os equipamentos (inclusive despesas com reparos e depreciação anual). Os escores de eficiência resultantes desse procedimento, especificamente do modelo CRS, foram considerados como variáveis dependentes no modelo Tobit, enquanto os regressores definidos foram: produtividade das vacas, medida em litros de leite por dia/vaca leiteira; produtividade do fator trabalho, avaliada pela taxa dada pela receita total/custos com mão de obra; produtividade do capital empregado, analisada pela razão entre a quantidade de litros de leite obtidos anualmente/custo operacional total; idade do proprietário; anos de escolaridade do proprietário; dummy referente à participação em programas de treinamento; dummy de frequência das visitas de técnicos ao estabelecimento produtivo; e dummy relacionada ao uso de crédito rural. Os resultados obtidos indicaram que a maior parte das propriedades apresentou ineficiência técnica, de forma que os pequenos produtores de leite (com produção inferior a 50L diários) se mostraram menos eficientes do que os demais, apresentando capacidade de melhorar seus níveis de eficiência a partir da ampliação das quantidades produzidas e da produtividade dos fatores, dado ao fato de operarem com retornos crescentes a escala. No caso dos condicionantes da eficiência técnica, esse grupo teve fatores internos, a exemplo da idade e da produtividade dos fatores, como principais determinantes, enquanto as principais influências para os grandes produtores foram registradas pelas variáveis de acesso ao crédito rural, treinamento e assistência técnica. Assim, concluíram que tais ineficiências devem ser corrigidas o quanto antes, a fim de assegurar a sustentabilidade desses produtores no longo prazo, levando-se em conta as especificidades de cada estabelecimento, de acordo com sua classificação nos estratos de produção avaliados. Da mesma forma que Gonçalves et al. (2008), Santos et al. (2009) tiveram Minas Gerais como área de estudo e almejaram analisar a eficiência, a partir do método DEA com orientação insumo e considerando os modelos com retornos constantes e variáveis de escala, bem como investigar os seus condicionantes, com o uso do modelo Tobit; entretanto, tiveram como foco a produção de café, de forma que os talhões de café corresponderam as DMUs. O banco de dados utilizado foi obtido a partir do projeto estadual Educampo-Café, desenvolvido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), cujas informações são referentes à média de dois anos 43 consecutivos (2004/05 e 2005/06) para 228 talhões de café das regiões do Cerrado e Sul do estado, que foram divididos em dois grupos: aqueles que utilizam irrigação em seu processo produtivo, composto por 89 talhões; e aqueles que não fazem uso desse procedimento, formado por 139 talhões. Em relação ao cômputo da eficiência, o valor bruto da produção equivaleu ao output, enquanto a mão de obra total envolvida na atividade, as despesas com energia e combustível, os gastos com adubação e os gastos com colheita e pós-colheita corresponderam aos inputs, sendo que todas essas variáveis foram medidas em termos monetários. Em contrapartida, no que tange à determinação dos fatores condicionantes da eficiência, os escores obtidos no modelo DEA com retornos constantes de escala foram tratados como variável dependente, enquanto as variáveis produtividade da mão-de-obra, medida pela receita total/gastos com mão-de-obra; produtividade da terra, medida pela produção/área plantada; estoque de capital (máquinas, equipamentos e benfeitorias); e produtividade do custo operacional efetivo, medida em produção total/custo operacional efetivo corresponderam às variáveis explicativas. Após realizarem os procedimentos mencionados, os resultados evidenciaram que, em geral, parcela majoritária dos talhões de café apresentaram ineficiência técnica, isto é, há possibilidade de manter o mesmo nível de produção registrado mesmo se os insumos forem reduzidos. No tocante aos fatores explicativos desses resultados, constataram que a produtividade da mão de obra e da terra foram os principais gargalos dos talhões não- irrigados, enquanto aqueles que possuíam sistema de irrigação enfrentavam entraves relacionados à produtividade da mão de obra, do custo operacional efetivo e ao estoque de capital. Tendo em vista que os produtores de café do projeto Educampo recebem assistência técnica, concluíram que essas ineficiências podem estar indiretamente relacionadas aos fatores como limitações financeiras e grau de instrução dos produtores, o que pode comprometer seu entendimento pleno acerca das orientações recebidas. Assim como Gonçalves et al. (2008), Nascimento et al. (2012) também buscaram mensurar a eficiência técnica dos produtores de leite de Minas Gerais e seus determinantes. Os dados utilizados, colhidos de forma primária, são referentes ao ano de 2005 e abrangeram uma amostra de 875 produtores. Para obter os escores de eficiência, fizeram uso do modelo de fronteira estocástica, ao passo que a influência dos principais condicionantes desses resultados foi observada a partir de uma regressão quantílica, considerando os seguintes quantis: 0,05; 050 e 0,90. 44 Com relação ao primeiro método, a variável dependente foi representada pela produção anual de leite (em litros) e os regressores equivaleram às seguintes variáveis: área utilizada para pecuária (hectares); gasto com mão de obra (em reais); total de vacas (cabeças); e gastos, em reais, com insumos (reparos de benfeitorias e máquinas; silagem; concentrados; minerais; medicamentos; hormônios; materiais para ordenha; transporte; energia e combustível; inseminação artificial; impostos e taxas). No que se refere ao segundo, o regressando se constituiu nos escores de eficiência, ao passo que as variáveis tempo em que o produtor está na atividade (em anos); escolaridade do produtor (anos de estudo); número de visitas técnicas; percentual de vacas em lactação; área utilizada por vaca (ha/cabeça); percentual de mão de obra familiar; e margem bruta unitária (R$/litro) se configuraram como regressores. Os principais resultados revelaram que há grande diversidade entre os produtores analisados. O modelo de fronteira estocástica apontou que os gastos com insumos se mostraram mais determinantes sobre a elasticidade total da produção, enquanto o menor nível de influência sobre esta foi registrada pelo total de vacas. Ademais, o fator terra não foi estatisticamente significante. Em termos de eficiência, mais da metade das variações na produção foram relacionadas à ineficiência técnica em si, isto é, não foram atribuídas aos choques aleatórios, conforme captado pelo modelo. Em relação aos determinantes dos níveis de eficiência, a variável percentual de vacas em lactação apresentou o maior poder de explicação da eficiência técnica em todos os quantis analisados. Por outro lado, o percentual de mão de obra familiar utilizado foi importante para explicar somente os escores obtidos pelos produtores localizados nos menores quantis. Verificaram, ainda, que os regressores não possuem o mesmo impacto na elevação da eficiência em todos os pontos da distribuição. Assim, concluíram que os produtores necessitam rever o seu processo produtivo, destacando que a redução na área utilizada para produção de leite poderia ser realizada sem perda de eficiência. Barbosa et al. (2013) realizaram seu estudo buscando mensurar a eficiência no setor agropecuário tendo como foco as microrregiões brasileiras, com base no Censo Agropecuário 2006, e se propuseram a identificar os seus condicionantes. Para aferir aeficiência, empregaram o método DEA, sob a orientação produto, e consideraram os modelos CRS e VRS. Em seguida, realizaram regressão quantílica para identificar os determinantes. Em relação ao DEA, as variáveis referentes à área dos estabelecimentos agropecuários, às máquinas e implementos agrícolas existentes no estabelecimento e o 45 pessoal ocupado na atividade agropecuária equivaleram aos inputs do modelo, enquanto o resultado da soma entre o valor da produção animal e vegetal foi considerada como output. No que diz respeito à regressão quantílica, a variável dependente utilizada foi o escore de eficiência obtido por cada microrregião e os regressores foram a participação relativa de estabelecimentos agropecuários que: realizaram adubação em sua terra; que receberam orientação técnica regular; que tiveram acesso ao financiamento; em que o produtor exerce atividades não agropecuárias; que possuem Cadastro Geral de Pessoa Jurídica (CNPJ); e a participação relativa da mão de obra familiar em relação à mão de obra total empregada. Assim, constataram que a maioria das microrregiões brasileiras apresentou baixa eficiência técnica na produção e que assistência técnica, adubação, crédito concedido e mão de obra familiar foram fatores relevantes na explicação das diferenças de eficiência técnica das microrregiões brasileiras em todos os quantis estimados (0,25; 0,50 e 0,75), enquanto a prática de atividades não agropecuárias foi significante somente no quantil 0,25. Ao final do estudo, concluíram que os baixos níveis de eficiência técnica da agropecuária necessitam ser equacionados por políticas públicas que ampliem o acesso e a utilização da assistência técnica, bem como a melhoria da estrutura de gestão da produção. Sousa, Justo e Campos (2013) tiveram como intuito calcular os escores de eficiência técnica dos fruticultores cearenses e identificar os efeitos das variáveis socioeconômicas sobre tais resultados. Para tal, empregaram os modelos de Análise Envoltória dos Dados (DEA), sob a orientação insumo, e de regressão quantílica, considerando dois quantis: 0,10 e 0,90. A base de dados utilizada foi obtida durante uma pesquisa de campo, realizada em 2009, mas considerando informações relativas a 2008, diretamente com 150 produtores de frutas localizados nas seis regiões cearenses de fruticultura irrigada (Baixo Acaraú, Baixo Jaguaribe, Cariri, Centro-Sul, Ibiapaba e Metropolitana). Todavia, a amostra final contou com 144 fruticultores. Em relação ao modelo DEA, as variáveis referentes aos insumos foram: custos anuais com mão de obra, com insumos agrícolas (fertilizantes, defensivos agrícolas e adubo orgânico) e outros custos (combustíveis; manutenção de benfeitorias, máquinas e equipamentos; aluguel de serviços mecanizados; energia elétrica; e água). Em contrapartida, a variável receita total bruta equivaleu ao produto. No caso do modelo de regressão quantílica, o escore de eficiência alcançado no modelo CRS representou a variável dependente, enquanto o número de empregados na atividade frutícola, prática de 46 atividades cooperativas realizadas com outros agentes produtivos, assistência técnica, utilização de crédito agrícola, índice de inovação tecnológica empregado pelos fruticultores, índice de aprendizagem da atividade frutícola proveniente de fonte de informações, nível de escolaridade e cinco dummies regionais (em que a região Centro- Sul foi omitida) equivaleram aos regressores. Os resultados obtidos a partir da modelagem DEA evidenciaram que, em geral, os fruticultores cearenses estão sendo ineficientes e que podem diminuir os custos com insumos, em média, em 53%, no modelo com retornos constantes e em 35%, no modelo que inclui uma restrição de convexidade. No tocante aos determinantes dos escores de eficiência, o modelo de regressões quantílicas apontou que os menores níveis de eficiência podem ser explicados pela prática em atividades cooperativas e pelo índice de inovação tecnológica, enquanto os maiores escores de eficiência foram determinados pela assistência técnica e pelo grau de instrução. Além disso, as variáveis dummies regionais também exerceram influência nos dois quantis analisados. Logo, concluíram que os produtores de frutas ineficientes deveriam ter como base os procedimentos adotados por aqueles considerados como referência, a fim de aprimorar seu processo produtivo. Barbosa, Lima e Sousa (2014) objetivaram mensurar os escores de eficiência técnica e de escala do setor agropecuário em 1.086 municípios do Semiárido brasileiro, utilizando os dados do Censo Agropecuário de 2006. Assim, por meio do DEA, considerando tanto o modelo com retornos constantes como com retornos variáveis de escala e seguindo a orientação insumo, analisaram os efeitos das variáveis número de máquinas e implementos agrícolas existentes nos estabelecimentos agropecuários; área dos estabelecimentos agropecuários; despesas correspondentes aos salários pagos em dinheiro ou produtos para família e empregados; e outras despesas operacionais, relacionadas aos demais insumos utilizados (inputs) sobre o valor da produção agropecuária (output). Os resultados mostraram que a maioria dos municípios considerados apresentou baixo nível de eficiência técnica, principalmente, devido ao uso inadequado do fator de produção terra. Em termos estaduais, verificaram que os maiores escores de eficiência técnica e de escala foram registrados no Ceará e em Pernambuco. Dessa forma, concluíram que o Estado deve intervir de forma a promover o desenvolvimento do setor agropecuário, ao mesmo tempo em que o produtor deve buscar corrigir as deficiências em seu processo produtivo, evitando desperdícios; e se aperfeiçoar tecnicamente. 