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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Programa de Pós-Graduação Strictu Senso em Educação Física - PPGEF Mestrado em Educação Física Índice de adiposidade corporal como método para avaliação do porcentual de gordura em crianças e adolescentes. Discente: Tatianny de Macêdo Cesário Linha de Pesquisa: Avaliação do Desempenho Humano Orientador: Prof. Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinoco Cabral Coorientador: Prof. Dr. Roberto Fernandes da Costa Natal - RN 2021 Índice de adiposidade corporal como método para avaliação do porcentual de gordura em crianças e adolescentes. Tatianny de Macêdo Cesário Prof. Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinoco Cabral Prof. Dr. Roberto Fernandes da Costa Natal - RN 2021 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação Física. Universidade Federal do Rio Grande do Norte Programa de Pós-Graduação Strictu Senso em Educação Física - PPGEF Mestrado em Educação Física Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Física: Prof. Dr. Arnaldo Morttati Vice Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Física: Prof. Dr. Aguinaldo Cesar Surdi Natal - RN 2021 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS Cesário, Tatianny de Macêdo. Índice de adiposidade corporal como método para avaliação do porcentual de gordura em crianças e adolescentes / Tatianny de Macêdo Cesário. - 2021. 80f.: il. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Natal, RN, 2021. Orientador: Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinoco Cabral. Coorientador: Dr. Roberto Fernandes da Costa. 1. Composição corporal - Crianças - Dissertação. 2. Composição corporal - Adolescetes - Dissertação. 3. Absorciometria de fóton - Dissertação. 4. Índice de adiposidade corporal - Dissertação. I. Cabral, Breno Guilherme de Araújo Tinoco. II. Costa, Roberto Fernandes da. III. Título. RN/UF/BS-CCS CDU 616-071.3-053.2 Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263 Banca Examinadora: Prof. Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinoco Cabral (UFRN) Prof. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas (UFRN) Prof. Dr. Felipe Jose Aidar (UFSE) Natal - RN 2021 AGRADECIMENTOS Obrigado muito especial aos meus pais Severino dos Ramos Cesário e Geralda Lúcia de Macêdo Cesário, os quais sempre me deram tudo que foi possível para eu me tornar uma pessoa perseverante. Gostaria de agradecer ao projeto Forças no Esporte da estação Radiogoniométrica da Marinha de Natal/ RN. Ao coordenador do projeto Capitão Luciano Bispo, colaboradores e professores que participaram efetivamente para o processo acontecer e se concretizar. À confiança, a paciência de grande ajuda do meu amigo Paulo Almeida que desde o início me auxiliou na realização desse sonho. Aos integrantes do Grupo de Estudo e Pesquisa em Maturação de Crianças e Adolescentes (GEPMAC) agradeço a participação e contribuição dada a esta pesquisa. A todos, o meu sincero agradecimento. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Referentes a Unidades de Medidas cm – Centímetros m – Metros m² - Metros Quadrados g – Gramas g / cm² - Gramas por Centímetros Quadrados kg – Quilogramas kgf – Quilogramas Força % - Porcentual Referentes à Morfologia Corporal MM – Massa Corporal Magra Total DMO – Densidade Mineral Óssea CMO – Conteúdo Mineral Ósseo G % – Porcentual de Gordura Corporal Referentes a Equipamentos DEXA - Absorciometria por Emissão de Raio-X de Dupla Energia Referentes às Análises Estatísticas n°- Número α– Alfa (Significância da probabilidade de rejeição da hipótese nula quando ela é verdadeira) r– Coeficiente de Correlação r² - Coeficiente de Explicação β –Beta (Coeficiente Angular da Regressão) p – Coeficiente de Significância Estatística F – Coeficiente da razão entre o modelo analisado e o seu erro ES – Effect Size (Tamanho do Efeito) IC 95% - Intervalo de Confiança de 95 % LISTA DE TABELAS Artigo I -Avaliação do índice de adiposidade corporal em relação à absorciometria de raio-X de dupla energia para avaliar a composição corporal em crianças e adolescentes Tabela 1 - Caracterização da amostra 3 0 Tabela 2 - Correlações das variáveis de estudo com o IAC. 3 1 Tabela 3 - Comparações com IAC. 3 1 Tabela 4 - Coeficiente de reprodutibilidade 3 3 Tabela 5 - Erro técnico de medição (intra-avaliador) 3 3 Artigo II -Índice de adiposidade corporal para analisar o porcentual de gordura em homens jovens com idade entre 7 e 17 anos Tabela 1 - Caracterização da amostra. 3 7 Tabela 2 - Modelo matemático do Índice de Adiposidade Corporal Ajustado. 3 8 Tabela 3- Correlações do DEXA com IAC e do DEXA com IACADJ. 3 8 Tabela 4- Comparações entre os métodos DEXA, IAC e IACADJ. 3 9 Tabela 5-Coeficiente de Correlação Intraclasse entre os métodos. 3 9 LISTA DE FIGURAS Metodologia Artigo I- Avaliação do índice de adiposidade corporal em relação à absorciometria de raio-X de dupla energia para avaliar a composição corporal em crianças e adolescentes 29 Figura 1- Comparação do desempenho neuromuscular entre diferentes esportes. 32 Figura 2- Gráfico de Bland-Altman na amostra segmentada por sexo e na amostra total. 34 Artigo II- Índice de adiposidade corporal para analisar o porcentual de gordura em homens jovens com idade entre 7 e 17 anos Figura 1- Análise de regressão linear do IAC e IACajustado em relação ao DEXA. 40 Figura 2- Limites de concordância de Bland-Altman linear do IAC e IACajustado em relação ao DEXA. 41 RESUMO Índice de adiposidade corporal como método para avaliação do porcentual de gordura em crianças e adolescentes Autora: Tatianny de Macêdo Cesário Orientador: Prof. Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinoco Cabral Coorientador: Prof. Dr. Roberto Fernandes da Costa É importante avaliar a proporção de massa magra e massa gorda de crianças e adolescentes, considerando a busca por rendimento esportivo e aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade. O modelo matemático para determinar o índice de adiposidade corporal (IAC) utiliza a antropometria para estimar a porcentagem de gordura corporal (G%). O modelo foi originalmente validado para adultos. Todavia, para a população pediátrica, o IAC foi testado e apresentou fragilidades, sugerindo que se fazia necessário ajustar sua estrutura aritmética para uso em pediátricos. O objetivo do estudo foi analisar o IAC como um método de estimativa do G% em crianças e adolescentes, bem como, ajustar o IAC para o seu uso em populações pediátricas. A amostra foi composta por 247 jovens, sendo 44 do sexo feminino (11,5 ± 1,80 anos) e 203 do sexo masculino (13,6 ± 2,60 anos). O G% foi avaliado por Absorciometria de Raios-X de Dupla Energia (DEXA) e pelo IAC. As análises do G% por DEXA e IAC foram fortemente correlacionadas (meninos: r = 0,71, p<0,0001; meninas: r = 0,72, p<0,0001). As análises de regressão linear mostraram que o IAC é significativo para estimar o G% em sujeitos de ambos os sexos (p<0,0001). Nos meninos, as análises de G% realizadas pelo IAC e DEXA não mostraram diferenças quando comparadas(p = 0,2), entretanto, houveram diferenças significantes para as análises no sexo feminino (p<0,05). Além disso, o IAC apontou viés de proporção significativo para ambos os sexos (p<0,0001), o que sugere sua ineficiência na análise de G%. Desta forma, realizamos o ajuste aritmético do IAC para os sujeitos do sexo masculino, o modelo matemático ajustado foi denominado de índice de adiposidade corporal ajustado (IACADJ). IAC e IACADJ se correlacionaram com DEXA de forma significante (r≤700, p <0,001). IAC (95% IC β: [1,35; 1,90], p <0,0001) e IACADJ (95% IC β: [1,40; 1,90], p < 0,0001) foram apontados como bons preditores do G%. Contudo, IAC apontou diferença significante em relação ao DEXA (p=0,04). Enquanto não houve diferença entre IACADJ e DEXA (p=0,1). Em adição, não houve viés de proporção para o IACADJ (p>0,05). Assim, concluímos que as análises do porcentual de gordura por índice de adiposidade corporal e Absorciometria de Raios-X de Dupla Energia se correlacionam, entretanto o índice de adiposidade corporal não é eficaz em estimar o porcentual de gordura em população pediátrica de ambos os sexos. Concluimos ainda, que o índice de adiposidade corporal ajustado desenvolvido pelo presente estudo se mostrou ser uma ferramenta eficaz para a estimativa do porcentual de gordura em crianças e adolescentes do sexo masculino. Palavras-Chave: Composição corporal; Índice de Adiposidade Corporal; Absorciometria de Fóton; Criança; Adolescente. ABSTRACT Body adiposity index as a method for assessing the percentage of fat in children and adolescents Author: Tatianny de Macêdo Cesário Advisor: Prof. Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinoco Cabral Co-Advisor: Prof. Dr. Roberto Fernandes da Costa It is important to clarify the association of lean and fat mass among children and adolescents, considering the search for sports performance or with the increased prevalence of overweight and obesity. The body adiposity index (BAI) uses anthropometry to estimate the percentage of body fat (F%). It is a valid equation for some population groups. However, for the pediatric population, the BAI presents weaknesses, and it is necessary to adjust its aritmetic structure for use in children and adolescents. The aim of this study was to analyze the as a method of measurement of fat percentage in children and adolescents, as well as to adjust the BAI for its use in pediatrics. The sample consisted of 247 children and adolescents, 44 female (11.5 ± 1.80 years) and 203 males (13.6 ± 2.60 years). F% was evaluated by Dual Energy X-Ray Absorptiometry (DEXA) and IAC. The analyses of F% by DEXA and BAI were strongly correlated (boys: r = 0.71, p<0.0001; girls: r = 0.72, p<0.0001). Linear regression analyses showed that IAC is significant for estimating F% in subjects of both sexes (p<0.0001). However, although for boys, the F% analyses performed by BAI and DEXA showed no differences when compared (p= 0.2), there were significant differences for the analyses in females (p<0.05). In addition, the BAI showed a significant proportion bias for both sexes (p<0.0001), which suggests its inefficiency in the analysis of F% by the BAI, thus, the aritmetic adjustment of the BAI was necessary and successful for the male subjects, reaching the mathematical model named in the present study of adjusted body adiposity index (BAIADJ). BAI and BAIADJ correlated with DEXA significantly (r≤700, p <0.001). BAI (95% CI β: [1.35; 1.90], p <0.0001) and BAIADJ (95% CI β: [1.40; 1.90], p < 0.0001) were pointed out as good prdtors of F%. However, BAI showed a significant difference in relation to DEXA (p=0.04). While there was no difference between BAIADJ and DEXA (p=0.1). In addition, there was a bias in proportion to BAI (p <0.05), but not to BAIADJ (p>0.05). Thus, we conclude that F% analyses by BAI and DEXA correlate, however the BAI is not effective in estimating F% in pediatrics of both sexes. We also concluded that the BAIADJ developed by the present study proved to be an effective tool for an analysis of F% in male children and adolescents, demonstrating significant degrees of agreement and validity in relation to the analyses of F% performed in DEXA. Keywords: Body composition; Body Adiposity Index; Absorptiometry, Photon; Child; Adolescent. SUMÁRIO Agradecimentos 05 Lista de Abreviaturas e Siglas 06 ‘Lista de Tabelas 07 Lista de Figuras 08 Resumo 09 Abstract 10 1. INTRODUÇÃO 12 2. OBJETIVOS 14 2.1. Objetivo Geral 14 2.2. Objetivos Específicos 14 3. REFERÊNCIAL TEÓRICO 15 3.1. Composição Corporal e Esporte 15 3.2. Composição corporal em crianças e adolescentes 16 3.3. Estágios da puberdade e composição corporal 17 3.4 Métodos de análises da composição corporal 20 4. METODOLOGIA 21 4.1. Assuntos do Estudo 21 4.2. Tamanho da Amostra 22 4.3. Critérios de inclusão e exclusão 22 4.4. Ética em Pesquisa 23 4.5. Procedimentos 23 4.5.1. Análise da Morfologia Corporal 24 4.5.2. Análise Antropométrica 24 4.5.3. Verificação dos Estágios de Maturação Biológica 25 4.6. Análise Estatística 26 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 29 5.1. Artigos Produzidos 34 5.2. Resultados Artigo I - Avaliação do índice de adiposidade corporal em relação à absorciometria de raio-X de dupla energia para avaliar a composição corporal em crianças e adolescentes 34 5.2.1 Discussão Artigo I 34 5.3. Resultados Artigo II - Calibração do Índice de Adiposidade Corporal para análise do Porcentual de Gordura em crianças e adolescentes de sete a 17 anos 37 5.3.1 Discussão Artigo II 41 6. CONCLUSÃO 43 7. REFERÊNCIAS 45 8. ANEXOS 53 8.1. TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 53 8.1.2. TALE - Termo de Assentimento Livre e Esclarecido 56 9. APÊNDICES 59 9.1. STROBE – Chek in list Streng thening there porting of observational studies in epidemiology (Fortalecimento da comunicação de estudos observacionais em epidemiologia) 59 9.2. Artigo I – Comprovante de Publicação (Texto na Integra) 61 9.2.1. Artigo II – Comprovante de Publicação (Texto na Integra) 72 14 1. INTRODUÇÃO A busca por parâmetros morfológicos de atletas de elite, capazes de auxiliar na identificação de um talento esportivo é algo constantemente realizado por profissionais do esporte (Pion et al., 2014; Malina et al., 2015; Pion et al., 2017). Neste sentido, a morfologia corporal com menor quantidade de tecido adiposo tem sido associada a um melhor desempenho de atletas de diversas modalidades esportivas (Chaabene et al., 2012; Mello et al., 2015; Azimi et al., 2016; Silveira, 2019; Wazi et al., 2019). Uma forma indireta de monitorar a adiposidade corporal tem sido o controle da massa corporal total (Teixeira et al., 2013). Apesar das informações de massa corporal permitirem monitorar as mudanças resultantes de programas de exercícios e/ou dietas administradas para melhorar a saúde ou o desempenho esportivo, é inviável quantificar se as alterações morfológicas foram no tecido magro ou gordo (Teixeira et al., 2013) Entre os métodos mais confiáveis para a análise da composição corporal está a absorciometria de raios-X de dupla energia (DEXA), que é uma técnica computadorizada para avaliar a massa magra, óssea e gorda (Souza et al., 2014). A DEXA apresenta vantagens em fornecer medidas dos componentes corporais e é considerado um padrão ouro para a medida da composição corporal na literatura científica, no entanto, o uso em larga escala não é viável (Sant’Anna et al., 2009). Além de ter um custo elevado, existe também a dificuldade de logística nas avaliações de campo em relação ao transporte do DEXA (Paiva et al., 2002). Portanto, os profissionais de saúde são incentivados a fazerem uso da técnica antropométrica, como por exemplo a estimativa da gordura corporal por modelos matemáticos baseados em dimensõesdo corpo humano, que é de baixo custo financeiro e viável para realizar avaliações diárias na prática esportiva ou na rotina de profissionais de saúde. Em crianças e adolescentes, alguns estudos têm proposto equações preditivas de gordura usando medidas de dobras cutâneas (Filgueiras et al., 2018, Wendel et al.,2017). Porém, a técnica de medida da espessura de dobras cutâneas requer treinamento intensivo e atenção a uma série de fatores para evitar medidas 15 errôneas e comprometimento do processo de avaliação (Karupaiah et al., 2018). Embora esses erros possam ocorrer devido à diversidade das características físicas da população investigada, a principal causa ainda são as variações técnicas inter e intraexaminadores (Machado et al., 2008). Esses erros de variabilidade incluem o intervalo de tempo entre as medidas ou tempo de leitura da medida, multiplicidade de padrões na marcação dos pontos anatômicos e a padronização da abertura do dedo para pinçamento, além de inconsistência na técnica de manuseio do adipômetro (Glock et al., 2017). Recentemente um novo protocolo antropométrico tem sido utilizado, o índice de Adiposidade Corporal proposto (IAC) por Bergman et al., (2011) que é composto por medidas antropométricas (perímetro do quadril e estatura) incluídas em uma equação matemática para estimar a gordura corporal. As validações foram confirmadas ou contestadas em outros países (Estados Unidos, México) e no Brasil (Lam et al., 2015, Segheto et al., 2017, Bernhard et al., 2017, Silva et al., 2017). O IAC é uma ferramenta simples e com potencial uso em larga escala, mas ainda precisa ser investigada com mais detalhes em crianças e adolescentes (Filgueiras et al., 2019). Alguns estudos têm sugerido sua boa aplicabilidade e estimulam novas pesquisas neste aspecto, havendo ainda a necessidade de validação, calibração ou de correção do índice (Freedman et al, 2012; Filgueiras et al., 2019). Deste modo, destacamos que no contexto esportivo as análises dos padrões morfológicos são comuns, e muitas vezes durante o processo de seleção de jovens talentos no esporte, os técnicos utilizam de empirismo baseado em experiências pessoais para determinar se os jovens atletas estão próximos ou distantes de uma margem julgada como adequada em relação aos aspectos da composição corporal (Pion et al., 2014; Pion et al., 2017). Assim, o uso de ferramentas que tragam praticidade e que tenham baixo custo financeiro, desde que baseadas em um padrão ouro, é importante e agregador para a rotina dos profissionais do esporte, viabilizando uma informação rápida e eficiente para o processo esportivo (Gonçalves et al.,2014; Couto et al., 2013; Sulino et al., 2012; Willoughby et al., 2018; Almeida-Neto et al., 2020a; 2020b; De Macedo Cesário et al., 2020). Diante dos pressupostos, o presente estudo traz a hipótese de que: O Índice de Adiposidade Corporal (IAC) é um método válido para analisar o porcentual de 16 gordura em crianças e adolescentes. Entende-se, assim, que ao melhorar a avaliação feita pelo IAC, minimizando possíveis erros e compreendendo melhor o manejo dessa ferramenta, os profissionais do esporte saberão como quantificar e classificar de forma precisa e descomplicada o porcentual de gordura da criança e adolescente avaliados. Dessa forma, o problema do estudo está centrado no desenvolvimento de um modelo preditivo da adiposidade corporal (baseado no IAC) para crianças e adolescentes com validade e aplicabilidade para os profissionais da área. 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo geral Desenvolver um modelo preditivo de adiposidade corporal baseado no proposto por Bergman et al., 2011 para crianças e adolescentes. 2.2. Objetivos Específicos (i) Verificar a correlação da análise do porcentual de gordura do índice de adiposidade corporal com as análises do DEXA; (ii) Testar a validade do Índice de Adiposidade Corporal para a avaliação do porcentual de gordura em crianças e adolescentes de ambos os sexos; (iii) Analisar a capacidade do índice de adiposidade corporal em avaliar o porcentual de gordura em crianças e adolescentes. 