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InfluAnciaadiAAúoantimAnio-PaixAúo-2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE TECNOLOGIA (CT) 
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA (CCET) 
 
 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E 
ENGENHARIA DE MATERIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 
 
 
 
Influência da Adição de Antimônio na Liga Hipoeutética Sn-
52%Bi Solidificada Direcionalmente: Parâmetros Térmicos, 
Microestruturais e Resistência Mecânica 
 
 
 
JEVERTON LAUREANO PAIXÃO 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Dr. Bismarck Luiz Silva 
 
 
 
Tese(Dissertação) n.º ______ /PPGCEM 
 
 
 
 
Julho de 2019 
Natal – RN 
 
 
JEVERTON LAUREANO PAIXÃO 
 
 
Influência da Adição de Antimônio na Liga Hipoeutética Sn-52%Bi 
Solidificada Direcionalmente: Parâmetros Térmicos, Microestruturais 
e Resistência Mecânica 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós 
Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais 
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
como parte dos requisitos para a obtenção do 
título de Mestre em Ciência e Engenharia de 
Materiais. 
 
Orientador: Prof. Dr. Bismarck Luiz Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julho de 2019 
Natal/RN 
 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede 
 
 Paixão, Jeverton Laureano. 
 Influência da adição de antimônio na liga hipoeutética Sn-
52%Bi solidificada direcionalmente: parâmetros térmicos, 
microestruturais e resistência mecânica / Jeverton Laureano 
Paixão. - 2019. 
 98 f.: il. 
 
 Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-
Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais. Natal, RN, 2019. 
 Orientador: Prof. Dr. Bismarck Luiz Silva. 
 
 
 1. Solidificação - Dissertação. 2. Ligas Sn-Bi-Sb - 
Dissertação. 3. Propriedades mecânicas de tração - Dissertação. 4. 
Microestrutura - Dissertação. 5. Variáveis térmicas - Dissertação. 
I. Silva, Bismarck Luiz. II. Título. 
 
RN/UF/BCZM CDU 66.065 
 
 
 
 
 
Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
JEVERTON LAUREANO PAIXÃO 
 
 
Influência da Adição de Antimônio na Liga Hipoeutética Sn-52%Bi 
Solidificada Direcionalmente: Parâmetros Térmicos, Microestruturais 
e Resistência Mecânica 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós 
Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais 
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
como parte dos requisitos para a obtenção do 
título de Mestre em Ciência e Engenharia de 
Materiais. 
 
Natal/RN, Julho de 2019. 
 
 
 
 
 
Examinador 
 
 
 
Examinador 
 
 
 
Examinador 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho à minha família, 
 
Em especial aos meus anjos da guarda: 
 
Meu sobrinho Arthur Gabriel e minha avó Alice Felix (In Memoriam). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nunca deixe que alguém te diga que não pode 
fazer algo. Nem mesmo eu. Se você tem um 
sonho, tem que protegê-lo. As pessoas que não 
podem fazer por si mesmas, dirão que você não 
consegue. Se quer alguma coisa, vá e lute por ela. 
Ponto final. 
A procura da felicidade. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus por me dar condições para a realização deste trabalho; 
Aos meus pais, Romildo Paixão e Severina Laureano, por todo amor, carinho 
e compreensão. 
Ao meu orientador, Prof. Dr. Bismarck Luiz Silva pela ajuda, dedicação, 
compromisso e confiança para o desenvolvimento deste trabalho. 
Ao Prof. Eduardo Spinelli e a todos que compõem o Laboratório de 
Solidificação e Grupo Microestrutura e Propriedades em Processos de Solidificação 
(M2PS) do Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar, em especial a 
Leonardo e Rodrigo, pelo acolhimento e apoio na realização dos experimentos de 
solidificação. 
Aos funcionários do Laboratório de Caracterização Microestrutural dos 
Materiais da UFRN, Carla Laíse e Igor Zumba, pela contribuição nas análises e 
ensaios microscópicos. 
Aos alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de 
Materiais que de uma forma ou de outra me ajudaram. 
À CAPES pelo apoio financeiro; 
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A busca por materiais sustentáveis e menos tóxicos é uma tendência mundial 
que deve chamar ainda mais atenção nos próximos anos devido às novas e atuais 
restrições/diretrizes de órgãos ambientais. As ligas de brasagem livres de chumbo 
utilizadas na indústria eletrônica são exemplos deste panorama. Neste contexto, o 
presente trabalho tem como objetivo estabelecer correlações entre as variáveis 
térmicas de solidificação (taxa de resfriamento-ṪL e velocidade de solidificação-VL) e 
parâmetros microestruturais (espaçamentos dendríticos primário-λ1, secundário-λ2 e 
terciário-λ3; e eutéticos finos-λF e grosseiro-λg) para as ligas Sn-52%Bi-1%Sb e Sn-
52%Bi-2%Sb solidificadas direcionalmente em condições transitórias de fluxo de 
calor. Os resultados mostraram que as microestruturas para as ligas Sn-Bi-Sb são 
formadas por uma matriz dendrítica rica em Sn com precipitados de Bi em seu 
interior, cercada por estruturas eutéticas lamelares (Sn+Bi), ainda com estruturas 
como trifolis de Bi e o eutético tipo “escama de peixe”. Devido a significativa fração 
de mistura eutética (Sn+Bi) nas ligas Sn-Bi-Sb, os expoentes -1/4 e -1/2, propostos 
por Jackson e Hunt para o crescimento eutético, caracterizaram as evoluções de λ1, 
λ3 e λ2, como uma função de ṪL e VL, respectivamente. Os mesmos expoentes foram 
adotados para caracterizar a evolução dos espaçamentos eutéticos (λfino e λgrosseiro) 
da liga modificada com 1%Sb contra ṪL e VL. As relações do tipo Hall-Petch para as 
ligas Sn-Bi-Sb mostraram que as adições de 1 e 2%Sb aumentaram a resistência 
mecânica (limite de escoamento-σe e de resistência à tração-σt) da liga hipoeutética 
Sn-52%Bi, mas não afetaram a ductilidade (alongamento específico-δ). As adições 
de Sb não modificaram o modo de fratura da liga Sn-52%Bi. 
 
 
 
Palavras-Chave: Solidificação; Variáveis Térmicas; ligas Sn-Bi-Sb; Microestrutura; 
Propriedades Mecânicas de Tração. 
 
ABSTRACT 
 
The search for sustainable and less toxic materials is a global trend and 
should draw even more attention in the coming years due to the new and current 
restrictions/directives of environmental agencies. Lead-free solder alloys used in the 
electronics industry are examples of this scenario. In this context the present 
investigation aims to establish correlations between the solidification thermal 
parameters (cooling rate-ṪL and growth rate-VL) and microstructural parameters 
(primary-λ1, secondary-λ2 and tertiary-λ3 dendritic; and fine λF and coarse-λC eutectic 
spacings) for the directionally solidified (DS) Sn-52wt.%Bi-1wt.%Sb and Sn-
52wt.%Bi-2wt.%Sb alloys under transient heat flow conditions. A dendritic array was 
identified for the Sn-Bi-Sb alloys formed by a Sn-rich matrix with Bi precipitates at its 
core, surrounded by lamellar eutectic structures (Sn-rich+Bi-rich), Bi trifolis and 
fishbone-like eutectic. The significant fraction of eutectic mixture (Sn-rich+Bi-rich) in 
the Sn-Bi-Sb alloys induced the -1/4 and -1/2 exponents, proposed by Jackson and 
Hunt for eutectics, characterize the evolutions of λ1, λ3 and λ2, as a function of ṪL and 
VL, respectively. These exponents also characterized evolutions of λF and λC against 
ṪL and VL for the modified alloy containing 1wt.%Sb. Hall-Petch type correlations for 
Sn-Bi-Sb alloys displayed that additions of 1wt.% and 2wt.%Sb have beneficial 
effects on the ultimate tensile strength-σu and the yield tensile strength-σy, but does 
not affect ductility (elongationto fracture-δ). Sb additions did not modify the fracture 
mode of the Sn-52wt.%Bi alloy. 
 
 
 
