Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN FACULDADE DE ENGENHARIA, LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS DO SERIDÓ - FELCS CURSO DE TURISMO Lucas Mateus da Silva Lima IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA FESTA DE SANT’ANA EM CURRAIS NOVOS/RN CURRAIS NOVOS/RN 2022 Lucas Mateus da Silva Lima IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA FESTA DE SANT’ANA EM CURRAIS NOVOS/RN Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Coordenação de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), para obtenção do grau de Bacharel em Turismo. Orientador(a): Prof. Dr. Eduardo Cristiano Hass da Silva CURRAIS NOVOS/RN 2022 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria José Mamede Galvão - FELCS - Currais Novos Lima, Lucas Mateus da Silva. Impactos da Pandemia de Covid-19 na Festa de Sant'Ana em Currais Novos/RN / Lucas Mateus da Silva Lima. - Currais Novos, RN, 2022. 75 f.: il. color. Monografia (Graduação em Turismo) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Engenharia, Letras e Ciências Sociais do Seridó, Graduação em Turismo, Currais Novos, RN, 2022. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Cristiano Hass da Silva. 1. Turismo religioso - Currais Novos (RN) - Monografia. 2. Turismo cultural - Currais Novos (RN) - Monografia. 3. Festa de Sant'Ana - Currais Novos (RN) - Monografia. 4. COVID-19 - Monografia. I. Silva, Eduardo Cristiano Hass da. II. Título. RN/UF/BS-FELCS CDU 338.48-6:2(813.2) Elaborado por Ana Luiza Medeiros Pires Praxedes - CRB-15/266 FOLHA DE APROVAÇÃO IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA FESTA DE SANT’ANA EM CURRAIS NOVOS/RN O trabalho apresentado foi julgado e aprovado para a obtenção do grau de bacharel em turismo, no curso de graduação em turismo bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN. Currais Novos-RN, 01 de Junho de 2022 ___________________________ Profª. Mabel Simone de Araújo Bezerra Guardia Coordenador do Curso de Turismo BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ Profº. Dr. Eduardo Cristiano Hass da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Orientador ___________________________________________________ Profª. Mabel Simone de Araújo Bezerra Guardia Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Examinadora ___________________________________________________ Profª. Isabelle de Fátima Silva Pinheiro Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Examinadora TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que assumo total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, à Coordenação do Curso, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte ideológico empregado ao mesmo. Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a propriedade intelectual o artigo n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º, consignam, respectivamente: §1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...). § 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos com violação de direito autoral. Diante do que apresenta o artigo n.º 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja comprovado plágio integral ou parcial do trabalho, Currais Novos-RN, 01 de Junho de 2022. Lucas Mateus da Silva Lima Nome e assinatura do graduando (a) AGRADECIMENTOS “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.” (1 Tessalonicenses 5,18). Com essa passagem, inicio agradecendo a Deus por tudo, principalmente por ter me dado forças de chegar nesta etapa de minha vida acadêmica. Agradeço aos meus pais pelo carinho e zelo, principalmente a minha mãe, Márcia Maria dos Santos Silva, pela dedicação que sempre teve com meu crescimento educacional. Agradeço a minha avó, Maria Luzimar dos Santos e ao meu tio, Emerson Leão da Silva, que sempre me incentivaram na continuação do curso. Agradeço a UFRN por me proporcionar tamanha oportunidade nesta etapa de minha vida acadêmica, ao corpo docente, aos discentes pelo convívio amistoso. Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Cristiano Hass da Silva, por ter acreditado no meu potencial e por ter me acompanhado durante este período, agradeço pelas orientações, pelas palavras de apoio, pelas correções, a ele a minha gratidão. Agradeço a banca examinadora deste trabalho acadêmico, a Profª. Mabel Simone de Araújo Bezerra Guardia e a Profª. Isabelle de Fátima Silva Pinheiro. Agradeço a todos que colaboraram para produção deste trabalho acadêmico, ao Padre Cláudio Dantas de Oliveira, Pároco da Paróquia de Sant’Ana, a José Gustavo Felipe de Morais, coordenador de eventos da Prefeitura Municipal, a Anderson Elias de Azevedo, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas e a Izabel Cristina de Medeiros Dantas, coordenadora da Vigilância Epidemiológica do município. Agradeço também aos funcionários da Biblioteca municipal “Antônio Othon Filho” e ao jornalista João Bezerra Júnior, pelos acervos bibliográficos e documentais que foram cedidos para a finalização desta pesquisa. A todos eles, a minha gratidão. https://www.bibliaonline.com.br/acf/1ts/5/18+ RESUMO A pandemia de Covid-19 afetou os festejos alusivos a Sant’Ana, padroeira do município de Currais Novos/RN. O evento passou por adaptações, mas a tradição das celebrações foi mantida. A festa de Sant’Ana faz parte do turismo cultural e religioso do município. Uma tradição de mais de dois séculos de existência. Uma festa que perpassa gerações, pela fé do seu povo e pelas festividades sociais que são realizadas durante o mês de julho, tornando-se o maior evento do município. Além do crescimento espiritual, a festa proporciona o crescimento econômico, gerando empregos diretos e indiretos durante o período festivo, bem como o fortalecimento do comércio e seus serviços. O referido evento é uma das marcas do povo cristão católico de Currais Novos, são manifestações de fé expressas através da devoção a sua padroeira, que mesmo diante da pandemia de Covid-19, não deixou de ser realizada. O presente trabalho tem como objetivo geral de analisar os impactos da pandemia de Covid-19 na festa de Sant’Ana do Município de Currais Novos/RN, nos anos de 2020 e 2021. Para a realização da pesquisa, foram utilizados os procedimentos metodológicos, dentre os quais a pesquisa descritiva e explicativa: pesquisa em acervo documental e bibliográfica, pesquisa de campo, produção de fotografias e aplicação de entrevistas com questionários para os organizadores do evento. Identificou-se que diversas modificações foram feitas e que, mesmo com os protocolos estabelecidos, a tradição em festejar Sant’Ana não passou despercebida, e a festa aconteceu. Palavras-chave: Turismo Cultural, Festa de Sant’Ana, Pandemia de COVID-19ABSTRACT The Covid-19 pandemic affected the festivities alluding to Sant’Ana, patroness saint of the city of Currais Novos/RN, leading the event to undergo adaptations. The feast of Sant'Ana is part of the cultural and religious tourism of the city, it has been a local tradition for more than two centuries. A party that spans generations, for the faith of its people and for the social festivities that are held during the month of July, becoming one of the biggest events in the city. In addition to the spiritual element, the party provides economic growth, generating direct and indirect jobs during the festive period, as well as the strengthening of commerce and its services. The said event is one the hallmarks of the Catholic Christian people Currais Novos, they are manifestations faith expressed through devotion to their patron saint, which even in the face the Covid-19 pandemic, did not fail to be held. The present academic work has as general objective to analyze the impacts of the Covid-19 pandemic on the Sant’Ana party in the city of Currais Novos/RN, during the years of 2020 and 2021. To carry out the research, several methodological procedures were used, including descriptive and explanatory research: research in documentary and bibliographic collection, field research, production of photographs and application of interviews with the organizers of the event. It was identified that several changes were made and that, even with established protocols, the tradition of celebrating Sant’Ana was not unnoticed, and the party took place. Keywords: Cultural Tourism, Feast of Sant’Ana, COVID-19 Pandemic LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Localização do Município de Currais Novos/RN...................................... 25 Figura 2 - Imagem primitiva de Sant’Ana, adquirida pelo Capitão-mor Galvão em Recife........................................................................................................................ 27 Figura 3 - Festa de Sant’Ana em meados de 1929 com a nova imagem no altar-mor da Igreja Matriz.......................................................................................................... 32 Figura 4 - Festa de Sant’Ana 2020 sem a presença dos fiéis na Igreja Matriz........ 39 Figura 5 - Adesivos de regulamentação para distanciamento social na Igreja Matriz de Sant’Ana............................................................................................................... 40 Figura 6 - Espaço externo ao lado da Igreja Matriz adaptado para a participação dos fieis nas celebrações religiosas da festa................................................................... 