Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE DEMOGRAFIA E CIÊNCIAS ATUARIAIS CURSO DE CIÊNCIAS ATUARIAIS GLICIANE SILVA DE PAIVA ESTIMATIVA DE RESERVA FINANCEIRA DO FUNDO DE PREVIDÊNCIA: Uma modelagem atuarial e estatística. Estudo de caso: IPERN-GOVERNO RN NATAL/RN 2019 GLICIANE SILVA DE PAIVA ESTIMATIVA DE RESERVA FINANCEIRA DO FUNDO DE PREVIDÊNCIA: Uma modelagem atuarial e estatística. Estudo de caso: IPERN-GOVERNO RN. Trabalho de conclusão do Curso de Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como parte dos requisitos para obtenção do diploma de Bacharel em Ciências Atuariais. Orientador: Professor Doutor Eduardo Henrique Silveira de Araújo. NATAL/RN 2019 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET Paiva, Gliciane Silva de. Estimativa de reserva financeira do fundo de previdência: uma modelagem atuarial e estatística. Estudo de caso: IPERN-Governo RN / Gliciane Silva de Paiva. - 2019. 68f.: il. Monografia (Bacharelado em Ciências Atuariais) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Departamento de Demografia e Ciências Atuariais. Natal, 2019. Orientador: Eduardo Henrique Silveira de Araújo. 1. Previdência social - Monografia. 2. Regime próprio de previdência social - Monografia. 3. Reserva - Monografia. 4. Fundo previdenciário - Monografia. 5. Método de financiamento - Monografia. 6. Microssimulação - Monografia. I. Araújo, Eduardo Henrique Silveira de. II. Título. RN/UF/CCET CDU 368.4 Elaborado por Joseneide Ferreira Dantas - CRB-15/324 GLICIANE SILVA DE PAIVA ESTIMATIVA DE RESERVA FINANCEIRA DO FUNDO DE PREVIDÊNCIA: Uma modelagem atuarial e estatística. Estudo de caso: IPERN-GOVERNO RN. Trabalho de conclusão do Curso de Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como parte dos requisitos para obtenção do diploma de Bacharel em Ciências Atuariais. Aprovada em: ____/____/____ BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Eduardo Henrique Silveira de Araújo – Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Prof. Dr. Francisco de Assis Medeiros da Silva – Avaliador Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN RESUMO O Regime Próprio de Previdência Social - RPPS, desde sua criação, apresenta problemas financeiros adquiridos ao longo do tempo. Diante das irregularidades observadas nos fundos de previdência em alguns RPPS, com orientações do Ministério da Previdência Social, foi realizado ajustes em busca de melhorias, embasando o preceito de assegurar o equilíbrio financeiro e atuarial do RPPS. A produção deste trabalho teve como foco um estudo populacional de caso do setor público, no caso o RPPS do governo do RN. Foram feitas análise atuariais em um total de 49.582 servidores ativos ao final do ano de 2017. Através do mecanismo atuarial buscou estimar a reserva do fundo previdenciário do Instituo de Previdência do Estado do Rio Grande do Norte - IPERN, por meio do Simulador Atuarial-Demográfico do RPPS – Sadeprev. Foi utilizada a metodologia amparada no método de financiamento a longo prazo, mediante a microssimulação. O software permitiu acompanhar a variabilidade dos eventos demográficos por um período de 100 anos em uma população fechada, com tamanho populacional de 100.572 participantes e executando 2.000 repetições, alcançando a proposta mais próxima de amortizar o déficit esperado através de sugestão de alíquota para a solvência do plano. A partir das premissas utilizadas no software, o método induziu a um mecanismo de cálculo semelhante ao de avaliações atuariais, se enquadrando nas características de plano de Benefício Definido e estruturados no regime de Capitalização. Os resultados da execução mostraram que a solvência do plano se dará por meio de crescimento econômico, quando o índice de mortalidade dos ativos for menor, possibilitando maiores contribuições, elevando o número de participantes ativos presentes no plano. Em contrapartida, quanto maior a longevidade, maiores os gastos em benefícios, aumentando o risco de insolvência, prevendo o déficit. O mesmo ocorre quando não atingida a aleatoriedade demográfica pela simulação para o ativo. Outra proposta observada na análise da reserva previdenciária é ajustar a alíquota de contribuição ou realizar aporte financeiro para efetivar o equilíbrio do plano. Palavras-Chave: Regime Próprio de Previdência Social, Reserva, Fundo previdenciário, Método de Financiamento, Microssimulação. ABSTRACT The Public Sector Pension Schemes in Brazil (RPPS), since its creation, presents financial problems acquired over time. In view of the irregularities observed in the pension funds, with Ministry of Social Security guidelines, adjustments were made for improvements, based on the precept of ensuring the financial and actuarial balance of the of these public pension funds. The production of this work focused on a population study of the public sector case, the RPPS of the RN government. Actuarial analyzes were performed on 49.582 active servers by the end of 2016. Through the actuarial mechanism, it sought to estimate the reserve of the social security fund of the State Social Security Institute do Rio Grande do Norte (IPERN), through the RPPS Actuarial- Demographic Simulator (Sadeprev). The methodology was used based on the long-term financing method, through micro-simulation. The software allowed following the variability of the demographic events for a period of 100 years in a closed population, with population size of 100.572 participants and executing 2.000 repetitions, reaching the proposal closer to amortize the expected deficit by suggesting a rate for the solvency of the plan. Based on the assumptions used in the software, the method induced a calculation mechanism similar to that of actuarial valuations, in accordance with the characteristics of the Defined Benefit plan and structured in the capitalization regime. The results of the execution showed that the solvency of the plan will occur through economic growth, when the mortality rate of the assets is lower, making possible greater contributions, raising the number of active participants present in the plan. On the other hand, the greater the longevity, the greater the expense on benefits, increasing the risk of insolvency, predicting the deficit. The same occurs when the simulation for the asset does not reach the demographic randomness. Another proposal observed in the analysis of the welfare reserve is to adjust the contribution rate or to accomplish financial contribution to effect the balance of the plan. Keywords: Public Sector Pension Schemes, Reserve, Social Security Fund, Financing Method, Microssimulation. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me guiado com saúde e sabedoria durante os anos até aqui vividos, me auxiliando nessa importante etapa da minha vida. Em segundo, aos meus queridos pais, Itamar Oliveira de Paiva e Rosângela Maria Lopes Silva de Paiva, que me deram todo o suporte necessário e sempre me ergueram no momento que mais fraquejei e tentei desistir. As minhas adoráveis avós, Lídia Maria e Maria Amaro (in memoriam), que sempre me alegraram com suas conversas e conselhos a fim de me nortear, ao incentivarem nos estudos e apoio dedicado em minha vida. Em especiala minha irmã e meus filhos, Maria Leticia, Guilherme e Henrique pelo companheirismo, por me fornecerem força para me empenhar a superar cada batalha vencida a fim de concluir o curso. Ao meu noivo Marcelo, que durantes os 12 anos juntos me ensinou a buscar o que almejo com esforço e estudo necessários para concretizá-los. Agradeço ao curso por ter me proporcionado momentos de alegria com meus amigos e colegas que sempre estiveram ao meu lado me incentivando a continuar. Ao prezado professor orientador Eduardo Henrique, por ter paciência e compreender os percalços dessa exaustiva jornada. E aos demais professores que contribuíram com o ensinamento para a conclusão desse trabalho. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 01 – ORGANOGRAMA DAS COORDENADORIAS DO IPERN ............... 18 QUADRO 01 – COMPARATIVO DOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS PELO IPERN DE ACORDO COM A LEI COMPLEMENTAR Nº 308/2005 .................................... 20 FIGURA 02 - ACÚMULO DE RESERVAS EM UM REGIME PÚBLICO DE PREVIDÊNCIA ......................................................................................................... 24 QUADRO 02 – DESENVOLVIMENTO DO MECANISMO APLICADO PARA A SIMULAÇÃO ............................................................................................................ 27 FIGURA 03 – TELA INICIAL DO SOFTWARE PARA A IMPORTAÇÃO DOS DADOS ................................................................................................................................... 28 FIGURA 04 – PLANO DE CUSTEIO PROPOSTO PARA A AVALIAÇÃO ............... 30 FIGURA 05 – FLUXOGRAMA DA SAÍDA DE ESTADOS DOS PARTICIPANTES . 40 GRÁFICO 01 – DISTRIBUIÇAO DA POPULAÇÃO TOTAL POR SEXO ................. 44 GRÁFICO 02 – DISTRIBUIÇAO DA POPULAÇÃO BENEFICIÁRIA DE RISCO E PROGRAMADA POR SEXO .................................................................................... 45 TABELA 01 - DISTRIBUIÇAO DA POPULAÇÃO COBERTA EM QUANTIDADE, REMUNERAÇÃO MÉDIA E IDADE MÉDIA ............................................................. 46 GRÁFICO 03 – PIRÂMIDE ETÁRIA DA IDADE DE INGRESSO NO SERVIÇO PÚBICO POR SEXO E TAMANHO POPULACIONAL ............................................. 47 GRÁFICO 04 – RELAÇÃO ENTRE O PERÍODO COMO ATIVO NO SETOR PÚBLICO E IDADE E SEXO DO SERVIDOR .......................................................... 