Buscar

ImpactosPandemiaCovid19-Lima-2022

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN 
FACULDADE DE ENGENHARIA, LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS DO SERIDÓ - 
FELCS 
CURSO DE TURISMO 
 
 
 
 
Lucas Mateus da Silva Lima 
 
 
 
IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA FESTA DE SANT’ANA EM 
CURRAIS NOVOS/RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURRAIS NOVOS/RN 
2022 
Lucas Mateus da Silva Lima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA FESTA DE SANT’ANA EM 
CURRAIS NOVOS/RN 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à 
Coordenação de Turismo da Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte (UFRN), para obtenção do 
grau de Bacharel em Turismo. 
 
Orientador(a): Prof. Dr. Eduardo Cristiano Hass da 
Silva 
 
 
 
 
 
 
 
CURRAIS NOVOS/RN 
2022 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria José Mamede Galvão - FELCS - Currais Novos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lima, Lucas Mateus da Silva. 
 Impactos da Pandemia de Covid-19 na Festa de Sant'Ana em 
Currais Novos/RN / Lucas Mateus da Silva Lima. - Currais Novos, 
RN, 2022. 
 75 f.: il. color. 
 
 Monografia (Graduação em Turismo) - Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte, Faculdade de Engenharia, Letras e Ciências 
Sociais do Seridó, Graduação em Turismo, Currais Novos, RN, 2022. 
 Orientador: Prof. Dr. Eduardo Cristiano Hass da Silva. 
 
 
 1. Turismo religioso - Currais Novos (RN) - Monografia. 2. 
Turismo cultural - Currais Novos (RN) - Monografia. 3. Festa de 
Sant'Ana - Currais Novos (RN) - Monografia. 4. COVID-19 - 
Monografia. I. Silva, Eduardo Cristiano Hass da. II. Título. 
 
RN/UF/BS-FELCS CDU 338.48-6:2(813.2) 
 
 
 
 
 
Elaborado por Ana Luiza Medeiros Pires Praxedes - CRB-15/266 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA FESTA DE SANT’ANA EM 
CURRAIS NOVOS/RN 
 
 
O trabalho apresentado foi julgado e aprovado para a obtenção do grau de bacharel 
em turismo, no curso de graduação em turismo bacharelado da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte-UFRN. 
 
 
Currais Novos-RN, 01 de Junho de 2022 
 
 
 
___________________________ 
Profª. Mabel Simone de Araújo Bezerra Guardia 
Coordenador do Curso de Turismo 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 ___________________________________________________ 
Profº. Dr. Eduardo Cristiano Hass da Silva 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
Orientador 
 ___________________________________________________ 
Profª. Mabel Simone de Araújo Bezerra Guardia 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
Examinadora 
 ___________________________________________________ 
Profª. Isabelle de Fátima Silva Pinheiro 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
Examinadora 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
Declaro, para todos os fins de Direito e que se fizerem necessários, que assumo 
total responsabilidade pelo material aqui apresentado, isentando a Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, à Coordenação do Curso, a Banca 
Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do aporte 
ideológico empregado ao mesmo. 
 
Conforme estabelece o Código Penal Brasileiro, concernente aos crimes contra a 
propriedade intelectual o artigo n.º 184 – afirma que: Violar direito autoral: Pena – 
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa. E os seus parágrafos 1º e 2º, 
consignam, respectivamente: 
§1º Se a violação consistir em reprodução, por qualquer meio, no todo ou em parte, 
sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, (...): Pena – reclusão, 
de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, (...). 
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, 
aluga, introduz no País, adquire, oculta, empresta, troca ou tem em depósito, com 
intuito de lucro, original ou cópia de obra intelectual, (...), produzidos ou reproduzidos 
com violação de direito autoral. 
 
 
Diante do que apresenta o artigo n.º 184 do Código Penal Brasileiro, estou ciente 
que poderei responder civil, criminalmente e/ou administrativamente, caso seja 
comprovado plágio integral ou parcial do trabalho, 
 
 
Currais Novos-RN, 01 de Junho de 2022. 
 
 
 
 
Lucas Mateus da Silva Lima 
Nome e assinatura do graduando (a) 
 
AGRADECIMENTOS 
 
“Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para 
convosco.” (1 Tessalonicenses 5,18). Com essa passagem, inicio agradecendo a 
Deus por tudo, principalmente por ter me dado forças de chegar nesta etapa de 
minha vida acadêmica. 
Agradeço aos meus pais pelo carinho e zelo, principalmente a minha mãe, 
Márcia Maria dos Santos Silva, pela dedicação que sempre teve com meu 
crescimento educacional. 
Agradeço a minha avó, Maria Luzimar dos Santos e ao meu tio, Emerson 
Leão da Silva, que sempre me incentivaram na continuação do curso. 
Agradeço a UFRN por me proporcionar tamanha oportunidade nesta etapa de 
minha vida acadêmica, ao corpo docente, aos discentes pelo convívio amistoso. 
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Cristiano Hass da Silva, por 
ter acreditado no meu potencial e por ter me acompanhado durante este período, 
agradeço pelas orientações, pelas palavras de apoio, pelas correções, a ele a minha 
gratidão. 
Agradeço a banca examinadora deste trabalho acadêmico, a Profª. Mabel 
Simone de Araújo Bezerra Guardia e a Profª. Isabelle de Fátima Silva Pinheiro. 
Agradeço a todos que colaboraram para produção deste trabalho acadêmico, 
ao Padre Cláudio Dantas de Oliveira, Pároco da Paróquia de Sant’Ana, a José 
Gustavo Felipe de Morais, coordenador de eventos da Prefeitura Municipal, a 
Anderson Elias de Azevedo, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas e a Izabel 
Cristina de Medeiros Dantas, coordenadora da Vigilância Epidemiológica do 
município. 
Agradeço também aos funcionários da Biblioteca municipal “Antônio Othon 
Filho” e ao jornalista João Bezerra Júnior, pelos acervos bibliográficos e 
documentais que foram cedidos para a finalização desta pesquisa. A todos eles, a 
minha gratidão. 
 
 
 
 
 
https://www.bibliaonline.com.br/acf/1ts/5/18+
RESUMO 
 
A pandemia de Covid-19 afetou os festejos alusivos a Sant’Ana, padroeira do 
município de Currais Novos/RN. O evento passou por adaptações, mas a tradição 
das celebrações foi mantida. A festa de Sant’Ana faz parte do turismo cultural e 
religioso do município. Uma tradição de mais de dois séculos de existência. Uma 
festa que perpassa gerações, pela fé do seu povo e pelas festividades sociais que 
são realizadas durante o mês de julho, tornando-se o maior evento do município. 
Além do crescimento espiritual, a festa proporciona o crescimento econômico, 
gerando empregos diretos e indiretos durante o período festivo, bem como o 
fortalecimento do comércio e seus serviços. O referido evento é uma das marcas do 
povo cristão católico de Currais Novos, são manifestações de fé expressas através 
da devoção a sua padroeira, que mesmo diante da pandemia de Covid-19, não 
deixou de ser realizada. O presente trabalho tem como objetivo geral de analisar os 
impactos da pandemia de Covid-19 na festa de Sant’Ana do Município de Currais 
Novos/RN, nos anos de 2020 e 2021. Para a realização da pesquisa, foram 
utilizados os procedimentos metodológicos, dentre os quais a pesquisa descritiva e 
explicativa: pesquisa em acervo documental e bibliográfica, pesquisa de campo, 
produção de fotografias e aplicação de entrevistas com questionários para os 
organizadores do evento. Identificou-se que diversas modificações foram feitas e 
que, mesmo com os protocolos estabelecidos, a tradição em festejar Sant’Ana não 
passou despercebida, e a festa aconteceu. 
 
Palavras-chave: Turismo Cultural, Festa de Sant’Ana, Pandemia de COVID-19ABSTRACT 
 
The Covid-19 pandemic affected the festivities alluding to Sant’Ana, patroness saint 
of the city of Currais Novos/RN, leading the event to undergo adaptations. The feast 
of Sant'Ana is part of the cultural and religious tourism of the city, it has 
been a local tradition for more than two centuries. A party that spans generations, for 
the faith of its people and for the social festivities that are held during the month of 
July, becoming one of the biggest events in the city. In addition to the spiritual 
element, the party provides economic growth, generating direct and indirect jobs 
during the festive period, as well as the strengthening of commerce and its services. 
The said event is one the hallmarks of the Catholic Christian people Currais Novos, 
they are manifestations faith expressed through devotion to their patron saint, which 
even in the face the Covid-19 pandemic, did not fail to be held. The present 
academic work has as general objective to analyze the impacts of the Covid-19 
pandemic on the Sant’Ana party in the city of Currais Novos/RN, during the years of 
2020 and 2021. To carry out the research, several methodological procedures were 
used, including descriptive and explanatory research: research in documentary and 
bibliographic collection, field research, production of photographs and application of 
interviews with the organizers of the event. It was identified that several changes 
were made and that, even with established protocols, the tradition of celebrating 
Sant’Ana was not unnoticed, and the party took place. 
 
