Buscar

Estudofitoquimicoavaliacao-Silva-2021

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 126 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 126 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 126 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
 
 
 
ELAINE CRISTINE SOUZA DA SILVA 
 
 
 
ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO GASTROPROTETOR E 
ANTI-INFLAMATÓRIO DO EXTRATO DO CLADÓDIO DE Nopalea 
cochenillifera EM MODELOS ANIMAIS 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL-RN 
2021 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS 
 
 
 
ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO GASTROPROTETOR E 
ANTI-INFLAMATÓRIO DO EXTRATO DO CLADÓDIO DE Nopalea 
cochenillifera EM MODELOS ANIMAIS 
 
 
Dissertação apresentada à 
Coordenação do Programa de Pós-
graduação em Ciências 
Farmacêuticas, como requisito para a 
obtenção do grau de Mestre em 
Ciências Farmacêuticas. 
 
 
ORIENTADORA: 
Profa. Dra. SILVANA MARIA ZUCOLOTTO LANGASSNER 
COORIENTADORA: 
Profa. Dra. GERLANE COELHO BERNARDO GUERRA 
 
 
 
NATAL-RN 
2021 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS 
 
 Silva, Elaine Cristine Souza da. 
 Estudo fitoquímico e avaliação do efeito gastroprotetor e 
anti-inflamatório do extrato do cladódio de Nopalea 
cochenillifera em modelos animais / Elaine Cristine Souza da 
Silva. - 2021. 
 123f.: il. 
 
 Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências 
da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. 
Natal, RN, 2021. 
 Orientadora: Profa. Dra. Silvana Maria Zucolotto Langassner. 
 Coorientadora: Profa. Dra. Gerlane Coelho Bernardo Guerra 
 
 1. Antioxidante - Dissertação. 2. Citocinas - Dissertação. 3. 
Flavonoides - Dissertação. 4. Úlceras gástricas – Dissertação. I. 
Langassner, Silvana Maria Zucolotto. II. Guerra, Gerlane Coelho 
Bernardo. III. Título. 
 
 
RN/UF/BS-CCS CDU 61:378 
 
 
 
 
 
Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263 
 
 
Elaine Cristine Souza da Silva
ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO
GASTROPROTETOR E ANTI-INFLAMATÓRIO DA CACTÁCEA
Nopalea cochenillifera
Banca Examinadora:
___________________________________________
Profa. Dra. Silvana Maria Zucolotto Langassner
Presidente – UFRN
____________________________________________
Profa. Dra. Jovelina Samara Ferreira Alves
Examinador Externo – USP
____________________________________________
Profa. Dra. Daline Fernandes de Souza Araújo
Examinador Interno – UFRN
Natal, 22 de novembro de 2021
NATAL / RN
2021
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E 
CONTRATOS
FOLHA DE ASSINATURAS
Emitido em 24/11/2021
DOCUMENTOS DE ACEITAÇÃO Nº 13/2021 - PPGCF/CCS (15.27) 
 NÃO PROTOCOLADO)(Nº do Protocolo:
 (Assinado digitalmente em 24/11/2021 22:40 )
DALINE FERNANDES DE SOUZA ARAUJO
PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR
FACISA (10.32)
Matrícula: 2865332
 (Assinado digitalmente em 24/11/2021 17:11 )
SILVANA MARIA ZUCOLOTTO LANGASSNER
PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR
DFARM/CCS (15.13)
Matrícula: 1490222
 (Assinado digitalmente em 25/11/2021 13:41 )
JOVELINA SAMARA FERREIRA ALVES
ASSINANTE EXTERNO
CPF: 054.759.834-37
Para verificar a autenticidade deste documento entre em informando seu número: https://sipac.ufrn.br/documentos/
, ano: , tipo: , data de emissão: e o código de verificação: 13 2021 DOCUMENTOS DE ACEITAÇÃO 24/11/2021
5c315116df
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha mãe Maria Lúcia de Souza Silva, por todo o 
seu carinho, amor e educação cedidos, mesmo diante de todas as dificuldades 
enfrentadas no dia a dia e agradeço pelo seu esforço de me incentivar durante a 
minha vida acadêmica. Ao meu pai, Eronides Antônio da Silva que sempre me 
ensinou a lutar pelos meus objetivos com caráter e dedicação. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força e coragem para 
enfrentar as dificuldades encontradas durante o curso. 
A todos os meus familiares, especialmente aos meus pais Eronides Antônio 
da Silva e Maria Lúcia de Souza Silva; aos meus avós maternos Pedro Manoel de 
Sousa (in memoriam) e Severina Ester de Souza; aos meus avós paternos Antônio 
Manoel da Silva e Maria José Pinheiro, pela sabedoria passada durante toda a 
minha vida. Às minhas tias Margarete de Souza Rodrigues e Marisete de Sousa, que 
sempre acreditaram na minha capacidade me dando força e conselhos para um 
futuro melhor. Ao meu irmão Elvis de Souza e à minha cunhada Jessica Marinho 
pelo carinho e o respeito e por apoiarem minhas escolhas, à minha sobrinha 
Estephanya Ana por ser o meu maior incentivo em buscar conhecimento, e por 
encher minha vida de alegria desde o seu nascimento. 
À professora Silvana Zucolotto, minha orientadora, por me aceitar em seu 
grupo de pesquisa, me dando a oportunidade de aprender sobre a área de 
farmacognosia, obrigada pelo apoio e todo ensinamento durante o mestrado. 
À professora Gerlane Coelho, minha coorientadora, pelo apoio dado durante 
meus experimentos e todo ensinamento na área de farmacologia, obrigada por toda 
a atenção e compreensão durante o mestrado. 
À doutoranda Edilane Araújo, por toda ajuda durante meus experimentos da 
atividade gastroprotetora, muito obrigada por ser dedicada, responsável e paciente, 
seu apoio foi de fundamental importância para minha formação. 
Às doutorandas Emanuelle Tavares, Larissa Marina e Valéria Costa, por toda 
ajuda e incentivo durante os experimentos. À aluna de iniciação cientifica Renata por 
toda ajuda nos experimentos. 
Ao Dr. Guilherme Ferreira da Costa Lima e Dr. Marcone César Mendonça das 
Chagas por sempre me apoiarem durante o mestrado, entendendo minhas 
ausências no trabalho para realizar as tarefas da pós-graduação, muito obrigada a 
esses profissionais que me ajudaram a crescer profissional e pessoalmente. 
 
 
 
 
RESUMO 
Nopalea cochenillifera, da família das Cactáceas, é conhecida popularmente como 
palma “doce” ou “miúda” e é amplamente cultivada na região Nordeste do Brasil. 
Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar o perfil cromatográfico e avaliar o 
efeito gastroprotetor e anti-inflamatório do extrato hidroetanólico da Nopalea 
cochenillifera. Para isso, o cladódio da cactacea foi coletado, cortado e seco em 
estufa, triturada, macerada com etanol e água, obtendo-se o extrato hidroetanólico, 
que foi liofilizado. O estudo fitoquímico do extrato hidroetanólico foi realizado por 
Cromatografia em Camada Delgada (CCD) e Cromatografia em Líquida de Alta 
Eficiência Acoplada à Espectrômetro de Massas (HPLC-ESI-IT). O teor de fenóis e 
flavonoides totais foi avaliado por espectrofotometria no ultravioleta. A avaliação por 
CCD indicou a presença de compostos fenólicos, incluindo os flavonoides. A análise 
por HPLC-ESI-IT identificou a presença de seis compostos, com predomínio do 
ácido cafeico hexosídeo. O teor de fenóis e flavonoides totais no extrato foi de 
67,85% e 46,16%, respectivamente. No estudo farmacológico para avaliação da 
atividade anti-inflamatória, foram utilizados camundongos Swiss divididos 
aleatoriamente em grupos (n=.5) carragenina (tratado com salina), dexametasona (1 
mg/g), extrato de N. cochenillifera (200; 400 ou 600 mg/kg). A atividade da enzima 
mieloperoxidase (MPO) foi avaliada como marcador da infiltração de neutrófilos. 
Para a avaliação da atividade gastroprotetora foram utilizados Rattus norvegicus 
(Wistar), distribuídos aleatoriamente em grupos (n=7) controle lesões gástricas, 
grupo saudável (salina), extrato de N. cochenillifera (50, 100 e 200 mg/kg) e 
ranitidina (50 mg/kg), administrados por gavagem. Os resultados mostram que o 
extrato apresentauma atividade antiedematogênica, a dose de 600 mg/kg mostrou o 
percentual de inibição do edema de 58,00% ± 6,02 (P< 0,01). A atividade anti-
inflamatória do extrato pôde ser confirmada pela redução siginificativa da enzima 
mieloperoxidase (MPO) (P< 0,01). Nos modelos induzidos pelo etanol e 
indometacina, o extrato mostrou que preveniu a formação das lesões gástricas, na 
dose de 100 mg/kg, modelo do etanol (P<0,001); e nas doses de 100 mg/kg (P< 
0,05) e 200 mg/kg (P< 0,01), no modelo da indometacina. A avaliação macroscópica 
dos estômagos mostrou redução no índice de ulceração, acompanhado da redução 
da atividade da mieloperoxidade (MPO), e malondialdeído (MDA), preservação do 
GSH, redução dos níveis gástricos das citocinas pró-inflamatórias (TNF-α e IL-1β), e 
elevação da IL-10. As análises histopatológicas revelaram que o extrato preveniu as 
alterações morfológicas induzidas por etanol e pela indometacina, preservando a 
integridade tecidual gátrica, e ainda reduziu o infiltrado inflamatório, o que foi 
confirmado pela redução da MPO. Nas análises imunohistoquímica o extrato 
diminuiu a expressão da enzina COX-2 e aumentou a expressão da SOD na 
dosagem de 200 mg/kg quando induzido por indometacina e etanol. O pré-
tratamento com extrato da N. cochenillifera não alterou o pH, o volume nem a acidez 
total do suco gástrico, porém preservou a secreção de muco podendo exercer um 
efeito citoprotetor. Os resultados do presente trabalho trazem evidências pré-clínicas 
que o extrato de Nopalea cochenillifera possui atividades gastroprotetoras e anti-
inflamatórias, que podem estar relacionadas á riqueza de compostos fenólicos, 
especialmente flavonoides. 
 
