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Eficienciasetoragropecuario-Oliveira-2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
RENATA BENÍCIO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO E SEUS 
DETERMINANTES: UMA ANÁLISE PARA 2006 E 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL – RN 
2022 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
RENATA BENÍCIO DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO E SEUS 
DETERMINANTES: UMA ANÁLISE PARA 2006 E 2017 
 
 
 
 
Dissertação apresentada como 
requisito para a obtenção do título de 
Mestre em Economia, do Programa de 
Pós-Graduação em Economia, da 
Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte (UFRN), do campus Natal. 
 
Orientadora: Dra. Janaina da Silva 
Alves 
Coorientadora: Dra. Eliane Pinheiro 
de Sousa 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL – RN 
2022 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA 
Oliveira, Renata Benício de. 
 Eficiência do setor agropecuário nordestino e seus 
determinantes: uma análise para 2006 e 2017 / Renata Benício de 
Oliveira. - 2022. 
 96f.: il. 
 
 Dissertação (Mestrado em Economia) - Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, 
Programa de Pós-Graduação em Economia. Natal, RN, 2022. 
 Orientadora: Profa. Dra. Janaina da Silva Alves. 
 Coorientadora: Profa. Dra. Eliane Pinheiro de Sousa. 
 
 
 1. Setor Primário - Dissertação. 2. Análise Envoltória de 
Dados - Dissertação. 3. Índice de Malmquist - Dissertação. 4. 
Setor Agropecuário - Dissertação. I. Alves, Janaina da Silva. II. 
Sousa, Eliane Pinheiro de. III. Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte. IV. Título. 
 
RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 631.17 
 
 
 
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA 
 
Renata Benício de Oliveira 
 
EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO E SEUS 
DETERMINANTES: UMA ANÁLISE PARA 2006 E 2017 
 
Aprovada em: 14/12/2021 
Membros da Banca Examinadora 
 
 
___________________________________________________ 
Profa. Dra. Janaina da Silva Alves (orientadora) 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 
 
 
___________________________________________________ 
Profa. Dra. Eliane Pinheiro de Sousa (coorientadora) 
Universidade Regional do Cariri (URCA) 
 
 
___________________________________________________ 
Prof. Dra. Alice Aloísia da Cruz 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 
 
 
___________________________________________________ 
Prof. Dr. Ahmad Saeed Khan 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
 
 
 
Natal – RN 
2022 
 
 
RESUMO 
 
O setor agropecuário no Brasil possui a heterogeneidade como uma de suas principais 
características. Esse aspecto se reflete em questões econômicas, sociais e geográficas, 
entre outras, e, consequentemente, influencia nas relações entre os produtores e o 
mercado. Em outros termos, cada agente se encontra em condições específicas que são 
capazes de determinar se há ou não possibilidade de permanência no setor. Nesse sentido, 
considerando que os bens sejam homogêneos, fatores como grau de competitividade, 
qualidade, produtividade e eficiência se revelam com grande importância e, portanto, 
devem receber a atenção devida, principalmente, em regiões, como o Nordeste brasileiro, 
que abriga uma quantidade considerável de agricultores, em relação ao total nacional. 
Diante da inviabilidade de tratar de todas estas questões, a presente pesquisa tem seu foco 
direcionado à análise da eficiência. Dessa forma, objetiva mensurar a eficiência do setor 
agropecuário nos municípios nordestinos e seus determinantes, a partir de dados dos anos 
de 2006 e 2017, retirados dos Censos Agropecuários dos respectivos anos. 
Especificamente, almeja analisar o desenvolvimento do setor agropecuário nordestino, 
estudar os conceitos de eficiência debatidos na literatura e suas formas de aferi-la, calcular 
os escores de eficiência técnica e de escala do setor agropecuário dos municípios da região 
Nordeste e investigar os fatores determinantes desses escores de eficiência. Para mensurar 
a eficiência do setor agropecuário, utilizou-se o modelo de Análise Envoltória dos Dados 
(DEA), juntamente com o Índice de Malmquist, e, para investigar seus fatores 
determinantes, empregou-se o modelo de regressão quantílica, para uma amostra de 1.263 
municípios nordestinos. Os resultados evidenciaram que, em ambos os anos, quase a 
totalidade destes foi extremamente ineficiente, indicando, portanto, que os produtores 
estão tendo limitações em seu processo produtivo, e consequente desperdício de recursos. 
Além disso, o Índice de Malmquist revelou que o maior obstáculo para o aumento da 
eficiência é o atraso tecnológico. Acerca dos determinantes dos escores de eficiência 
mensurados, verificou-se que as variáveis analisadas influenciaram os quantis (0,25, 0,50 
e 0,75) de forma diferente, sendo que o percentual de estabelecimentos com acesso ao 
financiamento e recebimento de orientação técnica obtiveram sinal negativo com os 
escores de eficiência do setor agropecuário nordestino. Ademais, a dummy referente à 
localização do município em região semiárida e a participação relativa daqueles cujo 
dirigente possui ensino médio regular registraram os efeitos com maior magnitude em 
todos os quantis. Assim, concluiu-se que é necessário que o poder público fortaleça seus 
instrumentos promotores do desenvolvimento agropecuário no Nordeste e amplie o 
alcance destes, de modo a atingir uma maior quantidade de produtores. Ademais, sugere-
se maior investimento em educação, a fim de melhorar a eficiência agropecuária na região 
nordestina. 
 
Palavras-chave: Setor Primário. Análise Envoltória de Dados. Índice de Malmquist. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The agricultural sector in Brazil has heterogeneity as one of its main characteristics. This 
aspect is reflected in economic, social and geographic issues, among others, and, 
consequently, influences the relationship between producers and the market. In other 
words, each agent is in specific conditions that are capable of determining whether or not 
it is possible to remain in the sector. In this sense, considering that the goods are 
homogeneous, factors such as the degree of competitiveness, quality, productivity and 
efficiency are of great importance and, therefore, should receive due attention, especially 
in regions such as the Northeast of Brazil, which houses a large quantity considerable 
number of farmers in relation to the national total. Given the impossibility of dealing with 
all these issues, this research has its focus directed to the analysis of efficiency. Thus, it 
aims to measure the efficiency of the agricultural sector in northeastern municipalities 
and its determinants, based on data from the years 2006 and 2017, taken from the 
Agricultural Census of the respective years. Specifically, it aims to analyze the 
development of the northeastern agricultural sector, study the concepts of efficiency 
discussed in the literature and their ways of measuring it, calculate the technical efficiency 
and scale scores of the agricultural sector in the municipalities of the Northeast region 
and investigate the determining factors of these efficiency scores. To measure the 
efficiency of the agricultural sector, the Data Envelopment Analysis (DEA) model was 
used, along with the MalmquistIndex, and, to investigate its determining factors, the 
quantile regression model was used for a sample of 1,263 northeastern municipalities. 
The results showed that, in both years, almost all of these were extremely inefficient, 
indicating, therefore, that producers are having limitations in their production process, 
and a consequent waste of resources. Furthermore, the Malmquist Index revealed that the 
biggest obstacle to increasing efficiency is technological backwardness. Regarding the 
determinants of the measured efficiency scores, it was found that the analyzed variables 
influenced the quantiles (0.25, 0.50 and 0.75) differently, and the percentage of 
establishments with access to financing and receiving technical guidance obtained a 
negative sign with the efficiency scores of the northeastern agricultural sector. 
Furthermore, the dummy referring to the location of the municipality in a semi-arid region 
and the relative participation of those whose director has a regular high school education 
registered the effects with greater magnitude in all quantiles. Thus, it was concluded that 
it is necessary for the government to strengthen its instruments that promote agricultural 
development in the Northeast and expand their reach, in order to reach a greater number 
of producers. Furthermore, greater investment in education is suggested in order to 
improve agricultural efficiency in the Northeast region. 
 