 
Keywords: Solidification; Thermal Parameters; Sn-Bi-Sb alloys; Microstructure; 
Tensile Mechanical properties. 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Encadeamento de fatores e eventos durante a solidificação de um metal 
(Garcia, 2007). ..................................................................................................... 5 
Figura 2: Técnicas experimentais de solidificação unidirecional em condições 
estacionárias de fluxo de calor: (a) vertical com deslocamento do forno; (b) 
vertical com deslocamento da amostra. Adaptado de Garcia (Garcia, 2007). ..... 6 
Figura 3: Representação esquemática das três técnicas de solidificação unidirecional 
– g é o vetor gravidade: (a) Vertical ascendente; (b) Vertical descendente e; (c) 
Horizontal (COSTA, 2016). .................................................................................. 7 
Figura 4: Desenho esquemático mostrando um gráfico da velocidade em função da 
posição e os deslocamentos das isotermas solidus e liquidus ao longo de um 
elemento de volume L: TL-isoterma liquidus; TS-isoterma solidus. (Bertelli, 2012.)
 ............................................................................................................................. 8 
Figura 5: Representações esquemáticas de estruturas eutéticas, (a) regular lamelar, 
(b) regular fibrosa, (c) regular globular e (d) irregular (Garcia, 2007). ................ 10 
Figura 6: Zona de crescimento acoplado em diagramas de fases eutéticos (região 
sombreada): (a) região acoplada aproximadamente simétrica para eutéticos 
regulares e (b) região acoplada deslocada em eutéticos irregulares (GARCIA, 
2007). ................................................................................................................. 12 
Figura 7: Representações esquemáticas da atuação dos fatores de influência na 
formação das microestruturas de solidificação (Garcia, 2007). .......................... 13 
Figura 8: Esquema representativo das ramificações interdendríticas primárias (λ1), 
secundárias (λ2) e terciárias (λ3) (Kurz e Fisher 1992). ...................................... 13 
Figura 9: Mudança morfológica na estrutura de crescimento à medida que a 
velocidade é aumentada: (A) crescimento celular regular em baixas velocidades; 
(B) crescimento celular com alteração na direção de crescimento; (C) transição 
celular/dendrítica; (D) crescimento dendrítico com início de formação de 
instabilidades laterais. (Garcia, 2007). ............................................................... 15 
Figura 10: Condições de transição planar/celular/dendrítica pelo efeito do super-
resfriamento constitucional (GARCIA, 2007). ..................................................... 15 
Tabela 1 – Leis experimentais para descrever a evolução dos espaçamentos 
dendríticos (λ1, λ2, λ3) em função das variáveis térmicas de solidificação (VL e 
ṪL) para ligas metálicas (SILVA, 2016). ............................................................. 16 
Tabela 2 − Equações genéricas do tipo Hall-Petch ou Hall-Petch modificada 
correlacionando propriedades mecânicas (σt, σe, δ e dureza) e parâmetros 
estruturais (λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) de ligas solidificadas direcionalmente em regime 
transitório de fluxo de calor (SILVA, 2016). ........................................................ 17 
Figura 11: Diagrama de fases do sistema Sn-Bi (adaptado de Okamoto, 1992). ...... 21 
Figura 12: eutético Sn-Bi (Sakuyama, 2009). ............................................................ 21 
Figura 13: Estruturas eutéticas da liga Sn-52%Bi: (a) fina, (b) grosseira e (c) tipo 
Fishbone (Silva, 2015). ...................................................................................... 22 
Figura 14: Microestrutura das ligas (a) Sn-5%Sb, (b) Sn-5%Sb-1.5%Bi, (c) Sn-5%Sb-
1.5%Cu (adaptado de Esfandyarpour et al. 2011). ............................................ 24 
Figura 15: Imagens MEV (a) do eutético da liga Sn-58%Bi-1%Sb (b) destacando a 
presença do intermetálico SnSb na fase β-Sn (adaptado de Sakuyama, 2009).
 ........................................................................................................................... 24 
Figura 16: Imagem MEV das ligas (a) Sn-58%Bi-3%Sb e (b) Sn-58%Bi-6%Sb 
(TORRES, 2012). ............................................................................................... 25 
Figura 17. Regiões com presença alternada de fases em ligas Sn-Bi-Sb oriunda da 
reação (A) quasi-peritética e (B) região eutética (adaptado de Zhang et al. 
2014). ................................................................................................................. 26 
Figura 18: Superfície liquidus calculada para o sistema ternário Sn-Bi-Sb (OHTANI, 
1998). ................................................................................................................. 27 
Figura 19: Fluxograma do procedimento experimental. ............................................ 29 
Figura 20: Aparato experimental do dispositivo de solidificação direcional transitória.
 ........................................................................................................................... 31 
Figura 21: (a) lingoteira, termopares e chapa molde antes da solidificação direcional 
e (b) lingote Sn-52%Bi-1%Sb. ............................................................................ 32 
Figura 22: Sequência experimental na determinação das variáveis térmicas (Rocha, 
2003). ................................................................................................................. 34 
Figura 23: Esquema de retirada de amostras a partir dos lingotes Sn-Bi-Sb 
(Adaptado de REYES, 2017). ............................................................................ 35 
Figura 24: Esquema representativo dos métodos utilizado para quantificar os 
espaçamentos dendríticos: (a) Seção transversal de uma estrutura dendrítica 
para medição de λ1 e λ3, (b) Seção longitudinal de uma estrutura dendrítica para 
medição de λ2 , (c) Seção transversal de uma estrutura eutética para medição 
de λ. Adaptado de Silva (SILVA, 2017). ............................................................. 37 
Figura 25: (a) Esquema para a retirada dos corpos de prova de tração dos lingotes 
Sn-Bi-Sb e (b) desenho esquemático dos corpos de prova com dimensões em 
mm. .................................................................................................................... 40 
Figura 26: (a) Perfis térmicos e (b) curva de resfriamento experimental para a liga 
Sn-52%Bi-1%Sb................................................................................................. 42 
Figura 27: (a) Perfis térmicos e (b) curva de resfriamento experimental para a liga 
Sn-52%Bi-2%Sb................................................................................................. 43 
Figura 28: Curva Posição x Tempo da passagem da isoterma liquidus ao longo das 
posições monitoradas. ....................................................................................... 44 
Figura 29: Evolução (a) da velocidade de deslocamento da isoterma liquidus-VL, (b) 
da taxa de resfriamento-ṪL e (c) do gradiente térmico (GL) em função da posição 
ao longo dos lingotes Sn-52%Bi-1%Sb e Sn-52%Bi-2%Sb. .............................. 45 
Figura 30: Macroestruturas das ligas (a) Sn-52%Bi-1%Sb e (b) Sn-52%Bi-2%Sb. .. 46 
Figura 31: Microestruturas típicas transversais (esquerda) e longitudinais (direita) da 
liga Sn-52%Bi-1%Sb. ......................................................................................... 48 
Figura 32: Microestruturas típicas transversais (esquerda) e longitudinais (direita) da 
liga Sn-52%Bi-2%Sb. ......................................................................................... 50 
Figura 33: Microestruturas óticas destacando as regiões eutéticas para diferentes 
posições das ligas (a) Sn-52%Bi-1%Sbe (b), (c) Sn-52%Bi-2%Sb. .................. 51 
Figura 34. Perfis experimentais de macrossegregação (a) do bismuto e (b) do 
antimônio ao longo dos lingotes Sn-52%Bi-1%Sb e Sn-52%Bi-2%Sb. .............. 53 
Figura 35: Difratogramas de raios-X de diferentes posições para as ligas (a) Sn-
52%Bi-1%Sb e (b) Sn-52%Bi-2%Sb e suas respectivas taxas de resfriamento.55 
Figura 36: Microestruturas MEV destacando a distribuição de partículas de Bi na 
fase β-Sn para as ligas Sn-52%Bi-xSb. P é a posição a partir da interface 
metal/molde. ....................................................................................................... 56 
Figura 37: Microestruturas MEV correspondentes às seções transversais da liga Sn-
52%Bi-1%Sb, evidenciando o eutético binário Sn+Bi e as morfologias dos 
precipitados de Bi. P é a posição a partir da interface metal/molde. .................. 58 
Figura 38: Microestruturas MEV correspondentes às seções transversais da liga Sn-
52%Bi-2%Sb, evidenciando o eutético binário Sn+Bi e as morfologias dos 
precipitados de Bi. P é a posição a partir da interface metal/molde. .................. 59 
Figura 39: MEV / EDS correspondente as fases formadas para as ligas (a) Sn-
52%Bi-1%Sb e (b) Sn-52%Bi-2%Sb. ................................................................. 60 
Figura 40: Mapas elementares MEV / EDS detalhando as fases formadas durante a 
solidificação em regime transitório de fluxo de calor da liga Sn-52%Bi-1%Sb. P é 
a posição a partir da interface metal/molde (magnificação usada: 6000X). ....... 61 
Figura 41: Mapas elementares MEV / EDS detalhando as fases formadas durante a 
solidificação em regime transitório de fluxo de calor da liga Sn-52%Bi-2%Sb. P é 
a posição a partir da interface metal/molde (magnificação usada: 6000X). ....... 62 
Figura 42: Evoluções dos espaçamentos dendríticos (a) primário, (b) terciário e (c) 
secundário em função da taxa de resfriamento (ṪL) e da velocidade da isoterma 
liquidus (VL), respectivamente. R
2 é o coeficiente de correlação. ...................... 65 
Figura 43: Evoluções dos espaçamentos eutéticos (a) grosseiro e (b) fino em função 
da taxa de resfriamento (ṪL). R
2 é o coeficiente de correlação. ......................... 67 
Figura 44: Evoluções dos espaçamentos eutéticos (a) grosseiro e (b) fino em função 
da velocidade de deslocamento da isoterma liquidus (VL). R
2 é o coeficiente de 
correlação. ......................................................................................................... 67 
Tabela 3: Leis de crescimento dendrítico e eutético para as ligas Sn-Bi-Sb. ............ 68 
Figura 45: Curvas tensão x deformação para três posições distintas dos lingotes (a) 
Sn-52%Bi-1%Sb e (b) Sn-52%Bi-2%Sb. ............................................................ 70 
Figura 46: (a) Limite de resistência à tração (σt), (b) limite de escoamento (σe) e (c) 
alongamento especifico (δ) em função do inverso do espaçamento dendrítico 
secundário (λ2) para as ligas Sn-52%Bi-1%Sb e Sn-52%Bi-2%Sb. .................. 72 
Figura 47 Imagens MEV das superfícies de fratura da liga ternária Sn-52%Bi-1%Sb 
para as posições (a) 6mm, (b) 48mm e (c) 90mm a partir da interface 
metal/molde. ....................................................................................................... 74 
Figura 48 Imagens MEV das superfícies de fratura da liga ternária Sn-52%Bi-2%Sb 
para as posições (a) 6mm, (b) 48mm e (c) 90mm a partir da interface 
metal/molde. ....................................................................................................... 75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Leis experimentais para descrever a evolução dos espaçamentos 
dendríticos (λ1, λ2, λ3) em função das variáveis térmicas de solidificação (VL e 
ṪL) para ligas metálicas (SILVA, 2016). ............................................................. 16 
Tabela 2 − Equações genéricas do tipo Hall-Petch ou Hall-Petch modificada 
correlacionando propriedades mecânicas (σt, σe, δ e dureza) e parâmetros 
estruturais (λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) de ligas solidificadas direcionalmente em regime 
transitório de fluxo de calor (SILVA, 2016). ........................................................ 17 
Tabela 3: Leis de crescimento dendrítico e eutético para as ligas Sn-Bi-Sb. ............ 68 
LISTA DE ABREVIATURAS 
C0 – Composição nominal 
DRX – Difração de Raios-X 
EDS – Espectroscopia de Raios-X por Energia Dispersiva 
FRX – Fluorescência de Raios-X 
G – Gradiente Térmico 
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura 
RoHS – Restriction of Certain Hazardous Substances 
SE – Detector de Elétrons Secundários 
SRC – Super-resfriamento Constitucional 
Ṫ ou ṪL- Taxa de resfriamento 
TE – Temperatura eutética 
TL – Temperatura liquidus 
TS – Temperatura solidus 
tSL – Tempo local de solidificação 
TV – Temperatura de vazamento 
v – Velocidade de solidificação ou velocidade da frente eutética 
VL – Velocidade da isoterma liquidus 
WEEE – Waste Electrical and Electronic Equipment 
λ1 – Espaçamento Dendrítico Primário 
λ2 – Espaçamento Dendrítico Secundário 
λ3 – Espaçamento Dendrítico Terciário 
σt – Limites de resistência à tração 
σe – Limite de escoamento 
δ – Alongamento específico 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................ 4 
2.1 PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO ................................................................ 4 
2.2 SOLIDIFICAÇÃO UNIDIRECIONAL ............................................................... 6 
2.3 VARIÁVEIS TÉRMICAS DE SOLIDIFICAÇÃO .............................................. 8 
2.4 SOLIDIFICAÇÃO DE EUTÉTICOS ................................................................ 9 
2.5 MICROESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO............................................... 12 
2.5.1 ESTRUTURAS CELULAR E DENDRÍTICA ........................................... 14 
2.6 CORRELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS TÉRMICOS E 
MICROESTRUTURA ............................................................................................. 16 
2.7 RELAÇÕES ENTRE MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES ................. 17 
2.8 LIGAS DE BRASAGEM LIVRES DE PB (LEAD-FREE SOLDER ALLOYS) 18 
2.8.1 ASPECTOS GERAIS ............................................................................. 18 
2.8.2 ESTANHO E SUAS LIGAS .................................................................... 19 
3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ................................................................. 28 
3.1 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS UTILIZADOS ........................................... 29 
3.2 DISPOSITIVO DE SOLIDIFICAÇÃO VERTICAL ASCENDENTE ................ 31 
3.2.1 DETERMINAÇÃO DAS VARIÁVEIS TÉRMICAS DE SOLIDIFICAÇÃO 33 
3.3 CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO ................ 34 
3.3.1 CARACTERIZAÇÃO DA MACROESTRUTURA E 
MICROESTRUTRURAS .................................................................................... 35 
3.3.2 MEDIÇÃO DOS ESPAÇAMENTOS DENDRÍTICOS E EUTÉTICOS .... 36 
3.4 ANÁLISE DA MACROSSEGREGAÇÃO ...................................................... 37 
3.5 DIFRAÇÃO DE RAIOS-X (DRX) .................................................................. 38 
3.6 ANÁLISE DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) E 
MAPEAMENTO QUÍMICO MEV/EDS.................................................................... 38 
3.7 ENSAIO DE TRAÇÃO .................................................................................. 38 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 41 
4.1 VARIÁVEIS TÉRMICAS ............................................................................... 41 
4.2 MACROESTRUTURAS E MICROESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO ..... 46 
4.3 MACROSSEGREGAÇÃO E ANÁLISE POR DIFRAÇÃO DE RAIOS-X ....... 524.4 CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL POR ANÁLISES DE MEV/EDS
 55 
4.5 MAPEAMENTO DE COMPOSIÇÃO QUÍMICA POR MEV/EDS .................. 60 
4.6 ANÁLISE DAS LEIS DE CRESCIMENTO DENDRÍTICO E/OU EUTÉTICO 62 
4.7 PROPRIEDADES MECÂNICAS DE TRAÇÃO ............................................. 68 
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................ 78 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Atualmente observa-se um crescente aumento no consumo de equipamentos 
eletrônicos e eletrodomésticos, e o consequente descarte responsável destes 
materiais se faz necessário. O lixo eletrônico virou um desafio no mundo inteiro, uma 
vez que a indústria de eletroeletrônicos é uma das que mais crescem na era 
tecnológica. Um recente estudo mostrou que a quantidade de lixo eletrônico 
alcançou um recorde de 45 milhões de toneladas em 2016, um aumento de 8% em 
relação a 2014 e apenas 20% foi reciclado (WELLE, 2017). Os resíduos desse 
descarte contêm metais pesados altamente tóxicos, como mercúrio, cádmio e 
chumbo. Esses elementos geram alterações negativas no meio ambiente, como a 
contaminação dos solos e dos lençóis freáticos, se queimados podem poluir o ar, 
além de gerar graves riscos à saúde humana (WEILER et al., 2013). 
Na montagem de dispositivos eletrônicos, as juntas de solda fornecem papel 
fundamental para o fornecimento dos mecanismos e interconexões elétricas. Apesar 
de variedade de ligas disponíveis para tal aplicação, as ligas são muito utilizadas na 
indústria eletrônica, pelo seu baixo ponto de fusão, boas propriedades físicas e 
mecânicas, além de ótimo molhamento nos substratos metálicos (GARCIA et al., 
2009). Contudo, o chumbo é tóxico, apresentando graves fatores de riscos. 
Neste contexto, para amenizar o uso de metais tóxicos na indústria 
eletroeletrônica, em 2005, uma legislação europeia, a RoHS (Restriction of Certain 
Hazardous Substances) proibiu o uso de certas substâncias perigosas, entre elas o 
chumbo, em processos de fabricação de produtos em geral, determinando que, a 
partir do dia 1° de julho de 2006, nenhum produto utilizando essas substâncias 
possa ser vendido na Europa (ISLAM et al, 2006). 
 No Brasil, apesar de não existir uma legislação similar à RoHS, restringindo o 
uso de substâncias perigosas em equipamentos eletroeletrônicos, existem 
regulamentações especificas que limitam o uso de metais pesados em pilhas e 
baterias, pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei n° 12.305/10, a 
qual determina a obrigatoriedade da implantação de sistemas de logística reversa 
para esses resíduos. No entanto, observa-se que algumas empresas vêm adotando 
os requisitos da diretiva RoHS para a comercialização de seus produtos tanto no 
Brasil, quanto mundialmente (BRESCANSIN, 2014). 
2 
 