PALAVRAS-CHAVES: Antioxidante. Citocinas. Flavonoides. Úlceras gástricas. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Nopalea cochenillifera, from the Cactaceae family, is popularly known as “sweet” or 
“miúda” palm and is widely cultivated in the Northeast region of Brazil. This research 
aimed to characterize the chromatographic profile and evaluate the gastroprotective 
and anti-inflammatory effect of the hydroethanolic extract of N. cochenillifera. For 
this, the cactaceae cladode was collected, cut and dried in an oven, crushed, 
macerated with ethanol and water, obtaining the hydroethanolic extract, which was 
lyophilized. The phytochemical study of the hydroethanolic extract was performed by 
Thin Layer Chromatography (TCD) and High Performance Liquid Chromatography 
Coupled with Mass Spectrometer (HPLC-ESI-IT). The content of total phenols and 
flavonoids was evaluated by ultraviolet spectrophotometry. TLC evaluation indicated 
the presence of phenolic compounds, including flavonoids. Analysis by HPLC-ESI-IT 
identified the presence of six compounds, with a predominance of caffeic acid 
hexoside. The content of total phenols and flavonoids in the extract was 67.85% and 
46.16%, respectively. In the pharmacological study to evaluate the anti-inflammatory 
activity, Swiss mice were randomly divided into groups (n=.5) carrageenan (treated 
with saline), dexamethasone (1 mg/g), N. cochenillifera extract (200; 400 or 600 
mg/kg). Myeloperoxidase (MPO) enzyme activity was evaluated as a marker of 
neutrophil infiltration. For the evaluation of the gastroprotective activity, Rattus 
norvegicus (Wistar) were used, randomly distributed in groups (n=7) control gastric 
lesions, healthy group (saline), extract of N. cochenillifera (50, 100 and 200 mg/kg) 
and ranitidine (50 mg/kg), administered by gavage. The results show that the extract 
has an antiedematogenic activity, the dose of 600 mg/kg showed the percentage of 
inhibition of edema of 58.00% ± 6.02 (P< 0.01). The anti-inflammatory activity of the 
extract could be confirmed by the significant reduction of the enzyme 
myeloperoxidase (MPO) (P< 0.01). In models induced by ethanol and indomethacin, 
the extract showed that it prevented the formation of gastric lesions, at a dose of 100 
mg/kg, ethanol model (P<0.001); and at doses of 100 mg/kg (P<0.05) and 200 mg/kg 
(P<0.01), in the indomethacin model. Macroscopic evaluation of the stomachs 
showed a reduction in the ulceration index, accompanied by a reduction in 
myeloperoxide (MPO) and malondialdehyde (MDA) activity, preservation of GSH, 
reduction of gastric levels of pro-inflammatory cytokines (TNF-α and IL-1β), and 
elevation of IL-10. Histopathological analyzes revealed that the extract prevented the 
morphological changes induced by ethanol and indomethacin, preserving gastric 
tissue integrity, and also reduced the inflammatory infiltrate, which was confirmed by 
the reduction of MPO. In the immunohistochemical analysis, the extract decreased 
the expression of the COX-2 enzyme and increased the expression of SOD at a dose 
of 200 mg/kg when induced by indomethacin and ethanol. The pre-treatment with 
extract of N. cochenillifera did not change the pH, volume or total acidity of gastric 
juice, but preserved mucus secretion and could have a cytoprotective effect. The 
results of the present work provide preclinical evidence that the N. cochenillifera 
extract has gastroprotective and anti-inflammatory activities, which may be related to 
the richness of phenolic compounds, especially flavonoids. 
 
KEYWORDS: Antioxidant. Cytokines. Flavonoids. Gastric ulcers. 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 - Nopalea cochenillifera ......................................................... 18 
Figura 2 - Mecanismo de defesa e fatores de agressão ..................... 31 
Figura 3 - Desenho experimental.......................................................... 44 
Figura 4 - Cromatografia em Camada Delgada do extrato da 
Nopalea cochenillifera ......................................................... 
 
56 
Figura 5 - Cromatografia em Camada Delgada do extrato da 
Nopalea cochenillifera ......................................................... 
 
57 
Figura 6 - Curva de calibração de fenólicos totais .............................. 58 
Figura 7 - Curva de calibração de flavonoides totais.......................... 58 
Figura 8 - Cromatogramas do extrato de N. cochenillifera por HPLC-
ESI-IT nos comprimentos de onda de 254, 280 e 340 nm... 
 
60 
Figura 9 - Cromatograma HPLC-ESI-IT do extrato de N. 
cochenillifera no modo negativo........................................... 
 
61 
Figura 10 - Efeito do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera (200, 
400 e 600 mg/kg) no edema de pata induzida por 
carragenina........................................................................... 
 
 
65 
Figura 11 - Efeito do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera (200, 
400 e 600 mg/kg) na atividade da enzima MPO no edema 
de pata induzida por carragenina ........................................ 
 
 
67 
Figura 12 - Possíveis mecanismos de ação do extrato hidroetanolico 
de N. cochenillifera hipotetizados na atividade anti-
inflamatória induzidas por carragenina, de acordo com os 
resultados obtidos no estudo................................................ 
 
 
 
69 
Figura 13 - Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
(50, 100 e 200 mg/kg) nas lesões gástricas induzidas por 
etanol ................................................................................... 
 
 
71 
Figura 14 Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
(50, 100 e 200 mg/kg) nas lesões gástricas induzidas por 
etanol ................................................................................... 
 
 
71 
Figura 15 - Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
(50, 100 e 200 mg/kg) nas lesões gástricas induzidas por 
indometacina ....................................................................... 
 
 
73 
 Figura 16 - Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
(50, 100, 200 mg/kg) nas lesões gástricas induzidas por 
indometacina ....................................................................... 
 
 
73 
Figura 17 - Efeito da administração do extrato de N. cochenilliera (50, 
100e 200 mg/kg) no conteúdo total da glutationa reduzida 
no modelo de lesões gástricas macrosópicas induzidas 
por etanol e indometacina.................................................... 
 
 
 
76 
Figura 18 - Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
(50, 100 e 200 mg/kg) nos níveis teciduais de 
malonialdeído (MDA) no modelo de lesões gástricas 
induzidas por etanol ............................................................ 
 
 
 
77 
Figura 19 - Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
(50, 100 e 200 mg/kg) na atividade da enzima 
Mieloperoxidase (MPO) nas lesões gástricas induzidas por 
etanol e indometacina.......................................................... 
 
 
 
79 
Figura 20 - Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
 
(50, 100 e 200 mg/kg) nos níveis de IL-1β no tecido 
gástrico ............................................................................... 
 
81 
Figura 21 - Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
(50, 100 e 200 mg/kg) níveis de TNF-α no tecido gástrico.. 
 
82 
Figura 22 - Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
(50, 100 e 200 mg/kg) nos níveis de IL-10 no tecido 
gástrico ................................................................................ 
 
 
83 
Figura 23 - Efeito do pré-tratamento com N. cochenillifera (50, 100 e 
200 mg/kg) na histologia da mucosa gástrica de ratos 
submetidos à indução de úlcera aguda por etanol............... 
 
 
85 
Figura 24 - Efeito do pré-tratamento com N. cochenillifera (50, 100 e 
200 mg/kg) na histologia da mucosa gástrica de ratos 
submetidos à indução de úlcera aguda por indometacina .. 
 
 
87 
Figura 25 - 
 
Efeito do pré-tratamento com N. cochenillifera (100 mg/kg) 
na produção de glicoproteíca no tecido gástrico de ratos 
submetidos à indução de úlcera aguda por etanol .............. 
 
 
88 
Figura 26 - 
 
Efeito do pré-tratamento com N. cochenillifera (100 e 200 
mg/kg) na produção de glicoproteíca no tecido gástrico de 
ratos submetidos à indução de úlcera aguda por 
indometacina ....................................................................... 
 
 
 
89 
Figura 27 - Efeito do pré-tratamento com extrato hidroetanólico de N. 
cochenilliefera (50, 100 e 200 mg/kg) na expressão da 
enzina COX-2 na mucosa gástrica em ratos no modelo de 
úlcera induzida por etanol ................................................... 
 
 
 
90 
Figura 28 - 
 
Efeito do pré-tratamento com extrato hidroetanólico de N. 
cochenilliefera (50, 100 e 200 mg/kg) na expressão da 
enzina COX-2 na mucosa gástrica de ratos, no modelo de 
úlcera induzida por indometacina ........................................ 
 
 
 
91 
Figura 29 - 
 
Efeito do pré-tratamento com extrato hidroetanólico da N. 
cochenilliefera (50, 100 e 200 mg/kg) na expressão da 
enzina SOD na mucosa gástrica em ratos no modelo de 
úlcera por etanol .................................................................. 
 
 
 
92 
Figura 30 - Efeito do pré-tratamento com extrato hidroetanólico de N. 
cochenilliefera (50, 100 e 200 mg/kg) na expressão da 
enzina SOD na mucosa gástrica de ratos no modelo de 
úlcera induzida por indometacina......................................... 
 
 
 
93 
Figura 31 - Possíveis mecanismos de ação do extrato hidroetanólico 
de N. cochenillifera hipotetizados na proteção das lesões 
gástricas induzidas pelo etanol e indometacina, de acordo 
com os resultados obtidos no estudo................................... 
 
 
 
97 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 1 - Resumo das triagens fitoquímicas e substâncias químicas 
já relatadas para a espécie N. cochenillifera....................... 
 
21 
Tabela 2 - Estudos não clínicos in vitro e in vivo realizados com a N. 
cochenilliera ........................................................................ 
 
24 
Tabela 3 - Descrição dos grupos experimentais para o modelo 
edema de pata induzido por carregenina ........................... 
 
45 
Tabela 4 - Descrição dos grupos experimentais para o modelo úlcera 
gástrica induzido por etanol................................................. 
 
48 
Tabela 5 - Descrição dos grupos experimentais para o modelo úlcera 
gástrica induzido por indometacina ..................................... 
 
49 
Tabela 6 - Critérios histológicos para avaliação das lesões gástricas.. 53 
Tabela 7 - Critérios histológicos para avaliação do infiltrado 
leucocitário .......................................................................... 
 
54 
Tabela 8 - Avaliação dos marcadores por imunocoloração.................. 54 
Tabela 9- Teor de fenóis e flavonoides totais no extrato 
hidroetanólico de N. cochenillifera....................................... 
 
59 
Tabela 10- Substâncias identificadas por HPLC-EM do extrato de N. 
cochenillifera........................................................................ 
 
