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InovacaoMorarAnteprojeto-Medeiros-2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE TECNOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
 
 
MAYARA DANIELLE DE MEDEIROS 
 
 
 
 
 
 
INOVAÇÃO EM MORAR: 
ANTEPROJETO DE EDIFÍCIO VERTICAL MULTIFAMILIAR EM 
MADEIRA LAMINADA CRUZADA (CLT) EM NATAL/RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL, RN 
2020.2 
 
MAYARA DANIELLE DE MEDEIROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INOVAÇÃO EM MORAR: 
ANTEPROJETO DE EDIFÍCIO VERTICAL MULTIFAMILIAR EM MADEIRA 
LAMINADA CRUZADA (CLT) EM NATAL/RN 
 
 
 
 
 
 
Trabalho Final de Graduação apresentado 
à banca examinadora do curso de 
Arquitetura e Urbanismo da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, como 
requisito para conclusão do curso e 
obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista. 
 
Orientadora: Profª. Drª. Edna Moura Pinto. 
 
 
 
 
 
NATAL, RN 
2020.2 
 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT 
 
 Medeiros, Mayara Danielle de. 
 Inovação em morar: anteprojeto de edifício vertical 
multifamiliar em madeira laminada cruzada (CLT) em Natal/RN / 
Mayara Danielle de Medeiros. - Natal, RN, 2021. 
 78f.: il. 
 
 Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e 
Urbanismo. 
 Orientadora: Edna Moura Pinto. 
 
 
 1. Habitação - Monografia. 2. Arquitetura com madeira - 
Monografia. 3. Verticalização com madeira - Monografia. 4. Cross 
laminated timber (CLT) - Monografia. 5. Madeira laminada colada 
cruzada (MLCC) - Monografia. I. Pinto, Edna Moura. II. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. 
 
RN/UF/BSE15 CDU 728.1 
 
 
 
 
 
Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344 
 
 
 
MAYARA DANIELLE DE MEDEIROS 
 
 
 
INOVAÇÃO EM MORAR: 
ANTEPROJETO DE EDIFÍCIO VERTICAL MULTIFAMILIAR EM MADEIRA 
LAMINADA CRUZADA (CLT) EM NATAL/RN 
 
 
Trabalho Final de Graduação apresentado 
à banca examinadora do curso de 
Arquitetura e Urbanismo da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, como 
requisito para conclusão do curso e 
obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Profª. Drª. Edna Moura Pinto 
Orientadora 
 
 
Profª. Drª. Mônica Maria Fernandes de Lima 
Avaliadora Interna 
 
 
Arq. MSc. Lucas Figueiredo de Melo 
Avaliador Externo 
 
 
NATAL, RN 
2020.2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha mãe Kátia, ao meu pai Orlando, à minha irmã Raíssa, ao meu irmão 
Wesley, à Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao ensino público gratuito 
e de qualidade brasileiro. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço infinitamente a todos os professores que passaram pela minha vida, 
desde a minha infância até hoje. Certamente alguns me cativaram mais, mas todos 
construíram em mim o conhecimento que carrego. Provavelmente não poderei 
retribuir-lhes diretamente, mas prometo fazer o meu melhor como pessoa e 
profissional, aplicando o que aprendi, para melhorar a vida de muitos outros na 
sociedade. Agradeço, principalmente, aos professores do curso de Arquitetura e 
Urbanismo da UFRN, que foram meus mestres nesta etapa. Mas, em especial, 
gostaria de agradecer à professora Luciana de Medeiros, que me encantou com suas 
aulas, com sua excelente didática, associada à humanidade e ao respeito aos alunos. 
Fiz o curso numa correria tão louca, trabalhando e estudando, que não consegui me 
aproximar de muitas pessoas, ainda que eu as admirasse de longe. 
Agradeço também à minha orientadora, professora Edna Moura Pinto, que 
sempre me tratou com leveza, respeito, paciência e muita energia positiva. A qual já 
me encantava com suas aulas de estruturas. A quem eu conheci antes mesmo de 
entrar no curso, pois foi organizadora do XIV EBRAMEM, Encontro Brasileiro em 
Madeiras e em Estruturas de Madeira, do qual eu participei como ouvinte, mesmo 
antes de ter ingressado no curso de Arquitetura e Urbanismo, porque já me atraíam 
as construções de madeira. 
Agradeço ao ensino público gratuito e de imensa qualidade a que tive acesso. 
Agradeço aos profissionais que fazem a UFRN, terceirizados, técnicos administrativos 
e docentes. Espero pelo dia em que o acesso à educação de qualidade e gratuita 
chegue a todos os cidadãos brasileiros, desde o início de suas formações, na infância, 
até o último grau de qualificação, na vida adulta. Ter acesso à educação é uma 
oportunidade, que muda a vida das pessoas. 
 Mas, em paralelo à vida acadêmica, existiram figuras importantes, que deram 
suporte imprescindível, na vida pessoal, para que eu não falhasse no curso. Assim, 
obrigada à minha primeira psicóloga, Verônica Almeida, por ter feito eu me organizar 
por dentro. Chegou um momento no qual sozinha eu não conseguiria mais e precisei 
de ajuda profissional. Obrigada, Larissa Barros, que veio de Brasília, através de 
mobilidade acadêmica, e se tornou luz, num período escuro de minha vida pessoal, 
ajudando também na vida acadêmica. Obrigada, Carliandra Macedo, que começou a 
graduação comigo, por ter me feito continuar, quando eu sozinha teria parado, mais 
 
de uma vez. Obrigada, Lucas Graça, pela presença, conversas e conselhos de vida, 
mesmo a quilômetros de distância. Obrigada, Gabriele Lacerda, pela força, troca de 
conhecimento e incentivo, durante o curso, mas principalmente na reta final, no TCC. 
Agora, agradecendo à galera que conheci na vida profissional: Obrigada, Bryan 
Souza, por ter sido amigo e me ceder abrigo, quando saí de casa. Obrigada, Mariana 
Medeiros e Juliana Brandão, pela disposição em me defender, no trabalho, porque 
sozinha eu não teria forças nem habilidades para lutar pelos meus direitos. Obrigada, 
Thamara Priscila, pelo cuidado e amizade, em um novo mundo profissional, quando 
fiz estágio no TRE-RN. Foi a primeira vez em que me coloquei na posição de 
estagiária, mesmo sendo servidora pública na UFRN, há mais de cinco anos. Obrigada 
à minha amiga de colégio e arquiteta, Tatyana Thaíse, por abrir as portas de um novo 
estágio. Obrigada à arquiteta Lorenna Medeiros, por me mostrar que uma chefe pode 
ser humana, respeitando às pessoas a quem lidera, sem deixar de ser uma profissional 
competente!!! Foi um prazer e um grande aprendizado trabalhar para você!!! 
Agradeço a toda a minha família querida, que me ajudou de uma forma ou de 
outra. Mãe, pai, irmãos, avós, tias, tios, primas e primos. 
Obrigada à Raíssa, minha irmã, por ser exemplo de humanidade, respeito às 
diversidades, por me incentivar a insistir, não desistir, me esforçar e tocar os trabalhos 
para frente, mesmo sem ter mais uma gota de força. Você é exemplo de mulher 
vanguarda. É um aprendizado ter você por perto. 
Obrigada à minha tão amada mãe, que também é uma mulher à frente do seu 
tempo, que fez o impossível sempre, com tão poucos recursos. Se eu conseguir ser 
metade da mulher e mãe que você é, certamente, já serei muito. Obrigada pela 
disposição em ouvir, em tentar esclarecer meus questionamentos sobre a vida, por ter 
priorizado os estudos, acima de tudo, e por não cortar minhas asas, mas me dar 
liberdade. 
Por fim, obrigada Deus. Mesmo não sendo religiosa, precisei ajoelhar e rezar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVISO 
 
Opa, oi leitor! Antes de você seguir com a sua leitura, deixa eu te dar um aviso? Eu 
não sei em que ano você está lendo este documento, se você está num futuro recente, 
provavelmente se lembrará da situação em que nos encontramos agora, mas se você 
é um universitário de 2045 (ou depois disso) é preciso que tome conhecimento de 
como anda o mundo aqui entre 2020 e 2021. 
 Primeiro: estamos vivendo uma pandemia de Sars-Cov-19, trabalhando, 
estudandoe socializando virtualmente desde março de 2020. A esta altura, em abril 
de 2021 – enquanto escrevo este aviso – somente no Brasil mais de 350 mil pessoas 
perderam suas vidas devido à esta doença. 
 Segundo: como você pode imaginar, se estamos estudando virtualmente, deve 
saber que todas as atividades necessárias para a execução dos trabalhos finais de 
graduação até agora têm se dado de maneira virtual, o que implica em limitações de 
acesso à bibliografia, aos nossos orientadores, à um espaço adequado ao estudo e 
pouquíssima ou nenhuma oportunidade de levantamento in loco. 
 Os trabalhos que você encontrará de autoria dos graduandos da turma 2020.2 
podem não ser o que alguns de nós havíamos sonhado quando matutamos as 
primeiras ideias sobre nossos trabalhos, o que não implica em menos qualidade, mas 
em um desafio ainda maior. O conteúdo que está por vir é fruto de muita persistência, 
acredite leitor, são tempos difíceis por aqui. 
 Dito isto, espero que aí no futuro o mundo seja um pouco mais tranquilo. Desejo 
a você uma boa leitura! 
 
