Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA KATARINA ALUIDE DE CARVALHO PRAXEDES GESTÃO DO TERRITÓRIO E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS DEFRONTANTES COM O MAR DO RN: CAMINHOS E DESAFIOS PARA A SUSTENTABILIDADE AZUL NATAL-RN SETEMBRO - 2022 KATARINA ALUIDE DE CARVALHO PRAXEDES GESTÃO DO TERRITÓRIO E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS DEFRONTANTES COM O MAR DO RN: CAMINHOS E DESAFIOS PARA A SUSTENTABILIDADE AZUL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (PPGe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como pré- requisito para obtenção do título de Mestre em Geografia. Linha de Pesquisa: Território, Estado e Planejamento. Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato Júnior. NATAL-RN SETEMBRO – 2022 KATARINA ALUIDE DE CARVALHO PRAXEDES GESTÃO DO TERRITÓRIO E INDICADORES SOCIOECONÔMICOS DOS MUNICÍPIOS DEFRONTANTES COM O MAR DO RN: CAMINHOS E DESAFIOS PARA A SUSTENTABILIDADE AZUL Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia (PPGe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como pré- requisito para obtenção do título de Mestre em Geografia. Aprovada em: BANCA EXAMINADORA ______________________________ Prof. Dr. Raimundo Nonato Júnior Orientador – UFRN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA DA UFRN ______________________________ Jodival Maurício da Costa Membro externo – UNIFAP UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ ______________________________ Jane Roberta de Assis Barbosa Membro interno – UFRN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA DA UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA Praxedes, Katarina Aluide de Carvalho. Gestão do território e indicadores socioeconômicos dos municípios defrontantes com o mar do RN: caminhos e desafios para a sustentabilidade azul / Katarina Aluide de Carvalho Praxedes. - 2022. 274f.: il. Dissertação (mestrado) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2022. Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato Júnior. 1. Sustentabilidade. 2. Sustentabilidade Azul. 3. Amazônia Azul. 4. Gestão do Território. 5. Totalidade. I. Nonato Júnior, Raimundo. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA CDU 9:502/504 Elaborado por Ana Luísa Lincka de Sousa - CRB-15/748 Dedicatória Aos povos tradicionais do litoral. AGRADECIMENTOS Gratidão aos meus pais, Wilde e Francisco, que permitiram a minha existência nesse planeta fantástico. Pelo companheirismo, incentivo, paciência e parceria, agradeço a Tárcis, que compartilha comigo o amor a nós ofertado pelo universo. A todos os amigos incentivadores e entusiastas das minhas ideias, principalmente Jéssica e João, meu muito obrigada. Ao Instituto Navegar, organização que me permitiu enxergar a vida sob outra perspectiva, um especial agradecimento. Gratidão imensa a Marinês, amiga querida sempre pronta a me ouvir. Aos amigos do mestrado Marcos e Víctor muito obrigada por, mesmo distantes, terem contribuído com meu trabalho, terem me apoiado nos momentos mais difíceis. Agradeço, também, a todos os que vieram antes de mim e que abriram os portões da ciência e, ao mesmo tempo em que trabalhavam arduamente em suas pesquisas, também construíam o caminho para os próximos viajantes, especificamente o Professor Raimundo Nonato que aceitou orientar este trabalho. RESUMO Na discussão contemporânea da sustentabilidade, destaca-se a emergência de pensa-la a partir da Amazônia Azul, especificamente os municípios defrontantes com o mar, porque eles são elos de comunicação entre o continente e o sistema costeiro-marinho. Além disso, as diversas problemáticas, como por exemplo, a crise climática mundial, afetam sobremaneira esses municípios. A terminologia sustentabilidade azul foi criada para fazer referência a sustentabilidade, mas direcionada para os municípios da costa do estado do Rio Grande do Norte, que são defrontes ao mar. Dessa forma, compreender os caminhos e os desafios para a sustentabilidade azul nos municípios defrontantes com o mar do RN, sob a ótica da gestão do território, constitui o objetivo geral desta pesquisa. Para isso, a perspectiva da totalidade do espaço geográfico foi utilizada como pressuposto para a realização da sustentabilidade e a gestão do território, por sua vez, foi indicada como um possível caminho para assegurar à sustentabilidade sua existência concreta. O Sistema de Indicadores foi utilizado como metodologia, porque oportuniza o agrupamento de dados, apresentados em gráficos, possibilitando a compreensão da costa potiguar sob a perspectiva da totalidade. A abordagem quanti-qualitativa possibilitou a organização dos dados em diferentes temáticas e aspectos. Os procedimentos metodológicos foram desenvolvidos com base na pesquisa bibliográfica de autores da Geografia e da sustentabilidade, além de outros temas secundários; a pesquisa documental permitiu o levantamento das principais leis, decretos e documentos; e a pesquisa de laboratório, na qual foi realizada a extração dos dados do Relatório I, do Projeto Amazônia Azul, para gerar o Sistema de Indicadores. Também na etapa de laboratório foram elaboradas as planilhas, gráficos e mapas. Destacando os resultados, a pesquisa encontrou um distanciamento dos municípios defrontantes com o mar em relação à sustentabilidade azul. Esse distanciamento enseja desafios à gestão do território. É importante esclarecer que, os dados apontam para o caminho de redução da insustentabilidade nos municípios, mas existe um longo percurso para alcançar a sustentabilidade azul na costa potiguar. Palavras-chave: Sustentabilidade; Sustentabilidade Azul; Amazônia Azul; Gestão do Território; Totalidade. ABSTRACT In the contemporary discussion of sustainability, the emergence of thinking about it from the Blue Amazon stands out, specifically the municipalities facing the sea, because they are communication links between the continent and the coastal-marine system. In addition, the various problems, such as the global climate crisis, greatly affect these municipalities. The blue sustainability terminology was created to refer to sustainability, but directed to the municipalities on the coast of the state of Rio Grande do Norte, which are facing the sea. In this way, understanding the paths and challenges for blue sustainability in the municipalities facing the sea in RN, from the perspective of territorial management, constitutes the general objective of this research. For this, the perspective of the totality of the geographic space was used as a presupposition for the achievement of sustainability and the management of the territory, in turn, was indicated as a possible way to ensure sustainability in its concrete existence. The Indicator System was used as a methodology, because it allows the grouping of data, presented in graphs, enabling the understanding of the Potiguar coast from the perspective of the totality. The quantitative- qualit’ative approach made it possible to organize the data into different themes and aspects. The methodologicalprocedures were developed based on bibliographic research by authors in Geography and sustainability, in addition to other secondary themes; the documentary research allowed the survey of the main laws, decrees and documents; and the laboratory research, in which the data from Report I, from the Blue Amazon Project, was extracted to generate the Indicator System. Also in the laboratory stage, spreadsheets, graphs and maps were prepared. Highlighting the results, the research found a great distance from the municipalities facing the sea in relation to blue sustainability. This distance gives rise to challenges to the management of the territory. It is important to clarify that, the data point to the path of reducing unsustainability in the municipalities, but there is a long way to achieve blue sustainability on the Potiguar coast. Keywords: Sustainability; Blue Sustainability; Amazônia Azul; Territory Management; Totality. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Escopo da Pesquisa..................................................................................................... 24 Figura 2 - Geografia e Sustentabilidade ...................................................................................... 18 Figura 3 - Modelo Planetário Resumido ..................................................................................... 21 Figura 4 - Brasil: Amazônia Azul. .............................................................................................. 29 Figura 5 - Estrutura Legal da Amazônia Azul ............................................................................ 31 Figura 6 - Gestão da Zona Costeira ............................................................................................. 38 Figura 7 - Linha do Tempo: Legislação para a Costa Brasileira. .................................................. 40 Figura 8 - Estrutura Geral do Sistema de Indicadores ................................................................. 49 Figura 9 - Pilares da Sustentabilidade ......................................................................................... 50 Figura 10 - Esquema de Elaboração do Sistema de Indicadores ................................................. 51 Figura 11 - Estrutura do Indicador do Sistema de Indicadores dos Municípios DCM do RN .... 52 Figura 12 - Indicadores e Subindicadores ................................................................................... 53 Figura 13 - Esquema Metodológico Resumido ........................................................................... 