41 Figura 7 - Trabalho de fiscalização da vigilância epidemiológica na festa de Sant’Ana.................................................................................................................... 42 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Programação da parte religiosa da festa de Sant’Ana 2020.................. 43 Quadro 2 - Programação da parte social da festa de Sant’Ana 2020...................... 44 Quadro 3 - Programação da parte religiosa da festa de Sant’Ana 2021.................. 46 Quadro 4 - Programação social da festa de Sant’Ana 2021.................................... 47 Quadro 5 - Entrevistados.......................................................................................... 49 LISTA DE SIGLAS OMS – Organização Mundial de Saúde CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte FELCS – Faculdade de Engenharia, Letras e Ciências Sociais do Seridó IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística RN – Rio Grande do Norte IDH – índice de Desenvolvimento Humano Km – Quilômetro SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 13 CAPÍTULO 1 – TURISMO CULTURAL E RELIGIOSO: MANIFESTAÇÕES E TRADIÇÕES............................................................................................................. 16 1.1 TURISMO CULTURAL....................................................................................... 16 1.2 MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS E CULTURAIS, TRADIÇÕES E IDENTIDADE....................................................................................................... 18 1.3 TURISMO RELIGIOSO...................................................................................... 21 CAPÍTULO 2 – SANT’ANA E A EMERGENCIA DE CURRAIS NOVOS................. 24 2.1 CURRAIS NOVOS: ORIGEM, FÉ E DEVOÇÃO DE UM POVO......................... 25 2.2 OS CICLOS ECONÔMICOS DE CURRAIS NOVOS.......................................... 28 2.3 OS 213 ANOS DE FESTA DE SANT’ANA EM CURRAIS NOVOS.................... 30 CAPÍTULO 3 – A FESTA DE SANT’ANA EM 2020 E 2021: ADAPTAÇÕES PERANTE A PANDEMIA DE COVID-19.................................................................. 36 3.1 PANDEMIA DE COVID-19 E OS PROTOCOLOS PARA A REALIZAÇÃO DA FESTA.................................................................................................................. 37 3.2 ATIVIDADES REALIZADAS NA FESTA DE SANT’ANA 2020 E 2021................ 42 3.3 PERCEPÇÃO DOS ORGANIZADORES E O COMPORTAMENTO DOS FIEIS EM MEIO ÀS ADAPTAÇÕES DO EVENTO: ANALISE DOS RESULTADOS..... 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 55 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 57 APÊNDICE................................................................................................................ 60 ANEXO...................................................................................................................... 72 13 INTRODUÇÃO A fé e a religiosidade crescente do povo fazem desenvolver um dos maiores segmentos da atividade turística existente no estado do Rio Grande do Norte, o turismo cultural e religioso, com suas manifestações e tradições. A festa de Sant’Ana de Currais Novos/RN faz parte destas manifestações religiosas e culturais do estado, no entanto, o período festivo na cidade nos últimos dois anos sofreu vários impactos devido à pandemia de Covid-19, na qual, toda a programação foi adaptada. Desse modo, o presente estudo tem a seguinte problemática: Como a pandemia de Covid-19 impactou na realização da festa de Sant’Ana, no município de Currais Novos/RN, nos anos de 2020 e 2021? A investigação tem como objetivo principal, analisar os impactos da pandemia de Covid-19 na festa de Sant’Ana do Município de Currais Novos/RN, nos anos de 2020 e 2021. Para realizar tal análise, foram elencados como objetivos específicos; historicizar a festa de Sant’Ana no município de Currais Novos; identificar as adaptações que foram desenvolvidas para a realização do evento nos últimos dois anos; analisar a percepção dos organizadores em conjunto com as manifestações dos fiéis diante das novas adaptações da festa. A proposta deste trabalho acadêmico consiste em apresentar por meio de pesquisas bibliográficas, documentais e exploratórias, uma análise sobre como a pandemia de Covid-19 afetou as festividades alusivas a Senhora Sant’Ana, padroeira do município de Currais Novos/RN, festa realizada todos os anos, no período de 16 a 26 de julho. A metodologia da pesquisa foi elaborada de forma descritiva e explicativa (CERVO, BERVIAN, DA SILVA, 2007), utilizando acervos bibliográficos e documentais fornecidospela Paróquia de Sant’Ana, Fundação Cultural “José Bezerra Gomes” e pela Biblioteca Municipal “Dr. Antônio Othon Filho”. Além disso, destaca-se a inserção do pesquisador na festa, realizando a pesquisa de campo durante os últimos dois anos em que ocorreu o evento, dentro do contexto pandêmico. Foram produzidas fotografias bem como realizadas entrevistas com representantes das instituições organizadoras do evento: Paróquia de Sant’Ana, Prefeitura Municipal e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), além da vigilância epidemiológica da cidade, órgão responsável pelas regras de contenção ao novo Coronavirus. 14 A realização da presente investigação justifica-se por diferentes motivos. De acordo com Souza (2008) destaca-se o turismo cultural e religioso como uma das atividades mais consolidadas na região do Seridó potiguar, principalmente por abranger atrativos que contam as histórias e tradições do seu povo, na qual, geram a cada ano um fluxo maior de visitantes a esses locais. Além disso, Currais Novos é destaque no segmento de eventos, seja no âmbito religioso, cultural, esportivo, comercial, dentre outros. De acordo com o inventário da oferta turística do município de Currais Novos (2019) o calendário de eventos é composto, além da festa de Sant’Ana, de outras festividades que também integram esta programação como, o Cactus Moto Fest, ForroNovos, Vaquejada, Carnaxelita, festa da Imaculada e demais eventos que são realizados ao longo do ano. A festa da Padroeira é o principal evento do município, a qual reúne todos os anos, milhares de fiéis, peregrinos, visitantes e currais-novenses que moram em outras localidades. Todos eles se reúnem no mês de julho para celebrar as festividades dedicadas a Senhora Sant’Ana. (SOUZA, 2008) Assim, o evento tem sua importância por ter uma tradição de 213 anos de existência, construindo sua história em meio ao crescimento do município de Currais Novos em torno da Igreja Matriz. Além da importância que a festa tem para o município, existe uma motivação pessoal do autor da pesquisa para com o evento, pois durante o mês de julho, o mesmo participa intensamente dos festejos religiosos e sociais da festa de Sant’Ana, além de ser um cristão católico, mantendo as tradições de celebrar os santos padroeiros, bem como a devoção que foi passada através dos familiares. Para responder ao problema elencado, o texto encontra-se estruturado em três capítulos. O primeiro capítulo da pesquisa apresenta um contexto teórico sobre o turismo cultural, abordando o segmento do turismo religioso. Além disso, o capítulo descreve sobre as manifestações culturais e religiosas, suas tradições e identidade com o local. A abordagem desses conceitos traz para a pesquisa várias formas de devoção que as pessoas expressam diante do sagrado, a fé que motiva os fiéis, as manifestações que sobrevivem e se transformam ao longo do tempo. A cultura local que atrai os visitantes, as famílias que se reúnem durante os festejos e o sentimento de pertencimento com a cidade e suas tradições. 15 O segundo capítulo apresenta a devoção à Sant’Ana em meio à emergência de Currais Novos, a vinda da família do Coronel Cipriano Lopes Galvão às terras do Totoró, a promessa feita a Sant’Ana, a devoção do povo, o crescimento do povoado em meio à primitiva capela, os principais ciclos econômicos do município e a história da festa ao longo desses 213 anos de existência. O terceiro capítulo apresenta alguns apontamentos metodológicos e a análise dos resultados, abordando as adaptações que foram realizadas na festa de Sant’Ana de Currais Novos nos anos de 2020 e 2021, o surgimento da pandemia de Covid-19 e os protocolos que foram estabelecidos para a realização do evento nos últimos dois anos. As atividades que foram realizadas no período festivo a padroeira, bem como a percepção dos organizadores e o comportamento dos fiéis em meio às novas adaptações estabelecidas para a festa. Por fim, são apresentadas as considerações finais, referências, anexos e apêndices. 16 1. TURISMO CULTURAL E RELIGIOSO: MANIFESTAÇÕES E TRADIÇÕES Considerando a temática desta investigação, inicia-se apresentando os conceitos e o campo no qual ela se insere. Dessa forma, inicia-se apresentando e discutindo sobre o Turismo Cultural, seus conceitos e práticas relacionadas aos bens patrimoniais, bem como a valorização desses bens em meio às atividades turísticas. Após a discussão do Turismo Cultural, descreve-se sobre as Manifestações Religiosas, as tradições e a identidade cultural por parte de grupos e pessoas. Essas manifestações também se entrelaçam em meio ao turismo cultural e aos bens patrimoniais da sociedade. Por fim, o capítulo encerra apresentando conceitos, práticas e discussões sobre o Turismo Religioso, sendo abordado como segmento do turismo cultural, que apresenta os aspectos principais para a formação das manifestações e tradições religiosas que perpassam pelo tempo. 