48 GRÁFICO 05 – MOTIVO QUE GEROU A SAÍDA COMO ATIVO ............................ 49 GRÁFICO 06 – MOTIVO DO BENEFÍCIO APÓS MORTE DO SERVIDOR ............ 50 FIGURA 06 – NÚMERO MÉDIO DOS ESTADOS DA POPULAÇÃO COBERTA E DESVIO PADRÃO DO NÚMERO MÉDIO DESSES ESTADOS, POR 100 ANOS E 2000 SIMULAÇÕES ................................................................................................. 52 GRÁFICO 07 – VALOR DO FUNDO DO RPPS POR 100 ANOS, RENTABILIDADE DE 6% AO ANO, 100.572 PARTICIPANTES ........................................................... 53 GRÁFICO 08 – VALOR DO FUNDO POR 100 ANOS, COM 2.000 SIMULAÇÕES E RENTABILIDADE DE 6% AO ANO .......................................................................... 54 GRÁFICO 09 – RESERVA MATEMÁTICA NO TEMPO POR 200 ANOS, COM 2.000 SIMULAÇÕES E 100.572 PARTICIPANTES ........................................................... 55 GRÁFICO 10 – DIFERENÇA NO TEMPO POR 100 ANOS, COM 2.000 SIMULAÇÕES E 100.572 PARTICIPANTES ........................................................... 56 GRÁFICO 11 – DIFERENÇA DO VALOR MÁXIMO ATINGIDO PELO DÉFICIT, VaR ................................................................................................................................... 58 GRÁFICO 12 – DIFERENÇA DO VALOR MÉDIO DOS DÉFICITS EXTREMOS, CVaR ........................................................................................................................ 58 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AA Avaliação Atuarial BD Beneficio Definido CF Constituição Federal CRP Certificado de Regularidade Previdenciária CVaR Condicional Value at Risk DRAA Demonstrativo de Resultados da Avaliação Atuarial EC Emenda Complementar IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INSS Instituto Nacional do Seguro Social IPE Instituto de Previdência do Estado IPERN Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Rio Grande do Norte LC Lei Complementar MMC Método de Monte Carlo MPS Ministério Público Social PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios RM Reserva Matemática RPPS Regime Próprio de Previdência Social VABF Valor Atual dos Benefícios Futuros VACF Valor Atual das Contribuições Futuras VaR Value at Risk SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10 1.1 Problemática ................................................................................................... 10 1.2 Objetivos ......................................................................................................... 13 1.2.1 Geral .............................................................................................................. 13 1.2.2 Específicos .................................................................................................... 13 2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 14 2.1 Regime Próprio de Previdência Social ......................................................... 14 2.2 Instituto de Previdência dos Servidores Estaduais do Rio Grande do Norte ................................................................................................................................. 16 2.3 Regras e Legislação dos Beneficiários ........................................................ 19 2.4 Análise Financeira e Atuarial ......................................................................... 21 3. METODOLOGIA ................................................................................................. 26 3.1 Software Sadeprev e sua Função .................................................................. 27 3.2 Variáveis dos Participantes Utilizadas na Simulação da Reserva e Base de Dados ..................................................................................................................... 29 3.3 Premissas Atuariais ........................................................................................ 31 3.3.1 Premissas Demográficas ................................................................................ 31 3.3.2 Premissas Econômicas .................................................................................. 33 3.4 Método de Reserva .......................................................................................... 34 3.4.1 Método Prospectivo ........................................................................................ 35 3.4.2 Método de Financiamento Agregado .............................................................. 36 3.5 Simulação ......................................................................................................... 37 3.5.1 Monte Carlo .................................................................................................... 38 3.5.1.1 Funções Utilizadas para Observar o Comportamento Futuro ..................... 39 3.5.1.2 Solvência Através de Monte Carlo .............................................................. 42 4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ................................................... 43 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 59 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 61 ANEXOS .................................................................................................................66 12 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho científico trata a realização de uma pesquisa para estimar a reserva financeira (fundo de previdência) de uma autarquia estadual de previdência, utilizando uma modelagem atuarial e estatística. Os resultados apresentados neste trabalho são subsídios econômicos importantes para a solvência da autarquia estadual do Estado do Rio Grande do Norte, o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Rio Grande do Norte. 1.1 Problemática A reserva financeira de um regime previdenciário é formada por contribuições de funcionários na ativa, acrescida de rentabilidade. O resultado dessa reserva propiciará um impacto importante e positivo para a economia do regime. Na condição de plano previdenciário, a finalidade de financiamento foi incorporada a um modelo a longo prazo, cujo paradigma serviu de amparo para o crescimento dos níveis de contribuição. No qual foram empregadas como instrumento de investimentos diretos para fins particulares, sendo um fator determinante para um impacto positivo sobre o crescimento econômico, desde que a previdência fortaleça o desenvolvimento da economia e que forneça a distribuição dos benefícios quando culminado os critérios de elegibilidade. Segundo Antinoro (2001), a desenvoltura do setor público quanto ao modelo aplicado ao seu sistema foi projetada para um método visionário, onde facilita que suas atividades cumpram-se a longo alcance, por tempo indeterminado. O Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dispõe de políticas elaboradas e executadas pela Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda. Neste Regime, segundo Lima e Guimarães (2009), fica estabelecido que seja de caráter compulsório para o servidor público do ente federativo que o tenha instituído. Acrescentado pela Emenda Constitucional nº 41/2003, teto e subtetos definidos, da qual objetivou criar maior sustentabilidade ao longo do tempo dos regimes previdenciários da União, dos Estados e dos Municípios, exigindo equilíbrio atuarial e financeiro de financiamento dos RPPS. O critério empregado em função da 13 previdência é de propiciar o pagamento dos benefícios a fim de acobertar os riscos sociais, tais como os provenientes dos benefícios de riscos e dos programados. A distribuição etária dos servidores permite avaliar o método de contribuição através da divisão de suas variáveis, proporcionando, em seguida, que ocorra a representação do grupo adulto que suprirá as necessidades dos beneficiários. Borges (2009) informa que o valor arrecadado é satisfatório para acobertar os seus segurados. A partir disso, classificam-se as aposentadorias como benefício vitalício, isto é, será encerrada somente por intervenção do falecimento do segurado. Entretanto, o envelhecimento da população acarretará em um ajuste por um período maior para as contribuições dos servidores em atividade. O crescimento do percentual de idosos mostrou que a longevidade está associada à melhor qualidade de vida adquirida, aumentando a expectativa de vida do indivíduo. Além de afetar a reserva matemática, estando diretamente ligadas, visto que o benefício será utilizado por um período maior que o planejado no início do plano. Em decorrência desse acontecimento ficará inviável preservar o equilíbrio financeiro e atuarial (LIMA, RODRIGUES, 2015). No Estado do Rio Grande do Norte, o RPPS foi elaborado pela Lei nº 2.728, de 1º de maio de 1962, onde se deu a criação do Instituto de Previdência do Estado - IPE. No entanto, sem apresentar congruência com os princípios constitucionais que vieram a partir da Emenda Complementar (EC) nº 20, de1998. Em seguida, apresentou regularidade através de novas EC com lei associada a projetos de ajuste na alíquota do contribuinte e beneficiário. Prontamente, converteu-se na Lei nº 8.633, de 3 de fevereiro de 2005, que serviu como barreira e causou inadimplência para o órgão. Posteriormente, dada outras ocorrências e ajustes, a alíquota de contribuição patronal foi alterada, passando de 14% para os 22%, prevista na mudança da Lei nº 8.633/2005 para a Lei nº 8.816, de 29 de março de 2006. A reestruturação do Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Norte sucedeu após a reforma previdenciária e mediante a Lei Complementar Nº 308, de 25 de outubro de 2005, conforme informa o artigo 40 da Constituição Federal. De modo que deu continuidade ao projeto do