47 Assim como Sousa, Justo e Campos (2013), Barbosa e Sousa (2014) também tiveram os municípios cearenses como área de estudo, mas se propuseram a mensurar os escores de eficiência técnica e de escala do setor agropecuário, no ano de 2006, a partir da utilização da Análise Envoltória de Dados, seguindo a orientação insumo e considerando os modelos com retornos constantes e variáveis. Assim, os insumos foram representados pelas variáveis número de máquinas e implementos agrícolas existentes nos estabelecimentos agropecuários; área dos estabelecimentos agropecuários; despesas correspondentes a salários pagos em dinheiro ou produtos para família e empregados; e outras despesas operacionais (despesas realizadas com adubos, corretivos do solo, sementes e mudas, sacarias e embalagens etc.). Por outro lado, o produto correspondeu ao valor da produção agropecuária (resultante da soma entre o valor da produção animal e vegetal). Considerando uma amostra de 167 municípios, os resultados obtidos indicaram que, em termos médios, os municípios cearenses têm possibilidade de reduzir os custos com insumos em 45% e 35%, respectivamente, nos modelos CRS e VRS, sem diminuir o valor da produção. Em âmbito regional, os dados evidenciaram que as mesorregiões do Jaguaribe e Centro-Sul registraram os menores níveis de eficiência técnica, enquanto os melhores resultados foram verificados pela mesorregião Metropolitana de Fortaleza, que não apresentou problema quanto à alocação dos fatores produtivos, com exceção das despesas operacionais, e obteve as maiores produtividades desses insumos. Logo, concluíram que, para reverter essa situação, há a necessidade de incorporação de novas tecnologias, a fim de impulsionar a produtividade dos fatores de produção; investimento em infraestrutura; ampliação do acesso a programas de capacitação e novas formas de comercialização e de distribuição dos produtos. Travassos et al. (2016) objetivaram verificar os fatores capazes de explicar os níveis de eficiência dos produtores de leite na mesorregião da Zona da Mata (MG). Para atender o proposto, mensuraram, primeiramente,os escores de eficiência dos produtores dos municípios representativos de Muriaé e Leopoldina, pelo método DEA, considerando a orientação insumo e os modelos CRS e VRS, tendo como base um conjunto de dados primários referentes ao ano de 2010, constituído por uma amostra de 100 produtores. As variáveis utilizadas como inputs foram os gastos anuais com alimentos volumosos e concentrados; mão de obra com serviços de ordenha e manejo em geral; outras despesas operacionais como sanidade do rebanho, inseminação artificial, transporte do leite e manutenção de pastagens e forrageiras; e fluxos de serviços, como mão de obra não 48 relacionada diretamente à atividade leiteira, impostos e depreciação do capital imobilizado. O output considerado foi o valor da produção de leite. Posteriormente, fizeram uso do método de regressão quantílica para detectar os determinantes dos escores de eficiência registrados. Assim, esses se configuraram como variável dependente, enquanto as variáveis idade do produtor; inseminação artificial; assistência técnica; administração da fazenda; metas de produção; e área utilizada para a atividade leiteira concerniram aos regressores. Os resultados indicaram que, no curto prazo, os produtores de leite registraram alto nível de eficiência técnica. No que tange à ineficiência, essa ocorre devido à escala incorreta de produção. Concluíram, portanto, que a eficiência dos produtores de leite da Zona da Mata pode ser elevada, ainda no curto prazo, a partir do uso de tecnologias avançadas, juntamente ao acesso à assistência técnica na produção e gestão de recursos. Scherer e Porsse (2017) buscaram analisar a eficiência do setor agropecuário, tendo como área de estudo as 35 microrregiões do Estado do Rio Grande do Sul. Dessa forma, utilizando dados do Censo Agropecuário 2006, utilizaram o método da fronteira de produção estocástica e análise exploratória de dados espaciais, considerando, de maneira desagregada, as lavouras temporárias e permanentes. A variável dependente foi representada pela produção das respectivas lavouras, enquanto os regressores foram as variáveis área colhida em cada tipo de lavoura, composição de tratores e maquinários, total de empregados, valor dos financiamentos obtidos, índice de especialização, escolaridade do dirigente do estabelecimento, precipitação média por estações do ano, temperatura média por estações do ano e uma dummy referente à distribuição de biomas no território. De acordo com os resultados obtidos, verificaram que a especialização produtiva colabora para o aumento do nível de eficiência nas lavouras permanentes, porém possui efeito contrário nas lavouras temporárias. Ademais, os fatores geográficos relacionados com precipitações, temperaturas e biomas se mostraram mais importantes para explicar os diferenciais regionais de eficiência das lavouras temporárias. Com relação à análise espacial, no que tange às lavouras permanentes, observaram clusters de alta eficiência nas regiões Nordeste e Sul e um núcleo de baixa eficiência na região Norte. No caso das lavouras temporárias, destacaram-se poucos clusters de alta eficiência situados nas regiões Nordeste e Sudeste e áreas extensas de baixa eficiência localizadas predominantemente no Nordeste e Norte do Brasil. Sendo assim, concluíram que é 49 necessário que as políticas agrícolas priorizem ações de melhoria da eficiência produtiva, levando-se em conta as especificidades territoriais. Silva et al. (2019a) compararam a eficiência técnica entre as regiões semiáridas e não semiáridas do Ceará, considerando dados de 138 municípios cearenses, referentes aos anos de 1975, 1985, 1995/96 e 2006. A fim de cumprir o objetivo proposto, usaram a abordagem metafronteira, tendo a produção agropecuária como output e as variáveis pessoal ocupado, área total plantada, despesas com insumos e estoque de capital (valor dos bens dos agricultores) como inputs. Os resultados mostraram que o produto máximo do semiárido cearense é, em média, cerca de 52% da produção potencial, usando os mesmos fatores de produção e tecnologia disponível na região não semiárida. Com relação aos níveis médios de eficiência técnica, o semiárido registrou 44% e o não semiárido 70%, indicando que a quantidade produzida poderia ser elevada em 56% e 30%, nas respectivas regiões. Devido ao amplo hiato tecnológico observado entre as regiões, concluíram que, para que o semiárido cearense possa acompanhar o desempenho obtido pelo não semiárido, é necessário que o Estado realize melhorias em alguns aspectos, como na organização estrutural, no fornecimento de assistência técnica e no apoio mais consistente à comercialização. Diferentemente dos demais estudos nacionais citados, Reis et al. (2020) mensuraram a eficiência do setor agrícola em nível macroeconômico, tendo como foco os países da América Latina e Caribe, nos anos de 1991 a 2012. Para tanto, fizeram uso do método de Análise de Fronteira Estocástica e do Índice de Malmquist. O regressando foi representado pela quantidade produzida, enquanto os regressores foram a área do território, a mão de obra empregada e o número de máquinas agrícolas. Ademais, computaram, ainda, a influência do montante de crédito agrícola e do consumo de energia no setor agropecuário sobre a eficiência. Em ambos os modelos, foi adicionada uma variável de tendência relacionada ao tempo, para captar os efeitos ao longo do período. Os resultados obtidos evidenciaram que todas as nações consideradas apresentaram ineficiência técnica de produção agrícola ao longo do período analisado. Além disso, as variáveis crédito e consumo de energia na agricultura explicaram significativamente a ineficiência da produção agrícola. Quanto ao índice de produtividade de Malmquist, este mostrou que não houve ganhos de produtividade total dos fatores. Logo, concluíram que o aumento na disponibilidade de crédito agrícola, associado ao 50 emprego de tecnologia moderna que aumente o consumo de energia, pode levar ao aumento da eficiência da produção agrícola na América Latina e Caribe. Como pode ser observado, no que se refere às abordagens de mensuração da eficiência, não há um consenso na literatura acerca do melhor método. Todavia, o uso do DEA é bastante comum. Esse será abordado no capítulo a seguir. 