65 Figura 14 - Escopo de Utilização do Projeto Amazônia Azul UFRN/MDR ................................... 71 Figura 15 - Indicador Social ......................................................................................................... 75 Figura 16 - Indicador Ambiental ................................................................................................. 77 Figura 17 - Indicador Economia .................................................................................................. 77 Figura 18 - Distribuição Etária da População ............................................................................. 86 Figura 19 – Municípios DCM do RN: característica etária da população. ................................. 86 Figura 20 - Municípios DCM do RN: evolução da população urbana. ....................................... 88 Figura 21 - ODS 1 e Indicadores ............................................................................................... 208 Figura 22 - ODS 2 e Indicadores ............................................................................................... 211 Figura 23 - ODS 3 e Indicadores ............................................................................................... 214 Figura 24 - ODS 4 e Indicadores ............................................................................................... 217 Figura 25 - ODS 5 e Indicadores ............................................................................................... 219 Figura 26 - ODS 6 e Indicadores ............................................................................................... 221 Figura 27 - ODS 7 e Indicadores ............................................................................................... 223 Figura 28 - ODS 8 e Indicadores ............................................................................................... 225 Figura 29 - ODS 9 e Indicadores ............................................................................................... 227 Figura 30 - ODS 10 e Indicadores ............................................................................................. 229 Figura 31 - ODS 11 e Indicadores ............................................................................................. 231 Figura 32 - ODS 12 e Indicadores ............................................................................................. 233 Figura 33 - ODS 13 e Indicadores ............................................................................................. 235 Figura 34 - ODS 14 e Indicadores ............................................................................................. 237 Figura 35 - ODS 15 e Indicadores ............................................................................................. 239 Figura 36 - ODS 16 e Indicadores ............................................................................................. 241 Figura 37 - ODS 17 e Indicadores ............................................................................................. 243 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Indicador Social: Características da População. ....................................................... 81 Gráfico 2 - Características da População: população. ................................................................. 83 Gráfico 3 - Densidade Demográfica Média ................................................................................ 85 Gráfico 4 - População Urbana ..................................................................................................... 89 Gráfico 5 - População Rural ......................................................................................................... 90 Gráfico 6 - Homens ..................................................................................................................... 91 Gráfico 7 - Mulheres ................................................................................................................... 91 Gráfico 8 - Municípios DCM do RN: Condições de Vida da População – Saúde. ..................... 92 Gráfico 9 - Saúde: Taxa de Natalidade. ...................................................................................... 93 Gráfico 10 - Saúde: Taxa de Mortalidade. .................................................................................. 94 Gráfico 11 - Saúde: Estabelecimentos do SUS. .......................................................................... 95 Gráfico 12 - Municípios DCM do RN: distribuição percentual dos tipos de moradia. ............... 95 Gráfico 13 - Condições de Vida: Tipos de Moradia. .................................................................. 96 Gráfico 14 - Tipos de Moradia: Própria. ..................................................................................... 97 Gráfico 15 - Tipos de Moradia: Alugada. ................................................................................... 98 Gráfico 16 - Tipos de Moradia: Cedida. ..................................................................................... 99 Gráfico 17 - Tipos de Moradia: Outros. .................................................................................... 100 Gráfico 18 - Condições de Vida da População: Educação. .......................................................101 Gráfico 19 - Educação: Alfabetização. ..................................................................................... 103 Gráfico 20 - Educação: Pré-escola. ........................................................................................... 104 Gráfico 21 - Educação: Creche. ................................................................................................ 105 Gráfico 22 - Educação: Ensino Fundamental I. ........................................................................ 106 Gráfico 23 - Educação - Ensino Fundamental II. ...................................................................... 107 Gráfico 24 - Escolaridade: Ensino Médio. ................................................................................ 108 Gráfico 25 - Municípios DCM do RN: tipo de vínculo de trabalho. ......................................... 108 Gráfico 26 - Condições de Vida: Ocupação. ............................................................................. 109 Gráfico 27 - Ocupação: Empregado com Carteira Assinada..................................................... 110 Gráfico 28 - Ocupação: Empregado sem Carteira Assinada. .................................................... 111 Gráfico 29 - Ocupação: Militares e Funcionários Públicos....................................................... 112 Gráfico 30 - Ocupação: Não Remunerado. ............................................................................... 113 Gráfico 31 - Ocupação: Trabalhador na Produção para Consumo Próprio. .............................. 114 Gráfico 32 - Ocupação: Empregador. ....................................................................................... 115 Gráfico 33 - Ocupação: Trabalhador por Conta Própria. .......................................................... 116 Gráfico 34 - Indicador Ambiental ............................................................................................. 118 Gráfico 35 - Abastecimento de Água Potável ........................................................................... 120 Gráfico 36 - Esgotamento Sanitário .......................................................................................... 122 Gráfico 37 - Coleta de Resíduos Sólidos .................................................................................. 124 Gráfico 38 - Sistema de Drenagem ........................................................................................... 125 Gráfico 39 - Municípios DCM: setores da economia e participação no PIB. ........................... 126 Gráfico 40 - Municípios DCM do RN: atividades econômicas e quantidade de estabelecimentos. ................................................................................................................................................... 127 Gráfico 41 - Indicador Economia .............................................................................................. 130 Gráfico 42 - Salário Médio Mensal dos Trabalhadores Formais .............................................. 132 Gráfico 43 - População Ocupada .............................................................................................. 133 Gráfico 44 - População com Rendimento Nominal Mensal Per Capita de até 1/2 Salário Mínimo ................................................................................................................................................... 134 Gráfico 45 - - PIB Municipal .................................................................................................... 135 Gráfico 46 - PIB Per Capita ...................................................................................................... 136 Gráfico 47 - IDHM ................................................................................................................... 137 Gráfico 48 - Cruzamento de Variáveis: Densidade Demográfica, Taxa de Mortalidade e Quantidade de Estabelecimento de Saúde do SUS. .................................................................. 139 Gráfico 49 - Tendência: densidade Demográfica Média, Taxa de Mortalidade e Estabelecimentos de Saúde do SUS .......................................................................................... 