Um número crescente de estudos tem buscado o desenvolvimento de ligas de 
brasagem livres de chumbo, do inglês, Lead-free Solder Alloys. Porém essas ligas 
devem exibir características físicas, químicas e mecânicas similares às ligas Sn-Pb. 
As ligas de brasagem à base de estanho apresentam excelente fluidez e 
temperaturas de trabalho ideais para a união de componentes eletrônicos. Dentre os 
sistemas mais utilizados para compor estas novas ligas de brasagem, estão Sn-Bi, 
Sn-Ag, Sn-Zn, Sn-Cu e Sn-Sb (MAIA, 2011). No entanto, essas ligas apresentam 
desvantagens como baixa resistência à corrosão, baixa tenacidade e problemas de 
segregação. 
Em aplicações onde os vários materiais presentes em componentes 
eletrônicos são sensíveis a altas temperaturas (neste caso, T>200°C) ligas do 
sistema Sn-Bi (temperatura eutética de 138°C), tornam alternativas interessantes 
para substituir ligas Sn-Pb. No entanto, ligas Sn-Bi apresentam baixa ductilidade, 
baixa molhabilidade e segregação. A adição de elementos de liga em ligas binárias 
Sn-Bi pode promover melhorias nestas desvantagens (Sakuyama, 2009). Suganuma 
et al. (2001) investigaram a adição de pequenas quantidades de prata como 
elemento ternário da liga eutética Sn-57%Bi. No entanto, o teor de Ag escolhido não 
foi suficiente para os níveis de tenacidade ao impacto das ligas Sn-Bi analisadas. 
O aumento do teor de Sb aumenta a quantidade de estrutura eutética, porém 
aumenta o ponto de fusão das ligas eutéticas Sn-Bi e pode melhorar a resistência ao 
cisalhamento. Esse aumento de regiões eutéticas pode ser atribuído à fase 
intermetálica SnSb, que promove uma supressão da fase primária β-Sn (ZHANG et 
al 2014). Torres e colaboradores (TORRES et al. 2012) investigaram o efeito da 
adição de Sb (0, 3 e 6% em peso) na liga eutética Sn-Bi. As propriedades mecânicas 
(resistência à compressão e dureza) aumentaram com o aumento do teor de Sb e a 
resistência à corrosão apresentou melhorias significativas. Desta forma, um maior 
entendimento da correlação entre a evolução microestrutural e as variáveis térmicas 
de solidificação associados às propriedades mecânicas, através da adição de 
antimônio em ligas hipoeutéticas Sn-Bi, precisa ser elucidado. 
 
 
 
 
 
3 
 
1.1 OBJETIVOS 
 Considerando a necessidade de desenvolvimento de novas ligas para 
brasagem de componentes microeletrônicos sem Pb e de atender as diretrizes 
RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances), o presente trabalho tem por 
objetivo estudar o efeito das adições de 1% e 2%Sb (em peso) na liga hipoeutética 
Sn-52%Bi solidificada direcionalmente em regime transitório de fluxo de calor, 
quanto às variáveis térmicas de solidificação, caracterização microestrutural e 
propriedades mecânicas. 
 
1.2.1 Objetivos específicos 
i. Realizar experimentos de solidificação direcional no regime transitório de fluxo 
de calor para as ligas Sn-52%Bi-1%Sb e Sn-52%Bi-2%Sb, com uso de chapa 
molde de aço carbono 1020; 
ii. Determinar experimentalmente as variáveis térmicas de solidificação como, 
velocidade de crescimento da isoterma liquidus (VL), taxa de resfriamento (ṪL) 
e gradiente térmico (GL), a partir dos registros térmicos ao longo dos lingotes 
Sn-Bi-Sb; 
iii. Caracterizar a macroestrutura e microestruturas de solidificação, realizando a 
quantificação dos parâmetros microestruturais (espaçamentos dendríticos 
primários-λ1, secundário-λ2 e terciários-λ3, e eutéticos-λf ou λg) por meio de 
técnicas metalográficas, identificando as fases presentes (fase primária β-Sn, 
eutético e precipitados de Bi) e o nível de segregação pelas técnicas de 
Difração de Raios-X (DRX) e Fluorescência de Raios-X (FRX), 
respectivamente; 
iv. Entender a relação experimental parâmetros térmicos-microestrutura ao longo 
dos lingotes Sn-52%Bi-1%Sb e Sn-52%Bi-2%Sb e suas respectivas leis de 
crescimento microestrutural; 
v. Compreender o efeito das adições de Sb nas propriedades mecânicas de 
tração como os limites de resistência à tração (σt) e de escoamento (σe), e 
alongamento específico (δ). 
 