Keywords: Primary Sector. Data Envelopment Analysis. Malmquist Index. 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Números, total e por tipo de agricultura, de estabelecimentos agropecuários 
nos estados nordestinos, nas grandes regiões e no Brasil, em 2006 e 2017 19 
Quadro 2 - Principais Vantagens e Limitações no Uso da Análise Envoltória de Dados
 52 
Quadro 3 - Classificação dos escores de eficiência 53 
Quadro 4 - Variáveis utilizadas em cada método e estudos que as inspiraram 59 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Eficiências Técnica e Alocativa sob a Orientação Produto 29 
Figura 2 - Eficiências Técnica e Alocativa sob a Orientação Insumo 31 
Figura 3 - Organograma das Técnicas de Mensuração da Eficiência 33 
Figura 4 - Representação da função de produção 35 
Figura 5 - Modelos e perspectivas da técnica de números índices direcionados à 
eficiência 36 
Figura 6 - Gráfico do Modelo DEA básico 52 
Figura 7 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme intervalos de eficiência 
técnica do setor agropecuário, em 2006 72 
Figura 8 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme intervalos de eficiência 
técnica do setor agropecuário, em 2017 73 
Figura 9 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme eficiência de escala do 
setor agropecuário, em 2006 74 
Figura 10 - Distribuição dos municípios nordestinos conforme eficiência de escala do 
setor agropecuário, em 2017 75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Grupos de tamanho da população 56 
Tabela 2 - Estatísticas descritivas das variáveis referentes aos inputs e outputs do 
modelo DEA, 2006 e 2017 60 
Tabela 3 - Estatísticas descritivas das variáveis referentes aos inputs e outputs do 
modelo DEA, 2006 e 2017, por grupos de municípios 64 
Tabela 4 - Distribuições das frequências absolutas (fi) e relativas (%) dos municípios 
nordestinos, conforme intervalos de medidas de eficiências, considerando o modelo 
CRS, em 2006 e 2017 69 
Tabela 5 - Distribuições das frequências absolutas (fi) e relativas (%) dos municípios 
nordestinos, conforme a eficiência de escala do setor agropecuário, em 2006 e 2017 76 
Tabela 6 - Distribuições das frequências absolutas (fi) e relativas (%) dos municípios 
nordestinos, em relação ao Índice de Malmquist e às mudanças na eficiência técnica e 
no nível tecnológico, entre 2006 e 2017 78 
Tabela 7 - Estimativa das variáveis explicativas do nível de eficiência técnica do setor 
agropecuário dos municípios nordestinos 81 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11 
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 15 
2 PANORAMA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO NO CONTEXTO 
NACIONAL .................................................................................................................. 16 
3 EFICIÊNCIA: CONCEITOS E ABORDAGENS .................................................. 26 
4 PANORAMA DA EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO: 
EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS ....................................................................................... 38 
5 METODOLOGIA ...................................................................................................... 51 
5.1 Análise Envoltória de Dados (DEA) ................................................................. 51 
5.2 Índice de Malmquist .......................................................................................... 54 
5.3 Testes Estatísticos .............................................................................................. 55 
5.4 Modelo de Regressão Quantílica ...................................................................... 57 
5.5 Variáveis e Fontes dos Dados ............................................................................ 58 
6 RESULTADOS SOBRE A EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO 
NORDESTINO ............................................................................................................. 68 
6.1 Análise dos Escores de Eficiência Técnica e de Escala ................................... 68 
6.2 Índice de Malmquist: alterações nos níveis de eficiência técnica e tecnologia
 ........................................................................................................................................ 77 
6.3 Determinantes dos Níveis de Eficiência do Setor Agropecuário Nordestino 79 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 83 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 85 
APÊNDICES ................................................................................................................. 96 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
O Brasil dispõe de diversas vantagens naturais, decorrentes de sua benéfica 
localização geográfica, que, juntamente às inversões feitas em prol do desenvolvimento 
da pesquisa e tecnologia agrícola, contribuíram para que o país viesse a se tornar um 
grande exportador de bens agropecuários (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS 
ESTRATÉGICOS, CGEE, 2018). Entre tais vantagens, podem ser mencionadas o clima 
favorável, que contribui para um custo de produção relativamente menor que em outras 
nações; a existência de largas extensões de terra adequadas para cultivo; e o apoio 
fornecido por instituições de pesquisa agropecuária conceituadas, como a Empresa 
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) (GUIMARÃES; PEREIRA, 2014). 
Assim, o papel da agropecuária nacional é extremamente relevante, tanto socialmente, a 
partir do fornecimento de gêneros alimentícios, como economicamente, sobretudo no que 
se refere ao crescimento do agronegócio (PINTOR; PIACENTI, 2016). 
O setor agropecuário é constituído por produtores de bens homogêneos 
(commodities). Sendo assim, a competitividade do setor está relacionada especialmente à 
utilização dos recursos disponíveis e ao nível tecnológico empregado nas propriedades 
rurais (GUIMARÃES; PEREIRA, 2014), ou seja, à eficiência da produção. Estar inserido 
em um ambiente produtivo com condições competitivas tem sido determinante para a 
continuidade da produção, sobretudo, após o fenômeno da globalização. Conforme Costa 
et al. (2013), nesse contexto, houve uma intensificação da concorrência e maior exigência 
por produtos de qualidade, acompanhadasda necessidade de atração e manutenção dos 
investimentos no setor, a fim de que esse se desenvolvesse. 
Nesse cenário, a agropecuária brasileira tem representado tanto uma parcela 
expressiva do Produto Interno Bruto (PIB) como das exportações nacionais. 
Considerando o ano de 2017, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE, 2017), esse segmento obteve uma participação de 5,7% no PIB, 
enquanto, paralelamente, conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e 
Comércio Exterior (MIDC, 2022), esse setor também foi responsável por 17,94% do valor 
total das exportações, tornando o Brasil o terceiro maior exportador de produtos 
agropecuários no mundo. 
As atividades agropecuárias estão presentes em todo o território nacional. No ano 
de 2017, o Censo Agropecuário de 2017 apontou que o Brasil possuía 5.073.324 
estabelecimentos agropecuários, localizados em um total de 351.289.816 hectares, o 
equivalente a aproximadamente 41% da área do país (IBGE, 2019). Em âmbito regional, 
12 
 
 
 
ao se observar o número de estabelecimentos agropecuários, percebe-se que sua 
distribuição é semelhante ao longo do país, com exceção do Nordeste, onde há maior 
concentração. Segundo o Banco do Nordeste do Brasil e o Escritório Técnico de Estudos 
Econômicos do Nordeste (BNB; ETENE, 2018a), com base nos dados do Censo 
Agropecuário 2017, essa região abriga 2,2 milhões de unidades agropecuárias, o que 
corresponde a 45,8% do total nacional, que estão alocadas em uma área de 70,6 milhões 
de hectares, equivalente a 45,31% da área nordestina. 
No que se refere à forma como a agricultura é praticada no Nordeste, Castro 
(2012) explica que essa é muito diversificada, tanto em termos do que se é cultivado como 
do nível da tecnologia empregada na produção. Esse é, geralmente, defasado em relação 
ao empregado em atividades semelhantes realizadas em outras regiões do país, que, por 
vezes, apresentam melhores índices de produtividade para essas mesmas atividades. Parte 
desse atraso tecnológico é explicado pela dificuldade, ou ainda a total ausência, de acesso 
à assistência técnica por parte dos produtores rurais, uma vez que o tamanho do corpo 
técnico das instituições oficiais responsáveis por esse apoio não possibilita a orientação 
individualizada aos agricultores. Consequentemente, as safras nordestinas tendem a 
permanecer abaixo do potencial produtivo. 
Além da defasagem tecnológica, os produtores se deparam com diversos 
obstáculos, como uso racional dos recursos naturais; crescente demanda pela automação 
do processo produtivo, em razão da urbanização; necessidade de aumento da produção 
sustentável de gêneros alimentícios, a fim de abastecer a população mundial crescente 
(CGEE, 2018); elevação contínua do nível de qualidade dos produtos ofertados; e 
integração da produção de pequenos, médios e grandes produtores aos principais canais 
de comercialização (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E 
ABASTECIMENTO, MAPA, 2012). Todavia, apesar dessas dificuldades, o principal 
ponto de estrangulamento do setor agropecuário está diretamente relacionado à 
deficiência na infraestrutura logística, o que compromete o escoamento e a armazenagem 
da produção, impedindo, assim, sua elevação (GUIMARÃES; PEREIRA, 2014). No caso 
da região Nordeste, acrescenta-se questões relacionadas à deficiência logística, ausência 
de crédito e assistência técnica, porém o maior problema é a longa duração das estiagens. 
Como consequência, parte da produção nordestina é perdida e o êxodo rural é estimulado 
(CASTRO, 2012). 
Essas características fazem da agropecuária nordestina um empreendimento muito 
arriscado. Além disso, a parcela nordestina desse setor dispõe de restrito acesso aos 
13 
 
 
 
mercados, o que compromete o desenvolvimento regional (SILVA et al., 2018), tendo em 
vista sua relevância social e econômica no meio rural. Portanto, tendo em vista a 
importância do setor agropecuário para a região e os desafios locais e globais enfrentados, 
faz-se necessária a busca pela eficiência produtiva, a fim de otimizar os recursos 
disponíveis. 
Nesse sentido, Santos e Fernandes (2009) enfatizam que elevações nos níveis de 
eficiência da produção fazem com que o setor possa ampliar sua contribuição no processo 
de desenvolvimento, tendo em vista que a mensuração da eficiência das unidades 
produtivas beneficia tanto o planejamento quanto a tomada de decisão. Sepulcri (2004) 
defende que essa noção está relacionada à gestão agropecuária, que abrange um processo 
de escolhas sobre as ações a serem executadas, em relação à alocação, organização e 
emprego dos insumos de produção; no intuito de se conseguir os resultados almejados. 
Assim, deve-se primar por uma gestão eficiente dos recursos produtivos disponíveis. 
A análise da eficiência com enfoque nas atividades agropecuárias tem sido 
bastante estudada nos últimos anos tendo como objetivo principal realizar o diagnóstico 
e a identificação das ineficiências existentes e das suas origens, bem como evidenciar 
quais unidades produtivas podem ser consideradas eficientes e, assim, servir como 
referência para as demais, que deverão aprimorar a alocação dos recursos que empregam 
no processo de produção (BARBOSA; SOUSA, 2014). Entre tais estudos, podem ser 
mencionados Villano, Boshrabadi e Fleming (2010), Ayaz e Hussain (2011), Blancard e 
Martin (2012), Barbosa et al. (2013), Barbosa, Lima e Sousa (2014), Kourtesi, Witte e 
Polymeros (2016), Travassos et al. (2016), Scherer e Porsse (2017), Effendy et al. (2019), 
Silva et al. (2019a), Pinto e Coronel (2020), Reis et al. (2020), Arias-Robles e Alarcón 
(2021) e Gaviglio et al. (2021). 
Na presença de ineficiências técnicas, os produtores possuem condições de elevar 
a quantidade produzida, sem a necessidade de aumentar seu nível de insumos, que, 
geralmente, são escassos, ou adotar novas tecnologias ou práticas. Assim, pode-se evitar 
que os recursos disponíveis sejam desperdiçados, o que é um requisito para a 
sustentabilidade econômica. Ademais, é comum que agricultores mais eficientes tenham 
resultados econômicos melhores do que os menos eficientes (GUESMI et al., 2012). 
14 
 
 
 