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. Composição Corporal e Esporte A composição corporal reflete a acumulação dos nutrientes e substratos energéticos constituindo, em termos gerais, a quantidade e proporção de massa gorda e massa magra, que são componentes importantes tanto para o desempenho esportivo quanto para a saúde física (Willoughby et al., 2018). A composição corporal de atletas pode variar de acordo com o tipo de esporte, sexo, frequência e duração de cada sessão de treino (Hector e Phillips, 2018; Galetta et al., 2015; Ramirez-Velez et al., 2014; Santos et al., 2014; Zapolska et al., 2014). 17 As demandas físicas impostas aos atletas requerem um grande volume de movimentos, sprints, agilidade, por exemplo, (Roschel et al., 2011). Devido a estas características o padrão morfológico de atletas tem sido visto como um parâmetro confiável para a seleção de jovens talentos esportivos (Pion et al., 2017; Zhao et al., 2020). A saúde ideal é uma pré-condição para o melhor desempenho esportivo, e a composição corporal desempenha um papel crítico na saúde do atleta (Muller et al., 2016). Além de impactar negativamente o desempenho esportivo, os valores desordenados da composição corporal podem ser prejudiciais e estar relacionados à baixa densidade óssea, disfunção menstrual, hábitos alimentares irregulares e o aparecimento de fatores de risco para doenças cardiovasculares (Fortes et al., 2013). Geralmente, baixo porcentual de massa gorda e alta massa livre de gordura são favoráveis para atletas e fornecem a base para habilidades técnicas específicas do esporte e atividades locomotoras (Turnago, 2016). Em um estudo recente do nosso grupo, foi exposto que jovens atletas de elite de seis modalidades esportivas distintas, que apresentavam padrões morfológicos com predominância de massa magra e baixo porcentual de gordura corporal, apontaram melhor desempenho neuromuscular de membros superiores e inferiores em relação aos seus pares que apontavam menores índices de massa magra (Almeida-Neto et al., 2020). Em adição, destaca-se que o porcentual de gordura corporal e a massa magra podem se relacionar ao desempenho do salto vertical, tempo de sprint, potência relativa e força máxima, capacidades de extrema importância esportiva (Alves Junior et al 2017). Desta forma, ter eficiência no monitoramento do excesso de gordura corporal em crianças e adolescentes atletas pode ser útil para aumentar as chances aumento do sucesso durante a execução de habilidades neuromusculares (Silva et al., 2013). 3.2. Composição corporal em crianças e adolescentes Estudos sobre o metabolismo energético durante a infância apontam que a capacidade anaeróbica em crianças é menor comparada ao verificado em indivíduos 18 adultos, deste modo, a predominância do metabolismo aeróbico em crianças favorece o uso de gordura corporal para a produção de energia poe meio do sistema do ciclo de Krebs (i.e., respiração celular que utiliza gordura como fonte de energia), o que pode influenciar no balanço entre massa magra e massa gorda no organismo da criança e do adolescente (Riddell et al., 2008; Eriksson et al., 1971; Eriksson et al., 1974, Berg et al., 1986; Haralambie, 1982; Timmons et al., 2003; Petersen, 1999). Sabe- se também que crianças e adolescentes durante a prática de exercícios físicos apresentam menor razão de trocas respiratórias (R) durante exercícios submáximos, realizados em uma mesma intensidade relativa que adultos, sugerindo que as crianças oxidam mais gordura e menos carboidratos (CHO) para suprir a demanda energética do exercício (Siervogel et al., 2003). Comprendendo o metabolismo energético de crianças e adolescentes, é importante verificar que os fatores morfológico,fisiológico ou bioquímico podem sofrer alterações de forma isolada durante o processo pubertário (Malina; Bouchard, 2002). Cabe ressaltar que o conhecimento da associação entre desenvolvimento pubertário e composição corporal possibilita o planejamento e a prática de medidas de intervenção, no sentido de evitar desordens metabólicas (Barbosa et al., 2006). Entre as modificações na composição corporal que ocorrem durante a puberdade, destacam-se aqueles referentes ao tecido adiposo. Host e Grimaldi, (2002), ressaltaram que o tecido adiposo se constitui em um órgão com atividade endócrina, sendo os adipócitos os responsáveis pela secreção de adipocinas, entre elas a leptina, a adiponectina e a resistina. Essas substâncias têm atividade hormonal e regulam o metabolismo de lipoproteínas, a homeostase vascular e a função fibrinolítica, e ainda desempenham efeitos pró ou anti-inflamatórios. Complementando, Roemmich et al., (2003), afirmam que, predominantemente no sexo feminino, os níveis séricos de leptina correlacionam-se positivamente com o porcentual de gordura corporal durante a puberdade. O acúmulo de tecido adiposo, bem como, sua distribuição, modula a resistência à insulina nesse período. As modificações que ocorrem na adolescência, durante a puberdade, exercem maior influência no risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, quando comparadas àquelas que ocorrem na infância. Guo et al., 19 (2002), afirmam que entre crianças obesas de oito a 13 anos de idade, a obesidade se manteve na vida adulta em 33% dos indivíduos do sexo masculino e 50% do feminino. Em adolescentes obesos, entre 13 e 18 anos de idade, a obesidade se manteve na vida adulta em 50% e 66%, no sexo masculino e feminino, respectivamente (Lamounier, 2021). Diante dos pressupostos, a avaliação de composição corporal na adolescência auxilia no controle das modificações morfológicas que sofrem alterações decorrentes do processo maturacional (Miranda et al., 2014). Dessa forma, Siervogel et al. (2000) e a Organização Mundial da Saúde (WHO, 1995) ressaltam a importância de se considerar marcadores biológicos para o início e o final do estirão puberal e controle do desempenho. Tais marcadores possibilitam predizer o estágio de desenvolvimento puberal em que o adolescente se encontra e podem ajudar a traçar perfis morfológicos em relação aos estágios de puberdade (Malina; Bouchard, 2002). 3.3. Estágios da puberdade e composição corporal A puberdade pode ser classificada em três estágios maturacionais em relação à idade cronológica, sendo eles: Atrasado, sincronizado e acelerado (Malina; Bouchard, 2002; Scheffler; Hermanussen, 2018). Neste sentido, cada estágio maturacional é caracterizado por mudanças fisiológicas singulares que provocam alterações morfológicas distintas na estrutra corporal de crianças e adolescentes (Malina et al., 2015; Scheffler; Hermanussen, 2018; Almeida-Neto et al., 2020a). Desta forma, torna-se importante para o profissional da saúde e do esporte conhecer as particularidades dos estágios maturacionais em relação as alterações morfológicas (Almeida-Neto et al., 2020b; Wondisford, 2020). Durante o estágio maturacional atrasado ou pré-púbere, em relação ao esqueleto humano a presença de cartilagem nas articulações ósseas é abundante devido ao processo de crecimento estar ocorrendo constantemente nos jovens (Malina; Bouchard, 2002; Cabral et al., 2016). Em nível metabólico essa fase é caracterizada pela produção aeróbica de energia celular, o que gera um maior consumo de células de gordura para o funcionamento biológico, neste sentido é importante que as crianças tenham uma alimentação de qualidade, pois na mesma proporção em que o organismo realiza uma metabolização acentuada de tecido 20 adiposo ele também pode armazená-lo, esse fato ocorre devido ao mecanismo de sobrevivência celular que visa a mater fontes biológicas de energia à disposição das células biológicas (Siervogel et al., 2003). Destaca-se que nesse período de amadurecimento da puberdade não existem distinções pontuais entre o funcionamento fisiológico de sujeitos do sexo masculino e feminino, apesar da interferência do fenótipo a morfologia corporal irá receber estímulos fisiológicos similares independente do sexo (Loomba-Albrecht; Styne, 2009; Scheffler; Hermanussen, 2018). Sujeitos com maturidade biológica atrasada são caracterizados pelo corpo em estágios iniciais de crescimento e pela predominância de maior tecido cartilaginoso e adiposo (Loomba-Albrecht; Styne, 2009). Durante o estágio de puberdade sincronizado ou púbere, iniciam as divergências entre os sexos masculino e feminino, durante essa fase da vida os mecanismos endócrinos começam a preparar o organismo humano para a fase de transição entre a puberdade e a vida adulta (i.e., estágio de puberdade acelerado ou pós-púbere), neste sentido, ocorrem os picos de produções dos hormônios sexuais esteroides, sendo que para as meninas destaca-se o estradiol e para os meninos a testosterona (Malina; Bouchard, 2002; Scheffler; Hermanussen, 2018; Almeida- Neto et al., 2020b; De Almeida-Neto et al., 2020). Desta forma, nos meninos os níveis de testosterona favorecem a aceleração do fechamento das epífises ósseas no esqueleto e desencandeiam mecanismos anabólicos que ampliam a via glicolítica no metabolismo, caracterizada pela produção de exergia com base em fosfocreatina, o que favorece o aumento da massa magra e a redução do tecido adiposo (Malina; Bouchard, 2002; Scheffler; Hermanussen, 2018). Em estudo recente, o nosso grupo identificou que meninos que estavam sincronizados em relação a puberdade apontavam maiores concentrações de testosterona, menor tecido adiposo e superioridade de massa magra em comparação aos seus pares que estavam es em estágio atrasado de puberdade (Almeida-Neto et al., 2020). Em relação às meninas, além do aumento dos níveis de estradiol devido à acentuação da ativação do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal ocorrem reações em cadeia que vão iniciar o processo de ovulação, ou seja, a preparação do organismo feminino para a reprodução, isto ocasiona a menarca, que deste ponto 21 em diante irá fazer parte do ciclo