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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO MAYARA DANIELLE DE MEDEIROS INOVAÇÃO EM MORAR: ANTEPROJETO DE EDIFÍCIO VERTICAL MULTIFAMILIAR EM MADEIRA LAMINADA CRUZADA (CLT) EM NATAL/RN NATAL, RN 2020.2 MAYARA DANIELLE DE MEDEIROS INOVAÇÃO EM MORAR: ANTEPROJETO DE EDIFÍCIO VERTICAL MULTIFAMILIAR EM MADEIRA LAMINADA CRUZADA (CLT) EM NATAL/RN Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para conclusão do curso e obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista. Orientadora: Profª. Drª. Edna Moura Pinto. NATAL, RN 2020.2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT Medeiros, Mayara Danielle de. Inovação em morar: anteprojeto de edifício vertical multifamiliar em madeira laminada cruzada (CLT) em Natal/RN / Mayara Danielle de Medeiros. - Natal, RN, 2021. 78f.: il. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Edna Moura Pinto. 1. Habitação - Monografia. 2. Arquitetura com madeira - Monografia. 3. Verticalização com madeira - Monografia. 4. Cross laminated timber (CLT) - Monografia. 5. Madeira laminada colada cruzada (MLCC) - Monografia. I. Pinto, Edna Moura. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BSE15 CDU 728.1 Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344 MAYARA DANIELLE DE MEDEIROS INOVAÇÃO EM MORAR: ANTEPROJETO DE EDIFÍCIO VERTICAL MULTIFAMILIAR EM MADEIRA LAMINADA CRUZADA (CLT) EM NATAL/RN Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para conclusão do curso e obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista. BANCA EXAMINADORA Profª. Drª. Edna Moura Pinto Orientadora Profª. Drª. Mônica Maria Fernandes de Lima Avaliadora Interna Arq. MSc. Lucas Figueiredo de Melo Avaliador Externo NATAL, RN 2020.2 À minha mãe Kátia, ao meu pai Orlando, à minha irmã Raíssa, ao meu irmão Wesley, à Universidade Federal do Rio Grande do Norte e ao ensino público gratuito e de qualidade brasileiro. AGRADECIMENTOS Agradeço infinitamente a todos os professores que passaram pela minha vida, desde a minha infância até hoje. Certamente alguns me cativaram mais, mas todos construíram em mim o conhecimento que carrego. Provavelmente não poderei retribuir-lhes diretamente, mas prometo fazer o meu melhor como pessoa e profissional, aplicando o que aprendi, para melhorar a vida de muitos outros na sociedade. Agradeço, principalmente, aos professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN, que foram meus mestres nesta etapa. Mas, em especial, gostaria de agradecer à professora Luciana de Medeiros, que me encantou com suas aulas, com sua excelente didática, associada à humanidade e ao respeito aos alunos. Fiz o curso numa correria tão louca, trabalhando e estudando, que não consegui me aproximar de muitas pessoas, ainda que eu as admirasse de longe. Agradeço também à minha orientadora, professora Edna Moura Pinto, que sempre me tratou com leveza, respeito, paciência e muita energia positiva. A qual já me encantava com suas aulas de estruturas. A quem eu conheci antes mesmo de entrar no curso, pois foi organizadora do XIV EBRAMEM, Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira, do qual eu participei como ouvinte, mesmo antes de ter ingressado no curso de Arquitetura e Urbanismo, porque já me atraíam as construções de madeira. Agradeço ao ensino público gratuito e de imensa qualidade a que tive acesso. Agradeço aos profissionais que fazem a UFRN, terceirizados, técnicos administrativos e docentes. Espero pelo dia em que o acesso à educação de qualidade e gratuita chegue a todos os cidadãos brasileiros, desde o início de suas formações, na infância, até o último grau de qualificação, na vida adulta. Ter acesso à educação é uma oportunidade, que muda a vida das pessoas. Mas, em paralelo à vida acadêmica, existiram figuras importantes, que deram suporte imprescindível, na vida pessoal, para que eu não falhasse no curso. Assim, obrigada à minha primeira psicóloga, Verônica Almeida, por ter feito eu me organizar por dentro. Chegou um momento no qual sozinha eu não conseguiria mais e precisei de ajuda profissional. Obrigada, Larissa Barros, que veio de Brasília, através de mobilidade acadêmica, e se tornou luz, num período escuro de minha vida pessoal, ajudando também na vida acadêmica. Obrigada, Carliandra Macedo, que