51 5 METODOLOGIA 5.1 Análise Envoltória de Dados (DEA) A abordagem de Análise Envoltória de Dados (DEA, em inglês) é um método não-paramétrico, que utiliza programação linear para construir uma fronteira de eficiência, tendo como base o conjunto de dados considerado, e, em seguida, calcula os níveis de eficiência relativa das unidades observadas em relação a essa fronteira (COELLI, 1996). Em outros termos, as firmas que se localizarem na fronteira estimada (denominadas benchmarkings) apresentarão a maior relação produtos/insumos possível dentre do grupo de agentes analisado. Logo, o nível de ineficiência de uma determinada firma será dado pela distância entre seu vetor produto/insumo e a superfície de referência (PEREIRA, 2003). Dessa forma, os resultados obtidos a partir do DEA não possuem inferência estatística, sendo válidos somente para a amostra que está sendo considerada (ZAMBIANCO; REBELATTO, 2019). O método DEA foi desenvolvido, inicialmente, por Charnes, Cooper e Rhodes (1978), com base no trabalho de Farrell (1957), utilizando o modelo com retornos constantes. Posteriormente, Banker, Charnes e Cooper (1984) desenvolveram essa técnica, ao proporem um modelo com retornos variáveis à escala. O DEA permite a avaliação da eficiência considerando-se, simultaneamente, diversos insumos e produtos e tem como principal pressuposto a ideia de que, se uma certa unidade tomadora de decisão (Decision Making Unit, DMU) A é capaz de produzir Y unidades de um determinado bem, empregando X insumos, outras DMUs tambémpoderiam fazê-lo, caso operassem de forma eficiente (NOGUEIRA, 2005). Assim, tal método é bastante sensível à presença de observações discrepantes (NASCIMENTO et al., 2017). O DEA possui a programação matemática como ferramenta básica e, apesar de ser primordialmente empregado para cálculos de eficiência, pode ser adaptado a outras utilizações. Além disso, os resultados gerados permitem não somente a identificação das DMUs eficientes e ineficientes, mas também a contribuição relativa de cada insumo e produto e, portanto, os principais pontos de estrangulamento das últimas, o que auxilia no planejamento de metas e ações a serem tomadas (ZAMBIANCO; REBELATTO, 2019). A Figura 6 exemplifica o caso de duas unidades produtivas, A e B. No caso de A, nenhuma expansão radial é possível, uma vez que esta já se encontra na fronteira de eficiência formada com base na amostra. Em contrapartida, sujeito à restrição das melhores práticas observadas no conjunto de dados, a unidade B ainda possui capacidade 52 de expandir radialmente seu vetor de produtos, ou seja, ela pode melhorar sua performance (PEREIRA, 1999). Figura 6 - Gráfico do Modelo DEA básico Fonte: Pereira (1999). Como todo método, o DEA possui vantagens e limitações, as quais são mostradas no Quadro 2. Entre as vantagens mencionadas, Souza, Braga e Ferreira (2011) destacam a possibilidade de se incluir múltiplos insumos e produtos na análise, o que faz com que o DEA gere resultados próximos da realidade, tendo em vista que as DMUs, comumente, empregam uma infinidade de fatores para maximizar diversos vetores de objetivos. Dessa forma, assim como outros métodos não-paramétricos, a Análise Envoltória de Dados consegue abranger as complexidades das condições reais das unidades produtivas, o que lhe confere um alto potencial de explicação. Quadro 2 - Principais Vantagens e Limitações no Uso da Análise Envoltória de Dados Vantagens Limitações Não há necessidade de se conhecer a forma funcional da função de produção Modelo determinístico Identifica o desempenho individualizado de cada unidade tomadora de decisão A presença de outliers tem grande influência sobre a fronteira de eficiência estimada Permite a análise de múltiplos insumos e produtos Não isola os efeitos de choques externos sobre a eficiência Fonte: Elaboração própria com base em Pozo (2002), Souza, Braga e Ferreira (2011) e Guesmi et al. (2012). Neste estudo, as DMUs corresponderam os municípios da região Nordeste do Brasil. No que diz respeito à orientação, optou-se pela orientação produto, conforme sugerido por Stuker (2003), Barbosa et al. (2013) e Effendy et al. (2019). De acordo com Stuker (2003), essa opção é fundamentada na hipótese de que, dados os insumos 53 disponíveis (terra, capital e trabalho), o município deve maximizar seu nível de produção. Em relação ao modelo, adotou-se o modelo com retornos constantes de escala, seguindo os estudos de Santos e Fernandes (2009), Blancard e Martin (2012), Musemwa et al. (2013) e Effendy et al. (2019). Algebricamente, Charnes, Cooper e Rhodes (1978) expressam tal modelo como: 𝑚𝑎𝑥𝜙,𝜆 𝜙, Sujeito a 𝜙𝑦 𝑖 − 𝑌𝜆 ≤ 0, −𝑥𝑖 + 𝑋𝜆 ≤ 0, −𝜆 ≤ 0 (11) em que yi corresponde a um vetor (m x 1) de quantidade de produto, da i-ésima DMU; xi, equivale a um vetor (k x 1) de quantidades de insumos da i-ésima DMU; Y representa uma matriz (n x m) de produtos das n DMUs; X é uma matriz (n x k) de insumos das n DMUs; λ é um vetor (n x 1) de pesos; e 𝜙 é um escalar formado por números iguais ou superiores a 1 e indica o escore de eficiência técnica da i-ésima DMU em relação às demais. Ao se calcular (𝜙 – 1), tem-se a informação acerca do aumento proporcional nos produtos que a i-ésima DMU pode alcançar, mantendo constante a quantidade empregada de insumos. Obtidos os escores de eficiência, os municípios foram classificados de acordo com as diretrizes do Quadro 3. Quadro 3 - Classificação dos escores de eficiência Classes de eficiência Estudos que basearam a classificação E < 0,25 Barbosa et al. (2013), Barbosa e Sousa (2014) e Barbosa Lima e Sousa (2014) 0,25 ≤ E < 0,5 0,5 ≤ E < 0,75 0,75 ≤ E < 1 E = 1 Fonte: Elaboração própria. Tendo em vista que o objetivo geral do trabalho consiste em mensurar os níveis de eficiência do setor agropecuário nos municípios nordestinos para os anos de 2006 e 2017, utilizou-se a abordagem DEA-Malmquist, pois essa é a mais indicada ao se analisar resultados obtidos entre diferentes anos. 54 5.2 Índice de Malmquist De acordo com Saurin et al. (2013), o Índice de Malmquist foi desenvolvido por Sten Malmquist, em 1953, a fim de possibilitar a observação da mudança na Produtividade Total dos Fatores (PTF). Desde então, as formas de mensuração desse índice têm evoluído, com destaque para as contribuições de Cave, Christensen e Diewert (1982) e, sobretudo, Färe et al. (1994), que empregaram essa medida em conjunto com o DEA. Segundo Pereira (1999), a combinação do DEA com o índice de Malmquist permite observar ao longo do tempo, de maneira desagregada, as mudanças na produtividade decorrentes de alterações no indicador de eficiência e do progresso tecnológico. Além disso, o autor destaca outras vantagens em sua utilização, como a não necessidade de definição do comportamento da função; a minimização de custos ou maximização de receitas, sobretudo em situações nas quais os pesquisadores não conhecem os produtores ou quando estes possuem características diversas entre si; e o fato de que não é preciso que se tenha informações acerca dos preços dos insumos e produtos, o que evita o surgimento de problemas relacionados à manipulação dos dados, a exemplo da incidência de inflação. Pereira e Silveira (2016) acrescentam que, apesar das vantagens desse número índice, quando combinado com o DEA, é preciso se atentar às questões concernentes aos retornos de escala. Destacam que, no que se refere ao índice PTF de Malmquist, a escolha dos retornos de escala assume papel fundamental. O modelo com retornos variáveis de escala (VRS) não consegue captar os ganhos ou perdas de produtividade decorrentes dos efeitos de escala. Logo, para evitar essa limitação, deve-se utilizar o modelo com retornos constantes de escala (CRS). A equação (12) ilustra a eficiência dada pelo índice de Malmquist, conforme descrito por Mariano, Almeida e Rebelatto (2009): 𝐸 = √ 𝐷0(𝑥𝑣 𝑡 ,𝑦𝑣 𝑡) 𝐷0(𝑥𝑣 0,𝑦𝑣 0) . 𝐷𝑡(𝑥𝑣 𝑡 ,𝑦𝑣 𝑡) 𝐷𝑡(𝑥𝑣 0,𝑦𝑣 0) (12), em que: E representa a eficiência; 𝐷0 𝑒 𝐷𝑡 expressam a função distância relativa à fronteira dos períodos 0 e t, nessa ordem; 𝑥𝑣 0 𝑒 𝑥𝑣 𝑡 correspondem à quantidade do input virtual da DMU em análise nos períodos 0 e t, respectivamente; 𝑦𝑣 0 𝑒 𝑦𝑣 𝑡 equivalem à quantidade do output virtual da DMU avaliada nos períodos 0 e t, nessa ordem; de tal 55 forma que 𝐷0(𝑥𝑣 0, 𝑦𝑣 0) 𝑒 𝐷𝑡(𝑥𝑣 0, 𝑦𝑣 0) ilustram a distância da DMU no período 0 relativa à fronteira dos períodos 0 e t, respectivamente; e 𝐷0(𝑥𝑣 𝑡 , 𝑦𝑣 𝑡) 𝑒𝐷𝑡(𝑥𝑣 𝑡 , 𝑦𝑣 𝑡) demonstram a distância da DMU no período t relativa à fronteira dos períodos 0 e t, nessa ordem. Valores inferiores (superiores) à unidade indicam decréscimos (acréscimos) na produtividade total dos fatores. Zambianco e Rebelatto (2019) explicam que o Índice de Malmquist, equação (12), pode ser decomposto em duas equações que captam a influência isolada das modificações no nível tecnológico (AT), por meio da observação de eventuais deslocamentos da fronteira de eficiência; e do nível de eficiência produtiva entre os dois períodos estudados (AE), representada pelasfórmulas (13) e (14). Saurin et al. (2013) acrescentam que o cálculo do AT tem como foco a influência das mudanças na combinação de insumos, ocorridas entre os períodos, sobre a geração do produto; enquanto o cômputo do AE se fundamenta na distância de cada DMU em relação à fronteira de eficiência formada em cada ano, de modo a observar se, após esse ínterim, a unidade em questão teve sua eficiência técnica elevada ou reduzida, sendo que tais deslocamentos são influenciados pelo desenvolvimento dos processos produtivos e do próprio produto. 𝐴𝑇 = 𝐷𝑡(𝑥𝑣 𝑡 ,𝑦𝑣 𝑡 ) 𝐷0(𝑥𝑣 0,𝑦𝑣 0) (13) 𝐴𝐸 = √ 𝐷0(𝑥𝑣 𝑡 ,𝑦𝑣 𝑡) 𝐷𝑡(𝑥𝑣 𝑡 ,𝑦𝑣 𝑡) . 𝐷0(𝑥𝑣 0,𝑦𝑣 0)𝐷𝑡 𝐷𝑡(𝑥𝑣 0,𝑦𝑣 0) (14) A mesma leitura sobre os valores do Índice de Malmquist se aplicam para seus subíndices. Assim, quando o AE, que capta o efeito de emparelhamento (catch-up effect, em inglês) for maior (menor) que 1, infere-se que a eficiência técnica aumentou (diminuiu). De maneira análoga, quando o AT, que representa o efeito resultante do deslocamento da fronteira eficiente (frontier-shift effect, em inglês) for superior (inferior) a 1, tem-se que houve progresso (regresso) tecnológico (MELONIO; LUCAS, 2017). Levando em conta as limitações da abordagem DEA-Malmquist explanadas nesta seção, torna-se necessário realizar determinados testes estatísticos a fim de reduzi-las. Assim, a seção 5.3 aborda quais e como foram realizados tais procedimentos. 5.3 Testes Estatísticos Considerando-se que nem todos os municípios possuem características semelhantes (como população, renda, entre outras), uma comparação direta entre 56 municípios muito distintos não é justa (BOHN; ERVILHA; DALBERTO, 2015). Logo, não necessariamente, todos compartilharão da mesma fronteira de eficiência. Sendo assim, a existência dessa limitação foi verificada por meio do teste U de Mann-Whitney, que, conforme Kim e Kim (2018), analisa se diferentes grupos apresentam diferença estatística. De acordo com Silva (2013), esse teste exige como pressuposto apenas que haja independência e aleatoriedade entre as duas amostras e que as variáveis empregadas sejam numéricas ou ordinais. Assim, sejam n1 e n2 os tamanhos das duas amostras, o teste de hipóteses consiste: H0: ambas as amostras possuem a mesma distribuição (µ1 = µ2); HA: as duas amostras apresentam distribuições diferentes (µ1 ≠ µ2), em que, se o valor de U for superior ao nível de significância α, rejeita-se a hipótese nula. No caso deste trabalho, os municípios nordestinos foram agrupados de acordo com as estimativas de seu tamanho populacional, uma vez que, nos anos considerados, o Censo Demográfico não foi realizado. A escolha de tal critério tem como base os estudos de Clemente e Dias (2013), Bohn, Ervilha e Dalberto (2015) e Silva et al. (2019b). Considerando-se o tamanho da amostra aqui analisada e a ausência de consenso na literatura acerca dos intervalos de agrupamento dos municípios, adotou-se a metodologia de corte do IBGE (2011), expressa na Tabela 1, ao invés de uma divisão arbitrária. Tabela 1 - Grupos de tamanho da população Grupos populacionais Tamanho da população 1 Até 5.000 habitantes 2 De 5.001 a 20.000 habitantes 3 De 20.001 a 100.000 habitantes 4 De 100.001 a 500.000 habitantes 5 Mais de 500.000 habitantes Fonte: Elaborada com base em IBGE (2011). Logo, realizou-se o teste de Mann-Whitney comparando a distribuição de dois grupos por vez. Caso dois deles sejam estaticamente diferentes entre si, computa-se o escore de eficiência de forma desagregada entre todos os cinco grupos, ou seja, cada grupo possui sua própria fronteira de eficiência e seus respectivos municípios foram comparados somente entre si. Nesse contexto, os Apêndices A e B apresentam a 57 localização dos municípios nordestinos, de acordo com o tamanho estimado da sua população, em 2006 e 2017. 