de vida feminino (Goswami et al., 2014; De Almeida-Neto et al., 2020). Com a presença do ciclo menstrual, o organismo feminino irá precisar de uma fonte segura para a produção de energia celular, em especial ao considerar que durante o ciclo menstrual sujeitos do sexo feminino estão expostos a uma maior desidratação corporal e instabilidade do metabolismo devido a perda de sangue (Owen, 1975; Harlow; Ephross, 1995; Silberstein; Merriam, 2000). Deste modo, a via metabólica aeróbia oferece uma produção de energia celular mais estável em relação a via metabólica glicólitica, deste modo, é natural que meninas que estão na fase sincronizada de puberdade apresentem maior adiposidade corporal em relação aos meninos, o organismo feminino irá aumentar as reservas de adipócitos devido ao uso de energia aeróbica em especial durante os ciclos menstruais (Owen, 1975; Harlow; Ephross, 1995; Silberstein; Merriam, 2000; Hall, 2019). Na fase acelerada ou pos-púbere, é quando os organismos masculinos e femininos estão prontos para iniciar a vida adulta, neste momento da vida os sistemas reprodutores masculinos e femininos já estão caracterizados e prontos para o início de uma vida sexual ativa (Goswami et al., 2014; Malina; Bouchard, 2002; Scheffler; Hermanussen, 2018). Assim, os níveis hormonais androgênicos circulantes nos organismos masculino e feminino acentuam a libido e a busca por um parceiro amoroso, nesta fase a morfologia corporal masculina é marcada pela superioridade de estatura e de massa magra em relação à morfologia feminina que apresenta menor estatura e maiores concentrações de tecido adiposo, neste ponto da vidao estilo de vida torna- se determinante para a influência da morfologia corporal e do balanço entre massa magra e gorda, podendo gerar reflexos na saúde e no desempenho físico (Malina; Bouchard, 2002; Scheffler; Hermanussen, 2018; Wondisford, 2020). 3.4. Métodos de análise da composição corporal Métodos relativamente simples e de menor custo financeiro e operacional têm recebido a preferência de profissionais nas áreas de saúde e do esporte para a 22 avaliação da composição corporal em diferentes populações. Todavia, para obtenção de diagnósticos mais confiáveis e menos suscetíveis a equívocos de interpretação, é necessário que esses métodos sejam validados a partir de modelos confiáveis, com análise baseada em procedimentos estatísticos adequados (Silva et al., 2013). Em crianças e adolescentes a avaliação da composição corporal parece ser um desafio ainda maior, uma vez que de acordo com a fase de crescimento e maturação biológica existe uma grande variação nos diversos componentes corporais (água, proteínas, minerais etc.) desde o nascimento até a idade adulta. Essa variação pode afetar de forma significativa a estimativa da massa de gordura (MG) e da massa livre de gordura (MLG), sobretudo em modelos bicompartimentais. Além disso, outros fatores tais como sexo e etnia, podem favorecer o aumento dos erros de estimativa desses componentes (Silva et al., 2013). Ao longo do tempo inúmeras diferenças podem ser observadas nos estudos de validação de métodos para estimativa confiável dos diferentes componentes corporais, seja com relação à amostra estudada, métodos e técnicas empregadas, bem como no tratamento das informações. Assim, ao se analisar os dados disponíveis na literatura é fundamental checar o método utilizado, a qualidade das medidas obtidas e a análise estatística empregada para o tratamento das informações produzidas (Danilo et al., 2013). Nesse sentido, os procedimentos estatísticos mais empregados historicamente para esse propósito têm sido o teste t de Student e os coeficientes de correlação simples (r) e de determinação (r2). Entretanto, os principais investigadores da área da composição corporal têm indicado que esses métodos, de forma isolada, não parecem ser suficientes para discriminar a qualidade das medidas obtidas, principalmente por não permitirem a realização de qualquer inferência sobre a concordância dos valores individuais. Portanto, o que se espera é que o método seja submetido a uma análise não somente dentro do conjunto de valores, mas também na avaliação individual, de modo que a tomada de decisão clínica possa ser mais segura em diferentes situações (Wells et al., 1986; Bland e Altman., 1986; Sopher et al., 2004). Bergman et al. (2011) propuseram o Índice de Adiposidade Corporal (IAC) que identifica, de forma menos invasiva e mais prática, o excesso de gordura corporal por meio de uma equação composta apenas por duas medidas 23 antropométricas, a estatura e o perímetro de quadril. Os estudos acerca do IAC na população geral demonstram que o índice superestima ou subestima a porcentagem de gordura corporal em comparação a outros métodos já publicados na literatura (Segheto et al., 2018). Nas investigações de análise da equação com adolescentes, os estudos constatam associações positivas, médias, baixas e que em maioria há superestimação ou subestimação dos valores da gordura corporal quando comparado a um padrão ouro, como o DEXA, ou equações preditivas de gordura por dobras cutâneas (Frignani et al., 2015; Souza et al., 2016). Ainda que não há consenso na literatura quanto a sua validade na população geral (Cerqueira et al., 2018), é necessário considerar que o IAC parece ter melhores resultados para estimar gordura corporal em pessoas com baixos porcentuais de gordura (Filgueiras et al., 2018). Partindo do pressuposto de que adolescentes atletas podem apresentar porcentuais de gordura mais baixos que adolescentes não atletas, nosso estudo apresenta a hipótese de que o IAC pode ser mais preciso na aferição e útil para a prática esportiva, podendo ser utilizado por profissionais do esporte em avaliações de rotina. Auxiliando o profissional a traçar metas para ajuste do percentual de gordura. 4. METODOLOGIA 4.1. Desenho do Estudo O estudo foi observacional do tipo transversal, caracterizado por um único “corte” de coleta de dados sem um segmento longitudinal (Thomas e Nelson, 2012). A amostra foi composta por 247 crianças e adolescentes de ambos os sexos com idades entre 7 e 17anos (sendo 58% do sexo masculino e 42% do sexo feminino), selecionados por conveniência. Os participantes eram membros de clubes esportivos da cidade de Natal localizada no estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Destaca-se que, de acordo com Matsudo, Rivet e Pereira (1987), os participantes do presente estudo são classificados como atletas de nível III (Em uma escala crescente de I a VI) caracterizados por realizarem educação física escolar, por fazerem parte de uma equipe esportiva e por participarem de competições esportivas regionais. 24 4.2. Tamanho da Amostra Com base no método de Sounis (1971), o tamanho da amostra foi definido a priori levando em consideração os estudos de Almeida-Neto et al., (2020) e Filgueiras et al., (2011) consideramos a variável porcentual de gordura (G%) analisada pela DEXA em ambos os estudos e a analisada pelo IAC no estudo de Filgueiras et al., (2019). Neste sentido, com base nos estudos anteriores, foi adotado um α<0.05 e um β = 0.80, e um effect size = 0.80. Deste modo, o poder amostral para uma amostra mínima de 40 sujeitos foi calculada entre 80 e 93% para as análises do G% com DEXA e em 83% para as análises com IAC, e a probabilidade de erro apontada para o tamanho da amostra foi menor que 5%, indicando que a amostra mínima de 40 sujeitos por grupo possuiria confiançade 95% para responder ao objetivo do presente estudo. O software de acesso aberto R (versão 4.0.1; R Foundation for Statistical Computing®, Viena, Áustria), foi utilizado para a realização do cálculo amostral. 4.3. Critérios de Inclusão e de Exclusão Como critérios de inclusão foram adotados: (i) Possuir entre 7 e 17 anos de idade. (ii) Estar oficialmente registrados em um projeto de iniciação esportiva de um clube com registro legalizado nas federações das modalidades esportivas oficias (iii) Ter carga de treino semanal superior a 2 dias e duração de 60 minutos diários. Como critérios de exclusão foram adotados: (i) Fazer uso de substâncias exógenas que pudessem interferir nos resultados da pesquisa (i.e., suplementos e ou medicamentos). (ii) Possuir alguma lesão osteomuscular ou qualquer problema de saúde que pudesse interferir na realização dos procedimentos propostos no presente estudo. (iii) Não conseguir concluir todos as etapas e procedimentos propostos pela presente pesquisa. 4.4. Ética em Pesquisa A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Brasil (CAAE: 15865619.7.0000.5537; Parecer: 3.552.010/2019) de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, em 12/12/2012, respeitando rigorosamente os princípios éticos nacionais e 25 internacionais contidos na Declaração de Helsinque. Todos os participantes e seus respectivos responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), afirmando que aceitavam participar dos procedimentos propostos pelo presente estudo (Anexos 8.1 e 8.2). Vale ressaltar, que o estudo também cumpriu todos os requisitos e normas internacionais propostas pela STROBE para estudos observacionais (Apêndice 9.1) (STROBE, 2020). 4.5. Procedimentos Todos os procedimentos foram reaizados no Laboratório do Movimento (LABMOV) do Departamento de Educação Física da UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte (UFRN). Vinte e quatro horas após a explicação dos riscos e benefícios do presente estudo para os voluntários e os seus responsáveis, com os sujeitos em jejum de oito horas, foram realizados os testes de composição corporal pela absorciometria por emissão de raios-x de dupla energia (DEXA) e medidas antropométricas. As avaliações foram efetuadas por profissionais de educação física previamente capacitados pela UFRN. Figura 1. Delineamento da presente pesquisa. 