Considera-se que o setor agropecuário é um dos que colabora para a geração de 
empregos1 e de excedente exportável2. Dessa forma, elevar os níveis de eficiência da 
produção rural é uma das metas mais relevantes que os governos têm buscado ao longo 
dos anos, em razão dos benefícios proporcionados, como aumento da produção e da renda 
dos produtores rurais, o que desestimula o êxodo rural; elevação do saldo da balança 
comercial (GOMES; BAPTISTA, 2004); aumento da segurança alimentar e a criação de 
excedentes que contribuem de forma considerável para o crescimento industrial 
(SCHERER; PORSSE, 2017). 
Tão importante quanto detectar se as unidades produtivas estão empregando ou 
não seus recursos de forma eficiente é identificar os fatores que explicam os resultados 
obtidos, a fim de se buscar alternativas capazes de sanar quaisquer pontos de ineficiência 
existentes. Nesse sentido, a literatura aponta diversos fatores que podem explicá-los. 
Barbosa et al. (2013) citam o uso de adubos, o acesso à assistência técnica, a participação 
da mão de obra utilizada de caráter familiar e o acesso ao crédito. Freitas (2014) expõe o 
uso de sistemas de irrigação, a existência de unidade armazenadora na propriedade e a 
condição do produtor em relação à terra. Fernandes e Pascual (2015) destacam o grau de 
instrução, a média de idade e o tamanho da propriedade. Scherer e Porsse (2017) 
mencionam o nível de precipitações, o clima, a temperatura e o bioma. Reis, Moreira e 
Vilpoux (2018) aludem à diversificação do cultivo, ao cooperativismo e aos anos de 
experiência nas atividades praticadas no estabelecimento. 
Diante do exposto, infere-se que análises direcionadas à eficiência permitem a 
identificação de gargalos noprocesso de produção e, assim, facilita o planejamento e a 
tomada de decisão, de modo a melhorar o desempenho de determinado setor e, 
consequentemente, das condições de vida da parcela da população que está envolvida 
nessas atividades. Sob essas considerações, estudos a respeito da eficiência do setor 
agropecuário e seus determinantes se revelam de suma importância, principalmente em 
regiões como o Nordeste, em que uma parcela expressiva de sua população depende desse 
tipo de atividade para garantir sua sobrevivência. Dessa forma, o presente trabalho se 
fundamenta nas seguintes questões: os agropecuaristas nordestinos estão alocando seus 
 
1 O número de pessoas ocupadas, em 2017, correspondeu a 1,5 milhões, no setor agropecuário (IBGE, 
2019a); a 7,7 milhões, na indústria (IBGE, 2019b); e a 12,3 milhões, no setor de serviços (GANDRA, 
2019). 
2 Em 2017, a participação do agronegócio nas exportações totais do Brasil foi de 44% (CENTRO DE 
ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA, CEPEA, 2018). 
15 
 
 
 
recursos produtivos de forma eficiente? Quais fatores influenciam a sua eficiência? Para 
responder a estas questões, a seguir são descritos os objetivos do trabalho. 
 
1.1 OBJETIVOS 
O objetivo geral desta pesquisa é mensurar a eficiência do setor agropecuário nos 
municípios localizados na região Nordeste do Brasil e seus determinantes, em relação aos 
anos de 2006 e 2017. Além deste objetivo geral, estão elencados a seguir os objetivos 
específicos deste trabalho: 
 
● Analisar o desenvolvimento do setor agropecuário nordestino; 
● Estudar as definições de eficiência debatidas na literatura e suas técnicas de 
mensuração; 
● Calcular os escores de eficiência técnica e de escala do setor agropecuário dos 
municípios nordestinos; 
● Investigar os fatores condicionantes dos níveis de eficiência técnica e de escala da 
produção agropecuária nordestina. 
 
Sendo assim, além desta introdução, esta Dissertação possui sete capítulos, em 
que o segundo contextualiza a evolução do setor agropecuário nordestino em relação ao 
nacional, o terceiro discute as definições de eficiência e as suas diferentes formas de 
mensuração, o quarto apresenta a revisão de literatura acerca da eficiência agropecuária 
em âmbito nacional e internacional, o quinto explana a metodologia empregada, o sexto 
expõe e discute os resultados e, por fim, o sétimo exibe as considerações finais. 
16 
 
 
 
2 PANORAMA DO SETOR AGROPECUÁRIO NORDESTINO NO CONTEXTO 
NACIONAL 
A prática de atividades rurais no Brasil se depara com dificuldades distintas, 
decorrentes de sua heterogeneidade natural, que se refere aos relevos, tipos de solo, 
temperaturas e à presença de estações secas e úmidas afetadas por fenômenos climáticos 
cíclicos. Logo, é normal que a agropecuária brasileira possua uma estrutura bastante 
diversificada, abrangendo propriedades de vários tamanhos, diferentes biomas, povos e 
comunidades, produtores que divergem no tocante às técnicas empregadas no processo 
de produção, regiões com pior ou melhor logística etc. (MAPA, 2012). 
A agropecuária está continuamente experimentando um processo de 
modificações, em virtude das condições inerentes à sua natureza, como o regime de 
concorrência em que está inserido, caracterizado por grande quantidade de agentes e pela 
produção de commodities homogêneas; ao cenário de incertezas, as quais algumas são 
comuns a outros setores e outras são exclusivas, como é o caso dos efeitos do clima sobre 
o nível de produção; a acentuada instabilidade dos preços; e a forte influência dos preços 
externos. Assim, durante e em razão de tais transformações, o setor agropecuário 
apresenta descontinuidades em sua composição, de forma que “alguns agricultores 
migram de níveis de produtividade mais baixos para níveis mais elevados, enquanto 
outros perecem no processo e se tornam potenciais migrantes para a cidade” (LOPES et 
al., 2012, p. 21-22). 
Tendo em vista que uma parcela expressiva das commodities produzidas tem sua 
venda destinada ao mercado externo, o setor agropecuário é bastante afetado pela 
conjuntura internacional. Em geral, os preços praticados no mercado nacional tendem a 
se assemelhar aos internacionais, com algumas divergências derivadas de custos com 
frete (no caso de produtos exportados) e de tarifas de importação (no caso de produtos 
como leite, trigo e arroz). Dessa forma, a agropecuária é afetada positivamente 
(negativamente), quando a economia mundial cresce (entra em recessão), em razão das 
elevações (reduções) na demanda pelas commodities e em seus preços. Outro ponto 
importante a ser ressaltado é que a produção nacional não é capaz de suprir toda a 
demanda interna. Assim, as importações de produtos agropecuários são responsáveis por 
complementar esse atendimento, sobretudo, nas épocas de entressafra (GUIMARÃES; 
PEREIRA, 2014). 
O setor agropecuário possui um papel importante na economia, sobretudo a 
brasileira, tendo em vista sua capacidade de gerar empregos, renda, divisas internacionais 
17 
 
 
 
e segurança alimentar (GOMES; ALCANTARA FILHO; SCALCO, 2013). Em termos 
econômicos, destaca-se seu excelente desempenho, enquanto principal gerador de 
receitas cambiais líquidas, tendo em vista que, entre 2007 e 2017, as exportações líquidas 
do agronegócio foram determinantes para manter o superávit da balança comercial, 
conforme apontado por Reginato, Cunha e Vasconcelos (2019), com base em dados da 
Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Agricultura e Abastecimento, do 
AgroStar e Ipeadata. 
Além disso, a partir de informações do IBGE, Reginato, Cunha e Vasconcelos 
(2019) acrescentam que a produção do setor agropecuário vem crescendo e se destacando 
desde a década de 1990. Em termos de PIB, a taxa média anual de crescimento desse 
segmento (3,6%), entre 1995 e 2017, foi superior tanto à nacional (2,3%) como a dos 
setores de comércio e serviços (1,9%) e industrial (1,3%), o que evidencia a relevância 
das atividades primárias para o crescimento econômico durante esse período. Ao se 
considerar somente os anos mais recentes, essa tendência também é mantida. Entre 2011 
e 2017, por exemplo, o crescimento anual médio da agropecuária alcançou 3,1%, 
enquanto o PIB do país e o setor industrial registraram variações anuais médias inferiores 
a 1%. 
A relevância do setor agropecuário também é notável na região Nordeste. Segundo 
o BNB e ETENE (2018b), somente no primeiro semestre de 2018, as vendas do 
agronegócio corresponderam a 43,5% do total exportado pela região, se igualando ao 
percentual registrado pelo segmento, em âmbito nacional, nas exportações do país. Em 
termos de valores monetários, dados recentes destacados pelo BNB (2020) mostram que, 
em 2019, o agronegócio nordestino obteve um superávit de 5,41 bilhões de dólares na 
balança comercial, oriundos das exportações de 15,4 milhões de toneladas de bens 
primários. Considerando a produção como um todo, a Produção Agrícola Municipal 
(PAM), pesquisa realizada pelo IBGE (2020), revela que os valores correntes da produção 
agropecuária nordestina, ainda em 2019, ultrapassaram os 42 milhões de reais, 
equivalentes a quase 12% do total registrado pelo Brasil. 
Não obstante o bom desempenho do setor agropecuário nordestino, desde o 
período colonial, é perceptível a existência de diferenças no ritmo de desenvolvimento da 
agricultura entre as unidades federativas e regiões do país, em decorrência da diversidade 
dos ciclos econômicos vivenciados, relações de trabalho, disponibilidade relativa dos 
fatores de produção, aspectos culturais (GOMES; ALCANTARA FILHO; SCALCO, 
2013), tipos de solo, práticas agropecuárias adotadas, produtos cultivados, animais 
18 
 