1.1 TURISMO CULTURAL A cultura traz consigo os costumes e valores adquiridos ao longo do tempo em meio à sociedade. Além disso, a junção da atividade turística com os bens culturais proporciona o turismo cultural, com o intuito de valorizar não somente a cultura local, mas também a utilização da cultura como um bem de consumo a ser divulgado e comercializado no mercado turístico. De acordo com Laraia (2001), a cultura é dinâmica, apresentando-se como um sistema, no qual os padrões de comportamento são transmitidos em sociedade por meio dos costumes e valores praticados. Esses modos de transmissão são passados por meio de práticas sociais, crenças religiosas, agrupamento social, organização econômica, padrões de estabelecimento, entre outros meios. Em abordagem semelhante à do autor, Silva, Santos e Cristofolini (2004, p. 5) afirmam que: Cultura pode ser identificada como sendo um sistema conjunto de maneiras específicas de pensamentos, crenças ou formas 17 apreendidas de fazer coisas, representando características dos seres humanos e não resultantes de heranças genéticas. Diante desses comportamentos, a história e a cultura do local vão sendo construídas e apresentadas através de monumentos, expressões, costumes, lugares, resultando no patrimônio cultural, objeto de apropriação para o turismo cultural. (COSTA, 2009) A partir destes patrimônios, o turismo cultural emerge com o intuito de transformar as histórias, expressões e monumentos em atrativos turísticos para aqueles que, no seu cotidiano vivenciam outro meio cultural na sociedade contemporânea, bem como a busca pelo fortalecimento desses destinos. De acordo com o Ministério do Turismo (2010), o turismo cultural se constitui em atividades que valorizam o patrimônio, bens materiais e imateriais. Essas atividades são compreendidas através da vivência do conjunto de elementos históricos e culturais, bem como os eventos culturais. O Turismo Cultural implica em experiências positivas do visitante com o patrimônio histórico e cultural e determinados eventos culturais, de modo a favorecer a percepção de seus sentidos e contribuir para sua preservação. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010, p. 16) O que permite o turismo cultural é o patrimônio cultural, “formado pelos elementos resultantes dos recursos culturais – materiais e imateriais - do local ou grupo visitado.” (COSTA, 2009, p 48) De acordo com o Ministério do Turismo (2010), o patrimônio material é formado por objetos móveis ou imóveis como prédios históricos, livros, obras de arte, ruas, cidades, etc. Já o patrimônio imaterial se constitui através de expressões, manifestações, que são passados de geração em geração. O patrimônio material é constituído de bens culturais móveis e imóveis. No primeiro caso, encontram-se aqueles bens que podemser transportados, tais como os livros e as obras de artes e, no segundo, os bens estáticos, tais como prédios, cidades, ruas etc, e possuem instrumento específico de proteção [...] O patrimônio imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para 18 promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010, p. 48-50) O turismo cultural pode ser desenvolvido a partir do contato com os bens materiais e imateriais existentes na comunidade, cujo intuito desses bens é de apresentar os acontecimentos que ocorreram no passado. Dessa forma, as manifestações religiosas e culturais também podem se consolidar como um bem imaterial, trazendo consigo as tradições que são passadas através das gerações. Dessa forma, o turismo cultural se expande e se torna dinâmico diante do surgimento de patrimônios culturais, formando segmentos diversos como: turismo cívico, religioso, patrimonial, literário, gastronômico, artístico, arqueológico, científico, entre outros. (COSTA, 2009) Um dos segmentos do turismo cultural que retratam a valorização desses patrimônios é o turismo religioso, no qual, ocorre uma junção entre a identidade, às tradições e a devoção religiosa em meio aos bens culturais da comunidade. Diante disso, a próxima seção apresenta o significado das manifestações religiosas, atrelado à cultura local, bem como as tradições e a identidade representada pelos atrativos, santuários, procissões, festas de padroeiros, entre outras expressões. 1.2 MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS E CULTURAIS: TRADIÇÕES E IDENTIDADE As manifestações religiosas e culturais apresentam um caráter ideológico, pois estão atreladas às memórias coletivas de fatos e acontecimentos do passado. Os símbolos, rituais e expressões nos tempos atuais tendem a explicar o proposito dessas festividades. (MOURA, 2003) Com o impulso dessas manifestações, emergem variados segmentos que podem ser encontrados em meio a essas festividades, seja de cunho folclórico, cultural ou sociorreligioso. Elas podem se caracterizar como: Religiosos – ministradas por sacerdotes ou por pessoas autorizadas pela Igreja, como missa, procissão, bênçãos, novena e reza. Profano-religiosos – ministrados por leigos com aprovação do sacerdote, homenageando as figuras sacras, de modo alegre e festivo: levantamento de mastro, bailados como congados, folia de reis Império do Divino, Reinado do Rosário, Pastorinhas. Profanos – tem caráter de diversão, visam segurar os visitantes mais tempo nas 19 festas: leilões, danças, comidas, barraquinhas e folguedos como malhação do Judas, bumba meu boi, pau de sebo, cavalhada e outros (MOURA, 2003). Essas manifestações são expressas a partir das festas devocionais, que a princípio, surgem a partir das histórias de fé e devoção de um povo. Festividades que perpassam por diversas gerações, uma vez comemoradas, ficam gravadas na memória coletiva. Em sua maioria, as festas religiosas ou devocionais possuem uma dinâmica que entrelaça atividades sagradas e profanas, atraindo cada vez mais, a atenção dos visitantes para essas festividades, sendo estabelecidas a partir do calendário civil ou litúrgico da Igreja Católica. (MOURA, 2003) Com a transformação dessas festividades ao longo do tempo, é difícil estabelecer na prática onde se inicia o sagrado e o profano, uma vez que ambos se constituem hibridizados. Com isso, gera-se um crescimento cultural no entorno da manifestação, atraindo novos tipos de público ao evento. (BURKE, 2013) Para Burke (2013) essa hibridização significa o sincretismo, a mistura, a junção de diferentes bens culturais, que formam uma única tradução cultural e que são transformadas ao longo do tempo. A hibridização muitas vezes, pode acarretar mudanças na realização das festividades, mesmo assim, as expressões, tradições e características do evento são mantidas através da salvaguarda cultural, seja pela comunidade ou pelas autoridades. Diante dessas transformações ao longo do tempo, a sociedade consolida seus patrimônios através de uma salvaguarda cultural, ou seja, aquilo que se caracteriza como expressão, artefato ou festividade é reconhecido como um patrimônio. (ARANTES, 2008) A salvaguarda se torna mais efetiva a partir do reconhecimento das autoridades por aquele patrimônio, uma vez que elas passam a ser protegidas por instituições, porém, a salvaguarda não se restringe somente aos patrimônios tombados, mas se estende aos patrimônios preservados pela comunidade local, aquelas que foram passadas através das gerações. (ARANTES, 2008) Desse modo, as festas religiosas não se constituem apenas para atrair fiéis e visitantes ao destino, mas também, para demostrar a identidade cultural de um povo, suas origens e sua fé no sagrado. 20 Muitos municípios têm sua fundação entrelaçada à manifestação do sagrado, em que seus fundadores, construíam igrejas e templos em promessa ao santo de devoção, através de pedidos e súplicas. A região do Seridó, localizada no estado do Rio Grande do Norte é rica nessas tradições, nas quais, as festas das santas e dos santos padroeiros são parte importante da identidade local. Essas festas, em sua maioria se misturam com a história das cidades, das famílias tradicionais e com os valores e registros da cultura seridoense, ampliando o sentimento de pertencimento em cada período que essas festividades são realizadas (CAVIGNAC et al., 2011). Tais expressões, inscritas nos monumentos e nos discursos produzidos localmente, revelam a existência de um sentimento de pertencimento ao local fortemente consolidado: veículo da memória e da cultura seridoense, a celebração se destaca entre outros momentos rituais festejados na região. (CAVIGNAC et al., 2011) A tradição religiosa no Seridó inicia-se a partir do culto dedicado a Senhora Sant’Ana1, devoção essa que acontece desde 1748. A vila do Príncipe, hoje, município de Caicó, foi onde ocorreram as primeiras manifestações em honra à santa padroeira, se tornando nos tempos atuais a maior festa religiosa da região potiguar com mais de 260 anos de tradição. A festa de Sant’Ana em Caicó foi instituída pelo IPHAN como Patrimônio Imaterial do Brasil. (DIOCESE DE CAICÓ, 2020) A devoção a Sant’Ana não se consolidou somente em Caicó, mas ao longo do tempo foi se propagando para o município de Currais Novos, onde a santa também é venerada pelos curraisnovenses há mais de 200 anos. Segundo Souza (2008, p. 70): O maior acontecimento sócio religioso, não apenas de Caicó, mas de toda região seridoense, é a Festa de Sant’Ana. Daí a razão de se dizer que