140 Gráfico 50 - Cruzamento de Variáveis: IDHM e População. .................................................... 141 Gráfico 51 - Tendência: IDHM e População............................................................................. 142 Gráfico 52 - Cruzamento de Variáveis: Taxa de Mortalidade e Estabelecimentos de Saúde do SUS. .......................................................................................................................................... 143 Gráfico 53 - Tendência: Taxa de Mortalidade e Estabelecimentos de Saúde do SUS. ............. 144 Gráfico 54 - Cruzamento de Variáveis: Taxa de Alfabetização e IDHM. ................................ 145 Gráfico 55 - Tendência: Taxa de Alfabetização e IDHM. ........................................................ 146 Gráfico 56 - Cruzamento de Variáveis: Taxa de Alfabetização e Ensino Fundamental. .......... 147 Gráfico 57 -Tendência: Taxa de Alfabetização e Estabelecimentos de Educação do Ensino Fundamental. ............................................................................................................................. 148 Gráfico 58 - Cruzamento de Variáveis: Taxa de Alfabetização e Trabalhadores por Conta Própria. ...................................................................................................................................... 149 Gráfico 59 - Tendência: Taxa de Alfabetização e Trabalhadores por Conta Própria. ............... 150 Gráfico 60 - Cruzamento de Variáveis: Esgotamento Sanitário e Densidade Demográfica. .... 151 Gráfico 61 - Tendência: Esgotamento Sanitário e Densidade Demográfica. ............................ 152 Gráfico 62 - Cruzamento de Variáveis: Coleta de Resíduos Sólidos e Taxa de Mortalidade. .. 153 Gráfico 63 - Tendência: Coleta de Resíduos Sólidos e Taxa de Mortalidade. .......................... 154 Gráfico 64 - Cruzamento de Variáveis: Coleta de Resíduos Sólidos e Taxa de Mortalidade. .. 155 Gráfico 65 - Tendência: Sistema de Drenagem e Taxa de Mortalidade. ................................... 156 Gráfico 66 - Cruzamento de Variáveis: Percentual da População Urbana e Coleta de Resíduos Sólidos. ...................................................................................................................................... 157 Gráfico 67 - Tendência: Percentual da População Urbana e Coleta de Resíduos Sólidos. ....... 158 Gráfico 68 - Cruzamento de Variáveis: Percentual de Abastecimento de Água Potável e Percentual de População Rural. ................................................................................................. 159 Gráfico 69 - Tendência: Percentual de Abastecimento de Água Potável e Percentual de População Rural. ....................................................................................................................... 160 Gráfico 70 - Cruzamento de Variáveis: PIB Per Capita e IDHM. ............................................ 161 Gráfico 71 - Tendência: PIB Per Capita e IDM. ....................................................................... 162 Gráfico 72 - Cruzamento de Variáveis: Trabalhador na Produção para Consumo Próprio e População que vive com até 1/2 Salário Mínimo. ..................................................................... 163 Gráfico 73 - Tendência: Trabalhador na Produção para Consumo Próprio e População que vive com até 1/2 Salário Mínimo. ..................................................................................................... 164 Gráfico 74 - Cruzamento de Variáveis: PIB Per Capita e Taxa de Alfabetização. ................... 165 Gráfico 75 - Tendência: PIB Per Capita e Taxa de Alfabetização. ...........................................166 Gráfico 76 - Cruzamento de Variáveis: População Ocupada e População Não Remunerada. .. 167 Gráfico 77 - Tendência: População Ocupada e População Não Remunerada. .......................... 168 Gráfico 78 - Cruzamento de Variáveis: IDHM e Trabalhadores por Conta Própria. ................ 169 Gráfico 79 - Tendência: IDHM e Trabalhadores por Conta Própria. ........................................ 170 Gráfico 80 - Cruzamento de Variáveis: Coleta de Resíduos Sólidos e População com Rendimento de até ½ Salário Mínimo. ...................................................................................... 171 Gráfico 81 - Tendência: Coleta de Resíduos Sólidos e População com Rendimento de até ½ Salário Mínimo. ......................................................................................................................... 172 Gráfico 82 - Cruzamento de Variáveis: População Ocupada e IDHM. .................................... 173 Gráfico 83 - Tendência: População Ocupada e IDHM. ............................................................ 174 Gráfico 84 - Cruzamento de Variáveis: Taxa de Mortalidade e Estabelecimentos de Saúde do SUS. .......................................................................................................................................... 175 Gráfico 85 - Tendência: Taxa de Mortalidade e Estabelecimentos de Saúde do SUS. ............ 176 Gráfico 86 - Cruzamento de Variáveis: IDHM e População. .................................................... 177 Gráfico 87 - Tendência: IDHM e População............................................................................. 177 Gráfico 88 - Cruzamento de Variáveis: População Urbana, Rural e Taxa Alfabetização. ........ 178 Gráfico 89 - Tendência: População Urbana, Rural e Taxa Alfabetização................................. 179 Gráfico 90 - Cruzamento de Variáveis: Taxa de Alfabetização e Trabalhadores na Produção para Consumo Próprio. .............................................................................................................. 180 Gráfico 91 - Tendência: Taxa de Alfabetização e Trabalhadores na Produção para Consumo Próprio. ...................................................................................................................................... 181 Gráfico 92 - Cruzamento de Variáveis: Empregado sem Carteira Assinada e População Ocupada..................................................................................................................................... 182 Gráfico 93 - Tendência: Empregado sem Carteira Assinada e População Ocupada. ................ 183 Gráfico 94 - Cruzamento de Variáveis: População Ocupada, População Urbana e População Rural. ......................................................................................................................................... 184 Gráfico 95 - Tendência: População Ocupada, População Urbana e População Rural. ............. 185 Gráfico 96 - Cruzamento de Variáveis: Empregados com Carteira Assinada e Salário Médio Mensal dos Trabalhadores Formais. .......................................................................................... 186 Gráfico 97 - Tendência: Empregados com Carteira Assinada e Salário Médio Mensal dos Trabalhadores Formais. ............................................................................................................. 187 Gráfico 98 - Cruzamento de Variáveis: PIB e Mortalidade. ..................................................... 188 Gráfico 99 - Tendência: PIB e Mortalidade. .............................................................................. 189 Gráfico 100 - Cruzamento de Variáveis: População com Rendimento até ½ Salário Mínimo e Estabelecimentos de Saúde do SUS. ......................................................................................... 190 Gráfico 101 - Tendência: População com Rendimento até ½ Salário Mínimo e Estabelecimentos de Saúde do SUS. ...................................................................................................................... 191 Gráfico 102 - Cruzamento de Variáveis: População com Rendimento de até ½ Salário Mínimo, PIB Municipal e PIB Per Capita. .............................................................................................. 192 Gráfico 103 - Tendência: População com Rendimento de até ½ Salário Mínimo, PIB Municipal e PIB Per Capita. ....................................................................................................................... 193 Gráfico 104 - Cruzamento de Variáveis: População ocupada e PIB Per Capita. ...................... 194 Gráfico 105 - Tendência: População ocupada e PIB Per Capita. .............................................. 195 Gráfico 106 - Cruzamento de Variáveis: Água Potável e População com Rendimento Nominal de até ½ Salário Mínimo. .......................................................................................................... 196 Gráfico 107 - Tendência: Água Potável e População com Rendimento Nominal de até ½ Salário Mínimo. ..................................................................................................................................... 197 Gráfico 108 - Cruzamento de Variáveis: PIB Municipal e Sistema de Drenagem. .................. 198 Gráfico 109 - Tendência: PIB Municipal e Sistema de Drenagem. .......................................... 198 Gráfico 110 - Cruzamento de Variáveis: Coleta de Resíduos Sólidos e Salário Médio Mensal do Trabalhadores Formais. ............................................................................................................. 199 Gráfico 111 - Tendência: Coleta de Resíduos Sólidos e Salário Médio Mensal do Trabalhadores Formais. ..................................................................................................................................... 200 Gráfico 112 - Cruzamento de Variáveis: População, Água Potável e Sistema de Drenagem. .. 