RPPS, do qual em sua estrutura propõe proteger beneficiários expostos ao risco, garantindo amparo para os sinistros futuros. Posto que, classificados como 14 beneficiários do IPERN e estabelecido na legislação do Estado de caráter obrigatório, estão segurados todos os servidores efetivos, civis e militares dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além das autarquias estaduais. Esse estudo tem como finalidade estimar a reserva financeira do IPERN, partindo do principio de que se trata de uma abordagem diferenciada, uma vez que não há estudos realizados por microssimulações relacionados à autarquia no qual a tenciona a predição de valores futuros para um período exato de 100 anos. Ao considerar essa proposta, torna-se trabalhoso prever financeiramente sua economia posto que o mercado financeiro não garante estabilidade. Por outro lado, a idealização da temática deu-se por meio do estágio no Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Rio Grande do Norte. Destacando a autarquia composta pelos poderes e outras autarquias estaduais, no qual evidencia o nível de importância a ser estudada. Contudo, considerando os obstáculos para predizer financeiramente sua reserva foi usada a seguinte problemática: O atual modelo previdenciário atuarial adotado pelo RPPS do Rio Grande do Norte garante uma reserva matemática suficiente para arcar com os benefícios atuais e futuros? Partindo dessa ideia, a primeira abordagem está no conceito estabelecido pelas regras da Legislação, implicando no marco regulatório do RPPS e sua aplicação no Estado do Rio Grande do Norte. Posteriormente, informa as disposições preliminares do IPERN em companhia das regras e legislação dos beneficiários e do fundo financeiro. Por conseguinte, é apresentada uma breve análise na construção e conceito de uma reserva financeira, aplicando as diretrizes para o setor público e avaliando economicamente. Apresentando assim uma modelagem atuarial e estatística, visando o equilíbrio financeiro e atuarial do Órgão. A segunda abordagem está presente no desenvolvimento da metodologia, o qual visa tratar a temática como uma pesquisa, com o objetivo de estudar o tempo de vida dos beneficiários para estimar as reservas futuras financeiras visando cobrir benefícios da amostra de participantes escolhidos dentre o total atualmente cadastrados no RPPS - IPERN. No estudo, inicialmente os participantes foram divididos entre os civis ativos, inativos e pensionistas. Para subsidiar o objeto dessa pesquisa, isto é, estimativa de reserva financeira, foi realizada através dos métodos estatísticos descritivos uma análise geral das variáveis sexo e idade. Também 15 utilizou outras premissas atuariais para uma projeção no tempo inicial do valor das contribuições pagas dos ativos, calculando a duração do seu benefício e trazendo os valores dos benefícios futuros a valor presente. Este mecanismo foi elaborado no plano previdenciário por meio de microssimulações com o auxílio do programa Sadeprev – Simulador Atuarial-demográfico de Regimes Próprios de Previdência Social. Por conseguinte, a medida trabalhada colabora no fornecimento de uma cobertura do RPPS para o beneficiário, onde será analisado o valor da reserva estimada para a amostra, na data de referência de 31 de dezembro de 2017, informando nas demonstrações financeiras o valor previsto para a ocorrência do equilíbrio atuarial, gerando o déficitou superávit nas finanças futuras do Instituto. 1.2 Objetivos 1.2.1 Geral Projetar a reserva financeira do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Rio Grande do Norte, para um período de 100 anos, através de um modelo atuarial e estatístico. 1.2.2 Específicos Utilizar as premissas de sobrevivência para estimar o resultado de uma modelagem atuarial e estatística dos participantes do IPERN. Descrever por meio de uma análise estatística os dados das variáveis importantes para subsidiar a aplicação do modelo atuarial de estimativa de reserva financeira. Analisar a reserva financeira do fundo de previdência do IPERN. Analisar o risco de insolvência do fundo previdenciário a partir da variabilidade de simulações estocásticas. 16 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Regime Próprio de Previdência Social Segundo Pinheiro (2007), a criação do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) teve a finalidade de assegurar os servidores titulares de cargo efetivo, estipulado em âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Cujo preceito legal que o rege está fundamentado no Art. 40, da Constituição Federal de 1988 (NOGUEIRA, 2011). Este que foi utilizado com o propósito de reorganizar a estrutura do RPPS e priorizar os critérios que facilitem o equilíbrio atuarial e financeiro, além de evidenciar que fica assegurado no regime de previdência por meio de contribuições do ente e seus servidores ativos (de cargo efetivo) e dependentes, através da função em destaque do RPPS, por meio de caráter contributivo e solidário (ANTINORO, 2001; BRASIL, 1988; FANTINEL, 2003; NOGUEIRA 2012) Elaborado e executado pela Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, o RPPS obedece as Emendas Constitucionais (EC) que o representam. Nogueira (2011) ressalta que seguir as normas impostas à administração pública é essencial para a busca de melhorias. Diante disso, evidenciar as irregularidades colocadas por medidas anteriores sucedeu em ajustes na estrutura dos regimes de previdência dos servidores públicos. Ainda que, com a idealização de pressupor uma sistematização necessária para que os entes atinjam o equilíbrio atuarial e financeiro, foram implantadas novas legislações. Deste modo, em 15 de dezembro de 1998 foi criada a EC nº 20, na qual modificou o sistema de previdência social e estipulou normas de transição (BRASIL, 1998). Nogueira (2012) ressalta que a alteração do caput do art. 40, em busca do equilíbrio do plano, deu-se através da EC nº 20/1998. Logo, foi revogada a EC nº 20 e alterada pela Emenda nº 41, de 19 de dezembro de 2003 que, utilizando da lei de iniciativa do poder executivo, em seu curso, teve a finalidade de modificar a configuração em seu cálculo do benefício de aposentadoria. Produzindo maior sustentabilidade de longo prazo dos regimes previdenciários da União, dos Estados e Municípios, exigindo um equilíbrio atuarial e financeiro (LIMA E GUIMARÃES, 2009; BRASIL, 1998). Pinheiro (2007) menciona que o limite máximo para o valor dos benefícios dos novos servidores públicos foi 17 igualado ao limite máximo do Regime Geral de Previdência Social, além de iniciar a contribuição do servidor público inativo, estabelecido em lei. Posteriormente, em 05 de julho de 2005, foi implantada para ordenar sobre a previdência social, a Emenda Constitucional nº 47. Vigorando as mudanças, foi reestabelecido o fundamento de regulamentar o desempenho dos regimes, elaborando novas regras e pondo-as em prática (BRASIL, 2005). Neste seguimento, consagrou-se a Lei nº 9.717/98. Lei nº 9.717 - Dispõe sobre regras gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal e dá outras providências. (Brasil, 1998). A efetivação da Lei nº 9.717/1998 teve a finalidade de reorganizar a estrutura da previdência dos servidores públicos com o RPPS/RN, seguindo o propósito de manter o equilíbrio financeiro, atuarial e a solvência do regime através de avaliação atuarial. Segundo Nogueira (2012), com a finalidade de corresponder ao limite estabelecido pela Lei nº 9.717/1998, os Estados e Municípios priorizaram realizar modificações em suas legislações, com o objetivo de adequar o valor das contribuições devidas aos seus RPPS. Vale salientar que, devido a cada Estado e Município possuírem legislações diferentes uns dos outros, as alíquotas praticadas também sofriam disparidade, possuindo níveis diferentes, estando estes valores inferiores ao da lei. A partir da remodelação estrutural realizada através de novas legislações, evidenciou as leis que estipularam novos critérios para a emissão do Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), com duração de 180 dias. Em decorrência dessas mudanças em função dos RPPS, e conforme as causas em virtude da suspensão do CRP, emitido pelo Ministério da Previdência Social (MPS), iniciativas foram tomadas na administração da gestão dos RPPS, introduzindo um maior controle em seu plano financeiro com revisão orçamentária, incluindo modificações nos planos de custeio, concessão dos benefícios e na acumulação de recursos, além de enfatizar a exigência de realizar a avaliação atuarial a cada ano (NOGUEIRA, 2011). 18 2.2 Instituto de Previdência dos Servidores Estaduais do Rio Grande do Norte No Estado do Rio Grande do Norte, o RPPS foi implementado pela Lei Estadual nº 2.728, de 01 de maio de 1962, onde fundou o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (IPE). Quando implantada, determinou ser de obrigação dos servidores públicos do estado contribuir com a quantia mensal de 8% referente ao vencimento-base, a título remunerativo. Assegurando aos seus beneficiários meios de subsistência, devido a morte dos titulares. Em seguida, a Lei Estadual sofreu modificações, alterando sua estrutura. Possibilitando uma busca em melhorias na construção e reformulação do regime para o Rio Grande do Norte, deu- se a elaboração da Lei Estadual nº 8.633, de 03 de fevereiro de 2005, com a finalidade de ordenar a contribuição para o plano de custeio do RPPS/RN. Relatando sobre: Art. 1 - A contribuição social do servidor ativo de qualquer dos Poderes do Estado, do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, e dos Militares Estaduais, para a manutenção do Regime Próprio de Previdência Social, será de 11% (onze por cento), incidente sobre a totalidade da base de contribuição. (Rio Grande do Norte, 2005). Todavia, com pouco tempo de decretada, a Lei nº 8.633/05 foi substituída pela Lei nº 8.816, de 29 de março de 2006, esta que realizou modificações em sua estrutura. Destacando a mudança da alíquota da contribuição patronal, que até o momento da lei que vigorava era de 14% e depois da alteração passou a ser de 22%, realizando a modificação na redação do art. 5º, caput, da Lei Estadual. Sucedendo o ajustamento a seguir: Art. 5º - A contribuição do Estado, de suas Autarquias e Fundações para o custeio do regime de previdência de que trata o art. 40 da Constituição Federal, será equivalente a vinte e dois por cento sobre a folha de pagamento bruta. (...)”