Keywords: Cultural Tourism, Feast of Sant’Ana, COVID-19 Pandemic 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - Localização do Município de Currais Novos/RN...................................... 25 
 
Figura 2 - Imagem primitiva de Sant’Ana, adquirida pelo Capitão-mor Galvão em 
Recife........................................................................................................................ 27 
 
Figura 3 - Festa de Sant’Ana em meados de 1929 com a nova imagem no altar-mor 
da Igreja Matriz.......................................................................................................... 32 
 
Figura 4 - Festa de Sant’Ana 2020 sem a presença dos fiéis na Igreja Matriz........ 39 
 
Figura 5 - Adesivos de regulamentação para distanciamento social na Igreja Matriz 
de Sant’Ana............................................................................................................... 40 
 
Figura 6 - Espaço externo ao lado da Igreja Matriz adaptado para a participação dos 
fieis nas celebrações religiosas da festa................................................................... 41 
 
Figura 7 - Trabalho de fiscalização da vigilância epidemiológica na festa de 
Sant’Ana.................................................................................................................... 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Programação da parte religiosa da festa de Sant’Ana 2020.................. 43 
 
Quadro 2 - Programação da parte social da festa de Sant’Ana 2020...................... 44 
 
Quadro 3 - Programação da parte religiosa da festa de Sant’Ana 2021.................. 46 
 
Quadro 4 - Programação social da festa de Sant’Ana 2021.................................... 47 
 
Quadro 5 - Entrevistados.......................................................................................... 49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
OMS – Organização Mundial de Saúde 
CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas 
OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde 
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
FELCS – Faculdade de Engenharia, Letras e Ciências Sociais do Seridó 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
RN – Rio Grande do Norte 
IDH – índice de Desenvolvimento Humano 
Km – Quilômetro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 13 
CAPÍTULO 1 – TURISMO CULTURAL E RELIGIOSO: MANIFESTAÇÕES E 
TRADIÇÕES............................................................................................................. 16 
1.1 TURISMO CULTURAL....................................................................................... 16 
1.2 MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS E CULTURAIS, TRADIÇÕES E 
IDENTIDADE....................................................................................................... 18 
1.3 TURISMO RELIGIOSO...................................................................................... 21 
 
CAPÍTULO 2 – SANT’ANA E A EMERGENCIA DE CURRAIS NOVOS................. 24 
2.1 CURRAIS NOVOS: ORIGEM, FÉ E DEVOÇÃO DE UM POVO......................... 25 
2.2 OS CICLOS ECONÔMICOS DE CURRAIS NOVOS.......................................... 28 
2.3 OS 213 ANOS DE FESTA DE SANT’ANA EM CURRAIS NOVOS.................... 30 
 
CAPÍTULO 3 – A FESTA DE SANT’ANA EM 2020 E 2021: ADAPTAÇÕES 
PERANTE A PANDEMIA DE COVID-19.................................................................. 36 
3.1 PANDEMIA DE COVID-19 E OS PROTOCOLOS PARA A REALIZAÇÃO DA 
FESTA.................................................................................................................. 37 
3.2 ATIVIDADES REALIZADAS NA FESTA DE SANT’ANA 2020 E 2021................ 42 
3.3 PERCEPÇÃO DOS ORGANIZADORES E O COMPORTAMENTO DOS FIEIS 
EM MEIO ÀS ADAPTAÇÕES DO EVENTO: ANALISE DOS RESULTADOS..... 49 
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 55 
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 57 
APÊNDICE................................................................................................................ 60 
ANEXO...................................................................................................................... 72 
 
 
 
 
13 
 
 
INTRODUÇÃO 
A fé e a religiosidade crescente do povo fazem desenvolver um dos 
maiores segmentos da atividade turística existente no estado do Rio Grande do 
Norte, o turismo cultural e religioso, com suas manifestações e tradições. 
A festa de Sant’Ana de Currais Novos/RN faz parte destas manifestações 
religiosas e culturais do estado, no entanto, o período festivo na cidade nos últimos 
dois anos sofreu vários impactos devido à pandemia de Covid-19, na qual, toda a 
programação foi adaptada. Desse modo, o presente estudo tem a seguinte 
problemática: Como a pandemia de Covid-19 impactou na realização da festa de 
Sant’Ana, no município de Currais Novos/RN, nos anos de 2020 e 2021? 
A investigação tem como objetivo principal, analisar os impactos da 
pandemia de Covid-19 na festa de Sant’Ana do Município de Currais Novos/RN, nos 
anos de 2020 e 2021. Para realizar tal análise, foram elencados como objetivos 
específicos; historicizar a festa de Sant’Ana no município de Currais Novos; 
identificar as adaptações que foram desenvolvidas para a realização do evento nos 
últimos dois anos; analisar a percepção dos organizadores em conjunto com as 
manifestações dos fiéis diante das novas adaptações da festa. 
A proposta deste trabalho acadêmico consiste em apresentar por meio de 
pesquisas bibliográficas, documentais e exploratórias, uma análise sobre como a 
pandemia de Covid-19 afetou as festividades alusivas a Senhora Sant’Ana, 
padroeira do município de Currais Novos/RN, festa realizada todos os anos, no 
período de 16 a 26 de julho. 
A metodologia da pesquisa foi elaborada de forma descritiva e explicativa 
(CERVO, BERVIAN, DA SILVA, 2007), utilizando acervos bibliográficos e 
documentais fornecidospela Paróquia de Sant’Ana, Fundação Cultural “José 
Bezerra Gomes” e pela Biblioteca Municipal “Dr. Antônio Othon Filho”. Além disso, 
destaca-se a inserção do pesquisador na festa, realizando a pesquisa de campo 
durante os últimos dois anos em que ocorreu o evento, dentro do contexto 
pandêmico. Foram produzidas fotografias bem como realizadas entrevistas com 
representantes das instituições organizadoras do evento: Paróquia de Sant’Ana, 
Prefeitura Municipal e a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), além da vigilância 
epidemiológica da cidade, órgão responsável pelas regras de contenção ao novo 
Coronavirus. 
14 
 
 
A realização da presente investigação justifica-se por diferentes motivos. 
De acordo com Souza (2008) destaca-se o turismo cultural e religioso como uma 
das atividades mais consolidadas na região do Seridó potiguar, principalmente por 
abranger atrativos que contam as histórias e tradições do seu povo, na qual, geram 
a cada ano um fluxo maior de visitantes a esses locais. 
Além disso, Currais Novos é destaque no segmento de eventos, seja no 
âmbito religioso, cultural, esportivo, comercial, dentre outros. De acordo com o 
inventário da oferta turística do município de Currais Novos (2019) o calendário de 
eventos é composto, além da festa de Sant’Ana, de outras festividades que também 
integram esta programação como, o Cactus Moto Fest, ForroNovos, Vaquejada, 
Carnaxelita, festa da Imaculada e demais eventos que são realizados ao longo do 
ano. 
A festa da Padroeira é o principal evento do município, a qual reúne todos 
os anos, milhares de fiéis, peregrinos, visitantes e currais-novenses que moram em 
outras localidades. Todos eles se reúnem no mês de julho para celebrar as 
festividades dedicadas a Senhora Sant’Ana. (SOUZA, 2008) Assim, o evento tem 
sua importância por ter uma tradição de 213 anos de existência, construindo sua 
história em meio ao crescimento do município de Currais Novos em torno da Igreja 
Matriz. 
Além da importância que a festa tem para o município, existe uma 
motivação pessoal do autor da pesquisa para com o evento, pois durante o mês de 
julho, o mesmo participa intensamente dos festejos religiosos e sociais da festa de 
Sant’Ana, além de ser um cristão católico, mantendo as tradições de celebrar os 
santos padroeiros, bem como a devoção que foi passada através dos familiares. 
Para responder ao problema elencado, o texto encontra-se estruturado 
em três capítulos. O primeiro capítulo da pesquisa apresenta um contexto teórico 
sobre o turismo cultural, abordando o segmento do turismo religioso. Além disso, o 
capítulo descreve sobre as manifestações culturais e religiosas, suas tradições e 
identidade com o local. 
A abordagem desses conceitos traz para a pesquisa várias formas de 
devoção que as pessoas expressam diante do sagrado, a fé que motiva os fiéis, as 
manifestações que sobrevivem e se transformam ao longo do tempo. A cultura local 
que atrai os visitantes, as famílias que se reúnem durante os festejos e o sentimento 
de pertencimento com a cidade e suas tradições. 
15 
 
 
O segundo capítulo apresenta a devoção à Sant’Ana em meio à 
emergência de Currais Novos, a vinda da família do Coronel Cipriano Lopes Galvão 
às terras do Totoró, a promessa feita a Sant’Ana, a devoção do povo, o crescimento 
do povoado em meio à primitiva capela, os principais ciclos econômicos do 
município e a história da festa ao longo desses 213 anos de existência. 
O terceiro capítulo apresenta alguns apontamentos metodológicos e a 
análise dos resultados, abordando as adaptações que foram realizadas na festa de 
Sant’Ana de Currais Novos nos anos de 2020 e 2021, o surgimento da pandemia de 
Covid-19 e os protocolos que foram estabelecidos para a realização do evento nos 
últimos dois anos. As atividades que foram realizadas no período festivo a padroeira, 
bem como a percepção dos organizadores e o comportamento dos fiéis em meio às 
novas adaptações estabelecidas para a festa. Por fim, são apresentadas as 
considerações finais, referências, anexos e apêndices. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
1. TURISMO CULTURAL E RELIGIOSO: MANIFESTAÇÕES E TRADIÇÕES 
 
Considerando a temática desta investigação, inicia-se apresentando os 
conceitos e o campo no qual ela se insere. Dessa forma, inicia-se apresentando e 
discutindo sobre o Turismo Cultural, seus conceitos e práticas relacionadas aos 
bens patrimoniais, bem como a valorização desses bens em meio às atividades 
turísticas. 
Após a discussão do Turismo Cultural, descreve-se sobre as 
Manifestações Religiosas, as tradições e a identidade cultural por parte de grupos e 
pessoas. Essas manifestações também se entrelaçam em meio ao turismo cultural e 
aos bens patrimoniais da sociedade. 
Por fim, o capítulo encerra apresentando conceitos, práticas e discussões 
sobre o Turismo Religioso, sendo abordado como segmento do turismo cultural, que 
apresenta os aspectos principais para a formação das manifestações e tradições 
religiosas que perpassam pelo tempo. 
 
1.1 TURISMO CULTURAL 
 
A cultura traz consigo os costumes e valores adquiridos ao longo do 
tempo em meio à sociedade. Além disso, a junção da atividade turística com os bens 
culturais proporciona o turismo cultural, com o intuito de valorizar não somente a 
cultura local, mas também a utilização da cultura como um bem de consumo a ser 
divulgado e comercializado no mercado turístico. 
De acordo com Laraia (2001), a cultura é dinâmica, apresentando-se 
como um sistema, no qual os padrões de comportamento são transmitidos em 
sociedade por meio dos costumes e valores praticados. Esses modos de 
transmissão são passados por meio de práticas sociais, crenças religiosas, 
agrupamento social, organização econômica, padrões de estabelecimento, entre 
outros meios. 
Em abordagem semelhante à do autor, Silva, Santos e Cristofolini (2004, 
p. 5) afirmam que: 
 
Cultura pode ser identificada como sendo um sistema conjunto de 
maneiras específicas de pensamentos, crenças ou formas 
17 
 
 
apreendidas de fazer coisas, representando características dos seres 
humanos e não resultantes de heranças genéticas. 
 