Mara Raquel e Leticia Azevedo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O tema deste trabalho é habitação multifamiliar verticalizada de madeira e ele possui 
sua relevância em contribuir para a pesquisa e desenvolvimento de conhecimento 
necessário para a utilização de materiais pouco conhecidos e não convencionais na 
construção do Rio Grande do Norte, como o CLT. Para tanto, o objetivo geral deste 
estudo é o desenvolvimento de um anteprojeto de uma habitação multifamiliar com o 
sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT ou MLCC), de forma a 
demonstrar como pode ser verticalizada. Os objetivos específicos são: caracterizar o 
sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT) em edificação verticalizada; 
eleger estratégias de conforto ambiental adequadas ao sistema construtivo e ao clima 
local; e explicar estratégias de segurança contra incêndio. Essa proposta justifica-se 
pela necessidade de redução de agressão ao meio ambiente, causada pela emissão 
de CO2 em escala mundial exagerada, que é em grande parte alimentada pela 
produção de concreto e aço, e do conhecimento da madeira como material capaz de 
reter carbono, evitando sua liberação na atmosfera. Primeiramente foi realizada uma 
pesquisa sobre o sistema construtivo com madeira laminada cruzada, mostrando sua 
definição e histórico, seguido de vantagens e desvantagens do material, breve 
comparativo com outros sistemas construtivos em madeira, tratamento contra 
intempéries e agentes biológicos e cuidados contra incêndio. Posteriormente, foram 
analisados exemplos de construções de CLT. Em seguida, foram estudadas as 
condicionantes ambientais e legais do terreno escolhido. Até que, por fim, foi 
desenvolvido um anteprojeto, com as informações julgadas fundamentais para se 
projetar com CLT no local selecionado. O resultado pretendido foi atender aos 
objetivos da pesquisa com a elaboração do anteprojeto, adotando medidas para um 
bom desempenho térmico, segundo a zona bioclimática brasileira do terreno 
escolhido, e respeitando as particularidades do sistema construtivo com CLT. 
 
Palavras-Chave: Arquitetura com madeira, Verticalização com madeira, Cross 
Laminated Timber (CLT), Madeira Laminada Colada Cruzada (MLCC); 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The theme of this work is vertical wooden multi-family housing and it has its relevance 
in contributing to the research and development of knowledge necessary for the use of 
little-known and unconventional materials in the construction of Rio Grande do Norte, 
such as the CLT. For this purpose, the general objective of this study is the 
development of a preliminary project for a multifamily dwelling with the construction 
system Cross Laminated Timber or Laminated Wood Crossed (CLT or MLCC), in order 
to demonstrate how it can be verticalized. The specific objectives are: to characterize 
the constructive system of Cross Laminated Timber (CLT) in vertical construction; 
choose environmental comfort strategies appropriate to the construction system and 
the local climate; and explain fire safety strategies. This proposal is justified by the 
need to reduce aggression to the environment, caused by the exaggerated CO2 
emission on a worldwide scale, which is largely fueled by the production of concrete 
and steel, and the knowledge of wood as a material capable of retaining carbon, 
preventing its release into the atmosphere. Firstly, a research was carried out on the 
construction system with Cross Laminated Timber, showing its definition and history, 
followed by advantages and disadvantages of the material, a brief comparison with 
other wooden construction systems, treatment against weather and biological agents 
and fire care. Subsequently, examples of CLT constructions were analyzed. Then, the 
environmental and legal conditions of the chosen land were studied. Until, at last, a 
preliminary project was developed, with the information deemed essential to project 
with CLT in the selected location. The intended result was to meet the research 
objectives with the elaboration of the preliminary project, adopting actions for a good 
thermal performance, according to the Brazilian bioclimatic zone of the chosen terrain, 
and respecting the particularities of the construction system with CLT. 
 
Keywords: Architecture with wood, Verticalization with wood, Cross Laminated Timber 
(CLT), Laminated Wood Crossed (MLCC); 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 01: Loja Dengo – cores, madeira, volumetria, leveza e permeabilidade ........ 37 
Figura 02: Loja Dengo – instalações aparentes e integração dos espaços ............. 38 
Figura 03: Edifício de uso misto Amata .................................................................... 39 
Figura 04: Amata - escalonado, respeito à topografia .............................................. 40 
Figura 05: Localização da Área de Intervenção ......................................................... 41 
Figura 06: Dimensões do Terreno .............................................................................. 42 
Figura 07: Entorno do Terreno 01 .............................................................................. 43 
Figura 08: Entorno do Terreno 02 .............................................................................. 43 
Figura 09: Entorno do Terreno 03 .............................................................................. 44 
Figura 10: Entorno do Terreno 04 .............................................................................. 44 
Figura 11: Insolação Incidente no Terreno ................................................................. 45 
Figura 12: Condicionantes Ambientais ...................................................................... 45 
Figura 13: Macrozoneamento .................................................................................... 46 
Figura 14: Largura mínima da via de Acesso ........................................................... 57 
Figura 15: Largura e altura mínima do portão de acesso à edificação ..................... 57 
Figura 16: Zoneamento 01 ....................................................................................... 61 
Figura 17: Zoneamento 02 ....................................................................................... 61 
Figura 18: Zoneamento 03 ....................................................................................... 61 
Figura 19: Evolução da Planta Baixa da Habitação 01 ............................................ 62 
Figura 20: Evolução da Planta Baixa da Habitação 02 ............................................ 63 
Figura 21: Evolução da Planta Baixa da Habitação 03 ............................................ 64 
 
Figura 22: Evolução da Planta Baixa da Habitação 04 .............................................. 65 
Figura 23: Planta Baixa Térreo – Acessível............................................................... 66 
Figura 24: Planta Baixa - Pavimento Tipo .................................................................. 67 
Figura 25: Implantação .............................................................................................. 68 
Figura 26: Fachada Frontal ...................................................................................... 69 
Figura 27: Fachada Frontal da Habitação ................................................................ 70 
Figura 28: Corte Transversal da Habitação ................................................................ 70 
Figura 29: Corte Longitudinal da Habitação ............................................................... 70 
Figura 30: Corte da Caixa D’água .............................................................................. 71 
Figura 31: Perspectiva Frontal da Habitação ........................................................... 72 
Figura 32: Perspectiva externa à direita ..................................................................... 73 
Figura 33: Perspectiva externa à esquerda ................................................................ 73 
Figura 34: Perspectiva da área de lazer ..................................................................... 74 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 01: Dados do Lote e Prescrições Urbanísticas ............................................. 48 
Quadro 02: Cálculos .................................................................................................. 49 
Quadro 03: Dimensionamento Mínimo dos Compartimentos .................................... 50 
Quadro 04: Vagas de Garagem para Uso Residencial .............................................. 50 
Quadro 05: Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação 01 .. 52 
Quadro 06: Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação 02 . 52 
Quadro 07: Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação 03 .. 53 
Quadro 08: Classificação das edificações quanto à altura ........................................ 53 
Quadro 09: Cargas de incêndio específicas por ocupação 01 ................................... 54 
Quadro 10: Cargas de incêndio específicas por ocupação 02 ................................... 54 
Quadro 11: Cargas de incêndio específicas por ocupação 03 ................................... 54 
Quadro 12: Classificação das edificações e áreas de risco quanto à carga de incêndio 
................................................................................................................................... 54 
Quadro 13: Exigências para edificações com área menor ou igual a 750m² e altura 
inferior ou igual a 12,00m .......................................................................................... 55 
Quadro 14: Edificações do grupo A com área superior a 750m² ou altura superior a 
12,00m. ..................................................................................................................... 56 
Quadro 15: Tempos requeridos de resistência ao fogo (TRRF) ................................ 58 
Quadro 16: Programa de Necessidades e Pré-dimensionamento ........................... 59 
Quadro 17: Prescrições urbanísticas alcançadas .................................................... 72 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................... 15 
 OBJETIVOS ................................................................................................... 17 
 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 18 
MÉTODOS E TÉCNICAS ............................................................................... 22 
 QUADRO RESUMO ....................................................................................... 25 
PARTE I: REFERENCIAL TEÓRICO E PROJETUAL 
1. REFERENCIAL TEÓRICO: SISTEMA CONSTRUTIVO DE MADEIRA ......... 26 
1.1. ESTRUTURA EM CLT ......................................................................... 26 
1.1.1. Definição e Breve Histórico .................................................... 26 
1.1.2. Vantagens x Desvantagens ................................................... 29 
1.1.3. Comparação com outros Sistemas ........................................ 32 
1.2. TRATAMENTO DA MADEIRA ............................................................. 33 
1.3. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO .................................. 34 
2. REFERENCIAL PROJETUAL ....................................................................... 36 
2.1. EDIFÍCIO DA LOJA DENGO ................................................................ 36 
2.2. EDIFÍCIO AMATA ................................................................................ 39 
PARTE II: PRÉ-PROJETO 
3. ÁREA DE INTERVENÇÃO ............................................................................. 41 
4. CONDICIONANTES PROJETUAIS ............................................................... 44 
4.1. CONDICIONANTES DE CONFORTO ................................................. 44 
4.2. CONDICIONANTES LEGAIS .............................................................. 46 
4.2.1. Cálculos ................................................................................... 48 
4.3. CONDICIONANTES DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO ................. 50 
PARTE III: PROCESSO PROJETUAL 
5. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA ......................................................... 59 
5.1. CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ....................................... 59 
5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO .... 59 
5.3. ZONEAMENTO E TRATAMENTO DOS ESPAÇOS ABERTOS E 
FLUXOS .............................................................................................. 60 
5.4. EVOLUÇÃO DA IDEIA ......................................................................... 62 
6. MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO .............................................. 67 
7. IMAGENS RENDERIZADAS ......................................................................... 72 
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 75 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76 
15 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
O Brasil possui arquiteturas vernaculares baseadas em estruturas de madeira, 
palha e barro. Entretanto, essa arquitetura não está presente nos centros urbanos. 
Além disso, o país está na zona climática tropical, sendo rico em espécies de madeira. 
Porém, sua arquitetura em madeira não foi tão difundida quanto aquela em concreto 
armado. Diante disso, em meio à predominância da alvenaria, como edificações em 
madeira podem ganhar espaço? 
Em relação à arquitetura vernacular, conforme Teixeira (2017), apesar de todas 
as suas qualidades de compatibilidade ao clima, de respeito ao meio ambiente e de 
ser acessível às classes populares, por ser uma tecnologia barata, ela está 
desaparecendo. Isso ocorre porque, com a mudança dos valores culturais e 
tecnológicos da sociedade, ao longo do tempo, a tecnologia construtiva escolhida 
pelas classes média e alta mudou e a arquitetura vernacular deixou de estar associada 
à cultura predominante, sendo relegada à uma posição subjacente. 
Então, é possível subentender que a arquitetura vernacular não voltará a 
aparecer nos centros urbanos e pode até deixar de existir no meio rural. Logo, 
provavelmente, essa não será a arquitetura adotada pela sociedade para disseminar 
as edificações de madeira. Entretanto, é possível utilizar-se dos princípios da 
arquitetura vernacular e até de seus materiais construtivos, fazendo uso de novas 
tecnologias, para atender às atuais necessidades habitacionais. 
Segundo Benevente (1995 apud OLIVEIRA, 2016,p. 17), foi no período colonial 
que se iniciou o preconceito contra as edificações em madeira. Isso ocorreu em função 
da adoção dos métodos construtivos portugueses, que se valiam de práticas 
associadas a pedras e tijolos. Por isso, onde a colonização usou uma tecnologia 
diferente, as elevações também o são. 
Além disso, Bogo (2017) afirma: em Santa Catarina, a habitação em madeira é 
consequência da colonização pelos imigrantes alemães, italianos, eslavos, açorianos, 
dentre outros. Mas isso deveu-se também à grande disponibilidade de matéria-prima 
de boa qualidade. Por isso, atualmente, o estado tem os municípios com os maiores 
percentuais de domicílios em madeira do país, nas zonas rurais e urbanas. 
16 
 