 
 
criados (SILVA; SILVA, 2016) e outros fatores relacionados às questões políticas, 
geográficas, climáticas, sociais e tecnológicas (SILVA et al., 2018). 
Especificamente na região Nordeste, Ferreira (2003)destaca a predominância de 
pequenos produtores agropecuários, concentração de terra, baixo nível de produtividade 
e irregularidade pluviométrica como principais características. Já em relação ao tipo de 
agricultura praticada, Lira (2016) destaca a predominância da agricultura de sequeiro, que 
tem como principal aspecto a dependência da precipitação de chuvas para que a cultura 
complete seu ciclo, o que traz muitas dificuldades aos produtores nordestinos, que 
possuem pouca capacidade para manter suas atividades em períodos contínuos de estresse 
hídrico, tendo em vista a baixa incidência de chuvas na região. 
Além disso, Moura, Khan e Silva (2000, p. 213) enfatizam a existência de 
diferenças estruturais e sobre como a agricultura é praticada dentro da própria região, ao 
explicar que, nela, as agriculturas moderna e tradicional coexistem. A primeira é intensiva 
em capital e utilizadora de tecnologias avançadas, que proporcionam níveis elevados de 
produtividade. A segunda, todavia, não conseguiu ter acesso às técnicas mais 
desenvolvidas e, consequentemente, faz uso de métodos primitivos, que demandam 
pouco capital e são caracterizados pela baixa produtividade. Dessa forma, a questão do 
pequeno produtor rural, que pratica a agricultura tradicional e integra a maior parte dos 
agropecuaristas da região, “se coloca de forma bastante complexa no conjunto da 
agricultura nordestina.” 
Segundo Guanziroli, Sabbato e Vidal (2014), a maioria dos produtores rurais 
nordestinos é formada por agricultores familiares. Apesar das diferentes definições 
adquiridas ao longo do tempo, a agricultura familiar é, geralmente, caracterizada pela 
pequena produção, comumente destinada à subsistência; enquanto a agricultura patronal 
é associada a níveis de produção elevados e alta integração no mercado. Tais aspectos, 
inerentes aos seus respectivos modos de produção, associados às próprias diferenças 
locacionais, fazem com que os produtores se comportem de formas distintas. 
Neste estudo, considera-se o conceito de agricultura familiar definido pela Lei 
n°11.326, no ano de 2006, que estabelece que os produtores familiares são aqueles que 
realizam suas atividades na zona rural e possuem, simultaneamente, quatro critérios: não 
possua propriedade com área superior a quatro módulos fiscais; utilize, 
predominantemente, mão de obra familiar nas atividades de seu estabelecimento; aufira 
um determinado percentual mínimo de renda familiar originada de sua unidade produtiva, 
a ser especificado pelo Executivo; e dirija esta juntamente com sua família. 
19 
 
 
 
A fim de observar como se dá a participação da agricultura familiar e não familiar 
no Nordeste, bem como eventuais diferenças entre esta, as demais regiões e o Brasil, o 
Quadro 1 apresenta o número total de estabelecimentos nas unidades federativas 
nordestinas, nas cinco grandes regiões e no Brasil, nos últimos dois Censos 
Agropecuários realizados. Como pode ser observado, tanto em 2006 como em 2017, a 
agricultura familiar se sobressaiu com a maior participação, não apenas no Nordeste, mas 
em todas as outras regiões do país, reafirmando a importância dos pequenos produtores 
para o setor como um todo. 
Ademais, quando observado o número de estabelecimentos familiares em relação 
ao total de estabelecimentos existentes em cada estado nordestino, verifica-se que, em 
2006, Alagoas obteve a maior proporção de unidades familiares, com 90,14%; enquanto 
o Rio Grande do Norte registrou a menor, com 84,65%. Já em 2017, a maior participação 
foi alcançada por Maranhão, com 85,14%; enquanto a menor foi obtida pelo Ceará, com 
75,54%. 
Quadro 1 - Números, total e por tipo de agricultura, de estabelecimentos agropecuários 
nos estados nordestinos, nas grandes regiões e no Brasil, em 2006 e 2017 
Brasil, Região e 
Unidade da 
Federação 
Total Tipo de agricultura 
2006 2017 
Não Familiar Familiar 
2006 2017 2006 2017 
Maranhão 140.378 219.765 18.732 32.647 121.646 187.118 
Piauí 142.885 245.601 16.649 48.355 126.236 197.246 
Ceará 200.100 394.330 24.522 96.468 175.578 297.862 
Rio Grande do Norte 64.179 63.452 9.850 12.772 54.329 50.680 
Paraíba 121.351 163.218 14.748 37.729 106.603 125.489 
Pernambuco 233.937 281.688 23.168 49.077 210.769 232.611 
Alagoas 93.006 98.542 9.168 16.173 83.838 82.369 
Sergipe 90.627 93.275 9.256 21.215 81.371 72.060 
Bahia 682.899 762.848 87.101 169.437 595.798 593.411 
Nordeste 1.769.362 2.322.719 213.194 483.873 1.556.168 1.838.846 
Norte 400.767 580.613 58.461 100.038 342.306 480.575 
Sudeste 809.965 969.415 202.549 280.470 607.416 688.945 
Sul 862.059 853.314 135.128 187.547 726.931 665.767 
Centro-Oeste 293.725 347.263 93.599 123.988 200.126 223.275 
Brasil 4.135.878 5.073.324 702.931 1.175.916 3.432.947 3.897.408 
Fonte: Elaboração própria com base nos Censos Agropecuários de 2006 e 2017. 
20 
 
 
 
Constata-se, ainda, que, em 2006, a agricultura familiar era praticada em 
3.432.947 estabelecimentos agropecuários brasileiros, o que corresponde a 83% do total, 
enquanto, em 2017, esse número cresceu, em termos absolutos, atingindo 3.897.408 
unidades, o equivalente a 76,82%, registrando, assim, um decréscimo em termos 
percentuais. 
Em nível regional, tem-se que, em 2006, o Nordeste foi a região com o maior 
percentual de estabelecimentos familiares, em relação ao seu total, com 87,95% 
(1.556.168 unidades); enquanto em 2017, não obstante seu crescimento em termos 
absolutos, alcançando 1.838.846 unidades produtivas, teve sua participação relativa 
reduzida para 79,17%, ficando abaixo da região Norte (82,77%). Em contrapartida, em 
ambos os anos, o Centro-Oeste registrou o menor percentual de estabelecimentos 
familiares, com 68,13% e 64,3%, respectivamente. 
2.1 Breve Evolução do Setor Agropecuário 
Ao se observar a evolução da agropecuária brasileira, tem-se que, até a década de 
1960, as técnicas de produção agropecuária eram, predominantemente, do tipo artesanal 
(PEREIRA, 2003). Esse fator, juntamente com outras características do setor, 
especialmente a concentração fundiária e o baixo nível de assalariamento dos 
trabalhadores da zona rural, dificultavam o seu desenvolvimento. Assim, a sociedade da 
época tinha como uma de suas principais preocupações as questões agrárias, sendo que o 
debate estava fundamentado por duas vertentes de pensamento, na qual, por um lado, 
tinha-se aqueles que defendiam uma reforma agrária que ampliasse o acesso dos 
trabalhadores rurais à terra; e por outro lado, havia os apoiadores da modernização 
agrícola, sob o argumento de que, dessa forma, o nível de produção seria elevado e os 
produtores teriam seu bem-estar melhorado, sem a necessidade da reforma agrária 
(MELO, 2011). 
Nesse sentido, Delgado (2005) explica que, após o início do regime militar, em 
1964, as questões envolvendo essa discussão passam a ser o principal foco do governo, 
cuja prioridade passou a ser a busca por formas de fazer crescer a produção e a 
produtividade do setor agrícola, em razão das demandas urbana e do setor externo, que 
estavam em expansão. Para isso, a política agrícola e comercial do período é direcionada 
à promoção de um aprofundamento das relações técnicas da agricultura com a indústria 
e de ambos com o setor externo. 
21 
 
 
 
Dessa forma, nas duas décadas seguintes, teve-se o início de seu processo de 
modernização, ocorrido em decorrência da execução de várias políticas públicas, com 
destaque àquelas direcionadas à oferta de crédito subsidiado, ao estabelecimento de 
preços mínimos de garantia para os gêneros alimentícios e ao desenvolvimento na área 
de pesquisa e extensão rural. Todavia, ressalta-se que o crescimento agropecuário 
aconteceu de formas distintas nesses dois períodos, sendo que, nos anos de 1970, foi 
baseado na incorporação de novas terras e de mais mão-de-obra; e, nos anos de 1980, teve 
como pilar o aumento da produtividade desses fatores (VICENTE,2002), sendo também 
dependente de investimentos, que objetivavam difundir as tecnologias, recuperar o solo 
e aumentar a produção de alimentos agrícolas destinados ao mercado nacional (PINTOR; 
PIACENTI, 2016). 
No caso do suporte governamental via fornecimento de crédito, ao observar os 
anos de 1966-2000, Matos e Pessôa (2011) verificaram que, de 1966 até 1970, os 
produtores das regiões Sul e Sudeste obtiveram 77,4% do total disponibilizado e, nos anos 
seguintes, o equivalente a aproximadamente 65% do crédito nacional. Além disso, em 
1966, os produtores da região Centro-Oeste não registraram nenhuma participação. Já em 
1970, esta região conseguiu obter 6,5% do crédito do país e, desde então, tal percentual 
registrou elevações, alcançando seu máximo, 32,9%, em 1988/89, em virtude da 
implantação de programas públicos que estimulavam a ocupação do Cerrado. Por outro 
lado, juntas, as regiões Norte e Nordeste apresentaram em 1966, sua maior porcentagem, 
com 23%, de forma que, no restante do período essa proporção decresceu, variando entre 
10% e 16%. 
Matos e Pessôa (2011) apontam, ainda, a existência de desigualdades na política 
de preços mínimos, que fornecia suporte para os agropecuaristas, reduzindo os danos 
econômicos ocorridos pelas modificações nas condições de mercado e por fatores 
naturais; e na política de seguro agrícola, em que quaisquer prejuízos obtidos nas 
plantações eram ressarcidos pelo poder público. Assim como o fornecimento de crédito, 
tais políticas também apresentaram caráter seletivo, tendo em vista que apenas 
determinados tipos de lavouras e produtores poderiam usufruir das mesmas. Os principais 
favorecidos por tal iniciativa foram os médios e grandes produtores, enquanto, em termos 
de commodities, a soja era um dos produtos mais beneficiados. Portanto, os pequenos 
produtores ficaram, novamente, excluídos. 
Essas transformações no setor agropecuário tiveram consequências positivas e 
negativas. Em relação às primeiras, Pereira (1999) destaca a diversificação da pauta de 
22 
 