61 
Tabela 11 - Efeito do extrato hidroetanólico de N. cochenillifera (200, 
400 e 600 mg/kg) no edema de pata induzida por 
carragenina.......................................................................... 
 
 
67 
Tabela 12 - Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
(50, 100 e 200 mg/kg) no modelo de indução de úlcera por 
etanol ................................................................................... 
 
 
72 
Tabela 13 - Efeito do pré-tratamento com o extrato de N. cochenillifera 
(50, 100 e 200 mg/kg) no modelo de indução de úlcera por 
indometacina ...................................................................... 
 
 
74 
Tabela14 - Efeito do extrato de N. cochenillifera (100 e 200 mg/kg) no 
pH, acidez total e volume intragástrico por meio do 
modelo de ligadura do piloro......................................................... 
 
 
95 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
Ach Acetilcolina 
AINEs Anti-inflamatórios não-esteroidais 
ARH2 Antagonistas dos Receptores de Histamina 
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
ASC Área sob a curva 
AcOET Acetato de etila 
ATPase Adenosina trifosfatase 
AMPc Monofosfato cíclico de adenosina 
CCD Cromatografia em Camada Delgada 
CCK2 Receptores de Colecistocinina Tipo 2 
CCKB Receptores H2 para histamina 
CEUA Comissão de Ética no Uso de Animais 
CLAE Cromatografia Liquida de Alta Eficiência 
CLAE-EM Cromatografia Liquida de Alta Eficiência Acoplada a 
Espectrometria de Massa 
CLAE-DAD Cromatografia Liquida de Alta Eficiência Acoplada a Detector 
de Arranjos de Diodos 
CO2 Dióxido de carbono 
COX Ciclooxigenase 
EGF Fator de Crescimento Epidérmico 
EM Espectrometria de Massa 
EMPARN Empresa de pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte 
ERO Espécie reativa de oxigênio 
EUA Estados Unidos da America 
GSH Glutationa reduzida 
HTAB Brometo de Hexadeciltrimetilamônio 
HCL Ácido clorídrico 
H+ Íons Hidrogênio 
IBPs Inibidores de Bomba de Prótons 
 
IL-1β Interleucina-1β 
IU Índice de Ulceração 
iNOS Oxido nítrico induzível 
I% Percentual de inibição 
K+ Potássio 
MAC Metabolismo ácido das crassuláceas 
MS Matéria seca 
MeOH Metanol 
m/z Razão carga/massa 
µm Micrometros 
µL Microlitros 
µg Microgramas 
µmol Micromol 
MPO Mieloperoxidase 
NFk– B Fator de Necrose Nuclear Kappa B 
NOS Óxido Nítrico Sintase 
OMS Organização Mundial de Saúde 
PAS Ácido Periódico Schiff 
PBS Solução Tampão Fosfato Sódico 
Ph Potencial hidrogeniônico 
PGE2 Prostaglandina E2 
PAS Periódico-ácido-Shiff 
RMN Ressonância Magnética Nuclear 
RDC Resolução da Diretoria de Colegiado 
SOD Superóxido Dismutase 
SUS Sistema Único de Saúde 
TA Temperatura ambiente 
TNF-α Fator de Necrose Tumoral Alfa 
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
UFPB Universidade Federal da Paraíba 
UV Ultravioleta 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................14 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 16 
2.1 Importância das Plantas Medicinais ................................................... 16 
2.2 Nopalea cochenillifera ............................................................................ 17 
2.3 Composição Química ........................................................................... 19 
2.4 Etnobotânica ......................................................................................... 21 
2.5 Atividade Farmacológica...................................................................... 22 
2.6 Plantas medicinais e Gastroproteção.................................................. 25 
2.7 Estômago................................................................................................ 25 
2.7.1 Anatomia e Fisiologia do estômago ..................................................... 25 
2.8 Doença Ulcerosa Péptica..................................................................... 30 
2.8.1 Conceitos e principais sintomas ......................................................... 30 
2.8.2 Úlcera Pépticas ................................................................................... 31 
2.8.3 Epidemiologia ...................................................................................... 33 
2.9 Tratamento da Úlcera Péptica ........................................................... 34 
2.9.1 Antagonistas de Receptores de Histamina Tipo 2 (ARH2) ................ 34 
2.9.2 Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) ............................................. 34 
2.9.3 Fármacos Protetores da Mucosa ....................................................... 35 
2.10 Plantas Medicinais e Inflamações ..................................................... 36 
3.0 OBJETIVOS ........................................................................................... 39 
3.1 Objetivo geral ........................................................................................ 39 
3.2 Objetivos específicos ........................................................................... 39 
4 MATERIAIS E METODOS ......................................................................... 40 
4.1 Material Vegetal ..................................................................................... 40 
4.2 Preparação das Amostras .................................................................... 40 
4.3 Estudos Fotoquímicos ......................................................................... 41 
4.3.1 Análise por Cromatografia de Camada Delgada (CCD) ...................... 41 
4.3.2 Doseamento do Teor de Fenóis Totais no Extrato Hidroetanólico da 
N. cochenillifera............................................................................................. 
 
41 
4.3.3 Determinação do Teor de Flavonoides no extrato Hidroetanólico da 
Nopalea cochenillifera .................................................................................. 
 
42 
4.3.4 Cromatografia Liquida de Alta Eficiência Acoplada em Espectrômetro 
de Massas (CLAE-EM) ................................................................................. 
 
42 
4.4 Estudo Farmacológico ......................................................................... 43 
4.4.1 Avaliação da atividade Anti-inflamatória .............................................. 44 
4.4.1.1 Animais ............................................................................................. 44 
4.4.1.2 Edema de pata induzido por Carragenina......................................... 45 
4.4.1.3 Determinação da Atividade da Enzima MPO nas Patas de 
Camundongos................................................................................................ 
 
46 
4.4.2 Avaliação da Atividade Gastroprotetora............................................... 47 
4.4.2.1 Animais.............................................................................................. 47 
4.4.2.2 Úlcera Gástrica Induzida por etanol................................................... 47 
4.4.2.3 Úlcera Gástrica Induzida por Indometacina....................................... 49 
4.4.2.4 Avaliação do Estresse Oxidativo ..................................................... 49 
4.4.2.4.1 Avaliação da Concentração de Glutationa Reduzida (GSH) ........ 49 
4.4.2.4.2 Determinação dos Níveis de Malondialdeído (MDA)..................... 50 
4.4.2.5 Avaliação de Marcadores Inflamatórios ............................................ 51 
 
4.4.2.5.1 Determinação da Atividade da Enzima Mieloperoxidase (MPO) ... 51 
4.4.2.5.2 Fator de Necrose Tumoral (TNF-α), Interleucina 1β (IL-β) e 
Interleucina 10 (IL-10) .............................,................................................... 
 
52 
4.4.2.5.3 Avaliação Histológica (H&E e PAS) do Dano Induzido por Etanol 
e Indometacina na mucosa gástrica em ratos .............................................. 
 
53 
4.4.2.5.4 Avaliação Imunohistoquímica do Marcador COX-2 e SOD .......... 54 
4.4.2.5.5 Avaliação da Secreção Gástrica ................................................... 54 
4.5 Análise Estatística .................................................................................. 55 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 56 
5.1 Cromatografia em Camada Delgada (CCD) ........................................ 56 
5.2 Doseamento do Teor de Fenóis e Flavonoides Totais no 
Extrato Hidroetanólico de N. cochenillifera.............................................. 
 
57 
5.3Cromatografia Líquida de Alta Eficiência Acoplada em 
Espectrômetro de Massas (HPLC-ESI-IT) ................................................ 
 
60 
5.4 Avaliação da atividade Anti-inflamatória............................................ 64 
5.4.1 Edema de Pata Induzido por Carragenina ........................................... 64 
5.4.2. Determinação da Atividade Mieloperoxidase (MPO) nas Patas dos 
Camundongos................................................................................................ 
 
67 
5.5 Avaliação da atividade Gastroprotetora ............................................. 69 
5.5.1 Avaliação dos Modelos de Úlcera Aguda Induzida por Etanol e por 
Indometacina ................................................................................................ 
 
69 
5.5.2 Avaliação do Estresse Oxidativo nos Modelos de Indução de Úlcera 
Aguda por Etanol e Indometacina.................................................................. 
 
75 
5.5.3 Avaliação da Atividade da Enzima MPO Níveis de Citocinas .............. 78 
5.5.4 Avaliação Histológica do Dano Induzido por Etanol e Indometacina 
na Mucosa Gástrica em Ratos....................................................................... 
 
84 
5.5.5 Avaliação das Glicoproteínas da Mucosa ............................................ 88 
5.5.6 Avaliação Imunohistoquimica dos Marcadores COX-2 e SOD ............ 89 
5.5.7 Avaliação da Secreção Gástrica .......................................................... 94 
6 CONCLUSÃO ............................................................................................ 98 
REFERÊNCIAS............................................................................................. 99 
ANEXOS ....................................................................................................... 119 
14 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O uso de plantas medicinais para tratamento de enfermidades é uma 
prática tradicional em várias civilizações. De acordo com a Organização Mundial 
de Saúde (OMS) em média 80-85% da população do mundo utiliza plantas 
medicinais como tratamento de saúde primário (BRASIL, 2006; RIBEIRO, 2014). 
O Brasil é detentor de uma grande parcela da biodiversidade mundial, sendo esta 
uma característica que favorece o interesse pela pesquisa com plantas nativas ou 
exóticas adaptadas ao país (BRASIL, 2006). 
O interesse pela fitoterapia na assistênciaà saúde da população vem 
aumentando muito nos últimos anos, seja com a utilização da planta medicinal ou 
do fitoterápico, que são considerados uma importante fonte de inovação em 
saúde (BRASIL, 2006). Segundo a RDC N° 26 de 13 de maio de 2014, da 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), fitoterápico “é um produto 
obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto substâncias isoladas, com finalidade 
profilática, curativa ou paliativa” (BRASIL, 2014). 
 Com o intuito de obter novos insumos com espécies vegetais nativas ou 
bem adaptadas no Brasil, surgiu o interesse de estudar a espécie Nopalea 
cochenillifera pertencente à família das Cactáceas, popularmente conhecida por 
palma “doce” ou “miúda” e amplamente distribuída na região Nordeste. Trata-se 
de uma planta de pequeno porte, que apresenta cladódios pequenos e 
abundantes, além de possuir uma coloração verde intensa (SILVA et al., 2017). 
Diferentes partes da N. cochenillifera são utilizadas como terapia alternativa de 
vários países, os cladódios são utilizados para reduzir o nível de colesterol no 
soro e a pressão arterial, para tratamento de úlceras, dores reumáticas, feridas, 
fadiga, fragilidade capilar, e do fígado (Agozzino et al., 2005). 
A espécie tem sua origem na região central do México, mas já é facilmente 
encontrada no Nordeste brasileiro, principalmente nas regiões do semiárido por 
ser uma planta adaptada a grandes períodos de estiagem e devido a esta 
característica é utilizada como forragem para animais (DONATO et al., 2017). 
Uma vez que ainda são escassos os estudos na literatura com a espécie N. 
cochenillifera com relação aos seus constituintes químicos e seu potencial 
terapêutico, este estudo tem por finalidade avaliar o perfil fitoquímico e as 
15 
 
 
atividades gastroprotetora e anti-inflamatória do extrato hidroetanólico de N. 
cochenillifera. 
Esta proposta vai em encontro à Política Nacional de Plantas Medicinais e 
Fitoterápicos (PNPMF), para fortalecer a consolidação da introdução do uso de 
plantas medicinais e da fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS), bem como 
o desenvolvimento do setor, em toda a cadeia produtiva no Brasil, desde o cultivo 
até o produto acabado (BRASIL, 2006). 
Este estudo contribuirá fornecendo dados científicos sobre uma espécie 
abundante no Nordeste, que poderá ser utilizada na obtenção de uma matéria-
prima para a indústria farmacêutica, como também para a indústria cosmética 
e/ou alimentícia. 
 