201 Gráfico 113 - Tendência: População, Água Potável e Sistema de Drenagem. .......................... 202 Gráfico 114 - ODSs: Situação Geral. ........................................................................................ 205 Gráfico 115 - ODS 1: Erradicação da Pobreza.......................................................................... 206 Gráfico 116 - Fome zero e agricultura sustentável. ................................................................... 209 Gráfico 117 - ODS 3: Saúde e Bem-Estar. ................................................................................ 212 Gráfico 118 - ODS 4: Educação de Qualidade.......................................................................... 215 Gráfico 119 - ODS 5: Igualdade de Gênero. ............................................................................. 218 Gráfico 120 - ODS 6: Água Potável e Saneamento. ................................................................. 220 Gráfico 121 - ODS 7: Energias Renováveis e Acessíveis. ........................................................ 222 Gráfico 122 - ODS 8: Trabalho Descente e Crescimento Econômico. ..................................... 224 Gráfico 123 - ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura. ...................................................... 226 Gráfico 124 - ODS 10: Redução das Desigualdades. ................................................................ 228 Gráfico 125 - ODS 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis .................................................. 230 Gráfico 126 - ODS 12: Consumo e Produção Responsáveis. ................................................... 232 Gráfico 127 - ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima. .......................................... 234 Gráfico 128 - ODS 14: Vida na Água. ...................................................................................... 236 Gráfico 129 - ODS 15: Vida Terrestre ......................................................................................238 Gráfico 130 - ODS 16: Paz, Justiça e Instituições Eficazes. ..................................................... 240 Gráfico 131 - ODS 17: Parcerias e Meios de Implementação................................................... 242 LISTA DE MAPAS Mapa 1 - Rio Grande do Norte: municípios defrontantes com o mar. ....................................... 22 Mapa 2 - Brasil: Municípios Defrontantes com o Mar. ............................................................... 37 Mapa 3 - Rio Grande do Norte: municípios defrontantes com o mar com o município de Vila Flor. ............................................................................................................................................. 79 Mapa 4 - Municípios DCM do RN: principais atividades econômicas no período da ocupação.80 Mapa 5 - Municípios DCM do RN: projeção da população para 2040. ...................................... 82 Mapa 6 – Municípios DCM do RN: densidade demográfica média. .......................................... 84 Mapa 7 - Municípios DCM do RN: taxa de alfabetização e habitantes por grau de escolaridade. ................................................................................................................................................... 102 Mapa 8 - Municípios DCM do RN: tipos de vínculo de trabalho. ............................................ 117 Mapa 9 - Municípios DCM do RN: distribuição de água potável. ............................................ 119 Mapa 10 - Municípios DCM do RN: percentual de população atendida pelo sistema de esgotamento sanitário. ............................................................................................................... 121 Mapa 11 - Municípios DCM do RN: percentual da população atendida pela coleta de resíduos sólidos. ...................................................................................................................................... 123 Mapa 12 - Municípios DCM: número de estabelecimentos do setor de serviços e percentual da população ocupada nesse setor. ................................................................................................. 127 Mapa 13 - Municípios DCM do RN: pessoal ocupado na agropecuária e área colhida. ........... 129 Mapa 14 - Municípios DCM do RN: salário médio dos trabalhadores formais e renda média per capita. ........................................................................................................................................ 131 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Estrutura da Dissertação ........................................................................................... 15 Quadro 2 - Relação das Seções do Relatório com as Áreas Temáticas do Sistema de Indicadores ..................................................................................................................................................... 52 Quadro 3 - Agrupamento de Indicadores, Subindicadores e Variáveis ...................................... 54 Quadro 4 - Princípio do Cálculo e Escala de Pontuação .............................................................. 57 Quadro 5 - Organização Metodológica da Pesquisa ................................................................... 67 Quadro 6 - Organização do Relatório do Eixo I Meio Socioeconômico ...................................... 72 Quadro 7 - Escala de Classificação ............................................................................................. 78 LISTA DE SIGLAS, ACRÔNIMOS E ABREVIATURAS ANR Agence Nationale de la Recherche CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CIRM Comissão Interministerial para os Recursos do Mar DCM Defrontantes Com o Mar DS Desenvolvimento Sustentável EUA Estados Unidos da América FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura G17 Sub-Grupo de Integração dos Estados GERCO Grupo de Integração do Gerenciamento Costeiro IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MDR Ministério do Desenvolvimento Regional MMA Ministério do Meio Ambiente OCDE (Inglês) Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OIT Organização Internacional do Trabalho OMS Organização Mundial de Saúde ONU Organização das Nações Unidas PAF-ZC Plano de Ação Federal para a Zona Costeira PIB Produto Interno Bruto PNGC Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro PNMA Política Nacional do Meio Ambiente PNRM Política Nacional para Recursos do Mar PROCOSTA Programa Nacional para Conservação da Linha de Costa RAIS Relação Anual de Informações Sociais RN Rio Grande do Norte SDRU Secretaria de Desenvolvimento Regional e Urbano SA Sustentabilidade Azul UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura ZEE Zoneamento Ecológico Econômico ZEEC Zoneamento Ecológico Econômico Costeiro SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 15 2 CONTEXTO TEÓRICO DA PESQUISA ............................................................... 15 2.1 Geografia e Sustentabilidade ................................................................................. 15 2.1.1 Sustentabilidade: uma discussão da ciência geográfica .................................................... 15 2.1.2 Espaço geográfico: a totalidade enquanto princípio para a sustentabilidade ................... 19 2.1.3 Gestão do Território: um caminho para a sustentabilidade .............................................. 25 2.2 Sustentabilidade Azul ............................................................................................. 27 2.2.1 Amazônia Azul .................................................................................................................... 28 2.2.2 O valor econômico do mar ................................................................................................. 42 3 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA ................................................ 46 3.1. Sistema de indicadores como metodologia da pesquisa ..................................... 46 3.1.1 Estrutura e Organização do Sistema de Indicadores ......................................................... 48 3.2 Procedimentos metodológicos ................................................................................ 62 3.2.1 Pesquisa Bibliográfica ......................................................................................................... 62 3.2.2 Pesquisa Documental ......................................................................................................... 62 3.2.3 Pesquisa de Laboratório ..................................................................................................... 63 4 SISTEMA DE INDICADORES E A ÁREA GEOGRÁFICA DE ESTUDO ....... 74 4.1 Sistema de indicadores dos municípios defrontantes com o mar ....................... 74 4.2 Amazônia Azul Estadual: um panorama social, ambiental e econômico dos Municípios Defrontantes com o Mar. ......................................................................... 78 4.2.1 Indicador Social .................................................................................................................. 81 4.2.2 Indicador Ambiental ......................................................................................................... 117 4.2.3 Indicador Economia .......................................................................................................... 126 5 CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE AZUL ....................................... 138 5.1 Desafios e Tendências para os municípios defrontantes com o mar do RN .... 