4 
 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
2.1 PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO 
 
O processo de solidificação é aplicado em diversos campos da engenharia, tais 
como: processos de fundição (vazamento gravitacional e centrifugação), de 
soldagem, de crescimento de cristais e de tratamentos superficiais à Laser. Na 
metalurgia este processo é de extrema importância já que, com exceção de peças 
sinterizadas, todos os metais passam, em alguma etapa de seu processamento, por 
um processo de fusão e solidificação seja na fabricação de peças fundidas em 
moldes com a forma desejada, seja na produção de lingotes para posterior 
conformação (GARCIA, 2007). 
O processo de solidificação pode ser definido, em termos macroscópicos, 
como sendo fenômeno de transformação de uma fase liquida em fase sólida. Do 
ponto de vista microscópico, a solidificação pode ser tratada como um processo de 
doisestágios consecutivos: a nucleação e o crescimento que acarretam na 
transformação da fase do material, de líquida para sólida (TOLEDO, 2013). 
Dependendo das condições de contorno impostas a que está submetido esse 
processo, como variáveis térmicas e estruturais, estão diretamente relacionados na 
mudança de fase líquido/sólido que interfere nas propriedades mecânicas do 
material (CANTÉ, 2009). A Figura 1 apresenta a sequência dos fenômenos ocorridos 
durante a solidificação de um metal. Este processo de transferência de calor 
consiste principalmente por liberação de energia térmica como uma fronteira móvel 
que separa as duas fases de estado de agregação distintas (GARCIA, 2007). 
5 
 
 
Figura 1: Encadeamento de fatores e eventos durante a solidificação de um metal 
(Garcia, 2007). 
 
 As propriedades mecânicas do material baseiam-se essencialmente nas 
condições impostas no processo de solidificação. O tamanho, a orientação 
preferencial de crescimento e morfologia dos grãos, os espaçamentos interfásicos, 
as heterogeneidades de composição química, forma e distribuição de inclusões, 
entre outros fatores, são decisivos na formação da macroestrutura e da 
microestrutura do material, influenciando consequentemente nas propriedades 
mecânicas do mesmo (COSTA, 2016). 
Como a indústria tem procurado a produção de seus componentes com 
propriedades cada vez mais elevadas, a compreensão da influência das variáveis 
térmicas de solidificação na formação da estrutura final e consequentemente nas 
propriedades finais do material possibilita um melhor controle dos processos de 
fundição, de modo a obter as exigências de engenharia desejadas. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
2.2 SOLIDIFICAÇÃO UNIDIRECIONAL 
 
 A técnica de solidificação unidirecional tem sido bastante utilizada no estudo 
experimental dos fenômenos relacionados à solidificação. Essa técnica pode ser 
observada sob duas abordagens, sendo uma que trata com solidificação em regime 
permanente e a que ocorre em regime transiente. No primeiro caso, variáveis 
térmicas como o gradiente de temperatura e velocidade de crescimento são 
controlados independentemente e mantidos constantes ao longo do experimento, 
como ocorre nos processos que utilizam a técnica Bridgman/Stockbarger, ilustrado 
na Figura 2 (GARCIA, 2007). 
 
a) b) 
Figura 2: Técnicas experimentais de solidificação unidirecional em condições 
estacionárias de fluxo de calor: (a) vertical com deslocamento do forno; (b) vertical 
com deslocamento da amostra. Adaptado de Garcia (Garcia, 2007). 
O estudo em condições estacionárias de fluxo de calor é muito utilizado na 
determinação das relações quantitativas entre os aspectos microestruturais e as 
variáveis térmicas de solidificação, já que permite analisar a influência de cada uma 
delas de forma independente, e permite um mapeamento experimental de 
parâmetros microestruturais em um espectro mais amplo da amostra solidificada. 
No entanto, na solidificação em regime transiente, o gradiente de temperatura 
e velocidade de crescimento de transformação variam livremente com o tempo e 
com a posição no interior do metal. A maioria dos processos industriais de 
solidificação ocorre em condições de regime transiente, o que justifica a importância 
do estudo teórico-experimental da influencia das variáveis térmicas sobre os 
7 
 
parâmetros de macroestrutura e microestrutura resultantes do processo de 
solidificação unidirecional (ROCHA, 2003). 
A técnica de solidificação unidirecional transitória se apresenta 
experimentalmente em diferentes condições: vertical ascendente, vertical 
descendente e horizontal. A Figura 3 apresenta esquematicamente como ocorre a 
extração de calor ocorre em cada situação. 
 
 
 a) b) c) 
Figura 3: Representação esquemática das três técnicas de solidificação unidirecional 
– g é o vetor gravidade: (a) Vertical ascendente; (b) Vertical descendente e; (c) 
Horizontal (COSTA, 2016). 
Por meio dessas configurações experimentais é possível obter uma série de 
microestruturas devido ao perfil decrescente da taxa de resfriamento, 
consequentemente torna-se possível estabelecer leis de crescimento em função das 
variáveis térmicas para ligas solidificadas em condições de regime transiente de 
extração de calor (COSTA, 2016). 
Uma vez que o presente trabalho foi realizado com o dispositivo de 
solidificação na configuração vertical ascendente, vale salientar que esta técnica tem 
como princípio receber o metal líquido e possibilitar a solidificação de forma que a 
extração de calor necessária para a transformação do líquido em sólido ocorra de 
forma vertical de baixo para cima. Com a solidificação progredindo em sentido 
contrário ao da ação da gravidade, o peso do próprio lingote atua no sentido de 
favorecer o contato térmico com a base refrigerada (COSTA, 2016). 
 
8 
 
2.3 VARIÁVEIS TÉRMICAS DE SOLIDIFICAÇÃO 
 
 O estudo da transferência de calor no processo de solidificação fundamenta-
se na determinação da cinética de solidificação e na distribuição da temperatura no 
sistema metal/molde. As estruturas de solidificação influenciam significativamente as 
propriedades mecânicas, em produtos fundidos e em produtos tratados 
termicamente. Essas estruturas dependem das variáveis térmicas de solidificação, 
como: temperatura de vazamento (TV), gradientes de temperatura (G), velocidades 
de evolução das isotermas de transformação liquidus e solidus (VL e VS) e taxas de 
resfriamento (Ṫ). Essas variáveis afetam diretamente na morfologia macro e 
microestrutural bruta de solidificação (DIAS, 2009). 
 Segundo Garcia (GARCIA, 2007), se igualarmos a temperatura da ponta da 
dendrita (interface líquido/sólido) à temperatura liquidus, na determinação das 
variáveis térmicas de solidificação, é possível determinar a velocidade de 
crescimento (ou velocidade de avanço da isoterma liquidus VL), ou seja, velocidade 
da ponta da dendrita será igual à VL. A Figura 4 exibe a as evoluções teóricas das 
velocidades de deslocamento das isotermas liquidus e solidus, além de um esquema 
representativo ilustrando a base e a ponta da dendrita. 
 
 
Figura 4: Desenho esquemático mostrando um gráfico da velocidade em função da 
posição e os deslocamentos das isotermas solidus e liquidus ao longo de um 
elemento de volume L: TL-isoterma liquidus; TS-isoterma solidus. (Bertelli, 2012.) 
 
Durante o processo de solidificação a energia na forma de calor move-se da 
zona de maior temperatura para a zona de menor temperatura. A determinação 
9 
 
desse gradiente de temperatura pode ser obtida através da diferença de temperatura 
entre dois pontos definidos, conforme a equação (01) a seguir: 
GL = ∆𝑇 ∆𝑃⁄ (Eq. 01) 
 
Onde, GL= gradiente térmico (°C/mm), ∆𝑇= variação da temperatura (°C) e 
∆𝑃= diferença de posição. 
Já a velocidade de solidificação relaciona o deslocamento da interface 
sólido/liquido com tempo. A determinação dessa variável é determinada conforme a 
equação (02) a seguir: 
 VL=𝜕𝑃 𝜕𝑡⁄ (Eq; 02) 
 
A taxa de resfriamento (Ṫ) junto à isoterma liquidus pode ser definida como a 
inclinação da curva de resfriamento no momento da passagem pela temperatura 
liquidus, ou ainda a partir dos valores de GL e VL, segundo a equação (03): 
 
 Ṫ= dTL / dt = GL x VL (Eq; 03) 
 
2.4 SOLIDIFICAÇÃO DE EUTÉTICOS 
 
Ligas eutéticas são caracterizadas por apresentarem um ponto de fusão 
menor do que os apresentados pelo os seus constituintes, e se destacam pela 
grande variedade de morfologias que podem apresentar durante a solidificação e 
consequentemente, pela diversidade de propriedades e aplicações obtidas 
(GARCIA, 2007). 
Duas questões principais caracterizam as reações eutéticas, que são: a 
completa solubilidade no estado líquido e solubilidade parcial no estado sólido, e os 
dois pares de linhas liquidus e solidus apresentando coeficientes de distribuição desoluto (k) menor do que a unidade. A solidificação eutética resulta da formação de 
um sólido representado pela mistura íntima de duas soluções sólidas, mesmo que a 
microestrutura que decorre dessa mistura dependa do crescimento de cada fase 
individual, facetada ou difusa (GARCIA, 2007). 
A variação das morfologias eutéticas pode ser classificada de acordo com as 
características apresentadas em três categorias: estruturas regulares, regulares 
10 
 
complexas e irregulares. As ligas eutéticas de estrutura regular exibem três 
diferentes tipos microestruturais: lamelares, fibrosos ou globulares. A estrutura 
lamelar é constituída de placas paralelas e alternada das duas fases sólidas que 
compõem o eutético, conforme mostra a Figura 5(a). A microestrutura fibrosa é 
constituída de barras finas de uma das fases, envolvida pela fase matriz, conforme a 
Figura 5(b). Os eutéticos globulares, que ocorrem em algumas ligas de importância 
comercial como, por exemplo, no eutético Cu-CuO2, apresentam formato conforme 
mostrado na Figura 5(c). Nos eutéticos regulares com estruturas complexas 
observam-se duas regiões de aspecto distinto, uma delas com padrão regular 
repetitivo e outra com orientação ao acaso, já os eutéticos irregulares a estrutura 
consiste de orientações ao acaso das duas fases que constituem o eutético, 
conforme a Figura 5(d) (GARCIA, 2007). 
 
 
 
Figura 5: Representações esquemáticas de estruturas eutéticas, (a) regular lamelar, 
(b) regular fibrosa, (c) regular globular e (d) irregular (Garcia, 2007). 
 