 
 
produtos considerados economicamente relevantes. No caso das segundas, Pires e Ramos 
(2009) enfatizam o agravamento da heterogeneidade setorial nacional, em todos os 
aspectos, tendo em vista que os hiatos existentes entre os produtores rurais com 
disponibilidade de recursos suficientes para demandar as inovações tecnológicas e 
aqueles que conseguem produzir apenas em nível de subsistência foram expandidos. 
Assim, Delgado (2001) explica que, nesse período, houve uma modernização 
conservadora, uma vez que a integração técnica do setor secundário com o primário 
abrangeu somente as oligarquias rurais vinculadas ao capital comercial. 
Nesse contexto, tem-se, portanto, que o progresso técnico voltado à agricultura e 
pecuária brasileiras foi absorvido pelos empresários do ramo que dispunham dos grandes 
volumes de capital necessários para realizar os investimentos em suas firmas, localizadas, 
geralmente, no Centro-Sul do Brasil; e excluiu, assim, os demais, que, em geral, eram 
pequenos produtores, residentes, sobretudo, nas regiões Norte e Nordeste. Para se ter uma 
noção dessa realidade, em 1985, 93% dos produtores brasileiros não possuíam tratores, 
um percentual que correspondia a 4,5 milhões de pessoas. Logo, essa massa populacional 
rural dispunha em sua propriedade apenas de uma moradia para a família, não possuindo, 
individualmente, qualquer papel produtivo importante à nível nacional (SILVA, 1998). 
Tais condições sociais proporcionaram um forte estímulo ao êxodo rural. Assim, 
na tentativa de melhorar seu bem-estar, muitos produtores rurais migraram para os centros 
urbanos. Paralelamente, aqueles que se mantiveram no campo continuavam a enfrentar a 
pobreza e a tentar se adaptar às novas mudanças. Entretanto, dadas as difíceis 
circunstâncias nas quais estavam inseridos e em razão do caráter seletivo da 
modernização agropecuária, eventualmente, viam-se obrigados a vender suas 
propriedades e migrar para a cidade, renunciando, muitas vezes, o estabelecimento onde 
produziam os alimentos para sua subsistência (NEUMANN; FAJARDO; MARIN, 2017). 
Todavia, nem sempre as condições na zona urbana eram melhores. Assim, muitos 
produtores se submetiam a condições depreciadas de trabalho, enquanto outros sequer 
encontravam uma nova ocupação (MEYER; SILVA, 1998). 
Ferreira (2003) acrescenta que, além das desigualdades regionais durante o 
processo de modernização agropecuária, também houve disparidades intrarregionais, 
como ocorreu no Nordeste. Nessa parte do país, as modificações foram direcionadas para 
solucionar os problemas causados pela irregularidade das chuvas, por meio da construção 
de amplos perímetros irrigados públicos, acompanhados de projetos de assentamento, 
produção de gêneros alimentícios, colonização e incentivo à produção familiar. 
23 
 
 
 
Entretanto, tais transformações ocorreram de forma heterogênea e seletiva, tanto em 
relação ao espaço quanto aos bens produzidos. Fornazier e Vieira Filho (2012) ressaltam 
que, consequentemente, os produtores que foram excluídos desse processo tiveram suas 
condições de vida pioradas, mantendo-se na zona rural e praticando atividades pouco 
monetizadas, dependendo, muitas vezes, de outros recursos para assegurar sua 
sobrevivência, como as rendas de transferências governamentais. 
Posteriormente, durante os anos de 1990, o setor agropecuário brasileiro foi 
pressionado a passar por novas transformações, em virtude da abertura da economia ao 
mercado internacional. Além disso, retomou-se a preocupação com relação às 
disparidades entre as regiões, no que se refere à rapidez de incorporação e expansão do 
uso da terra3, à adoção de técnicas avançadas no processo produtivo e à utilização de 
assistência técnica. Sob essas novas circunstâncias, surgiram alguns desafios a serem 
superados pelo setor, como a necessidade de se elevar a eficiência e identificar potenciais 
ganhos de produtividade (MARINHO; CARVALHO, 2004). Dessa forma, o setor 
agropecuário deve buscar a eficiência máxima dos insumos empregados, sobretudo, nas 
regiões naturalmente menos produtivas e/ou com técnicas menos avançadas, a fim de 
reduzir esse hiato produtivo. 
Lira (2016) explica que o setor agropecuário tem como uma de suas principais 
características a heterogeneidade, aspecto que não se restringe somente a fatores 
geográficos e climáticos, mas engloba também aspectos econômicos, sociais e referentes 
à disponibilidade de recursos, o que, eventualmente, implica em diferenças entre os 
próprios agricultores, sendo refletidas em termos de potencialidades e restrições 
associadas aos recursos e habilidades de geração de renda, capacitação, aprendizado 
obtido por meio de seus antecedentes e/ou assistência técnica, localização etc. Sendo 
assim, cada estabelecimento produtivo acaba desenvolvendo suas próprias estratégias de 
sobrevivência e de produção, o que contribui para a complexidade e diversidade do setor. 
Considerando-se essas diferenças entre os agropecuaristas e na tentativa de 
compensar a não realização de uma reforma agrária, Neumann, Fajardo e Marin (2017) 
acrescentam que, a partir de então, o poder público modificou as orientações das políticas 
de desenvolvimento do meio rural, que passaram a compreender as especificidades de 
 
3 Nesse período, Pintor e Piacenti (2016) explicam que a maioria das unidades federativas, principalmente 
aquelas localizadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, teve seu processo de abertura agrícola 
esgotado, dada a impossibilidade de expansão em novas áreas. Em contrapartida, naquelas pertencentes às 
regiões Norte e Nordeste, caracterizadas pela abundância de terras, tal processo foi acentuado, de modo que 
se avançou sobre as áreas do Cerrado e pastagens naturais. 
24 
 
 
 
ambos os grupos de agricultores, perdendo, assim, seu caráter totalmente produtivista, 
que tendia a excluir ospequenos produtores; e enfatizando o papel dos atores sociais. 
Dessa forma, a partir da segunda metade da década de 1990, uma característica 
bastante notada do setor agropecuário é a sua forte dependência das políticas públicas, 
entre as quais se destacam a oferta de crédito rural subsidiado, a Política de Garantia de 
Preços Mínimos (PGPM) e as políticas de proteção à produção familiar. Em relação à 
primeira, o programa de crédito mais importante para os produtores rurais é o Programa 
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). As duas últimas, por sua 
vez, estão relacionadas, pois, embora a PGPM tenha sido instituída durante o período de 
modernização conservadora, foi reforçada, a posteriori, por políticas auxiliares, como o 
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação 
Escolar (PNAE), que determinam a aquisição de parte da produção proveniente dos 
agricultores familiares, por entes governamentais, a um preço fixado pelo governo 
(GUIMARÃES; PEREIRA, 2014). 
Apesar da tentativa de desenvolver a produção agropecuária nacional, as políticas 
agrícolas implementadas pelo governo, durante a década de 1990, acentuaram as 
desigualdades regionais, especialmente, na região Nordeste em relação às demais. Um 
exemplo disso é o PRONAF, cujos recursos são considerados escassos e caros e que foi 
relativamente pouco usufruído pelos produtores nordestinos. Esse Programa foi orientado 
aos agricultores e pecuaristas que já estavam razoavelmente integrados ao mercado e que, 
deste modo, apresentavam condições, na visão do governo, de empregar os recursos 
obtidos eficientemente. Entretanto, como mais de 80% dos agropecuaristas da região 
encontravam-se descapitalizados ou em processo de descapitalização, esses não 
constituíram o público do PRONAF (FREIRE, 1999). 
O acesso limitado ao crédito rural, por parte dos produtores nordestinos, não se 
restringiu aos anos iniciais da implementação desse tipo de programa. Baseado nos dados 
dos Censos Agropecuários de 2006 e 2017, verifica-se que, na região Nordeste, apenas 
325.399 estabelecimentos rurais tiveram acesso ao financiamento no primeiro ano, 
enquanto somente 284.728 unidades produtivas obtiveram crédito no segundo ano, o que 
equivale a aproximadamente 13% e 12% do total de estabelecimentos existentes na 
região, respectivamente (IBGE, 2007; IBGE, 2019). Nesse contexto, Nogueira (2005) 
explica que, em decorrência da assimetria de oportunidades, acentuada pela política 
agrícola discriminante, há, também, uma disparidade expressiva nos níveis de renda, de 
modo que, em algumas regiões do país, esses são muito inferiores, enquanto em outras, 
25 
 