5.4 Modelo de Regressão Quantílica Após mensurar-se os escores de eficiência dos municípios nordestinos, o modelo de regressão quantílica foi utilizado para identificar os principais fatores que os influenciam. Além disso, verificaram se os municípios mais eficientes são afetados da mesma forma que aqueles considerados menos eficientes, isto é, se observaram como as variáveis selecionadas impactam o nível de eficiência ao longo dos quantis estabelecidos (NASCIMENTO et al., 2017). Segundo Quintela (2011), essa técnica permite avaliar o poder de determinação dos regressores entre diferentes quantis de eficiência, uma vez que esse pode mudar conforme o nível de eficiência registrado pelo município. Sendo assim, foram estimadas regressões para os seguintes quantis: 0,25; 0,50 e 0,75, seguindo o proposto por Barbosa et al. (2013). Em conformidade com Freitas (2014), diferentemente da abordagem dos mínimos quadrados ordinários, cujos resultados são calculados a partir da soma dos quadrados dos resíduos, a regressão quantílica é baseada na soma dos desvios absolutos, em que o estimador é definido como Least Absoulte Deviations (LAD). De acordo com Koenker e Bassett (1978), o coeficiente desse modelo pode ser obtido a partir da solução da equação (15): 𝑚𝑖𝑛𝛽 1 𝑛 𝛴𝑖:𝑦𝑖>𝑥𝑡𝛽𝜃|𝑦𝑖 − 𝑥 ′ 𝑖𝛽0| + 𝛴𝑖:𝑦𝑖≤𝑥𝑡𝛽(1 − 𝜃)|𝑦𝑖 − 𝑥 ′ 𝑖𝛽0| = 𝑚𝑖𝑛𝛽𝛴𝑖=1 𝑛 1 𝑛 𝜌𝜃(𝜇𝜃𝑖) (15) em que 𝜌𝜃 é denominado função check, cuja definição é dada pela equação (16): 𝜌𝜃 (𝜇𝜃) = 𝜃𝑢𝜃𝑖, 𝑢𝜃𝑖 ≥ 0, (𝜃 − 1)𝑢𝜃𝑖, 𝑢𝜃𝑖 < 0 (16) Dessa forma, ao invés de estimar modelos para funções médias condicionais, a regressão quantílica fornece ferramentas de estimativas de modelos para funções quantis condicionais, permitindo averiguar a influência dos regressores sobre os diferentes níveis de eficiência técnica (NASCIMENTO et al., 2017). Seguindo a formulação de 58 Nascimento et al. (2012), o p-ésimo quantil condicional do nível de eficiência pode ser dado pela equação (17): 𝑄𝑝(𝑦𝑖|𝑧1, 𝑧2, 𝑧3, 𝑧4, 𝑧5, 𝑧6) = 𝛽0 + ∑ 𝛽𝑗𝑧𝑗 6 𝑗=1 , 𝑝 𝜖 [0, 1]𝑒 𝑗 = 1, 2, … , 6. (17), em que: Yi = escore de eficiência obtido no modelo DEA, Z1 = participação relativa de estabelecimentos agropecuários que realizaram adubação em sua terra, Z2 = participação relativa de estabelecimentos agropecuários que receberam orientação técnica regular, Z3 = participação relativa de estabelecimentos agropecuários que tiveram acesso ao financiamento, Z4 = participação relativa de estabelecimentos agropecuários que praticam atividades cooperativas realizadas com outros agentes produtivos, Z5 = Participação relativa de estabelecimentos cujo produtor possui ensino médio regular e Z6 = participação relativa de estabelecimentos que utilizam sistemas de irrigação. A fim de se observar se os modelos dos três quantis considerados tiveram parâmetros distintos, realizou-se o teste de Wald, cujas hipóteses testadas foram: H0: 𝛽𝑗 (𝑝𝑖) = 𝛽𝑗∀ 𝑝𝑖; HA: 𝛽𝑗 (𝑝𝑖) ≠ 𝛽𝑗 (𝑝𝑖), 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑝𝑖 𝜖 [0, 1] 𝑒 𝑗 = 1, 2, … , 6. Se o p-valor for inferior a 0,05, tem-se que o impacto das variáveis consideradas neste estudo não é o mesmo em todos os pontos da distribuição, ou seja, difere de acordo com os produtores analisados. Dessa forma, um modelo de regressão simples não consegue captar tais efeitos de forma precisa e desconsideraram-se essas diferenças, não se mostrando, portanto, adequado. Realizados esses procedimentos, foi possível analisar quais das variáveis consideradas influenciaram os níveis de eficiência obtidos. O conjunto de variáveis empregadopara estimar os escores de eficiência, bem como seus determinantes, serão apresentados na seção a seguir. 5.5 Variáveis e Fontes dos Dados Os dados utilizados são de natureza secundária, retirados do Censo Agropecuário 2006 e do Censo Agropecuário 2017, realizados pelo IBGE. As variáveis correspondentes aos insumos (inputs) e ao produto (output), que foram empregadas no método DEA, bem como as variáveis consideradas como determinantes dos escores de eficiência, que foram utilizadas na regressão quantílica, são apresentadas no Quadro 4, juntamente com os 59 estudos que embasaram a escolha dessas. Ressalta-se que as variáveis monetárias foram deflacionadas, por meio do IGP-DI (base dezembro de 2018), colhido na plataforma da Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2019). Quadro 4 - Variáveis utilizadas em cada método e estudos que as inspiraram Método Variável Estudos que embasaram a escolha das variáveis A N Á L I S E E N V O L T Ó R I A D E D A D O S I N P U T S Número de máquinas e implementos agrícolas existentes nos estabelecimentos agropecuários (em unidades) Santos e Fernandes (2009); Almeida (2012); Blancard e Martin (2012); Barbosa et al. (2013); Barbosa e Sousa (2014); Barbosa, Lima e Sousa (2014); Freitas (2014); Araujo e Mancal (2015) e Reis et al. (2020) Área dos estabelecimentos agropecuários (em hectares), exceto matas e florestas destinadas à área de preservação permanente ou reserva legal, terras degradadas e terras inaproveitáveis para agricultura ou pecuária Stuker (2003); Santos e Fernandes (2009); Villano, Boshrabadi e Fleming (2010); Almeida (2012); Blancard e Martin (2012); Barbosa et al. (2013); Barbosa e Sousa (2014); Barbosa, Lima e Sousa (2014); Freitas (2014); Araujo e Mancal (2015); Kourtesi, Witte e Polymeros (2016); Silva et al. (2018); Effendy et al. (2019); Silva et al. (2019a); Reis et al. (2020) e Gaviglio et al. (2021) Salários pagos (expressos em mil reais) Souza, Gomes e Gazzola (2010); Sousa, Justo e Campos (2013); Barbosa e Sousa (2014); Barbosa, Lima e Sousa (2014); Fernandes e Pascual (2015); Barbosa (2016); Kourtesi, Witte e Polymeros (2016) e Travassos et al. (2016) Despesas operacionais (despesas realizadas com adubos, corretivos do solo, sementes e mudas, compra de animais, agrotóxicos, medicamentos para animais, rações, transporte da produção, energia elétrica e combustível pelo estabelecimento, expressas em mil reais)) Stuker (2003); Souza, Gomes e Gazzola (2010); Villano, Boshrabadi e Fleming (2010); Almeida (2012); Sousa, Justo e Campos (2013); Barbosa e Sousa (2014); Barbosa, Lima e Sousa (2014); Freitas (2014); Fernandes e Pascual (2015); Barbosa (2016); Kourtesi, Witte e Polymeros (2016); Travassos et al. (2016); Silva et al. (2018) Silva et al. (2019a) e Gaviglio et al. (2021) O U T P U T Valor da produção agropecuária (que corresponde à soma entre o valor da produção animal e vegetal, medida em mil reais) Stuker (2003); Santos e Fernandes (2009); Souza, Gomes e Gazzola (2010); Almeida (2012); Blancard e Martin (2012); Barbosa et al. (2013); Barbosa e Sousa (2014); Barbosa, Lima e Sousa (2014); Freitas (2014); Travassos et al. (2016); Effendy et al. (2019) e Silva et al. (2019a) R E G R E S S Ã O Q U A N T Í L I C A V A R I Á V E L D E P E N D E N T E Escore de eficiência do município Ayaz e Hussain (2011); Barbosa et al. (2013); Sousa, Justo e Campos (2013); Alvim e Stulp (2014); Kourtesi, Witte e Polymeros (2016); Silva (2016); Effendy et al. (2019) e Reis et al. (2020) R E G R E S S O R E S Participação relativa de estabelecimentos agropecuários que realizaram adubação em sua terra Blancard e Martin (2012); Barbosa et al. (2013); Kourtesi, Witte e Polymeros (2016); Silva (2016) e Effendy et al. (2019) Participação relativa de estabelecimentos agropecuários que receberam orientação técnica regular Barbosa et al. (2013) Freitas (2014); Sousa, Justo e Campos (2013); Travassos et al. (2016); Silva (2016); Reis, Moreira e Vilpoux (2018) e Effendy et al. (2019) Participação relativa de estabelecimentos agropecuários que tiveram acesso ao financiamento Ayaz e Hussain (2011); Barbosa et al. (2013); Sousa, Justo e Campos (2013); Freitas (2014); Sobreira et al. (2016) Reis, Moreira e Vilpoux (2018); Effendy et al. (2019) e Reis et al. (2020) Participação relativa de estabelecimentos com prática de atividades cooperativas realizadas com outros agentes produtivos Sousa, Justo e Campos (2013); Freitas (2014) e Reis, Moreira e Vilpoux (2018) Participação relativa de estabelecimentos cujo produtor possui ensino médio regular Ayaz e Hussain (2011); Sousa, Justo e Campos (2013); Freitas (2014); Silva (2016) Participação relativa de estabelecimentos que utilizam sistemas de irrigação Villano, Boshrabadi e Fleming (2010); Freitas (2014); Sobreira et al. (2016); Kourtesi, Witte e Polymeros (2016) e Silva (2016) Participação relativa de estabelecimentos que praticam a rotação de culturas Soares e Spolador (2019) 60 Participação relativa de estabelecimentos que utilizam calcário e outros corretivos Fernandes e Pascual (2015), Silva (2016) e Soares e Spolador (2019) Dummy de localização em região semiárida (= 1 caso o município não esteja localizado nessa área; 0 caso contrário) (DSA) Silva et al. (2019a); Batista et al. (2020) Fonte: Elaboração própria. Dada a disponibilidade dos dados, a área de estudo deste trabalho compreende 1.263 municípios nordestinos, que compõem um painel balanceado, uma vez que, dos 1.793 municípios localizados na região Nordeste, 530 não tiveram seus registros divulgados pelo IBGE para todas as variáveis selecionadas ou apresentaram valores somente em um dos anos estudados. Nesse sentido, a Tabela 2 exibe as principais estatísticas descritivas para as variáveis referentes ao modelo de eficiência, considerando o conjunto das observações remanescentes. Para se verificar os detalhes referentes às variações percentuais das variáveis selecionadas entre os anos, recomenda-se observar o Apêndice C. Tabela 2 - Estatísticas descritivas das variáveis referentes aos inputs e outputs do modelo DEA, 2006 e 2017 Variáveis Mínimo Média Máximo Desvio Padrão 2006 2017 2006 2017 2006 2017 2006 2017 Valor da produção (em mil reais) 489,49 1.022,80 40.832,28 41.953,29 1.622.805,39 2.605.357,84 87.282,88 126.047,98 Área do estabelecimen to (em hectares) 463,00 351,00 34.411,29 49.254,15 496.593,00 992.039,00 40.404,05 74.188,26 Número de máquinas (unidades) 3 3 79 89 2.817 3.210 158,30 196,50 Despesas operacionais (em mil reais) 152,33 380,20 16.006,03 19.677,39 2.520.718,57 1.308.017,29 102.256,90 70.962,02 Salários pagos 16,25 31,06 4.738,36 5.622,08 389.783,64 268.802,25 18.346,46 14.412,83 Fonte: Elaboração própria com base nos dados do Censo Agropecuário do IBGE (2006 e 2017). Como pode ser constatado pelo desvio-padrão e pelas diferenças entre os valores mínimo e máximo, para todas as variáveis, sobretudo no que tange às despesas operacionais, os dados corroboram a existência de desigualdades expressivas no setor agropecuário nordestino, em ambos os anos analisados. Isso implica dizer que o Nordeste possui, simultaneamente, grandes e pequenos produtores que fazem parte de um mesmo mercado competitivo, mas que se encontram em condições diferentes para permanência neste. Em termos médios, nota-se que os valores de todas as variáveis aumentaram entre os anos de 2006 e 2017, embora tenham sido elevações pequenas. 61 No que se refere ao PIB agropecuário, em 2006, o valor mínimo foi registrado por Maruim (SE), com R$489,49, enquanto o máximo, R$1.622.805,39, foi obtidopor São Desidério (BA). Em contrapartida, em 2017, o menor valor foi auferido por Malta (PB), com R$1.022,80, e o maior, R$2.605.357,84, por São Desidério (BA). Com relação à área dos estabelecimentos agropecuários, em 2006, o município com menor área foi Recife (PE), com apenas 463 hectares, enquanto, em 2017, esta posição foi alcançada por Central do Maranhão (MA), com meros 351 hectares. Em contrapartida, tanto em 2006 como em 2017, São Desidério (BA) registrou as maiores quantidades de terras que foram utilizadas para a prática da agropecuária, com um total de 496.593 hectares, no primeiro ano considerado, e 992.039, no segundo. Ressalta-se que, em 2006, tal município fazia parte do segundo grupo populacional, mas, devido ao aumento no número de habitantes, migrou para o terceiro grupo, em 2017. Quanto ao número de máquinas empregadas nos estabelecimentos, em 2006, 29 municípios nordestinos possuíam somente três máquinas. Por outro lado, apenas o município de São Desidério (BA) tinha mais de 2.000 máquinas a sua disposição, especificamente 2.817. Mesmo uma década após a coleta dessas informações, o cenário não se modificou consideravelmente. Em 2017, houve uma pequena diminuição no número de municípios que tinham acesso às meras três máquinas, totalizando, assim, 19 municípios. Por outro lado, São Desidério (BA) manteve-se como o município com a maior quantidade de máquinas, com um total de 3.210, seguido por Formosa do Rio Preto (BA), com 2.933, enquanto os demais não alcançaram sequer 1.700 máquinas. Sendo assim, infere-se que a maior parte dos produtores nordestinos ainda está enfrentando dificuldades para avançar no processo de modernização, ao passo que outros progridem com relativa facilidade. No que tange às despesas operacionais, em 2006, a menor rubrica foi registrada por Luís Domingues (MA), com R$152,33, ao passo que a maior foi obtida pelo município de Luís Eduardo Magalhães (BA), com R$2.520.718,57. Já em 2017, Central do Maranhão (MA) obteve os menores gastos, R$ 380,20, enquanto São Desidério (BA) atingiu os maiores, R$1.308.017,29. No que se refere aos gastos com o pagamento de salários, em 2006, Acauã (PI) foi o município que arcou com o menor valor, R$ 16,25, enquanto Laranjeiras (SE) desembolsou o maior, R$389.783,64. Em 2017, entretanto, a quantia mínima foi registrada por Tanque do Piauí (PI), com R$31,06, enquanto a maior, R$268.802,25, foi conquistada por Juazeiro (BA). 