este evento representa a Festa da Família; do Encontro; da Recordação; da Esperança, enfim simboliza a Festa do Amor e da Fé. 1 Segundo o Catolicismo, Sant’ Ana ou Santa Ana é a Mãe de Nossa Senhora e Avó de Jesus Cristo. O esposo de Sant’ Ana é São Joaquim. A devoção a Santa Ana e São Joaquim é muito antiga no Oriente. Eles foram cultuados desde o começo do cristianismo. No século VI a devoção a eles já era enraizada entre os fiéis do Oriente. No Ocidente, o culto a Sant’ Ana remonta ao século VIII. 21 O município de Currais Novos realiza há mais de 200 anos uma das festas mais tradicionais do estado potiguar. Celebrando as festividades alusivas à sua padroeira, Senhora Sant’Ana, atrai milhares de visitantes ao município, com a realização de atividades sociorreligiosas. Essa festividade representa a identidade religiosa e cultural de um grupo cristão, representado pela comunidade católica de Currais Novos, onde essas pessoas se encontram para fortaleceros laços de pertencimento, a partir da realização e dos acontecimentos que a festa da padroeira proporciona. As festas religiosas, principalmente no Seridó, têm sua peculiaridade, pois não são apenas eventos comuns, mas sim, um momento de confraternização e de reencontro com os familiares e amigos. Diante disso, a próxima seção apresenta o turismo religioso, segmento que emerge no município de Currais Novos a partir das manifestações religiosas e culturais, que acontece durante o período da Festa de Sant’Ana. Este segmento representa a prática das atividades turísticas em meio aos acontecimentos devocionais, as manifestações e tradições religiosas de parte da sociedade. 1.3 TURISMO RELIGIOSO A religião2 é o principal impulso para prática do turismo religioso, no qual, o turista é movido pela fé. Com isso, ele busca suprir suas necessidades a partir de práticas e rituais estabelecidos pela religião em que segue. Uma dessas necessidades é a busca pelos locais sagrados. Segundo Silva, Santos, Cristofolini (2004, p. 6): A religião é a crença na existência de um ou de vários seres superiores que criam e controlam a vida humana. As religiões pertencem ao campo simbólico criado pelos homens para se relacionarem com o mundo. Permitem explicar aquilo que não é compreendido pelas ciências, seja manifestando a natureza, seja uma elaboração da mente. Também consistiu a matriz dos valores que moldam as sociedades. 2 O conceito de religião é plural e variado, por isso, o presente estudo não trás conceitos mais aprofundados sobre a religião, mas sim, sobre a prática do turismo em meio às manifestações religiosas. 22 O turismo religioso, assim como as manifestações religiosas, traz em meio à sociedade contemporânea um estudo sobre as oportunidades e desafios estabelecidos para os destinos onde se pratica essas atividades. De acordo com Dias (2003, p. 17): Turismo religioso é aquele empreendido por pessoas que se deslocam por motivações religiosas e/ou para participarem em eventos de caráter religioso. Compreende romarias, peregrinações e visitação a espaços, festas, espetáculos e atividades religiosas. Para Oliveira (2004) o turismo religioso se constitui na junção da atividade turística em meio as práticas religiosas. Seu principal componente é o peregrino, no qual, constitui um papel importante no fomento da atividade que é de visitar o local de peregrinação, onde o mesmo é atraído ao destino por meio de sua fé e devoção no sagrado. Por peregrino entende-se aquele que caminha por lugares desconhecidos. Nesse sentido, a peregrinação passa a ser compreendida como uma caminhada difícil, normalmente em busca de um lugar sagrado. Tal ação exige sacrifício, penitência, demonstração pública da fé e uma manifestação concreta de reconhecimento de uma graça alcançada. (MAIO, 2004) Segundo Dias (2003) existem dois tipos de peregrinos, o primeiro é o peregrino puro, que vai ao destino com o intuito exclusivamente religioso. E o peregrino multifuncional, que é aquele que vai ao destino tanto para questão devocional e religiosa, como também para participar de atividades culturais realizadas no local. As peregrinações são caminhadas de fé realizada pelos peregrinos até o seu destino. Essa prática ocorre desde as primeiras religiões do ocidente. No Brasil, essa manifestação se torna mais representativa, onde as reformas religiosas do século XVI foram mais intensas. (MAIO, 2004) No Brasil, esses tipos de peregrinos são atraídos por diferentes formas, seja através dos Santuários de peregrinação, como Aparecida do Norte, bem como os espaços religiosos de cunho histórico-cultural ou turístico-religiosas, como as Igrejas nas cidades históricas em Minas Gerais. Os encontros e celebrações de cunho religioso também fazem parte da rota de peregrinação como os encontros carismáticos da Igreja Católica, as festas 23 dos padroeiros e comemorações em dias específicos como os calendários litúrgicos, símbolos da fé ou manifestações populares como o Círio de Nazaré. Os espetáculos religiosos como a Paixão de Cristo em Nova Jerusalém (PE) e os Roteiros de fé, caminhadas de cunho espiritual e pré-organizadas em um itinerário, como Aparecida (SP). Esses elementos são fundamentais para a consolidação das peregrinações, uma vez visitadas, se tornam roteiros da atividade turística religiosa (DIAS, 2003). Essas motivações religiosas também podem gerar uma junção com a prática cultural, visto que, a geração deste segmento não depende somente da religiosidade, mas sim, o que ela pode gerar de complementação para atrair mais turistas ao local. O turismo religioso apresenta características que coincidem com o turismo cultural, devido à visita que ocorre num entorno considerado como patrimônio cultural, os eventos religiosos constituem-se em expressões culturais de determinados grupos sociais ou expressam uma realidade histórico-cultural expressiva e representativa de determinada região. (DIAS, 2003, p. 17) De acordo com o autor, o principal motivo para o turismo religioso é a fé, mas que pode gerar motivos culturais para conhecer outras manifestações. Desse modo, as manifestações religiosas se estabelecem na sociedade por meio dos festejos culturais e religiosos, que se perpetuam por várias gerações. Neste contexto, compreende-se o turismo religioso como um segmento do turismo cultural, visto que o turismo cultural se consolida a partir de diversas manifestações, sejam eles de cunho religioso, cívico, histórico, social, político, entre outros meios. Portanto, o presente estudo considera o turismo religioso como um segmento do turismo cultural. A partir dos conceitos do turismo cultural, religioso e das manifestações que intercalam essas atividades turísticas, o segundo capítulo do presente estudo visa consolidar essas manifestações a partir da festa de Sant’Ana, padroeira de Currais Novos. O capítulo apresentará o contexto histórico da festa em meio ao surgimento do município, seu crescimento, suas tradições e costumes que se perpetuam até os dias atuais, bem como os eventos que foram introduzidos no período da festa de Sant’ Ana ao longo dos anos. 24 2. SANT’ANA E A EMERGENCIA DE CURRAIS NOVOS A emergência das cidades pode estar ligada a diversos motivos, dentre eles, os de caráter religioso e econômico. A criação de Currais Novos, por exemplo, está associada a elementos da fé e da devoção de um povo. De acordo com (SOUZA, 2008), a criação da cidade está atrelada à promessa feita à Senhora Sant’Ana, através de seus fundadores na antiga fazenda Totoró. Segundo Pesavento (2007) as cidades possuem suas histórias, traduzidas pelos historiadores, que as trazem a público como uma mistura de cores, cultura, crescimento, grupos sociais, festividades, entre outros. Por meio dos relatos históricos e bibliográficos, é possível afirmar que, Currais Novos foi criada em meados do século XVIII, através do ciclo do gado, atividade econômica importante da época, entrelaçado com a fé e a devoção dos antepassados. A história religiosa de nossa comunidade tem como fato histórico, a marca dos homens que a fizeram. Entre altos e baixos, vivendo contingências, ela se realiza nas atitudes dos cristãos. Sem a pretensão do historiador, mas como homenagem aos que a fizeram, tentaremos alguns traços que marcaram suas vidas e nossa história. (SOUZA, 2008, p. 61) Algumas tradições herdadas desde os primeiros povoadores de Currais Novos se perpetuam até os dias atuais, marcando várias gerações. Uma delas é a devoção à Sant’Ana, na qual, a santa é considerada padroeira do município, assim, o povo mantem viva a devoção, os gestos, costumes e a memória de todos aqueles que um dia celebraram Sant’Ana, realizando sua festa a cada ano, no mês de julho.O município de Currais Novos fica localizado na microrregião do Seridó oriental, região do Seridó Potiguar, Estado do Rio Grande do Norte, distante aproximadamente 172 km da capital do Estado, Natal. Conta com uma população estimada em 45.022 habitantes em 2021, com uma área de 864 km² e classificado em 2010 como um município de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio (0,691). (IBGE, 2021) 25 Figura 1: Localização do Município de Currais Novos/RN Fonte: (OLIVEIRA, CESTARO, 2012) Diante da figura 1, observamos a localização do município de Currais Novos, que faz divisa com os municípios de Acari, São Vicente, Lagoa Nova e Cerro Corá, todas localizadas na região do Seridó potiguar. Faz divisa também com o município de Campo Redondo, localizado na região do Trairi, bem como o município de São Tomé, localizado na região do Potengi. O primeiro subcapítulo apresenta o surgimento de Currais Novos a partir da chegada de seus primeiros povoadores, como também o primeiro ciclo econômico do município. 