 
 Devido à complexidade na avaliação da estabilidade da interface 
sólido/líquido no crescimento simultâneo de duas fases, como em eutéticos, a 
análise individual de cada caso se faz necessário (eutéticos binários puros, eutéticos 
binários impuros e estruturas eutéticas obtidas a partir de ligas pró-eutéticas). 
Nos eutéticos binários puros, a composição média do sólido é a mesma do 
líquido do qual ele é formado. Apesar do perfil de soluto ser capaz de provocar um 
11 
 
pequeno grau de super-resfriamento constitucional, este não é suficiente para criar a 
instabilidade da interface. Já para os eutéticos binários impuros, ao acrescentar uma 
impureza a uma liga eutética pura, a distribuição de soluto entre as duas fases 
sólidas e o líquido irá variar ao longo do tempo, e será capaz de induzir uma 
alteração de uma interface plana para uma interface celular. Estruturas conhecidas 
como “colônias eutéticas” são formadas a partir do crescimento de paralelo de 
células. A adição de impurezas pode provocar a formação de uma estrutura 
dendrítica proveniente ou da fase α ou da fase β que constituem o eutético, ou 
mesmo de uma fase formada com a própria impureza (GARCIA, 2007). 
 As ligas pró-eutéticas possuem concentrações próximas ao ponto eutético, 
podendo também ser identificada ao longo de um intervalo de composição. Em 
condições normais de solidificação (equilíbrio termodinâmico), a microestrutura final 
deve ser constituída de dendritas de uma fase α ou da fase β, e conforme sua 
posição em relação à composição eutética pode conter agregados eutéticos em 
regiões interdendríticas. A solidificação de um eutético envolve um processo de 
acoplamento difusivo de alta eficiência e que pode ser mais rápido do que o 
crescimento isolado de uma única fase (GARCIA, 2007). 
 As estruturas eutéticas podem ser obtidas ao longo de um intervalo de 
composição e não apenas na composição específica. Esses intervalos são 
denominados zonas de acoplamento (em inglês, coupled zones), e os fatores que 
determinam as dimensões e a simetria desse intervalo são o gradiente térmico (GL) 
e/ou velocidade de crescimento (V). A Figura 6 mostra essa região dos diagramas 
de fases eutéticos regulares (Figura 6a) e eutéticos irregulares (Figura 6b). Assim, 
nas regiões fora desse intervalo de composições, a microestrutura será constituída 
de dendritas primárias com eutético compreendido entre suas ramificações. 
 
 
12 
 
 
Figura 6: Zona de crescimento acoplado em diagramas de fases eutéticos (região 
sombreada): (a) região acoplada aproximadamente simétrica para eutéticos regulares 
e (b) região acoplada deslocada em eutéticos irregulares (GARCIA, 2007). 
 
 
2.5 MICROESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO 
 
 Durante a solidificação de ligas metálicas, pode verificar-se diferentes 
morfologias e fases microestruturais dependendo da composição química da liga e 
das condições de solidificação. A formação da morfologia está fortemente 
relacionada com a evolução da forma da interface entre o sólido/liquido (S/L). Em 
condições ideais essa interface deveria ser plana, porém, alterações nos parâmetros 
constitucionais e térmicos do sistema metal/molde que ocorrem durante a 
solidificação provocam instabilidade dessa interface dando origem as estruturas 
(DIAS FILHO, 2016; BRITO, 2016). 
 Ao longo do processo de solidificação, a rejeição do soluto ou do solvente à 
frente da interface sólido/líquido da origem a um fenômeno que favorece a 
nucleação, conhecido na literatura como Super-Resfriamento Constitucional (SRC). 
A morfologia na interface S/L depende do valor de SRC que, por ordem crescente do 
SRC, são denominadas: planar, celular e dendrítica. Na Figura 7 observa-se de 
forma esquemática, a influência dos fatores: concentração de soluto (C0), velocidade 
de deslocamento da fronteira de solidificação (V), e o gradiente térmico (G) na 
estabilidade da interface S/L e, consequentemente na formação das microestruturas 
(GARCIA, 2007). 
13 
 
 A continuidade do aumento do grau de super-resfriamento constitucional 
induz instabilidades de maior ordem com o surgimento de braços secundários que 
caracterizam as redes dendríticas. As distâncias entre centros de células e de 
ramificações ou braços dendríticos são definidas como espaçamentos intercelulares 
e interdendríticos, que são muito utilizados para caracterizar quantitativamente a 
microestrutura formada, conforme apresentado na Figura 8 (GARCIA, 2007). 
 
 
Figura 7: Representações esquemáticas da atuação dos fatores de influência na 
formação das microestruturas de solidificação (Garcia, 2007). 
 
 
Figura 8: Esquema representativo das ramificações interdendríticas primárias (λ1), 
secundárias (λ2) e terciárias (λ3) (Kurz e Fisher 1992). 
 
14 
 
2.5.1 ESTRUTURAS CELULAR E DENDRÍTICA 
 
A instabilidade da interface sólido/líquido leva à formação de fronteiras de 
solidificação (celulares ou dendríticas), que são influenciadas pela segregação do 
soluto e distribuição de temperaturas nas vizinhanças da interface. Já a instabilidade 
da interface planar induz a formação de células que gradativamente iniciam a uma 
transição a morfologia dendrítica, até que se estabeleça um crescimento totalmente 
dendrítico. 
No entanto, com a diminuição do valor de GL/VL devido à redução do 
gradiente de temperatura no líquido ou pelo acréscimo da velocidade, a região 
super-resfriada constitucionalmente é estendida e a célula começa a se desviar da 
forma circular original e passa a apresentar uma configuração denominada de cruz 
de malta, conforme mostra o esquema na Figura 9. Nesse instante, as condições de 
solidificação são tais que fatores cristalográficos passam a exercer elevada 
influência e o crescimento da estrutura passa a ser desviado para a direção 
cristalográfica preferencial (BILONI, 1968; Flemings, 1974; Kurz/Fisher, 1992; 
Garcia, 2001; Ding e Tewari, 2002). 
 A transição entre células e dendritas é difusa e ocorre a partir do início da 
influência do fator cristalográfico e termina quando a direção preferencial de 
crescimento é atingida (Ding e Tewari, 2002; Ding e colaboradores, 1996/1997; Yu e 
colaboradores, 1999) e os braços dendríticos secundários já estejam perfeitamente 
definidos. Nessa faixa de transição, costuma definir-se a estrutura como 
celular/dendrítica, embora essa situação só ocorra paraestreitas faixas de valores 
de gradiente e de velocidade de deslocamento da interface. 
A Figura 10 apresenta a forma com que GL/VL influencia a instabilização da 
interface planar. Para uma liga de composição C0, constituída por uma estrutura 
planar, por exemplo, a mudança de estrutura para celular ou dendrítica pode ser 
conseguida pela imposição de um aumento gradativo da velocidade de solidificação 
ocasionando, consequentemente, a diminuição da razão GL/VL. 
 
15 
 
 
Figura 9: Mudança morfológica na estrutura de crescimento à medida que a 
velocidade é aumentada: (A) crescimento celular regular em baixas velocidades; (B) 
crescimento celular com alteração na direção de crescimento; (C) transição 
celular/dendrítica; (D) crescimento dendrítico com início de formação de 
instabilidades laterais. (Garcia, 2007). 
 
Figura 10: Condições de transição planar/celular/dendrítica pelo efeito do super-
resfriamento constitucional (GARCIA, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
2.6 CORRELAÇÕES ENTRE OS PARÂMETROS TÉRMICOS E 
MICROESTRUTURA 
 
Modelos teóricos fundamentados em sistemas de solidificação direcional 
foram desenvolvidos com o objetivo de analisar a influência das variáveis térmicas 
de solidificação sobre os espaçamentos celulares e dendríticos. Os modelos de 
Hunt-Lu (HUNT-LU, 1996) e Bouchard-Kirkaldy (BOUCHARD-KIRKALDY, 1997) são 
exemplos de modelos de crescimento dendrítico para solidificação em condições 
transitórias de fluxo de calor, sendo os demais são para regime estacionário. Esses 
estudos estabelecem relações entre parâmetros estruturais e os parâmetros 
térmicos de solidificação. A Equação 4 apresenta estas relações de forma geral. 
 
(λC, λ1, λ2, λ3, λ) = a (V, G, Ṫ)
-b (Eq. 04) 
 
 Sendo “a” um constante que depende da composição química da liga e “b” é 
um expoente determinado experimentalmente, λC, λ1, λ2, λ3, λ, são respectivamente, 
os espaçamentos celulares e dendríticos primários, secundários, terciários e 
eutéticos, G é o gradiente de temperatura, V é a velocidade de solidificação e Ṫ é a 
taxa de resfriamento. 
 A Tabela 1 apresenta um resumo das leis de crescimento dendrítico para 
sistemas de ligas metálicas reportadas por Silva (SILVA, 2016). 
 
Tabela 1 – Leis experimentais para descrever a evolução dos espaçamentos dendríticos (λ1, 
λ2, λ3) em função das variáveis térmicas de solidificação (VL e ṪL) para ligas metálicas 
(SILVA, 2016). 
Parâmetro térmico 
Relações λ1 com 
VL e ṪL 
Relações λ2 com 
VL e ṪL 
Taxa de resfriamento - ṪL λ1,3=a(ṪL)
-0,55 λ2=a(ṪL)-1/3 
Velocidade de deslocamento 
da isoterma liquidus - VL 
λ1,3=b(VL)
-1,1 λ2=b(VL)
-2/3 
*a e b são constantes 
 
 
 
 
17 
 
2.7 RELAÇÕES ENTRE MICROESTRUTURA E PROPRIEDADES 
 
O processo de solidificação tem influência considerável sobre as propriedades 
mecânicas exibidas do produto final de solidificação. O comportamento mecânico 
das ligas metálicas é influenciado por vários fatores como tamanho de grão, forma e 
distribuição de inclusões e intermetálicos, porosidade formada, além dos 
espaçamentos interdendríticos e intercelulares. (GARCIA, 2007). 
A conhecida equação de Hall-Petch (Hall, 1951; Petch 1953) mostra que a 
resistência mecânica é proporcional ao inverso da raiz quadrada do diâmetro médio 
de grão (d). De forma similar, para estruturas brutas de fusão, este “d” pode ser 
substituído, por exemplo, por espaçamentos microestruturais, λ, seja ele celular, 
dendrítico ou eutético. Relações experimentais (tipo Hall-Petch ou Hall-Petch 
modificada – Tabela 2) foram também desenvolvidas no sentido de correlacionar os 
resultados experimentais entre espaçamentos dendríticos, celulares e eutéticos com 
propriedades mecânicas de tração (limite de resistência à tração-σt, limite de 
escoamento-σe e alongamento especifico-δ) para ligas binárias (OSORIO, et al., 
2012). De maneira equivalente, alguns trabalhos correlacionam esses espaçamentos 
com a dureza Vickers (CANTÉ, et al., 2013). Silva (Silva 2016) construiu um resumo 
dessas leis tipo Hall-Petch, conforme apresenta a Tabela 2. 
 