 
 
são bastante elevados, o que é reflexo das divergências em relação à remuneração dos 
fatores de produção, sobretudo a mão de obra. Ademais, Araujo e Mancal (2015) 
explicam que, nas regiões menos desenvolvidas, é preciso que as políticas direcionadas 
ao desenvolvimento do setor sejam acompanhadas de investimentos complementares em 
infraestrutura. 
Como pode ser observado, ao longo de toda a história, o desenvolvimento da 
agropecuária brasileira ocorreu de forma desigual entre as regiões do país, 
particularmente, em detrimento do Nordeste (FERREIRA, 2003). Além disso, as 
disparidades também foram agravadas em nível intrarregional, sendo que os produtores 
que detinham algum capital puderam modernizar suas empresas e obter vantagens na 
comercialização de seus produtos, enquanto os pequenos agropecuaristas preservavam 
suas técnicas primitivas e continuavam a produzir para sua subsistência. Portanto, o 
cenário vigente é de uma região que, embora abrigue a maior parte dos produtores 
brasileiros, possui sua produção comprometida por fatores climáticos, políticos, sociais e 
econômicos. Diante de tantos obstáculos, a utilização eficiente de seus recursos 
produtivos se torna de extrema relevância, ao otimizar os recursos, que são escassos. Esse 
assunto será discutido de forma mais aprofundada no próximo capítulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
3 EFICIÊNCIA: CONCEITOS E ABORDAGENS 
Na literatura econômica, a mensuração do nível de eficiência, no que se refere ao 
processo de produção, é realizada com base na comparação entre os valores observados 
e os valores considerados ótimos. Portanto, a noção de eficiência está conectada com o 
menor custo ou a maior produção possível em dado sistema produtivo (FREITAS, 2014). 
Dessa forma, um processo produtivo economicamente eficiente é aquele em que os custos 
são minimizados, empregando-se a melhor combinação possível dos insumos 
disponíveis, dados os seus respectivos preços, e, simultaneamente, o produto potencial é 
maximizado (ALMEIDA, 2012). 
Por vezes, o conceito de eficiência é confundido com o de produtividade, porém 
esses termos possuem significados diferentes. Enquanto a eficiência é focada em valores 
ótimos, a fim de evitar desperdícios, a produtividade está associada à razão entre produto 
e insumo, isto é, a quantidade produzida por cada unidade de insumo utilizado. Dessa 
forma, quando uma unidade produtiva corrige suas ineficiências, a produtividade 
aumenta, porém, não necessariamente a situação inversa será verdadeira (STUKER, 
2003). 
O primeiro indicador de eficiência produtiva, denominado de Coeficiente de 
Utilização dos Recursos, foi desenvolvido por Debreu (1951) e se fundamentava na ideia 
de que os insumos produtivos estão alocados de forma eficiente quando, a partir de 
determinado ponto, se torna impossível decrescer sua quantidade e manter o mesmo nível 
de produção. Assim, após mensurar os coeficientes de cada firma, o autor analisou os 
níveis de ineficiência a partir das distâncias destas em relação à fronteira de produção 
ótima. Freitas (2014) acrescenta que, na mesma década, Koopmans (1951) e Shephard 
(1953) também forneceram contribuições importantes para a temática. Koopmans (1951) 
estabeleceu um conceito de eficiência segundo o qual essa é alcançada quando a produção 
de um bem não é passível de ser elevada sem que a de outro bem seja reduzida. Por outro 
lado, assim como Debreu (1951), Shephard (1953) baseou sua análise de eficiência a 
partir das distâncias entre as unidades produtivas ineficientes e a fronteira de eficiência. 
Apesar da relevância dessas contribuições, o conceito mais utilizado e difundido 
é o de Farrel (1957), que defende que uma unidade produtiva é eficiente quando produz 
a maior quantidade possível com os insumos disponíveis. Quintela (2011) explica que 
Farrel (1957) contribuiu para a literatura que trata da eficiência, ao elaborar técnicas de 
programação matemática direcionadas à sua mensuração. Assim, o autor criou uma 
27 
 
 
 
fronteira de eficiência, representada por uma isoquanta, tendo como base as diferentes 
combinações de insumos, tecnologias e produtos gerados. 
Posteriormente, Farrel e Fieldhouse (1962) contribuíram para essa temática, ao 
desenvolverem medidas de eficiência capazes de avaliar, simultaneamente, as relações 
entre vários insumos e produtos, a partir do cálculo de uma unidade tomadora de decisão 
(Decision Making Unit – DMU, em inglês) “virtual”, resultante de uma média ponderada 
de firmas eficientes, que seria utilizada como referência para as demais unidades 
(ALVIM; STULP, 2014). Na década de 1970, Charnes, Cooper e Rhodes (1978) 
aprimoraram os estudos de Farrel e criaram o método de Análise Envoltória de Dados 
(Data Envelopment Analysis – DEA, em inglês), que produz resultados mais detalhados 
do que as medidas paramétricas, permitindo, assim, um melhor gerenciamento dos 
recursos produtivos disponíveis (SENA, 2005). 
Sendo assim, pode-se afirmar que a definição de eficiência econômica é constituída 
a partir da junção de dois conceitos: eficiência técnica e alocativa. A primeira analisa a 
razão entre o produto observado e o potencial máximo atingível, considerando-seum 
dado nível de insumos; enquanto a segunda avalia a razão entre o nível de insumos 
empregado e o mínimo necessário para se produzir determinada quantidade de produto 
(LOVELL, 1992), considerando os preços relativos e visando maximizar o lucro (REIS; 
RICHETTI; LIMA, 2005). Isso implica dizer que uma unidade ineficiente tem capacidade 
de produzir mais, com uma certa quantidade de insumos, ou de manter o nível de 
produção vigente, utilizando menos insumos (CGEE, 2018). 
Alvim e Stulp (2014) explicam que a eficiência técnica pode ser considerada 
global ou local. Quando é global, se observa a distância da unidade produtiva em relação 
à fronteira de eficiência com retornos constantes de escala (CCR, em referência às iniciais 
de seus fundadores, Charnes, Cooper e Rhodes). Quando é local, considera-se a 
possibilidade de a unidade em questão elevar sua razão produto/insumo, por meio de 
modificações da escala de produção, passando para uma situação de retornos crescentes 
ou decrescentes de escala (BCC, sigla que representa as iniciais de seus formuladores, 
Banker, Charnes e Cooper), isto é, apresentando retornos variáveis de escala. Por outro 
lado, na eficiência alocativa, as relações insumo e produto variam em função dos preços. 
Segundo Benício e Mello (2014), quando a variação do nível de insumos é menor (maior) 
do que a variação do produto, a unidade produtiva apresenta retornos crescentes 
(decrescentes) à escala. 
28 
 
 
 
A escolha adequada da escala de produção é relevante, pois muitas atividades 
podem mudar de acordo com o tipo de escala determinado e, por conseguinte, ocasionar 
modificações na fronteira de possibilidade de produção, que servirá como referência para 
as unidades localizadas em seu interior. Em outros termos, para cada tipo de escala, há 
uma fronteira específica (PEREIRA, 1999). A estimação dos escores de eficiência 
técnica, seguindo-se os modelos com retornos constantes e variáveis de escala, dá origem 
ao conceito de eficiência de escala. Essa é obtida a partir da razão entre ambos os escores, 
sendo que, se esses diferem, a firma apresentará ineficiência de escala. O contrário 
também é válido (NOGUEIRA, 2005). 
No que tange aos estudos realizados com foco nas atividades agropecuárias, é 
comum a mensuração da eficiência técnica, objetivando diagnosticar e identificar as 
ineficiências presentes no processo produtivo, suas causas e quais unidades podem servir 
de referência para as demais (BARBOSA; SOUSA, 2014). Nesse contexto, tem-se que, 
por exemplo, uma unidade produtiva que, dada uma certa quantidade de insumos, 
apresente um índice de eficiência técnica de 64%, está operando 36% abaixo de sua 
produção potencial. Logo, esse último percentual equivale à produção adicional que a 
mesma poderia alcançar, mantendo-se o nível de insumos empregados, caso melhorasse 
sua eficiência (VILLANO; BOSHRABADI; FLEMING, 2010). No caso deste estudo, 
adotou-se o modelo com retornos constantes de escala, a fim de se obter os escores de 
eficiência técnica, como empregado por Santos e Fernandes (2009), Blancard e Martin 
(2012), Musemwa et al. (2013) e Effendy et al. (2019). 
As medidas de eficiência são precedidas pela determinação do tipo de orientação, 
que pode ser baseada na redução dos insumos (orientação insumo) ou na maximização da 
produção (orientação produto) (COELLI et al., 1998). Sendo assim, do ponto de vista da 
orientação insumo, uma unidade produtiva é tecnicamente ineficiente quando um 
determinado nível de produto estiver sendo alcançado com mais insumos do que o 
necessário e alocativamente ineficiente quando os recursos disponíveis estiverem 
alocados de forma inadequada, considerando seus respectivos preços relativos. Já sob a 
ótica da orientação produto, a ineficiência técnica ocorre quando o conjunto de insumos 
utilizados corresponde a um nível de produto efetivo abaixo do produto potencial e 
alocativamente ineficiente quando o produto disponível não estiver alocado 
apropriadamente, tendo em vista seus respectivos preços relativos (QUINTELA, 2011). 
Neste trabalho, optou-se pela orientação produto, conforme proposto por Stuker 
(2003), Barbosa et al. (2013) e Effendy et al. (2019), uma vez que esta especificação 
29 
 
 
 
permite identificar a possibilidade de aumentos na produção com o montante de insumos 
que já se encontra à disposição dos agricultores, sendo, portanto, uma abordagem mais 
adequada, considerando-se que a população e, consequentemente, a demanda do setor 
agropecuário estão sempre crescendo. 
A Figura 1 representa graficamente o conceito de eficiência, tanto técnica como 
alocativa, sob a orientação produto e, a fim de simplificar a análise, adota-se o modelo 
com retornos constantes de escala. Considere-se uma unidade produtiva que produz dois 
bens (y1 e y2), fazendo uso de um único insumo (x), cuja curva de possibilidade de 
produção é denotada por ZZ’. Os pontos que estiverem abaixo desta curva, como é o caso 
do ponto A, são considerados ineficientes, pois neles o produto observado é menor que o 
produto potencial. Assim, tem-se que a distância AB corresponde ao nível de ineficiência 
técnica, permitindo inferir-se que, mantida a quantidade utilizada do insumo x, ainda é 
possível produzir mais. 
 