2.1 CURRAIS NOVOS: ORIGEM, FÉ E DEVOÇÃO DE UM POVO A região do Seridó Potiguar era habitada pelos índios Cariris, que após a expulsão do grupo, foi designado pelo Rei, um local para que o Coronel Cipriano Lopes Galvão, natural de Igarassu, Pernambuco e nomeado Coronel do Regimento de Cavalaria da Ribeira do Seridó pelo governador Pedro Albuquerque Melo, realizasse a expansão da criação de gado, consolidando o segmento econômico pela região, com isso, foi criada a fazenda Totoró. Anos depois, sua esposa dona Adriana de Holanda e Vasconcelos veio juntamente com o filho Cipriano Lopes 26 Galvão e alguns escravizados, fixando moradia na fazenda. (CARVALHO, 2015, QUINTINO FILHO, 1987) Segundo Souza (2008, p. 40) “o Coronel Cipriano Lopes Galvão, vindo em 1755 de Igarassu, Pernambuco, para o Seridó, aqui comprou a data terra do “Totoró”, onde manteve uma fazenda de criação de gado, e onde fixou residência até a sua morte, em 1764”. Após a morte do Coronel, seu primeiro filho, Capitão-Mor Cipriano Lopes Galvão, adquire novas terras para expandir a criação de gado deixado por seu pai, enfrentando também uma grave escassez de água que já assolava a região do Totoró. Com o tempo, alguns animais começaram a fugir da fazenda para encontrar água, foi quando o Capitão-mor descobriu um poço localizado próximo ao rio São Bento, onde esses animais se dirigiam. Desse modo, Cipriano constrói a fazenda Bela Vista com uma casa e três novos currais próximos ao poço, tirando os animais dos currais velhos do Totoró e levando para os currais novos da Bela Vista. Além disso, outras terras foram adquiridas, como a fazenda São Bento, localizada próxima ao rio que leva o mesmo nome. (SOUZA, 2008) A fazenda Bela Vista se tornou mais conhecida na região, pois era ponto de encontro dos fazendeiros e coronéis, a feira de gado realizada nos novos currais do Capitão-mor, a passagem dos tropeiros para o descanso, assim a fazenda passou a ser conhecida e chamada por Currais Novos. (ALVES, 1985) Com o tempo, casas foram construídas em torno dos novos currais e da primitiva capela em honra a Sant’Ana, na qual, surge a devoção à santa padroeira de Currais Novos, a partir da promessa feita pelo Coronel Cipriano Lopes Galvão, primeiro povoado do município. Em meados de 1755, se alastrou uma grande seca pela região. O Coronel pernambucano Cipriano Lopes Galvão tentou salvar o gado transportando para outras propriedades, visto a escassez de água nos açudes e poços da fazenda. Afirma-se que, o então Coronel, em oração fez uma promessa à Senhora Sant’Ana, prometendo que se chovesse, iria construir uma Capela em sua honra. No mesmo dia teria chovido na fazenda Totoró, sendo a graça alcançada. (CARVALHO, 2015) Diante do falecimento do Coronel, seu filho primogênito, o Capitão-mor Galvão cumpre com a promessa feita pelo pai de construir a capela dedicada a Sant’Ana, o mesmo constrói próximo a fazenda Bela Vista. Em 1806 o Capitão comprou a imagem de Sant’Ana em Recife, medindo noventa e oito centímetros. A 27 imagem foi então conduzida pelos escravizados até a fazenda Totoró, sendo deixada na casa de Ana, filha do Capitão até a capela ser construída. (SOUZA, 2008) A figura 2 apresenta a imagem primitiva de Sant’Ana, vulto barroco do século XVIII, adquirida pelo Capitão-mor Galvão em Recife. Atualmente a imagem encontra-se restaurada no altar-mor da Igreja Matriz em Currais Novos. Figura 2: Imagem primitiva de Sant’Ana, adquirida pelo Capitão-mor Galvão em Recife Fonte: João Bezerra Junior, 2021. A partir da provisão feita em 24 de fevereiro de 1808 pelo senhor bispo de Olinda, Dom Frei José Maria de Araújo, foi iniciada a construção da Capela de Sant’ Ana, sendo a mesma concluída em maio do mesmo ano. No dia 26 de julho de 1808 foi realizada a missa e instalação de uma cruz em frente à residência do Coronel Cipriano Lopes Galvão e a primeira procissão com a imagem de Sant’Ana, que saiu da fazenda Totoró até a primitiva Capela, acompanhado pelo fundador de Currais Novos e filho do Coronel, o Capitão-mor Galvão, sua esposa dona Vicência Lins de Vasconcelos, filhos, criados da fazenda e amigos. A capela recebeu a benção solene em 1813, ano em que o Capitão-mor faleceu. (SOUZA, 2008) Esta capela representaria a Fé de uma família, assinalando todo um povo. Antes de sua benção solene, um espetáculo já havia marado o silencio destes rincões. Aos 26 de julho de 1808 realizava-se a 28 primeira procissão. O Capitão Mor, sua família, criados e amigos conduziram do Totoró até aqui a imagem de Sant’Ana. Esta caminhada teve a beleza da fé, a marca dos corações o plantar de um futuro, a consciência de Deus. (SOUZA, 2008, p. 61) Segundo o autor, em 21 de fevereiro de 1884, a capela de Sant’Ana foi elevada à paróquia, sendo desmembrada da paróquia de Acari e em 4 de julho de 1885 é proclamado oficialmente o dia de Sant’ Ana (26 de julho). Com a expansão da freguesia e a crescente devoção do povo, a capela já não comportava o número de fiéis e as várias celebrações litúrgicas que eram realizadas. Foi então que em 11 de outubro de 1889, o antigo templo começou a ser demolido para a construção de uma nova Matriz. A obra ficou concluída entre os anos de 1895 e 1896 e em 26 de julho de 1896, o novo templo foi oficialmente abençoado. (CARVALHO, 2015) Diante do crescimento religioso em torno das festividades e celebrações à Sant’Ana, “em 1962, o Poder Executivo Municipal sancionou a Lei 335, de 21 de agosto, oficializando o dia 26 de julho dedicado à cidade, consagrado à Sant’Ana, padroeira do município” (SOUZA, 2008, p. 77), e sendo estabelecido como feriado municipal. Entrelaçado a devoção a Sant’Ana, os ciclos econômicos também se desenvolvem em meio a crescente expansão de Currais Novos como mostrará o próximo subcapítulo, que por meio deste crescimento econômico o distrito se elevou a condição de município. 2.2 OS CICLOS ECONÔMICOS DE CURRAIS NOVOS Conforme o tempo, o município de Currais Novos passou por três principais ciclos, o ciclo do gado, do algodão e do minério. O primeiro ciclo econômico foi o gado, ou ciclo da pecuária, segmento desenvolvido pelo Coronel Cipriano Lopes Galvão e pelo fundador da cidade, o Capitão-Mor Galvão e sua família a partir da fazenda Totoró. (SOUZA, 2008) Segundo Quintino Filho (1987) com a vinda do Coronel pernambucano a data terra do “Totoró”, é instalada a fazenda com sua residência fixa e vários currais. Com o passar do tempo, construiu novos currais nas fazendas Bela Vista e São Bento, devido ao poço instalado e para ampliar sua criação de gado pela região. 29 Assim, a pecuária se desenvolveu de maneira extensiva, passando a ser um local de referência para a região. Paralelo à criação de gado, inicia o ciclo do algodão por voltade 1861, uma nova fonte de renda para Currais Novos e o Seridó. As sementes foram trazidas inicialmente para Acari através de Alexandre Garcia do Amaral. (SOUZA, 2008) De acordo com Souza (2008, p. 55) “dois tipos de algodão foram cultivados: o mocó (Gossypium purpurascens), arbóreo, de fibra longa, e o ouro branco, o algodão herbáceo.” Na agricultura caracterizou-se pela plantação do algodão arbóreo (Gossypiumpurputanscens), pois era o de maior aceitação no mercado devido ao seu tipo ser de fibra-longa, resistente às secas e por sua fácil adaptação ao solo árido, algodão ouro branco e também feijão, milho e batata doce em menor produção. (ALVES, 1986, p. 55) A economia algodoeira foi o segmento decisivo para a evolução cívica da cidade, sendo o distrito elevado à categoria de vila após o seu desmembramento com Acari em 15 de outubro de 1890, passando a ser município. Desse modo, Currais Novos crescia e se desenvolvia e anos mais tarde, em 29 de novembro de 1920, Currais Novos foi elevada à categoria de cidade. (SOUZA, 2008) A partir da década de 40, a mineração passou a ser a principal fonte de renda de Currais Novos. O município se tornou uma exportadora de diversos minerais como: enxofre, berilo, turmalina, opala, malaquita, fluorita e principalmente a scheelita, pedra encontrada em grande escala nas minas do município e matéria- prima para as indústrias mecânicas, bélicas, elétricas, óticas, químicas, automotivas e aeronáuticas. De acordo com Souza (2008), a atividade inicia em 1943, onde o morador do Sítio Brejuí, José Dias, encontra uma pedra diferente das demais e leva até o dono das terras, o Desembargador Tomaz Salustino Gomes de Melo. A pedra é analisada e após várias pesquisas, detectou-se a presença de minerais nas terras do Sítio Brejuí. Após a descoberta, iniciou-se a exploração por meio da garimpagem. Máquinas, pesquisadores e funcionários iniciam os trabalhos da Mina Brejuí, se tornando empresa em 1954, sob o comando de Tomaz Salustino. Currais Novos se torna o centro de exportação de Sheelita no mercado interno e externo, a cidade é 30 estruturada e um complexo é construído em torno das minas para abrigar os funcionários e suas famílias. (SOUZA, 2008) O ciclo do minério foi decisivo para o desenvolvimento do município de Currais Novos, visto que a cidade cresceu devido ao aumento no número de pessoas que vinham de outros lugares para trabalhar nas minas e para comercializar os minerais. Desse modo, Currais Novos recebe uma nova estrutura de prédios, como banco, cinema e hotel. A partir da década de 1980, a Mineração Tomaz Salustino começou a declinar suas atividades devido à oscilação nos preços do mercado internacional da matéria-prima, causando anos depois, o fechamento da empresa na década de 90. (SOUZA, 2008) Após o ciclo do minério, Currais Novos reorganizou sua economia e se adaptou ao segmento do comércio e indústrias, sendo instaladas na cidade algumas fábricas, usinas, lojas de moveis, laticínios, cooperativas, entre outros meios que sustentam até os tempos atuais o desenvolvimento econômico da cidade. O próximo subcapitulo remete ao surgimento da festa de Sant’Ana, festa que se perpetua até os tempos atuais, com seus costumes e tradições, passados por diversas gerações. 