138 5.1.1 Litoral Setentrional ...........................................................................................................138 5.2.2 Litoral Leste ...................................................................................................................... 174 5.2. Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades ....................................... 202 5.2.1 ODS 1: Erradicação da Pobreza ........................................................................................ 206 5.2.2 ODS 2: Fome zero e agricultura sustentável .................................................................... 209 5.2.3 ODS 3: Saúde e Bem-Estar................................................................................................ 212 5.2.4 ODS 4: Educação de Qualidade ........................................................................................ 215 5.2.5 ODS 5: Igualdade de Gênero ............................................................................................ 218 5.2.6 ODS 6: Água Potável e Saneamento................................................................................. 219 5.2.7 ODS 7: Energias Renováveis e Acessíveis ......................................................................... 221 5.2.8 ODS 8: Trabalho Descente e Crescimento Econômico ..................................................... 223 5.2.9 ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura..................................................................... 225 5.2.10 ODS 10: Redução das Desigualdades ............................................................................. 227 5.2.11 ODS 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis .............................................................. 230 5.2.12 ODS 12: Consumo e Produção Responsáveis ................................................................. 231 5.2.13 ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima ......................................................... 233 5.2.14 ODS 14: Vida na Água ..................................................................................................... 235 5.2.15 ODS 15: Vida Terrestre ................................................................................................... 237 5.2.16 ODS 16: Paz, Justiça e Instituições Eficazes .................................................................... 239 5.2.17 ODS 17: Parcerias e Meios de Implementação .............................................................. 242 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS: REDUZINDO A INSUSTENTABILIDADE .... 244 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 248 15 1 INTRODUÇÃO A maneira como a sociedade se desenvolveu e se estruturou no espaço geográfico incita questionamentos sobre o momento atual em que os problemas sociais, econômicos e ambientais ganham destaque. Mudanças climáticas, aumento da pobreza e perda da biodiversidade são algumas nuances de uma questão mais ampla que versa sobre achar um ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento pleno do Ser Humano – sobrevivência, realizações, ética, moral – e o equilíbrio planetário. Apresentada essa dicotomia e aprofundando a reflexão, percebe-se que os problemas enfrentados vêm do atual modelo socioeconômico que despreza a finitude e/ou o tempo necessário de renovação dos ecossistemas em função do crescimento econômico (LÖWI, 2013). Leff ([20--]) reflete que há incompreensão sobre a natureza da natureza e a natureza do ser humano, e também sobre a forma possível de realização de ambos. O resultado desse processo são problemas complexos: refugiados ambientais, aumento das queimadas, enchentes, secas, expansão de doenças tropicais, sistema agrícola ineficiente, aprofundamento das desigualdades etc. Diante desse cenário, refletir sobre a sustentabilidade se torna importante, uma vez que ela tem sido apontada como saída para os problemas socioeconômicos e ambientais. A Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, constrói essa discussão desde 1972, a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (ONU, 2020). Entende-se que a sustentabilidade pode representar o caminho que assegure a equidade das relações, porque “a noção de sustentabilidade implica uma necessária inter- relação entre justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a necessidade de desenvolvimento com capacidade de suporte” (JACOBI, 1999, p. 180). No contexto atual, o significado de sustentabilidade ganhou certa banalidade porque, dentro das relações estabelecidas, ela passou a ser apropriada pelos diferentes atores com diversos sentidos: “Pelos governos, pelas empresas, pela diplomacia e pelos meios de comunicação. É uma etiqueta que se procura colar nos produtos e nos processos de sua confecção para agregar-lhes valor” (BOFF, 2017, p. 8). Jacobi (1999, p. 180) insiste que a sustentabilidade “precisa estimular permanentemente as responsabilidades éticas, na medida em que a ênfase nos aspectos extra-econômicos serve para reconsiderar os aspectos relacionados com a equidade, a 16 justiça social e a ética dos seres vivos”. Dessa forma, o conceito de sustentabilidade deve ser retomado sem esvaziar a dimensão natural e social para fortalecer práticas efetivas. Observando esse contexto, uma questão dentro da sustentabilidade nos chama atenção: qual o lugar do sustentável para os oceanos? Essa indagação encontra incentivo na proposta da ONU (2021), que estabeleceu a Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. A proposta busca envolver todos os atores públicos, privados, organização da sociedade civil e população para conscientizar e mobilizar práticas que beneficiem a saúde e a sustentabilidade dos oceanos e mares (ONU, 2021). A Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável tem a intenção de estimular a construção de conhecimentos e a preservação do oceano. Coloca, desse modo, a diretriz de se pensar o oceano global e não oceanos, reafirmando a importância desse sistema que possibilita a segurança alimentar, a regulação climática e outros serviços relevantes para a vida na Terra (ONU, 2021). Mares e Oceanos parecem capazes de proporcionar soluções para os desafios de sustentabilidade, pois têm a capacidade de se somarem a outras alternativas, além de suprir e ser resposta para diversas incertezas globais. De maneira mais contundente, a maior parte do oxigênio que respiramos diariamente vem dos oceanos – eles regulam nosso clima e nos alimentam (ONU, [20--?]). Em 2012, a partir da definição do conceito de crescimento verde1 na Rio + 20, um conjunto de pequenos estados-nação insulares participantes da conferência perceberam e tornaram claro que, além da economia verde, a economia do mar e o crescimento azul também eram muito importantes para seus países (EIKESET et al., 2017). Esse reconhecimento ganhou o apoio da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). Somado a isso, cabe ressaltar que a maior parte da economia mundial depende dos mares e oceanos, como, por exemplo, o turismo, a pesca e o transporte de mercadorias (UNEP, [20--?]). O crescimento Azul e a Economia do Mar são conceitos com muitas variações a depender de quem esteja usando-os e do interesse. De modo geral, buscam reduzir o impacto que as atividades econômicas realizadas no ambiente marinho e costeiro, causam 1 “Crescimento verde significa promover o crescimento econômico e o desenvolvimento, ao mesmo tempo em que garante que os ativos naturais continuem a fornecer os recursos e serviços ambientais dos quais nosso bem-estar depende.” (OCDE, [20--?]) 17 à biodiversidade e aos serviços ecossistêmicos prestados pelos ambientes costeiros- marinho e oceanos (ABABOUCH, 2015). Adjetivar a economia e o crescimento de azul, conforme acompanha-se na União Europeia (2012), na UNEP ([20--]) e na ONU ([20--]), reforça a importânciados mares e oceanos e oportuniza refletir sobre a dimensão dessa importância. Também chama a atenção para possíveis lacunas percebidas, como a questão social e a questão ambiental, ou seja, para a necessidade de colocar em exercício a sustentabilidade de maneira que ela seja a estrutura norteadora do planejamento. No âmbito global, os Estados Unidos da América (EUA) demonstram, por meio do seu Plano Estratégico 2021-2025 (USA, 2021), que estão investindo no crescimento da economia azul. A China, por sua vez, trata a economia azul como parte de uma questão ideológica e prática para a promoção da modernização do Estado por meio de ações econômicas, geopolíticas e ecológicas sobrepostas (FABINYI et al., 2021). Mas, para a sustentabilidade, a questão não é o crescimento econômico e sim o desenvolvimento de aspectos fundamentais e necessários para a vida. Em 2019, a União Europeia (EU) firmou o compromisso de tornar a sua economia azul sustentável (UNIÃO EUROPEIA, 2022). Esse compromisso foi firmado não só para a economia, ele foi firmado na escala ampla do tema por meio do Pacto Ecológico Europeu. O Pacto é um instrumento de planejamento que se coloca como estratégia para lidar com os desafios globais e para o atendimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU. Pretende zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2050 e fazer com que o crescimento econômico esteja dissociado da utilização de recursos (UNIÃO EUROPEIA, 2022). Embora o discurso da Blue Economy tenha sido pautado na sustentabilidade, essa economia marginaliza atores locais mais frágeis (FABINYI et al., 2021). Outro ponto é que ela é propícia à acumulação do capital produtivista ao mesmo