62 A fim de fornecer uma análise mais apurada, a Tabela 3 exibe as estatísticas descritivas das variáveis empregadas para os municípios analisados da região Nordeste, mas, desta vez, considerando a sua distribuição nos cinco grupos populacionais mencionados na Tabela 1. Como pode ser notado pelo desvio-padrão e pelas amplitudes entre os menores e os maiores valores registrados pelos partícipes de cada grupo, em 2006 e 2017, para todas as variáveis consideradas, os dados evidenciam a existência de desigualdades expressivas mesmo quando os municípios comparados fazem parte do mesmo grupo populacional. Ao se observar a média, constata-se que, em geral, os valores das variáveis aumentaram entre os anos de 2006 e 2017, o que indica que, após o intervalo entre os anos considerados, os produtores passaram a investir mais nos insumos empregados. Com relação aos municípios do grupo 1, verifica-se que, em termos de produção, as menores rubricas foram registradas por Fernando Pedroza (RN), em 2006, com R$942,43; e Lastro (PB), em 2017, com R$1.566,86; enquanto as maiores foram alcançadas por Tibau (RN), R$155.336,22, e Sebastião Leal (PI), R$194.815,87, em 2006 e 2017, respectivamente. No que diz respeito à área dos estabelecimentos agropecuários, em 2006, o município com menor área foi Montadas (PB), com 2.467 hectares, enquanto, em 2017, esta posição foi alcançada por Riacho do Poço (PB), com 2.532 hectares. Em contrapartida, Ibiquera (BA), em 2006, e Currais (PI), em 2017, atingiram as maiores quantidades de terras que foram utilizadas para a prática da agropecuária, com um total de 67.588 hectares e 201.243 hectares, nessa ordem. Quanto ao número de máquinas empregadas nos estabelecimentos, em ambos os anos, a menor quantidade observada foi de apenas três máquinas, sendo que, em 2006, seis municípios - Pedro Laurentino (PI), Caridade do Piauí (PI), Bertolínia (PI), Paes Landim (PI), Fernando Pedroza (RN) e São Félix de Balsas (MA) - possuíam esse número de equipamentos, enquanto, em 2017, somente três - Paes Landim (PI), Cajazeiras do Piauí (PI) e Várzea Branca (PI) - declararam tal quantidade. Em contrapartida, tanto em 2006 como em 2017, Currais (PI) alcançou o maior número de máquinas, com 146, no primeiro ano, e 259, no segundo. No que tange às despesas operacionais, em 2006, a menor rubrica foi registrada por Amparo do São Francisco (SE), com R$201,08, ao passo que a maior foi obtida pelo município de Tibau (RN), com R$ 49.619,68. Já em 2017, Porto Alegre do Piauí (PI) obteve os menores gastos, R$879,29, enquanto Sebastião Leal (PI) atingiu os maiores, R$ 75.333,69. No que se refere ao pagamento de salários, em 2006, Coronel João Pessoa 63 (RN) foi o que arcou com o menor valor, R$ 34,53, enquanto Laranjeiras (SE) desembolsou o maior, R$ 19.849,90. Em 2017, entretanto, a quantia mínima foi registrada por Tanque do Piauí (PI), com R$31,06, enquanto a maior, R$54.045,55, foi conquistada por Tibau (RN). No que se refere às estatísticas descritivas dos integrantes do grupo 2, observa-se que, acerca dos valores de produção, os menores produtos foram registrados por Maruim (SE), em 2006, com R$489,49; e Malta (PB), em 2017, com R$1.022,80; enquanto os mais elevados foram alcançados por São Desidério (BA), R$ 1.622.805,39, e Baixa Grande do Ribeiro (PI), R$ 901.167,18, em 2006 e 2017, respectivamente. No que tange à área das unidades agropecuárias, em 2006, o município com menor área foi Agricolândia (PI), com 1.070 hectares, enquanto, em 2017, esta posição foi alcançada por Central do Maranhão (MA), com 351 hectares. Por outro lado, São Desidério (BA), em 2006, e Cocos (BA), em 2017, atingiram as maiores extensões de terras destinadas à agropecuária, com um total de 496.593 hectares e 563.091 hectares, nessa ordem. Ao se tratar do uso de máquinas empregadas nos estabelecimentos, em ambos os anos, a menor quantidade verificada foi de apenas três máquinas, sendo que, em 2006, 20 municípios possuíam esse número de equipamentos, enquanto, em 2017, 14 afirmaram dispor desse total. Em contrapartida, em 2006, São Desidério (BA) atingiu o maior número de equipamentos, com 2.817, ao passo que, em 2017, essa posição foi alcançada por Adustina (BA), com 1.237 máquinas. No que diz respeito às despesas operacionais, em 2006, a menor rubrica foi registrada por Luís Domingues (MA), com R$152,33, ao passo que a maior foi obtida por São Desidério (BA), com R$1.162.238,03. Já em 2017, Central do Maranhão (MA) obteve os menores gastos, R$380,20, enquanto Baixa Grande do Ribeiro (PI) atingiu os maiores, R$ 272.729,58. Acerca dos gastos com o pagamento de salários, em 2006, Acauã (PI) obteve o menor dispêndio, R$ 16,25, enquanto São João do Paraíso (MA) apresentou o maior custo, R$360.497,27. Em 2017, porém, o dispêndio mínimo foi observado em Equador (RN), com R$37,48, enquanto a máxima, R$41.369,27, foi conquistada por Mucugê (BA). Ao se analisar o comportamento das variáveis entre os municípios do grupo 3, constata-se que, o menor valor de produção foi obtido por Vera Cruz (BA), em 2006 e 2017, com R$584,96, no primeiro ano; e R$1.974,91, no segundo; enquanto os maiores foram alcançados por Balsas (MA), R$ 812.213,10, e São Desidério (BA), R$2.605.357,84, em 2006 e 2017, respectivamente. No que diz respeito à área dos 64 estabelecimentos agropecuários, em 2006, o município com menor área foi Dias d'Ávila(BA) 1.134 hectares, enquanto, em 2017, esta posição foi alcançada por Rosário (MA), com 1.049 hectares. Em contrapartida, Formosa do Rio Preto (BA), em 2006, e São Desidério (BA), em 2017, atingiram as maiores quantidades de terras com uso agropecuário, com um total de 403.224 hectares e 992.039 hectares, nessa ordem. Quanto ao número de máquinas empregadas nos estabelecimentos, em ambos os anos, a menor quantidade observada foi igual àquela dos grupos 1 e 2, isto é, três máquinas, sendo que, em 2006, três integrantes - Areia Branca (RN), São João Batista (MA) e Batalha (PI) - possuíam esse número de equipamentos, enquanto, em 2017, apenas o segundo registrou esse valor. Em contrapartida, em 2006, Formosa do Rio Preto (BA) alcançou o maior número de máquinas, com 1.846; enquanto, em 2017, São Desidério (BA) se destacou nesse quesito, com 3.210 equipamentos. Tabela 3 - Estatísticas descritivas das variáveis referentes aos inputs e outputs do modelo DEA, 2006 e 2017, por grupos de municípios Variável Grupo Mínimo Média Máximo Desvio-padrão 2006 2017 2006 2017 2006 2017 2006 2017 Valor da produção (em mil reais) 1 942,43 1.566,86 10.322,58 14.591,01 155.336,22 194.815,87 19.925,02 35.667,22 2 489,49 1.022,80 27.032,38 23.203,54 1.622.805,39 901.167,18 81.412,30 53.482,49 3 584,96 1.974,91 60.450,73 60.429,42 812.213,10 2.605.357,84 89.961,42 170.934,47 4 3.196,95 6.531,99 113.538,67 132.722,48 723.543,56 1.214.443,51 149.819,97 228.660,13 5 3.704,72 10.832,03 66.523,05 44.101,22 262.907,15 123.871,12 91.388,54 42.952,60 Área do estabeleci mento (em hectares) 1 2.467,00 2.532,00 15.153,14 28.134,64 67.588,00 201.243,00 12.366,18 31.222,88 2 1.070,00 351,00 28.718,77 38.554,12 496.593,00 563.091,00 33.499,59 53.033,55 3 1.134,00 1.049,00 44.539,56 63.194,66 403.224,00 992.039,00 45.763,05 92.793,54 4 787,00 1.196,00 61.411,78 76.951,78 383.184,00 457.317,00 74.344,21 101.206,22 5 463,00 837,00 14.542,86 17.647,29 54.280,00 67.313,00 20.196,19 24.440,16 Número de máquinas (unidades) 1 3 3 21 29 146 259 26,51 45,21 2 3 3 61 61 2.817 1.237 145,56 109,13 3 3 3 109 121 1.846 3.210 170,51 254,77 4 4 3 185 223 1.419 1.625 274,84 357,45 5 11 8 63 52 148 154 56,27 53,91 Despesas operacion ais (em mil reais) 1 201,08 879,29 2.889,88 6.423,75 49.619,68 75.333,69 6.407,97 13.604,60 2 152,33 380,20 7.616,76 10.587,17 1.162.238,03 272.729,58 47.147,52 22.006,45 3 446,84 715,42 28.359,67 28.061,00 2.520.718,57 1.308.017,29 154.308,00 93.977,02 4 1.712,21 1.791,77 44.248,81 67.346,52 734.645,53 1.115.526,54 121.749,63 169.405,96 65 5 2.146,87 2.891,68 15.496,10 38.665,93 45.390,94 100.910,08 17.996,46 42.881,50 Salários pagos 1 34,53 31,06 824,12 1.862,28 19.849,90 54.045,55 2.153,65 6.352,22 2 16,25 37,48 3.036,03 2.759,07 360.497,27 41.369,27 15.178,33 4.244,99 3 113,74 101,74 6.853,58 7.691,20 389.783,64 124.549,05 22.042,80 13.058,15 4 394,03 880,36 17.787,13 26.622,46 138.315,63 268.802,25 31.080,17 54.001,20 5 834,78 1.724,30 8.553,53 9.832,49 24.960,14 23.874,59 9.215,71 9.686,11 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. No que tange às despesas operacionais, em 2006, a menor rubrica foi registrada por Icatu (MA), com R$446,84, ao passo que a maior foi obtida pelo município de Luís Eduardo Magalhães (BA), com R$ 2.520.718,57. Já em 2017, Vera Cruz (BA) obteve os menores gastos, R$715,42, enquanto São Desidério (BA) atingiu os maiores, R$1.308.017,29 No que se refere aos gastos com o pagamento de salários, em 2006, Trindade (PE) arcou com o menor valor, R$113,74, enquanto Laranjeiras (SE) desembolsou o maior, R$389.783,64. Em 2017, entretanto, a quantia mínima foi registrada por Areia Branca (RN), com R$101,74, enquanto a maior, R$124.549,05, foi conquistada por São Desidério (BA). Em relação aos dados colhidos para os municípios do grupo 4, verifica-se que, acerca dos valores de produção, os menores valores da produção foram registrados por Nossa Senhora do Socorro (SE), em 2006, com R$3.196,95; e por Simões Filho (BA), em 2017, com R$ 6.531,99; enquanto os mais elevados foram alcançados por Petrolina (PE), com R$723.543,56, no primeiro ano; e por Barreiras (BA), com R$1.214.443,51, em 2017. No que tange à área das unidades agropecuárias, em 2006 e 2017, o município com menor área foi São José de Ribamar (MA), com 787 hectares e 1.196 hectares, respectivamente. Por outro lado, Açailândia (MA), em ambos os anos, atingiu as maiores extensões de terras destinadas à agropecuária, com um total de 383.184 hectares e 457.317 hectares, nessa ordem. Acerca do emprego de máquinas empregadas nos estabelecimentos, em 2006, Nossa Senhora do Socorro (SE) registrou a menor quantidade, com quatro equipamentos, enquanto, em 2017, essa posição foi obtida por Maracanaú (CE), que possuía três. Diferentemente dos grupos 1, 2 e 3, em ambos os anos, menos de dez municípios declararam ter acesso a menos que um total de vinte máquinas. Em contrapartida, nos dois anos considerados, Barreiras (BA) atingiu o maior número de equipamentos, com 1.419, em 2006; e 1.625, em 2017, sendo o único a contar com mais de 1.000 máquinas em 2006. 