Tabela 2 − Equações genéricas do tipo Hall-Petch ou Hall-Petch modificada correlacionando 
propriedades mecânicas (σt, σe, δ e dureza) e parâmetros estruturais (λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) de ligas 
solidificadas direcionalmente em regime transitório de fluxo de calor (SILVA, 2016). 
Tipo 
σt, σe, δ e dureza Vickers HV como função 
de espaçamentos celulares/dendríticos 
Hall-Petch 
 
σt = σt0 + k(λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) 
σe = σe0 + k(λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) 
δ = δ0 + k(λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) 
HV= HV0 + k(λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) 
Hall-Petch 
modificada 
 
σt = σt0 + k1(λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) -/+ k2(λ1,C
-1, λ2
-1) 
σe = σe0 + k1(λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) -/+ k2(λ1,C
-1, λ2
-1) 
δ = δ0 + k1(λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) -/+ k2(λ1,C
-1, λ2
-1) 
HV= HV0 + k1(λ1,C
-1/2, λ2
-1/2) -/+ k2(λ1,C
-1, λ2
-1) 
* k, k1 e k2 são constantes. 
18 
 
2.8 LIGAS DE BRASAGEM LIVRES DE PB (LEAD-FREE SOLDER 
ALLOYS) 
2.8.1 ASPECTOS GERAIS 
 
Ligas de brasagem livres de chumbo são ligas alternativas (binárias, ternárias 
ou quaternárias), geralmente à base de Sn, que poderão substituir as tradicionais 
ligas Sn-Pb aplicadas para juntas de componentes eletrônicos. Essas juntas são 
fabricadas pelo processo de brasagem. A brasagem abrange um grupo de processo 
de união que produz a coalescência dos metais pelo aquecimento a uma 
temperatura adequada e pelo uso de um metal de adição que tem um ponto de 
fusão abaixo da temperatura “solidus” do metal de base. Ou seja, na brasagem 
diferentemente da soldagem, o metal de base nunca é levado à fusão. Se o ponto de 
fusão do metal de adição é superior a 450°C, o processo é dito brasagem forte 
(“brazing”) e, em caso contrário, é dito “brasagem fraca” (“soldering”). De modo 
geral, se utilizam ligas de curto intervalo de fusão para juntas curtas e ligas de amplo 
intervalo para juntas longas. A ligação entre o metal de adição e metal de base se dá 
por difusão com a formação de ligas intermetálicas na interface entre estes 
materiais, e é sólida e resistente (MARQUES, et al.,1991). 
Atualmente, o uso de juntas brasadas tem se tornado indispensável para 
interconexões de praticamente todos os dispositivos e circuitos eletrônicos. Soldas 
contendo chumbo, especialmente na composição eutética ou próximo à composição 
eutética (Sn-40%Pb), tem sido muito utilizada na união dos circuitos eletrônicos 
modernos (Wu et al, 2004). As ligas de brasagem do sistema Sn-Pb se tornaram 
importante industrialmente devido possuírem propriedades para aplicações de 
brasagem branda, como: baixo ponto de fusão (183°C), excelente grau de 
molhabilidade, boas propriedades mecânicas e baixo custo. 
A preocupação com a saúde humana e com o meio ambiente levou a 
comunidade europeia criar diretrizes como a RoHS (Restriction of Hazardous 
Substances) e a WEEE (Waste Electrical and Electronic Equipment) proibindo o uso 
de certas substâncias perigosas a partir de 2006 (por exemplo o chumbo) na 
fabricação de produtos em geral. Além disso, deve ser feita a recuperação e a 
reciclagem dos metais no final da vida útil (ISLAM et al.,2006). Tendo em vista a 
exigência do mercado devido à RoHS, surgiu a necessidade de serem 
desenvolvidas novas ligas de brasagem alternativas livres de chumbo para a 
19 
 
fabricação de dispositivos eletrônicos. No entanto, algumas especificações no 
desempenho dessas ligas devem ser atendidas, como atender níveis de 
confiabilidade especificados em termos de boas propriedades elétricas e mecânicas 
(Wu et al, 2004). Além disso, as soldas precisam apresentar propriedades como 
baixa temperatura de fusão, boa molhabilidade e custo acessível. 
As ligas de brasagem livres de chumbo segundo HANDWEKER et al., devem 
ter uma temperatura de trabalho suficientemente baixa durante operações de refluxo 
para evitar danos à placa e componentes, mas alta o suficiente para fundir e molharos componentes da placa em um tempo de processamento razoável. A junta soldada 
deve solidificar sem formação de defeitos que afetem a integridade da junta durante 
e após a solidificação, e na sua utilização deve ser capaz de suportar as tensões 
impostas pelo uso. Essas ligas podem ser classificadas em três categorias segundo 
o seu ponto de fusão, de baixa (temperatura liquidus menores que 180°C), de média 
(por fundirem entre 200-230°C) e de alta (com temperatura liquidus entre 230-
350°C) (PUTTLITZ, 2004). Um número relativamente grande de ligas livres de 
chumbo foi proposto para aplicações em brasagem eletrônica. Dentre as 
possibilidades estão incluídas desde ligas binárias até ligas de sistema quaternário. 
Estudos preliminares indicam que as ligas Sn-Zn, Sn-Bi, Sn-In, Sn-Ag e Sn-Cu 
consistem em alternativas promissoras para a substituição de ligas para brasagem 
contendo Pb (MAIA, et al., 2011). 
2.8.2 ESTANHO E SUAS LIGAS 
 
Alguns elementos têm diferentes formas alotrópicas, sendo que cada uma 
delas apresenta propriedades físicas e químicas bastante distintas, como é o caso 
do estanho. Existem três formas alotrópicas para o estanho: 
 
Sn-α 
13,2°C
↔ Sn-β 
161°𝐶
↔ Sn-γ 
 
O estanho branco (Sn-β) é a forma mais conhecida e utilizada e sua estrutura 
cristalina é tetragonal de corpo centrado. Possui aspecto branco prateado, é bom 
condutor elétrico e moderadamente dúctil. O estanho cinzento (Sn-α) possui uma 
estrutura do tipo diamante, é um semicondutor, não dúctil, de aspecto cinza escuro 
não metálico na forma de pó e não tem aplicabilidade. A transformação do estanho 
20 
 
branco para o estanho cinzento ocorre por um processo de nucleação. Sabe-se que 
a velocidade de transformação do alótropo β para α é muito lenta e pode ser 
aumentada pela diminuição da temperatura. A transformação ocorre mais facilmente 
em estanho puro e a presença de elementos solúveis, como bismuto, chumbo e 
antimônio suprimem essa transição e outros elementos como cádmio, ouro e prata, 
retardam. Acima de 161°C, o estanho branco (Sn-β) converte-se em estanho 
rômbico (Sn-γ) que é quebradiço e possui uma estrutura cristalina ortorrômbica que 
se funde a 231,8°C (FIORUCCI et al., 2012). 
 Com relação ao bismuto, tem-se que é um metal quebradiço de coloração 
prata esbranquiçada de baixa dureza, e se encontra na família dos metais 
representativos. A densidade do bismuto é de 9,807 g/cm³ e possui ponto de fusão 
em 271,5°C. Por fim, o antimônio é um semi-metal quebradiço de coloração branco 
prateada, com densidade de 6,685 g/cm³ e ponto de fusão de 630,9°C. O antimônio 
sólido pode ser encontrado em várias formas alotrópicas (GUERRA et al, 2011). 
Dentro dos sistemas à base de Sn, destacam-se as ligas do sistema Sn-Bi, as 
quais são alternativas promissoras para substituir ligas Sn-Pb. Com uma 
temperatura eutética relativamente baixa de 138°C, ligas Sn-Bi apresentam 
vantagens como boa resistência mecânica, excelente resistência à fluência e baixo 
custo. Por outro lado, estudos indicaram que as ligas Sn-Bi apresentam algumas 
desvantagens como baixa ductilidade, baixo grau de molhamento, e segregação 
(DONG et al., 2008; GOH et al., 2013). 
A microestrutura solidificada de um eutético depende da taxa de resfriamento. 
Baixas taxas produzem uma microestrutura eutética clássica, em que as duas fases 
constituintes se alternam, enquanto altas taxas podem inibir a formação da estrutura 
eutética, produzindo fases não previstas em equilíbrio termodinâmico. Puttlitz 
(PUTTLITZ, 2004) reportou que a microestrutura da liga eutética Sn-58%Bi 
solidificada rapidamente apresenta uma estrutura lamelar irregular das fases ricas 
em Bi e em Sn. 
Na temperatura eutética o bismuto exibe solubilidade sólida significativa de 
21% em peso no estanho, de modo que Bi precipita na fase rica em Sn no estado 
sólido a baixa temperatura. Glazer (GLAZER, 1995) descreve o eutético Sn-Bi como 
sendo lamelar com material degenerado nos limites dos grãos eutéticos para taxas 
moderadas de resfriamento. A Figura 11 apresenta o diagrama de fases do sistema 
Sn-Bi onde se pode observar a temperatura de transformação em cada composição. 
21 
 
A reação eutética acontece a 138° ou 139° em uma composição de 57% ou 58% Bi 
(em peso) apresentando uma microestrutura constituída de uma mistura eutética, 
Bi+Sn, como mostra a Figura 12. 
 
 
Figura 11: Diagrama de fases do sistema Sn-Bi (adaptado de Okamoto, 1992). 
 
 
 
Figura 12: eutético Sn-Bi (Sakuyama, 2009). 
 
Silva et al. (2015) verificaram que a liga solidificada direcionalmente Sn-
52%Bi sob regime transiente de fluxo de calor apresentou uma microestrutura 
composta de dendritas ricas em Sn e precipitados de Bi em seu interior, circundadas 
por uma mistura eutética de com duas dimensões características, um eutético mais 
22 
 
fino (Figura 13a) apresenta-se como “ilhas” isoladas e um eutético mais grosseiro 
(Figura 13b), predominante em todo o lingote fundido. Uma outra estrutura 
observada foi o eutético do tipo escama de peixe (Figura 13c), que se localiza 
preferencialmente próximo às lamelas ricas em Bi, como pode ser observado na 
Figura 13. 
Osório et al. (OSÓRIO et al. 2013) estudaram a solidificação das ligas 
alternativas Sn-3,5%Ag, Sn-9%Zn e Sn-40%Bi. Tais autores reportaram que a liga 
Sn-40%Bi possui um menor alongamento específico (δ), cerca de duas vezes menor 
quando comparada a liga Sn-40%Pb, enquanto que o nível do Limite de Resistência 
à Tração (σt) exibiu um comportamento duas vezes maior. A liga Sn-40%Bi 
apresenta valores entre 72 a 76 MPa para σt e 17% para δ. 
 