Figura 1 - Eficiências Técnica e Alocativa sob a Orientação Produto 
 
Fonte: Coelli (1996). 
 
Assim, a eficiência técnica (ET) é determinada conforme a equação (1): 
 
𝐸𝑇 = 
0𝐴
0𝐵
 (1), 
em que o segmento de reta 0𝐴̅̅̅̅ representa a distância percorrida pelo nível de produção 
efetiva e o segmento de reta 0𝐵̅̅̅̅ corresponde à distância total necessária para que o nível 
produtivo atinja o máximo alcançável e, consequentemente, a firma opere não 
ociosamente, mas sim eficientemente. 
 
30 
 
 
 
Caso as informações acerca dos preços dos produtos estivessem disponíveis, seria 
possível definir a linha DD’, que corresponde à isoreceita. Dessa forma, poderia se 
identificar o ponto B’ como aquele em que a combinação de y1 e y2 maximiza a produção 
e a receita, dada a linha de isoreceita. Nesse mesmo ponto, nota-se que a Taxa Marginal 
de Transformação (TMT) se iguala à razão entre os preços. A eficiência alocativa (EA) 
corresponde, portanto, a equação (2): 
 
𝐸𝐴 =
0𝐵
0𝐶
 (2), 
em que o segmento de reta 0𝐵̅̅̅̅ representa a distância percorrida pelo nível de produção 
potencial e o segmento de reta 0𝐶̅̅̅̅ corresponde à distância entre a curva de possibilidade 
de produção e a isoreceita. 
Nesse sentido, tem-se que a eficiência econômica (EE) é expressa pelo produto 
das duas medidas (ET e EA), conforme ilustrado na equação (3): 
 
𝐸𝐸 = 
0𝐴
0𝐶
= 
0𝐴
0𝐵
 𝑋 
0𝐵
0𝐶
= 𝐸𝑇 𝑋 𝐸𝐴 (3) 
 
Para fins de comparação, a mesma situação, mas desta vez sob a orientação 
insumo, é demonstrada, graficamente, pela Figura 2. Nesse caso, tem-se uma firma que 
utiliza dois insumos (x1 e x2) para produzir um único bem (y). Supondo-se que a isoquanta 
SS’, correspondente à firma eficiente, seja conhecida4, pode-se inferir que determinada 
firma, cujo nível de insumos adotados, para produzir uma unidade de produto, é 
representado pelo ponto P, possui ineficiência técnica equivalente à distância QP, que 
simula a quantidade de insumos que poderia ser reduzida sem que houvesse diminuição 
do produto vigente. 
 
 
 
 
 
 
4 A função de produção da firma eficiente não é conhecida na prática e, dessa forma, deve ser estimada a 
partir das observações do setor analisado. No presente trabalho, tal mensuração foi feita a partir do método 
DEA. 
31 
 
 
 
Figura 2 - EficiênciasTécnica e Alocativa sob a Orientação Insumo 
 
Fonte: Coelli (1996). 
 
Logo, a eficiência técnica (ET) dessa empresa pode ser expressa pela equação (4): 
 
𝐸𝑇 = 
0𝑄
0𝑃
= 1 − 
𝑄𝑃
0𝑃
 (4), 
em que 0𝑄̅̅ ̅̅ representa o mínimo de insumos necessários para que se atinja a quantidade 
produzida no período vigente e 0𝑃̅̅̅̅ equivale ao total de insumos que estão sendo 
efetivamente empregados pela firma para alcançar seu nível de produção atual. Logo, o 
segmento 𝑄𝑃̅̅ ̅̅ evidencia o volume excedente de recursos que está sendo utilizado pela 
unidade produtiva, alertando, portanto, para a presença de ineficiência. A ET varia de 0 a 
1, de modo que, quanto menor (maior) o valor registrado, menor (maior) o grau de 
eficiência técnica. Na Figura 2, por exemplo, o ponto de máxima eficiência técnica é dado 
por Q, pois esse se localiza na isoquanta eficiente. 
Se a razão entre os preços também for conhecida, pode-se estabelecer a linha AA’, 
possibilitando-se, assim, a mensuração da eficiência alocativa (EA), que, no caso de uma 
firma que opere no ponto P, é demonstrada pela equação (5): 
 
𝐸𝐴 =
0𝑅
0𝑄
 (5), 
em que 0𝑅̅̅̅̅ mostra o nível de custo do conjunto de insumos empregados no ponto P e 0𝑄̅̅ ̅̅ 
faz referência ao custo da quantidade de insumos a ser utilizada eficientemente no ponto 
Q. 
Dessa forma, a distância RQ corresponde ao valor dos custos que poderiam ser 
reduzidos, caso a produção ocorresse no ponto Q’, que apresenta eficiência econômica, 
32 
 
 
 
ao invés do ponto Q, que, embora seja eficiente sob o ponto de vista técnico, não o é sob 
a ótica alocativa. A eficiência econômica (EE) é, então, dada pela equação (6): 
 
𝐸𝐸 = 
0𝑅
0𝑃
= 
0𝑄
0𝑃
 𝑋 
0𝑅
0𝑄
= 𝐸𝑇 𝑋 𝐸𝐴 (6) 
 
A Figura 3 apresenta algumas abordagens para se mensurar a eficiência. Segundo 
Guesmi et al. (2012), no caso da eficiência técnica, duas delas se destacam na literatura: 
as paramétricas, sendo que a Análise da Fronteira Estocástica (AFS) é mais conhecida; e 
as não paramétricas, em que a Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis, 
DEA) é a mais utilizada. A diferença entre elas é que a última fornece mais flexibilidade, 
pois sua execução não exige que se conheça a verdadeira especificação da forma 
funcional que caracteriza o processo produtivo nem a formulação de hipóteses sobre a 
distribuição dos erros. Todavia, possui como principal desvantagem a impossibilidade de 
se isolar os efeitos de ineficiência derivados de ruídos ou choques aleatórios. 
Stuker (2003) explica que conhecer a forma funcional de relação entre as variáveis 
dependente e independente e a admissão de hipóteses sobre a distribuição dos resíduos 
são requisitos obrigatórios para o emprego da abordagem paramétrica, que faz uso do 
método de regressão para avaliar o comportamento das observações em termos médios. 
Por outro lado, a abordagem não-paramétrica dispensa tais exigências, pois interpreta que 
quaisquer desvios em relação à fronteira de eficiência são resultantes de ineficiência 
produtiva e não de outros fatores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 
Figura 3 - Organograma das Técnicas de Mensuração da Eficiência 
 
Fonte: Sarafidis (2002). 
A abordagem paramétrica se divide em dois tipos de métodos, os que formam 
fronteira e os que não a formam. No caso do primeiro tipo, destacam-se a Análise da 
Fronteira Determinista e a Análise da Fronteira Estocástica. Essa subclassificação teve 
seu surgimento na década de 1970, a partir dos estudos de Aigner e Chu (1968), Afriat 
(1972), Aigner et al. (1977) e Meesun e Van Den Broecker (1977), que explicaram os 
níveis de eficiência das unidades observadas, por meio de uma forma funcional. 
A principal diferença entre ambas as abordagens consiste na interpretação sobre 
os resíduos. A primeira é fundamentada na ideia de que toda ineficiência existente surge 
de eventos que estão sob o controle das instituições. Logo, o termo de erro possui 
distribuição unilateral não-simétrica. A segunda, por sua vez, surgiu na tentativa de 
aprimorar a primeira. Assim, além do termo de erro presente na fronteira determinista, 
denominado unilateral, pressupõe-se a existência de um erro simétrico, caracterizado por 
variação aleatória, que reflete eventos exógenos, isto é, que não estão sob o controle das 
instituições e são inerentes às relações empíricas, englobando, portanto, a 
heterogeneidade das firmas e o efeito de fatores externos ao modelo, como variáveis 
omitidas e erros de mensuração, sobre os níveis de eficiência calculados. Assim, quando 
o erro simétrico é nulo, as funções de ambos os métodos se tornam iguais (QUINTELA, 
2011). 
34 
 
 
 
As equações (7) e (8) demonstram, respectivamente, os modelos da fronteira 
determinista e estocástica, conforme explicitado por Almeida (2012), em que Yi é a 
quantidade produzida da i-ésima unidade produtiva; xi é um vetor de insumos da i-ésima 
unidade produtiva; β é um vetor dos regressores a serem estimados; ui é uma variável 
aleatória não negativa associada aos elementos causadores da ineficiência técnica da i-
ésima unidade produtiva; vi é um termo de erro aleatório com média zero, que está 
relacionado aos fatores fora do controle das instituições; e n é o número de unidades 
produtivas da amostra. 
 