66 No que diz respeito às despesas operacionais, tanto em 2006 como em 2017, a menor rubrica foi registrada por Simões Filho (BA), com R$1.712,21 e R$1.791,77, respectivamente. Por outro lado, Barreiras (BA) alcançou os valores máximos nos dois anos, com R$734.645,53 e R$1.115.526,54, nessa ordem. Acerca dos gastos com o pagamento de salários, em 2006, Nossa Senhora do Socorro (SE) obteve o menor dispêndio, R$ 394,03, enquanto Petrolina (PE) apresentou o maior custo, R$138.315,63. Em 2017, porém, a quantia mínima foi observada em Maracanaú (CE), com R$880,36, enquanto a máxima, R$268.802,25, foi conquistada por Juazeiro (BA). Por fim, quando se observam as informações disponíveis sobre os municípios do grupo 5, pode-se notar que, em 2006, o valor mínimo conquistado com a produção, R$3.704,72, foi obtido por João Pessoa (PB), enquanto em 2017, tal rubrica foi de R$10.832,03, alcançado por Jaboatão dos Guararapes (PE). Em contrapartida, os maiores PIB agropecuários, R$262.907,15, em 2006; e R$ 123.871,12, em 2017, foram auferidos por Maceió (AL) e Teresina (PI), respectivamente. Em relação à área das unidades agropecuárias, em 2006 e 2017, Recife (PE) obteve a menor área, com 463 hectares, no primeiro ano; e 837 hectares, no segundo ano. Por outro lado, Feira de Santana (BA) registrou os valores máximos, nos dois anos considerados, com um total de 54.280 hectares, em 2006; e 67.313 hectares, em 2017. Quanto ao número de máquinas utilizadas nos estabelecimentos, em ambos os anos, as menores quantidades, onze, em 2006; e oito, em 2017, foram observadas no município de João Pessoa (PB). De maneira oposta, Teresina (PI), em 2006, e Feira de Santana (BA), em 2017, se destacaram com as maiores, com um total de 148 e 153 equipamentos, respectivamente. No que tange às despesas operacionais, em 2006, a menor rubrica foi registrada por São Luís (MA), com R$2.146,87, ao passo que a maior foi obtida pelo município de Feira de Santana (BA), com R$45.390,94. Já em 2017, Jaboatão dos Guararapes (PE) obteve os menores gastos, R$2.891,68, enquanto Teresina (PI) atingiu os maiores, R$100.910,08. No que se refere aos gastos com o pagamento de salários, em 2006, São Luís (MA) arcou com o menor valor, R$834,78, enquanto Maceió (AL) desembolsou o maior, R$24.960,14. Em 2017, entretanto, a quantia mínima foi registrada por João Pessoa (PB), com R$1.724,30, enquanto a maior, R$23.874,59, foi conquistada por Maceió (AL). Portanto, a análise das estatísticas descritivas das variáveis utilizadas nessa pesquisa fornece um panorama geral do setor agropecuário nordestino nos últimos censos 67 (2006 e 2007), reforçando o fato da existênciade desigualdades tanto entre si como quando agrupados de acordo com sua população. No capítulo seguinte, serão apresentados os resultados quanto à eficiência e seus determinantes, objeto de estudo desse trabalho. 68 6 RESULTADOS SOBRE A EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO E SEUS DETERMINANTES 6.1 Análise dos Escores de Eficiência Técnica e de Escala Esta seção apresenta os resultados obtidos nesta pesquisa, especificamente aqueles referentes à mensuração dos escores de eficiência técnica, sob a ótica do modelo com retornos constantes de escala, e eficiência de escala. Tendo em vista que o teste de Mann-Whitney apresentou significância estatística, os municípios não podem ser comparados entre si e, portanto, foram agrupados de acordo com as classificações informadas na Tabela 1. Todavia, ressalta-se que, dado o fato de alguns municípios mudarem de grupo entre 2006 e 2017, o painel tornou-se desbalanceado, o que inviabilizou o novo cômputo dos escores por cada grupo separadamente. Sendo assim, a Tabela 4 exibe as distribuições das frequências absolutas e relativas dos escores de eficiência técnica dos municípios nordestinos, em 2006 e 2017. Como pode ser notado, nos dois anos analisados, todos os grupos tiveram maior participação relativa na menor classe de eficiência, com valores abaixo de 0,25, e somente os grupos 2 e 3 tiveram representatividade na classe de eficiência igual a um em ambos os anos. No que tange aos municípios do grupo 1 (com até 5.000 habitantes), tem-se que, em 2006, 96,77% de seus integrantes, o que corresponde a 90 observações, registraram baixo nível de eficiência, sendo que 84 deles sequer atingiram escore de 0,1 e Porto Alegre do Piauí (PI) obteve o pior resultado (0,010). Por outro lado, os melhores resultados foram alcançados por Santa Rosa de Lima (SE), com 0,291; Marcos Parente (PI), com 0,368; e Tibau (RN), com 0,536, sendo, portanto, o único município com eficiência entre 0,50 e 0,75. Em 2017, essa tendência se manteve e o percentual aumentou para 98,65%, sendo que o menor valor (0,048) foi registrado por Caraúbas (PB). Além disso, dos 74 partícipes desse grupo, que teve seu tamanho reduzido em razão de mudanças no tamanho da população, somente Tibau (RN) apresentou escore maior que 0,25, com 0,275, sendo tal valor bem inferior ao obtido em 2006. Em relação aos municípios do grupo 2 (de 5.001 a 20.000 habitantes), os resultados são um pouco melhores que os obtidos pelo grupo 1. No ano de 2006, 96,68% de seus municípios, o correspondente a 640 observações, foram classificados com escores inferiores a 0,25. Destas, 562 atingiram valores menores que 0,1, sendo que Itanagra (BA) apresentou o mais baixo (0,007). Em contrapartida, seis municípios (0,91%) – Areia Branca (SE), Fátima (BA), Glória (BA), Indiaroba (SE), Joselândia (MA) e São Vicente Férrer (PE) – conseguiram o máximo nível de eficiência. Em 2017, observa-se uma 69 relativa melhora nos resultados, visto que a participação relativa de observações com escore menor que 0,25 caiu para 91% (566 municípios) sendo que Tacaimbó (PE) obteve o pior resultado (0,024). Entretanto, nota-se que no referido ano, somente Ribeiro Gonçalves (PI) foi plenamente eficiente. Tabela 4 - Distribuições das frequências absolutas (fi) e relativas (%) dos municípios nordestinos, conforme intervalos de medidas de eficiências, considerando o modelo CRS, em 2006 e 2017 Grupo Classes de eficiência Eficiência técnica (E) 2006 2017 fi % fi % 1 E < 0,25 90 96,77 73 98,65 0,25 ≤ E < 0,5 2 2,15 1 1,35 0,5 ≤ E < 0,75 1 1,08 0 0,00 0,75 ≤ E < 1 0 0,00 0 0,00 E = 1 0 0,00 0 0,00 2 E < 0,25 640 96,68 566 91,00 0,25 ≤ E < 0,5 9 1,36 51 8,20 0,5 ≤ E < 0,75 5 0,76 3 0,48 0,75 ≤ E < 1 2 0,30 1 0,16 E = 1 6 0,91 1 0,16 3 E < 0,25 426 91,81 456 88,72 0,25 ≤ E < 0,5 22 4,74 43 8,37 0,5 ≤ E < 0,75 9 1,94 7 1,36 0,75 ≤ E < 1 2 0,43 5 0,97 E = 1 5 1,08 3 0,58 4 E < 0,25 33 89,19 31 67,39 0,25 ≤ E < 0,5 3 8,11 10 21,74 0,5 ≤ E < 0,75 1 2,70 2 4,35 0,75 ≤ E < 1 0 0,00 1 2,17 E = 1 0 0,00 2 4,35 5 E < 0,25 5 71,43 5 71,43 0,25 ≤ E < 0,5 0 0,00 2 28,57 0,5 ≤ E < 0,75 0 0,00 0 0,00 0,75 ≤ E < 1 1 14,29 0 0,00 E = 1 1 14,29 0 0,00 E < 0,25 1.194 94,54 1.131 89,55 0,25 ≤ E < 0,5 36 2,85 107 8,47 0,5 ≤ E < 0,75 16 1,27 12 0,95 NE 0,75 ≤ E < 1 5 0,40 7 0,55 E = 1 12 0,95 6 0,48 Total 1.263 100,00 1.263 100,00 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. No que concerne aos municípios do grupo 3 (de 20.001 a 100.000 habitantes), constata-se que, em 2006, 91,81% das observações, totalizando 426 municípios, 70 integraram a classe mais baixa de eficiência, de modo que 364 delas não atingiram nem mesmo valor igual a 0,1 e São José do Belmonte (PE) apresentou o menor escore de eficiência (0,010). Entretanto, em relação aos demais municípios, cinco – Cachoeira (BA), Ibimirim (PE), Santa Luzia (MA), São Miguel dos Campos (AL) e Turiaçu (MA) – destacaram-se com os melhores desempenhos. Já em 2017, não obstante a elevação no número de municípios com escores inferiores a 0,25, em termos relativos, esse percentual foi reduzido para 88,72%, de forma que o resultado mais baixo (0,025) foi obtido por Riacho das Almas (PE). De maneira oposta, apenas três municípios – Canguaretama (RN), Formosa do Rio Preto (BA) e Paracuru (CE) – apresentaram as melhores performances, com escores iguais a unidade. Ao se observar o desempenho dos municípios do grupo 4 (de 100.001 a 500.000 habitantes), verifica-se que, em 2006, 89,19% de seus integrantes, o equivalente a 33 observações, obtiveram escores menores que 0,25, dos quais 23 registraram valores menores que 0,1, sendo que o pior resultado (0,017) pertenceu a Camaçari (BA). Por outro lado, o município com a melhor performance – Maranguape (CE) – não registrou escore muito elevado (0,611), se localizando na classe de eficiência entre 0,5 e 0,75. No ano de 2017, esse cenário foi ligeiramente revertido, tendo em vista que a participação de municípios na classe mais baixa de eficiência foi reduzida para 67,39%, sendo que o menor valor (0,079) foi apresentado por Campina Grande (PB) e, diferentemente de 2006, dois municípios – Arapiraca (AL) e Juazeiro (BA) – atingiram eficiência máxima. Por fim, os resultados para os municípios do grupo 5 (com mais de 500.000 habitantes) mostram que, em 2006, parcela majoritária destes (71,43%, cinco observações) obtiveram nível de eficiência menor que 0,25, sendo que quatro não atingiram sequer 0,1 e Teresina (PI) registrou o pior resultado (0,027). Em contrapartida, os maiores valores foram obtidos por Maceió (AL), com 0,878 e Recife (PE), com escore igual a um. Em 2017, de maneira geral, o comportamento das observações não sofreu grandes alterações, uma vez que o percentual de municípios na classe mais baixa permaneceu o mesmo. Todavia, Maceió (AL) teve uma considerável queda no desempenho, visto que passou a ser classificado com o pior resultado (0,062), enquanto Teresina (PI) teve sua performance melhorada, apresentando o maior escore (0,371). Essa mudança de performance entre esses municípios pode ser explicada pela produtividade dos fatores de produção, que será discutida na seção seguinte. Teresina (PI) se destacou com o maior Índice de Malmquist do grupo 5, enquanto Maceió (AL) apresentou o menor. 71 Fazendo-se uma análise geral, tem-se que, em 2006, 94,54% das observações nordestinas foram ineficientes, enquanto em 2017 esse percentual caiu para quase 90%. Esse panorama pode ser visualizado nas Figuras 7 e 8. Como pode ser percebido, no que diz respeito à eficiência do setor agropecuário nos municípios nordestinos, tanto em 2006 como em 2017, estes possuíram desempenho muito aquém do nível máximo.Isso indica que, mesmo após mais de uma década, os produtores ainda enfrentam muitas dificuldades e limitações que os impedem de progredir expressivamente. Obviamente, nesse ínterim, muitos municípios tiveram perdas de eficiência, enquanto outros registraram ganhos. Acerca daqueles que obtiveram ganhos na eficiência, destacam-se os municípios localizados na região do MATOPIBA, visto que, dos 154 municípios dessa região contidos neste estudo, 146 apresentaram aumentos nos escores de eficiência técnica, entre 2006 e 2017. Desde a demarcação dessa fronteira agrícola, em 2015, algumas políticas públicas foram implementadas, o que, em teoria, tende a favorecer o desempenho dessa região. Uma das principais políticas que podem ser mencionadas é o Plano de Desenvolvimento da Agropecuária (PDA) e a criação de um comitê, que, conforme Brasil (2015), objetivava organizar e fomentar o desenvolvimento econômico sustentável do setor na região, auxiliando, entre outras coisas, na gestão de programas, projetos e ações federais relativos às atividades desse segmento, observando aspectos como eficiência, mobilidade social e inovação tecnológica. 72 Figura 7 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme intervalos de eficiência técnica do setor agropecuário, em 2006 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. 