 
(a) 
 
(b) 
 
(c) 
Figura 13: Estruturas eutéticas da liga Sn-52%Bi: (a) fina, (b) grosseira e (c) tipo 
Fishbone (Silva, 2015). 
 
Outro sistema à base de Sn que merece atenção é o sistema Sn-Sb, 
principalmente para aplicações em brasagem de alta temperatura (entre 230° e 
350°C). Existem mais de dez variantes do diagrama de fase deste sistema, e cada 
um deles diferem em algum aspecto. A razão para isso são as propriedades 
Sn 
Bi 
Sn 
Bi 
Eutético 
fishbone 
23 
 
especiais das ligas Sn-Sb, isto é, a baixa taxa de transformações químicas e de 
fase, e a capacidade para formar estados metaestáveis. O sistema da liga binária 
Sn-Sb apresenta um ponto peritético em 11,5%Sb em peso, onde ocorre a formação 
de duas soluções sólidas distintas: uma solução sólida rica em Sn e outra solução 
sólida intermediária (SnSb). Observa-se que o limite de solubilidade do Sb no Sn 
diminui de 1,2% em 127°C para 0,4% em 97°C e para quase zero em 67°C 
(VASIL’EV, 2003; DIAS FILHO, 2016). 
O antimônio em ligas binárias Sn-Sb forma um precipitado intermetálico 
quando a quantidade de Sb excede o limite de solubilidade no estado sólido, essa 
liga binária é reforçada quando dois mecanismos de endurecimento são 
combinados, solução sólida e precipitação. Morozumi et al.(2015) estudaram a 
influência do antimônio (2,5,8,10,13 e 15%) em ligas binárias Sn-Sb, e verificaram 
que o limite de resistência à tração aumenta conforme o aumento do teor de Sb. A 
precipitação do intermetálico SnSb melhora a resistência à tração e a vida útil do 
ciclo térmico. Além disso, a dureza medida no composto intermetálico SnSb foi cerca 
de três vezes maior do que na matriz Sn-Sb, enquanto o modulo de elasticidade é o 
mesmo, tanto na matriz quanto no composto. 
Esfandyarpour et al (2011) estudaram a microestrutura e comportamento à 
tração da liga Sn-5%Sb contendo Bi e Cu. A adição de 1,5% de Bi e Cu na liga 
binária resultou em um aumento na resistência à tração e na ductilidade. O aumento 
da resistência da liga Sn-5%Sb-1,5%Bi foi devido ao endurecimento por solução 
sólida do Bi no Sn, enquanto que o da liga Sn-5%Sb-1,5%Cu, se deu devido à 
formação de partículas Cu6Sn5. A melhoria da ductilidade foi devido ao refino 
microestrutural promovido pelos elementos de liga. A Figura 14 mostraimagens 
MEV das ligas Sn-5Sb, Sn-5Sb-1,5Bi e Sn-5Sb-1.5Cu, destacando as fases 
formadas. Vale ressaltar a presença de partículas SnSb finas e bem dispersas nos 
contornos de grãos. 
 
 
24 
 
 
Figura 14: Microestrutura das ligas (a) Sn-5%Sb, (b) Sn-5%Sb-1.5%Bi, (c) Sn-5%Sb-
1.5%Cu (adaptado de Esfandyarpour et al. 2011). 
 
 
Sakuyama et al (2009) investigaram a microestrutura e as propriedades 
mecânicas da liga eutética Sn-58%Bi adicionando pequenas quantidades (0,5% em 
peso) de prata, cobre, zinco e antimônio. A adição de antimônio foi o mais eficaz em 
melhorar a ductilidade, diminuindo o tamanho de grão na microestrutura eutética e 
aumentando o alongamento em até 40%. Apesar de a temperatura liquidus ser 
aumentada, o composto intermetálico SnSb, precipitado finamente na fase β-Sn 
impede o engrossamento da estrutura eutética, melhorando a ductilidade. O 
antimônio não forma compostos intermetálicos com o bismuto. A Figura 15 
apresenta a microestrutura da liga eutética Sn-58%Bi com adição de 1%Sb. 
 
 
Figura 15: Imagens MEV (a) do eutético da liga Sn-58%Bi-1%Sb (b) destacando a 
presença do intermetálico SnSb na fase β-Sn (adaptado de Sakuyama, 2009). 
 
 
As propriedades de tração da liga Sn-57,5%Bi-0,5%Sb foram investigadas e 
comparadas com as ligas Sn-58%Bi e Sn-3%Ag-0,5%Cu (SAC305) por KUBOTA et 
25 
 
al. (2014). Estes autores mostraram que a resistência à tração (σt) em temperatura 
ambiente da liga Sn-57,5%Bi-0,5%Sb é similar ao valor da liga eutética Sn-58%Bi, 
enquanto que em altas temperaturas a σt passa a ser menor que as encontradas 
para as ligas Sn-58%Bi e Sn-3%Ag-0,5%Cu. Por outro lado, o alongamento 
específico é ligeiramente superior ao da liga Sn-58%Bi e muito superior ao da liga 
Sn-3%Ag-0,5%Cu. 
O efeito da adição de Sb (0, 3 e 6% em peso) na liga eutética Sn-58%Bi foi 
investigada por TORRES et al. (2012). As três ligas apresentaram a temperatura de 
fusão menor (139°C, 147°C e 149°C, respectivamente) que a liga eutética tradicional 
Sn-37%Pb (183°C). As propriedades mecânicas das ligas Sn-Bi-Sb foram superiores 
à medida que a quantidade de antimônio aumentava, ou seja, elevando os níveis de 
resistência à compressão e a dureza. Esses aumentos estão relacionados com a 
formação do composto intermetálico SnSb na microestrutura das ligas Sn-Bi-Sb. A 
Figura 16 apresenta as microestruturas para a liga eutética Sn-58Bi, com adição de 
3 e 6% de Sb, onde observam-se estruturas eutéticas lamelares orientadas 
aleatoriamente e estruturas regulares eutéticas (destacadas por setas vermelhas) 
próximas de lamelas de Bi e uma fase rica em β-Sn na forma de glóbulos grosseiros 
para a liga com adição de 3%Sb. A adição 6%Sb induz uma alteração na estrutura 
eutética de ligas Sn-58Bi-xSb, a qual agora passa a ser uma estrutura eutética tipo 
irregular, com lamelas de Sn e Bi crescendo de forma aleatória. Isso ocorre pela 
instabilidade da interface de crescimento da fase rica em Sn (causada pelo teor de 
Sb), que agora também apresenta uma morfologia dendrítica. 
 
 
(a) (b) 
Figura 16: Imagem MEV das ligas (a) Sn-58%Bi-3%Sb e (b) Sn-58%Bi-6%Sb (TORRES, 
2012). 
26 
 
De acordo com Zhang et al. (2014) duas reações podem ocorrer para 
composições (em peso) entre Sn-(52-48)%Bi-(1,8-2,4)%Sb. A primeira é a reação 
eutética L (líquido) (Sn)+(Bi). A outra é uma reação quaternária quasi-peritética 
L+β(Sn)+(Bi). No que concernem os aspectos microestruturais foi reportada a 
presença de duas regiões conforme mostrado na Figura 17 a seguir, uma mais 
refinada (parte A) e outra mais grosseira (parte B), sendo atribuídas as formações 
das regiões A e B devido às reações quasi-peritética e eutética, respectivamente. O 
aumento de teor de Sb provocou aumento da fração de estrutura quasi-peritética. 
A Figura 18 apresenta a projeção calculada da superfície liquidus do sistema 
ternário Sn-Bi-Sb. É possível observar as fases α que possui uma estrutura 
romboédrica, formada pela solução de Bi e Sb miscível em todas as proporções; a 
fase intermediária β do composto (SnSb) que possui estrutura romboédrica, mas 
pode ser considerado com uma estrutura de NaCl levemente distorcida; a fase γ rica 
em Sn que possui estrutura tetragonal de corpo centrado; e um composto 
estequiométrico Sb2Sn3. Além de duas reações invariantes U1: (L + Sb2Sn3 ↔ β + γ) 
a 244°C para uma composição química de 1,1%Bi, 91,3%Sn e U2: (L + β ↔ α + γ) a 
140°C para teores de 38,2%Bi, 59,6%Sn (GHOSH, 1994; OHTANI, 1998). 
 
 
Figura 17. Regiões com presença alternada de fases em ligas Sn-Bi-Sb oriunda da 
reação (A) quasi-peritética e (B) região eutética (adaptado de Zhang et al. 2014). 
27 
 
 
Figura 18: Superfície liquidus calculada para o sistema ternário Sn-Bi-Sb (OHTANI, 
1998). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 
 
 A metodologia usada no estudo experimental desenvolvido neste trabalho 
envolveu as seguintes etapas: i) Cálculo estequiométrico, corte e pesagem dos 
materiais; ii) Fusão, homogeneização e aferição das ligas obtidas; iii) Montagem da 
lingoteira com termopares posicionados em pontos estratégicos; iv) Vazamento da 
liga fundida na lingoteira já posicionada no dispositivo de solidificação direcional 
ascendente; v) Refusão e estabilização do metal líquido; vi) Início do experimento 
mediante o acionamento da refrigeração na parte inferior da chapa molde; vii) 
Aquisição dos perfis térmicos para determinação das variáveis térmicas de 
solidificação; viii) Cortes nos lingotes solidificados nos sentidos transversal e 
longitudinal destinados a obtenção de amostras para caracterização microestrutural 
através das microscopias ótica e eletrônica de varredura, seguidos da quantificação 
dos parâmetros microestruturais, além da difração de Raios-X e Fluorescência de 
Raios-X. ix) Realização de ensaios mecânicos de tração das ligas analisadas. O 
diagrama da Figura 19 ilustra as etapas envolvidas na metodologia adotada no 
decorrer do estudo experimental deste trabalho. 
 As etapas de preparação e fusão das ligas Sn-52%Bi-1%Sb e Sn-52%Bi-
2%Sb foram realizadas com a colaboração do grupo M2PS/DEMA (Microestrutura e 
Propriedades em Processos de Solidificação) no Departamento de Engenharia de 
Materiais da UFSCar, sob a coordenação do Prof. José Eduardo Spinelli. 
 