Diante desses comportamentos, a história e a cultura do local vão sendo 
construídas e apresentadas através de monumentos, expressões, costumes, 
lugares, resultando no patrimônio cultural, objeto de apropriação para o turismo 
cultural. (COSTA, 2009) 
A partir destes patrimônios, o turismo cultural emerge com o intuito de 
transformar as histórias, expressões e monumentos em atrativos turísticos para 
aqueles que, no seu cotidiano vivenciam outro meio cultural na sociedade 
contemporânea, bem como a busca pelo fortalecimento desses destinos. 
De acordo com o Ministério do Turismo (2010), o turismo cultural se 
constitui em atividades que valorizam o patrimônio, bens materiais e imateriais. 
Essas atividades são compreendidas através da vivência do conjunto de elementos 
históricos e culturais, bem como os eventos culturais. 
 
O Turismo Cultural implica em experiências positivas do visitante 
com o patrimônio histórico e cultural e determinados eventos 
culturais, de modo a favorecer a percepção de seus sentidos e 
contribuir para sua preservação. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010, 
p. 16) 
 
O que permite o turismo cultural é o patrimônio cultural, “formado pelos 
elementos resultantes dos recursos culturais – materiais e imateriais - do local ou 
grupo visitado.” (COSTA, 2009, p 48) 
De acordo com o Ministério do Turismo (2010), o patrimônio material é 
formado por objetos móveis ou imóveis como prédios históricos, livros, obras de arte, 
ruas, cidades, etc. Já o patrimônio imaterial se constitui através de expressões, 
manifestações, que são passados de geração em geração. 
 
O patrimônio material é constituído de bens culturais móveis e 
imóveis. No primeiro caso, encontram-se aqueles bens que podemser transportados, tais como os livros e as obras de artes e, no 
segundo, os bens estáticos, tais como prédios, cidades, ruas etc, e 
possuem instrumento específico de proteção [...] O patrimônio 
imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente 
recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, 
de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um 
sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para 
18 
 
 
promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. 
(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010, p. 48-50) 
 
O turismo cultural pode ser desenvolvido a partir do contato com os bens 
materiais e imateriais existentes na comunidade, cujo intuito desses bens é de 
apresentar os acontecimentos que ocorreram no passado. Dessa forma, as 
manifestações religiosas e culturais também podem se consolidar como um bem 
imaterial, trazendo consigo as tradições que são passadas através das gerações. 
Dessa forma, o turismo cultural se expande e se torna dinâmico diante do 
surgimento de patrimônios culturais, formando segmentos diversos como: turismo 
cívico, religioso, patrimonial, literário, gastronômico, artístico, arqueológico, científico, 
entre outros. (COSTA, 2009) 
Um dos segmentos do turismo cultural que retratam a valorização desses 
patrimônios é o turismo religioso, no qual, ocorre uma junção entre a identidade, às 
tradições e a devoção religiosa em meio aos bens culturais da comunidade. 
Diante disso, a próxima seção apresenta o significado das manifestações 
religiosas, atrelado à cultura local, bem como as tradições e a identidade 
representada pelos atrativos, santuários, procissões, festas de padroeiros, entre 
outras expressões. 
 
1.2 MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS E CULTURAIS: TRADIÇÕES E IDENTIDADE 
 
As manifestações religiosas e culturais apresentam um caráter ideológico, 
pois estão atreladas às memórias coletivas de fatos e acontecimentos do passado. 
Os símbolos, rituais e expressões nos tempos atuais tendem a explicar o proposito 
dessas festividades. (MOURA, 2003) 
Com o impulso dessas manifestações, emergem variados segmentos que 
podem ser encontrados em meio a essas festividades, seja de cunho folclórico, 
cultural ou sociorreligioso. Elas podem se caracterizar como: 
 
Religiosos – ministradas por sacerdotes ou por pessoas autorizadas 
pela Igreja, como missa, procissão, bênçãos, novena e reza. 
Profano-religiosos – ministrados por leigos com aprovação do 
sacerdote, homenageando as figuras sacras, de modo alegre e 
festivo: levantamento de mastro, bailados como congados, folia de 
reis Império do Divino, Reinado do Rosário, Pastorinhas. Profanos – 
tem caráter de diversão, visam segurar os visitantes mais tempo nas 
19 
 
 
festas: leilões, danças, comidas, barraquinhas e folguedos como 
malhação do Judas, bumba meu boi, pau de sebo, cavalhada e 
outros (MOURA, 2003). 
 
Essas manifestações são expressas a partir das festas devocionais, que a 
princípio, surgem a partir das histórias de fé e devoção de um povo. Festividades 
que perpassam por diversas gerações, uma vez comemoradas, ficam gravadas na 
memória coletiva. 
Em sua maioria, as festas religiosas ou devocionais possuem uma 
dinâmica que entrelaça atividades sagradas e profanas, atraindo cada vez mais, a 
atenção dos visitantes para essas festividades, sendo estabelecidas a partir do 
calendário civil ou litúrgico da Igreja Católica. (MOURA, 2003) 
Com a transformação dessas festividades ao longo do tempo, é difícil 
estabelecer na prática onde se inicia o sagrado e o profano, uma vez que ambos se 
constituem hibridizados. Com isso, gera-se um crescimento cultural no entorno da 
manifestação, atraindo novos tipos de público ao evento. (BURKE, 2013) 
Para Burke (2013) essa hibridização significa o sincretismo, a mistura, a 
junção de diferentes bens culturais, que formam uma única tradução cultural e que 
são transformadas ao longo do tempo. 
A hibridização muitas vezes, pode acarretar mudanças na realização das 
festividades, mesmo assim, as expressões, tradições e características do evento são 
mantidas através da salvaguarda cultural, seja pela comunidade ou pelas 
autoridades. 
Diante dessas transformações ao longo do tempo, a sociedade consolida 
seus patrimônios através de uma salvaguarda cultural, ou seja, aquilo que se 
caracteriza como expressão, artefato ou festividade é reconhecido como um 
patrimônio. (ARANTES, 2008) 
A salvaguarda se torna mais efetiva a partir do reconhecimento das 
autoridades por aquele patrimônio, uma vez que elas passam a ser protegidas por 
instituições, porém, a salvaguarda não se restringe somente aos patrimônios 
tombados, mas se estende aos patrimônios preservados pela comunidade local, 
aquelas que foram passadas através das gerações. (ARANTES, 2008) 
Desse modo, as festas religiosas não se constituem apenas para atrair 
fiéis e visitantes ao destino, mas também, para demostrar a identidade cultural de 
um povo, suas origens e sua fé no sagrado. 
20 
 
 
Muitos municípios têm sua fundação entrelaçada à manifestação do 
sagrado, em que seus fundadores, construíam igrejas e templos em promessa ao 
santo de devoção, através de pedidos e súplicas. 
A região do Seridó, localizada no estado do Rio Grande do Norte é rica 
nessas tradições, nas quais, as festas das santas e dos santos padroeiros são parte 
importante da identidade local. Essas festas, em sua maioria se misturam com a 
história das cidades, das famílias tradicionais e com os valores e registros da cultura 
seridoense, ampliando o sentimento de pertencimento em cada período que essas 
festividades são realizadas (CAVIGNAC et al., 2011). 
 
Tais expressões, inscritas nos monumentos e nos discursos 
produzidos localmente, revelam a existência de um sentimento de 
pertencimento ao local fortemente consolidado: veículo da memória e 
da cultura seridoense, a celebração se destaca entre outros 
momentos rituais festejados na região. (CAVIGNAC et al., 2011) 
 
A tradição religiosa no Seridó inicia-se a partir do culto dedicado a 
Senhora Sant’Ana1, devoção essa que acontece desde 1748. A vila do Príncipe, 
hoje, município de Caicó, foi onde ocorreram as primeiras manifestações em honra à 
santa padroeira, se tornando nos tempos atuais a maior festa religiosa da região 
potiguar com mais de 260 anos de tradição. A festa de Sant’Ana em Caicó foi 
instituída pelo IPHAN como Patrimônio Imaterial do Brasil. (DIOCESE DE CAICÓ, 
2020) 
A devoção a Sant’Ana não se consolidou somente em Caicó, mas ao 
longo do tempo foi se propagando para o município de Currais Novos, onde a santa 
também é venerada pelos curraisnovenses há mais de 200 anos. 
Segundo Souza (2008, p. 70): 
 
O maior acontecimento sócio religioso, não apenas de Caicó, mas de 
toda região seridoense, é a Festa de Sant’Ana. Daí a razão de se 
dizer que este evento representa a Festa da Família; do Encontro; da 
Recordação; da Esperança, enfim simboliza a Festa do Amor e da 
Fé. 
 
 
1 Segundo o Catolicismo, Sant’ Ana ou Santa Ana é a Mãe de Nossa Senhora e Avó de Jesus Cristo. 
O esposo de Sant’ Ana é São Joaquim. A devoção a Santa Ana e São Joaquim é muito antiga no 
Oriente. Eles foram cultuados desde o começo do cristianismo. No século VI a devoção a eles já era 
enraizada entre os fiéis do Oriente. No Ocidente, o culto a Sant’ Ana remonta ao século VIII. 
21 
 
 
O município de Currais Novos realiza há mais de 200 anos uma das 
festas mais tradicionais do estado potiguar. Celebrando as festividades alusivas à 
sua padroeira, Senhora Sant’Ana, atrai milhares de visitantes ao município, com a 
realização de atividades sociorreligiosas. 
Essa festividade representa a identidade religiosa e cultural de um grupo 
cristão, representado pela comunidade católica de Currais Novos, onde essas 
pessoas se encontram para fortaleceros laços de pertencimento, a partir da 
realização e dos acontecimentos que a festa da padroeira proporciona. 
As festas religiosas, principalmente no Seridó, têm sua peculiaridade, pois 
não são apenas eventos comuns, mas sim, um momento de confraternização e de 
reencontro com os familiares e amigos. 
Diante disso, a próxima seção apresenta o turismo religioso, segmento 
que emerge no município de Currais Novos a partir das manifestações religiosas e 
culturais, que acontece durante o período da Festa de Sant’Ana. 
Este segmento representa a prática das atividades turísticas em meio aos 
acontecimentos devocionais, as manifestações e tradições religiosas de parte da 
sociedade. 
 