 
 
 
16 
 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
2.1 Importância das Plantas Medicinais 
 
Por muitos anos o uso de plantas medicinais foi o único recurso terapêutico 
disponível para a humanidade. As plantas ainda são utilizadas na medicina 
tradicional para tratar e prevenir muitas doenças (KAILEH et al., 2007). A 
natureza apresenta uma grande fonte de substâncias biologicamente ativas que 
podem ser utilizadas no desenvolvimento de fármacos (LEWINSOHON; PRADO 
apud por JOLY et al., 2011). 
Embora o Brasil possua a mais rica fonte de bioprospecção de produtos 
naturais, que corresponde em torno de 15% a 20% da biodiversidade mundial, 
que, associada a uma rica variedade cultural e étnica, detém um valioso 
conhecimento tradicional a respeito do uso de plantas medicinais, nosso país não 
tem uma atuação destacada no mercado mundial de fitoterápicos, ficando 
inclusive atrás de países menos desenvolvidos tecnologicamente (YUNES et. al., 
2001). A diversidade micromolecular dos biomas brasileiros é ainda pouco 
explorada como uma fonte de substâncias de interesse farmacológico, assim, 
várias pesquisas de bioprospecção vêm sendo realizadas na busca racional de 
bioprodutos de valor agregado (BRASIL, 2006; BARREIRO; BOLZANI, 2009). 
Os efeitos adversos e em alguns casos o alto custo dos medicamentos 
sintéticos são algumas das desvantagens na escolha para o tratamento de 
doenças, e essas características têm incentivado os pesquisadores a procurar 
novos alvos terapêuticos e novos agentes bioativos, principalmente os 
provenientes de produtos naturais (GUERRA et al., 2015; ZHANG et al., 2016). 
Em 2006, foi publicado no Brasil a Política Nacional de Plantas Medicinais 
e Fitoterápicos, que visa o reconhecimento e a promoção de práticas que sejam 
cientificamente comprovadas e que garantam eficácia, segurança e qualidade à 
população. Essas práticas envolvem as diversas formas de uso das plantas 
medicinais, desde preparações para uso caseiro e comunitário, passando pelas 
formulações preparadas em farmacêuticas de manipulação, até as formulações 
fabricadas em indústrias farmacêuticas (BRASIL, 2006). Esta política é de suma 
importância e visa ampliar as opções terapêuticas ofertadas aos usuários do SUS, 
17 
 
 
com enfoque em garantir o acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e serviços 
relacionados à fitoterapia, com segurança, eficácia e qualidade, na perspectiva da 
integralidade da atenção à saúde (BRASIL, 2006). 
Somado a isto, destaca-se também a Política Nacional de Políticas 
Integrativas e Complementares no SUS, publicada em 2006, que atende 
principalmente à necessidade de conhecer, apoiar, incorporar e programar as 
experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública de muitos 
municípios e estados, que dentre outras terapias, estabeleceu a incorporação da 
fitoterapia no SUS (BRASIL, 2006). 
 
2.2 Nopalea cochenillifera 
 
A palma forrageira e outras espécies do mesmo gênero comumente 
apresentam poliploidia, sua taxonomia é muito complexa, com fenótipos que 
apresentam alta variedade, dependentes das condições edafoclimáticas tendo 
uma alta capacidade de hibridação. A palma forrageira é pertencente ao reino 
vegetal e ao sub-reino Embryophyta, divisão Angiospermae, à classe 
Dicotyledoneae, à subclasse Archiclamideae, à ordem Opuntiales e à família 
Cactacea (PESSOA, 1967; NOBEL, 2001; REBMAN; PINKAVA, 2001; SILVA; 
CARVALHO, 2006; SÁENZ, 2013). 
A família das cactáceas compreende três subfamílias, que são a 
Pereskioideae, a Cactoideae e a Opuntioideae (tribo Opuntiae) da qual a palma 
forrageira faz parte. A subfamília Cactoideae representa as espécies mais 
derivadas e correspondem a 80% dos cactos, enquanto a subfamília Opuntiae é 
subdividida em 9 subtribos e possui cerca de 178 gêneros e 2.000 espécies 
(PESSOA, 1967; NOBEL, 2001; SILVA; REBMAN; PINKAVA, 2001; CARVALHO, 
2006; SÁENZ, 2013). 
A palma forrageira é muito cultivada no México, onde desempenhou um 
papel fundamental na economia agrícola do Império Asteca. Atualmente é 
encontrada em diversas partes do mundo, sendo o Brasil o maior produtor 
mundial desta espécie (BARBERA et al., 2001; FARIAS et al., 2005). As palmas 
mais cultivadas no Brasil são as espécies pertencentes aos gêneros Opuntia, 
contando com 170 espécies. As espécies do gênero Nopalea são as mais 
18 
 
 
utilizadas no mundo e seus gêneros são predominantes também no nordeste 
brasileiro. Dentre as principais espécies da palma forrageira, sobressaem a 
Opuntia fícus indica Mill e a Nopalea cochenillifera SalmDyck, objeto deste 
trabalho (PESSOA, 1967; NOBEL, 2001; LIRA et al.,2017) 
A espécie Nopalea cochenillifera Salm Dyck (Figura 1) tem como sinonímia 
Cacto cochenillifer L., Nopalea coccifera Lem., Opuntia cochenillifera (L.) Mill. 
(TROPICOS, 2021). É popularmente conhecida como palma “doce” ou “miúda” e 
é uma planta de pequeno porte com caule bastante ramificado; apresenta 
cladódios (raquetes) pequenos com peso de aproximadamente de 350 g e 
comprimento de 25 cm (PESSOA, 1967; SILVA; SANTOS, 2006; 
VASCONCELOS et al., 2009). 
Na espécie N. cochenillifera os cladódios são encontrados em abundância 
quando comparado com as demais variedades. Possuem forma acentuadamente 
obovada, sendo a ápice mais larga que a base e com uma coloração verde-
brilhante-intensa. As flores são vermelhas e sua corola permanece meio fechada 
durante o ciclo, já o fruto é uma baga de coloraçãoroxa. Os artículos das 
extremidades são inermes com poucos espinhos e finos, caracterizando pêlos, 
nos artículos da base e no centro os espinhos são mais grossos (PESSOA, 1967; 
SILVA; SANTOS, 2006; VASCONCELOS et al., 2009). 
 
Figura 1. Nopalea cochenillifera 
 
Fonte: Acervo próprio, 2019 
Cladódios
ss 
Flores 
http://legacy.tropicos.org/Name/5100490
http://legacy.tropicos.org/Name/5108330
19 
 
 
 
Segundo Cândido e colaboradores (2013) a palma forrageira consegue 
sobreviver em regiões secas por ter características bioquímicas, anatômicas, 
morfológicas e fisiológicas necessárias para manter sua produção. Por apresentar 
elevado teor de umidade, podendo chegar a 90% e ser rica em carboidratos não 
fibrosos, diminui os problemas de digestão dos animais (BEM SALEM et al., 2005 
apud DANTAS et al.,2017). 
A família das cactáceas apresenta metabolismo fotossintético do ácido das 
crassuláceas (MAC). Por apresentar esse tipo de metabolismo, a palma forrageira 
possui baixa exigência hídrica. As trocas gasosas das plantas MAC ocorrem 
principalmente à noite, diferentemente de plantas C3 (adaptadas a ambientes frios 
e úmidos) e C4 (adaptadas a ambientes quentes e ensolarados), característica 
que indica uma vantagem adaptativa para ambientes áridos (NOBEL, 2001; 
SANTOS et al., 2017; DONATO, et al., 2017). A abertura dos estômatos durante a 
noite permite a captação do CO2 necessário para a fotossíntese e menor perda de 
água (DONATO et al., 2017). 
Com relação às formas de uso pela população, há relatos de seu uso na 
alimentação humana no México em sua forma natural (folhas frescas), podendo 
inclusive, ser encontrada em forma de brotos dos cladódios em supermercados 
(CALLEJAS et al., 2009). Além disso, também é utilizada na recuperação de 
desertos, na ornamentação de ambientes, como suporte forrageiro para bovinos e 
caprinos, além de uso na medicina (DONATO, 2017). No Brasil seu uso está 
voltado apenas para a alimentação animal, sendo escassos os estudos destas 
cactáceas em outras áreas. 
 