73 Figura 8 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme intervalos de eficiência técnica do setor agropecuário, em 2017 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. Outra questão relevante a ser observada é a eficiência de escala dos municípios nordestinos, uma vez que o tipo de retorno de escala (decrescente, constante ou crescente) influencia consideravelmente o nível de eficiência das unidades produtivas. Enfatiza-se que, sob essa ótica, o município considerado eficiente é aquele cuja divisão dos escores dos modelos CRS e VRS são iguais a um. Caso contrário, a unidade produtiva classifica- se como ineficiente. No caso deste trabalho, constatou-se que o tipo de retorno de escala inadequado no processo de produção prevaleceu nos resultados obtidos, o que explica parcialmente a ineficiência técnica de parcela majoritária dos municípios de cada um dos grupos considerados. Tal cenário está ilustrado nas Figuras 9 e 10. 74 Figura 9 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme eficiência de escala do setor agropecuário, em 2006 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. 75 Figura 10 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme eficiência de escala do setor agropecuário, em 2017 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. Entretanto, o método DEA-Malmquist não fornece informações precisas acerca da quantidade de municípios que estavam operando com cada tipo de retorno de escala, o que inviabiliza uma discussão mais aprofundada acerca destes resultados. Apesar dessa limitação, pode ser observado, na Tabela 5, que, em todos os estratos populacionais, bem como no Nordeste de uma maneira geral, mais de 80% dos municípios foram classificados como ineficientes, em 2006, tendência que se manteve em 2017, quando tal participação relativa ultrapassou os 90%. 76 Tabela 5 - Distribuições das frequências absolutas (fi) e relativas (%) dos municípios nordestinos, conforme a eficiência de escala do setor agropecuário, em 2006 e 2017 Grupo Classificação Eficiência de Escala 2006 2017 fi % fi* % 1 Ineficiente 82 88,17 69 93,24 Eficiente 11 11,83 5 6,76 2 Ineficiente 578 87,31 578 92,93 Eficiente 84 12,69 44 7,07 3 Ineficiente 403 86,85 480 93,39 Eficiente 61 13,15 34 6,61 4 Ineficiente 33 89,19 43 93,48 Eficiente 4 10,81 3 6,52 5 Ineficiente 6 85,71 7 100,00 Eficiente 1 14,29 0 0,00 Ineficiente 1.102 87,25 1.177 93,19 Eficiente 161 12,75 86 6,81 NE Total 1.263 100,00 1.263 100,00 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. Observa-se que as evidências encontradas estão em consonância com a literatura que trata da eficiência do setor agropecuário, pois diversos trabalhos, que fazem uso de distintas variáveis e abordagens, como Nogueira (2005), que constatou que os estados de Rondônia e Piauí não obtiveram nenhuma delas classificada como eficiente, de acordo com dados de 1995/06; Gonçalves et al. (2008), que analisaram produtores de leite, em Minas Gerais, em 2005; Barbosa et al. (2013), que estudaram as microrregiões brasileiras, em 2006; Sousa, Justo e Campos (2013), que investigaram fruticultores cearenses, em 2008; Barbosa, Lima e Sousa (2014), que averiguaram o semiárido brasileiro, em 2006; Silva (2016), que observou as microrregiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, em 2006; e Nascimento et al. (2017), que pesquisaram os produtores de Minas Gerais, em 2009, também constataram ineficiência para parcela majoritária de suas respectivas observações. Além disso, mesmo estudos internacionais, a exemplo de Kourtesi, Witte e Polymeros (2016), que analisaram agricultores gregos, de 2008 a 2011; e Effendy et al. (2019), que estudaram produtores indonésios, em 2016, obtiveram resultados semelhantes, o que corrobora com a ideia de que a ineficiência produtiva é bastante presente no setor e ressalta a contribuição desta pesquisa, sobretudo pelo fato de utilizar dados mais recentes, que permitirão observar as deficiências vigentes nesse segmento e fornecer uma base mais sólida para o fortalecimento das políticas públicas. 77 6.2 Índice de Malmquist: alterações nos níveis de eficiência técnica e tecnologia Como mencionado anteriormente, o Índice de Malmquist e a sua decomposição permitem verificar em que medida as mudanças nos escores de eficiência ao longo do tempo foram influenciadas por variações no grau de eficiência técnica e no nível tecnológico adotado. Quando esse índice assume valores maiores que um, tem-se que, no ano final, a unidade produtiva analisada obteve uma performance melhor que no ano inicial e vice-versa. A Tabela 6 exibe as frequências absolutas e relativas dos municípios da região Nordeste que foram considerados neste estudo. No que diz respeito ao grupo 1, que abrange municípios com até 5 mil habitantes, o subíndice AE, que avalia a mudança na distância de cada DMU em relação à fronteira de eficiência estimada nos dois anos analisados, permite inferir que a quase totalidade (93,24%) dos partícipes desse grupo se moveu em direção à fronteira, ou seja, se beneficiou de mudanças na alocação de seus recursos produtivos. Entretanto, tal comportamento não se refletiu em aumentos nos escores de eficiência, conforme demonstrada na Tabela 4, nem em elevação na produtividade dos fatores, como apontado pelo IM, devido ao expressivo atraso tecnológico, evidenciado pelo subíndice AT, o que significa que a fronteira tecnológica em 2017 foi contraída, quando comparada com aquela de 2006, sendo que apenas Tibau (RN) registrou AT superior à unidade, com um crescimento de 23,5%. Em termos de valor da produção desse município, isso se refletiu em um aumento de mais de 100%, passando de R$76.479,00, em 2006, para R$175.416,00, em 2017. Em relação ao grupo 2, com municípios de 5.001 a 20.000 habitantes, tem-se que, de 2006 para 2017, a maioria (89,87%) de seus integrantes melhoraram seu desempenho quanto à utilização dos insumos disponíveis, mas, de maneira semelhante ao grupo 1, enfrentaram forte defasagem tecnológica, de forma que 100% dos participantes desse grupo obtiveram AT menor que a unidade, fazendo com que 77,81% destes tivessem IM inferiores a 1, uma vez que tal índice é resultado da média geométrica dos subíndices AE e AT. No que se refere ao grupo 3, com municípios cuja populaçãovaria de 20.001 a 100.000 habitantes, observa-se que 85,60% de seus integrantes apresentaram ganhos de eficiência técnica, porém tal benefício foi amortizado pela retração da fronteira tecnológica, uma vez que 99,61% das observações registraram AT inferior a um e somente São Bento do Una (PE) e Formosa do Rio Preto (BA) superaram esse parâmetro, com crescimentos de 1,6% e 14,5%, respectivamente. Consequentemente, pouco mais de 78 20% dos municípios nessa classe conseguiram atingir IM maior que um. No caso dos municípios destacados, o valor da sua produção aumentou expressivamente entre os anos considerados, de forma que o primeiro quase o triplicou, passando de R$143.166,00, em 2006, para R$404.620,00, em 2017, enquanto o segundo o elevou em torno de cinco vezes, passando de R$354.652,00, em 2006, para R$1.916.808,00, em 2017. Quanto ao grupo 4, com municípios de população acima de 100.000 habitantes, mas inferior a 500.000 pessoas, nota-se que, segundo os resultados do AE, 82,61% de seus participantes obtiveram melhor desempenho relativo, em 2017, em termos de alocação de recursos, quando comparado a 2006. Por outro lado, o AT evidenciou que todos aqueles pertencentes a este grupo tiveram o avanço tecnológico como ponto de estrangulamento. Por conseguinte, apenas 39,13% desses municípios foram aptos a alcançar IM maiores que a unidade. Apesar desse resultado, tal grupo apresentou a maior participação relativa de municípios nesse quesito. Tabela 6 - Distribuições das frequências absolutas (fi) e relativas (%) dos municípios nordestinos, em relação ao Índice de Malmquist e às mudanças na eficiência técnica e no nível tecnológico, entre 2006 e 2017 Grupo* Intervalos Índice de Malmquist (IM) Alteração no nível de eficiência técnica (AE) Alteração no nível tecnológico (AT) fi % fi % fi % 1 IM/AE/AT < 1 58 78,38 5 6,76 73 98,65 IM/AE/AT > 1 16 21,62 69 93,24 1 1,35 IM/AE/AT < 1 484 77,81 63 10,13 622 100,00 2 IM/AE/AT > 1 138 22,19 559 89,87 0 0,00 IM/AE/AT < 1 394 76,65 74 14,40 512 99,61 3 IM/AE/AT > 1 120 23,35 440 85,60 2 0,39 IM/AE/AT < 1 28 60,87 8 17,39 46 100,00 4 IM/AE/AT > 1 18 39,13 38 82,61 0 0,00 IM/AE/AT < 1 5 71,43 3 42,86 7 100,00 5 IM/AE/AT > 1 2 28,57 4 57,14 0 0,00 IM/AE/AT < 1 969 76,72 153 12,11 1.260 99,76 NE IM/AE/AT > 1 294 23,38 1.110 87,89 3 0,24 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. * Nota: Como o Índice de Malmquist é calculado com base nas mudanças dos desempenhos do ano t+1, 2017, em relação ao ano t, 2006, os municípios foram agrupados de acordo com seu tamanho populacional estimado no ano de 2017. Acerca do grupo 5, que abrange municípios com mais de 500.000 habitantes, é possível constatar que, em termos de variações decorrentes nos níveis de eficiência, pouco mais da metade (57,14%) registrou ganhos de eficiência, ao passo que os sete municípios partícipes desse grupo obtiveram involução tecnológica, com AT menor que um. Não 79 obstante tais comportamentos, João Pessoa (PB) e Teresina (PI) apresentaram elevados percentuais de crescimento na produtividade dos fatores, conforme apontado pelo IM, na ordem de 125,4% e 446,7%, respectivamente. Por fim, ao se avaliar o panorama geral dos municípios nordestinos, de 2017 em relação a 2006, os dados evidenciam a existência de melhorias acerca da alocação dos recursos que se encontram à disposição dos produtores, tendo em vista que quase 90% da amostra apresentaram AE maior que um. Todavia, tal condição por si só não tem se mostrado suficiente para aprimorar o processo produtivo, em razão da expressiva e nítida influência negativa do atraso tecnológico enfrentado por quase todos (99,76%) os municípios, excetuando Tibau (RN), São Bento do Una (PE) e Formosa do Rio Preto (BA). Pereira (1999) também obteve resultados desfavoráveis para os estados de Paraíba e Bahia, entre 1970-1996. Segundo Marinho e Carvalho (2004), as questões referentes ao desenvolvimento tecnológico são parcialmente explicadas pelos investimentos em capital humano, a exemplo da aplicação de recursos na educação; e na área de pesquisa e tecnologia, sendo que, em comparação às demais regiões brasileiras, o Nordeste possui os menores índices. Esses resultados também estão em consonância com os estudos de Marinho e Carvalho (2004), Gomes, Alcantara Filho e Scalco (2009) e Araujo e Mancal (2015), que verificaram variações positivas da eficiência técnica e do Índice de Malmquist para a maioria dos estados nordestinos e para o Nordeste como um todo. Porém, no que tange às alterações tecnológicas, tais autores constaram um comportamento oposto ao observado nesta pesquisa, provavelmente em razão do horizonte de tempo comparado (1970-1995, no caso dos primeiros; 1996-2006, no caso dos segundos; e 1975-2006, no caso dos terceiros), uma vez que, no século XX, as disparidades no acesso aos meios tecnológicos eram ainda mais exorbitantes do que aquelas observadas no começo do século seguinte e em anos recentes. 