. (Rio Grande do Norte, 2006). A reestruturação do Regime Próprio de Previdências dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Norte junto com o a autarquia do estado, IPERN, se solidificou em único órgão gestor após a implantação da Lei Complementar nº 308, de 25 de outubro de 2005. Assegurando o RPPS/RN e posteriormente acobertando os riscos expostos aos beneficiários, juntamente como as alterações e criações das leis direcionadas ao RPPS. As quais visam melhorias que sustentam o resguardo do patrimônio dos seus segurados à longo prazo, preservando o equilíbrio financeiro e atuarial.A ocorrência da avaliação se dará como a apuração dos recursos do 19 regime, desde que o valor seja satisfatório para cobrir todas as obrigações, a longo e curto prazo (NOGUEIRA, 2012). De fato, os sistemas públicos visam acumular à longo prazo, antepondo que os direitos previdenciários sejam honrados, já que o maior custo se deve das aposentadorias e pensões (NOGUEIRA, 2012). As premissas que definem as características primordiais, os riscos expostos e os argumentos de um plano de benefício são o método de custeio que será utilizado e a sustentação da modalidade de benefícios. Segundo Nogueira (2012), o plano de Benefício Definido (BD) é o de uso dominante nos regimes de previdência dos servidores públicos, dispondo do caráter solidário entre os participantes, onde o valor arrecadado passa a ser do plano e não individualizado por pessoa, ou seja, possui natureza mutualista. Designado a gerar o benefício vitalício. De acordo com Nogueira (2012), o método de financiamento dos benefícios previdenciários se dará através da forma de custeio, sob a forma de contribuição ao longo do tempo, criada como garantia do cumprimento das obrigações. Neste caso, o regime de capitalização é um regime de pré-financiamento, onde a contribuição incide sobre a reserva em busca de atender o fluxo gerado dos benefícios futuros a conceber. Ainda que, de acordo com a Lei nº 308/05, O IPERN desde a última alteração definida no ano de 2014 é estruturado pelo regime de repartição simples, realizando o cumprimento dos pagamentos dos seus segurados e dependentes. Neste trabalho, considerou que o Órgão retorne ao regime de capitalização. Em que, adotar a capitalização é um recurso de precaução em função de cumprir com as obrigações, onde o risco de insuficiência financeira seria ínfimo, não garantindo que outras variáveis possam intervir para que ocorra a insuficiência financeira (NOGUEIRA, 2011). No 2º art., a Portaria MPS nº 403, de 10 de dezembro de 2008 fala a seguinte definição: XI – Regime Financeiro de Capitalização: regime em que as contribuições estabelecidas no plano de custeio, a serem pagas pelo ente federativo, pelos servidores ativos e inativos e pelos pensionistas, acrescidas ao patrimônio existente, às receitas por ele geradas e a outras espécies de aportes, sejam suficientes para a formação dos recursos garantidores a cobertura dos compromissos futuros do plano de benefícios e da taxa de administração; (BRASIL, 2008). O Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Rio Grande do Norte tem sua estrutura organizada a partir do Decreto nº 19.304, de 23 de agosto de 20 2006. No qual divide os quadros dos cargos dos seus servidores, conforme anexo I, e esclarece que: Decreto nº 19.304 – Dispõe sobre a estrutura básica e o Quadro de Lotação de cargos públicos de provimento em comissão do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Rio Grande do Norte (IPERN) e dá outras providências. (Rio Grande do Norte, 2006) A organização estrutural do IPERN está desmembrada em grupos que auxiliam na ocorrência de outras ramificações. Esta subdivisão integra 7 tipos de departamentos incluindo a Presidência. Destes, veem-se os Órgãos Colegiados Decisórios, as Comissões, as Coordenadorias, as Subcoordenadorias, as Unidades Instrumentais e as Chefias. Disponibilizadas através de um quadro de identificação de todas as funções que contribuem no acesso aos benefícios de riscos e programados (pensões e aposentadorias). Visando acobertar os riscos que os seus beneficiários estão expostos, as coordenadorias estão interligadas para contribuir positivamente na construção de um melhor desempenho, conforme figura I. Quanto aos critérios de competência, realiza serviços internos que desencadeiam na evolução do Órgão, designando as funções estabelecidas para cada setor e retornando aos órgãos vinculados. FIGURA 01 – Organograma das Coordenadorias do IPERN FONTE: Governo do Estado do Rio Grande do Norte. 21 2.3 Regras e Legislação dos Beneficiários A criação do Regime Próprio de Previdência Social do Estado do Rio Grande do Norte foi de suma importância para os beneficiários do plano. Visto que, em sua estrutura, garantiu acobertá-los dos riscos eminentes. Deste modo, segundo o Artigo 2º, inciso I e II da Lei Complementar nº 308/05, a cobertura dos riscos em que os beneficiários estão sujeitos é realizada pelo RPPS/RN, o qual fornece meios de subsistência para eventos de benefícios de riscos e programáveis, abono. Além de garantir a proteção a maternidade e a família (RIO GRANDE DO NORTE, 2005). Nas características desses benefícios, Pinheiro (2007) esclarece que o risco que é previsto no plano se enquadra na realização seguida do benefício programável. Ou seja, é realizado um cálculo para estabelecer a data para o início do pagamento do beneficio previdenciário. Outrora, quando não se dá para prever o risco, pode-se classificar como benefício de risco, em termos específicos, àquele que não é programável, sem previsão de data para pagamento do benefício no regulamento do plano. Na estrutura do IPERN, são beneficiários da autarquia, segurados mencionados em lei como obrigatórios, todos os servidores que foram efetivados, estes divididos em civis e militares dos três poderes e autarquias estaduais, estando presente no art. 3º da Lei Complementar nº 308/2005. O art. 40 da EC nº 20/1998, segundo Nogueira (2012) é específico quanto aos seus segurados, do qual deixa claro que não se incluem ao grupo de beneficiários segurados outras categorias de servidores, mencionando apenas os investidos em cargo público. Ou seja, somente efetivados mediante aprovação de concurso público. Segundo Nogueira (2011), no Brasil houve medidas amparadas para o setor público, estas que não foram suficientes para suprir a concretização dos seus funcionários e modificou o sentido do projeto, criando vias na administração do Estado. Encontra-se classificado em dois tipos de beneficiários, os que estão segurados e os seus dependentes, de modo que são especificados nos arts. 6º e 8º da LC Nº 308/2005. Na posição de segurados, estão presentes os servidores acima citados, além dos que exercem a função em fundações públicas e em regime especial, incluindo os militares. Seguindo os padrões de exigência da LC Nº 308/05, só haverá a saída da classificação de beneficiário segurado quando o indivíduo vier 22 a óbito. Caso haja descumprimento de exigência, se dará por exoneração (RIO GRANDE DO NORTE, 2005). Na classificação dos dependentes, Plamondon et al. (2011) mencionam que encontram-se os beneficiários que dependem economicamente do segurado, garantindo que o benefício seja pago para seus sobreviventes. Estando presente o cônjuge, o companheiro e o filho não emancipado (menor de 21 anos ou até 24 anos cursando ensino superior). Segundo Plamondon et al. (2011), na condição de dependente, diante comprovação, estando incluso os pais do segurado, o irmão que não seja emancipado e seja menor de vinte e um anos ou inválido. QUADRO 01 - Comparativo dos benefícios concedidos pelo IPERN de acordo com a Lei Complementar nº 308/2005 Benefícios Beneficiários Segurados Beneficiários Dependentes Aposentadoria por invalidez SIM NÂO Aposentadoria compulsória SIM NÃO Aposentadoria voluntária por idade e tempo de contribuição SIM NÂO Aposentadoria voluntária por idade SIM NÃO Abono permanência SIM NÃO Auxílio doença SIM NÃO Salário família e salário maternidade SIM NÃO Pensão por morte NÃO SIM Auxílio reclusão NÃO SIM Fonte: Dados da Pesquisa, 2017. Na classificação de beneficiários e pensionistas, fica constatado que a efetivação do pagamento dos benefícios previdenciários se dará quando a fase laboral do servidor for encerrada, identificando como aposentado e ou inválido, ou que dependa de algum benefíciopor morte (pensão). Ainda que, determinada a concessão dos benefícios, o indivíduo deverá seguir as normas estabelecidas pela LC nº 308/2005. Em caso de irregularidade, dependendo do modelo que o determinou, terá cessação ou o encerramento se dará na concretização do falecimento do dependente e ou do beneficiário sem dependente. 