2.3 OS 213 ANOS DE FESTA DE SANT’ANA EM CURRAIS NOVOS A festa de Sant’Ana de Currais Novos é celebrada todos os anos no mês de julho. Sendo padroeira do município, a festa é considerada como a maior movimentação social e cultural da cidade. (SOUZA, 2008) A Festa reúne todos os anos, fiéis peregrinos, visitantes e currais- novenses. Todos se reúnem no mês de julho para celebrar as festividades dedicadas à santa padroeira. O evento tem sua importância por ter uma tradição de 213 anos de existência, sendo que a fundação e o crescimento da cidade se deram entorno da primitiva capela. A festa da padroeira para os currais-novenses não representa somente um evento religioso, mas compõem parte da identidade, da cultura e do pertencimento com o lugar. De acordo com Araújo Filho (2001, p. 12) 31 Festa de Sant’Ana não é apenas tradição. Ela é muito mais para os de longe e que são dos nossos: lembranças, à volta para casa, confraternização presença, para nos divertimos, partilha, felicidade, roupa nova, ruas movimentadas, vaquejada, muita visita em casa, reza na matriz, caminhada na procissão, disposição para ajudar, apoio à nossa Paróquia. A festa de Sant’Ana nasce se renovando no dia de hoje. Parece velha de anos, mas não o é; parece cansada, mas pelo sangue das novas gerações ela é viçosa e bela; parece ultrapassada, mas resiste com a coragem dos fortes; parece cafona, mas como o verdadeiro amor nunca o é; ela se perpetua. A mensagem do Monsenhor Ausônio no encerramento da Festa de Sant’Ana do ano 2000 faz lembrar do passado, da devoção dos fundadores da cidade, dos costumes, das tradições, do pertencimento com a terra, do sentimento dos fiéis católicos de Currais Novos com sua padroeira. Tudo isso se concretiza na festa de Sant’Ana, momento de muitas lembranças e de renovação para continuar as tradições deixadas pelos antepassados. As tradições também são vivenciadas nas festas de padroeiro, por representarem a identidade histórica e cultural da cidade. Elas se constituem como um momento de congraçamento, de encontro, de costumes e valores culturais. Com isso, a festa de Sant’Ana de Currais Novos traz consigo um fortalecimento desses valores, sendo considerada um patrimônio para o povo. Durante a festa, os filhos ausentes da terra retornam para a cidade e vivenciam com seus parentes e amigos a confraternização, momento para renovar a devoção à santa padroeira de Currais Novos. As festas de padroeiro destacam-se como momentos marcantes da sociedade local, no mês de julho acontece a tradicional Festa de Sant’Ana, um dos maiores eventos sócio religioso da região, que durante o período o número de visitantes na cidade aumenta em grande escala, caracterizada pela tradição do povo currais-novense tanto pelas celebrações religiosas como pelo de confraternização. (CARVALHO, 2015, p. 25) Os festejos dedicados a Sant’Ana em Currais Novos iniciam em 1808, começo do século XIX, com a primeira procissão realizada pelo fundador da cidade, o Capitão-mor Cipriano Lopes Galvão, que saiu da Fazenda Totoró até a primitiva capela conduzindo a imagem da padroeira. 32 Após esse primeiro acontecimento, todos os anos no mês de julho, os moradores dos Currais Novos do Capitão-mor começaram a celebrar os festejos alusivos à padroeira, com isso, a vila crescia e se desenvolvia em torno da capela. Segundo Souza (2008), a partir de 1914, a festa começou a tomar forma, bem como a parte estrutural da Matriz e dos espaços públicos para a realização dos eventos religiosos e culturais da época. Inicialmente, eram realizados os concursos de beleza e elegância, com participação maciça das nobres mulheres da vila, intensificando a parte social da festa. A festa no ano de 1929 foi marcada com a chegada da nova imagem de Sant’Ana, uma imagem francesa que foi doada pelo Sr. Aproniano Pereira. Na época, o altar foi restaurado para receber a nova imagem. A “Sant’Ana nova” estabelece um contraste com a primitiva imagem do século XVIII, trazida pelo Capitão-mor Galvão. (SOUZA, 2008) A figura 3 mostra a festa de Sant’Ana em meados de 1929 com a chegada da nova imagem entronizada no altar-mor da Igreja Matriz. Atualmente a imagem de “Sant’Ana nova” francesa de 1929 está localizada próximo a porta principal da Matriz. Figura 3: Festa de Sant’Ana em meados de 1929 com a nova imagem no altar-mor da Igreja Matriz. Fonte: João Bezerra Junior, 2021. A partir da figura 3, observa-se que, as festividades alusivas a Sant’Ana já eram crescentes, atraindo pessoas de toda a região para rezaras novenas na Igreja 33 Matriz, às celebrações que eram realizadas com gestos de piedade pelos antepassados, bem como, o encontro das pessoas para o ato religioso. A partir de 1937, a festa de Sant’Ana toma um novo aspecto, tanto no âmbito religioso como também cultural com a chegada do Cônego Paulo Herôncio de Melo, no qual, institui novas celebrações na matriz e faz crescer a parte social da festa nos espaços públicos da cidade. A festa começa a passar por uma transformação. Inicialmente, as festividades profanas começam a intercalar os acontecimentos religiosos, desse modo, surge a parte sociocultural da festa, com o intuito tanto de angariar recursos para a paróquia, como também de proporcionar o reencontro e a confraternização entre os visitantes e filhos ausentes da terra. (SOUZA, 2008) Além disso, a imagem primitiva da padroeira que foi doada pelo Capitão- mor Galvão é restaurada e colocada de volta no altar-mor da Matriz, permanecendo até os dias atuais. Para Alves (1985) Currais Novos tem sua história antes e depois da chegada do Monsenhor Paulo Herôncio, uma trajetória de ações tanto no âmbito religioso como no social. A 2ª festa de Sant’Ana sob a administração do Monsenhor Paulo Herôncio, que aqui chegou em 04 de julho de 1937, aconteceu de 17 a 26 de julho de 1938 e contou com novenas que tinham como noitários as comunidades rurais (Cerro Corá e Lagoa Nova, por exemplo, eram distritos de Currais Novos), homenagens de ordens como a "Associação das Almas", Vicentinos, Damas da Caridade, "Juventude Feminina Católica Brasileira", Apostolado da Oração, entre outros. Na penúltima noite, homenagem dos solteiros. A penúltima noite da festa é o grande dia do “Pavilhão de Sant’Ana”. Na praça, o parque de diversões com banda musical, números de palco (apresentações artísticas), quermesses e bar, tudo organizado pelas senhoras e senhorinhas da sociedade como Dulce Ramalho, Ivete Bezerra, Maria do Céu Pereira Fernandes, Auriceta Galvão, Julia Coelho, Tonita Salustino, entre outras. (MELO, 1938) Desse modo, as novenas, a banda de música, as comunidades, os bailes e as quermesses começaram a ser introduzidos, dando um novo dinamismo aos festejos da padroeira ao longo dos anos na administração do Monsenhor Paulo Herôncio. Passada a morte do Monsenhor Paulo Herôncio de Melo, a partir de 1964, a festa de Sant’Ana passou a ser organizada pelo Padre Ausônio de Araújo Filho, 34 que estruturou toda parte sociocultural da festa com a introdução de carreata, cavalgada, bolo da festa, leilões, festa da nostalgia, jantar e feirinha de Sant’Ana, além da criação da festa do Agricultor, celebração essa dedicada ao homem e a mulher do campo, sendo conduzida pelo vigário da época, Padre José Dantas Cortez, que a mais de 30 anos celebrou essa festa, vindo a falecer em junho do ano 2001. (SOUZA, 2008) Em sua mensagem de agradecimento no encerramento da festa de Sant’Ana do ano 2000, Araújo Filho (2001) relata o elo entre a festa e o sentimento de pertencimento com Currais Novos: A festa foi sonhada, preparada, vivida e chega a seu fim. Algo aconteceu de belo e grandioso. “A festa está animada” foi o coral de tantos corações. Quantos voltaram, nos visitaram, relembraram pais, amigos, infância, juventude, sonhos e amores. Quantos, com certeza aqui retornarão mais vezes. Os daqui e os dalém, visitantes e devotos. [...] A Festa se constitui-se num colorido de nuances e cores. Houve novenas, missas, confissões, feirinhas, campanhas, ornamentações belíssimas, artistas e exposições, belo coral sob a batuta de Jailson, encontros familiares, bandas de músicas, sorteios, quermesse, shows, parque de diversão, vaquejada, leilões tão parecidos com Luiz Bezerra, Zé Pinheiro, Zé Pereira e Seu José Evangelista. Não faltou coragem, nem animo das várias equipes. Com a morte do Padre Ausônio de Araújo Filho em fevereiro de 2001, a festa de Sant’Ana passou a ser coordenada pelo novo Pároco, Padre Welson Rodrigues do Nascimento, onde o mesmo deu continuidade a todas as atividades deixadas pelo padre Ausônio. Em 2021, a festa de Sant’Ana em Currais Novos