6.3 Determinantes dos Níveis de Eficiência do Setor Agropecuário Nordestino Esta seção apresenta a influência do percentual de estabelecimentos agropecuários cooperados com outros agentes produtivos, cujo produtor possui ensino médio regular, que tiveram acesso ao financiamento, que receberam orientação técnica regular, que utilizaram adubos, que fizeram uso de irrigação, que fizeram rotação de culturas e que utilizaram calcário ou outros corretivos sobre os escores de eficiência obtidos no modelo com retornos constantes de escala. Inicialmente, realizou-se o teste de Wald, cujo p-valor 80 indicou que tal influência não é a mesma em todos os pontos da distribuição. Logo, foram estimados os resultados do modelo de regressão quantílica para os seguintes quantis: 0,25, 0,50 e 0,75, conforme apresentado na Tabela 7. É importante destacar que, apesar de se reconhecer que a regressão quantílica por grupos populacionais poderia mostrar inferências relevantes sobre o desempenho do setor agropecuário dos municípios nordestinos, isso não se mostrou viável, em virtude do reduzido número de observações em alguns grupos. Em relação à magnitude dos efeitos, em todos os quantis, a localização do município em área semiárida (DSA) e o percentual de estabelecimentos em que o produtor possui ensino médio regular foram os fatores que exerceram mais influência sobre os escores de eficiência. Como pode ser observado, exceto o uso de irrigação (que foi significante apenas no primeiro quantil), as demais variáveis apresentaram significância estatística em pelo menos dois quantis. Apesar de se esperar que todas elas obtivessem sinais positivos, constatou-se que o uso da irrigação mostrou relação inversa ao nível de eficiência nas partes inferior e mediana da distribuição (embora tenha sido significante apenas na primeira), enquanto o uso de calcário e/ou outros corretivos apresentou sinal oposto ao esperado no terceiro quantil, o acesso ao financiamento registrou efeito negativo nos dois primeiros quantis e o recebimento de orientação técnica apresentou sinais não esperados em todos os quantis analisados. Quanto à orientação técnica, Campos (2011) e Freitas (2014) encontraram resultados semelhantes. Uma possível justificativa para essa inferência é que o modelo não capta a qualidade da orientação recebida, então pode supor-se que esta não obteve qualidade suficiente para impactar positivamente na eficiência técnica. Ademais, segundo o primeiro autor, isso também pode ser explicado pela existência de defasagem de tempo entre o recebimento dessa assistência e a resposta da produção, uma vez que alguns produtores tendem a buscá-la apenas após observar que seu processo produtivo está mal dimensionado. Acerca do acesso ao financiamento, Barbosa et al. (2013) e Freitas (2014) obtiveram inferênciasafins e os primeiros explicam que isso pode ser justificado pelo uso irracional dos recursos adquiridos, a exemplo da sua aplicação em outras atividades praticadas pelo produtor (já que não há um monitoramento de como o agricultor efetivamente aplica os recursos) e/ou pela aquisição excessiva de insumos. Em relação ao uso de calcário e/ou outros corretivos, Silva (2016) também verificou efeitos negativos dessa variável sobre a eficiência produtiva. A esse respeito, 81 Lopes e Guilherme (2000) elucidam que os ganhos de produtividade proporcionados por esse tipo de produto só ocorrem quando o produtor o usa de forma correta e conhece os seus efeitos sobre o solo. Já no caso da irrigação, Sobreira et al. (2016), que também encontraram sinal negativo para esta variável, argumentam que a implementação desse tipo de tecnologia envolve elevados custos iniciais, que, se superiores ao retorno obtido com a produção, podem afetar negativamente os escores de eficiência mensurados, especialmente quando se observa apenas o curto prazo. Tabela 7 - Estimativa das variáveis explicativas do nível de eficiência técnica do setor agropecuário dos municípios nordestinos Variável Dependente (%) Quantil 0,25 0,50 0,75 Estabelecimentos cooperados 0,000559 (0,0005742) 0,0029594* (0,0011008) 0,0044913** (0,002129) Produtores com Ensino Médio Regular 0,0034031* (0,0005191) 0,0038813* (0,0014342) 0,0058287* (0,0012571) Estabelecimentos com Acesso ao Financiamento -0,0001293*** (0,0000727) -0,0002009** (0,00009) 0,0000699 (0,000256) Estabelecimentos que Recebem Orientação Técnica -0,0002119 (0,0001446) -0,0003521*** (0,0001891) -0,000785** (0,0003678) Estabelecimentos que Usam Adubo 0,0002333* (0,0000779) 0,0002798** (0,0001316) 0,0001216 (0,0002829) Estabelecimentos que Usam Irrigação -0,0004406* (0,0001265) -0,0001072 (0,000212) 0,00042 (0,0004432) Estabelecimentos que Fazem Rotação de Culturas 0,0009284* (0,000167) 0,0013238* (0,0002988) 0,0045214* (0,0009345) Estabelecimentos que Usam Calcário e Outros Corretivos 0,0001849* (0,0000549) 0,0001085*** (0,0000568) -0,0003453* (0,000124) DSA 0,0112445* (0,0042553) 0,0341261* (0,0083839) 0,0303084*** (0,0183585) Fonte: elaboração própria com base nos dados da pesquisa. *** Significante a 10%. ** Significante a 5%. * Significante a 1%. No que tange às demais variáveis, o sinal positivo apresentado pela prática de atividades cooperativas e pelo nível de escolaridade também foi verificado por Sousa, Justo e Campos (2013). Em relação à primeira, isso pode ser explicado pelo fato de que o contato entre diferentes agricultores permite uma troca de conhecimentos. Ademais, Mazzo (2014) esclarece que produtores cooperados possuem vantagens econômicas das quais dificilmente poderiam usufruir agindo sozinhos, como maior poder de negociação na compra e venda de produtos. No que se refere à segunda, para Sousa, Justo e Campos (2013), um maior grau de instrução implica que os produtores dispõem de maior capacidade para compreender e incorporar novas práticas agrícolas. 82 Assim como este estudo, Barbosa et al. (2013) e Silva (2016) observaram uma relação direta entre eficiência e uso de adubos, o que é esperado, visto que este insumo eleva a produtividade da terra. Ademais, este último também registrou efeitos positivos decorrentes do uso de irrigação. Por fim, como esperado, a variável dummy do semiárido (DSA) corroborou a teoria apontada pela literatura de que municípios localizados em áreas com menor incidência de chuvas possuem desvantagem para a prática de atividades agropecuárias, quando comparados àqueles que não se localizam nesse tipo de região. Logo, os municípios nordestinos que possuem clima semiárido (DSA = 0) tendem a ser menos eficientes que os demais, por disporem de condições climáticas menos favoráveis. Acerca disso, Batista et al. (2020) também constataram esse resultado. Em síntese, pode-se concluir que os fatores determinantes da eficiência técnica agropecuária dos municípios nordestinos divergem entre aqueles considerados mais e menos eficientes, sendo que, em todos os quantis considerados, mais da metade das variáveis analisadas foram estatisticamente significantes. Além disso, os efeitos negativos da orientação técnica e o do acesso ao financiamento, bem como os efeitos positivos do nível de escolaridade considerado, evidenciam a necessidade do poder público em ampliar seus investimentos em educação na zona rural e complementá-los com a implementação de cursos voltados para áreas como educação financeira e gerenciamento. 83 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme observado neste estudo, apesar da expressiva representatividade da agropecuária nordestina, seu nível de eficiência ainda está muito aquém do máximo alcançável. Durante o período analisado, o Índice de Malmquist apontou que muitos municípios obtiveram algum progresso em termos de eficiência, ainda que não expressivos, porém os efeitos de tais ganhos foram suprimidos pelo forte atraso tecnológico com os quais os mesmos se depararam, o que pode ser visualizado de forma mais nítida pelas estatísticas descritivas. Em parte, essa defasagem pode ser explicada pelo longo histórico de seletividade nas políticas públicas direcionadas para esse segmento e pela dificuldade dos produtores em desenvolverem seu processo produtivo por conta própria, sobretudo, quando se trata de investimentos que exigem muito capital. Mesmo com o governo federal implantando alguns programas com o objetivo de reverter esse cenário, como o PRONAF, a literatura ressalta que estes não são isentos de deficiências e, portanto, podem não gerar os efeitos esperados pelo poder público e até mesmo acentuar as disparidades sociais. Nesse contexto, recomenda-se que as políticas direcionadas ao setor agropecuário sejam repensadas, em especial, aquelas que fomentam o investimento e estimulam a modernização, a fim de que se alcance um público maior. Ademais, destaca-se também a necessidade de estudos que verifiquem o impacto desse tipo de política sobre os produtores beneficiados, uma vez que esse tipo de análise também pode contribuir para o aprimoramento destas. Dessa forma, espera-se que o progresso tecnológico favoreça a eficiência produtiva e, por conseguinte, elevem a produtividade e a renda dos agricultores, que tenderão a dispor de melhores condições de vida. Outro ponto que merece ser discutido diz respeito à ineficiência decorrente da produção com retornos de escala inadequados e o efeito negativo da orientação técnica sobre os níveis de eficiência. A esse respeito, infere-se que seja necessário que os profissionais que fornecessem essa assistência aos produtores façam visitas regulares e não somente nos casos em que os produtores considerarem essenciais, tendo em vista que esse acompanhamento pode permitir que o técnico identifique deficiências no processo produtivo que não são perceptíveis aos agricultores, como a escala inadequada da produção. Além disso, é essencial que se observe a qualidade do serviço de assistência técnica oferecido aos produtores. Embora entenda-se que, para tal, é exigido um grande volume de investimento público, fato que reduz sua viabilidade. No entanto, isso não 84 diminui a importância dos investimentos voltados para assistência técnica aos produtores, nem os potenciais efeitos positivos sobre o desenvolvimento da agropecuária. Reitera-se o argumento, defendido pela literatura, de que a ampliação no fornecimento de orientação técnica, associados aos investimentos em educação, também contribuem para o aumento da eficiência, pois são relevantes fontes de informação para os produtores, que passam a dispor de maior capacidade para gerenciar sua produção e assimilar o funcionamentode novas tecnologias empregadas, por exemplo. Apesar deste trabalho não ter observado a influência do acesso à internet, sugere- se que sejam realizados estudos que considerem tal variável, uma vez que ela possui repercussões semelhantes. Ademais, ao se empregar o tamanho populacional como critério para a divisão dos grupos, alguns municípios mudaram de grupo entre os anos considerados, o que impossibilitou a análise da evolução de tais observações em relação aos demais membros do seu grupo inicial. Por fim, tendo em vista que a área de estudo desta pesquisa foi apenas a região Nordeste, recomenda-se que, em estudos posteriores, as demais regiões do país sejam analisadas, a fim de se verificar se a situação do setor agropecuário é semelhante em outras partes do território brasileiro. Além disso, também seria interessante que tais análises fizessem uso de diferentes abordagens, como o método de fronteira estocástica, e ampliassem o conjunto de variáveis, de modo a contribuírem para a literatura, a partir de novas perspectivas. 85 REFERÊNCIAS AFRIAT, S. N. Efficiency estimation of production functions. International Economic Review, [S. l], v. 13, n. 3, p. 568-598, 1972.AIGNER, D. J.; CHU, S. F. On estimating the industry production function. The American Economic Review, v. 58, n. 4, p. 826- 839, 1968. AIGNER, D.; LOVELL, C. A. K.; SCHMIDT, P. S. Formulation and estimation of stochastic frontier models. Journal of Econometrics, [S. l.], v. 6, n. 1, p. 21-37, 1977. ALMEIDA, P. N. 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