2.3 Composição Química 
 
O gênero Nopalea apresenta em sua composição químico-bromatológica 
teores consideráveis de carboidratos totais (81,12 ± 5,9%), carboidratos não 
fibrosos (58,55 ± 8,13%), carboidratos não estruturais (47,9 ± 1,9%), proteína 
bruta (4,81 ± 1,16%), altos teores de cálcio (2% - 5,7% da Matéria seca (MS)), 
potássio (1,5% - 2,58% da MS), magnésio (1,3% - 1,7% da MS) e material mineral 
(12,04 + 4,7%) (FERREIRA et al., 2006). 
20 
 
 
Em estudo preliminar para detecção de metabólitos secundários da N. 
cochenillifera pelo teste reativo de Fehling A e B, foi detectada a presença de 
açúcares redutores, saponinas e taninos (FRANÇA, et al., 2010). 
 Gomes-Flores et al. (2006) observaram a presença de flavonoides e 
taninos no extrato da N. cochenillifera, relacionando esses metabólitos à atividade 
biológica da espécie. Em reações químicas por meio de caracterização e reações 
histoquímicas, o extrato etanólico de N. cochenillifera indicou a presença de 
flavonoides como flavonas, flavanonas e flavonóis (NECCHI et al., 2010; HÁUAD-
MARROQUIN, et al., 2008). O extrato da N. cochenillifera apresenta uma maior 
concentração de flavonoides nas estações chuvosas, detectada pelas reações de 
Shinoda que é utilizada para confirmar a presença de flavonoides (ALVES et al., 
2016, ALVES et al., 2017). 
Na literatura foram encontrados dois estudos de triagem fitoquímica com a 
espécie N. cochenillifera, sendo um estudo com análise das frações do extrato 
hidroetanólico de N. cochenillifera, por cromatografia gasosa acoplada a 
espectrômetro de massas (SILVA; NASCIMENTO, 2015), e outro estudo por 
Matos et al., (2021) que realizou análise por UPLC-HRMS integrado a 
ferramentas quimiométricas e análise metabolômica de diferentes variedades de 
palma forrageira (Tabela 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
Tabela 1. Resumo das triagens fitoquímicas e substâncias químicas já relatadas para a espécie N. 
cochenillifera. 
 
Parte da 
planta 
Classificação Extrato Componentes Referencias 
Cladódios 
frescos 
Flavonoides 
Taninos 
Fração: 
clorofórmica
, etanólica e 
hexânica 
 
- 
GOMES-
FLORES et al. 
(2006) 
Cladódios 
frescos 
Flavonoides Extrato 
etanólico 
 NECCHI et al., 
2010 
Cladódios 
frescos e 
secos 
Flavonoides Extrato 
etanólico, 
hexânico e 
clorofórmico 
flavonas,flavanonas e 
flavonóis 
HÁUAD-
MARROQUÍN et 
al. (2008) 
Cladódios 
secos 
Carboidratos 
Saponinas 
Taninos 
Extrato 
etanólico 
açúcares redutores, 
saponinas espumídicas 
e taninos catéquicos 
FRANÇA, et al., 
2010 
Cladódios 
secos 
Flavonoides e 
esteróides 
Extrato 
etanólico 
 
_- 
ALVES et al., 
2016; ALVES et 
al., 2017 
Cladódios 
secos 
Álcool acíclico 
Fitoesterol 
Chalcona 
Esqualeno 
Acidos graxos 
Vitamina E 
Extrato 
etanólico 
Fitol 
β-sitosterol e 
stigmasterol 
benzofuranona 
linoléico e palmítico 
SILVA; 
NASCIMENTO, 
2015 
Cladódios 
secos 
Aminoácido 
Flavonoides 
Extrato 
etanólico 
Triptofano 
quercetina-3-O-2’’,6’’- 
dirhamnosilglucosideo; 
isoramnetina-glucosil-
dirhamnosideo 
isorhamnetina-3-O-
rhamnosil 
hexosideo 
 
MATOS et al., 
2021 
 
2.4 Etnobotânica 
 
Diferentes partes da N. cochenillifera são utilizadas como terapia 
alternativa em vários países. Em um estudo etnobotânico sobre a utilização de 
cactáceas, Lucena et al. (2013) relataram o uso do fruto in natura da N. 
cochenillifera na alimentação humana e os cladódios como forragem animal. 
 A espécie apresenta a capacidade de reduzir o nível de colesterol no soro 
e a pressão arterial, além de apresentar potencial terapêutico no tratamento de 
22 
 
 
úlceras, dores reumáticas, feridas, fadiga, fragilidade capilar, e problemas no 
fígado (AGOZZINO et al., 2005). 
De acordo com Lans (2006), na medicina tradicional N. cochenillifera é 
utilizada como diurético, anti-inflamatório e analgésico, em particular para otalgias 
e odontalgias, além de ser usada no tratamento da hipertensão, cálculos renais e 
como agente hipoglicemiante. 
A espécie empregada inteira ou macerada vem sendo bastante utilizada 
devido as suas propriedades anti-inflamatórias e antirreumáticas, geralmente por 
meio da aplicação local. A essa espécie também são atribuídas propriedades 
antivirais, principalmente contra a erisipela, e anti-hemorroidas. Assim como a 
Opuntia fícus-indica, o fruto da Nopalea cochenillifera também se apresenta como 
antitussígeno (FUENTES, 2000). 
 
2.5 Atividade Farmacológica 
 
Em pesquisas realizadas na literatura foram encontrados apenas dois 
estudos clínicos com suco do cladódio de N. cochenillifera que avaliaram a 
atividade hipoglicemiante, e seis estudos pré-clínicos in vitro (Tabela 2). Em um 
modo geral a maioria dos estudos avaliou atividade microbiológica da N. 
cochenillifera. 
Estudo in vitro realizado por método colorimétrico demonstrou que três 
diferentes extratos obtidos com etanol, hexano e clorofórmio do cladódio de N. 
cochenillifera apresentaram atividade antimicrobiana frente à Escherichia coli, 
Salmonela entérica e Candida albicans (GOMES-FLORES et al., 2006). 
Háuad-Marroquín et al. (2008) avaliaram o efeito microbiológico de extratos 
obtidos dos cladódios frescos e secos da N. cochenillifera preparados com etanol, 
hexano e clorofórmio frente a entidades infecciosas. Neste estudo destacou-se a 
atividade antimicrobiana frente à Candida albicans, no qual o extrato obtido com 
clorofórmio por soxhlet apresentou 60,42% de citotoxicidade e os extratos 
hexânicos apresentaram 65% de citotoxicidade. Ainda neste estudo foi observada 
citotoxidade de 37,63 e 44,35% dos extratos obtidos com clorofórmio e hexano, 
respectivamente, frente à Escherichia coli. 
23 
 
 
O extrato hidroetanólico seco dos cladódios da N. cochenillifera exibiu 
potencial antifúngico frente a cepas de importância clínica como a Candida 
dubliniensis, Candida glabrata,Candida parapsilosis e Candida Krusei (SILVA et 
al., 2018). Já o extrato etanólico dos cladódios da N. cochenillifera apresentou 
inibição frente às cepas de Micrococcus, Staphylococcus aureus, Klebsiella 
pneumoniae, Salmonella typhi, Escherichia coli, Candida glabrata, Candida 
albicans, Prototheca zopffi, Cryptococcus neoformans, Saccharomy cescervisiae 
e Malassezia furfur, sendo que o extrato teve melhor resultado para Micrococcus 
e C. albicans (NECCHI et al., 2012). Suryawanshi e Vidyasagar (2016) avaliaram 
a atividade antimicrobiana da N. cochenilliera em diferentes partes da planta 
(flores e cladódios) com dois solventes diferentes (metanólico e clorofórmico), o 
estudo concluiu que o extrato metanólico dos cladódios teve atividade 
antimicrobiana significativa in vitro. 
 A atividade antineoplásica do extrato etanólico usando cladódios secos da 
N. cochenillifera mostrou que diferentes concentrações apresentaram efeito 
inibitório no crescimento de células cancerígenas, sendo neste estudo a análise 
realizada pelo método de MTT [3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5 difenilbrometo de 
tetrazolina] em células HCT-116 (colo retal humano), SF-295 (glioblastoma 
humano) e OVCAR-8 (câncer de ovário humano) (ALVES et al., 2016). 
 Fabela-Illescas et al., (2015) realizaram um ensaio clínico com 20 
pacientes dos quais 10 eram diabéticos, os demais tinham hipertensão, 
sobrepeso e obesidade. Todos os pacientes foram tratados com uma bebida 
fresca a base de N. cochenillifera que consistia na mistura de 50 g do cladodio de 
N. cochenillifera com 250 mL de água durante 30 dias. Com isso verificou-se uma 
diminuição significativa na circunferência da cintura, peso, pressão sistólica e 
diastólica em pacientes que receberam uma preparação. No caso da glicose, os 
níveis não foram estatisticamente signiticativos, em contrapartida, foram 
encontrados valores significativos para a hemoglobina glicosilado, com isso, 
sendo necessário mais estudos para a avaliação da atividade anti-hiperglicêmica 
de N. cochenillifera. 
 Em estudo in vivo com animais, Magaña-Cerino et al. (2020) relataram 
efeito benéfico do suco de cladódios frescos da N. cochenillifera na glicemia pós-
prandial quando comparado com arcabose. Ainda nesse estudo foi observado que 
24 
 
 
o extrato metanólico da N. cochenillifera tem uma quantidade considerável de 
compostos fenólicos e exibiu atividade antioxidante no ensaio DPPH (2,2- difenil-
1-picrilhidrazilo), mas não inibiu a enzima α-glucosidase e teve um baixo efeito 
antioxidanteno teste ABTS (ácido 2,2'-azino-bis (3-etilbenzotiazolin) 6-ácido 
sulfônico). 
Tabela 2. Estudos não clínicos in vitro e in vivo realizados com a N. cochenillifera 
Parte da 
planta 
Extrato / 
fração / 
composto 
Método Resultado Referencias 
Estudos in vitro 
Cladódios 
frescos 
Etanol, 
hexano e 
clorofórmio 
Método 
colorimétrico 
Atividade 
antimicrobiana 
frente à Escherichia 
coli, Salmonela 
entérica e Candida 
albicans 
GOMES-
FLORES et al., 
2006 
Cladódios 
frescos 
Etanol, 
hexano e 
clorofórmio 
por soxhlet 
Avaliação 
antimicrobiana do 
extrato de N. 
cochenillifera 
Atividade 
microbiológico frente 
a Candida albicans 
e Escherichia coli 
HÁUAD-
MARROQUÍN et 
al. (2008) 
Cladódios 
frescos 
Extrato 
etanólico 
Avaliação da 
atividade 
antimicrobiana 
por bioautografia 
e microdiluição 
Atividade 
antimicrobiana 
frente a cepas de 
importância clínica 
em destaque 
Micrococcus e C. 
albicans 
NECCHI et al., 
2012 
Cladódios 
secos 
Extrato 
hidroetanólic
o 
Método de 
difusão em meio 
sólido para 
determinação da 
concentração 
inibitória mínima 
(MIC) 
Atividade antifúngica 
frente a cepas de 
importância clínica 
como a C. 
dubliniensis, C. 
glabrata, C. 
parapsilosis e C. 
Krusei 
SILVA et al., 
2018 
Cladodios 
secos 
Extrato 
etanólico 
Método de MTT 
em células HCT-
116 (colo retal 
humano), SF-295 
(glioblastoma 
humano) e 
OVCAR-8 
(câncer de ovário 
humano) 
Efeito inibitório 
sobre o crescimento 
de células 
cancerígenas 
ALVES et al., 
2016 
Cladódios 
e frutos 
frescos 
Extrato 
metanólico e 
clorofórmico 
Avaliação da 
atividade 
antimicrobiana 
com extrato 
dissolvido em 
Atividade 
antimicrobiana dos 
cladódios e dos 
frutos da N. 
cochenillifera, o 
SURYAWANSH
I E 
VIDYASAGAR 
(2016) 
25 
 