1.3 TURISMO RELIGIOSO 
 
A religião2 é o principal impulso para prática do turismo religioso, no qual, 
o turista é movido pela fé. Com isso, ele busca suprir suas necessidades a partir de 
práticas e rituais estabelecidos pela religião em que segue. Uma dessas 
necessidades é a busca pelos locais sagrados. 
Segundo Silva, Santos, Cristofolini (2004, p. 6): 
 
A religião é a crença na existência de um ou de vários seres 
superiores que criam e controlam a vida humana. As religiões 
pertencem ao campo simbólico criado pelos homens para se 
relacionarem com o mundo. Permitem explicar aquilo que não é 
compreendido pelas ciências, seja manifestando a natureza, seja 
uma elaboração da mente. Também consistiu a matriz dos valores 
que moldam as sociedades. 
 
 
2 O conceito de religião é plural e variado, por isso, o presente estudo não trás conceitos mais 
aprofundados sobre a religião, mas sim, sobre a prática do turismo em meio às manifestações 
religiosas. 
22 
 
 
O turismo religioso, assim como as manifestações religiosas, traz em 
meio à sociedade contemporânea um estudo sobre as oportunidades e desafios 
estabelecidos para os destinos onde se pratica essas atividades. 
De acordo com Dias (2003, p. 17): 
 
Turismo religioso é aquele empreendido por pessoas que se 
deslocam por motivações religiosas e/ou para participarem em 
eventos de caráter religioso. Compreende romarias, peregrinações e 
visitação a espaços, festas, espetáculos e atividades religiosas. 
 
Para Oliveira (2004) o turismo religioso se constitui na junção da atividade 
turística em meio as práticas religiosas. Seu principal componente é o peregrino, no 
qual, constitui um papel importante no fomento da atividade que é de visitar o local 
de peregrinação, onde o mesmo é atraído ao destino por meio de sua fé e devoção 
no sagrado. 
 
Por peregrino entende-se aquele que caminha por lugares 
desconhecidos. Nesse sentido, a peregrinação passa a ser 
compreendida como uma caminhada difícil, normalmente em busca 
de um lugar sagrado. Tal ação exige sacrifício, penitência, 
demonstração pública da fé e uma manifestação concreta de 
reconhecimento de uma graça alcançada. (MAIO, 2004) 
 
Segundo Dias (2003) existem dois tipos de peregrinos, o primeiro é o 
peregrino puro, que vai ao destino com o intuito exclusivamente religioso. E o 
peregrino multifuncional, que é aquele que vai ao destino tanto para questão 
devocional e religiosa, como também para participar de atividades culturais 
realizadas no local. 
As peregrinações são caminhadas de fé realizada pelos peregrinos até o 
seu destino. Essa prática ocorre desde as primeiras religiões do ocidente. No Brasil, 
essa manifestação se torna mais representativa, onde as reformas religiosas do 
século XVI foram mais intensas. (MAIO, 2004) 
No Brasil, esses tipos de peregrinos são atraídos por diferentes formas, 
seja através dos Santuários de peregrinação, como Aparecida do Norte, bem como 
os espaços religiosos de cunho histórico-cultural ou turístico-religiosas, como as 
Igrejas nas cidades históricas em Minas Gerais. 
Os encontros e celebrações de cunho religioso também fazem parte da 
rota de peregrinação como os encontros carismáticos da Igreja Católica, as festas 
23 
 
 
dos padroeiros e comemorações em dias específicos como os calendários litúrgicos, 
símbolos da fé ou manifestações populares como o Círio de Nazaré. 
Os espetáculos religiosos como a Paixão de Cristo em Nova Jerusalém 
(PE) e os Roteiros de fé, caminhadas de cunho espiritual e pré-organizadas em um 
itinerário, como Aparecida (SP). Esses elementos são fundamentais para a 
consolidação das peregrinações, uma vez visitadas, se tornam roteiros da atividade 
turística religiosa (DIAS, 2003). 
Essas motivações religiosas também podem gerar uma junção com a 
prática cultural, visto que, a geração deste segmento não depende somente da 
religiosidade, mas sim, o que ela pode gerar de complementação para atrair mais 
turistas ao local. 
 
O turismo religioso apresenta características que coincidem com o 
turismo cultural, devido à visita que ocorre num entorno considerado 
como patrimônio cultural, os eventos religiosos constituem-se em 
expressões culturais de determinados grupos sociais ou expressam 
uma realidade histórico-cultural expressiva e representativa de 
determinada região. (DIAS, 2003, p. 17) 
 
De acordo com o autor, o principal motivo para o turismo religioso é a fé, 
mas que pode gerar motivos culturais para conhecer outras manifestações. Desse 
modo, as manifestações religiosas se estabelecem na sociedade por meio dos 
festejos culturais e religiosos, que se perpetuam por várias gerações. 
Neste contexto, compreende-se o turismo religioso como um segmento do 
turismo cultural, visto que o turismo cultural se consolida a partir de diversas 
manifestações, sejam eles de cunho religioso, cívico, histórico, social, político, entre 
outros meios. Portanto, o presente estudo considera o turismo religioso como um 
segmento do turismo cultural. 
A partir dos conceitos do turismo cultural, religioso e das manifestações 
que intercalam essas atividades turísticas, o segundo capítulo do presente estudo 
visa consolidar essas manifestações a partir da festa de Sant’Ana, padroeira de 
Currais Novos. O capítulo apresentará o contexto histórico da festa em meio ao 
surgimento do município, seu crescimento, suas tradições e costumes que se 
perpetuam até os dias atuais, bem como os eventos que foram introduzidos no 
período da festa de Sant’ Ana ao longo dos anos. 
 
24 
 
 
2. SANT’ANA E A EMERGENCIA DE CURRAIS NOVOS 
 
A emergência das cidades pode estar ligada a diversos motivos, dentre 
eles, os de caráter religioso e econômico. A criação de Currais Novos, por exemplo, 
está associada a elementos da fé e da devoção de um povo. De acordo com 
(SOUZA, 2008), a criação da cidade está atrelada à promessa feita à Senhora 
Sant’Ana, através de seus fundadores na antiga fazenda Totoró. 
Segundo Pesavento (2007) as cidades possuem suas histórias, 
traduzidas pelos historiadores, que as trazem a público como uma mistura de cores, 
cultura, crescimento, grupos sociais, festividades, entre outros. 
Por meio dos relatos históricos e bibliográficos, é possível afirmar que, 
Currais Novos foi criada em meados do século XVIII, através do ciclo do gado, 
atividade econômica importante da época, entrelaçado com a fé e a devoção dos 
antepassados. 
 
A história religiosa de nossa comunidade tem como fato histórico, a 
marca dos homens que a fizeram. Entre altos e baixos, vivendo 
contingências, ela se realiza nas atitudes dos cristãos. Sem a 
pretensão do historiador, mas como homenagem aos que a fizeram, 
tentaremos alguns traços que marcaram suas vidas e nossa história. 
(SOUZA, 2008, p. 61) 
 
 
Algumas tradições herdadas desde os primeiros povoadores de Currais 
Novos se perpetuam até os dias atuais, marcando várias gerações. Uma delas é a 
devoção à Sant’Ana, na qual, a santa é considerada padroeira do município, assim, 
o povo mantem viva a devoção, os gestos, costumes e a memória de todos aqueles 
que um dia celebraram Sant’Ana, realizando sua festa a cada ano, no mês de julho.O município de Currais Novos fica localizado na microrregião do Seridó 
oriental, região do Seridó Potiguar, Estado do Rio Grande do Norte, distante 
aproximadamente 172 km da capital do Estado, Natal. Conta com uma população 
estimada em 45.022 habitantes em 2021, com uma área de 864 km² e classificado 
em 2010 como um município de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio 
(0,691). (IBGE, 2021) 
 
 
 
25 
 
 
Figura 1: Localização do Município de Currais Novos/RN 
 
Fonte: (OLIVEIRA, CESTARO, 2012) 
 
Diante da figura 1, observamos a localização do município de Currais 
Novos, que faz divisa com os municípios de Acari, São Vicente, Lagoa Nova e Cerro 
Corá, todas localizadas na região do Seridó potiguar. Faz divisa também com o 
município de Campo Redondo, localizado na região do Trairi, bem como o município 
de São Tomé, localizado na região do Potengi. 
O primeiro subcapítulo apresenta o surgimento de Currais Novos a partir 
da chegada de seus primeiros povoadores, como também o primeiro ciclo 
econômico do município. 
 
2.1 CURRAIS NOVOS: ORIGEM, FÉ E DEVOÇÃO DE UM POVO 
 
A região do Seridó Potiguar era habitada pelos índios Cariris, que após a 
expulsão do grupo, foi designado pelo Rei, um local para que o Coronel Cipriano 
Lopes Galvão, natural de Igarassu, Pernambuco e nomeado Coronel do Regimento 
de Cavalaria da Ribeira do Seridó pelo governador Pedro Albuquerque Melo, 
realizasse a expansão da criação de gado, consolidando o segmento econômico 
pela região, com isso, foi criada a fazenda Totoró. Anos depois, sua esposa dona 
Adriana de Holanda e Vasconcelos veio juntamente com o filho Cipriano Lopes 
26 
 