Logo, através de Benevente e Bogo, percebe-se que a adoção de um sistema 
construtivo, no Brasil, esteve ligada à tecnologia já praticada pelo colonizador e à 
matéria-prima disponível. Como Portugal utilizava pedra e tijolo, manteve seu método, 
quando encontrou esses materiais. Do mesmo modo, outros países europeus, que 
tinham conhecimento para construir com madeira, assim o fizeram, quando ela esteve 
presente. Como historicamente predominou a colonização portuguesa no território 
brasileiro, isso explica o porquê de construções em alvenaria serem mais comuns. 
Somando-se a este fato, segundo Bogo (2017), a arquitetura em madeira, no 
sul do Brasil, está perdendo espaço. As causas disso são preconceitos, custo da 
madeira, falta de mão de obra capacitada, falta de prática de arquitetos e engenheiros 
em projetar com esse material e restrições das legislações urbanas, códigos de obra 
e normas de prevenção de incêndios. Então, para que ela se amplie como sistema 
construtivo, no Brasil, é preciso atender a três exigências básicas dos moradores: 
segurança contra o fogo, durabilidade e adequação ao clima. 
A esse respeito, diz Melo (2007) que a madeira bem dimensionada se torna 
mais resistente que outros materiais estruturais, quando submetida a altas 
temperaturas e exposta à chama. Isso porque, a camada externa da madeira 
carboniza, sob o fogo, tornando-se um isolante térmico que impede a entrada de calor 
e a queima do cerne. Por isso, a segurança contra incêndio tem de considerar outros 
fatores como uso da edificação, número de usuários, sistema de detecção e 
prevenção de incêndio e a facilidade de fuga do local. 
Além disso, Borges e Nascimento (2014) dizem que a conservação da madeira 
utilizada em casas do seridó potiguar foi comprometida pela falta de manutenção e 
conhecimento dos cuidados necessários, mas não pela durabilidade do material. Fato 
comprovado pela presença de elementos ainda praticamente inalterados, após mais 
de dois séculos de uso. Por isso, apontam a exposição à radiação solar direta e à 
umidade como principais fatores de patologias. 
Desta forma, através de Melo, tem-se que a segurança contra incêndio é maior 
com o uso da madeira que com outros materiais, se corretamente dimensionada. E, 
conforme Borges e Nascimento, ela é capaz de suportar centenas de anos em bom 
estado, se bem cuidada. Por fim, diante de todo o exposto, percebe-se que é capaz 
de se adaptar do frio seco ou úmido do sul do Brasil ao clima árido do sertão potiguar. 
17 
 
Consequentemente, é possível perceber que as três exigências habitacionais dos 
moradores, descritas por Bogo, são atendidas pela madeira, na construção civil. 
Portanto, a madeira é um material excelente para a habitação humana, desde 
tempos antigos até hoje. Isso deve-se comprovadamente a suas qualidades de 
resistência, durabilidade e adequação ao clima, mas, acima de tudo, ao entendimento 
de que a eficiência de qualquer material depende do empenho humano, utilizando 
estratégias de adequação ao clima e mantendo a manutenção e os cuidados de uso. 
Assim, parte-se da hipótese de que compreender um sistema construtivo em 
madeira, que permite a verticalização, demonstrando sua possível aplicação através 
de um anteprojeto, pode influenciar seu uso em habitações multifamiliares verticais de 
classe média, em Natal/RN. 
Então, no intuito de atender a essa hipótese e sob o tema da habitação 
multifamiliar verticalizada de madeira, dentro da área da Tecnologia da Construção e 
Projeto de Arquitetura, pretende-se estudar as demandas de uma edificação 
residencial de classe média e as características do sistema construtivo conhecido 
como Madeira Laminada Cruzada (CLT), a fim de produzir um anteprojeto de uma 
habitação multifamiliar verticalizada com tal material. 
OBJETIVOS 
OBJETIVO GERAL 
Desenvolver o anteprojeto de uma habitação multifamiliar com o sistema 
construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT), de forma a demonstrar como pode ser 
verticalizada. 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
• Caracterizar o sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT) em edificação 
verticalizada; 
• Eleger estratégias de conforto ambiental adequadas ao sistema construtivo e ao 
clima local; 
• Explicar estratégias de segurança contra incêndio; 
18 
 
JUSTIFICATIVA 
DE ORDEM TEÓRICA 
Alguns estudiosos alertam a respeito do pouco tempo que resta para reduzir as 
emissões de carbono, sob risco de alterações nos sistemas climáticos da Terra, 
impactando na civilização humana. 
Minimizar o risco requer manter o aquecimento global o mais próximo 
possível de 1,5°C, reduzindo as emissões de carbono a zero. Levará 
pelo menos 30 anos para atingir a neutralidade de carbono, diz 
Richardson. “Essa é a nossa estimativa de tempo mais otimista.” 
(RICHARDSON, 2019, apud LEAHY, 2019, np, tradução nossa)1 
 
Outros autores dizem que o aumento de temperatura do planeta causa, em 
seus ecossistemas, alterações capazes de potencializar o efeito estufa. Isso porque, 
o aquecimento global, além de destruir a natureza, se retroalimenta, ao desprender 
gases que não estavam na atmosfera. 
O aquecimento já desencadeou distúrbios de insetos em grande 
escala e um aumento nos incêndios que levaram à morte das florestas 
boreais da América do Norte, potencialmente transformando algumas 
regiões de sumidouros de carbono em fonte de carbono. O permafrost 
no Ártico está começando a degelar irreversivelmente e liberar dióxido 
de carbono e metano - um gás de efeito estufa que é cerca de 30 vezes 
mais potente do que o CO2 (...). (LENTON et al., 2019, np, tradução 
nossa).2 
Dessa forma, através de Richardson e Lenton et al., percebe-se que a 
temperatura da Terra está aumentando e que atitudes humanas podem reverter isso, 
diminuindo liberações de gases do efeito estufa (GEE’s). Por isso, entende-se que é 
preciso praticar valores culturais, atividades econômicas, modos de produção, hábitos 
que impeçam ou, pelo menos, não contribuam para o colapso iminente do planeta. 
Assim, nesse curto tempo que resta, para reduzir os efeitos nocivos para as próximas 
gerações, a arquitetura também precisa se adaptar, poluindo menos. 
 
1 Minimizing the risk requires keeping global warming as close to 1.5 degrees C as possible by 
reducing carbon emissions to zero. It will take at least 30 years to achieve carbon neutrality, 
Richardson says. “That’s our most optimistic time estimate.” 
2 Already, warming has triggered large-scale insect disturbances and an increase in fires that have 
led to dieback of North American boreal forests, potentially turning some regions from a carbon sink 
to a carbon source9. Permafrost across the Arctic is beginning to irreversibly thaw and release carbon 
dioxide and methane — a greenhouse gas that is around 30 times more potent than CO2(...). 
https://www.nature.com/articles/d41586-019-03595-0#ref-CR9
19 
 
A esse respeito, conforme Smedley (2019, np, tradução nossa), “O concreto é 
responsável por 4 - 8% das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2).”3, ao 
passo que “conforme as árvores crescem, elas absorvem CO2 da atmosfera. Via de 
regra, um metro cúbico de madeira contém cerca de uma tonelada de CO2 (mais ou 
menos, dependendoda espécie de árvore)”4. O autor ainda chama atenção para a 
contribuição da madeira, na construção. 
Um recente relatório consultivo para o governo do Reino Unido sobre 
os usos de “Biomassa em uma economia de baixo carbono” descobriu 
que, “os maiores níveis de redução [de gases de efeito estufa] da 
biomassa ocorrem atualmente quando a madeira é usada como 
material de construção(...)” (SMEDLEY, 2019, np, tradução nossa).5 
 
Portanto, além de reter mais desse gás que liberá-lo, na atmosfera, durante sua 
fabricação, a madeira evita maiores lançamentos dele, ao substituir o concreto. 
Por sua vez, Elbein (2020, np, tradução nossa) afirma que “a fabricação de aço, 
que responde por cerca de 5% de todas as emissões, libera quase o dobro de seu 
peso em CO2”6. Ao contrário, “(...) a madeira em massa, em teoria, poderia armazenar 
esse carbono a longo prazo nas paredes dos edifícios”7. Logo, se constituindo numa 
melhor opção. 
Deste modo, a partir de Smedley e Elbein, é possível perceber que o concreto 
e o aço contribuem negativamente para o planeta, ao emitir dióxido de carbono, 
intensificando o efeito estufa, ao passo que a madeira colabora positivamente, por 
armazenar esse gás, durante sua vida útil. Assim, lembrando que concreto e aço são 
dois dos principais componentes da alvenaria utilizada no Brasil e no município de 
Natal, percebe-se que a contribuição da construção civil do país não é boa. Portanto, 
substituir o concreto e o aço pela madeira nas construções arquitetônicas seria melhor 
para a o planeta e para a humanidade e mostraria ao mundo que o Brasil faz sua parte. 
Para que isso possa acontecer, é preciso estudar os sistemas construtivos em 
 