tempo em que reforça desigualdades (BENNETT et al., 2019; BRENT et al., 2020). É possível observar que essa economia tem reproduzido a ideologia dominante e, segundo Boff (2017, p. 14), “o pensamento que criou essa situação calamitosa [...] não pode ser o mesmo que nos vai tirar dela”. Acreditamos, então, que abordar a sustentabilidade na discussão do azul, que compreende não só mares e oceanos, mas também a zona costeira e os municípios, é fundamental para alertar que uma conjuntura maior deve ser pensada. Não deveria ser necessário adjetivar a sustentabilidade de azul, haja vista que ela não deve ser 18 setorializada. No entanto, lançamos mão dessa estratégia para evidenciar lacunas específicas relativas a aspectos prioritários que parecem não ser enfocados dentro desse tema. Dessa forma, nesta pesquisa serão utilizados os termos ‘sustentabilidade azul’ (SA) e ‘desenvolvimento sustentável azul’ (DS Azul), quando necessário. Pretende-se, com isso, dar especificidade à discussão, chamar atenção para a necessidade de ampliar o olhar para essa questão e, principalmente, revelar vazios que possam ser encontrados nessa temática. Elegemos, então, as diretrizes e conceitos da ONU sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável (DS). Fundamentamo-nos e assumimos como norte desta pesquisa os Três Pilares do DS, constantes na declaração de Johanesburgo (ONU, 2002, on line). Consequentemente, assumimos a responsabilidade coletiva de avançar e fortalecer os pilares interdependentes e mutuamente reforçados do desenvolvimento sustentável – desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção ambiental – nos níveis local, nacional, regional e global. A proposta desta pesquisa é ampliar a visão da sustentabilidade azul para além da economia. Tendo em vista que a observância dos processos concernentes à natureza, que inclui o meio humano e a espécie, são interconectados e interdependentes, as visões parciais dessa temática tornam-se problemáticas, pois dificultam a aquisição de um meio sustentável (BOFF, 2017). Outros dois argumentos que é preciso considerar é de que o crescimento econômico vai de encontro ao limite dos ecossistemas e que “[...] a capacidade real de o funcionamento da economia criar coesão social e contribuir de forma positiva para erradicar a pobreza tem sido, até aqui, muito limitada” (ABRAMOVAY, 2012, p. 16), pelo menos da forma tradicional como ela vem sendo pensada. Ademais, segundo Abramovay (2012), atualmente o crescimento econômico não é capaz de fazer frente aos desafios globais como se acreditou outrora. O mesmo autor destaca que “em quase toda parte aumenta a desigualdade na renda, no uso da energia, nas emissões, no consumo, na educação e na saúde, ao mesmo tempo que a produção se 19 expande” (ABRAMOVAY, 2012, posição 1472), ou seja, o crescimento econômico não tem sido propício ao estabelecimento do DS. Tendo isso em vista, pensamos que abordar a sustentabilidade sob o viés da ciência geográfica é interessante, em função do enfoque da totalidade que essa ciência usa para dar conta da compreensão do espaço geográfico. Por consequência, entendemos que esta é uma discussão da Geografia e que a gestão do território é importante para estabelecer o percurso da sustentabilidade no espaço geográfico. Além dos três pilares citados anteriormente, adotaremos o conceito de DS da ONU. Esse conceito caracteriza o DS como “[...] aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades” (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991). Observando esse conceito, percebe-se que é preciso considerar as necessidades humanas em todas as suas nuances. Ao retomarmos os pilares do DS, percebemos que a tríade ‘Sociedade, Economia e Meio Ambiente’ ampara a reflexão sobre o que é preciso pensar como necessidade presente e futura. Enfatizamos que não se trata de dar ênfase a apenas um dos pilares da sustentabilidade, mas pensar os três de forma articulada e inter- relacionada. Ao desmembrar esses Pilares nas 5 (cinco) Dimensões estabelecidas pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (que são: as pessoas, o planeta, a prosperidade, a paz e as alianças (ou parcerias) (ONU, 2015)), os pilares ganham ainda mais materialidade. Essa materialidade está expressa na elaboração dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que nos ajudou a direcionar a pesquisa. Os ODSs se configuram como um plano de ação com vários indicadores que possibilitam alcançar a sustentabilidade. Dentro dessa discussão, sobre à situação brasileira, temos um capítulo à parte para a sustentabilidade azul. O país vem enfrentando problemas no que diz respeito à implantação e monitoramento de políticas territoriais, cujo foco é a gestão do território costeiro, assim como há dificuldades em estabelecer um planejamento intersetorial (ANDRADE; SCHERER, 2014). Ainda não há definição do que é e do que representa a economia do mar para o Brasil, posto que os estudos na direção de mensurar essa economia são primários (CARVALHO, 2018). 2 É informada a posição nessa referência, pois o livro está na mídia do leitor digital Kindle, que não tem página e sim posição de leitura. 20 O planejamento e gestão devem abarcar as várias instâncias governamentais que incidem sobre os estados costeiros, municípios defrontantes com o mar, a costa e o mar. A intenção deveria ser de conectar os entes federativos a esses ambientes no aspecto normativo e de monitoramento ao mesmo tempo em que envolvesse todos os atores que se vinculam de alguma forma a esse espaço, para propor ações efetivas. O Brasil enfrenta desafios nesse contexto, a saber: as principais capitais estão situadas em estados costeiros e os municípios sofrem com índices acentuados de poluição, alta densidade demográfica intercalados com vazio demográficos, altos índices de violência e pobreza e grande percentual da população residindo em aglomerados subnormais (MORAES, 2007). Alguns desses estados concentram polos industriaisem plena expansão, há conflitos territoriais, conflitos entre atividades econômicas e exploração de áreas que prestam serviços ecossistêmicos importantes (MORAES, 2007). Ademais, o Brasil investiu em abertura de estradas, mas não proporcionou a melhoria do escoamento e entrada de insumos pelo mar (MOARES, 2017). Também tentou estruturar o turismo litorâneo no Nordeste, concedendo recursos públicos, como o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (PRODETUR/NE), mas foi um programa que acabou reforçando desigualdades ao favorecer diferentes grupos sociais não pertencentes aos lugares (BARBOSA; CORIOLANO, 2016). Notamos que, no país, mesmo a economia do mar não vem sendo mobilizada de forma ampla, organizada e participativa (CARVALHO, 2018). Além disso, o Brasil ainda está dando os primeiros passos para o Planejamento Espacial Marinho (PEM) e tem 30 anos de gestão costeira institucionalizada e realizada, mas com uma “lacuna na implantação dos instrumentos previstos pelo Programa Federal e Estadual de Gerenciamento Costeiro, aliada à quase nula avaliação dos processos gerenciais” que “levam a situações de degradação” (ANDRADE; SCHERER, 2014, p. 139). Ao mesmo tempo, tudo isso sugere um distanciamento da sustentabilidade azul, pois a própria discussão econômica ainda é incipiente. Por exemplo, não existe a agregação das contas públicas para aferição de quanto a economia do mar e azul gera de PIB para o país (CARVALHO, 2018). Não evidenciamos, além disso, políticas públicas com foco na economia do mar. Observa-se também que as Organizações da Sociedade Civil (OSC) tendem muito mais a trabalhar na perspectiva da sustentabilidade na tentativa de mitigar algumas problemáticas. Podemos destacar o projeto ‘Observando Rios’, da ONG SOS Mata 21 Atlântica, que tem o objetivo de reunir comunidades e estimular o cuidado com os corpos hídricos interiores do Brasil por meio do monitoramento da água dos rios. A realidade brasileira pode ser observada ao longo de toda a zona costeira do país, que inclui os 17 estados costeiros e seus 279 municípios defrontantes com o mar (IBGE, 2021). Os municípios são elos de comunicação entre continente e mar, recebem e sofrem o impacto das ações executadas no continente e transferem em certa medida para o sistema costeiro-marinho. Por sua vez, os municípios são agentes que impactam diretamente esse mesmo sistema, pois estão na zona de transição. Percebe-se que os municípios defrontantes com o mar são importantes para a sustentabilidade azul. Por isso, é prioritário considera-los e a política nacional mais legitimada que tem empreendido esforços nesse sentido é a política da Amazônia Azul.3 A Marinha do Brasil estrategicamente intitulou de Amazônia Azul todo o trecho que abarca o Mar Territorial até a Plataforma Continental. Ela é um espaço geográfico em que ações concretas ainda estão sendo encaminhadas. Em função disso, a produção de dados e a sua sistematização são tarefas complexas. Compreender essa realidade é um desafio. Ao mesmo tempo, mesmo sem um estudo progressivo a respeito da Amazônia Azul, que ampare seu uso sustentável, ela é uma área que já sofre constantes explorações: petróleo e pesca industrial são algumas das atividades que impactam esse ambiente. Esse impacto não se restringe apenas às questões ambientais. Uma vez que visualizamos essa dinâmica, porque os problemas citados anteriormente são causados por ou passam pelos municípios costeiros, entendemos que a sustentabilidade azul é fundamental para esses municípios, já que estes figuram como conexão. Para guiar ações e decisões, principalmente no que diz respeito à gestão do território e à elaboração de políticas públicas que visem esse propósito, é importante refletir sobre os municípios defrontantes com o mar. Para viabilizar a pesquisa, voltamos a atenção para um estado costeiro que concentra aspectos interessantes. A zona costeira do estado do Rio Grande do Norte (RN) é formada por 23 municípios defrontantes com o mar. Também é o espaço de encontro 3 Amazônia Azul do Brasil é o nome dado ao território marítimo brasileiro e adotado tanto pelas organizações governamentais como pelas instituições privadas. O nome surgiu devido a comparação com a Amazônia verde do continente e para servir de apelo econômico e ambiental. Esse tema é abordado no item 2.2.1. 