4.5.1. Análise da Composição Corporal A composição corporal foi avaliada por meio de dois métodos: IAC e absorciometria por raios-X de dupla energia (DEXA). O primeiro faz uso de medidas antropométricas para estimar o porcentual de gordura (% G) conforme a seguinte equação (BERGMAN et al., 2011): 26 IAC (%) = [(Quadril (cm)) / (Estatura (m) * √ Estatura (m))] – 18 IAC = Índice de adiposidade Corporal. cm = Centímetros. m = Metros. O segundo método, usa o equipamento DEXA e é considerado um dos parâmetros com padrão ouro para a análise da composição corporal. Durante as análises no equipamento DEXA, foram utilizados algoritmos apropriados para a população pediátrica (Wassermanet al., 2017). Os participantes eram posicionados em decúbito dorsal no equipamento DEXA e orientados a permanecerem em posição estática durante todo o procedimento (sem causar desconforto ao sujeito) (Wassermanet al., 2017). A análise durou em média de 10 minutos para cada participante. Ao término das análises da DEXA, dados sobre a massa magra e o porcentual de gordura foram adquiridos. Ressalta-se, que tanto para as análises de IAC, quanto para as de DEXA um único avaliador foi responsável, e todas as análises foram realizadas de forma individual. 4.5.2. Análise Antropométrica Foram mensurados massa corporal, estatura, perímetros, diâmetros ósseos e dobras cutâneas. Todas as avaliações foramrealizadas por um único avaliador, e foram baseadas no protocolo ISAK (International Society of the Advancement of Kinanthropometry) (Kurupaiah et al, 2018). A massa corporal foi mensurada por meio de uma balança digital (Filizola® São Paulo, Brasil; com capacidade até 150 kg e variação de 0,10 kg); a estatura foi medida em estadiômetro (Sanny®, São Bernardo do Campo, Brasil; com precisão de 0,1 cm); as dobras cutâneas foram mensuradas com o uso de um adipômetro científico (Sanny®, São Bernardo do Campo, Brasil; com precisão de 0,1 mm); a perimetria foi aferida com utilização de uma trena antropométrica (Sanny®, São Bernardo do Campo, Brasil); e para os diâmetros ósseos do úmero e do fêmur foi usado um paquímetro (Sanny®, São Bernardo do Campo, Brasil). Foi mantido um padrão na vestimenta dos participantes, que estavam descalços e utilizando roupas leves. 4.5.3. Verificação dos Estágios de Maturação Biológica A maturação biológica foi analisada por dois parâmetros distintos, sendo a maturação esquelética que se refere ao crescimento do esqueleto humano e o fechamento das principais epífises ósseas e maturação sexual associada a 27 características sexuais secundárias (i.e., pelos pubianos, genitais, crescimento) (Tanner, 1962; Cabral et al., 2016). Neste sentido, a maturação esquelética foi analisada por meio da idade óssea, o que foi verificado pela equação proposta por Cabral et al. (2016). A equação é altamente confiável em comparação com o método padrão ouro de raios- X de mão e punho (r = 0,868; r 2 = 0,754; p<0,05) e consiste em: Idade Óssea = -11.620 + 7.004 * (Estatura cm) + 1,226 * (Dsexo) + 0.749 * (Idade cronológica) - 0.068 * (Dobra cutânea do tríceps) + 0.214 * (perímetro corrigido do braço) - 0.588 * (Diâmetro biepicondilial do úmero) + 0.388 * (Diâmetro biepicondilial do fêmur). Para o sexo masculino Dsexo = 0. Para o sexo feminino Dsexo = 1. Para identificar o estágio de maturação esquelética, os sujeitos foram classificados como atrasados, normais ou acelerados (Malina, 2007). A classificação foi determinada subtraindo a idade óssea do participante de sua idade cronológica (ambos em meses) (Malina, 2007). Em relação à classificação do estado de maturação, valores entre -1 e +1 = maturação sincronizada, maturação atrasada <-1, maturação acelerada >+1 (Malina, 2007). A maturação sexual foi analisada pelo método proposto por Tanner (1962). O método avalia o desenvolvimento de características sexuais secundárias, com base no diagnóstico de pelos pubianos e o tamanho da genitália para ambos os sexos, e o tamanho das mamas para sujeitos do sexo feminino (Tanner, 1962). Nesta avaliação, o estadiamento puberal segue uma ordem, que pode ser classificada em até cinco estágios (Tanner, 1962). Cada estágio identifica o estágio puberal do indivíduo naquele momento, de acordo com a descrição feita por Tanner (1962) e representado por meio de fotografias. Os avaliados observaram as fotografias e indicavam em que estágio de desenvolvimento se encontravam. Nesse sentido, podem ser classificados como: 1 = pré-púbere, 2 = púbere (estágio inicial), 3 = púbere (estágio intermediário), 4 = púbere (estágio final), e 5 = pós-puberal (Tanner, 1962). 4.6. Análises Estatísticas Normalidade dos dados 28 A normalidade dos dados foi verificada por meio dos testes de Shapiro ‐ Wilk, Kolmogorov Sminorv e Z-Score de assimetria e curtose (-1,96 a 1,96). Análises de correlações O teste de correlação linear de Pearson foi realizado para verificar a existência de associações entre o % G mensurado por DEXA (variável dependente) e por métodos antropométricos (variáveis independentes). A magnitude dos resultados de cada correlação foi determinada pela escala proposta por Schoberet al. (2018): insignificante: r <0,10; fraco: r = 0,10–0,39; moderado: r = 0,40–0,69; forte: r = 0,70–0,89; e muito forte: r = 0,90-1,00. Análises de regressão linear Foram realizadas análises de regressão linear para verificar a capacidade de predição do %G por métodos antropométricos em relação à DEXA. A homogeneidade dos modelos de regressão foi testada usando o teste de Breush- Pegan e as suposições de normalidade, variância e independência dos dados não foram negadas. Para testar a multicolinearidade dos modelos de regressão, o teste de Durbin Watson foi usado. Análises Comparativas e de tamanho do efeito As análises comparativas entre os métodos foram realizadas usando o teste t pareado de Student. O tamanho do efeito foi calculado pelo teste de Cohen (d). A magnitude do tamanho do efeito foi avaliada por meio da escala sugerida por Espírito Santo e Daniel (2017): insignificante: <0,19; pequeno: 0,20–0,49; média: 0,50–0,79; grande: 0,80-1,29; muito grande: <1,30, e um intervalo de confiança de 95% foi calculado. Análises de confiabilidade e concordância entre metódos Para mensurar a confiabilidade entre as medidas pelos diferentes métodos, calculamos a correlação intraclasse, cujas magnitudes foram determinadas pela escala recomendada por Miot (2016): ausência: < 0; pobre: 0–0,19; fraco: 0,20– 0,39; moderado: 0,30–0,59; substancial: 0,60–0,79; quase completo: ≥ 0,80. A plotagem de Bland‐ Altman (1986) foi realizada para verificar a dispersão dos dados dentro dos limites de concordância, conforme definido pelas diferenças das médias 29 entre as medidas das variáveis sendo aceitável quando os valores estão na margem entre -5 e 5. Análises de vieses de proporção entre os métodos O viés de proporção foi mensurado por meio de regressões lineares, baseadas na média da diferença entre os métodos analisados (Bland-Altman, 1986). Modelagem Aritmética: Desenvolvimento de uma nova fórmula matemática. No primeiro estudo fruto da presente dissertação de mestrado, foi relatado por nosso grupo que o IAC apontou uma diferença entre 0,5 e 0,99% em relação às análises realizadas por DEXA para a estimativa do G% em pediátricos de ambos os sexos(De Macêdo Cesário et al., 2020). No entanto, o IAC não foi eficaz na estimativa do G% em pediatricos de ambos os sexos, mas demonstrou associações positivas para pediátricos do sexo masculino (de Macêdo Cesário et al., 2020). Portanto, foi sugerido que era necessário desenvolver um modelo para verificar o índice de adiposidade corporal de forma adequada na população pediátrica masculina. Assim, realizamos o segundo estudo científico fruto da presente dissertação de mestrado, onse utilizamos uma amostra de jovens masculinos e verificamos nos resultados que a razão de viés de diferença significativa de 1,6 (p <0,001) encontrado entre IAC e DEXA (De Macêdo Cesário et al., 2021). Desta forma, apartir do IAC desenvolvemos um novo modelo mtemático teórico seguindo as recomendações de Segel (1980) e Neimark (2012). Com base em uma estrutura aritmética existente (no caso, IAC), o estudo seguiu as recomendações de Segel (1980). Portanto, considerando o valor aritmético da estrutura constante contida no modelo matemático original do IAC (−18), o seguinte procedimento foi realizado para fazer o modelo ajustado para a população pediátrica masculina: o valor da proporção de 1,6 viés foi dividido por dois, atingindo o valor de 0,8 que foi subtraído da constante 18 que faz parte da estrutura aritmética original do IAC. Assim, a fórmula matemática do IAC teve o valor de sua constante final calibrado de 18 a 17,2, para compensar a diferença de 1,6 em relação às análises DEXA. Após 30 a calibração, o modelo foi denominado índice de adiposidade corporal ajustado (IACADJ). Posteriormente, análises de regressão foram realizadas e o modelo teórico foi testado por meio de confirmação por análises fatoriais e pelo índice de reprodutibilidade (Paragios, Chen e Faugeras, 2006). As análises indicaram que para uma melhor confiabilidade do IACADJ, o valor da constante de 17.2 precisaria ser ajustado para uma constante de 17.3. Após o ajuste da constante, análises de regressão, fatores confirmatórios e de reprodutibilidade foram novamente realizadas. Então, os resultados da análise IACADJ para o G% foram testadas estatisticamente para verificar a confiabilidade e concordância em relação às análises de G% realiadas por DEXA. Assim, a diferença entre BAI e DEXA encontrada no segundo estudo fruto da presente dissertação (De Macêdo Cesário et al., 2021), foi reduzido em 44% com IACADJ (de 1,6 para 0,9; Detalhes na Seção de Resultados e discussões). O modelo matemático do IACADJ consiste em: 𝐼𝐴𝐶 𝐴𝐷𝐽 = 𝑃𝑒𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑄𝑢𝑎𝑑𝑟𝑖𝑙 (𝑐𝑚) (𝐸𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑚)) ∗ (√𝐸𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑚)) − 17.3 IACADJ = Índice de Adiposidade Corporal Ajustado. m = Metros. cm = Centímetros. Análises do erro técnico de medidas antropométricas O erro técnico da medição intraexaminador foi realizado com base nas recomendações de Perini et al., (2005), sendo: aceitável quando < 1% para medidas de circunferência, comprimento e largura; e aceitável quando < 5% para dobras cutâneas. Todas as análises anteriormente citadas foram realizadas com o software estatístico R (versão 4.0.1; R Foundation for Statistical Computing®, Viena, Áustria) e um nível de p <0,05 foi considerado. 