3 Concrete is responsible for 4-8% of the world’s carbon dioxide (CO2) emissions. 
4 (...) as trees grow, they absorb CO2 from the atmosphere. As a rule of thumb, a cubic metre of 
wood contains around a tonne of CO2 (more or less, depending on the species of tree). 
5 A recent advisory report to the UK government on the uses of “Biomass in a low-carbon economy” 
found that, “the greatest levels of [greenhouse gas] abatement from biomass currently occur when wood 
is used as a construction material(…) 
6 The manufacture of steel, which accounts for around 5 percent of all emissions, releases nearly twice 
its weight in CO2. 
7 (...)mass timber, in theory, could store that carbon long-term in the walls of buildings. 
https://www.chathamhouse.org/sites/default/files/publications/2018-06-13-making-concrete-change-cement-lehne-preston-final.pdf
https://www.chathamhouse.org/sites/default/files/publications/2018-06-13-making-concrete-change-cement-lehne-preston-final.pdf
https://www.technologyreview.com/s/611961/this-mit-spinout-could-finally-clean-up-steel-one-of-the-globes-biggest-climate-polluters/
https://www.worldsteel.org/publications/position-papers/steel-s-contribution-to-a-low-carbon-future.html
https://www.worldsteel.org/publications/position-papers/steel-s-contribution-to-a-low-carbon-future.html
20 
 
madeira e como adequá-lo à realidade local. Então, este trabalho tem sua importância 
teórica estabelecida em contribuir com a literatura nacional sobre um assunto, que 
atualmente encontra-se em fase de desenvolvimento no país. 
DE ORDEM PRÁTICA 
Segundo Waugh (2019, apud SMEDLEY, 2019, np, tradução nossa), “Como 
uma construção de madeira pesa 20% de uma construção de concreto, a carga 
gravitacional é amplamente reduzida”8 A vantagem disso, segundo ele, é que “(...) 
precisamos de fundações mínimas, não precisamos de grandes quantidades de 
concreto no solo.”9 Logo, além da retenção de CO2, a madeira reduz o uso de concreto 
e aço na fundação. 
Por sua vez, Klein (2020, apud ELBEIN, 2020, np, tradução nossa) afirma que 
“(...) a madeira é simplesmente um material melhor e mais plástico para os programas 
de design que ele usa para simular layouts de construção com base nas necessidades 
de seus clientes(...)”10, bem como: 
A madeira maciça, diz ele, é muito mais fácil de personalizar e pré-
fabricar do que concreto ou aço: ela permite que os projetistas enviem 
planos diretamente para a fábrica para serem construídos de acordo 
com as especificações em uma prática que ele chama de “arquivo para 
a fábrica”. Isso se traduz em construção mais rápida, menores custos 
de mão de obra e menos interrupções para as cidades existentes.11 
 
Além disso, conforme Molina e Junior (2010), a madeira é o único material de 
construção renovável, que demanda baixo consumo energético para produção e 
possui excelente desempenho térmico (absorve 40 vezes menos calor que a alvenaria 
de tijolos) e acústico. Isso tudo é importante para preservar o meio, reduzir custos e 
promover conforto ambiental. 
Deste modo, através de Waugh, Klein, Molina e Junior, percebe-se que a 
construção em madeira é mais leve, plástica, prática, econômica energeticamente e 
 
8 Because a timber building weighs 20% of a concrete building, the gravitational load is vastly 
reduced. 
9 We need minimal foundations, we don’t need massive amounts of concrete in the ground. 
10 (...) wood is simply a better, more plastic material for the design programs he uses to simulate building 
layouts based on his customers’ needs. 
11 Mass timber, he says, is much easier to customize and prefabricate than concrete or steel: it allows 
designers to send plans directly to the factory to be built to spec in a practice he calls “file to factory.” 
That translates to faster construction, lower costs for labor, and less disruption for existing cities. 
21 
 
mais eficiente térmica e acusticamente que as construções em concreto e aço. Logo, 
permite menor compressão do solo e diminuição da necessidade de produzir concreto 
para as fundações, inovação em design e celeridade das obras, ao facilitar produção, 
transporte e montagem, bem como economia e conforto ambiental. Isso ajudaria a 
arquitetura potiguar a contribuir com as ações globais para preservação e recuperação 
do ambiente. 
Apesar disso, segundo Molinha e Junior (2010), há mais de meio século, 
existem restrições legais relacionadas ao risco de incêndio para construções de 
madeira, no Estado de São Paulo. Isso ocorre por uma preocupação dos órgãos 
normativos em garantir que a edificação permaneça resistente por tempo suficiente 
para garantir a total evacuação das pessoas. Portanto, a principal preocupação, neste 
caso, é a de preservar a integridade física do ser humano. 
Entretanto, ainda conforme Molinha e Junior (2010), é preciso lembrar que não 
existiam recursos como materiais retardantes, pinturas intumescentes e aditivos 
antichama, meio século atrás. Entretanto, Pinto (2001, apud MOLINHA e JUNIOR, 
2010) afirma que as estruturas de madeira expostas ao fogo, carbonizam por fora, 
deixando o interior preservado. Então, comparada ao concreto e ao aço, a estrutura 
de madeira apresenta um excelente comportamento em incêndios. 
Desta maneira, percebe-se que a principal preocupação relacionada às 
construções em madeira hoje não se justifica mais. Pois, desde que esteja bem 
calculada, tal qual a alvenaria, a estrutura de madeira atenderá ao tempo exigido para 
fuga dos moradores, durante um sinistro. Dessa forma, Natal e o restante do Brasil 
poderiam se valer desse sistema construtivo. 
Portanto, esta pesquisa tem sua importância prática em seu potencial de 
compilar informações transformadoras para a Arquitetura e a Engenharia, ajudando a 
embasar projetos e construções com madeira. Isso é essencial para viabilizar um 
mundo com edificações melhores, respeitando a história local, mas agregando 
tecnologia e adaptando a um novo contexto. Portanto, a madeira é um recurso natural 
renovável, que atende à diferentes necessidades construtivas e, acima de tudo, com 
alta capacidade de retenção de gases do efeito estufa. 
 
22 
 
MÉTODOS E TÉCNICAS 
A pretensão foi projetar um edifício com estrutura de madeira, no bairro de 
Capim Macio, em Natal,almejando a verticalização. Para tanto, foi feito um 
levantamento bibliográfico e um documental, para garantir a exequibilidade do projeto. 
Bem como, formou-se um referencial projetual indireto, com exemplos reais, mas não 
presentes em Natal. Em vista disso, esta foi uma pesquisa básica, pois apesar do 
conhecimento científico encontrado poder ser utilizado na prática, a intenção foi 
agrupar conhecimento científico que pudesse ajudar em outras pesquisas e projetos. 
Deste modo, o primeiro capítulo explica a escolha do sistema estrutural em 
madeira. Apresentando sua definição, história, vantagens e desvantagens, 
comparação com outros sistemas construtivos, tratamentos da madeira contra 
radiação solar direta, umidade e pragas, além de estratégias contra incêndio. Logo, o 
levantamento bibliográfico e documental, permitiu aprender sobre o sistema 
construtivo e analisá-lo, para propor soluções projetuais. 
Em seguida, o segundo capítulo corresponde ao referencial projetual, 
apresentando e analisando projetos arquitetônicos com estrutura similar ao 
pretendido, mas ausentes em Natal. Essa foi uma tentativa de conhecer dificuldades 
e vantagens, a fim de definir quais aspectos deveriam ou não ser replicados. Assim, 
utilizando artigos, trabalhos, livros, desenhos técnicos ou sites especializados, foi feito 
um levantamento bibliográfico e documental e empregado o método dedutivo, a fim 
de extrair conclusões para o caso estudado. 
Adiante, o terceiro capítulo entra na fase de pré-projeto, apresentando a área 
de intervenção. Para tanto, foram feitas visualizações no Google Earth, capturando 
características como localização, dimensões, orientação, topografia, vegetação, 
entorno, caminho aparente do sol e ventilação dominante. Vale ressaltar que, devido 
à pandemia mundial do Covid-19 e à necessidade de isolamento social, não foram 
realizadas visitas presenciais. Desta forma, conheceu-se as potencialidades e 
deficiências do local. 
Em seguida, ainda a nível de pré-projeto, o quarto capítulo trata das 
condicionantes projetuais. Foram analisadas condicionantes de conforto e legais 
(NBR 9050, Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do RN; Plano Diretor 
23 
 
de Natal e Código de Obras de Natal). Portanto, através de levantamento bibliográfico 
e documental e utilizando instrumentos como a carta solar de Natal, intentou-se 
averiguar se uma construção de madeira promoveria a mesma qualidade de vida que 
uma construção em alvenaria e delimitar as potencialidades construtivas do lote. 
Desta maneira, a pesquisa é exploratória. Isso porque analisou materiais de 
pesquisa já produzidos – trabalhos acadêmicos, documentos, normas e leis - extraindo 
deles conclusões para cada capítulo. Bem como contou com visitas virtuais ao terreno, 
através do Google Earth, para coleta de dados específicos e não escritos do terreno 
em estudo, mas que foram essenciais para projetar. Portanto, não foi uma mera 
descrição de trabalhos já existentes. 
Ao mesmo tempo, sobre o método de abordagem, a pesquisa é qualitativa. Pois 
foi necessária uma interpretação dos textos, imagens ou números coletados, para 
aplicar conhecimentos de diferentes autores ao contexto de Natal, a fim de projetar 
uma edificação vertical de madeira que apresentasse adequação ao local e conforto 
ambiental. Assim, foi feita uma análise valorativa dos dados pela pesquisadora. 
Por fim, uma vez definidas a base teórica e de projeto, foi iniciado o processo 
projetual, para ser apresentado o Estudo preliminar, na Pré-banca, e o Anteprojeto, 
na Banca Final. Essa evolução está descrita no quinto capítulo e foi ilustrada com o 
auxílio de croquis e softwares, como Autocad, SketchUp, Photoshop, entre outros. Por 
fim foi desenvolvido um memorial descritivo. Esse processo foi organizado da seguinte 
forma: 
• ESTUDO PRELIMINAR 
o Definição de conceito e de um partido arquitetônico; 
o Definição do programa de necessidades; 
o Pré-dimensionamento; 
o Zoneamento; 
o Tratamento dos espaços abertos e fluxos (caminhos de pedestres, de 
bicicletas, áreas verdes, estacionamentos etc.); 
o Planta de situação (estudo inicial); 
o Plantas, cortes e fachadas (estudo inicial); 
o Proposta de aproveitamento da topografia existente (cortes esquemáticos); 
o Estudo volumétrico e de fachadas; 
24 
 