 
Galvão e alguns escravizados, fixando moradia na fazenda. (CARVALHO, 2015, 
QUINTINO FILHO, 1987) 
Segundo Souza (2008, p. 40) “o Coronel Cipriano Lopes Galvão, vindo 
em 1755 de Igarassu, Pernambuco, para o Seridó, aqui comprou a data terra do 
“Totoró”, onde manteve uma fazenda de criação de gado, e onde fixou residência 
até a sua morte, em 1764”. 
Após a morte do Coronel, seu primeiro filho, Capitão-Mor Cipriano Lopes 
Galvão, adquire novas terras para expandir a criação de gado deixado por seu pai, 
enfrentando também uma grave escassez de água que já assolava a região do 
Totoró. Com o tempo, alguns animais começaram a fugir da fazenda para encontrar 
água, foi quando o Capitão-mor descobriu um poço localizado próximo ao rio São 
Bento, onde esses animais se dirigiam. Desse modo, Cipriano constrói a fazenda 
Bela Vista com uma casa e três novos currais próximos ao poço, tirando os animais 
dos currais velhos do Totoró e levando para os currais novos da Bela Vista. Além 
disso, outras terras foram adquiridas, como a fazenda São Bento, localizada próxima 
ao rio que leva o mesmo nome. (SOUZA, 2008) 
A fazenda Bela Vista se tornou mais conhecida na região, pois era ponto 
de encontro dos fazendeiros e coronéis, a feira de gado realizada nos novos currais 
do Capitão-mor, a passagem dos tropeiros para o descanso, assim a fazenda 
passou a ser conhecida e chamada por Currais Novos. (ALVES, 1985) 
Com o tempo, casas foram construídas em torno dos novos currais e da 
primitiva capela em honra a Sant’Ana, na qual, surge a devoção à santa padroeira 
de Currais Novos, a partir da promessa feita pelo Coronel Cipriano Lopes Galvão, 
primeiro povoado do município. 
Em meados de 1755, se alastrou uma grande seca pela região. O Coronel 
pernambucano Cipriano Lopes Galvão tentou salvar o gado transportando para 
outras propriedades, visto a escassez de água nos açudes e poços da fazenda. 
Afirma-se que, o então Coronel, em oração fez uma promessa à Senhora Sant’Ana, 
prometendo que se chovesse, iria construir uma Capela em sua honra. No mesmo 
dia teria chovido na fazenda Totoró, sendo a graça alcançada. (CARVALHO, 2015) 
Diante do falecimento do Coronel, seu filho primogênito, o Capitão-mor 
Galvão cumpre com a promessa feita pelo pai de construir a capela dedicada a 
Sant’Ana, o mesmo constrói próximo a fazenda Bela Vista. Em 1806 o Capitão 
comprou a imagem de Sant’Ana em Recife, medindo noventa e oito centímetros. A 
27 
 
 
imagem foi então conduzida pelos escravizados até a fazenda Totoró, sendo 
deixada na casa de Ana, filha do Capitão até a capela ser construída. (SOUZA, 
2008) 
A figura 2 apresenta a imagem primitiva de Sant’Ana, vulto barroco do 
século XVIII, adquirida pelo Capitão-mor Galvão em Recife. Atualmente a imagem 
encontra-se restaurada no altar-mor da Igreja Matriz em Currais Novos. 
 
Figura 2: Imagem primitiva de Sant’Ana, adquirida pelo Capitão-mor Galvão em Recife 
 
Fonte: João Bezerra Junior, 2021. 
 
A partir da provisão feita em 24 de fevereiro de 1808 pelo senhor bispo de 
Olinda, Dom Frei José Maria de Araújo, foi iniciada a construção da Capela de Sant’ 
Ana, sendo a mesma concluída em maio do mesmo ano. No dia 26 de julho de 1808 
foi realizada a missa e instalação de uma cruz em frente à residência do Coronel 
Cipriano Lopes Galvão e a primeira procissão com a imagem de Sant’Ana, que saiu 
da fazenda Totoró até a primitiva Capela, acompanhado pelo fundador de Currais 
Novos e filho do Coronel, o Capitão-mor Galvão, sua esposa dona Vicência Lins de 
Vasconcelos, filhos, criados da fazenda e amigos. A capela recebeu a benção 
solene em 1813, ano em que o Capitão-mor faleceu. (SOUZA, 2008) 
 
Esta capela representaria a Fé de uma família, assinalando todo um 
povo. Antes de sua benção solene, um espetáculo já havia marado o 
silencio destes rincões. Aos 26 de julho de 1808 realizava-se a 
28 
 
 
primeira procissão. O Capitão Mor, sua família, criados e amigos 
conduziram do Totoró até aqui a imagem de Sant’Ana. Esta 
caminhada teve a beleza da fé, a marca dos corações o plantar de 
um futuro, a consciência de Deus. (SOUZA, 2008, p. 61) 
 
Segundo o autor, em 21 de fevereiro de 1884, a capela de Sant’Ana foi 
elevada à paróquia, sendo desmembrada da paróquia de Acari e em 4 de julho de 
1885 é proclamado oficialmente o dia de Sant’ Ana (26 de julho). 
Com a expansão da freguesia e a crescente devoção do povo, a capela já 
não comportava o número de fiéis e as várias celebrações litúrgicas que eram 
realizadas. Foi então que em 11 de outubro de 1889, o antigo templo começou a ser 
demolido para a construção de uma nova Matriz. A obra ficou concluída entre os 
anos de 1895 e 1896 e em 26 de julho de 1896, o novo templo foi oficialmente 
abençoado. (CARVALHO, 2015) 
Diante do crescimento religioso em torno das festividades e celebrações à 
Sant’Ana, “em 1962, o Poder Executivo Municipal sancionou a Lei 335, de 21 de 
agosto, oficializando o dia 26 de julho dedicado à cidade, consagrado à Sant’Ana, 
padroeira do município” (SOUZA, 2008, p. 77), e sendo estabelecido como feriado 
municipal. 
Entrelaçado a devoção a Sant’Ana, os ciclos econômicos também se 
desenvolvem em meio a crescente expansão de Currais Novos como mostrará o 
próximo subcapítulo, que por meio deste crescimento econômico o distrito se elevou 
a condição de município. 
 
2.2 OS CICLOS ECONÔMICOS DE CURRAIS NOVOS 
 
Conforme o tempo, o município de Currais Novos passou por três 
principais ciclos, o ciclo do gado, do algodão e do minério. O primeiro ciclo 
econômico foi o gado, ou ciclo da pecuária, segmento desenvolvido pelo Coronel 
Cipriano Lopes Galvão e pelo fundador da cidade, o Capitão-Mor Galvão e sua 
família a partir da fazenda Totoró. (SOUZA, 2008) 
Segundo Quintino Filho (1987) com a vinda do Coronel pernambucano a 
data terra do “Totoró”, é instalada a fazenda com sua residência fixa e vários currais. 
Com o passar do tempo, construiu novos currais nas fazendas Bela Vista e São 
Bento, devido ao poço instalado e para ampliar sua criação de gado pela região. 
29 
 
 
Assim, a pecuária se desenvolveu de maneira extensiva, passando a ser um local de 
referência para a região. 
Paralelo à criação de gado, inicia o ciclo do algodão por voltade 1861, 
uma nova fonte de renda para Currais Novos e o Seridó. As sementes foram 
trazidas inicialmente para Acari através de Alexandre Garcia do Amaral. (SOUZA, 
2008) 
De acordo com Souza (2008, p. 55) “dois tipos de algodão foram 
cultivados: o mocó (Gossypium purpurascens), arbóreo, de fibra longa, e o ouro 
branco, o algodão herbáceo.” 
 
Na agricultura caracterizou-se pela plantação do algodão arbóreo 
(Gossypiumpurputanscens), pois era o de maior aceitação no 
mercado devido ao seu tipo ser de fibra-longa, resistente às secas e 
por sua fácil adaptação ao solo árido, algodão ouro branco e também 
feijão, milho e batata doce em menor produção. (ALVES, 1986, p. 55) 
 
A economia algodoeira foi o segmento decisivo para a evolução cívica da 
cidade, sendo o distrito elevado à categoria de vila após o seu desmembramento 
com Acari em 15 de outubro de 1890, passando a ser município. Desse modo, 
Currais Novos crescia e se desenvolvia e anos mais tarde, em 29 de novembro de 
1920, Currais Novos foi elevada à categoria de cidade. (SOUZA, 2008) 
A partir da década de 40, a mineração passou a ser a principal fonte de 
renda de Currais Novos. O município se tornou uma exportadora de diversos 
minerais como: enxofre, berilo, turmalina, opala, malaquita, fluorita e principalmente 
a scheelita, pedra encontrada em grande escala nas minas do município e matéria-
prima para as indústrias mecânicas, bélicas, elétricas, óticas, químicas, automotivas 
e aeronáuticas. 
De acordo com Souza (2008), a atividade inicia em 1943, onde o morador 
do Sítio Brejuí, José Dias, encontra uma pedra diferente das demais e leva até o 
dono das terras, o Desembargador Tomaz Salustino Gomes de Melo. A pedra é 
analisada e após várias pesquisas, detectou-se a presença de minerais nas terras 
do Sítio Brejuí. 
Após a descoberta, iniciou-se a exploração por meio da garimpagem. 
Máquinas, pesquisadores e funcionários iniciam os trabalhos da Mina Brejuí, se 
tornando empresa em 1954, sob o comando de Tomaz Salustino. Currais Novos se 
torna o centro de exportação de Sheelita no mercado interno e externo, a cidade é 
30 
 
 
estruturada e um complexo é construído em torno das minas para abrigar os 
funcionários e suas famílias. (SOUZA, 2008) 
O ciclo do minério foi decisivo para o desenvolvimento do município de 
Currais Novos, visto que a cidade cresceu devido ao aumento no número de 
pessoas que vinham de outros lugares para trabalhar nas minas e para 
comercializar os minerais. Desse modo, Currais Novos recebe uma nova estrutura 
de prédios, como banco, cinema e hotel. 
A partir da década de 1980, a Mineração Tomaz Salustino começou a 
declinar suas atividades devido à oscilação nos preços do mercado internacional da 
matéria-prima, causando anos depois, o fechamento da empresa na década de 90. 
(SOUZA, 2008) 
Após o ciclo do minério, Currais Novos reorganizou sua economia e se 
adaptou ao segmento do comércio e indústrias, sendo instaladas na cidade algumas 
fábricas, usinas, lojas de moveis, laticínios, cooperativas, entre outros meios que 
sustentam até os tempos atuais o desenvolvimento econômico da cidade. 
O próximo subcapitulo remete ao surgimento da festa de Sant’Ana, festa 
que se perpetua até os tempos atuais, com seus costumes e tradições, passados 
por diversas gerações. 
 