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES A presente dissertação, esta formatada em um modelo que une dois (2) artigos científicos produzidos dentro da temática principal, tendo em vista dar ampla resposta a problemática do estudo. Neste sentido, cada artigo foi escrito com base nos objetivos especifícos e juntos respondem ao objetivo geral desta pesquisa. 31 5.1. Artigos Produzidos 5.1.1. Artigo I - Avaliação do índice de adiposidade corporal em relação à absorciometria de raios-X de dupla energia para avaliação da composição corporal em crianças e adolescentes. (Evaluation of the body adiposity index against dual-energy X-ray absorptiometry for assessing body composition in children and adolescents) Publicado em 11 de setembro de 2020, no periódico “American Journal of Human Biology” (Qualis A1, Percentil Scopus: 93%; Cite Escore: 3.1, Fator de Impacto1.558) (Apêndice 9.2). 5.1.2. Artigo II -Índice de adiposidade corporal para analisar o porcentual de gordura em jovens do sexo masculino com idade entre 7 e 17 anos (Body adiposity index to analyze the percentage of fat in young men aged between 7 and 17 years). Publicado em 04 de fevereiro de 2021, no periódico “American Journal of Human Biology” (Qualis A1, Percentil Scopus: 93%; Cite Escore: 3.1, Fator de Impacto 1.558) (Apêndice 9.2). 5.2. Resultados Artigo I - Avaliação do índice de adiposidade corporal em relação à absorciometria de raios-X de dupla energia para avaliação da composição corporal em crianças e adolescentes. A tabela 1 mostra a caracterização da amostra. Os sujeitos analisados indicaram estar em estágios de desenvolvimento semelhantes, conforme observado pela maturação biológica média (maturação esquelética, maturação sexual e pelos pubianos). Tabela 1. Caracterização a amostra. 32 Variáveis Amostra Total Meninos Meninas Amostra 106 62 44 Estatura (cm) 150.6±13.8 150±0.15 150±0.12 Idade cronológica (anos) 11.6±2.3 13.6±2.6 11.5±1.8 Idade óssea 12.8±2.55 12.2±2.03 13.4±3.07 Maturação esquelética 0.18±5.33 -0.17±6.66 0.69±2.45 Maturação sexual 2.70±1.17 2.90±1.21 2.59±0.92 Pelos pubianos (Tanner) 2.70±1.13 2.80±1.25 2.54±1.10 Peso corporal (kg) 41.9±12.3 41.5±12.7 42.6±11.9 Densidade corporal (g/ml) 1.10±1.19 1.22±1.55* 0.93±0.12 Massa magra (kg) 28.2±8.2 29.3±9.08 26.3±6.77 Massa gorda (kg) 11.4±6.5 10.3±5.90* 14.3±6.80 Massa livre de gordura (kg) 30.0±8.11 31.3±8.73 28.2±6.84 Somatório de dobras cutâneas (mm) 63.3±32.1 56.0±33.3 74.6±27.4* IAC (%G) 24.7±3.9 23.7±3.85* 26.1±3.66 DEXA (%G) 28.4±8.6 24.6±7.15* 33.5±8.12 DEXA= Absorciometria de raio-X de duplaenergia; IAC = Índice de adiposidade corporal; * = Diferença entre grupos. p<0.05 De acordo com os dados incluídos, foi encontrada uma correlação considerada moderadamente positiva para a amostra total (r = 0, 69; r² = 0, 47; p <0, 0001). No entanto, essa correlação foi mais forte quando o grupo foi segmentado por sexo (meninos: r = 0, 71; r² = 0, 50; p <0, 0001; meninas: r = 0, 72; r² = 0, 51; p <0, 0001). Além disso, o somatório das dobras cutâneas também apresentou relação significativa com o IAC em todos os grupos analisados (p <0,0001). A massa magra apresentou correlações negativas com a amostra total e o grupo dos meninos (p <0,05), enquanto para o grupo das meninas não foram encontradas relações significativas (p = 0,9) (Tabela 2). Tabela 2. Correlações dos métodos para análise do porcentual de gordura com o Índice de Adiposidade Corporal. Grupos (IAC) DEXA Somatório de dobras cutâneas Massa livre de gordura 33 r r² p r r² p r r² p Amostra total 0.69 0.4 7 <0.000 1 0.60 0.36 <0.000 1 -0.24 0.0 4 <0.000 1 Meninos 0.71 0.5 0 <0.000 1 0.53 0.28 <0.000 1 -0.31 0.0 9 0.01 Meninas 0.72 0.5 1 <0.000 1 0.64 0.40 <0.000 1 0.01 0.0 0 0.9 Maturação esquelética Maturação sexual Pelos pubianos (Tanner) r r² p r r² p r r² p Amostra total -0.17 0.0 2 0.06 -0.15 0.02 0.1 -0.21 0.0 4 0.02 Meninos -0.19 0.0 3 0.1 -0.27 0.07 0.03 -0.25 0.0 6 0.04 Meninas -0.18 0.0 3 0.2 0.11 0.01 0.4 -0.07 0.0 0 0.6 DEXA= Absorciometria de raio-X de duplaenergia; IAC =Índice de adiposidade corporal. Nas comparações entre os métodos utilizados para verificar o porcentual de gordura, os resultados relatados pela DEXA mostraram superioridade para o grupo feminino e para a amostra total. Já para o grupo masculino, não foram encontradas diferenças significativas entre os métodos (tabela 3). Tabela 3. Comparações dos métodos para análise do porcentual de gordura com IAC. IAC DEXA ES IC 95% SE IAC SE DEXA p - ValorAmostra total 24.7±3.9 *28.4±8.6 -0.55 [-5.56] [1.89] 0.38 0.84 <0.0001 Meninos 23.7±3.8 24.8±7.1 0.19 [-0.16] [0.54] 0.48 0.90 0.2 Meninas 26.1±3.6 *33.5±8.1 1.17 [0.71] [1.63] 0.55 1.22 <0.001 DEXA= Absorciometria de raio-X de duplaenergia; IAC =Índice de adiposidade corporal; IC 95% = intervalo de confiança; ES = tamanho do efeito; SE IAC = Erro Padrão IAC; SE DEXA = Erro padrão DEXA; * Diferença estatisticamente significativa. 34 A figura 1 relata os resultados da regressão linear para estimativa do porcentual de gordura pelo Índice de Adiposidade Corporal (IAC). Assim, para a amostra total, a análise de regressão linear mostrou resultados positivos do IAC com DEXA (r² = 0,489; β = 0,317; p <0, 0001), resultados semelhantes foram apontados para o sexo masculino (r² = 0,504; β = 0,382; p <0,0001) e feminino (r² = 0,371; β = 0,274; p <0,0001). Em relação ao somatório das dobras cutâneas, dados significativos foram indicados para a amostra total (r² = 0,365; β = 4,931; p <0,0001), indivíduos do sexo masculino (r² = 0,282; β = 4,604; p <0,0001) e para indivíduos do sexo feminino (r² = 0,371; β = 0,274; p <0,0001). Em relação à massa magra, os resultados mostraram magnitudes significativas para a amostra total (r² = 0,059; β = -0,502; p = 0,01), grupo masculino (r² = 0,098; β = -0,710; p = 0,01) e para o feminino grupo (r² = 0,000; β = -0,020; p = 0,9). DEXA= Absorciometria de raio-X de dupla energia; IAC = Índice de adiposidade corporal. Figura 1. Regressão linear para estimar o porcentual de gordura pelo IAC. 35 A análise da reprodutibilidade revelou que a associação intraclasse foi moderada nos grupos “amostra total” e masculina. Para o grupo feminino, não houve reprodutibilidade significante (Tabela 4). Tabela 4. Análise do índice de reprodutibilidade do IAC com o DEXA ICC IC (95%) p-Valor Amostra total 0.421 [0.251] - [0.565] <0.0001 Meninos 0.580 [0.393] - [0.726] <0.0001 Meninas 0.086 [-0.211] - [0.37] 0.2 ICC = coeficiente de correlaçãointraclasse; IC = intervalo de confiança Na tabela 5, pode-se observar que o erro técnico de medida intra-avaliador foi aceitávél. Tabela 5. Erro de medição técnica (intra-avaliador) Variáveis ETM Intra-avaliador (%) Perimetro do braço (Cm) 0.930 Perimetro do quadril (Cm) 0.900 Diâmetro do úmero (mm) 0.550 Diâmetro do fêmur (mm) 0.570 Estatura (Cm) 0.530 Dobra cutânea do tríceps (mm) 2.090 Dobra cutânea subsescapular (mm) 2.570 Dobra cutânea supra ilíaca (mm) 3.470 Dobra cutânea abdominal (mm) 4.580 Dobra cutânea medial da coxa (mm) 2.050 ETM intra-avaliador (%) = Erro técnico da medição intra-avaliador; Magnitude: <5% aceitável para dobras cutâneas e <1% aceitável para demais medidasantropométricas (Perine et al., 2005). 36 A análise de Bland-Altman mostrou concordância significativa, entre os métodos IAC e DEXA, em relação aos meninos e ao total da amostra. Já para a amostra de meninas, os limites de concordância não foram significativos. DEXA= Absorciometria de raio-X de dupla energia; IAC =Índice de adiposidade corporal. Figura 2. Gráfico de Bland-Altman na amostra segmentada por sexo e na amostra total. 