• ANTEPROJETO 
o Planta de situação; 
o Planta de locação e coberta; 
o Plantas baixas; 
o Cortes; 
o Fachadas; 
o Proposta de aproveitamento da topografia existente (cortes esquemáticos); 
o Detalhes; 
o Perspectivas/ imagens (internas e externas); 
o Memorial descritivo e justificativo; 
 
25 
 
QUADRO RESUMO 
 
TEMA Habitação multifamiliar verticalizada de madeira. 
QUESTÃO DE 
PESQUISA 
De que forma o sistema construtivo CLT, aplicado a habitações multifamiliares de classe média, em 
Natal/RN, contribui para a verticalização com madeira? 
OBJETO DE ESTUDO 
Compreensão do sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT) para verticalização de habitação 
multifamiliar. 
OBJETIVO GERAL OBJETIVO ESPECÍFICO 
PROCEDIMENTOS 
METODOLÓGICOS 
TÉCNICAS FONTES 
Desenvolver o anteprojeto 
de uma habitação 
multifamiliar com o sistema 
construtivo Madeira 
Laminada Cruzada (CLT), 
de forma a demonstrar 
como pode ser 
verticalizada. 
Caracterizar o sistema 
construtivo Madeira Laminada 
Cruzada (CLT) em edificação 
verticalizada; 
-Levantamento bibliográfico 
e documental; 
Análise 
qualitativa 
dos dados; 
Trabalhos acadêmicos, artigos, 
revistas, livros especializados, 
normas, leis e desenhos 
técnicos. 
Eleger estratégias de conforto 
ambiental adequadas ao 
sistema construtivo e ao clima 
local; 
-Levantamento bibliográfico 
e documental; 
-Utilização de carta solar e 
softwares; 
-Levantamento de ruídos 
com decibelímetro; 
Análise 
qualitativa 
dos dados; 
Trabalhos acadêmicos, artigos, 
revistas, livros especializados, 
normas, leis e desenhos 
técnicos. 
Explicar estratégias de 
segurança contra incêndio; 
-Levantamento bibliográfico 
e documental; 
 
Análise 
qualitativa 
dos dados; 
-Trabalhos acadêmicos, artigos, 
revistas, livros especializados, 
normas, leis e desenhos 
técnicos; 
-Google Earth; 
26 
 
PARTE I: REFERENCIAL TEÓRICO E PROJETUAL 
1. REFERENCIAL TEÓRICO: SISTEMA CONSTRUTIVO DE MADEIRA 
Neste capítulo pretende-se conhecer o sistema estrutural que será utilizado no 
anteprojeto final, apresentando sua definição, história, vantagens e desvantagens, 
breve comparação com outros sistemas, tratamentos da madeira contra radiação solar 
direta, umidade e pragas, além de estratégias contra incêndio. 
1.1. ESTRUTURA EM CLT 
1.1.1. Definição e Breve Histórico 
• Definição 
 O primeiro passo para projetar com CLT é entender do que se trata esse 
material, como e quando ele surgiu e por que ele vem sendo considerado um substituto 
em potencial para o concreto armado. 
CLT é a abreviação do termo em inglês Cross Laminated Timber, e em 
português seria Madeira Laminada Colada Cruzada (MLCC), para o 
painel formado por lamelas de madeiras coladas em camadas 
transversais defasadas 90º entre si, com números de camadas 
variando de 3 a 9, sempre em números ímpares, de modo a obter 
espessuras de dimensões estruturais, variando de 57 a 500 mm. As 
dimensões de largura e comprimento do MLCC são variáveis, mas 
geralmente são usadas larguras de 3m com comprimentos que podem 
atingir até 24m. Tais dimensões proporcionam o uso do MLCC como 
componente principal de construções como paredes e pisos, sendo 
que a largura da placa equivale ao pé direito de um prédio. Outros 
autores da bibliografia classificam o MLCC como um painel de madeira 
serrada multi camadas, onde cada uma é colada transversalmente à 
camada adjacente para aumentar a rigidez e estabilidade em número 
ímpar de camadas, simétrica em torno da camada intermediária. 
(CRESPELL e GAGNON, 2010, apud PEREIRA, 2014). 
 
De acordo com CALDERÓN(2017, apud FRANCO, 2020), a orientação 
transversal entre as camadas faz com que os graus de contração e dilatação da 
madeira ao nível dos painéis sejam reduzidos a um mínimo irrelevante, enquanto a 
carga estática e a estabilidade da forma sejam consideravelmente melhoradas. 
Estes painéis de grande dimensão executam paredes, pisos e 
coberturas acumulando funções estruturais, compartimentação e 
27 
 
revestimento, sendo entregues em obra nas dimensões finais de 
projeto e prontos para a respetiva montagem, num processo de total 
pré-fabricação. Todas as aberturas para portas, janelas e outros vãos 
são executadas em fábrica com tecnologia de corte CNC, deixando 
para a obra somente as pequenas furações e roços para redes de 
infraestruturas técnicas. A dimensão máxima dos painéis está 
geralmente limitada aos meios de transporte, com um comprimento 
máximo de 13,5m e uma largura máxima de 2,95m. A espessura 
depende da especificação de projeto (estabilidade, resistência ao 
fogo, isolamento térmico e acústico), iniciando-se nos 57mm (3 
estratos) e alcançando geralmente os 250mm (8 estratos). Na 
produção dos painéis são usadas tipicamente espécies resinosas, 
sendo as mais comuns o abeto, espruce ou pinho. (JORGE, 2013). 
 
Segundo Pereira (2014), o sistema construtivo que se baseia na utilização dos 
painéis de MLCC utiliza parafusos auto atarraxantes, desenvolvidos para este tipo de 
aplicação, para fazer as conexões entre estes elementos, facilitando e reduzindo o 
tempo de montagem. 
Conforme Amorim, Mantilla e Carrasco (2017), a CLT trabalha como um 
elemento rígido e autoportante, variando o número de lâminas de acordo com a função 
a desempenhar, sendo estrutural ou utilizado para a vedação da edificação. 
Por fim, Calderon (2017) diz que construir com CLT significa entender que não 
basta pensar nos painéis de madeira, mas também nas ferragens que a conectam. 
Isso porque sozinhas as chapas de madeira não se sustentam, só se mantêm unidas 
e resistentes devido às ligações. 
Através de Souza (2018), tem-se que “trata-se de um material sustentável, pois 
é composto de um recurso renovável, a madeira (geralmente de reflorestamento) e 
não requer a queima de combustíveis fósseis durante sua produção”. 
Conforme Souza (2018), Silvio Lagranha Machado, sócio do MAPA12, aponta 
que a estrutura já pode ser o acabamento da obra, ou seja, a própria parede que 
recebe os esforços estruturais da cobertura, pode permanecer exposta. Ainda assim, 
há a possibilidade de revesti-la. Geralmente, as superfícies recebem apenas a 
aplicação de um impermeabilizante transparente, tornando evidentes os desenhos 
naturais das fibras da madeira. 
 
12 Escritório de arquitetura com sede no Uruguai 
https://www.archdaily.com.br/br/office/mapa
28 
 
De acordo com todas as definições acima, ocorre um consenso de que a CLT 
são painéis de madeira, formados por tábuas ou lamelas coladas entre si 
ortogonalmente. Esse simples cruzamento de direções garante propriedades 
estruturais de resistência em direções diferentes, que possibilitam a verticalização, de 
forma semelhante ao concreto armado, devido à resistência alcançada. A 
possibilidade de formação de superfícies, permite a aplicação como lajes e paredes, 
como estrutura ou como vedação, variando de espessura conforme necessário. 
Porém, por tratar-se de madeira, existem vantagens como a industrialização, e a 
consequente agilidade da obra, a sustentabilidade, a possibilidade de revestir ou 
deixar aparente. Portanto, a CLT apresenta-se como um elemento promissor, no 
contexto atual. 
 