2.3 OS 213 ANOS DE FESTA DE SANT’ANA EM CURRAIS NOVOS 
 
A festa de Sant’Ana de Currais Novos é celebrada todos os anos no mês 
de julho. Sendo padroeira do município, a festa é considerada como a maior 
movimentação social e cultural da cidade. (SOUZA, 2008) 
A Festa reúne todos os anos, fiéis peregrinos, visitantes e currais-
novenses. Todos se reúnem no mês de julho para celebrar as festividades 
dedicadas à santa padroeira. O evento tem sua importância por ter uma tradição de 
213 anos de existência, sendo que a fundação e o crescimento da cidade se deram 
entorno da primitiva capela. 
A festa da padroeira para os currais-novenses não representa somente 
um evento religioso, mas compõem parte da identidade, da cultura e do 
pertencimento com o lugar. 
De acordo com Araújo Filho (2001, p. 12) 
 
31 
 
 
Festa de Sant’Ana não é apenas tradição. Ela é muito mais para os 
de longe e que são dos nossos: lembranças, à volta para casa, 
confraternização presença, para nos divertimos, partilha, felicidade, 
roupa nova, ruas movimentadas, vaquejada, muita visita em casa, 
reza na matriz, caminhada na procissão, disposição para ajudar, 
apoio à nossa Paróquia. A festa de Sant’Ana nasce se renovando no 
dia de hoje. Parece velha de anos, mas não o é; parece cansada, 
mas pelo sangue das novas gerações ela é viçosa e bela; parece 
ultrapassada, mas resiste com a coragem dos fortes; parece cafona, 
mas como o verdadeiro amor nunca o é; ela se perpetua. 
 
 
A mensagem do Monsenhor Ausônio no encerramento da Festa de 
Sant’Ana do ano 2000 faz lembrar do passado, da devoção dos fundadores da 
cidade, dos costumes, das tradições, do pertencimento com a terra, do sentimento 
dos fiéis católicos de Currais Novos com sua padroeira. Tudo isso se concretiza na 
festa de Sant’Ana, momento de muitas lembranças e de renovação para continuar 
as tradições deixadas pelos antepassados. 
As tradições também são vivenciadas nas festas de padroeiro, por 
representarem a identidade histórica e cultural da cidade. Elas se constituem como 
um momento de congraçamento, de encontro, de costumes e valores culturais. Com 
isso, a festa de Sant’Ana de Currais Novos traz consigo um fortalecimento desses 
valores, sendo considerada um patrimônio para o povo. Durante a festa, os filhos 
ausentes da terra retornam para a cidade e vivenciam com seus parentes e amigos 
a confraternização, momento para renovar a devoção à santa padroeira de Currais 
Novos. 
 
As festas de padroeiro destacam-se como momentos marcantes da 
sociedade local, no mês de julho acontece a tradicional Festa de 
Sant’Ana, um dos maiores eventos sócio religioso da região, que 
durante o período o número de visitantes na cidade aumenta em 
grande escala, caracterizada pela tradição do povo currais-novense 
tanto pelas celebrações religiosas como pelo de confraternização. 
(CARVALHO, 2015, p. 25) 
 
Os festejos dedicados a Sant’Ana em Currais Novos iniciam em 1808, 
começo do século XIX, com a primeira procissão realizada pelo fundador da cidade, 
o Capitão-mor Cipriano Lopes Galvão, que saiu da Fazenda Totoró até a primitiva 
capela conduzindo a imagem da padroeira. 
32 
 
 
Após esse primeiro acontecimento, todos os anos no mês de julho, os 
moradores dos Currais Novos do Capitão-mor começaram a celebrar os festejos 
alusivos à padroeira, com isso, a vila crescia e se desenvolvia em torno da capela. 
Segundo Souza (2008), a partir de 1914, a festa começou a tomar forma, 
bem como a parte estrutural da Matriz e dos espaços públicos para a realização dos 
eventos religiosos e culturais da época. Inicialmente, eram realizados os concursos 
de beleza e elegância, com participação maciça das nobres mulheres da vila, 
intensificando a parte social da festa. 
A festa no ano de 1929 foi marcada com a chegada da nova imagem de 
Sant’Ana, uma imagem francesa que foi doada pelo Sr. Aproniano Pereira. Na 
época, o altar foi restaurado para receber a nova imagem. A “Sant’Ana nova” 
estabelece um contraste com a primitiva imagem do século XVIII, trazida pelo 
Capitão-mor Galvão. (SOUZA, 2008) 
A figura 3 mostra a festa de Sant’Ana em meados de 1929 com a 
chegada da nova imagem entronizada no altar-mor da Igreja Matriz. Atualmente a 
imagem de “Sant’Ana nova” francesa de 1929 está localizada próximo a porta 
principal da Matriz. 
 
Figura 3: Festa de Sant’Ana em meados de 1929 com a nova imagem no altar-mor da 
Igreja Matriz. 
 
Fonte: João Bezerra Junior, 2021. 
 
A partir da figura 3, observa-se que, as festividades alusivas a Sant’Ana já 
eram crescentes, atraindo pessoas de toda a região para rezaras novenas na Igreja 
33 
 
 
Matriz, às celebrações que eram realizadas com gestos de piedade pelos 
antepassados, bem como, o encontro das pessoas para o ato religioso. 
A partir de 1937, a festa de Sant’Ana toma um novo aspecto, tanto no 
âmbito religioso como também cultural com a chegada do Cônego Paulo Herôncio 
de Melo, no qual, institui novas celebrações na matriz e faz crescer a parte social da 
festa nos espaços públicos da cidade. A festa começa a passar por uma 
transformação. Inicialmente, as festividades profanas começam a intercalar os 
acontecimentos religiosos, desse modo, surge a parte sociocultural da festa, com o 
intuito tanto de angariar recursos para a paróquia, como também de proporcionar o 
reencontro e a confraternização entre os visitantes e filhos ausentes da terra. 
(SOUZA, 2008) 
Além disso, a imagem primitiva da padroeira que foi doada pelo Capitão-
mor Galvão é restaurada e colocada de volta no altar-mor da Matriz, permanecendo 
até os dias atuais. Para Alves (1985) Currais Novos tem sua história antes e depois 
da chegada do Monsenhor Paulo Herôncio, uma trajetória de ações tanto no âmbito 
religioso como no social. 
A 2ª festa de Sant’Ana sob a administração do Monsenhor Paulo 
Herôncio, que aqui chegou em 04 de julho de 1937, aconteceu de 17 a 26 de julho 
de 1938 e contou com novenas que tinham como noitários as comunidades rurais 
(Cerro Corá e Lagoa Nova, por exemplo, eram distritos de Currais Novos), 
homenagens de ordens como a "Associação das Almas", Vicentinos, Damas da 
Caridade, "Juventude Feminina Católica Brasileira", Apostolado da Oração, entre 
outros. Na penúltima noite, homenagem dos solteiros. A penúltima noite da festa é o 
grande dia do “Pavilhão de Sant’Ana”. Na praça, o parque de diversões com banda 
musical, números de palco (apresentações artísticas), quermesses e bar, tudo 
organizado pelas senhoras e senhorinhas da sociedade como Dulce Ramalho, Ivete 
Bezerra, Maria do Céu Pereira Fernandes, Auriceta Galvão, Julia Coelho, Tonita 
Salustino, entre outras. (MELO, 1938) 
Desse modo, as novenas, a banda de música, as comunidades, os bailes 
e as quermesses começaram a ser introduzidos, dando um novo dinamismo aos 
festejos da padroeira ao longo dos anos na administração do Monsenhor Paulo 
Herôncio. 
Passada a morte do Monsenhor Paulo Herôncio de Melo, a partir de 1964, 
a festa de Sant’Ana passou a ser organizada pelo Padre Ausônio de Araújo Filho, 
34 
 
 
que estruturou toda parte sociocultural da festa com a introdução de carreata, 
cavalgada, bolo da festa, leilões, festa da nostalgia, jantar e feirinha de Sant’Ana, 
além da criação da festa do Agricultor, celebração essa dedicada ao homem e a 
mulher do campo, sendo conduzida pelo vigário da época, Padre José Dantas 
Cortez, que a mais de 30 anos celebrou essa festa, vindo a falecer em junho do ano 
2001. (SOUZA, 2008) 
Em sua mensagem de agradecimento no encerramento da festa de 
Sant’Ana do ano 2000, Araújo Filho (2001) relata o elo entre a festa e o sentimento 
de pertencimento com Currais Novos: 
 
A festa foi sonhada, preparada, vivida e chega a seu fim. Algo 
aconteceu de belo e grandioso. “A festa está animada” foi o coral de 
tantos corações. Quantos voltaram, nos visitaram, relembraram pais, 
amigos, infância, juventude, sonhos e amores. Quantos, com certeza 
aqui retornarão mais vezes. Os daqui e os dalém, visitantes e 
devotos. [...] A Festa se constitui-se num colorido de nuances e 
cores. Houve novenas, missas, confissões, feirinhas, campanhas, 
ornamentações belíssimas, artistas e exposições, belo coral sob a 
batuta de Jailson, encontros familiares, bandas de músicas, sorteios, 
quermesse, shows, parque de diversão, vaquejada, leilões tão 
parecidos com Luiz Bezerra, Zé Pinheiro, Zé Pereira e Seu José 
Evangelista. Não faltou coragem, nem animo das várias equipes. 
 