5.2.1. Discussão Artigo I O objetivo desta pesquisa foi verificar a associação entre IAC e DEXA para análise do percentual de gordura corporal, bem como verificar a validade do IAC para análise da composição corporal em crianças e adolescentes. As principais conclusões do presente estudo foram as seguintes: (1). As análises efetuadas pelo IAC apresentam uma correlação significativa com as efectuadas pela DEXA. Também apontaram correlações significativas com a soma das dobras cutâneas. (2). No grupo de meninos, o percentual de gordura analisado pelo BAI não apresentou diferença significativa quando comparado ao analisado pelo DEXA. Já para as meninas, foram encontradas diferenças significativas. (3) O IAC apontou níveis significativos de confiabilidade para a verificação do percentual de gordura. No 37 entanto, um viés de proporção significativo foi apontado para os dois grupos analisados. Diante dos resultados encontrados nosso estudo corrobora com os achados de Carpio-Rivera, Hernández-Elizondo, Salicetti- Fonseca, Solera-Herrera e Moncada-Jiménez (2016), onde os autores indicaram associações positivas do percentual de gordura corporal analisado pelo IAC e DEXA em uma amostra de jovens estudantes da Costa Rica. Além disso, o IAC apresentou correlação significativa com o percentual de gordura medido por meio de medidas de dobras cutâneas (Ramírez-Vélez et al., 2017). Apesar de apresentar associações significativas, vale ressaltar que nos achados do presente estudo o percentual de gordura avaliado pelo IAC apresentou diferença estatística significante em relação à análise da gordura corporal realizada pela DEXA para o grupo total e o grupo das meninas. Enquanto que para os meninos não houve diferenças significativas entre os métodos. Nesse contexto, é importante indicar que a porcentagem de gordura detectada pela DEXA mostrou que o grupo das meninas apresentou valores superiores em relação ao grupo masculino (P <0,05). Em relação aos diferentes níveis de percentual de gordura, o IAC apresenta erros de estimativa para sujeitos com alta adiposidade corporal, demonstrando maior sensibilidade para a análise da massa gorda e também nos sujeitos com baixo percentual de massa gorda (Segheto et al., 2017). Kanehisa, Ikegawa e Fukunaga (1994) e Zhao e Zhang (2015) avaliaram componentes corporais em crianças, observando em seus respectivos estudos que as maiores diferenças no percentual de massa gorda foram encontradas nos grupos compostos por meninas. Resultados semelhantes em a relação com o percentual de gordura já havia sido evidenciada por estudos anteriores (Dobashi, Takahashi, Nagahara, Tanaka, & Itabashi, 2016; El Aarbaoui et al., 2013). Assim, importante destacar que, durante a puberdade, as meninas ganham mais gordura corporal enquanto os meninos mais massa muscular (Alvim et al., 2014; Hanks, Davis e Casazza, 2013). A puberdade se caracteriza pelo surgimento de mudanças hormonais drásticas, que induzem a importantes modificações no crescimento, na massa óssea e na composição corpórea. Essas modificações se associam a variações 38 em alguns parâmetros bioquímicos, verdadeiros ‘‘marcadores’’, que regulam o turn over ósseo e os níveis de leptina, refletindo mudanças, respectivamente, no crescimento ósseo e na massa gorda (Cabral et al., 2016; Scheffler e Hermanussen, 2018; Tanner, 1962). Já para os meninos, os mecanismos decorrentes da puberdade favorecem a elevação dos hormônios sexuais esteroides que podem potencializar o ganho de massa muscular e a redução da gordura corporal (Cabral et al., 2016; Scheffler & Hermanussen, 2018; Tanner, 1962). Apesar das divergências decorrentes da puberdade já mencionadas, em relação à confiabilidade, o método IAC apresentou resultados significativos para a amostra total e para os meninos, enquanto para as meninas não demonstrou índices de confiabilidade satisfatórios em relação à análise do tecido adiposo corporal. Foi possível observar no presente estudo que a maturação esquelética e sexual não indicou relações significativas com o IAC. Na literatura estudos que avaliaram a eficácia do IAC em sujeitos pediátricos de ambos os sexos (Dias, Avila, & Damasceno, 2014; Freedman et al., 2012) também identificaram que os índices de concordância do IAC não eram satisfatórios, posteriormente, propuseram um novo modelo matemático denominado IACp (IAC pediátrico) (Freedman et al., 2012). O IACp pode ser um marcador melhor de sobrepeso e gordura corporal em crianças obesas de ambos os sexos do que o IAC (Rossato et al., 2017; Zhao & Zhang, 2015). Foi possível observar em nossos resultados que houve um nível satisfatório de concordânciado IAC na amostra total (ICC: 0,421). Além disso, houve diferença estatística significativa na análise do IAC com a análise da DEXA (P <0,0001) em relação ao total da amostra. No entanto, ao segmentar a amostra, para os meninos, foi encontrada uma concordância satisfatória (ICC: 0,580) e embora não tenham sido encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as análises IAC e DEXA (P = 0,2), a análise dos vieses de proporção em ambos os grupos apontam que IAC não é estimador preciso para o percentual de gordura, ou seja, o método possui margens de erro significativas. Isso indica que o método não é eficaz na análise da composição corporal de pacientes pediátricos jovens, o que corrobora estudos anteriores, onde não encontraram índices de confiabilidade significativos para o 39 IAC em relação a amostras compostas por sujeitos de ambos os sexos e em relação a amostras compostas apenas de indivíduos do mesmo sexo (Filgueiras et al., 2019; Freedman et al., 2012). Diante das abordagens, vale ressaltar que, entre os aspectos metodológicos do presente estudo, as análises antropométricas apontaram erros técnicos abaixo de 5% para as medidas de dobras cutâneas e abaixo de 1% para as demais medidas. Indicando assim uma confiabilidade significativa para essas análises (Perini et al., 2005). Erro técnico de medida abaixo de 5% para dobras cutâneas e abaixo de 1% para outras medidas antropométricas indicam que o avaliador tem experiência em análises antropométricas. Esse achado fortalece a análise em relação aos dados coletados (da Costa, da Costa Salvador, de Saldanha Gomes, Nogueira, & de Souza Leão, 2019; Perini et al., 2005). A perspectiva do presente estudo é orientar a profissionais de saúde sobre as peculiaridades de usar o IAC em crianças e adolescentes de ambos os sexos. IAC fornece em seus resultados o percentual de gordura que se aplica a realidade prática, auxiliando o profissional a traçar metas para ajuste do percentual de gordura nessa população. Apesar de ser uma ferramenta de baixo custo não demonstrou eficiência em ambos os sexos. O IAC demonstrou uma aferição mais precisa em meninos. Portanto, é encorajado que pesquisas futuras busquem adequar o IAC para que o método se torne mais apropriado para crianças e adolescentes. Assim, apesar da relevância dos resultados, o presente estudo tem algumas limitações: 1. O estudo foi observacional em desenho, o que impede o estabelecimento de uma relação de causa e efeito em relação com as análises de correlação. 2. A maturação biológica foi analisada indiretamente, de modo que a análise pelo método direto pode fornecer resultados divergentes. 40 5.3. Resultados Artigo II - Índice de adiposidade corporal para analisar o porcentual de gordura em jovens do sexo masculino com idade entre 7 e 17 anos. Tabela 1. Caracterização da amostra Variáveis Valores Número de Participantes 141 Idade (anos) 12.5 ± 2.14 Estatura (m) 1.55 ± 0.14 Perímetro de quadril (cm) 81.9 ± 11.0 Peso Corporal (kg) 46.9 ± 14.7 Índice de Massa Corporal (kg/m²) 19.9 ± 4.44 Massa Gorda (kg) 11.8 ± 6.60 Massa Magra (kg) 33.3 ± 11.5 m = Metros. cm = Centímetros. kg = Quilogramas. kg/m²= Quilogramas por metro quadrado. A tabela 2 exibe o modelo matemático ajustado (IACADJ) pela presente pesquisa com a finalidade de analisar o índice de adiposidade corporal em jovens pediátricos do sexo masculino. Tabela 2. Modelo matemático do Índice de Adiposidade Corporal Ajustado 𝑰𝑨𝑪𝑨𝑫𝑱 = 𝑷𝒆𝒓í𝒎𝒆𝒕𝒓𝒐 𝒅𝒆 𝑸𝒖𝒂𝒅𝒓𝒊𝒍 (𝒄𝒎) (𝑬𝒔𝒕𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂 (𝒎)) ∗ (√𝑬𝒔𝒕𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂 (𝒎)) − 𝟏𝟕. 𝟑 IACADJ = Índice de Adiposidade Corporal Ajustado. m = Metros. cm = Centímetros. Os dados contidos na tabela 3, indicam que o índice de adiposidade corporal original e o ajustado pela presente pesquisa, demonstram correlações significantes estatisticamente com o DEXA em relação a análise da adiposidade corporal. Tabela 3. Correlações do DEXA com IAC e do DEXA com IACADJ. DEXA COM IAC DEXA COM IACADJ r p - Value r p - Value 0.700* <0.0001 0.701* <0.0001 *Significante estatisticamente. DEXA= Absorciometria por emissão de raios x de dupla energia. IAC= índice de Adiposidade Corporal. IACADJ = Índice de Adiposidade Corporal Ajustado. 41 As análises de regressão linear apontam que o IAC (r²=0.490; β=1.63, CI 95% β: [1.35 - 1.90], p<0.0001) e o IACADJ (r²=0.491; β=1.65, CI 95% β: [1.40 - 1.90], p<0.0001), apresentam magnitudes significantes para prenunciar o porcentual de gordura em relação as análises realizadas pelo DEXA. Ressalta-se que não foram apontadas multicolinearidades nos modelos de regressão (Modelo 1: DEXA + IACADJ. Modelo 2: DEXA + IAC). Nas comparações entre os métodos, verificou-se que para crianças e adolescentes do sexo masculino, em relação as análises do porcentual de gordura corporal o IAC apresentou diferença significante em relação as análises realizadas pela DEXA. Enquanto o IACADJ desenvolvido pela presente pesquisa não apontou diferença significante em relação ao DEXA. Tabela 4. Comparações entre os métodos DEXA, IAC e IACADJ. DEXA IAC ES IC 95% ES p -Valor 25.7 ± 8.72* 24.1 ± 3.74 0.23 [0.00 – 0.47] 0.04 DEXA IACADJ ES IC 95% ES p - Valor 25.7 ± 8.72 24.8 ± 3.74 -0.13 [-0.36 – 0.10] 0.1 *Significante estatisticamente. DEXA= Absorciometria por emissão de raios x de dupla energia. IAC = índice de Adiposidade Corporal. IACADJ = Índice de Adiposidade Corporal Ajustado. IC = Intervalo de Confiança. ES = Effect Size. Ambos os modelos matemáticos, IACe IACADJ apontaram confiabilidade significante em relação ao DEXA para a análise do porcentual de gordura corporal. Entretanto, o IAC apontou um viés de proporção significativo (r²=0.50; β = 3.39; IC 95% β: [-3.78 - 1.05]; p<0.0001), indicando que o método pode superestimar ou subestimar o porcentual de gordura corporal. Enquanto o IACADJ, não apontou grau de significância estatística para o viés de proporção na amostra analisada (r²=0.04; β = -2.74; IC 95% β: [1.59 - 3.05]; p<0.07). Tabela 5. Coeficiente de Correlação Intraclasse entre os métodos Métodos Envolvidos ICC IC 95% ICC p - ICC Proporção de Vieses (PV) p - PV 42 DEXAwith IAC 0.490 * [0.354 - 0.606] <0.000 1 1.60* <0.0001 DEXAwith IACADJ 0.504 * [0.371 - 0.618] <0.000 1 0.90 0.1 *Significante estatisticamente. DEXA= Absorciometria por emissão de raios x de dupla energia. IAC= índice de Adiposidade Corporal. IAC-ADJ = Índice de Adiposidade Corporal Ajustado. ICC = Coeficiente de Correlação Intraclasse. IC = Intervalo de Confiança. p – ICC = p valor para o ICC. p – PV = p valor para a proporção de viés. As análises de regressão linear apontam que o IAC (r²=0.490; β=1.63, IC 95% β: [1.35 - 1.90], p<0.0001) e o IACADJ (r²=0.491; β=1.65, IC 95% β: [1.40 - 1.90], p<0.0001), apresentam magnitudes significantes para predizer o porcentual de gordura em relação as análises realizadas pelo DEXA. Ressalta-se que não foram apontadas multicolinearidades nos modelos de regressão (Modelo 1: DEXA + IACADJ. Modelo 2: DEXA + IAC). IC = Intervalo de Confiança. DEXA = Absorciometria por emissão de raios-x de dupla energia. IACADJ = Índice de Adiposidade Corporal Ajustado. IAC= índice de Adiposidade Corporal. 