• Breve Histórico 
Segundo Pereira (2014), antes de surgir a CLT, ocorreu um processo de união 
de peças de madeira através da colagem. Essa tecnologia já existe há mais de meio 
século, originando-se na região central da Europa, na Suíça e na Alemanha, onde já 
não existiam árvores com grandes diâmetros para a confecção de peças de madeira 
de grande porte. Por isso a solução, no final do século XIX, foi a junção de peças 
menores, como tábuas, empilhadas com as fibras numa única direção. Inicialmente a 
união era feita através de ligação metálica, mas no início do século XX, foram 
substituídas por cola, a princípio feita à base de caseína, proteína encontrada no leite. 
Porém, após a segunda guerra mundial, o desenvolvimento de adesivos produzidos 
por componentes químicos sintetizados em laboratório teve um desenvolvimento 
acentuado, fazendo a produção de madeira laminada colada (Glulam) ter um aumento 
expressivo. 
Como muitas novas tecnologias, o desenvolvimento da CLT ocorreu 
em várias décadas. O conceito foi primeiro empregado nos sistemas 
de cobertura alemães, durante meados dos anos 70, patenteado como 
painéis de construção para uso geral na França durante meados dos 
anos 80 e produzidos comercialmente pela primeira vez em meados 
dos anos 90. Os primeiros edifícios construídos com CLT apareceram 
na Suíça (1993), Alemanha (1995) e Áustria (1998); nesta última, foi o 
primeiro projeto de CLT com vários andares. (DOVETAIL PARTNERS, 
2016)13 
 
13 A MLCC foi desenvolvida no final da década de 80 e início da década de 90 na Áustria e na Alemanha, 
para uso residencial. Durante a década de 90 um esforço conjunto entre a universidade e a indústria 
 
29 
 
Unindo as informações dos autores sobre o início do uso da CLT, percebe-se 
que ocorreu um processo de surgimento e não uma data exata. Isso porque as 
primeiras utilizações, na década de 70, foram em telhado, seguida de utilização em 
outras partes da edificação de uso residencial, nas décadas de 1980 e 1990. Em 
seguida, ocorreu a necessidade de melhoria da tecnologia junto a pesquisadores e 
universidades, o que levou a uma produção comercial com padronização e rapidez. 
Por fim, houve uma etapa de aceitação e posterior disseminação pelo mundo, devido 
à percepção das vantagens da CLT. 
Essa aceitação mencionada por Pereira fica evidente na fala de Franco (2020) 
“Atualmente, os painéis da CLT permitem a construção de edifícios com até 30 
andares no Canadá e até 40 andares na Finlândia”. Pois evidencia não apenas a 
capacidade estrutural de uma verticalização além dos limites de muitos lugares, como 
da própria Natal-RN, mas também que a tecnologia continua ganhando espaço, após 
trinta anos de seu surgimento. 
Segundo Jorge (2013), no final da década de 90, começou a produção 
industrializada destes painéis, na Áustria, Alemanha e Suíça, ocorrendo desde então 
inúmeros projetos de edifícios (habitação, industrial, desportivo, comércio ou 
hoteleiro), executados neste sistema construtivo. Em seguida, após alguns anos de 
desenvolvimento na Europa, esta tecnologia começou há pouco tempo a ser também 
utilizada nos EUA, Japão e Austrália. 
1.1.2. Vantagens x Desvantagens 
• Vantagens 
 Conforme Calderón (2017, apud FRANCO, 2020), embora a fase de projeto 
possa demorar um pouco mais que o convencional, a montagem em CLT consegue 
surpreender. Pois uma casa de 200 m², por exemplo, pode ser levantada em 5 dias 
com a força de trabalho de apenas 4 pessoas qualificadas. 
 
desenvolveu um MLCC de melhor qualidade e métodos de produção mais padronizados e rápidos. No 
início do século XXI, houve um aumento expressivo nas vendas e produção, pois o mercado começou 
a aceitar o MLCC como um material capaz de substituir o concreto e o aço sem prejudicar as 
características do prédio e com vantagens como a grande resistência a abalos sísmicos, leveza, 
facilidade de pré-fabricação, menor quantidade de resíduos na obra e tempo de execução reduzido. 
(PEREIRA, 2014) 
30 
 
Nesse mesmo contexto de agilidade, a Dovetail Partners (2016) afirma que, 
durante a construção da Stadthaus de Londres, uma estrutura em CLT de 8 andares, 
o arquiteto Andrew Waugh levou apenas 27 dias, com 4 homens, para erguer a parte 
de madeira da estrutura. Isso é quase 30% mais rápido, se comparado a uma estrutura 
de aço e concreto. 
Por sua vez, Franco(2020) afirma que os painéis de CLT funcionam como 
peças perfeitas, com alto nível de precisão. Isso ocorre porque tudo é decidido na 
fábrica, sem possibilidade de fazer ajustes no local. Por causa disso, ele diz que os 
construtores são, na verdade, montadores, que encaixam peças perfeitas, com 
margens de erro de 2 milímetros. 
Ainda mencionando vantagens, Pereira (2014), faz menção à redução de 
perdas. Isso porque, os sistemas construtivos em CLT são pré-fabricados. Logo isso 
afeta positivamente o desempenho da construção como um todo. 
A Dovetail Partners (2016) afirma ainda que governo, arquitetos, engenheiros, 
indústria e pesquisadores estão apoiando o uso da madeira por razões como 
desenvolvimento econômico, inovação em design, mitigação das mudanças climáticas 
e implicações positivas para a saúde da floresta. Especificamente em relação à 
mudança climática, chamam atenção para a baixa emissão de carbono associada à 
manufatura de produtos de madeira, e para o armazenamento de carbono, no longo 
prazo, com esses produtos. 
Por fim, Jorge (2013, apud AMORIM, MANTILLA e CARRASCO, 2017), lembra 
a economia no pós-construção, durante o uso da edificação. Ele fala que a baixa 
condutividade térmica da madeira torna os painéis de CLT isolantes térmicos, 
proporcionando eficiência energética aos edifícios. Além de possuírem bom 
isolamento acústico. 
Diante de tudo que foi exposto, algumas características positivas ficam 
evidentes sobre o CLT: rapidez da montagem, redução do número de mão de obra, 
precisão das peças e da montagem, que gera facilidade de montagem e obra limpa, 
controle do processo e das perdas materiais, desenvolvimento econômico, 
modernidade, cuidado com o meio ambiente e redução de consumo energético 
durante o uso da edificação. 
31 
 
• Desvantagens 
Algumas desvantagens estão diretamente ligadas aos pontos positivos 
anteriores, como por exemplo, a exigência de mão de obra qualificada e a 
impossibilidade de fazer ajustes no local, devido à exigência de precisão das peças e 
da montagem. Isso impede, por exemplo, qualquer ajuste em obra, caso ocorra algum 
erro de manufatura de peças. Logo, é necessário um projeto bem detalhado. 
Isso fica evidente quando Franco (2020) diz que é essencial desenvolver 
cuidadosamente todo o processo prévio à construção com CLT. Bem como é 
fundamental a colaboração permanente entre todos os participantes do processo de 
construção, pois a obra é resultado de etapas anteriores. Então todas as fases, 
desenho, planejamento e obra precisam estar em comunicação. 
Franco (2020) chama atenção ainda para a necessidade de uso de madeira 
estrutural, ao fabricar a CLT, conhecendo o grau estrutural de cada placa, pois a 
qualidade do painel vai depender da madeira utilizada. Bem como atenta para a 
precisão das fundações, pois variações milimétricas no concreto podem ocasionar 
grandes problemas, durante a instalação. 
É importante salientar a importância do controle de qualidade durante 
a fabricação do painel, desde a seleção da madeira que será usada 
para as lamelas, até a colagem e prensagem, passando pelas 
classificações visual e mecânica das peças. O controle de qualidade 
em empresas madeireiras no Brasil ainda é renegado, mas produtos 
engenheirados estruturais de grande porte como vigas de madeira 
laminada colada (MLC) e os painéis MLCC devem ter seus parâmetros 
produtivos controlados para evitar produtos fora da conformidade que 
venham a colapsar durante seu uso, causando acidentes e colocando 
vidas humanas em risco. (PEREIRA, 2014) 
O que se percebe, nas observações de Franco e Pereira, é que as 
desvantagens são, na verdade, uma dificuldade de adaptação ao que já deveria ser 
prática comum. Pois o planejamento para evitar erros a serem corrigidos em obra 
deveria ser o normal, independente do sistema construtivo. Mas como não o é, o que 
se percebe é uma preocupação em se adaptar a isso, porque, pela primeira vez, os 
mínimos erros podem causar grandes problemas. 
 
32 
 
1.1.3 Comparação com outros Sistemas 
• Madeira Laminada Colada x CLT 
Segundo Franco (2020), a diferença é que, enquanto a madeira laminada é o 
resultado da união de tábuas ou lâminas, gerando elementos lineares, curvos ou retos, 
mas sempre lineares; a CLT é a união de tábuas em camadas perpendiculares 
permitindo a fabricação de planos, placas ou chapas. 
Portanto, a diferença entre ambas está na orientação das lamelas e, por 
consequência, no resultado de peças que podem gerar. Lamelas alinhadas num único 
sentido formam apenas peças lineares, como vigas e pilares. Lamelas unidas de forma 
ortogonal são capazes de gerar superfícies, como lajes e paredes. 
• Concreto Armado x CLT 
Segundo Souza (2018), a união das camadas de madeira em ângulos 
perpendiculares, proporciona maior rigidez estrutural para o painel em ambas as 
direções. Dessa forma, o painel apresenta boa resistência para tração e compressão. 
Acompanhando esse pensamento, Franco (2020) diz que concorda em certa 
medida que a CLT seja chamada de "o concreto do futuro". Pois ela oferece a mesma 
resistência estrutural do concreto armado, com a vantagem de possuir alto grau de 
flexibilidade, precisando sofrer grandes deformações antes de quebrar e desmoronar, 
ao contrário do concreto. Afirma ainda que “1 m³ de concreto pesa aproximadamente 
2,7 toneladas, enquanto 1 m³ de CLT pesa 400 kg, proporcionando a mesma 
resistência. O mesmo vale para o aço”. 
Por sua vez, CALDERÓN (2017, apud FRANCO, 2020), menciona 
superioridade quanto ao isolamento acústico. “Para conseguir o mesmo grau de 
isolamento que uma parede de CLT de 100 mm de espessura, por exemplo, 
precisaríamos construir uma parede de concreto com 1,80 m de espessura (relação 
de 1/18)”. 
Diante do exposto, percebe-se que a CLT é capaz de apresentar desempenho 
estrutural equivalente ao concreto, porém com vantagens importantes. Pois alta 
flexibilidade, dificultando o desmoronamento, pode salvar vidas; o menor peso, pode 
33 
 