23 Levando em consideração os modelos de benefícios de risco e programados, ficam evidenciados os tipos de aposentadorias, seguindo os critérios de elegibilidade. Logo, Plamondon et al. (2011) mencionam que a aposentadoria por invalidez é um benefício por incapacidade, comprovada por laudo médico, onde o segurado não possui meios de subsistência e prática de atividade remunerada. Descumprindo o art. 44, ocorrerá a cessação da aposentadoria. No caso do auxílio- doença deverá comprovar o afastamento após o período de 16 dias e será acobertado pelo INSS. A concessão se dará através de cálculos com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. Sendo assim, na aposentadoria compulsória, o benefício será superior ao do salário mínimo. De acordo com a LC nº 152, de 03 de dezembro de 2015, a idade limite permitida para a aposentadoria é de 75 anos de idade. Seguindo o mesmo mecanismo, para a aposentadoria por idade será realizado cálculos previstos no art. 67 da LC nº 308, em que a idade permitida é de 60 e 65 anos, para mulheres e homens, respectivamente. Já para a aposentadoria por idade e tempo de contribuição, além da idade definida, segue a regra com 30/35 anos de contribuição para mulheres e homens, como menciona Giambiagi et al. (2004), permanecendo o padrão de redução em 5 anos para as mulheres. No entanto, quando comprovado o falecimento do servidor, verifica se há cônjuge e filhos, ficando dividido o seguro de dependência. Ou através de dependência comprovada por pais e irmão menor de vinte e um anos (PLAMONDON et al., 2011). 2.4 Análise Financeira e Atuarial A administração pública é essencial para realizar melhorias na estrutura do RPPS, desde que o mantenha organizado para seu funcionamento. Segundo Nogueira (2011), as despesas geradas aos cofres públicos foi fruto do desenvolvimento inicial do regime e a má aplicação de suas finanças acarretou na sucessão de mudanças ocorridas na Constituição Federal (CF). Deste modo, manter seu equilíbrio passou a ser o principal objetivo. A aplicação de modelos e diretrizes anteriores desenvolvidos para o RPPS no Brasil desencadeou na ocorrência de déficit atuarial resultante dos desequilíbrios 24 presentes. Nogueira (2011) ressalta que apesar de verificado estes déficits, identificou-se um acúmulo dos recursos financeiros que culminou na garantia de um superávit e consequentemente no pagamento dos benefícios. Portanto, os fatores designados para o surgimento do equilíbrio e desequilíbrio atuarial estão diretamente ligados na diferença do valor do fundo e o da reserva, podendo haver variação entre eles em um curto período. No equilíbrio financeiro é considerado o período de vigência do plano, dito que esteja ligado ao fluxo de caixa e que não gere déficit (NOGUEIRA, 2012). Isto é, ocorre quando um plano possui recursos suficientes para que as receitas arrecadadas cubram as despesas previdenciárias no tempo estabelecido. Já no equilíbrio atuarial, Nogueira (2012) cita que o mesmo visa a solvência do plano, preservando o presente e garantindo o futuro, até o fim de sua existência. Ou seja, que possuam recursos para efetivar o pagamento que está firmado a longo prazo, através de projeções. Desse modo, o equilíbrio das contas é essencial para a não ocorrência do déficit ou superávit, visto que é preciso que as receitas zerem com as despesas. Seguindo a exigência para equilibrar as contas do RPPS, utiliza-se a equação euleriana de equilíbrio, esta que mantém o Valor Atual dos Benefícios Futuros (VABF) igual ao Valor Atual das Contribuições Futuras (VACF), certificando o pagamento dos aposentados, futuros aposentados e pensionistas dos segurados. Desse modo, a fórmula aplicada na equação de equilíbrio atuarial é: RECEITA PROVÁVEL = DESPESA PROVÁVEL VACF = VABF O VABF refere-se ao custo previdenciário, todas as somas dos benefícios do custo administrativo, acomodando os benefícios que foram concedidos quanto os que serão ao longo do tempo, já o VACF refere-se as contribuições futuras que serão usufruídas, levando em consideração a alíquota vigente no período. Estes serão obtidos quando realizado a avaliação atuarial. O desequilíbrio ocorrerá mesmo quando existir déficit ou superávit, e que na realização da projeção o recurso adquirido não seja suficiente para cobrir os benefícios futuros. Nesse caso, para se pagar as despesas deve-se manter o 25 equilíbrio financeiro, além de que o regime tenha um plano de custeio. Segundo Nogueira (2012), quando um episódio deficitário ocorre, as obrigações do plano não serão concretizadas, tornando-se insuficientes e quando houver superávit indicará que está se exigindo valores superiores aos participantes, além da necessidade do plano. A organização e funcionamento se deram a partir das regras impostas pela lei Nº 9.717/1998, em que resguardar o equilíbrio financeiro e atuarial se tornou a obrigação do regime, possibilitando anualmente uma Avaliação Atuarial - AA. Segundo Plamondon et al (2011), na ocorrência de um desequilíbrio financeiro, medidas devem ser providenciadas para que viabilizem a busca da restauração do plano, estas que são avaliadas atuarialmente diante os índices legais de contribuição. De acordo com Nogueira (2011), o RPPS visa como principal fundamento a realização da análise de créditos que colabore para o pagamento do benefício dos seus segurados. Visto que o sistema guiará o desenvolvimento necessário para que a arrecadação das contribuições gere acúmulo em função do tempo. Ou seja, o acúmulo de receita é o passo inicial para fornecer garantia de benefício futuro, especificando a utilidade a ser destinada e a duração em anos. Neste caso, segundo Fantinel (2003), as receitas auferidas e as obrigações do regime quando são equivalentes formam o equilíbrio financeiro, dado que seja a cada exercício e que forneça a garantia da utilização do pagamento quando estimado. Ou seja, o equilíbrio acontece quando as despesas e receitas estão alinhadas. No caso do equilíbrio atuarial, a valor presente, Fantinel (2003) informa que as receitas estimadas devem estar equivalentes às obrigações projetadas, ao longo do tempo, sem que haja dependência financeira. Desenvolver a capitalização do RPPS, já considerando os benefícios concedidos, viabilizou estimar a AA no início do plano e reavaliá-la anualmente, levando em conta o acúmulo na reserva dos benefícios a conceder (SANTOS, 2014). Tendo em vista que a capitalização é o método de financiamento do plano, constituir reserva é uma necessidade. A princípio, como critério para a AA, aplicasse inicialmente o preceito para a composição e possível correção do plano de custeio, assim também posto aos benefícios, feito isso, emprega-se ao balanço e realiza a 26 avaliação. O resultado atuarial poderá indicar equilíbrio, déficit ou superávit. Segundo Nogueira (2012), após os procedimentos realizados, é feito um levantamento no custo do regime especificando valores que indicarão o quanto poderá ser utilizado no financiamento. Plamondon et al. (2011) reforça que resguardar o custo projetado do plano é responsabilidade do sistema financeiro, a partir da obtenção de seus recursos. Quanto a garantia de elegibilidade do plano foi realizada a AA baseada nos créditos ocasionados pelos acúmulos, estes que constituíram a base na análise mediante a ocorrência de acobertar o segurado por meio dos benefícios vitalícios ou concessões, devido os benefícios de riscos (morte e invalidez) e os programados (aposentadoria) a longoprazo (PLAMONDON ET AL, 2011). Considerada uma peça essencial de incentivo ao investimento direto para fins particulares, a reserva financeira é a parte de um fundo previdenciário que garante o pagamento dos benefícios dos participantes de plano em um período futuro, possuindo grande influência para o crescimento econômico, quando feito sua aplicação de maneira correta e seguindo os padrões definidos em razão das normas que prevalecem a economia (PLAMONDON ET AL, 2011). Segue abaixo o mecanismo financeiro de um regime público de previdência. Figura 02 – Acúmulo de reservas de um regime público de previdência. FONTE: Plamondon et al, 2011. 27 As reservas geradas não devem exceder o limite recomendado para o plano absorver a rentabilidade dos investimentos. Segundo Fantinel (2003), os recursos que estão acumulando fundamentam-se a partir da aplicação do método de financiamento através do regime de capitalização, criando a reserva matemática de benefícios a conceder (ativos) e a reserva matemática de benefícios concedidos (inativos). Para a ocorrência deste feito, deverá ser adquirida a contribuição do servidor em sua fase laboral e que o valor acumulado seja o suficiente suprir suas necessidades como beneficiário no futuro. A Portaria MPS nº 403/2008 informa que a garantia da revisão do plano de custeio e de benefícios se dará a partir das normas aplicadas a atuária, em que definem os parâmetros para a segregação da massa desenvolvida ao regime em defesa da AA (LIMA; GUIMARÃES, 2009). Segundo Nogueira (2012), considerando o custo previdenciário e as contribuições que serão utilizadas à longo prazo será logrado os compromissos presentes e futuros do plano de benefícios para a data da avaliação. Ou seja, o funcionamento deste seguimento endossará a reserva matemática previdenciária. Logo, o procedimento para que se forme o fundo de aposentadoria será apresentado através do acúmulo do investimento quando equivale ao valor das rendas de aposentadoria e pensão, desde que permita a continuidade dos seus pagamentos. O manuseio e o andamento da reserva estão diretamente ligados ao tipo de benefício e o regime de financiamento. Onde na modalidade BD a fórmula de calcular o benefício normalmente é empregada sob o percentual das últimas remunerações. Quando gerado o resultado, a reserva servirá para suprir o benefício e em sua formação a contribuição irá variar, sendo assim, sofrerá ajustes à longo prazo. O valor da reserva matemática (RM) será resultante da diferença entre o VABF e VACF e este cálculo é feito através da equação de equilíbrio atuarial. RM = VABF – VACF O valor gerado é fundamental para assegurar o equilíbrio financeiro e atuarial, estabelecendo o compromisso do plano. Nogueira (2012) informa que ao terminar a AA e obtendo os custos arrecadados através da mesma, será feito uma partilha pelo tempo de contribuição entre o órgão e seus segurados, possibilitando o equilíbrio. 