43 Figura 1. Análises de Regressão Linear do IAC e IACADJ em relação ao DEXA. A Confiabilidade entre os métodos mostrou-se significante tanto para o IAC (Bland-Altman concordância: [-5a 5]) quanto para o IACADJ (Bland-Altman concordância: [-5 a 5]). Ambos os métodos demonstraram diferenças próximas a zero em relação as análises de adiposidade corporal realizadas pelo DEXA. Destaca-se, que ambos os métodos também apontaram um erro padrão abaixode 1.0(IAC = 0.31; IACADJ = 0.31; DEXA = 0.73). IC = Intervalo de Confiança. DEXA = Absorciometria por emissão de raios-x de dupla energia. IACADJ = Índice de Adiposidade Corporal Ajustado. IAC= índice de Adiposidade Corporal. %G= Porcentual de gordura. Figura 2. Limites de concordâncias de Bland-Altman para o IAC e IACADJ em relação ao DEXA. 44 5.3.1. Discussão Artigo II O objetivo do presente estudo foi desenvolver e validar um modelo ajustado de índice de adiposidade corporal para uso em pacientes jovens de 7 a 17 anos de idade. Os principais resultados foram: (1) A proposição de um modelo matemático a partir do IAC foi bem-sucedida. (2) As análises do G% por IAC e IACADJ se correlacionaram de forma significante com as análises do G% por DEXA. (3) IAC e IACADJ mostram um poder significativo para predizer o G%. (4) As análises do G% por IAC apontaram diferenças significantes das análises do G% por DEXA. Enquanto que não houve diferença significativa entre as análises do G% por IACADJ em relação ao DEXA. (5) IAC e IACADJ apontaram limites de concordância e de confiabilidade significativos para a análise do G% em relação ao DEXA. (6) IAC apontou viés de proporção para a análise do G%. Enquanto IACADJ não apontou viés de proporção para a análise do G%. A análise do G% pelo modelo matemático IACADJ desenvolvido pelo presente estudo mostrou correlação significante com a análise do G% pelo DEXA. Similarmente ao nosso estudo, outros autores buscaram associar o IAC para a população pediátrica com os métodos considerados como referência na avaliação da composição corporal. Indicando associações significantes (p<0.05) (Dias et al.2014; Segheto et al. 2017; Colley et al. 2015). No presente estudo, o IACADJ mostrou-se significativo nas análises de regressão linear para estimar o G% em relação aos resultados da DEXA, corroborando os achados de De Macêdo Cesário et al. (2020), que também encontraram resultados significantes de regressão linear para a predição do G% pelo IAC (p<0.05). Contudo, El Aarbaoui et al. (2013) avaliaram indivíduos com idades entre cinco e 12 anos, para verificar a eficácia do IAC e uma possível necessidade de outra equação mais eficiente para a população pediátrica, verificando que o IAC superestimou os valores de gordura corporal nessa faixa etária e foi preciso desenvolver uma equação pediátrica denominado índice de adiposidade pediátrico (IACp), para analisar o G% em crianças e adolescentes. Apesar dos esforços, o IACp não foi bem-sucedida, assim como o IAC o método IACp, superestimou o G% em mais de 3,8% e 4,62% em relação à DEXA (Thivel et al., 2015). 45 Neste sentido, o presente estudo identificou que o IAC apontou vieses de proporção significantes (p<0.05), o que sugere a ineficiência do método. Tal fato indicou a necessidade de ajuste do modelo matemático, dando origem ao IACADJ que não demonstrou vieses de proporção significantes (p>0.05) para a análise do G% na amostra do sexo masculino. Em adição, o IACADJ apontou limites de concordância e confiabilidade significantes em relação à DEXA (p<0.05). O que sugere a eficiência do método preditor desenvolvido pelo presente estudo em relação ao método padrão utilizado (Bland e Altman, 1986; Neimark, 2012; Miot, 2016). Além disso, as análises estatísticas apontaram que o IACADJ, demonstrou resultados com maior precisão e com intervalos de confiança mais estreitos em relação as análises realizadas pelo IAC. Destaca-se, que os intervalos de confiança (IC) são usados para indicar a confiabilidade de uma estimativa (Ci; Rule, 1987). Assim, entre estimativas semelhantes, aquelas que indicam menor IC indicam resultados mais confiáveis em relação àquelas com maior IC (Ci; Rule, 1987). Deste modo, ao considerar a importância da análise da composição corporal para a saúde e desempenho físico da população pediátrica (Willoughby et al., 2018; Almeida-neto et al., 2020a; 2020b), o presente estudo traz como perspectiva futura contribuir para o campo prático dos profissionais de saúde e o do esporte, com o fornecimento de uma ferramenta confiável para a avaliação do G% de crianças e adolescentes. O IACADJ pode ser de grande valia para o monitoramento e diagnóstico de intervenções voltadas a redução da obesidade infantil e de morbidades associadas ao excesso de gordura corporal. Assim como, será uma ferramenta importantíssima para o monitoramento da gordura corporal de jovens atletas, podendo contribuir para a melhora do desempenho esportivo. O estudo traz importantes contribuições para a ciência do esporte, entretanto sugerimos que novas pesquisas que utilizem o IACADJ para a análise do G% em jovens de ambos os sexos, uma vez que ao os resultados apresentados foram apenas para o sexo masculino, podendo essa ser uma limitação do estudo. 46 6. CONCLUSÃO Os achados da presente pesquisa nos permitem concluir que a análise do porcentual de gordura pelo índice de adiposidade corporal apontou uma forte correlação com as análises realizadas por absorciometria por emissão de raios-X de dupla energia, indicando que o método possui potencial para a análise do porcentual de gordura. Na análise segmentada por grupo feita pela equação foi encontrado um viés de proporção menor no grupo masculino. O que sugere que para o grupo masculino houve menor erro de aferição da equação proposta por Bergman. Contudo, mesmo apresentando boa associação e bons resultados para o grupo do sexo masculino, de forma geral não apontou capacidade confiável para a análise do porcentual de gordura corporal de crianças e adolescentes de ambos os sexos. Estes resultados nos levaram a desenvolver uma nova equação baseada no índice de adiposidade corporal proposto por Bergman, agora apenas para o grupo específico do sexo masculino de sete a 17 anos. Dessa forma, é possível concluir que o índice de adiposidade corporal ajustado (IACADJ) desenvolvido pelo presente estudo, não apresentou vieses de proporção na análise do percentual de gordura em meninos. E demonstrou forte eficiência em analisar o porcentual de gordura corporal em meninos de sete a 17 anos, apontando altas correlações com a análise do porcentual de gordura por absorciometria por emissão de raios-X de dupla energia (DEXA) que é considerado um padrão ouro para avaliar o percentual de gordura. A utilização dessa nova ferramenta complementa e ajuda no monitoramento das mudanças na composição corporal na rotina dos profissionais de educação física e na sua prescrição de exercícios voltada para o desempenho esportivo de crianças e adolescentes do sexo masculino. Assim como, o índice de adiposidade corporal ajustado complementa a análise do IMC, ferramenta bastante utilizada para avaliação da composição corporal, que em seus resultados se estabelece em Kg/m2. O índice de adiposidade corporal ajustado em seus resultados se apresenta em percentual de gordura. A Análise passa ser mais completa para quem necessita compreender a composição corporal e não apenas a corpulência da criança e adolescente. 47 7. REFERÊNCIAS Chaabene, H., Hachana, Y., Franchini, E., Mkaouer, B., & Chamari, K. (2012). Physical and physiological profile of elite karate athletes. Sports medicine, 42(10), 829-843. Teixeira, P. D. S., Reis, B. Z., dos Santos Vieira, D. A., da Costa, D., Costa, J. O., Raposo, O. F. F., ... & Netto, R. S. M. (2013). Educational nutritional intervention as an effective tool for changing eating habits and body weight among those who practice physical activities. Ciencia & saude coletiva, 18(2), 347. Souza, R. G. M. D., Gomes, A. C., Prado, C. M. M. D., & Mota, J. F. (2014). Methods for body composition analysis in obese adults. Revista de Nutrição, 27(5), 569-583. Sant'Anna, M. D. S. L., Priore, S. E., & Franceschini, S. D. C. C. (2009). Métodos de avaliação da composição corporal
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