 
Dimetilsulfóxido 
(DMSO). 
extrato metanólico 
dos cladódios 
apresentaram 
melhor atividade 
Estudo in vivo 
Suco de 
cladódios 
Suco Ensaio clínico 
preliminar para 
avaliar atividade 
antidiabética 
Diminuição 
significativa na 
circunferência da 
cintura, peso, 
pressão sistólica e 
diastólica 
FABELA-
ILLESCAS et 
al., (2015) 
Suco de 
cladódios 
Suco Ensaio não- 
clínico in vivo 
para avaliar 
atividade 
antidiabética 
Diminuição da 
glicemia pós-
prandial 
MAGAÑA-
CERINO et al. 
(2020) 
 
2.6 Plantas Medicinais e Gastroproteção 
 
Na busca pelo descobrimento de melhores opções de tratamentos que 
sejam mais seguros e com menos efeitos adversos para doenças 
gastrointestinais, as plantas medicinais vêm sendo estudadas, tendo sua 
atividade frequentemente associada à ação pleiotrópica e sem efeitos adversos 
excessivos (ALMEIDA et al., 2019). 
Várias plantas medicinais têm sido usadas para o tratamento de distúrbios 
gastrintestinais. O primeiro fármaco efetivo contra úlceras gástricas foi a 
carbenoxolona, substância isolada de Glycyrrhiza glabra (alcaçuz) e comumente 
usada pelos indígenas (AKTAR; MUNIR, 1989). Na literatura são encontrados 
muitas plantas e seus metabólitos secundários, com efeito gastroprotetor, sendo 
uma ótima alternativa para o tratamento da úlcera gástrica. O principal 
mecanismo envolvido nessa atividade gastroprotetora é o efeito antioxidante, que 
atua na diminuição da peroxidação lipídica auxiliando na prevenção da inflamação 
que leva a úlceras gástricas (ATHAYDES et al., 2018). 
 
2.7 Estômago 
 
3.7.1 Anatomia e Fisiologia do Estômago 
O estômago é a porção dilatada do tubo digestivo responsável pela 
retenção do alimento durante o período necessário de ocorrência de digestão e 
26 
 
 
transformação do bolo alimentar em quimo (SANTOS et al., 2011). 
Anatomicamente, o estômago é dividido em fundo, corpo e antro (FERRUA; 
SINGH, 2010). O fundo está situado à esquerda e acima do nível do esfíncter 
esofágico inferior ou cárdia. O corpo é a região maior do estômago. O antro está 
situado na região proximal ao canal pilórico (SEELEY et al., 2008). O fundo e o 
corpo são secretores de ácido, enquanto o antro abriga o epitélio superficial 
secretor de alcalinas e células G secretoras de gastrina endócrinas (DAVID; 
SOYBEL, 2005). 
No entanto, microscopicamente a região do fundo e corpo são 
histologicamente parecidas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008). O estômago está 
estruturado em duas regiões: córnea e antropilórica. A porção córnea que é 
contínua ao esôfago apresenta epitélio estratificado e queratinizado, a porção 
antropilorica possui um epitélio com presença de glândulas tubulares na mucosa 
(BERTASSOLI et al., 2013). Essas porções são delimitadas internamente por uma 
prega evidenciada na superfície da mucosa de ambas as faces do estômago, que 
é chamada de “prega limitante”, fazendo a divisão do estômago aglandular e 
estômago glandular (OLIVEIRA, 2000). 
Na porção glandular encontramos quatro camadas que compõem a parede 
do estômago: Mucosa, Submucosa, Muscular (Muscular oblíqua, muscular 
circular e muscular longitudinal) e Serocinasa. A Mucosa Gástrica é revestida por 
um tecido epitelial cúbico simples que sofre invaginações formando as fossetas 
gástricas. Nelas desembocam secreções das glândulas gástricas ramificadas. 
Além disso, entre a mucosa e a submucosa encontramos uma camada da 
muscular da mucosa (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008). 
O estômago apresenta principalmente duas categorias de glândulas 
secretoras de substâncias responsáveis pelos processos digestivose 
homeostáticos do estômago, as glândulas oxínticas ou gástricas e as glândulas 
pilóricas (MEJIA; KRAFT, 2009). As glândulas pilóricas são constituídas por três 
tipos de células: as células mucosas que são responsáveis pela secreção do 
muco, as células do tipo G responsáveis pela síntese e liberação de gastrina e as 
células D que secretam a somastatina (SCHUBERT; PEURA, 2008). 
As glândulas oxínticas estão localizadas no fundo e no corpo do estômago 
(cerca de 80% da superfície interna do estômago) e são constituídas por células 
27 
 
 
de vários tipos e funções: as células principais são responsáveis pela secreção do 
pepsinogênio (zimogênio), um precursor da enzima proteolítica pepsina e cuja 
ativação é induzida pelo ácido clorídrico; as células mucosas são responsáveis 
pela secreção do muco e de bicarbonato, os quais desempenham um importante 
papel protetor da mucosa à acidez do estômago; as células parietais secretam 
principalmente ácido clorídrico e fator intrínseco; as células D que secretam 
somatostatina; e células enterocromoafins que são responsáveis pela secreção 
da histamina (SCHUBERT; PEURA, 2008; MEJIA; KRAFT, 2009). 
Os hormônios regulam várias funções fisiológicas importantes no 
estômago, incluindo secreção e motilidade. A produção anormal de alguns desses 
hormônios está associada ao desenvolvimento de várias doenças gástricas. No 
entanto, vários hormônios e peptídeos reguladores são produzidos pelas células 
no próprio estômago (HUNT et al., 2015). Um hormônio importante secretado pelo 
estômago é a grelina. A grelina é orexigênica (aumenta o apetite) e as 
concentrações séricas desse hormônio são elevadas antes das refeições e 
suprimidas pós-prandialmente. É produzido por células endócrinas no estômago e 
regula o apetite ao cruzar a barreira hematoencefálica para se ligar a receptores 
localizados nas células do hipotálamo, bem como por sinalização através de 
fibras nervosas aferentes vagais (KLOK et al., 2007). 
 O outro hormônio principal produzido pelo estômago é a gastrina, que 
continua a ser de grande relevância atualmente para gastroenterologistas clínicos, 
devido à sua associação com várias doenças gastrointestinais. A gastrina é 
secretada pelas células G, localizadas predominantemente no antro do 
estômago. Tem funções bem conhecidas na regulação da secreção de ácido 
gástrico (DOCKRAY et al., 2001). A gastrina é secretada em resposta à ingestão 
de alimentos e se liga aos receptores CCK2 nas células semelhantes à 
enterocromafina gástrica, estimulando-as a liberar histamina, que por sua vez se 
liga ao H2-receptores nas células parietais para estimulá-las a secretar ácido 
clorídrico. A secreção de gastrina é inibida pela somatostatina, que é secretada 
pelas células D no estômago e no intestino (DIMALINE; VARRO, 2014). 
A secreção de ácido gástrico é um processo contínuo e complexo 
controlado por múltiplos fatores centrais (neurais) e periféricos (endócrino e 
parácrino), onde cada fator se refere a um evento fisiológico comum a secreção 
28 
 
 
de H+ pelas células parietais, e que, atuando em conjunto, desempenham papéis 
importantes na regulação da secreção ácida (GOODMAN; GILMAN, 2010). 
O estomago secreta de 1 a 2 litros de suco gástrico diariamente, composto 
por ácido clorídrico e o pepsinogênio que em pH ácido é convertido em pepsina. 
(HERNANDES, 2010) Os principais agentes estimulatórios da secreção de HCl 
são acetilcolina, gastrina, e histamina, que se ligam a receptores específicos na 
membrana basolateral das células parietais. Estes receptores são denominados 
receptores muscarínicos (M3) para a acetilcolina, receptores para a gastrina 
(CCKB), e os receptores H2 para a histamina. A inibição da secreção é feita pela 
somatostatina (endócrina quando secretada por células D do antro e parácrina 
quando secretada por células D do corpo do estômago) por fatores de 
crescimento epidérmico (EGF) e por prostaglandinas E2 e I2; estas últimas 
também estimulam as células superficiais a produzir muco e bicarbonato (AIRES, 
2008; KOEPPEN; STANTON, 2009). 
A primeira linha de defesa da mucosa gástrica contra ácido gástrico e 
pepsina são a secreção de muco gástrico e bicarbonato, aumento do fluxo 
sanguíneo, inibição da secreção de ácido gástrico, renovação das células 
epiteliais, geração de prostaglandinas, óxido nítrico e mecanismos antioxidantes 
(YANDRAPU; SAROSEIK, 2015). A camada de muco funciona como uma barreira 
física protetora entre o epitélio e o lúmen contra agentes nocivos, 
microorganismos e pepsina presentes no lúmen. Além disso, mantém o gradiente 
de pH próximo à neutralidade, protegendo a mucosa contra a acidez do ambiente. 
O muco é secretado em todo o trato gastrointestinal desde o estômago até o 
cólon. A secreção de muco é estimulada por hormônios gastrointestinais, 
incluindo gastrina e secretina, bem como PGE2 e agentes colinérgicos (LAINE et 
al., 2008; YANDRAPU; SAROSEIK, 2015; LUZ et al., 2018; WALLIG, et al., 2018). 
O processo natural de controle do fluxo sanguíneo ocorre principalmente 
por prostaglandinas (PG) e óxido nítrico (NO) (CORUZZI et al., 2000). As 
prostaglandinas constituem um importante grupo de mediadores no corpo, 
envolvidas em diversos processos fisiológicos, como modulação da reação 
inflamatória, agregação plaquetária, angiogênese e fluxo sanguíneo da mucosa 
gastrointestinal. São provenientes do ácido araquidônico e sintetizadas através 
das enzimas cicloxigenases 1 e 2 (COX-1 e COX-2, respectivamente) (LAINE et 
29 
 