28 3. METODOLOGIA A elaboração deste trabalho deu-se inicialmente através de revisão de literatura que envolveu a legislação, o RPPS e a análise financeira e atuarial. Os quais desencadearam o processo de desenvolvimento do regime financeiro e modalidade do plano, o custo previdenciário, a reserva matemática e o resultado atuarial do órgão. Em sequência da primeira parte, procedeu-se a coleta dos dados da pesquisa para executar a modelagem atuarial e estatística. Dando continuidade, foram utilizadas técnicas para analisar o tamanho populacional e a variabilidade dos eventos através do processo de microssimulação, utilizando o software Sadeprev por meio do Método de Monte Carlo. Foi considerado o regime de capitalização para o perfil do RPPS e a população trabalhada de servidores públicos. O capítulo atual tem o objetivo de expor a metodologia e seu modelo aplicado, realizando simulações em busca de benefícios e malefícios que contribuem para as comparações e conclusões dos resultados gerados. Ordenou-se no processo inicial toda metodologia através de métodos de custeio para a mensuração das reservas, estendendo-se em dois modelos para o método de reserva: método prospectivo e o método de financiamento. Dispondo das informações dos contribuintes e beneficiários, elaborou-se o banco de dados com as referências socioeconômicas e demográficas, elaborando um estudo para gerar a reserva do fundo previdenciário. O quadro a seguir informa o que antecedeu a microssimulação: 29 QUADRO 02 – Desenvolvimento do mecanismo aplicado para a simulação. Parte 01 Exibe a característica do Software Sadeprev mostrando a intenção da microssimulação na realização de suas operações. Parte 02 Apresenta as variáveis da pesquisa e plano de coleta de dados utilizados da população dos servidores para a utilização da microssimulação. Parte 03 Retrata as premissas atuariais estimadas no modelo adotado para os servidores públicos. Parte 04 Dispõe do método de reserva utilizado na microssimulação para a constituição e estimação da reserva futura do IPERN. FONTE: Elaboração Própria, 2019. 3.1 Software SADEPrev e sua Função O software Sadeprev foi criado com o intuito de facilitar o reconhecimento de um possível déficit ou superávit atuarial em um plano previdenciário. Para o processamento do software é necessário no início realizar o preenchimento de dados básicos das características dos servidores do RPPS da instituição empregada, de modo que se utiliza o perfil destes para efetuar o procedimento das simulações, determinando a situação de seus participantes e vinculados. É necessário o valor do capital investido para apurar o valor total do montante anual, gerado pelo plano. Contudo, o software possui algumas características padrões para o RPPS e regime de capitalização, estas que podem ser alteradas, se necessário. 30 FIGURA 03 – Tela inicial do software para a importação dos dados. Fonte: Simulados Atuarial-Demográfico de Previdência Social. O software aplica microssimulações para se trabalhar com o envolvimento de diversas variáveis, e em seguida trabalha as simulações com a aplicação das premissas e dados operados no plano, mantendo todo o cálculo dos resultados obtidos em função do Sadeprev. O seu perfil padrão considera o fornecimento das informações iniciais necessárias para gerar o resultado da predição do valor total das contribuições e benefícios do plano pagas por cada participante durante os últimos 75 anos, sugestivo pelo software, em que realiza o estudo a partir da visão prospectiva na ocorrência dos fatos no decorrer do período referido. É esperado que durante o período coberto no estudo, todos os atuais e futuros segurados e beneficiários já tenham falecido. Neste caso, para uma cobertura mais completa, considera as 31 premissas de sobrevivência e o tempo imposto para a análise da solvência do plano. Contudo, para o trabalho foram observados 100 anos de simulação. O Sadeprev é um software escrito no software R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2003), de distribuição livre, que através de funções prontas fornecidas para uso, pode-se construir gráficos e tabelas como mecanismo de conclusão dos resultados obtidos no processamento dos cálculos das variáveis utilizadas, em que auxilia na leitura e observação do que foi projetado para o tempo estimado. O Sadeprev, na versão utilizada neste trabalho, não acompanha todos os procedimentos que requer para uma avaliação atuarial, ou seja, não completa o Demonstrativo do Resultado de Avaliação Atuarial – DRAA. Suas limitações são: não diferencia a legislação dos ativos civis dos demais, não considera a aposentadoria especial e a contribuição dos inativos e ignora a legislação aplicada aos professores e às carreiras. Portanto, não substitui uma AA que deve ser realizada anualmente. Por outro lado cumpre o objetivo deestudo, realizando o cálculo de reservas de um fundo de previdência. 3.2 Variáveis dos Participantes Utilizadas na Simulação da Reserva e a Base de Dados As variáveis importantes para a aplicação do modelo atuarial e estatístico a fim de estimar a reserva financeira, foram definidas de acordo com as premissas atuariais e são os dados necessários para o presente trabalho, diretamente coletados com o órgão gestor de estudo, o IPERN. O setor de informações disponibilizou os dados primários para o Departamento de Contabilidade Previdenciária, que através da Coordenadoria de Contabilidade Previdenciária (CCP) e Subcoordenadoria de Avaliação Atuarial (SAT) cedeu a base de dados dos servidores civis ativos, inativos e pensionistas do Instituto. As variáveis utilizadas foram definidas em função do cadastro de variáveis contidas na base do banco de dados do sistema de informática do RPPS, cedidos para a pesquisa, estando relacionadas aos fatores sociodemográficos. Essencialmente seguindo este padrão para a realização da microssimulação, fez-se a atribuição da variação numérica para identificar cada servidor, contribuindo para a 32 organização dos dados. Em seguida, com o objetivo de obter a idade atual do servidor informou a data de nascimento, após esse procedimento, definiu o sexo do participante. Posteriormente, efetuou a separação da identificação da população, estando divididos em ativos civis, inativos e pensionistas. Quando pensionista, identificando a opção cônjuge ou filho. Considerando ativo, foi informado o tempo de contribuição antes de ingressar no ente federativo. Logo após, foi levado em conta o parâmetro estabelecido a idade de início da fase de contribuição para o regime de 25 anos, para a variável idade de ingresso no ente federativo, informado na AA (2018) e definido em equivalência com a Portaria nº 403/08. E por fim, apresentou o valor de contribuição, quando ativo, e/ou de benefícios pagos pelo RPPS, quando aposentado. Outras informações necessárias foram especificadas na aplicação do plano de RPPS, a princípio utilizou informações preenchidas no DRAA 2018 e estipuladas em Lei, citadas acima. Para o fundo de reserva atual do plano, foi utilizado o valor de R$ 243.192.494,37, conforme informação fornecida pelo órgão gestor do RPPS. Para os valores propostos de contribuição do servidor e do ente federativo, foi designado pelo passivo atuarial, com informações cedidas pelo órgão gestor, que o custo dos benefícios assegurados é de 33%, para o custo normal. Ou seja, é a soma dos 11% que incide sobre a totalidade das remunerações dos servidores ativos com a diferença restante que é paga pelo ente federativo, os 22% de contribuição que incide sobre as remunerações dos servidores ativos, como esclarece a tabela seguinte: FIGURA 04 – Plano de custeio proposto para a avaliação FONTE: DRAA, Ministério da Previdência Social, 2017. 33 3.3 Premissas Atuariais As premissas atuariais devem ser adotadas seguindo características padrões da amostra trabalhada, isto é, que apresentem maior semelhança com os dados da própria população. É necessário que se observe os aspectos da população em períodos anteriores, facilitando a adesão de premissas que possuam grandes expectativas da ocorrência do evento. Baseando-se nas informações utilizadas para o preenchimento do DRAA do órgão, as premissas atuariais ou hipóteses atuariais, compreendem um conjunto de estimativas para eventos biométricos, demográficos, econômicos e financeiros, que serão usufruídas em um dado período que se analisa. Considerando a Portaria nº 403/08, a avaliação do DRAA conta com hipóteses atuariais e parâmetros atualizados. Sofrendo alterações na última data do ano do período em que se obtiveram os dados, 31/12/2017. Estas premissas serão utilizadas na reavaliação em que se observa a conduta das variáveis incluídas. 