gerar economia na fundação; e o melhor desempenho acústico pode diminuir gastos 
no pós-ocupação, bem como garantir melhor desempenho para usos específicos 
como teatros e casas de show. 
• Wood Frame x CLT 
A respeito do Wood Frame, Pereira (2014) afirma ser um sistema construtivo 
no qual a estrutura interna das paredes e piso são compostos por montantes de 
madeira espaçados entre si, normalmente 40 cm, formando um quadro que é vedado 
por um contraplacado de madeira, seja uma chapa de compensado ou de OSB 
(oriented strand board), em uma das faces deste quadro. Na face que ficará interna, 
o quadro pode ser fechado com uso de uma chapa cimentícia ou gesso acartonado. 
Por sua vez, Molina e Júnior (2010) afirmam que o sistema wood frame permite 
a construção de casas de até cinco pavimentos com total controle dos gastos, desde 
a fase de projeto, uma vez que o sistema pode ser industrializado. Fato esse que 
proporciona também uma estrutura leve e de rápida execução, com os sistemas sendo 
montados por equipes especializadas, em momentos definidos da obra, e de forma 
independente. 
Portanto, percebe-se que, enquanto o Wood Frame são retângulos vazados de 
madeira, cobertos por uma gama diversa de materiais, a CLT são painéis de madeira, 
formadas pela sobreposição perpendicular de lamelas coladas e prensadas entre si. 
As vantagens são praticamente as mesmas, como possibilidade de industrialização, 
planejamento, rapidez de obra, redução da quantidade de mão de obra, porém 
qualificada, e obra limpa. Sendo a maior diferença o Wood Frame só permitir uma 
elevação de até cinco andares. 
1.2. TRATAMENTO DA MADEIRA 
Conforme Franco (2010), a umidade e o clima figuram entre as maiores 
ameaças para a conservação da madeira, principalmente aquela voltada para o 
exterior. Assim, como a CLT além de ser madeira é um componente estrutural, precisa 
ser protegida, para evitar seu desgaste, corrosãoe colapso. Isso pode ser feito através 
de revestimentos, como fibrocimento, tijolos, pedras, dentre outros, ou acabamentos 
que a protejam, ainda que a deixem aparente. 
34 
 
Por sua vez, Calderon (2017, apud FRANCO, 2020) afirma que “óleos vegetais 
e tintas minerais podem atingir esses objetivos, aplicando-se em uma única aplicação 
a cada 5 anos, garantindo até 25 anos de proteção sem desprendimento ou 
descoloração”. 
Em complemento, Franco (2020) especifica que enquanto os óleos vegetais 
são recomendados para uso interno, as tintas minerais funcionam melhor ao ar livre, 
sobretudo nas paredes. Estes produtos, inodoros e de alto desempenho, podem ser 
aplicados por qualquer pessoa, desde que sejam seguidas as instruções básicas e 
tomados os cuidados necessários. 
Portanto, observa-se que a necessidade de cuidados de proteção à madeira, 
incluindo a CLT, são inquestionáveis. A grande vantagem é que existem maneiras 
acessíveis de se fazer isso, seja através de revestimentos ou aplicação de óleos e 
tintas. Logo, a deterioração da madeira seria classificada mais como descuido e falta 
de manutenção no intervalo de tempo devido. 
Segundo Molina (2008, apud MOLINA e JÚNIOR, 2010) “a exposição direta da 
madeira aos fatores ambientais, em razão do uso da madeira sem um tratamento 
adequado, permite o ataque biológico de insetos e microrganismos, comprometendo 
a segurança das construções de madeira”. 
Por sua vez, Molina e Júnior (2010) afirmam que “a madeira de pinus, por ser 
conífera é mais leve, não apresenta cerne e seu lenho é totalmente permeável ao 
tratamento preservante, o que não ocorre com a maioria das madeiras nativas 
brasileiras e com o eucalipto que são folhosas”. 
Assim, percebe-se que a melhor opção para lidar com os fatores biológicos, 
como ataque de fungos e cupins, é a utilização da madeira de pinus, tratando-a 
adequadamente. 
1.3. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO 
Segundo Molina e Júnior (2010), a principal preocupação dos órgãos 
normativos com a ocorrência de incêndio, em edificações de madeira, está ligada à 
necessidade de salvaguardar a vida humana. Por isso, precisam que a construção 
permaneça resistente por tempo suficiente para a total evacuação das pessoas. Logo, 
35 
 
o foco principal está na preservação da vida humana, já que a perda do patrimônio 
pode ser garantida através de contratos e seguros. Afirmam ainda que essa 
preocupação com incêndio é a principal restrição em termos legais às construções de 
madeira, no Estado de São Paulo. Mas foi introduzida na lei há mais de meio século, 
numa época em que não havia recursos como materiais retardantes, pinturas 
intumescentes e aditivos antichama. 
Entretanto, hoje se sabe que a madeira tem a capacidade de carbonizar 
externamente, protegendo seu cerne e, consequentemente, mantendo a resistência 
do sistema construtivo. Conforme Calderón (2017, apud FRANCO, 2020), o fogo 
consome a madeira a uma velocidade de 0,7 a 0,8 milímetros por minuto. Logo, uma 
parede de CLT de 100 mm, seria consumida depois de mais de 2 horas, mesmo que 
seja madeira não tratada. 
Por sua vez, em relatório, a Dovetail Partners (2016) afirma que, ao contrário 
da madeira, o aço desprotegido reage imediatamente à elevada temperatura em um 
incêndio, apresentando tanta expansão, que pode deformar paredes de suporte, que 
leva a uma completa perda de força e ao colapso, sacrificando a integridade estrutural. 
Porém, segundo Franco (2020), a principal causa da morte de pessoas em um 
incêndio é a fumaça. Ela é capaz de passar de um ambiente para outro, através de 
qualquer fenda ou espaço aberto, que resulte do encontro de materiais. Nesse quesito, 
se corretamente construída, a CLT pode ficar completamente hermética, desde que 
bem selecionados os elementos que compõem a estrutura final, como ferragens, 
juntas e outros. Além disso, ele afirma que quanto à resistência de uma construção 
com a CLT, pode-se atribuir 90% da responsabilidade às ferragens e juntas, e 10% à 
própria madeira. 
Portanto, através de Calderón, da Dovetail Partners e de Franco, entende-se 
que a madeira, apesar do preconceito histórico e das leis restritivas de São Paulo, 
possui melhor desempenho que o aço. Mesmo assim, ele está contido no concreto 
armado, que é o sistema construtivo mais praticado no país. Logo, percebe-se, que 
por ser uma propriedade intrínseca à madeira, a carbonização também ocorrerá na 
CLT bem dimensionada, evitando colapsos da edificação, pelo completo consumo do 
fogo. 
36 
 
2. REFERENCIAL PROJETUAL 
A análise de projetos arquitetônicos ocorrerá exclusivamente de forma indireta, 
através de consulta bibliográfica, uma vez que não existem edificações em CLT em 
Natal. Deste modo, por meio dos referenciais, pretende-se observar aspectos como: 
construtivos, funcionais, estético, volumétrico e escolha de materiais, para servirem 
de inspiração. 
2.1. EDIFÍCIO DA LOJA DENGO 
A primeira referência é o primeiro e mais alto edifício multipisos em CLT do 
Brasil. Uma loja de 4 pavimentos, localizada na Av. Brigadeiro Faria Lima, em São 
Paulo, desenvolvida pelo escritório de arquitetura Matheus Farah e Manoel Maia. A 
área do terreno é de 801,43m² e a área construída é de 1.499,38m². 
Trata-se de um projeto brasileiro, atualmente já construído, cujas peças foram 
produzidas em fábrica e apenas montadas no local, em um trabalho de execução 
rápida, precisa e de pouquíssimo resíduo. Os pontos de destaque para sua escolha 
foram a estrutura modular e aparente, composta de pilares, vigas e lajes em madeira 
laminada cruzada, o uso de cores concomitante à madeira evidente, o jogo de 
volumetria, a leveza e a permeabilidade da fachada, que podem ser percebidos na 
figura 01. Além das instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado aparentes 
e a integração dos espaços, possíveis graças à ausência de paredes e à criação de 
vazios de variados pés-direitos, que podem ser vistos na figura 02. 
• FICHA TÉCNICA 
o Projeto: Loja Dengo 
o Categoria: Comercial 
o Status: Concluído 
o Data do projeto: Fase 01 – 2017 / Fase 02 – 2019 
o Data da obra: 2020 
o Localização: São Paulo – SP 
o Arquitetura: MFMM Arquitetura 
o Paisagismo: Soma Arquitetos 
o Área terreno: 801,43m² 
o Área construída: 1.499,38m² 
o Pavimentos em madeira: 4 
37 
 
Figura 01: Loja Dengo – cores, madeira, volumetria, leveza e permeabilidade. 
 
Fonte: goinggreen.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
Figura 02: Loja Dengo – instalações aparentes e integração dos espaços. 
 