 
29 
 
 
Figura 19: Fluxograma do procedimento experimental. 
 
 
3.1 EQUIPAMENTOS E MATERIAIS UTILIZADOS 
 
Os elementos comercialmente puros (Sn, Bi e Sb) foram fragmentados em 
partes para facilitar a dissolução na etapa de fundição. De acordo com a capacidade 
volumétrica da lingoteira e do cadinho de carbeto de silício, foi feito o cálculo 
estequiométrico em percentagem em massa dos elementos de liga para a correta 
determinação das massas de Sn, Bi e Sb para preencher tanto a lingoteira quanto o 
cadinho utilizado para a determinação prévia das temperaturas liquidus (TL) e 
eutética/solidus (TE e TS). A determinação experimental da TL é importante para 
calcular os valores de superaquecimento do metal líquido. 
30 
 
Em seguida, foram realizadas as pesagens dos metais em uma balança 
eletrônica de precisão, a fim de obter a estequiometria das massas para a produção 
das ligas ternárias Sn-52%Bi-1%Sb e Sn-52%Bi-2%Sb. Primeiramente, os metais 
foram inseridos em um forno de indução da marca Indutherm VIP, modelo Power-
trak 50-30R para a fusão. 
Uma vez fundida a liga, o metal líquido foi vertido na lingoteira acoplada ao 
dispositivo de solidificação direcional ascendente e a outra parte em um cadinho de 
carbeto de silício com um termopar fixado em seu interior, onde ocorreu a 
solidificação natural do metal, e verificou-se as temperaturas de transformação (TL, 
TE, TS) da liga. 
Depois de solidificado, o aquecimento por resistências do dispositivo de 
solidificação direcional foi acionado e o lingote foi refundido. O aquecimento énovamente interrompido e a temperatura do metal fundido começa a cair lentamente. 
Ao atingir a temperatura do superaquecimento, 10% acima da TL, verificado através 
do primeiro termopar mais próximo à base, a refrigeração forçada à água foi 
acionada, passando a resfriar a chapa molde (base) montada sob a lingoteira e 
consequentemente o metal líquido. O resfriamento forçado permanece acionado até 
a completa solidificação do lingote. 
As temperaturas no interior da lingoteira foram medidas com termopares 
posicionados no seu interior de maneira que verificasse as temperaturas do metal 
líquido em diferentes posições ao longo do lingote. Neste trabalho, foram utilizados 
termopares do tipo J (par metálico Ferro/Constantan) revestidos por uma bainha de 
aço inoxidável com diâmetro externo de 1,5mm e estrategicamente posicionados ao 
longo da lingoteira. O sistema de aquisição de dados para registro dos perfis 
térmicos da marca ALMEMO, modelo 2890-8 com resolução de leitura de um ponto 
por segundo. Este sistema possui um software, do mesmo fabricante, que realiza as 
medições em tempo real dos termopares e as transforma em dados digitais. 
 
 
 
 
 
 
31 
 
3.2 DISPOSITIVO DE SOLIDIFICAÇÃO VERTICAL ASCENDENTE 
 
Na Figura 20, pode-se observar o aparato experimental do dispositivo de 
solidificação direcional transitória utilizado neste trabalho. Este equipamento consiste 
em um forno, onde o aquecimento é realizado por resistências montadas dentro de 
uma cerâmica refratária formando uma cavidade cilíndrica onde a lingoteira é 
posicionada. A potência do equipamento pode ser controlada, possibilitando a 
obtenção de diferentes temperaturas de superaquecimento no metal líquido. 
Acoplado a base encontra-se o sistema de refrigeração, que utiliza água como fluido 
de refrigeração e também o sistema de acoplamento das lingoteiras. 
 
 
Figura 20: Aparato experimental do dispositivo de solidificação direcional transitória. 
 
 
A lingoteira utilizada é feita de molde bipartido de aço inoxidável AISI 310 com 
diâmetro interno de 60 mm, altura de 157 mm e espessura de parede de 5 mm. Uma 
chapa molde de aço carbono AISI 1020 de 3 mm de espessura, o qual foi lixada até 
400 mesh, foi utilizada para o fechamento da parte inferior do molde. A lingoteira 
possui 8 furos de 1,5 mm de diâmetro em sua lateral para a fixação dos termopares 
32 
 
que monitoram a evolução da temperatura do metal. As paredes internas da 
lingoteira foram revestidas com uma camada de aproximadamente 1,5 mm de 
cimento a base de cerâmica isolante silico-aluminosa (QF-180), com a finalidade de 
minimizar o fluxo de calor na direção radial, vedar a lingoteira para evitar 
vazamentos do metal liquido e facilitar a desmoldagem do lingote sólido. Após o 
fechamento da lingoteira, com os termopares devidamente posicionados, foram 
revestidas também, externamente, todas as partes sujeitas a possíveis vazamentos 
de metal líquido. A Figura 21 mostra a lingoteira antes do experimento de 
solidificação direcional coberta com a suspensão cerâmica e o lingote obtido a partir 
do experimento de solidificação direcional. 
 
 
 
(a) 
 
(b) 
 
Figura 21: (a) lingoteira, termopares e chapa molde antes da solidificação direcional e 
(b) lingote Sn-52%Bi-1%Sb. 
33 
 
3.2.1 DETERMINAÇÃO DAS VARIÁVEIS TÉRMICAS DE SOLIDIFICAÇÃO 
 
 As variáveis térmicas de solidificação foram determinadas por meio dos dados 
adquiridos pelas curvas de resfriamento através das temperaturas medidas pelos 
termopares registrados durante o processo de solidificação. 
A temperatura liquidus foi obtido pela análise da curva de resfriamento (com 
uma taxa de resfriamento aproximada de 1°C/min) da parte do metal liquido que foi 
vazado num cadinho de carbeto de silício com um termopar em seu interior. Uma 
manta térmica foi usada ao redor do cadinho para favorecer a extração de calor mais 
lenta. A partir da obtenção da temperatura liquidus (TL) foi possível calcular o 
superaquecimento aplicado às ligas (10% acima da TL) e realizar os cálculos para as 
demais variáveis térmicas. 
As velocidades experimentais da isoterma liquidus (VL), para as ligas 
analisadas foram determinadas pela derivada da função P=f(t), isto é, VL=dP/dt. As 
funções P=f(t) são obtidas experimentalmente a partir das interseções das retas de 
cada temperatura liquidus (TL) com as curvas de resfriamento para cada posição dos 
termopares, ou seja, a partir da TL da liga analisada traça-se uma reta paralela ao 
eixo dos tempos indicados no gráfico que representa os perfis térmicos. Pelas 
interseções dessa reta com os perfis térmicos obtém-se o tempo correspondente. 
Este tempo é definido como o tempo de passagem da isoterma liquidus em cada 
posição do termopar. Os resultados dos pares ordenados (P, t), obtidos a partir do 
procedimento em questão, permitem que seja traçado um gráfico experimental da 
posição da isoterma liquidus com o tempo, cuja a derivada da função potência 
fornece os valores de VL. 
As taxas de resfriamento (ṪL), para cada posição dos termopares foram 
obtidas experimentalmente a partir das interseções das retas de cada temperatura 
liquidus (TL) com as curvas de resfriamento para cada posição dos termopares, e 
através do quociente das temperaturas imediatamente antes e depois da TL e dos 
tempos correspondentes, isto é, Ṫ =dT/dt. A Figura 22 apresenta, de forma 
esquemática, o procedimento aplicado para determinar VL e ṪL. 
 
34 
 
 
Figura 22: Sequência experimental na determinação das variáveis térmicas (Rocha, 
2003). 
 
 
3.3 CARACTERIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE SOLIDIFICAÇÃO 
 
Os lingotes Sn-52%Bi-1%Sb e Sn-52%Bi-2%Sb passaram por uma sequência 
de cortes (transversal e longitudinal) para obtenção de amostras que foram utilizadas 
para análise macroestrutural e microestrutural, e para ensaios de tração, conforme 
mostra a Figura 23. Os primeiros cortes foram realizados utilizando uma serra fita 
modelo FM-500 e os cortes para análise microestrutural foram feitos usando um arco 
serra. 
 
35 
 
 
Figura 23: Esquema de retirada de amostras a partir dos lingotes Sn-Bi-Sb (Adaptado 
de REYES, 2017). 
 
3.3.1 CARACTERIZAÇÃO DA MACROESTRUTURA E MICROESTRUTRURAS 
 
 Após o corte dos lingotes ao longo da direção longitudinal, paralela à direção 
de solidificação, uma das partes seccionadas foi lixada manualmente com lixas de 
granulometrias 150, 240, 320, 400 e 600 mesh. Posteriormente o lingote recebeu 
ataque químico com uma solução química composta por: 100 ml de H2O, 2.5 mL de 
HCl e 10 g FeCl3. O ataque foi realizado na superfície da amostra por repetidas 
vezes com algodão embebido no reagente químico até a obtenção de uma 
36 
 
macroestrutura de qualidade. Logo após a amostra foi lavada em água corrente, 
seca com álcool etílico e o resultado registrado por meio de uma câmera e escâner. 
 As microestruturas foram analisadas a partir dos cortes transversais e 
longitudinais em relação a direção de crescimento, nas posições 5, 10, 15, 20, 30, 
50, 70 e 90 mm a partir da base do lingote solidificado direcionalmente. As amostras 
foram embutidas a frio com resina poliéster e posteriormente lixadas sucessivamente 
por lixas com granulometria 150, 240, 320, 400, 600, 1200 e 2000 mesh. Depois de 
lixadas, as amostras foram polidas manualmente com auxílio de uma politriz Teclago 
(modelo PVVD) utilizando um pano para polimento metalográfico com uma 
suspensão metalográfica de alumina (granulometria 1 μm) e água. 
 As micrografias foram obtidas através do microscópio ótico da marca Nikon 
modelo Eclipse MA2000 do Laboratório de Caracterização Estrutural dos Materiais 
(LCEM-DEMat-UFRN), após o ataque químico por imersão de aproximadamente 10 
segundos em uma solução química de 100 ml de H2O, 2.5 mL de HCl e 10 g FeCl3. 
 
3.3.2 MEDIÇÃO DOS ESPAÇAMENTOS DENDRÍTICOS E EUTÉTICOS 
 
O método do triângulo (Figura 24a) proposto por Gündüz

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