3.3.1 Premissas Demográficas As premissas demográficas foram utilizadas na simulação. O primeiro critério considerado foi o da população trabalhada ser de servidores públicos via RPPS. Neste seguimento, as premissas que interferem diretamente na composição da amostra foram adotadas com as características de funcionamento dos mesmos. A necessidade de incluí-las permitiu a realização de uma análise através da aleatoriedade que a simulação exerce, provocando efeitos demográficos mediante as ocorrências. Ou seja, tais efeitos iniciam quando as premissas definidas indicam o período que o servidor e o beneficiário sairá do plano, considerando todas as formas de saída. E quando o inativo deixará de ser participante, no caso, saída por morte. As premissas demográficas ficaram divididas em dois modelos, os decrementais e outras considerações, ficando evidenciados: na probabilidade de morte, invalidez, idade de aposentadoria (considerando a idade de entrada no ente e de nascimento), de ter cônjuge, de ter filho, as idades do cônjuge e do filho. 34 Em primeiro plano, definiu através da legislação as premissas demográficas decrementais. Sendo adotada a tabela de vida elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010 diferenciada por sexo, como tábua de mortalidade, sugerida pelo ente federativo quando aplicado ao DRAA. Porém, contendo atualizações para o ano de 2018 no DRAA e desconsiderando essa atualização pelo software de simulação. A Portaria MPS 403/2008 estabelece que quando houver mortalidade igual ou menor que a tábua do IBGE mais atualizada, deve-se utilizar a tábua sugestiva. Levando em consideração que o seu baixo nível de mortalidade incidirá em um risco mínimo de solvência, ou seja, será mais vantajoso para o ente adequar à população. A tábua de mortalidade do IBGE é considerada uma tábua de equivalência à população brasileira, considerando a média, que é proporcional a todos os grupos. O segundo decremento definido foi a probabilidade de entrada em invalidez, onde determina que seja empregada a tábua Álvaro Vindas, considerando a prescrição da Portaria MPS 403/2008, em que firma a taxa de entrada em invalidez como limite mínimo (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2008). Contradizendo o argumento usado para a probabilidade de mortalidade, o elevado crescimento na probabilidade de entrada em invalidez ocasiona um risco de solvência maior. A probabilidade de entrada em aposentadoria, como já mencionada acima, considerou no primeiro passo a idade atual do servidor, utilizando a data de nascimento como referência. No segundo passo, a idade em que ingressou no ente federativo, no qual foi estabelecido a idade mínima de 25 anos, obedecendo a Portaria nº 403/08 e utilizada pelo órgão para a avaliação atuarial, considerada premissa para a Idade de entrada no modelo. Em seguida, foi levado em consideração a subseção IV, que trata da aposentadoria voluntária por idade, da LC nº 308/05, aquele que possuir o tempo mínimo de 10 anos no serviço público e 5 anos no cargo, e idade de 65 e 60 anos se homem e mulher, respectivamente, terá direito a aposentadoria proporcional ao tempo de contribuição (RIO GRANDE DO NORTE, 2005). Levando em consideração a utilização da microssimulação, no que especifica a CF, quando os servidores possuírem os critérios mínimos se aposentam (BRASIL, 1988). 35 As premissas de probabilidade de ter dependente e as idades do cônjuge e filho que foram utilizadas no modelo seguiram as funções estimadas pelos dados da PNAD 2011, realizada no Brasil anualmente, sendo estas de utilização do software no presente trabalho. 3.3.2 Premissas Econômicas As premissas econômicas são essenciais para os cálculos de uma reserva. Avaliando os valores das contribuições e dos benefícios encontra-se a estimativa da reserva. Onde será necessário adotar outros dois tipos de premissas, considerando o ambiente econômico e a legislação: a taxa de aumentodas remunerações e a taxa de retorno dos investimentos. Os valores anexados as premissas são fixos, pois na aplicação do modelo não dependem da aleatoriedade demográfica. Seguindo essa ideologia e atendendo a ausência de transparência nas informações cedidas aos servidores quanto a taxa de aumento salarial, foi considerado a recomendação do quadro do preenchimento do relatório de AA do IPERN de 2018, em que menciona ser utilizado o limite mínimo para o plano de carreira dos Servidores do Estado do Rio Grande do Norte, sendo 1% ao ano calculado ao longo do tempo de serviço, como determinado pela Portaria nº 403/08. De acordo com a legislação, Rodrigues (2008) afirma que considerar a taxa real mínima de crescimento das remunerações em 1% já é o suficiente para se obter disparidade dos resultados na reserva precisa do ente, podendo realizar modificações significativas da mesma, conforme a estimação realizada em um determinado período de tempo. Visto que, possuindo influencia na reserva, o aumento resultante da taxa de crescimento salarial está ligado diretamente a formação de uma reserva maior. Atendendo a Portaria nº 403/08, a taxa máxima a ser considerada no modelo de simulação foi fixada em 6%, ao ano. Ainda, segundo Rodrigues (2008), em média, a alteração elevada do montante que se acumula em um determinado período de contribuição se deve ao regime de capitalização incidindo sobre o que foi arrecadado naquele período, considerando a rentabilidade anual de 6%. Ou seja, 36 oferece um maior retorno financeiro para o ente federativo. Porém, quando não estabelecida em um modelo correto do ente, pode gerar desequilíbrio. 3.4 Método de Reserva Esta seção foi designada para descrever o método de reserva aplicado ao RPPS do IPERN pelo regime financeiro de capitalização. Desde os procedimentos primordiais que foram apresentados no capítulo 3, até o planejamento visionário a longo prazo para o método de financiamento utilizado neste trabalho, tendo em vista o fundo previdenciário. Segundo Nogueira (2012), a organização atuarial e financeira de um fundo previdenciário propicia a formação de reservas para o método do RPPS, utilizando conceitos financeiros, econômicos e probabilísticos que determinam o tamanho do valor necessário do seu montante, permitindo que cumpram com suas obrigações e representem o compromisso do plano. Diante esse cenário, a reserva é obtida através de cálculos atuariais. A reserva é constituída a partir de métodos de financiamento, no qual estabelece o modelo que permitiu o seu acúmulo em garantia do pagamento dos benefícios cobertos pelo plano. Ou seja, o método de financiamento estipulou o modelo de capitalização do plano de benefícios, onde indicou a maneira que proporciona a contribuição capitalizada de executar a divisão ao longo do tempo, custeando os benefícios futuros dos seus servidores e dependentes. Contudo, há a possibilidade do risco ocorrer e não obter o acúmulo suficiente da reserva de um fundo previdenciário, comprometendo as obrigações do plano. O funcionamento dos métodos de reservas utilizados neste trabalho são apresentados na subseção a seguir, considerando as premissas que estimam a reserva do IPERN. Deste modo, para efetivar os pagamentos dos benefícios foi realizado o cálculo de reserva do fundo através do método agregado, trabalhando com a população fechada. Além de dispor da habilidade para produzir uma visão estratégica do futuro, através do método prospectivo. 37 3.4.1 Método Prospectivo A reserva, em linguagem de seguros, se equivale a um sistema econômico de precaução para riscos futuros que uma seguradora possa vir a sofrer, portando o fundo, que as mesmas constituem, como garantia de suas operações. O cálculo da reserva matemática pode ser realizado em duas maneiras, com o método retrospectivo e prospectivo. O método de reserva prospectiva, assim dizendo, prospecta um resultado futuro daquele espaço, predizendo as operações. Aplicada na simulação, procura um cenário condizente ao ideal, que mais se assemelhe a realidade do plano. A partir de seus resultados facilita a aplicação de estratégias que estruturem o plano e previna o risco. Para isso é necessário que ocorra uma análise de interesse determinando os eventos em primeiro plano, em seguida cruzando as variáveis e então, realizando a simulação de Monte Carlo, apresentada no subitem 3.5.1. Aulicino (2012) declara que a visão estratégica do futuro é um procedimento realizado através do processo prospectivo e assegura que vai além de apenas projetar uma tendência futura, visto que constitui fatores que facilitam a administração das incertezas e preparam a população. Dito isso, prevenir o risco é fundamental para que o fundo previdenciário cumpra com seus compromissos. Na obtenção de seus resultados, as premissas definidas para o órgão são essenciais e estão vinculadas diretamente aos eventos futuros (AULICINO et al, 2014). Logo, foi aplicado o planejamento a longo prazo, no qual estabeleceu para uma análise mais precisa um período de 100 anos. Na ocorrência de mudanças no sistema, Aulicino et al. (2014) reforçam que deve ser realizada uma exploração mais rigorosa diante o processo visionário, ainda que seja primordial a ação prospectiva para o plano, visto que orienta o que já existe para uma ação futura. Constituída no tempo futuro, o conceito de reserva prospectiva é obtido através dos benefícios e prêmios futuros. Visto que sua operação se dá através compromissos futuros do órgão e dos seus beneficiários. De maneira geral, a reserva prospectiva se resume no valor presente atuarial em determinado período dos benefícios a serem pagos menos o valor presente atuarial no mesmo período dos prêmios que serão recebidos. 