Com a morte do Padre Ausônio de Araújo Filho em fevereiro de 2001, a 
festa de Sant’Ana passou a ser coordenada pelo novo Pároco, Padre Welson 
Rodrigues do Nascimento, onde o mesmo deu continuidade a todas as atividades 
deixadas pelo padre Ausônio. 
Em 2021, a festa de Sant’Ana em Currais Novos completou 213 anos de 
história, sendo realizada no período de 16 a 26 de julho, comportando eventos 
religiosos e sociais em parceria com poder público e privado. Porém, a festa nos 
anos 2020 e 2021 se adaptam aos novos parâmetros de organização, vivenciados 
pela crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19. 
Dentro da festa de Sant’Ana, vários eventos são realizados, entre eles a 
tradicional Vaquejada, evento que tem sua importância histórica e cultural no 
município por ser um movimento praticado desde o ciclo do gado, no qual o Capitão-
mor Galvão realizava em suas terras as disputas com os vaqueiros, além das feiras 
de gado na vila, era o divertimento da comunidade na época. (ALVES, 1986) 
35 
 
 
Diante da instalação dos novos currais e o aumento na criação de gado, a 
vaquejada foi se tornando uma prática cotidiana em Currais Novos, aumentando as 
disputas entre os vaqueiros. 
De acordo com Alves (1986) mesmo diante da morte do Capitão-mor 
Galvão, a vaquejada continuou sendo praticada nos anos seguintes, sendo realizado 
nos currais novos das fazendas Bela Vista e São Bento, contando com grande 
participação dos visitantes. 
Com a expansão da cidade, a partir da década de 1970, o então prefeito, 
Dr. Silvio Bezerra de Melo constrói um novo espaço para a prática da vaquejada e 
institui oficialmente o evento no calendário turístico do município. Passar dos 
tempos, o parque recebe novas adaptações como estrutura de arquibancadas e 
camarotes de alvenaria. (ALVES, 1986) 
A vaquejada de Currais Novos tem mais de quarenta e cinco anos de 
tradição, realizado todos os anos no mês de julho, intercalando com a festa de 
Sant’Ana, o evento é realizado no Parque Dr. Silvio Bezerra de Melo, o qual conta 
com estrutura para shows, parque de diversão, praça de alimentação e espaço para 
os vaqueiros que vem de outras localidades. 
Assim como a festa de Sant’Ana nos anos 2020 e 2021, a vaquejada, 
nesses últimos dois anos também sofreu alterações, tendo sua programação 
cancelada, visto a crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
3. A FESTA DE SANT’ANA EM 2020 E 2021: ADAPTAÇÕES PERANTE A 
PANDEMIA DE COVID-19 
 
A festa de Sant’Ana, em Currais Novos, se consolidou através de uma 
tradição de mais de dois séculos de fé e devoção à santa padroeira do município. 
Uma manifestação que surge em meio à fundação da cidade. Desse modo, a 
cultura, os costumes e valores da época também foram transmitidos e atualizados 
através desta manifestação religiosa e cultural que os cristãos católicos da cidade 
celebram até os dias atuais. 
Uma das tradições existentes na festa é de que, quando termina os 
festejos do ano anterior, a paróquia, junto ao poder público já começa a se planejar 
para a festa do próximo ano. Porém, nos anos de 2020 e 2021, essa e outras 
tradições foram modificadas devido à proliferação do novo Coronavirus, doença que 
foi identificada ainda no final do ano de 2019 e que, logo se espalhou pelo mundo. 
Conforme apresentou-se na introdução, realizou-se uma pesquisa 
bibliográfica com livros e documentos cedidos pela Paróquia, Fundação Cultural e 
Biblioteca Municipal, além da pesquisa de campo e inserção na festa nos anos de 
2020 e 2021 com registros fotográficos e participação nas atividades religiosas e 
sociais do evento. 
Para Luna (2011), a pesquisa é essencialmente, a produção de um novo 
conhecimento. Abordando novos assuntos e teorias a cerca de uma determinada 
área do conhecimento. A pesquisa bibliográfica se deu através da obtenção de 
dados de materiais já publicados. A consulta foi realizada por meio de livros, 
revistas, jornais, e sites. Essa pesquisa consiste na base do estudo, onde o trabalho 
é complementadopor meio de uma base documental, ferramenta que auxilia na 
coleta de dados do trabalho acadêmico. 
Para Cervo, Bervian e Da Silva (2007), a pesquisa bibliográfica 
corresponde na explicação de um determinado problema a partir de pesquisas em 
referencias teóricas publicado em livros, artigos, dissertações e teses. 
Além da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo, foram realizadas 
entrevistas. De acordo com Cervo, Bervian, Da Silva (2007), a entrevista é uma 
conversa de cunho interrogatório, cujo objetivo é de recolher do informante, dados 
para a pesquisa. Desse modo, os resultados obtidos pela pesquisa foram 
analisados. 
37 
 
 
Diante disso, o primeiro subcapitulo apresentará os procedimentos iniciais 
para a contenção da doença, bem como os protocolos que foram exigidos para a 
realização da festa de Sant’Ana nos anos de 2020 e 2021 em Curais Novos. O 
segundo subcapítulo apresentará as atividades religiosas e sociais que foram 
realizadas na festa da padroeira nos últimos dois anos em meio à pandemia e o 
terceiro subcapitulo abordará a percepção dos organizadores do evento em meio às 
manifestações dos fiéis ao longo dos festejos. 
 
3.1 PANDEMIA DE COVID-19 E OS PROTOCOLOS PARA A REALIZAÇÃO DA 
FESTA 
 
Em dezembro de 2019, surgiu uma cepa do Coronavirus em Wuhan, na 
China. Identificada como SARS-CoV-2, a doença logo tomou proporções maiores de 
infecção pelo mundo. Em janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) 
declara um alerta a nível mundial, que logo estabeleceu estado de emergência 
pública, devido o rápido contágio da doença, sendo identificada como Covid-19. Em 
março do mesmo ano, a OMS caracteriza o novo Coronavirus como uma pandemia, 
onde o surto da doença pode ocorrer em várias partes do mundo. (OPAS, 2020) 
Diante disso, as autoridades civis do país começaram a declarar estado 
de calamidade na saúde devido aos altos casos da doença. Com isso, uma nova 
rotina começou a ser imposta para a população, com novos decretos, normas, 
procedimentos de higienização, protocolos sanitários, entre outros meios que foram 
estabelecidos nas cidades para que a doença fosse contida. 
Com a disseminação de Covid-19, vários costumes do cotidiano foram 
contraindicados e, até mesmo proibidos, como os eventos públicos e privados, 
encontros com amigos e familiares, o contato direto com as pessoas por meio do 
abraço ou aperto de mão, entre outros. Os protocolos sanitários como, o uso de 
máscara e de álcool em gel, distanciamento social e o fechamento de serviços não 
essenciais também fizeram parte dos procedimentos exigidos pelas autoridades de 
saúde, para que a doença não se alastrasse na população. 
Diante disso, algumas atividades que foram programadas, anteriormente, 
para a festa de Sant’Ana em 2020 foram canceladas, como vaquejada e feirinha, já 
outras, foram adaptadas ao novo contexto como as novenas e os leilões, 
38 
 
 
estabelecendo novas regras para que a festa, mesmo limitada aos fiéis, não 
deixasse de ser realizada. 
Em decorrência do aumento nos casos de Covid-19 no município e para 
que a festa no ano de 2020 fosse realizada, foi preciso fechar as portas da Igreja 
Matriz para que os fiéis participassem das festividades à padroeira apenas em casa, 
acompanhando as celebrações pelos canais de TV e rádio da cidade. 
A partir do presente estudo, identificou-se que, a festa de Sant’Ana para a 
comunidade católica do município e seus governantes, se consolida como um 
símbolo cultural para a cidade, um evento religioso importante para a economia e 
atividade turística da cidade. Uma tradição que existe há mais de duzentos anos, e 
que faz parte da cultura local. A festa está relacionada a relações identitárias, ou 
seja, ela faz parte da história dos cristãos católicos de Currais Novos, se 
apresentando como a identidade religiosa e cultural de um povo. 
A pesquisa foi realizada de forma descritiva e explicativa, através de uma 
pesquisa bibliográfica por meio de livros e documentos que contam a história da 
festa em meio à emergência de Currais Novos. Além da pesquisa bibliográfica, 
houve também a aplicação de entrevistas com questionários. Estive imerso nas 
atividades religiosas e sociais da festa, registrando por meio de fotografias, as 
diversas ações que eram estabelecidas na parte interna e externa da Igreja Matriz, 
bem como as atividades que foram realizadas no evento, sejam eles de forma 
presencial, virtual ou híbrido. 
A partir disso, serão apresentadas análises dos resultados obtidos por 
meio da pesquisa, no qual, tem como objetivo principal, analisar os impactos da 
pandemia de Covid-19 na festa de Sant’Ana de Currais Novos, nos anos de 2020 e 
2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
Figura 4: Festa de Sant’Ana 2020 sem a presença dos fiéis na Igreja Matriz 
 
Fonte: Facebook da paróquia de Sant’Ana, 2020. 
 
Diante da figura 4, observa-se que, a festa da padroeira no ano de 2020 
foi marcada pela ausência dos fiéis e devotos, que tiveram que ficar em suas casas 
obedecendo às exigências do isolamento social que foi estabelecido pelas 
autoridades de saúde na época. Apenas a equipe litúrgica composta pelos padres, 
coral, equipe de transmissão e funcionários da paróquia participaram 
presencialmente das atividades, já o público permaneceu em suas casas, 
acompanhando todo o evento pelas plataformas de comunicação como TV, rádios e 
redes sociais. 
Em 2021, a festa foi realizada com algumas flexibilizações, em 
decorrência da diminuição nos casos de Covid-19 no município. Com isso, as 
celebrações religiosas na Igreja Matriz contaram com a participação do público, 
porém de maneira limitada, respeitando o distanciamento social que ainda era 
estabelecido. Conforme identificado na inserção, o templo foi adaptado, com a 
colocação de adesivos de regulamentação para o distanciamento das pessoas nos 
bancos, o aferimento de temperatura nas portas da Igreja durante os dias do evento, 
o uso de máscara, bem como a aquisição de dispositivos de álcool em gel para 
todos os lugares do templo. 
 
 
 
40 
 
 
Figura 5: Adesivos de regulamentação para distanciamento social na Igreja Matriz de 
Sant’Ana 
 
Fonte: Arquivo pessoal, 2021. 
 
Conforme podemos identificar na figura 5, os bancos de madeira, 
dispostos em fileira na parte interna da Igreja Matriz, contavam com adesivos que os 
limitavam entre dois e três fiéis. Nos adesivos estava escrito “Atenção! Distância 
segura sente aqui.” 
Diante dos lugares preenchidos no interior da Igreja Matriz para as 
celebrações religiosas, o espaço externo que fica ao lado do templo também foi 
adaptado para comportar um número maior de fiéis na celebração. Assim como na 
parte interna da Matriz, as mesmas exigências sanitárias também foram exigidas 
para acompanhar as celebrações no local, como mostra a figura 6. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
 
Figura 6: Espaço externo ao lado da Igreja Matriz adaptado para a participação dos fiéis 
nas celebrações religiosas da festa 
 
Fonte: Arquivo pessoal, 2021. 
 