Fonte: goinggreen.com.br 
 
39 
 
2.2. EDIFÍCIO AMATA 
O edifício de uso misto Amata, figura 03, que ainda está em desenvolvimento, 
terá 13 andares e ficará localizado no bairro paulistano Vila Madalena. O projeto é do 
escritório Triptyque, seu terreno possui 1.025m² e o espaço para uso será de 4.700m². 
O prédio terá espaços de coworking, coliving e restaurantes e exibe ainda uma 
vegetação natural que traz ao edifício o conceito de floresta urbana. 
Os pontos de destaque para sua escolha foram: o fato de a edificação ser 
escalonada, respeitando à topografia acidentada do bairro, criando um passeio 
arquitetônico em planta e em altura e a utilização de diferentes materiais estruturais, 
como concreto e aço, mas, principalmente, madeira engenheirada, compondo um 
edifício híbrido, com 13 pavimentos, conforme se verifica na figura 04. 
• FICHA TÉCNICA 
o Projeto: Edifício AMATA 
o Categoria: Comercial 
o Data do projeto: 2017 
o Status: Projeto em desenvolvimento 
o Localização: São Paulo – SP 
o Arquitetura: Triptyque 
o Área Total (m²): 4.700 m² 
o Pavimentos em madeira: 12 
o Volume de madeira (m³): 733 m³ 
o CO2 Armazenado (ton): 650 ton 
Figura 03: Edifício de uso misto Amata 
 
Fonte: www.archdaily.com 
40 
 
Figura 04: Amata - escalonado, respeito à topografia 
 
Fonte: www.archdaily.com 
 
41 
 
PARTE II: PRÉ-PROJETO3. ÁREA DE INTERVENÇÃO 
A área de intervenção escolhida para implantação de um edifício verticalizado 
em madeira será na cidade de Natal no estado do Rio Grande do Norte, no bairro de 
Capim Macio, em um terreno situado no cruzamento entre a Rua Francisco Pignataro 
e a Rua Industrial João Motta, conforme se apresenta na figura 05. A área foi escolhida 
por ofertar serviços essenciais ao cotidiano de pessoas adultas, crianças e idosas, 
para que pudessem permanecer na mesma residência por toda uma vida, se assim o 
desejassem. Logo, optou-se por um lote que já possui boa oferta de comércios e 
serviços, como supermercados, farmácias, presença de universidades, possibilidades 
de trabalho, escolas e clínicas geriátricas. 
Figura 05: Localização da Área de Intervenção 
 
Fonte: SEMURB 2011, GOOGLE MAPS 2021, modificado pela autora. 
 
Como pode ser visto na figura 06, trata-se de um lote retangular com dimensões 
aproximadas de 40mx50m, totalizando uma área de 1.886,80m². Sua testada 
localizada na Rua Industrial João Motta está rotacionada 51º para o noroeste em 
relação ao Norte. Além disso, chamam atenção as curvas de nível posicionadas 
diagonalmente em relação às faces do terreno, compondo um acentuado declive. 
42 
 
Figura 06: Dimensões do Terreno 
 
Fonte: CAERN 2005, modificado pela autora. 
 
A malha urbana do entorno, apresentada na figura 07, apresenta um traçado 
ortogonal, característica comum de um crescimento urbano planejado e mais atual. 
Notam-se também, no entorno imediato, vias arteriais, como a Avenida Ayrton Senna 
e a Avenida Engenheiro Roberto Freire, além de vias coletoras, como Rua Américo 
Soares Wanderley, Rua Walter Fernandes, Rua Desembargador José Gomes da 
Costa e Rua Walter Duarte Pereira. A massa vegetal, por sua vez, é espaçada, 
estando presente dentro dos lotes do entorno. Porém destaca-se a presença do 
Parque das Dunas à nordeste. 
43 
 
Figura 07: Entorno do Terreno 01 
 
Fonte: Google Maps 2021, modificado pela autora. 
 
Conforme as figuras 08, 09 e 10, percebe-se ainda o atual estado do lote, sem 
uso e ocupado por vegetação. Rodeado por edificações de uso residencial e limitado 
por via asfaltada, na Rua Industrial João Motta, e por piso intertravado na Rua 
Francisco Pignataro. 
 
Figura 08: Entorno do Terreno 02 
 
Fonte: Google Maps 2021 
 
44 
 
Figura 09: Entorno do Terreno 03
 
Fonte: Google Maps 2021 
 
Figura 10: Entorno do Terreno 04 
 
Fonte: Google Maps 2021 
 
4. CONDICIONANTES PROJETUAIS 
4.1 CONDICIONANTES DE CONFORTO 
Quanto às características ambientais, que influenciam diretamente no processo 
projetual, pode-se perceber através das figuras 11 e 12, as posições de Sol nascente 
e poente, bem como a direção de incidência dos ventos predominantes, que são 
oriundos de sudeste. 
Essas informações são imprescindíveis para a escolha do posicionamento dos 
ambientes, suas aberturas e proteções. Pois a intenção é priorizar o aproveitamento 
dos ventos predominantes nas áreas de longa permanência, como quartos e sala. 
Deixando as áreas de curta permanência e que necessitam de Sol, para dissipar a 
umidade, como lavanderia e cozinha, voltadas para oeste. 
Percebe-se, sobretudo na figura 11, através da utilização da carta solar de 
Natal/RN, que as faces do lote que mais recebem carga térmica solar são aquelas que 
têm limite com os lotes vizinhos, a nordeste e sudoeste. Enquanto as testadas do 
terreno fornecem maior conforto térmico, a nordeste e sudeste. 
 
45 
 
Figura 11: Insolação Incidente no Terreno 
 
Fonte: andrewmarsh.com /software 2021, modificado pela autora. 
Figura 12: Condicionantes Ambientais 
 
Fonte: feito pela autora, 2021. 
46 
 
4.2. CONDICIONANTES LEGAIS 
Nesta etapa destacam-se as exigências das legislações que podem interferir 
diretamente do desenvolvimento do anteprojeto. Como o Plano Diretor de Natal (Lei 
Complementar Nº082 de 21 de junho de 2007), o Código de Obras de Edificações do 
Município de Natal (Lei Complementar Nº 055 de 27 de janeiro de 2004), as Instruções 
Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do RN e a ABNT NBR-9050 – Acessibilidade 
a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos (2020). 
 Conforme o Mapa 01, de Macrozoneamento, do anexo II, do Plano Diretor de 
Natal, o bairro de Capim Macio está na Zona de adensamento básico, por isso seu 
coeficiente de aproveitamento é igual a 1,20. 
Figura 13: Macrozoneamento 
 
Fonte: SEMURB, 2007. 
47 
 
Outras prescrições urbanísticas relevantes para projeto também são 
encontradas no Plano Diretor de Natal. São elas: 
Taxa de Ocupação: 
• “Art. 30 - II - acima do 2º pavimento, a taxa de ocupação será em função da 
área resultante da aplicação dos recuos previstos no Quadro 3 do Anexo I desta 
Lei.” 
Área permeável: 
• “Art. 6º - VIII - área permeável - área do lote onde é possível infiltrar no solo as 
águas pluviais, limitada em, no mínimo, 20% (vinte por cento) do terreno.” 
Recuos: 
• “Art. 6º - XXXVI - (...)recuo frontal quando se referir aos limites com logradouros 
ou vias públicas e recuos de fundos e laterais, quando se referir às divisas com 
outros lotes.” 
Logo, serão dois os recuos frontais e farão divisa com a Rua Industrial João 
Motta e a Rua Francisco Pignataro. 
Vale ressaltar também que, no Anexo I, Quadro 3, intitulado de Recuos, no 
Plano Diretor de Natal, encontram-se as seguintes fórmulas para os recuos: 
frontal=3,00 + H/10 e de fundos = 1,50 + H/10; 
Gabarito: 
• “Art. 29 - §2º - O gabarito máximo de altura permitido para toda a cidade será 
de 65m (sessenta e cinco metros), exceto para as zonas adensáveis onde 
poderá ser permitido até 90m (noventa metros).” 
Para facilitar a demonstração dos cálculos, segue um quadro, resumindo os 
dados mais importantes: 
 
 
 
48 
 
Quadro 01: Dados do Lote e Prescrições Urbanísticas 
Índice Valor 
Área do lote 1.886,80m² 
Coeficiente de Aproveitamento de Capim Macio 1,2 
Taxa de Ocupação o que sobrar dos recuos (acima do 2º 
pavimento) 
Área permeável ≥ 20% 
Gabarito máximo 65m (Zona não adensável) 
Recuos Frontal = 3,00 + H/10 
Fundos = 1,50 + H/10 
Fonte: Elaborado pela autora, 2021. 
 
4.2.1. Cálculos 
O Código de Obras de Natal considera que o pé direito mínimo da residência 
varia de 2,40m a 2,50m, conforme o cômodo. Considerando a laje com 0,16m, um pé 
esquerdo de 2,80m atende essa exigência com folga de 0,14m a 0,24m. 
• Potencial Construtivo = Área do lote x Coeficiente de Aproveitamento = 
1.886,80m² x 1,2 = 2.264,16m²; 
• Gabarito = 4 pavimentos x 2,80m = 11,20m + 0,16 (piso do 1º pavimento) = 
11,36m + 3,95m (caixa d’ádua) 
• Recuos 
o H: altura entre o piso do segundo e do último pavimento = 2,80m x 2 = 
5,60m 
o Frontais: 3,00 + H/10 = 3,00 + 5,60 / 10 = 3,56m 
o Fundos = 1,50 + H/10 = 1,50 + 5,60 / 10 = 2,06m 
o A área total de recuos foi calculada no AutoCad = 459.74 m² 
• Taxa de Ocupação Máxima Possível 
Excluindo-se a área correspondente aos recuos e dividindo-se o restante pela 
área total do lote, encontra-se a Taxa de Ocupação máxima possível. 
Taxa de Ocupação = 1.886,80m² – 459.74 m² = 1.427,06m²/1.886,80m² = 0,76 
 
49 
 
• Taxa de Permeabilidade 
Supondo que toda a taxa de ocupação máxima fosse utilizada, excluindo-se 
apenas os recuos, restaria a menor área permeável possível, que seria de 24%. Ainda 
nessas condições extremas, seria atendido o mínimo de 20%, estabelecido no Plano 
Diretor. 
o Área do Lote = 1.886,80m² 
o Área de ocupação disponível = 1.427,06m² 
o Taxa de Permeabilidade mínima = 1.886,80m² - 1.427,06m² = 
459,74m²/1886,80m = 24% 
 
Quadro 02: Cálculos 
Índice Valor 
Potencial Construtivo = 
Área do lote x Coeficiente 
de Aproveitamento 
1.886,80m² x 1,2 = 2.264,16m² 
Pé esquerdo adotado 2,80m 
Número de pavimentos 
utilizados 
4 
Gabarito da Edificação 
4 x 2,80m = 11,20m + 0,16 (piso do 1º pavimento) 
= 11,36m + 3,10m (caixa d’água) = 14,46m 
Recuos Frontais: 3,00

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