 
al., 2008; MARTINS, 2015). Embora COX-1 esteja mais esclarecidamente 
envolvida na proteção gástrica, COX-2 também desempenha importante papel na 
proteção gástrica, atuando na restauração da mucosa gástrica (MANJEGOWDA 
et al., 2017). 
As prostaglandinas protegem a mucosa gástrica mediante a inibição da 
secreção ácida, estimulação da secreção de muco e bicarbonato, manutenção do 
fluxo sanguíneo gástrico e controle da motilidade gástrica (TAKEUCHI, 2011; 
TARNAWSKI, AHLUWALIA; JONES, 2013). As prostaglandinas são agentes anti-
úlcera com atividade bem conhecida e efeito inibidor da secreção do ácido 
gástrico, que protegem a barreira da mucosa gástrica danificada, aumentando a 
circulação sanguínea local e a secreção de muco gástrico e bicarbonato 
(SIDAHMED et al., 2018). 
PGE2 e PGI2 são as principais prostaglandinas envolvidas na 
gastroproteção e atuam ativando o receptor de prostaglandina do tipo 3 (EP3) das 
células epiteliais, o que causa uma diminuição da secreção de ácido e aumento 
da secreção de muco. Além disso, ativam canais de potássio sensíveis a ATP 
(KATP) que estão envolvidos em diversos outros processos fisiológicos do 
sistema gastrointestinal, tais como a regulação do fluxo sanguíneo, secreção de 
ácido e contratilidade do estômago (POSSENTI et al., 2012; SCHNEIDER, 2014). 
O óxido nítrico é outro mediador importante na defesa gástrica, que atua 
como vasodilatador endógeno regulando o fluxo sanguíneo gástrico e 
microcirculação. Além disso, ele pode manter a camada viscoelástica de muco, 
aumentando a secreção de muco e diminuindo a agregação e secreção de 
neutrófilos (LUZ et al., 2018; YOO et al., 2018). Este mediador gasoso está 
envolvido no mecanismo de secreção de bicarbonato em conjunto com a PGE2. 
Quando há aumento da secreção ácida, o NO estimula a síntese de PGE2, a qual 
é responsável pela inibição da secreção de ácido e aumento da secreção de 
bicarbonato (TAKEUCHI et al., 2011; KIM, 2014). 
Outro importante fator de proteção da mucosa são os antioxidantes, 
mecanismos de defesa enzimáticos e não enzimáticos presentes no organismo 
que protegem contra os danos teciduais provocados por estresse oxidativo 
(WANG et al., 2014). A proteção da mucosa gástrica também envolve fatores 
bioquímicos, como um sistema antioxidante constituído por vitaminas, flavonoides 
30 
 
 
da dieta, carotenoides, ácido úrico, glutationareduzida (GSH) e as enzimas 
antioxidantes, superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), glutationa peroxidase 
(GPx) e glutationa S-transferase (GST), protegendo a mucosa gástrica dos efeitos 
do ânion superóxido e o peróxido de hidrogênio (KWIECIEN et al., 2014; 
YANDRAPU; SAROSEIK, 2015). 
 
2.8 Doença Ulcerosa Péptica 
 
2.8.1 Conceitos e Principais Sintomas 
 
A úlcera péptica pode ser definida como lesões na camada da mucosa 
devido à destruição dos tecidos pela ação do ácido clorídrico, com isso, os vasos 
sanguíneos de maior calibre são danificados, expondo sua superfície e 
consequentemente ocorrem as fissuras e formam uma cavidade cercada por 
inflamação aguda e crônica (DAMJANOV, 2006). Dentre o grupo das úlceras 
pépticas, existem as úlceras duodenais e as gástricas. 
As úlceras duodenais ficam localizadas no bulbo duodenal, apresentam 
dispepsia que pode variar em níveis de gravidade, incluindo sangramento 
gastrointestinal, obstrução da saída gástrica, perfuração ou desenvolvimento de 
fístula (NAJM, 2011; QUINOMES; WOOLF, 2020). Na úlcera duodenal a dor é 
tipicamente aliviada com a ingestão de alimento (PROCTOR; DEANS, 2014). 
 As principais causas são o uso recorrente de AINES, infecção por 
Helicobacter pylorie Síndrome de Zollinger Ellison (MARSHALL; WARREN, 1984). 
H. pylori tem mostrado ser o maior causador de úlcera duodenal, pois infecta o 
duodeno, onde o ácido clorídrico e a pepsina desempenham um papel na 
digestão dos alimentos, o que facilita o dano do revestimento pelo ácido 
gástrico. H. pylori pode elevar a secreção de ácido em pessoas que desenvolvem 
úlceras duodenais ou a hipersecreção de ácido gástrico pode por si mesma 
provocar úlceras duodenais (OLBE et al., 2000; CALAM; BARON, 2001; RA; 
TOBE, 2004). 
As úlceras gástricas estão localizadas no estômago, muitas vezes ao longo 
da pequena curvatura na zona de transição do corpo do estômago para a mucosa 
antral. Vários fatores estão incluídos na patogênese da úlcera gástrica como 
31 
 
 
secreção de muco, deficiente neutralização por bicarbonato e aumento da 
secreção de pepsina ácida (KENT; DEBAS, 1994; WADIE, 2011). 
Por mais de um século, a úlcera gástrica foi uma das principais causas de 
morbidade e mortalidade (HIGHAM et al., 2002), apresentam lesões inflamatórias 
ou necrosantes que surgem na mucosa do estômago e atinge cerca de 10% da 
população em todo o mundo (LANAS; CHAN, 2017). É uma patologia muito 
comum na população em geral, multifatorial, que possui grande repercussão 
clínica que inclui também complicações como sangramento, perfuração ou 
obstrução (SOREIDE et al., 2015; HASSELAGER et al., 2016) 
A sintomatologia é normalmente definida por dispepsia, dores epigástricas 
pós-prandial e noturna (YUAN et al., 2006). Outros sinais e sintomas, com menor 
frequência são a anemia que é provocada pela hemorragia gastrointestinal, a 
perda de peso relacionada à falta de apetite e o medo de provocar dor ao se 
alimentar e os vômitos devido à obstrução do piloro (YUAN et al., 2006; 
BANERJEE et al., 2010). 
 
2.8.2 Úlceras Pépticas 
 
As úlceras gastroduodenais podem ser provocadas por meio do 
desequilíbrio entre alguns fatores agressivos e defensivos da mucosa gástrica 
(figura 2). 
Figura 2. Mecanismo de defesa e fatores de agressão 
 
32 
 
 
Fonte: Tuner, 2010. Formação da úlcera péptica pelo o rompimento da barreira protetora da 
mucosa do estômago, provocado pelo desequilíbrio entre os agentes defensivos e agentes 
agressivos da mucosa gástrica. 
 
Dentre os fatores agressivos estão os de origem endógena, como: 
secreção elevada de ácido gástrico e pepsina, inibição da proliferação celular da 
mucosa, redução do fluxo sanguíneo e supressão das prostaglandinas; já os 
fatores prejudiciais de origem exógena estão os hábitos de ingestão excessiva de 
álcool, estresse, infecção por Helicobacter pylori e uso prolongado de anti-
inflamatórios não-esteróides (AINEs). Para a proteção da mucosa gástrica, 
podemos citar a secreção de bicarbonato e muco, biossíntese de prostaglandina 
gastroprotetora e microcirculação sanguínea adequada do tecido (COOK; 
GUYATT, 2018; KAVITT et al., 2019). 
As úlceras podem se desenvolver em qualquer região do trato 
gastrointestinal, sendo mais comum no estômago na qual é denominada de úlcera 
gástrica e no duodeno que são as úlceras duodenal (DAMJANOV, 2006). 
Os efeitos gastroduodenais por AINES variam de gastrite erosiva aguda a 
ulceração gástrica aguda, até ulceração péptica. A supressão de prostaglandinas 
pela mucosa, o que aumenta a secreção de ácido clorídrico e reduz a produção 
de bicarbonato e mucina, é a chave para a ulceração péptica induzida por AINE. 
A perda de mucina degrada a barreira de muco que normalmente evita que o 
ácido alcance o epitélio (ROBBINS, 2008). 
Constantemente nosso organismo produz quantidades pequenas de 
espécies reativas de oxigênio (EROs) em processos como na cadeia 
transportadora de elétrons (na fosforilação mitocondrial), no metabolismo de 
xenobióticos e na resposta inflamatória. A produção de EROs se torna um 
problema quando ocorre um aumento considerável de radicais livres, capazes de 
ultrapassar os mecanismos de defesa intrínsecos. Algumas doenças 
inflamatórias, neurodegenativas ou neoplásicas podem induzir esse desequilíbrio 
(PINTO, 2013). 
Para a proteção dos tecidos contra os danos provocados pela EROs, todas 
as células contêm enzimas antioxidantes, como a glutationa-peroxidase (GPx), 
catalase (CAT), superóxido dismutase (SOD), glutationa-redutase (GR), e 
eliminadores de radicais, tais como compostos sulfidrílicos (GSH), que 
desempenham papéis fundamentais nos mecanismos de defesa, possuindo 
33 
 
 
formulações com ação antioxidante, eficácia na citoproteção e cicatrização das 
lesões gástricas (AFALOBI, 2011; PINTO, 2013). 
 