22 das duas linhas de costa nacionais: a norte, que vai do Oiapoque até o município de Touros; e a leste, que vai de Touros ao Chuí. O RN possui 410 km de costa e desponta como o maior produtor de sal, maior produtor de camarão e o maior produtor de energia eólica do Brasil. É produtor de petróleo off-shore e tem no turismo umas das principais atividades do setor terciário da economia local. Por todas essas questões, esse estado se destaca para a nossa análise. O Mapa 1 mostra a distribuição dos municípios defrontantes com o mar no RN. Mapa 1 - Rio Grande do Norte: municípios defrontantes com o mar. Fonte: elaborado pela autora, 2020. A singularidade da costa do RN para esta pesquisa também é devida a realização de um projeto pioneiro no Brasil, chamado ‘Potencialidades Econômicas da Amazônia Azul – Fronteira Leste Brasileira’, que foi desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Os dados levantados por esse projeto constituem a base principal utilizada nesta dissertação. O projeto buscou abordar a problemática da ausência de políticas públicas que tenham a economia do mar como foco central no estado do RN. Trouxe uma riqueza expressiva de dados levantados pelas equipes envolvidas. É, pois, nesta conjuntura em 23 que se insere o projeto: o desenvolvimento da Economia do Mar para Amazônia Azul do Brasil. Desse modo, o projeto surge para atender a uma demanda específica relativa a essas duas temáticas. O projeto levantou diversos dados, para compreender quais as potencialidades e os limites do desenvolvimento econômico do mar, com vistas a indicar possíveis políticas territoriais que resolvam problemas específicos ou que alavanquem determinadas capacidades. Dessa forma, ele contribuiu para o debate e fundamentação de ações, além de ter cooperado com o fomento da pesquisa científica-universitária no Brasil. Os dados levantados são referentes aos municípios defrontantes com o mar, são de caráter econômico, social e ambiental, os quais constituem os três pilares da sustentabilidade. Esses dados podem auxiliar a se pensar sobre a existência de vazios e de oportunidades para uma sustentabilidade azul nos municípios defrontantes com o mar. Mas, para tal, foi preciso dispor de unidades de medida e de instrumentos concretos para sintetizar e agrupar todos os dados de maneira a oferecer uma análise completa. Com base nisso, para que possamos dar conta da dimensão da sustentabilidade azul nos municípios defrontantes com mar do RN, lançamos mão da metodologia de indicadores, que nos proporcionará compreender a sustentabilidade azul, uma vez que se trata de um instrumento de gestão do território que consegue proporcionar uma visão da totalidade do espaço. Para que os três pilares da sustentabilidade não fiquem abstratos, a questão social, econômica e ambiental precisa de materialidade, e os Indicadores se mostram eficazes na mensuração de contextos específicos que são inter-relacionados. A Figura 1 demonstra o escopo da pesquisa. 24 Figura 1 - Escopo da Pesquisa Fonte: Praxedes, 2022. A partir do resultado do sistema de indicadores, queremos responder as seguintes questões de pesquisa: o que há de sustentabilidade no contexto dos municípios defrontantes com o mar?; quais relações e tendências territoriais são apontadas pelo Sistema de Indicadores sócio,econômico e ambiental desses municípios? quais oportunidades e dificuldades à possível existência de uma sustentabilidade azul é apontado pelo Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC) e pelo Sistema de Indicadores?; em que perspectiva o conjunto dos dados analisados se materializa na gestão do território? Para responder as inquietações acima, elegemos como objetivo geral compreender os caminhos e os desafios para a sustentabilidade azul nos municípios defrontantes com o mar do RN, sob a ótica da gestão do território. Como objetivos específicos, adotamos os seguintes: ● Caracterizar os aspectos sociais, econômicos e ambientais dos municípios defrontantes com o mar do RN, a partir do Sistema de Indicadores e do Projeto Amazônia Azul (UFRN/MDR); ● Discutir dinâmicas e disparidades para a gestão do território dos municípios defrontantes com o mar do RN, com base no Sistema de Indicadores; 25 ● Apontar as capacidades e os limites para a sustentabilidade azul nos municípios defrontantes com o mar, de acordo com o resultado do Sistema de Indicadores, considerando o IDSC. A pesquisa está dividida em 6 capítulos, que se organizam de forma a estabelecer uma sequência lógica de entendimento. O capítulo primeiro, ‘INTRODUÇÃO’, faz um apanhado geral da discussão, mostra a principal temática, identifica a área geográfica do estudo, estabelece a principal fonte dos dados e define o objeto de estudo da pesquisa. Ao mesmo tempo em que problematiza esses pontos, estabelece as questões norteadoras e define o objetivo geral e os objetivos específicos. No capítulo segundo, ‘CONTEXTO TEÓRICO DA PESQUISA’, tece a relação entre a geografia a sustentabilidade, ao mesmo tempo em que apresenta os pressupostos teóricos com a definição da teoria, das categorias de análise e os conceitos que embasam o estudo; em seguida, enfoca a sustentabildade azul a partir da discussão da Amazônia Azul e da economia do mar. O capítulo terceiro, ‘PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA’, enfatiza o Sistema de Indicadores como metodologia da pesquisa, descreve a metodologia, abordagem e tipologia da pesquisa e explica os procedimentos metodológicos, com destaque para a caracterização do Projeto Amazônia Azul, na etapa da pesquisa de laboratório. No capítulo quarto, ‘SISTEMA DE INDICADORES E A ÁREA GEOGRÁFICA DE ESTUDO’, apresenta a elaboração específica de cada indicador (Social, Ambiental e Economia), depois expõe os resultados do Sistema de Indicadores enquanto caracteriza os municípios defrontantes com o mar do RN, O capítulo quinto, ‘CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE AZUL’, busca apontar desafios e tendências para os municípios defrontantes com o mar e apresenta o Índice de Desenvolvimento Sustentável (IDSC Brasil) que amplia a discussão sobre a sustentabilidade azul. Por fim, o capítulo sexto, ‘CONSIDERAÇÕES FINAIS: REDUZINDO INSUSTENTABILDIADES’, se propõem em resgatar algumas reflexões sobre o contexto estudado e estabelecer uma síntese representativa sobre a sustentabilidade azul nos municípios defrontantes com o mar da costa Potiguar. 15 Quadro 1 - Estrutura da Dissertação CAP 1 INTRODUÇÃO 2 CAMINHO TEÓRICO DA PESQUISA 3 PERCURSO METODOLÓGICO DA PESQUISA 4 SISTEMA DE INDICADORES E A ÁREA GEOGRÁFICA DE ESTUDO 5 CAMINHOS PARA A SUSTENTABILIDADE AZUL 6 CONDIREAÇÕES FINAIS: REDUZINDO A INSUSTENTABILDIAD E CONTEÚDOS - 2.1 GEOGRAFIA E SUSTENTABILIDADE 2.1.1 Sustentabilidade: uma discussão da ciência geográfica 2.1.2 Espaço geográfico: a totalidade enquanto princípios para a sustentabilidade 2.1.3 Gestão do Território: um caminho para a sustentabilidade 2.2. SUSTENTABILIDADE AZUL 2.2.1. Amazônia Azul 2.2.1.1 A Zona Costeira 2.2.2 O valor econômico do mar 3.1 SISTEMA DE INDICADORES COMO METODOLOGIA DA PESQUISA 3.1.1 Estrutura e Organização do Sistema de Indicadores 3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.2.1. Pesquisa Bibliográfica 3.2.2 Pesquisa Documental 3.2.3 Pesquisa de Laboratório 3.2.3.1 O Projeto Potencialidades Econômicas da Amazônia Azul UFRN/RN como fonte de dados da pesquisa 4.1 SISTEMA DE INDICADORES DOS MUNICÍPIOS DEFRONTANTES COM O MAR 4.2 AMAZÔNIA AZUL: ESTDUAL: UM PANORAMA SOCIAL, AMBIENTAL E ECONÔMICO DOS MUNICÍPIOS DEFRONTANTES COM O MAR 4.2.1 Indicador Social 4.2.2 Indicador Ambiental 4.3 Indicador Economia 5.1 DESAFIOS E TENDÊNCIAS PARA A COSTA POTIGUAR 5.1.1 Litoral Setentrional 5.1.2 Litoral Leste 5.2 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS CIDADES (IDSC BRASIL) 5.2.1 ODS 1: Erradicação da pobreza 5.2.2 ODS 2: Fome zero e agricultura sustentável 5.2.3 ODS 3: Saúde e bem-estar 5.2.4 ODS 4: Educação de qualidade 5.2.5 ODS 5: Igualdade de gênero 5.2.6 ODS 6: Água potável e saneamento 5.2.7 ODS 7: Energias renováveis e acessíveis - 16 5.2.8 ODS 8: Trabalho decente e crescimento econômico 5.2.9 ODS 9: Indústria, inovação e infraestrutura 5.2.10 ODS 10: Redução das desigualdades 5.2.11 ODS 11: Cidades e comunidades sustentáveis 5.2.12 ODS 12: Consumo e produção responsáveis 5.2.13 ODS 13: Ação contra mudança global do clima 5.2.14 ODS 14: Vida na água 5.2.15 ODS 15: Vida terrestre 5.2.16 ODS 16: paz, justiça e instituições eficazes 5.2.17 ODS 17: Parceria e meios de implementação TEMAS Sustentabilidade; Crescimento Azul; Sustentabilidade Azul; Amazônia Azul; Municípios Defrontantes com o Mar; Sistema de Indicadores; Objetivos geral e específicos e Relação entre Geografia e sustentabilidade. Apresentação da Teoria, categorias de análise e conceitos da geografia. Amazônia Azul e a discussão costeira dentro da sustentabilidade azul. Implicações da visão estritamente econômica do mar. Método, Abordagem e Tipologia; Procedimentos Metodológicos. Fonte de dados. Amazônia Azul, zona costeiro, Economia do Mar; Sistema de Indicadores e os Municípios defrontantes com o Mar. Indicação de alguns desafios e tendências e a visão da sustentabilidade azul nos municípios defrontantes com o mar. Reflexões a partir do resultado da pesquisa. 