completou 213 anos de história, sendo realizada no período de 16 a 26 de julho, comportando eventos religiosos e sociais em parceria com poder público e privado. Porém, a festa nos anos 2020 e 2021 se adaptam aos novos parâmetros de organização, vivenciados pela crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19. Dentro da festa de Sant’Ana, vários eventos são realizados, entre eles a tradicional Vaquejada, evento que tem sua importância histórica e cultural no município por ser um movimento praticado desde o ciclo do gado, no qual o Capitão- mor Galvão realizava em suas terras as disputas com os vaqueiros, além das feiras de gado na vila, era o divertimento da comunidade na época. (ALVES, 1986) 35 Diante da instalação dos novos currais e o aumento na criação de gado, a vaquejada foi se tornando uma prática cotidiana em Currais Novos, aumentando as disputas entre os vaqueiros. De acordo com Alves (1986) mesmo diante da morte do Capitão-mor Galvão, a vaquejada continuou sendo praticada nos anos seguintes, sendo realizado nos currais novos das fazendas Bela Vista e São Bento, contando com grande participação dos visitantes. Com a expansão da cidade, a partir da década de 1970, o então prefeito, Dr. Silvio Bezerra de Melo constrói um novo espaço para a prática da vaquejada e institui oficialmente o evento no calendário turístico do município. Passar dos tempos, o parque recebe novas adaptações como estrutura de arquibancadas e camarotes de alvenaria. (ALVES, 1986) A vaquejada de Currais Novos tem mais de quarenta e cinco anos de tradição, realizado todos os anos no mês de julho, intercalando com a festa de Sant’Ana, o evento é realizado no Parque Dr. Silvio Bezerra de Melo, o qual conta com estrutura para shows, parque de diversão, praça de alimentação e espaço para os vaqueiros que vem de outras localidades. Assim como a festa de Sant’Ana nos anos 2020 e 2021, a vaquejada, nesses últimos dois anos também sofreu alterações, tendo sua programação cancelada, visto a crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19. 36 3. A FESTA DE SANT’ANA EM 2020 E 2021: ADAPTAÇÕES PERANTE A PANDEMIA DE COVID-19 A festa de Sant’Ana, em Currais Novos, se consolidou através de uma tradição de mais de dois séculos de fé e devoção à santa padroeira do município. Uma manifestação que surge em meio à fundação da cidade. Desse modo, a cultura, os costumes e valores da época também foram transmitidos e atualizados através desta manifestação religiosa e cultural que os cristãos católicos da cidade celebram até os dias atuais. Uma das tradições existentes na festa é de que, quando termina os festejos do ano anterior, a paróquia, junto ao poder público já começa a se planejar para a festa do próximo ano. Porém, nos anos de 2020 e 2021, essa e outras tradições foram modificadas devido à proliferação do novo Coronavirus, doença que foi identificada ainda no final do ano de 2019 e que, logo se espalhou pelo mundo. Conforme apresentou-se na introdução, realizou-se uma pesquisa bibliográfica com livros e documentos cedidos pela Paróquia, Fundação Cultural e Biblioteca Municipal, além da pesquisa de campo e inserção na festa nos anos de 2020 e 2021 com registros fotográficos e participação nas atividades religiosas e sociais do evento. Para Luna (2011), a pesquisa é essencialmente, a produção de um novo conhecimento. Abordando novos assuntos e teorias a cerca de uma determinada área do conhecimento. A pesquisa bibliográfica se deu através da obtenção de dados de materiais já publicados. A consulta foi realizada por meio de livros, revistas, jornais, e sites. Essa pesquisa consiste na base do estudo, onde o trabalho é complementadopor meio de uma base documental, ferramenta que auxilia na coleta de dados do trabalho acadêmico. Para Cervo, Bervian e Da Silva (2007), a pesquisa bibliográfica corresponde na explicação de um determinado problema a partir de pesquisas em referencias teóricas publicado em livros, artigos, dissertações e teses. Além da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas. De acordo com Cervo, Bervian, Da Silva (2007), a entrevista é uma conversa de cunho interrogatório, cujo objetivo é de recolher do informante, dados para a pesquisa. Desse modo, os resultados obtidos pela pesquisa foram analisados. 37 Diante disso, o primeiro subcapitulo apresentará os procedimentos iniciais para a contenção da doença, bem como os protocolos que foram exigidos para a realização da festa de Sant’Ana nos anos de 2020 e 2021 em Curais Novos. O segundo subcapítulo apresentará as atividades religiosas e sociais que foram realizadas na festa da padroeira nos últimos dois anos em meio à pandemia e o terceiro subcapitulo abordará a percepção dos organizadores do evento em meio às manifestações dos fiéis ao longo dos festejos. 3.1 PANDEMIA DE COVID-19 E OS PROTOCOLOS PARA A REALIZAÇÃO DA FESTA Em dezembro de 2019, surgiu uma cepa do Coronavirus em Wuhan, na China. Identificada como SARS-CoV-2, a doença logo tomou proporções maiores de infecção pelo mundo. Em janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declara um alerta a nível mundial, que logo estabeleceu estado de emergência pública, devido o rápido contágio da doença, sendo identificada como Covid-19. Em março do mesmo ano, a OMS caracteriza o novo Coronavirus como uma pandemia, onde o surto da doença pode ocorrer em várias partes do mundo. (OPAS, 2020) Diante disso, as autoridades civis do país começaram a declarar estado de calamidade na saúde devido aos altos casos da doença. Com isso, uma nova rotina começou a ser imposta para a população, com novos decretos, normas, procedimentos de higienização, protocolos sanitários, entre outros meios que foram estabelecidos nas cidades para que a doença fosse contida. Com a disseminação de Covid-19, vários costumes do cotidiano foram contraindicados e, até mesmo proibidos, como os eventos públicos e privados, encontros com amigos e familiares, o contato direto com as pessoas por meio do abraço ou aperto de mão, entre outros. Os protocolos sanitários como, o uso de máscara e de álcool em gel, distanciamento social e o fechamento de serviços não essenciais também fizeram parte dos procedimentos exigidos pelas autoridades de saúde, para que a doença não se alastrasse na população. Diante disso, algumas atividades que foram programadas, anteriormente, para a festa de Sant’Ana em 2020 foram canceladas, como vaquejada e feirinha, já outras, foram adaptadas ao novo contexto como as novenas e os leilões, 38 estabelecendo novas regras para que a festa, mesmo limitada aos fiéis, não deixasse de ser realizada. Em decorrência do aumento nos casos de Covid-19 no município e para que a festa no ano de 2020 fosse realizada, foi preciso fechar as portas da Igreja Matriz para que os fiéis participassem das festividades à padroeira apenas em casa, acompanhando as celebrações pelos canais de TV e rádio da cidade. A partir do presente estudo, identificou-se que, a festa de Sant’Ana para a comunidade católica do município e seus governantes, se consolida como um símbolo cultural para a cidade, um evento religioso importante para a economia e atividade turística da cidade. Uma tradição que existe há mais de duzentos anos, e que faz parte da cultura local. A festa está relacionada a relações identitárias, ou seja, ela faz parte da história dos cristãos católicos de Currais Novos, se apresentando como a identidade religiosa e cultural de um povo. A pesquisa foi realizada de forma descritiva e explicativa, através de uma pesquisa bibliográfica por meio de livros e documentos que contam a história da festa em meio à emergência de Currais Novos. Além da pesquisa bibliográfica, houve também a aplicação de entrevistas com questionários. Estive imerso nas atividades religiosas e sociais da festa, registrando por meio de fotografias, as diversas ações que eram estabelecidas na parte interna e externa da Igreja Matriz, bem como as atividades que foram realizadas no evento, sejam eles de forma presencial, virtual ou híbrido. A partir disso, serão apresentadas análises dos resultados obtidos por meio da pesquisa, no qual, tem como objetivo principal, analisar os impactos da pandemia de Covid-19 na festa de Sant’Ana de Currais Novos, nos anos de 2020 e 2021. 39 Figura 4: Festa de Sant’Ana 2020 sem a presença dos fiéis na Igreja Matriz Fonte: Facebook da paróquia de Sant’Ana, 2020. Diante da figura 4, observa-se que, a festa da padroeira no ano de 2020 foi marcada pela ausência dos fiéis e devotos, que tiveram que ficar em suas casas obedecendo às exigências do isolamento social que foi estabelecido pelas autoridades de saúde na época. Apenas a equipe litúrgica composta pelos padres, coral, equipe de transmissão e funcionários da paróquia participaram presencialmente das atividades, já o público permaneceu em suas casas, acompanhando todo o evento pelas plataformas de comunicação como TV, rádios e redes sociais. Em 2021, a festa foi realizada com algumas flexibilizações, em decorrência da diminuição nos casos de Covid-19 no município. Com isso, as celebrações religiosas na Igreja Matriz contaram com a participação do público, porém de maneira limitada, respeitando o distanciamento social que ainda era estabelecido. Conforme identificado na inserção, o templo foi adaptado, com a colocação de adesivos de regulamentação para o distanciamento das pessoas nos bancos, o aferimento de temperatura nas portas da Igreja durante os dias do evento, o uso de máscara, bem como a aquisição de dispositivos de álcool em gel para todos os lugares do templo. 