38 3.4.2 Método de financiamento agregado O modelo agregado é um método de financiamento atuarial que emprega a visão prospectiva como mecanismo de previsão, do qual busca olhar adiante do tempo. Elabora seus cálculos de modo coletivo, isto é, o custo é agregado para os participantes, ignorando os cálculos individuais de custo normal e suplementar, ou seja, de aposentadoria e pensão. Logo, o cálculo para o fundo é realizado para uma população inteira, agregada. Usufruindo da visão futura, o método de financiamento agregado apresenta como preceito a apuração da reserva matemática em que iguala o valor atual das obrigações e contribuições futuras, considerando o patrimônio já constituído. Segundo Pinheiro (2007), o prêmio médio é constituído pelo valor presente dos benefícios dos ativos dividido pelo valor presente dos salários futuros. Ou seja, estabelece como prêmio médio uma quantidade equivalente dos salários para os participantes. Considerando o acúmulo de reserva, o equilíbrio financeiro do fundo fechado daquele período é determinado pela taxa de contribuição relacionada ao tempo, dado que estão dimensionados em um nível coletivo. Por este método, as variações das premissas e população alteram as contribuições. Visto que o valor do benefício é obtido com base nas remunerações projetadas no período de aposentadoria ou morte. Diante desse contexto, o método de Custo Agregado fornece o mecanismo de obter a taxa de contribuição relacionada ao tempo, levando em conta o valor presente dos benefícios futuros diminuído do acúmulo de reserva e divididos pelo valor presente provável dos salários segurados (IYER, 2002). C(t) = (PVB(t) – V(t)) / PSV(t) Onde C(t) é a função da taxa de contribuição relacionada ao tempo, PVB(t) é o valor presente dos benefícios futuros dos membros ativos e inativos, com população fechada à novos entrantes, V(t) é o fundo das reservas que acumulou, PSV(t) é o valor presente provável dos salários segurados. 39 A princípio possui seus valores constantes, visto que as contribuições foram baseadas na idade de entradado participante, amortizando o VPBF e permanecendo por um longo período. Quando não fundado é representado pela C(t). Logo, justifica o longo período, em um tempo infinito. Deste modo, com a visão prospectiva, faz-se o aporte com o mesmo valor do saldo, este que tende a zero, redirecionando o valor pertencente ao passivo no início. Seguindo esses passos, ocorre a liquidez do passivo no tempo infinito, utilizando de uma alíquota com processo prolongado. Segundo Pinheiro (2007), as contribuições do método são decrescentes e tendem ao infinito. É natural que o cálculo atuarial executado equivalha ao grupo de participantes, correspondendo a um fácil desenvolvimento, dado que não possui serviços passados para amortizar, dispondo de ganhos e perdas agregadas, apesar de ter modificações no custo normal futuro, visto que será necessário amortizar a partir do período identificado (PINHEIRO, 2007). Considerando o período futuro, quanto aos benefícios, tem seu financiamento cumprido pelo método agregado. 3.5 Simulação De acordo com o objetivo do estudo para estimar a reserva do fundo previdenciário e analisar o seu risco de solvência a partir de cálculos semelhantes ao de avaliações atuariais, foi realizado uma simulação com os dados do IPERN no ambiente do Sadeprev. A simulação no Sadeprev consiste na realização em reproduzir o comportamento de algo, buscando se aproximar de resultados reais através de particulares experimentos matemáticos. Utilizando do mecanismo computacional, é observado que ao imitar um cenário real obtém o processo do mesmo em um intervalo longínquo. Seguindo o mecanismo para realizar a simulação dos dados, o capítulo 3 apresenta a metodologia desde as informações iniciais, deixando encarregado ao item 3.4 o método de reserva trabalhado. Nesta, segundo Corrêa (2014), o evento aleatório através do elevado número de variáveis consente em simulações de alto grau de dificuldade, sendo não solucionáveis para métodos diferentes. 40 A simulação constitui três modelos que se distinguem conforme o método que deve ser efetuado para diferentes problemas de cada população. Podendo ser calculado para uma população inteira pelo modelo analítico, para um grupo populacional pelo método da macrossimulação ou para cada indivíduo pelo método da microssimulação, este que foi utilizado para o trabalho (CORRÊA, 2014). Considerando as premissas econômicas e demográficas, aplica-se o modelo para cada indivíduo da população de interesse, submetendo-o aos eventos decorrentes e organizando para cada período de tempo estimado. Ou seja, a aleatoriedade do sorteio determina o tempo de vida e demais processos realizados, modificando o valor do fundo e reserva para o plano. Prontamente, o processo de simulação será repetido até que se obtenha a projeção dos períodos esperados. O modelo de microssimulação é utilizado para corrigir os erros encontrados nos vastos episódios demográficos, levando em conta a aleatoriedade dos eventos. Deste modo, quanto maior o número de repetição do processo maior a garantia do valor exato para os parâmetros reais. Após a realização de cada simulação o procedimento gerado é armazenado, podendo ser feito um monitoramento a cada período de desenvolvimento. Deve-se salientar que no processo de simulação o servidor inicia ativo, podendo considerar o estado por mais tempo, e posteriormente se aposentar ou se beneficiar como inválido ou constatar morte. As informações apresentadas são empregadas pelo método de Monte Carlo que será retratado no subitem 3.5.1. 3.5.1 Monte Carlo O método de Monte Carlo é uma simulação da estatística retratada pelo processo estocástico que utiliza a matemática para a realização de operações complexas com o intuito de aproximar os valores numéricos obtidos a valores reais. Sua principal característica é a aleatoriedade de eventos, levando em conta que cada repetição da microssimulação gerada atinge resultados diferentes. 41 Segundo Yoriyaz (2009) o processo é efetivado através da população inicial, onde se baseia no elevado número de amostragens aleatórias se aproximar de resultados reais por meio de simulações, utilizando das variáveis para alcançar respostas mais precisas. Deste modo, executa a repetição quantas vezes forem necessárias para a simulação. O MMC, assim chamado, trabalha necessariamente com a microssimulação, na qual facilita a observação do desempenho de cada indivíduo. Ao colocá-la em prática, possibilita a alteração de dados, sequência de informações e armazenamento por repetição para um melhor desenvolvimento em busca de desencadear resultados realistas, diferente de um procedimento real com outro método de aplicação (YORIYAZ, 2009). Ao aplicar o MMC como ferramenta para resolver situações de alto grau de dificuldade ou incerteza é necessário seguir o padrão estabelecido para o modelo, direcionando o mecanismo para o uso do método. Deste modo, inicialmente foi feito uma modelagem do problema, em seguida foi elaborado valores aleatórios para a incerteza exposta, depois foi substituída pelos valores para realizar os cálculos do problema e por fim feito o desfecho do que foi estimado. 3.5.1.1 Funções Utilizadas para Observar o Comportamento Futuro Em busca da solvência, empregam-se funções previstas na literatura atuarial das quais foram importantes para o cálculo da reserva financeira do plano, no mesmo seguimento imposto pelo software. A princípio, como mencionado nos subitens acima e refletido na Figura 05, organizou-se as informações necessárias das variáveis iniciais dos participantes e as premissas determinadas para os servidores, incluindo a observação na aleatoriedade demográfica dos eventos. Permitindo analisar através da média dos estados e o seu grau de dispersão: desvio padrão. 42 Figura 05 – Fluxograma da saída de estados dos participantes. Fonte: Corrêa, 2014. Após considerar todas as probabilidades de saída do participante, aplicam-se funções baseadas na necessidade de obter a solvência do plano. Através das funções usadas por Corrêa (2014) e com aprimoramento a partir do seu projeto: “Desenvolvendo a gestão de RPPS: um programa para auxílio dos gestores de previdência e servidores públicos”, desenvolveram os resultados por meio do Software Sadeprev. Conforme a base de dados no período de referência, para cada participante foi projetado o seu estado para cada ano do período de estudo analisado (100 anos). Em seguida, a cada ano o participante foi exposto ao risco de mudança de estado, conforme Figura 05. No final do período, obtém-se para cada participante um vetor com seu estado em cada período, podendo assim afirmar se ele estava contribuindo, recebendo benefício, com um dependente recebendo benefício ou morto sem deixar beneficiário. Esse procedimento foi repetido milhares de vezes, utilizando o princípio de Monte Carlo, para cada participante. Com isso, pode-se afirmar o quanto de contribuições o fundo previdenciário arrecada a cada período de tempo de cada simulação, e quanto de beneficio o fundo 43 previdenciário se onerava, formando uma distribuição de probabilidades para o fundo, a partir das repetições das simulações. Estimando os valores dos benefícios e contribuições, faz-se a identificação do fundo, reserva e a diferença entre eles. Em primeiro, designado para honrar com os compromissos futuros, foi utilizado para o cálculo do Fundo (F) Futuro a contribuição salarial, o benefício, o valor do fundo inicial, os juros, a alíquota de contribuição, o período estabelecido para a projeção e a quantidade de repetições. Considerando t o período de tempo desde o início, i a rentabilidade acrescida ao fundo anterior no tempo t-1 e o fundo atual no tempo t com o valor da soma das contribuições C menos os benefícios B pagos no tempo t. Tem-se o fundo
Compartilhar