𝑌𝑖 = 𝑓(𝑥𝑖; 𝛽)𝑒
−𝑢𝑖, 𝑖 = 1, 2, … , 𝑛 (7) 
𝑌𝑖 = 𝑓(𝑥𝑖; 𝛽)𝑒
(𝑣𝑖−𝑢𝑖) , 𝑖 = 1, 2, … , 𝑛 (8) 
Segundo Sarafidis (2002), a abordagem paramétrica de fronteira é mais indicada 
quando o pesquisador possui confiança de que a forma funcional da fronteira está bem 
especificada; variáveis omitidas podem alterar os resultados e o teste de hipóteses é 
relevante. Todavia, possui como deficiências: a vulnerabilidade à presença de 
informações discrepantes, pois estas podem fazer com que o modelo perceba, 
equivocadamente, uma forte presença de ruídos nos dados e, assim, não consiga detectar 
os níveis de ineficiência corretamente; a estimação por máxima verossimilhança, que 
pode fornecer estimadores ineficientes e inconsistentes; a pressuposição de que a maioria 
das unidades produtivas são eficientes, quando, na realidade, a situação oposta é mais 
comum, fazendo com que a distribuição atribua, erroneamente, igual importância a firmas 
eficientes e ineficientes, entre outros problemas. 
Já em relação ao segundo tipo de método, que não forma fronteira, destaca-se a 
análise de regressão simples, em que a eficiência é calculada a partir de dois passos. 
Segundo Sarafidis (2002), inicialmente, determina-se o modelo de regressão que se ajusta 
melhor aos dados utilizados, no sentido de estabelecer a melhor relação entre insumos e 
produto. Em seguida, o termo de erro do modelo estimado seria interpretado como uma 
medida de ineficiência, uma vez que representa os desvios em relação à média. Assim, a 
função de produção seria dada pela equação (9), em que ci corresponde ao custo total, yi 
equivale ao vetor de produtos, β representa o vetor dos regressores, f é a forma funcional 
que caracteriza a relação entre c e y, e ui é a ineficiência calculada para a firma i: 
𝑐𝑖 = 𝑓(𝑦𝑖; 𝛽) + 𝑢𝑖 (9) 
35 
 
 
 
Entretanto, autores como Fare, Grosskopf e Lovell (1994) e Gomes e Baptista 
(2004) ressaltam que seus resultados podem ser viesados, pelo fato de a função de 
produção apresentar somente os resultados médios, desconsiderando as diferenças das 
unidades produtivas. Nesse sentido, a Figura4 apresenta a diferença entre os resultados 
obtidos pelo DEA e pelos mínimos quadrados ordinários. Como pode ser percebido, no 
caso do primeiro, as unidades eficientes se localizaram na fronteira e as demais serão 
avaliadas individualmente, de acordo com sua distância da fronteira. Por outro lado, no 
caso da regressão simples, existem pontos acima e abaixo da função estimada que serão 
desconsiderados. 
Logo, as análises realizadas por tal método deixam de captar os melhores e os 
piores desempenhos e, portanto, inviabilizam a identificação das unidades ineficientes e 
seus pontos de estrangulamento, bem como das eficientes, dificultando o seu processo de 
desenvolvimento, ao não fornecerem inferências personalizadas para cada situação 
observada. 
 
Figura 4 - Representação da função de produção 
 
Fonte: Gomes e Baptista (2004). 
Assim como a abordagem paramétrica, a não paramétrica também é subdividida 
em métodos que não formam e que formam fronteira. Em relação ao primeiro tipo, 
destaca-se a utilização de números índices, que, conforme Mariano, Almeida e Rebelatto 
(2009), tem a capacidade de comparar as relações outputs/inputs entre dois pontos, que 
podem se referir a uma mesma DMU em dois períodos de tempo ou a duas DMUs 
diferentes. Quanto à interpretação, tem-se que se a eficiência registrada for maior (menor) 
que um, a DMU avaliada possui maior (menor) eficiência em relação à unidade tomadora 
36 
 
 
 
de decisão considerada como referência. A expressão 10 apresenta o cálculo da eficiência 
produtiva quando se utiliza a técnica dos números índices, em que: E se refere ao escore 
de eficiência, P equivale à produtividade corrente da DMU analisada e 𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒 corresponde 
à produtividade da DMU base: 
𝐸 =
𝑃
𝑃𝑏𝑎𝑠𝑒
 (10) 
Os principais números índices identificados na literatura são o Índice de 
Laspeyres, o Índice de Paasche, o Índice de Fischer, o Índice de Tornqvist e o Índice de 
Malmquist, conforme expressos na Figura 5. Nesse sentido, Costa (2017) explica que no 
que tange à utilização de índices de eficiência, tem-se que os índices de Paasche, 
Laspeyres, Fischer e Türquivist podem seguir a orientação insumo, produto ou serem 
avaliados com foco na produtividade. Entretanto, pelo fato de se constituírem como 
técnicas paramétricas, são suscetíveis a problemas relacionados à presença de 
informações discrepantes, a exemplo de distorções nos resultados obtidos. Ademais, no 
caso dos dois primeiros índices, é obrigatório que se conheça, a priori, os pesos a serem 
utilizados. Diferentemente destes, o índice de Malmquist pode ser empregado somente 
com a perspectiva da Análise Envoltória de Dados (DEA) ou Fronteira Estocástica. 
Tendo em vista que este trabalho empregou a Análise Envoltória de Dados e que 
uma mesma unidade tomadora de decisão tem seu comportamento avaliado em relação a 
dois anos (2006 e 2017), utilizou-se o Índice de Malmquist, que é abordado com mais 
detalhes no capítulo referente à metodologia. 
Figura 5 - Modelos e perspectivas da técnica de números índices direcionados à 
eficiência 
 
Fonte: Mariano, Almeida e Rebelatto (2009). 
37 
 
 
 
Em relação ao segundo tipo de método não-paramétrico que forma fronteira, 
destaca-se o DEA. Tal método é mais apropriado em situações que: as variáveis 
dependentes são altamente correlacionadas, influências aleatórias não repercutem de 
forma expressiva sobre as observações e é difícil justificar uma forma funcional 
específica para o componente de ineficiência (SARAFIDIS, 2002). Entre as vantagens 
em sua utilização, destacam-se a mensuração do nível de eficiência para cada uma das 
unidades produtivas consideradas e a não necessidade de se partir de um modelo 
matemático específico. Em contrapartida, sua principal limitação consiste na 
sensibilidade a dados discrepantes, visto que os resultados são obtidos pela comparação 
dos valores de todas as DMUs entre si para todas as variáveis selecionadas (SOUSA 
JÚNIOR, 2003). Todavia, tal problema metodológico pode ser contornado a partir de 
procedimentos para identificação de outliers e sua eventual remoção. 
Ressalta-se que todo método é passível de crítica, em razão dos seus respectivos 
problemas, tanto práticos como teóricos. Assim, independente de qual seja usado, os 
escores de eficiência não devem ser vistos como resultados conclusivos, mas como 
sinalizadores (SARAFIDIS, 2002). No caso do presente estudo, optou-se pela 
mensuração da eficiência por meio do método DEA, de acordo com a abordagem do 
Índice de Malmquist, que será abordado de forma mais detalhada no capítulo 5. O capítulo 
a seguir expõe diversos trabalhos empíricos com foco na eficiência das atividades 
agropecuárias, bem como na identificação de seus determinantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
4 PANORAMA DA EFICIÊNCIA DO SETOR AGROPECUÁRIO: 
EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS 
Considerando-se a relevância de se avaliar a eficiência do setor agropecuário e 
seus condicionantes, vários estudos direcionados à essa temática têm sido realizados ao 
longo dos anos. No caso da literatura internacional, podem ser mencionados Villano, 
Boshrabadi e Fleming (2010), Ayaz e Hussain (2011), Blancard e Martin (2012), 
Kourtesi, Witte e Polymeros (2016), Effendy et al. (2019) e Gaviglio et al. (2021). 
Dada a existência de diferentes níveis de eficiência técnica, apontadas pela 
literatura, entre os produtores de pistache na província de Carmânia, no Irã, Villano, 
Boshrabadi e Fleming (2010) tiveram como intuito analisar se, nos anos de 2003 e 2004, 
tais diferenças eram decorrentes somente de limitações técnicas ou se eram ocasionadas 
por distinções no desempenho entre as variedades cultivadas pelos produtores. Para tal, 
empregaram o método meta-fronteira estocástica, em que a quantidade produzida de 
pistache seco correspondeu a variável dependente, enquanto os regressores foram 
constituídos pela área total da plantação de pistache, quantidade de água utilizada, mão 
de obra empregada, despesas totais, idade da árvore, densidade de árvores por hectare e 
quatro variáveis do tipo dummy (uma referente ao ano de 2004 e três concernentes às 
regiões Norte, Central e Oeste, tendo como base a região Noroeste). 
Apesar de haver poucas diferenças entre os graus de eficiência técnica dos 
produtores das três variedades consideradas, concluíram que desconsiderar as restrições 
de produção impostas pela escolha da variedade pode resultar em superestimação da 
capacidade de aumento produtivo via adoção de melhores práticas agrícolas. 
Ayaz e Hussain (2011) propuseram avaliar o impacto do crédito na eficiência do 
setor agrícola, no distrito de Faisalabad, localizado na província paquistanesa Punjab. 
Para tal, utilizaram o método da análise de fronteira estocástica, a partir de dados 
levantados, de forma primária, no ano de 2009, referentes a uma amostra de 300 
agricultores. O nível de produto correspondeu a variável resposta, enquanto os 
regressores foram constituídos pelo tamanho da área em que as atividades eram 
executadas, diárias de trabalho, quantidade de fertilizantes aplicados, uso de sistemas de 
irrigação, custos com insumos e gastos com o gado. Além disso, observaram o efeito das 
variáveis tamanho da área de operação, experiência, escolaridade, tamanho do rebanho, 
número total de práticas de cultivo, uso de medidas de proteção para as plantações e 
realização de financiamento sobre o produto. 
39 
 
 
 
Segundo os resultados encontrados, em média, os agricultores da amostra 
apresentaram um nível de ineficiência de 16%, sendo que os fatores que mais 
influenciaram tal resultado foram a experiência, a escolaridade, o tamanho do rebanho, o 
número total de práticas de cultivo e o acesso ao crédito. Ao final do estudo, concluíram 
que o fornecimento de linhas de crédito

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