40 Figura 5: Adesivos de regulamentação para distanciamento social na Igreja Matriz de Sant’Ana Fonte: Arquivo pessoal, 2021. Conforme podemos identificar na figura 5, os bancos de madeira, dispostos em fileira na parte interna da Igreja Matriz, contavam com adesivos que os limitavam entre dois e três fiéis. Nos adesivos estava escrito “Atenção! Distância segura sente aqui.” Diante dos lugares preenchidos no interior da Igreja Matriz para as celebrações religiosas, o espaço externo que fica ao lado do templo também foi adaptado para comportar um número maior de fiéis na celebração. Assim como na parte interna da Matriz, as mesmas exigências sanitárias também foram exigidas para acompanhar as celebrações no local, como mostra a figura 6. 41 Figura 6: Espaço externo ao lado da Igreja Matriz adaptado para a participação dos fiéis nas celebrações religiosas da festa Fonte: Arquivo pessoal, 2021. Podemos identificar na figura 6, que os fiéis estavam organizados em fileiras de cadeiras, garantindo um distanciamento de aproximadamente 1(um) metro de distância. Além disso, havia um telão ao lado da Igreja Matriz para que os fiéis pudessem acompanhar as celebrações religiosas. Nos últimos dois anos, a festa de Sant’Ana passou a contar com a parceria e fiscalização da Vigilância Epidemiológica do município, tendo um papel fundamental de estabelecer novas regras para a realização do evento em meio à pandemia de Covid-19. O uso de máscara, álcool em gel, distanciamento social e aferimento de temperatura fizeram parte dos protocolos nos festejos. 42 Figura 7: Trabalho de fiscalzação da vigilância epidemiológica na festa de Sant’Ana Fonte: Cláudio Dantas, 2021. Diante da figura 7, vemos o quanto a presençae a fiscalização da vigilância epidemiológica se tornou importante para a realização do evento, além da prevenção no contágio ao Covid-19. Todas as atividades que foram possíveis de realizar em praça pública durante a festa de Sant’Ana 2020 e 2021 contaram também com o apoio da polícia militar da cidade, para conter os fiéis em caso de aglomeração nas ruas e praças no entorno da Igreja Matriz. O próximo subcapítulo apresentará as atividades religiosas e sociais que foram realizadas durante o evento em 2020 e 2021, dentro do contexto de pandemia. 3.2 ATIVIDADES REALIZADAS NA FESTA DE SANT’ANA 2020 E 2021 A programação da festa de Sant’Ana de 2020 em Currais Novos, foi reformulada para que os cristãos católicos da cidade e região participassem das atividades religiosas e sociais de forma virtual, através dos canais de TV da cidade, rádios ou pelas redes sociais da paróquia. Outras atividades sociais da festa foram 43 realizadas em formato de Delivery3 (entrega de um produto na residência) e Drive Thru4 (adquirir um produto sem sair do carro). A festa de Sant’Ana em 2020 foi marcada por desafios devido às novas adaptações ao contexto de pandemia, mesmo assim, a festa foi realizada. Além da parceria com os poderes públicos e privados, o evento contou com a fiscalização das autoridades de saúde do município. Para fins de análise, esta sistematizado a programação da festa em 2020 nos quadros 1 e 2, conforme apresentado na sequência: Quadro 1: Programação da parte religiosa da festa de Sant´Ana 2020: PROGRAMAÇÃO FORMATO DO EVENTO 16.07 (Quinta-feira) ABERTURA DA FESTA 19h - Hasteamento das Bandeiras e Missa na Matriz de Sant’ Ana Virtual 17.07 (Sexta-feira) 19h - 1ª Novena na Matriz de Sant’Ana Virtual 18.07 (Sábado) 19h - 2ª Novena na Matriz de Sant’Ana Virtual 19.07 (Domingo) 19h – 3ª Novena e Missa na Matriz de Sant’Ana Virtual 20.07 (Segunda-feira) 19h – 4ª Novena na Matriz de Sant’Ana Virtual 21.07 (Terça-feira) 19h - 5ª Novena na Matriz de Sant’Ana Virtual 22.07 (Quarta-feira) 19h - 6ª Novena na Matriz de Sant’Ana Virtual 23.07 (Quinta-feira) 19h - 7ª Novena na Matriz de Sant’Ana Virtual 24.07 (Sexta-feira) 19h - 8ª Novena na Matriz de Sant’Ana Virtual 3 O delivery é a entrega de um produto onde o seu cliente está, seja em casa, no trabalho ou algum outro lugar. 4 O significado de Drive thru quer dizer o serviço de vendas de produtos, onde o cliente pode adquirir produto sem sair do carro. 44 25.07 (Sábado) 19h - 9ª Novena na Matriz de Sant’Ana Virtual 26.07 (Domingo) – DIA DE SANT’ANA DIA DO CURRAISNOVENSE 10h – Missa Solene na Matriz de Sant’Ana 16h – Sobrevoo da Imagem de Sant’Ana pela cidade 17h – Missa de Encerramento da Festa Virtual Elaborado pelo autor, 2022. Quadro 2: Programação da parte social da festa de Sant’Ana 2020: PROGRAMAÇÃO FORMATO DO EVENTO 16.07 (Quinta-feira) ABERTURA DA FESTA 21h – Live Musica e Arte da festa com Chaguinha do Sax Virtual 17.07 (Sexta-feira) 15h – Live da Cavalgada com violeiros Virtual 18.07 (Sábado) 21h – Live da Nostalgia Virtual 19.07 (Domingo) 12h – Feijoada e live da festa Delivery, Drive Trhu e Virtual 20.07 (Segunda-feira) 21h – Live da amizade (show religioso) Virtual 21.07 (Terça-feira) 21h – Leilão Virtual 22.07 (Quarta-feira) 21h – Live do Comércio Virtual 23.07 (Quinta-feira) 21h - 1ª Noite Maior do Pavilhão Virtual 24.07 (Sexta-feira) 21h - 2ª Noite Maior do Pavilhão Virtual 25.07 (Sábado) 21h - 3ª Noite Maior do Pavilhão Virtual 26.07 (Domingo) 8h - Bolo da Festa Delivery e Drive Trhu Elaborado pelo autor, 2022. 45 De acordo com os quadros 1 e 2, percebe-se que, tanto a parte religiosa como social da festa de Sant’Ana no ano de 2020, se adaptaram ao modo virtual, com transmissão de novenas, leilões e apresentações culturais que animaram a programação da festa da padroeira. Essas atividades foram realizadas neste novo formato devido às incertezas que ocorriam mediante os decretos estabelecidos de acordo com a situação pandêmica, além de evitar aglomerações nos espaços públicos. A comissão organizadora da festa, formada pela paróquia, prefeitura e CDL, decidiram que todos os eventos religiosos e sociais fossem realizados de maneira virtual, com exceção da tradicional feijoada e do bolo da festa que foram realizados no formato “Delivery” e “Drive Thru”, para que as pessoas pudessem colaborar com a festa e a sobrevivência da paróquia durante o ano. A partir dos conceitos abordados neste estudo, a festa da padroeira que se faz tradição no município à mais de dois séculos e que acontece sempre no formato presencial, agora nos últimos dois anos, se entrelaçou com os avanços tecnológicos, passando a realizar suas atividades de maneira virtual. Com isso, o hibridismo e as mudanças culturais se fazem presentes ao longo da história da festa de Sant’Ana de Currais Novos, uma tradição religiosa que se modificou mediante a pandemia de Covid-19 e que agora, passa a utilizar dos meios de comunicação para dar continuidade aos festejos. Para Laraia (2001) essa cultura é dinâmica, formado por tradições que são passados através de gerações. Porém Burke (2013) relata que, essa dinâmica cultural passa por transformações ao longo do tempo, se misturando com outros bens culturais. Com isso, ocorre uma hibridização nas atividades da festa de Sant’Ana, que passa pelos avanços tecnológicos dos meios de comunicação, bem como a introdução de novas formas de realizar as atividades, através dos formatos “Delivery” e “Drive Thru”. Já em 2021, ocorreu uma flexibilização dos decretos de prevenção ao contágio de Covid-19. Com isso, a festa de Sant’Ana do corrente ano foi novamente adaptada ao contexto de pandemia assim como no ano anterior, porém, com abertura parcial da Igreja Matriz para a participação dos fiéis nas novenas. Para fins de análise, esta sistematizado a programação da festa em 2021 nos quadros 3 e 4, conforme apresentado na sequência: 46 Quadro 3: Programação da parte religiosa da festa de Sant’Ana 2021 PROGRAMAÇÃO FORMATO DO EVENTO 16.07 (Sexta-feira) ABERTURA DA FESTA 19h - Hasteamento das Bandeiras e Missa na Matriz de Sant’Ana Presencial e Virtual 17.07 (Sábado) 19h - 1ª Novena e Missa na Matriz de Sant’Ana Presencial e Virtual 18.07 (Domingo) 19h - 2ª Novena e Missa na Matriz de Sant’Ana Presencial e Virtual 19.07 (Segunda-feira) 19h – 3ª Novena na Matriz de Sant’ Ana Presencial e Virtual 20.07 (Terça-feira) 19h – 4ª Novena na Matriz de Sant’Ana Presencial e Virtual 21.07 (Quarta-feira) 19h - 5ª Novena na Matriz de Sant’Ana Presencial e Virtual 22.07 (Quinta-feira) 19h - 6ª Novena na Matriz de Sant’Ana Presencial e Virtual 23.07 (Sexta-feira) 19h - 7ª Novena na Matriz de Sant’Ana Presencial e Virtual 24.07 (Sábado) 19h - 8ª Novena e Missa na Matriz de Sant’Ana Presencial e Virtual 25.07 (Domingo) 19h - 9ª Novena e Missa na Matriz de Sant’Ana Presencial e Virtual 26.07 (Segunda-feira) – DIA DE SANT’ANA DIA DO CURRAISNOVENSE 10h – Missa Solene na Matriz de Sant’Ana 17h – Missa de Encerramento da Festa 18h – Carreata de Encerramento da Festa Presencial e Virtual Elaborado pelo autor, 2022. 47 Quadro 4: Programação social da festa de Sant’Ana 2021 PROGRAMAÇÃO FORMATO DO EVENTO 16.07 (Sexta-feira) ABERTURA DA FESTA 21h – Live Cultural Virtual 17.07 (Sábado) 21h – Live Cultural Virtual 18.07 (Domingo) 11h – Feirinha Gastronômica Delivery, Drive Trhu e Virtual 19.07 (Segunda-feira) 21h – Live Cultural Virtual 20.07 (Terça-feira) 21h – Live Cultural Virtual 21.07 (Quarta-feira) 21h – Live Cultural Virtual 22.07 (Quinta-feira) 21h – Leilão de Doces e Salgados Virtual
Compartilhar