16 objeto da pesquisa. Fonte: elaborado pela autora, 2021. 15 2 CONTEXTO TEÓRICO DA PESQUISA O estudo da sustentabilidade, a partir de uma perspectiva geográfica, coloca-se como uma tentativa de entendimento das questões que englobam essa temática, sua inter- relação e seus impactos no espaço. Para Rua, Oliveira e Ferreira (2007, p. 17), a geografia pode contribuir “para formar uma base do pensamento crítico em que as relações entre ‘humano’ e ‘não humano’ sejam vistas”. Os autores ainda acrescentam que se deve priorizar “o estudo do espaço vivido em vez do espaço abstrato” (RUA; OLIVEIRA; FERREIRA, 2007, p. 17). Nesse sentido, partindo-se da ideia do espaço geográfico como um sistema que coaduna objetos e ações, permeado pela técnica, e, por outro lado, reconhecendo que a sustentabilidade atualmente se coloca como um conjunto de normas, ações e mudanças paradigmáticas, assume-se como premissa a importante contribuição da Geografia nesta discussão. Pretende-se, então, usar a abordagem territorial de Milton Santos, por meio de sua Teoria Espacial, juntamente com os conceitos de espaço, totalidade, território e gestão do território do mesmo autor (1998, 2006/2009/2017), e com o auxílio das categorias de análise: configuração territorial (e as relações sociais) e território usado. Para a discussão sobre a sustentabilidade, autores como Boff (2017); Clack e Harley (2019); Rua, Oliveira e Ferreira (2007) e Enrique Leff ([20--?]), fundamentam este capítulo. 2.1 Geografia e Sustentabilidade 2.1.1 Sustentabilidade: uma discussão da ciênciageográfica A sustentabilidade é uma questão intrínseca a nossa era (Antropoceno), pois é nesse momento que observamos a convergência de diversos problemas construídos ao longo da existência da nossa espécie (Clarck e Harley, 2019). Esses problemas têm origens históricas e dizem respeito a uma causa bastante complexa: o modelo socioeconômico que outrora adotamos e que seguimos reforçando. Jacobi (1999, p. 180) esclarece que: A sustentabilidade como novo critério básico e integrador precisa estimular permanentemente as responsabilidades éticas, na medida em 16 que a ênfase nos aspectos extra econômicos serve para reconsiderar os aspectos relacionados com a equidade, a justiça social e a ética dos seres vivos. Cabe à Geografia, por sua vez, o estudo da sustentabilidade no espaço geográfico. Isto porque a forma em que “as sociedades se apropriam do espaço torna-se cada vez mais definidora das ações políticas a adotar” (RUA, OLIVEIRA, FERREIRA, 2007, p. 7), e a sustentabilidade prevê um novo modus operandi social para solucionar problemas socioambientais e econômicos graves. Compreende-se, nesse sentido, que a sustentabilidade deve ser uma discussão da Geografia fundamentada no espaço geográfico. Isso porque, não há como desvincular que a insustentabilidade do modo de vida e produção atuais lubrificam as engrenagens do capitalismo e reforçam a ideologia social consumista, assim como não há como ignorar que a sustentabilidade almejada enquanto solução criará um sistema normativo que alterará o espaço geográfico de maneira contundente. Outro argumento é de que a Geografia é a única que consegue, com um único olhar, tratar de todos os aspectos da sustentabilidade, relacionando-os e demonstrando as suas conexões e interferências. É, pois, a ciência capaz de “buscar a dimensão do ambiente natural nas relações sociais ligadas às questões da sustentabilidade” (RUA, OLIVEIRA, FERREIRA, 2007, p. 9). Por isso, o discurso e a prática da sustentabilidade devem considerar a relação natureza e sociedade. Santos (2017) elucida que houve um período em que a convivência do homem com a natureza era harmoniosa, pois o que era retirado da natureza constituía apenas o necessário para a manutenção da vida humana. Não havia transformações significativas no meio natural, pois “as técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da natureza, com a qual se relacionavam sem outra mediação” (SANTOS, 2017, p. 235). É importante esclarecer que, quando nos referimos à natureza, levamos em consideração não só a natureza cósmica, mas também o meio ecológico, o qual é descrito por Santos (2008) como um dos elementos do espaço e caracterizado como o “conjunto de complexos territoriais que constituem a base física do trabalho humano” (SANTOS, 2008, p.17). Natureza cósmica e meio ecológico coexistem e, à medida em que sofrem a interferência das relações sociais, modificam-se, estabelecendo uma relação de unicidade no espaço geográfico. Dessa forma, o espaço é imprescindível para se pensar a sustentabilidade, considerando as diversas escalas e questões de localização, disponibilidade de recursos 17 naturais, biodiversidade, fatores demográficos etc. (BRUNO; LUCIANO, 2021) – questões sobre as quais a ciência geográfica se dedica. Seria possível, então, reduzir problemas relacionados à organização do espaço e às práticas espaciais, já que, de acordo com Rua, Oliveira e Ferreira (2007), a ideia de uma sociedade baseada na natureza reafirmaria a importância do espaço e do território como condição e resultado para a sustentabilidade. Por essa perspectiva, “a concepção de sustentabilidade não pode ser reducionista e aplicar-se apenas ao crescimento/desenvolvimento como é predominante nos tempos atuais” (BOFF, 2017, p. 15). Ela deve ser vista como uma problemática social. No tocante à escala, a sustentabilidade deve englobar todas as instâncias. Boff (2017) ressalta que ela deve se fazer presente em todos os níveis, desde o local, passando pelo regional, o nacional, até chegar ao global. O global, sob essa ótica, não se refere ao processo de globalização. Se assim o fosse, reforçaria uma perversidade que, conforme mencionada por Santos (2001), fortalece o sistema ideológico que está baseado em dois pilares, a saber: o dinheiro e a informação. Essa é exatamente a ideologia que nos trouxe até aqui, isto é, até o período em que a humanidade enfrenta os maiores problemas sociais, a pior crise econômica e as mais graves situações ambientais. Santos (2001) ainda esclarece que a globalização se sustenta por uma fábula. Nesse caso, podemos compreender que o discurso da sustentabilidade é usado para fortalecer e legitimar as ações dos atores hegemônicos. Então, o local, o regional, o nacional e o global estão muito mais relacionados à compreensão do sistema, pois a questão relacional entre sociedade e natureza é histórica, não se restringindo aos limites dos Estados nacionais (RUA; OLIVEIRA; FERREIRA, 2007). É possível perceber, dessa forma, que o espaço geográfico se torna uma concepção cara à discussão da sustentabilidade. Santos (1985, p.15) estabelece que “o espaço deve ser considerado como uma totalidade [...] cuja prática exige que se encontre [...] a possibilidade de dividi-lo em partes”. O autor diz ainda que a totalidade só é entendida se for antes subdividida. Embora seja real, a totalidade só é apreendida tomando como base uma construção (SANTOS, 1998). É importante destacar que o conceito de espaço adotado por esta pesquisa é o proposto por Milton Santos em seu livro A Natureza do Espaço (2006), no qual ele afirma que “o espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como um 18 quadro único no qual a história se dá” (SANTOS, 2006, p. 39). O autor também afirma que esse espaço é um híbrido, pois participa da conjuntura social e do físico. O que o geógrafo torna claro é que o espaço geográfico não é apenas o sistema de objetos e o sistema de ações, ele é a interconexão entre esses dois sistemas, de maneira que eles (os sistemas) coexistem e são imprescindíveis não só um ao outro, mas à existência do espaço. No caso, é a coexistência entre ambos que engendra o espaço total (SANTOS, 1998). Por isso, a própria construção do espaço é que determina a totalidade. Então, pode-se afirmar que a sustentabilidade é uma questão da totalidade, não só porque envolve a dinâmica planetária (BOFF, 2017), mas porque se apoia em questões indissociáveis (solidárias e contraditórias), conectadas e complexas; engrenagens que, se modificadas, afetam o funcionamento do planeta em qualquer acepção. Se pudéssemos representar a relação da geografia com a sustentabilidade em um esquema, imaginamos que uma contribuição interessante seria conforme a Figura 2 a seguir. Figura 2 - Geografia e Sustentabilidade Fonte: Praxedes, 2022. Na figura 2 estão integrados os três pilares da sustentabilidade da ONU, descritos na Declaração de Johanesburgo (2002) e adotados por esta pesquisa para a elaboração do sistema de indicadores componente da metodologia. Esses pilares estão postos como constituintes do espaço geográfico, compondo um mecanismo de funcionamento do sistema planetário atual, no entanto, sabe-se que eles são conflitantes entre si e, por isso, contraditórios. 19 Isso porque, embora seja bastante discutida, ainda não se chegou à compreensão de que a sustentabilidade é “o conjunto dos processos e ações que se destinam a manter a vitalidade e a integridade da [...] Terra” (BOFF, 2017, p. 14). Quando a discussão é posta dessa forma, deve-se entender que aí está envolvida não só a natureza natural, conforme Santos elucida (1998), mas também os elementos do espaço, incluindo o meio ecológico já citado anteriormente. De
Compartilhar