2.8.3 Epidemiologia 
 
A úlcera péptica é considerada uma questão importante de Saúde Pública, 
frequentemente associada à perda na qualidade de vida, perda de produtividade 
no trabalho e crescentes gastos no tratamento das complicações da doença 
(BARKUN; LEONTIADIS, 2010). A prevalência da úlcera péptica no Brasil em 
2008 era de 0,1 – 0,2%, sendo que os resultados podem ter sido subnotificações 
(OLIVEIRA et al., 2015). 
Nos Estados Unidos da América (EUA), em 2002 existiam cerca de 500 mil 
novos casos e 4 milhões de recorrências, apresentando prevalência de 8 a 14% 
na população em geral (LADABAUM, et al., 2002). Em 2018 Hernández et al. 
realizaram uma revisão com dados históricos (EUA e África do Sul) (2010-2016) 
em uma população de 306 adultos com a doença úlcera péptica perfurada. Após 
a realização de análises comparativas, multivariadas e pareadas, eles 
descobriram que 42% eram mulheres, com idade média de 56 anos. 
Um estudo realizado no Peru por Montes et al., (2007) mostra que entre as 
úlceras pépticas, as mais prevalentes foram as úlceras duodenais, em 49,5% dos 
casos, seguidas pelas úlceras gástricas, em 42,0%, e pelas lesões em ambos os 
locais (úlcera gástrica mais duodenal), cuja prevalência foi de 5,5%, enquanto 3% 
representaram outros tipos de úlceras. De acordo com Carvalho (2000) as 
hipóteses prováveis da etiopatogênese da doença ulcerosa agrupam fatores 
genéticos, distúrbios fisiopatológicos e fatores ambientais. 
Apenas uma pequena proporção de pessoas infectadas pela H. pylori ou 
em uso de AINE desenvolvem úlcera péptica, o que sugere que a suscetibilidade 
individual é importante no início do dano da mucosa, além da exposição a 
agentes externos como álcool e tabaco (LANAS et al., 2017; NARAYANAN et al., 
2018). Embora muitas pessoas que usam AINE tenham infecção concomitante 
por H. pylori, sua interação na patogênese da úlcera péptica permanece 
controversa (SOREIDE et al., 2015). 
34 
 
 
2.9 Tratamento da Úlcera Péptica 
 
As terapias atuais contra úlcera gástrica incluem principalmente, fármacos 
antagonistasdo receptor H2 da histamina, inibidores da bomba de prótons e 
antiácidos (KREUTER et al., 2016; KAVITT et al., 2019). No entanto, o uso 
prolongado desses fármacos pode levar a uma série de efeitos adversos (LA 
VECHIA; TAVANI, 2002; RAGHUNATH et al., 2005). 
 
2.9.1 Antagonistas de Receptores de Histamina Tipo 2 (ARH2) 
 
Os Antagonistas de Receptores de Histamina Tipo 2 (ARH2) inibem de 
forma seletiva e competitiva a ligação da histamina aos receptores H2 gástricos 
reduzindo a secreção ácida pelas células parietais. Seu principal uso clínico é 
como inibidor da secreção de ácido gástrico (RANG, 2007; SANTOS; RAO, 2017). 
 A histamina, ao ligar-se ao receptor H2 na célula parietal, eleva a 
produção de AMPc, que, por meio da ativação da proteína cinase A (PKA), 
fosforila as proteínas envolvidas com o transporte da bomba de prótons do 
citoplasma para a membrana plasmática da célula parietal (SANTOS; RAO, 
2017). Essa classe de medicamentos realiza um bloqueio competitivo e dose 
dependente dos receptores H2, inibindo principalmente a secreção gástrica 
induzida pela histamina, mas também aquela determinada pela acetilcolina e pela 
gastrina (PENILDON, 2010). 
 Essa classe de medicamentos é representada por: cimetidina, ranitidina, 
nizatidina e famotidina e em geral são administradas por via oral, embora existam 
preparações para uso intramuscular e intravenoso (exceto a famotidina) 
(PENILDON, 2010). 
 
2.9.2 Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) 
 
Os inibidores de bomba de prótons são considerados os medicamentos de 
primeira escolha do tratamento de úlcera gástrica, pois bloqueiam a etapa final da 
secreção ácida, produzindo uma supressão ácida mais eficaz. Os IBPs são os 
medicamentos mais indicados para alívio dos sintomas relacionados à úlcera 
35 
 
 
gástrica, sendo capaz de promover uma cicatrização mais rápida da úlcera 
(BRANDÃO et al., 2019). 
Os IBPs são medicamentos que inibem a enzima H+ K+ ATPase, realizando 
assim, a supressão ácida no estômago. São comercializados seis representantes 
desta classe: omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, rabeprazol, esomeprazol e 
dexlansoprazol. Embora haja diferenças farmacocinéticas, todos os 
representantes dessa classe são similares entre si, reduzindo em até 95% a 
produção diária de ácido gástrico (HOEFLER; FERREIRA, 2009). 
Os IBPs são bases fracas, com um pKa entre 3.8 e 4.9, o que permite que 
se aglomerem seletivamente no espaço ácido do canalículo secretório da célula 
parietal estimulada, onde o pH é de 1.0. A ligação dos IBP à H+/K+ ATPase ocorre 
após a ingestão alimentar, a qual proporciona a exposição canalicular da bomba. 
É na superfície canalicular que os IBP são submetidos à clivagem de uma ligação 
sulfóxido, catalisada pelo ácido, convertendo-se em sulfenamidas. Estas ligam-se 
irreversível e covalentemente a resíduos de cisteína na H+/K+ ATPase, inibindo a 
secreção de H+ até novas bombas serem sintetizadas (SHIN; SACHS, 2008; 
BRUNTON, CHABNER, KNOLLMANN, 2012). Todos os IBPs são rapidamente 
metabolizados no fígado por enzimas do citocromo P450 (majoritariamente 
CYP2C19) (STRAND, KIM, PEURA, 2017). 
Os IBPS não devem, por rotina, ser administrados concomitantemente com 
outros agentes anti-secretores, incluindo ARH2, análogos de prostaglandinas (por 
ex., misoprostol) ou análogos da somatostatina (por ex., octeótrido), devido à 
redução marcada do efeito inibitório desejado (WOLFE; SANCHS, 2000). 
 
2.9.3 Fármacos Protetores da Mucosa 
 
A mucosa gástrica é consecutivamente exposta a substâncias danosas, 
como o ácido clorídrico e a pepsina. Para a conservação de sua integridade 
estrutural ocorrem mecanismos de defesa. O epitélio gástrico secreta uma 
barreira de proteção que consiste em água, glicoproteínas ou mucinas, 
bicarbonato, fosfolipídeos, fatores trefoil, prostaglandinas e proteínas do choque 
térmico (SANTOS; RAO, 2017). 
36 
 
 
Os sucralfatos fazem parte do grupo de fármacos que protegem a mucosa. 
É um complexo de hidróxido de alumínio e sacarose sulfatada que libera alumínio 
em presença de ácido (RANG et al., 2007). Na presença de lesão induzida por 
ácido, a hidrólise das proteínas da mucosa mediada pela pepsina contribui para a 
erosão e as ulcerações da mucosa. Esse processo pode ser inibido por 
polissacarídeos sulfatados, que em ambiente ácido (pH menor que 4), o sucralfato 
sofre extensa ligação cruzada, produzindo um polímero viscoso e pegajoso, que 
adere às células epiteliais e às crateras das úlceras durante até 6 horas após uma 
dose única (GOODMAN; GILMAR, 2010). 
O misoprostol é um análogo sintético da prostaglandina E1. As 
modificações estruturais feitas na molécula aumentaram a potência e a duração 
do efeito anti-secretor, a bioatividade oral e a segurança do fármaco. O grau de 
inibição da secreção de ácido gástrico pelo misoprostol está diretamente 
relacionado com a dose (GOODMAN; GILMAR, 2010). Atua exercendo ligação 
direta sobre a célula parietal, inibindo a secreção basal de ácido gástrico, bem 
como a estimulação da produção que ocorre em resposta a alimentos, histamina, 
pentagastrina e cafeína. Também aumenta o fluxo sanguíneo na mucosa e 
aumenta, ainda, a secreção de muco e bicarbonato (RANG et al., 2007; 
BRUNTON, CHABNER, KNOLLMANN, 2012). 
 
2.10 Plantas Medicinais e Inflamações 
 
Os estudos dos compostos de origem natural e os estudos etnobotânicos 
são contribuições significativas na descoberta de novos fármacos. Várias plantas 
são utilizadas medicinalmente para tratar problemas inflamatórios. Devido aos 
efeitos colaterais indesejáveis apresentados pelos fármacos sintéticos, a 
utilização dos anti-inflamatórios se torna limitada em alguns casos. Nesse sentido, 
as plantas medicinais podem ser consideradas uma alternativa terapêutica, pois 
oferecem como vantagens o baixo custo, o acesso fácil e menos efeitos colaterais 
(TASNEEM et al., 2018; TUNGMUNNITHUM et al., 2018; SKALLI et al., 2019). 
Vários são os estudos realizados na busca para encontrar novas 
substâncias ativas com poucos efeitos colaterais e significativa atividade 
farmacológica (LEAL et al., 2019). Ribeiro et al. (2018) relataram 70 plantas 
37 
 
 
brasileiras que possuem ação anti-inflamatória significativa, envolvendo diversos 
mecanismos de ação, conforme dados obtidos a partir de testes experimentais 
realizados com extratos e substâncias isoladas. 
A inflamação é uma medida de proteção do organismo ao um dano 
infeccioso e tem o aspecto fisiológico com o objetivo de restaurar a homeostase 
do tecido (MEDZHITOV, 2010). Sendo assim, a inflamação não controlada ou não 
resolvida pode levar a danos nos tecidos, dando origem a uma infinidade de 
doenças inflamatórias (NATHAN; DING, 2010). O processo inflamatório é 
classificado em processo agudo e crônico baseado na resposta celular, nos 
mediadores químicos envolvidos e na duração da resposta inflamatória (KOTAS; 
MEDZHITOV, 2015). 
O processo inflamatório agudo é desencadeado após uma infecção ou uma 
lesão tecidual, iniciando com a resposta vascular que resulta em um aumento da 
permeabilidade dos vasos e a vasodilatação; com isso, aumenta o fluxo 
sanguíneo local, ocorrendo assim a hiperemia, que é um processo que consiste 
em alterações do endotélio vascular, contribuindo para a exsudação de proteínas 
e fluido sanguíneo para dentro do tecido e para o local inflamado (PERRETTI, 
1996; CRECELIUS et al.,2014). 
Os macrófagos e mastócitos são responsáveis pelo reconhecimento inicial 
da causa da infecção, induzindo a produção de diversos mediadores inflamatórios 
como as quimiocinas, citocinas, aminas vasoativas, eicosanoides e produtos das 
cascatas proteolíticas (POBER; SESSA, 2007). 
 A diapedese inicia-se com o recrutamento de leucócitos presentes na 
circulação sanguínea, entre estes, os neutrófilos, que são os primeiros leucócitos 
a desempenharem um papel na resposta imune inata (TENG et al., 2017).

Continue navegando