Podemos identificar na figura 6, que os fiéis estavam organizados em 
fileiras de cadeiras, garantindo um distanciamento de aproximadamente 1(um) metro 
de distância. Além disso, havia um telão ao lado da Igreja Matriz para que os fiéis 
pudessem acompanhar as celebrações religiosas. 
Nos últimos dois anos, a festa de Sant’Ana passou a contar com a 
parceria e fiscalização da Vigilância Epidemiológica do município, tendo um papel 
fundamental de estabelecer novas regras para a realização do evento em meio à 
pandemia de Covid-19. O uso de máscara, álcool em gel, distanciamento social e 
aferimento de temperatura fizeram parte dos protocolos nos festejos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
Figura 7: Trabalho de fiscalzação da vigilância epidemiológica na festa de Sant’Ana 
 
Fonte: Cláudio Dantas, 2021. 
 
Diante da figura 7, vemos o quanto a presençae a fiscalização da 
vigilância epidemiológica se tornou importante para a realização do evento, além da 
prevenção no contágio ao Covid-19. Todas as atividades que foram possíveis de 
realizar em praça pública durante a festa de Sant’Ana 2020 e 2021 contaram 
também com o apoio da polícia militar da cidade, para conter os fiéis em caso de 
aglomeração nas ruas e praças no entorno da Igreja Matriz. 
O próximo subcapítulo apresentará as atividades religiosas e sociais que 
foram realizadas durante o evento em 2020 e 2021, dentro do contexto de 
pandemia. 
 
3.2 ATIVIDADES REALIZADAS NA FESTA DE SANT’ANA 2020 E 2021 
 
A programação da festa de Sant’Ana de 2020 em Currais Novos, foi 
reformulada para que os cristãos católicos da cidade e região participassem das 
atividades religiosas e sociais de forma virtual, através dos canais de TV da cidade, 
rádios ou pelas redes sociais da paróquia. Outras atividades sociais da festa foram 
43 
 
 
realizadas em formato de Delivery3 (entrega de um produto na residência) e Drive 
Thru4 (adquirir um produto sem sair do carro). 
A festa de Sant’Ana em 2020 foi marcada por desafios devido às novas 
adaptações ao contexto de pandemia, mesmo assim, a festa foi realizada. Além da 
parceria com os poderes públicos e privados, o evento contou com a fiscalização 
das autoridades de saúde do município. Para fins de análise, esta sistematizado a 
programação da festa em 2020 nos quadros 1 e 2, conforme apresentado na 
sequência: 
 
Quadro 1: Programação da parte religiosa da festa de Sant´Ana 2020: 
PROGRAMAÇÃO FORMATO DO EVENTO 
16.07 (Quinta-feira) 
ABERTURA DA FESTA 
19h - Hasteamento das Bandeiras e Missa 
na Matriz de Sant’ Ana 
Virtual 
17.07 (Sexta-feira) 
19h - 1ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Virtual 
18.07 (Sábado) 
19h - 2ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Virtual 
19.07 (Domingo) 
19h – 3ª Novena e Missa na Matriz de 
Sant’Ana 
Virtual 
20.07 (Segunda-feira) 
19h – 4ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Virtual 
21.07 (Terça-feira) 
19h - 5ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Virtual 
22.07 (Quarta-feira) 
19h - 6ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Virtual 
23.07 (Quinta-feira) 
19h - 7ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Virtual 
24.07 (Sexta-feira) 
19h - 8ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Virtual 
 
3 O delivery é a entrega de um produto onde o seu cliente está, seja em casa, no trabalho ou algum 
outro lugar. 
4 O significado de Drive thru quer dizer o serviço de vendas de produtos, onde o cliente pode adquirir 
produto sem sair do carro. 
44 
 
 
25.07 (Sábado) 
19h - 9ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Virtual 
26.07 (Domingo) – DIA DE SANT’ANA 
DIA DO CURRAISNOVENSE 
10h – Missa Solene na Matriz de Sant’Ana 
16h – Sobrevoo da Imagem de Sant’Ana 
pela cidade 
17h – Missa de Encerramento da Festa 
Virtual 
Elaborado pelo autor, 2022. 
 
Quadro 2: Programação da parte social da festa de Sant’Ana 2020: 
PROGRAMAÇÃO FORMATO DO EVENTO 
16.07 (Quinta-feira) 
ABERTURA DA FESTA 
21h – Live Musica e Arte da festa com 
Chaguinha do Sax 
Virtual 
17.07 (Sexta-feira) 
15h – Live da Cavalgada com violeiros 
Virtual 
18.07 (Sábado) 
21h – Live da Nostalgia 
Virtual 
19.07 (Domingo) 
12h – Feijoada e live da festa 
Delivery, Drive Trhu e Virtual 
20.07 (Segunda-feira) 
21h – Live da amizade (show religioso) 
Virtual 
21.07 (Terça-feira) 
21h – Leilão 
Virtual 
22.07 (Quarta-feira) 
21h – Live do Comércio 
Virtual 
23.07 (Quinta-feira) 
21h - 1ª Noite Maior do Pavilhão 
Virtual 
24.07 (Sexta-feira) 
21h - 2ª Noite Maior do Pavilhão 
Virtual 
25.07 (Sábado) 
21h - 3ª Noite Maior do Pavilhão 
Virtual 
26.07 (Domingo) 
8h - Bolo da Festa 
Delivery e Drive Trhu 
Elaborado pelo autor, 2022. 
45 
 
 
De acordo com os quadros 1 e 2, percebe-se que, tanto a parte religiosa 
como social da festa de Sant’Ana no ano de 2020, se adaptaram ao modo virtual, 
com transmissão de novenas, leilões e apresentações culturais que animaram a 
programação da festa da padroeira. Essas atividades foram realizadas neste novo 
formato devido às incertezas que ocorriam mediante os decretos estabelecidos de 
acordo com a situação pandêmica, além de evitar aglomerações nos espaços 
públicos. 
A comissão organizadora da festa, formada pela paróquia, prefeitura e 
CDL, decidiram que todos os eventos religiosos e sociais fossem realizados de 
maneira virtual, com exceção da tradicional feijoada e do bolo da festa que foram 
realizados no formato “Delivery” e “Drive Thru”, para que as pessoas pudessem 
colaborar com a festa e a sobrevivência da paróquia durante o ano. 
A partir dos conceitos abordados neste estudo, a festa da padroeira que 
se faz tradição no município à mais de dois séculos e que acontece sempre no 
formato presencial, agora nos últimos dois anos, se entrelaçou com os avanços 
tecnológicos, passando a realizar suas atividades de maneira virtual. Com isso, o 
hibridismo e as mudanças culturais se fazem presentes ao longo da história da festa 
de Sant’Ana de Currais Novos, uma tradição religiosa que se modificou mediante a 
pandemia de Covid-19 e que agora, passa a utilizar dos meios de comunicação para 
dar continuidade aos festejos. 
Para Laraia (2001) essa cultura é dinâmica, formado por tradições que 
são passados através de gerações. Porém Burke (2013) relata que, essa dinâmica 
cultural passa por transformações ao longo do tempo, se misturando com outros 
bens culturais. Com isso, ocorre uma hibridização nas atividades da festa de 
Sant’Ana, que passa pelos avanços tecnológicos dos meios de comunicação, bem 
como a introdução de novas formas de realizar as atividades, através dos formatos 
“Delivery” e “Drive Thru”. 
Já em 2021, ocorreu uma flexibilização dos decretos de prevenção ao 
contágio de Covid-19. Com isso, a festa de Sant’Ana do corrente ano foi novamente 
adaptada ao contexto de pandemia assim como no ano anterior, porém, com 
abertura parcial da Igreja Matriz para a participação dos fiéis nas novenas. Para fins 
de análise, esta sistematizado a programação da festa em 2021 nos quadros 3 e 4, 
conforme apresentado na sequência: 
 
46 
 
 
Quadro 3: Programação da parte religiosa da festa de Sant’Ana 2021 
PROGRAMAÇÃO FORMATO DO EVENTO 
16.07 (Sexta-feira) 
ABERTURA DA FESTA 
19h - Hasteamento das Bandeiras e Missa 
na Matriz de Sant’Ana 
Presencial e Virtual 
17.07 (Sábado) 
19h - 1ª Novena e Missa na Matriz de 
Sant’Ana 
Presencial e Virtual 
18.07 (Domingo) 
19h - 2ª Novena e Missa na Matriz de 
Sant’Ana 
Presencial e Virtual 
19.07 (Segunda-feira) 
19h – 3ª Novena na Matriz de Sant’ Ana 
Presencial e Virtual 
20.07 (Terça-feira) 
19h – 4ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Presencial e Virtual 
21.07 (Quarta-feira) 
19h - 5ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Presencial e Virtual 
22.07 (Quinta-feira) 
19h - 6ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Presencial e Virtual 
23.07 (Sexta-feira) 
19h - 7ª Novena na Matriz de Sant’Ana 
Presencial e Virtual 
24.07 (Sábado) 
19h - 8ª Novena e Missa na Matriz de 
Sant’Ana 
Presencial e Virtual 
25.07 (Domingo) 
19h - 9ª Novena e Missa na Matriz de 
Sant’Ana 
Presencial e Virtual 
26.07 (Segunda-feira) – DIA DE SANT’ANA 
DIA DO CURRAISNOVENSE 
10h – Missa Solene na Matriz de Sant’Ana 
17h – Missa de Encerramento da Festa 
18h – Carreata de Encerramento da Festa 
Presencial e Virtual 
Elaborado pelo autor, 2022. 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
Quadro 4: Programação social da festa de Sant’Ana 2021 
PROGRAMAÇÃO FORMATO DO EVENTO 
16.07 (Sexta-feira) 
ABERTURA DA FESTA 
21h – Live Cultural 
Virtual 
17.07 (Sábado) 
21h – Live Cultural 
Virtual 
18.07 (Domingo) 
11h – Feirinha Gastronômica 
Delivery, Drive Trhu e Virtual 
19.07 (Segunda-feira) 
21h – Live Cultural 
Virtual 
20.07 (Terça-feira) 
21h – Live Cultural 
Virtual 
21.07 (Quarta-feira) 
21h – Live Cultural 
Virtual 
22.07 (Quinta-feira) 
21h – Leilão de Doces e Salgados 
Virtual

Continue navegando