começou a graduação comigo, por ter me feito continuar, quando eu sozinha teria parado, mais de uma vez. Obrigada, Lucas Graça, pela presença, conversas e conselhos de vida, mesmo a quilômetros de distância. Obrigada, Gabriele Lacerda, pela força, troca de conhecimento e incentivo, durante o curso, mas principalmente na reta final, no TCC. Agora, agradecendo à galera que conheci na vida profissional: Obrigada, Bryan Souza, por ter sido amigo e me ceder abrigo, quando saí de casa. Obrigada, Mariana Medeiros e Juliana Brandão, pela disposição em me defender, no trabalho, porque sozinha eu não teria forças nem habilidades para lutar pelos meus direitos. Obrigada, Thamara Priscila, pelo cuidado e amizade, em um novo mundo profissional, quando fiz estágio no TRE-RN. Foi a primeira vez em que me coloquei na posição de estagiária, mesmo sendo servidora pública na UFRN, há mais de cinco anos. Obrigada à minha amiga de colégio e arquiteta, Tatyana Thaíse, por abrir as portas de um novo estágio. Obrigada à arquiteta Lorenna Medeiros, por me mostrar que uma chefe pode ser humana, respeitando às pessoas a quem lidera, sem deixar de ser uma profissional competente!!! Foi um prazer e um grande aprendizado trabalhar para você!!! Agradeço a toda a minha família querida, que me ajudou de uma forma ou de outra. Mãe, pai, irmãos, avós, tias, tios, primas e primos. Obrigada à Raíssa, minha irmã, por ser exemplo de humanidade, respeito às diversidades, por me incentivar a insistir, não desistir, me esforçar e tocar os trabalhos para frente, mesmo sem ter mais uma gota de força. Você é exemplo de mulher vanguarda. É um aprendizado ter você por perto. Obrigada à minha tão amada mãe, que também é uma mulher à frente do seu tempo, que fez o impossível sempre, com tão poucos recursos. Se eu conseguir ser metade da mulher e mãe que você é, certamente, já serei muito. Obrigada pela disposição em ouvir, em tentar esclarecer meus questionamentos sobre a vida, por ter priorizado os estudos, acima de tudo, e por não cortar minhas asas, mas me dar liberdade. Por fim, obrigada Deus. Mesmo não sendo religiosa, precisei ajoelhar e rezar. AVISO Opa, oi leitor! Antes de você seguir com a sua leitura, deixa eu te dar um aviso? Eu não sei em que ano você está lendo este documento, se você está num futuro recente, provavelmente se lembrará da situação em que nos encontramos agora, mas se você é um universitário de 2045 (ou depois disso) é preciso que tome conhecimento de como anda o mundo aqui entre 2020 e 2021. Primeiro: estamos vivendo uma pandemia de Sars-Cov-19, trabalhando, estudandoe socializando virtualmente desde março de 2020. A esta altura, em abril de 2021 – enquanto escrevo este aviso – somente no Brasil mais de 350 mil pessoas perderam suas vidas devido à esta doença. Segundo: como você pode imaginar, se estamos estudando virtualmente, deve saber que todas as atividades necessárias para a execução dos trabalhos finais de graduação até agora têm se dado de maneira virtual, o que implica em limitações de acesso à bibliografia, aos nossos orientadores, à um espaço adequado ao estudo e pouquíssima ou nenhuma oportunidade de levantamento in loco. Os trabalhos que você encontrará de autoria dos graduandos da turma 2020.2 podem não ser o que alguns de nós havíamos sonhado quando matutamos as primeiras ideias sobre nossos trabalhos, o que não implica em menos qualidade, mas em um desafio ainda maior. O conteúdo que está por vir é fruto de muita persistência, acredite leitor, são tempos difíceis por aqui. Dito isto, espero que aí no futuro o mundo seja um pouco mais tranquilo. Desejo a você uma boa leitura! Mara Raquel e Leticia Azevedo RESUMO O tema deste trabalho é habitação multifamiliar verticalizada de madeira e ele possui sua relevância em contribuir para a pesquisa e desenvolvimento de conhecimento necessário para a utilização de materiais pouco conhecidos e não convencionais na construção do Rio Grande do Norte, como o CLT. Para tanto, o objetivo geral deste estudo é o desenvolvimento de um anteprojeto de uma habitação multifamiliar com o sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT ou MLCC), de forma a demonstrar como pode ser verticalizada. Os objetivos específicos são: caracterizar o sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT) em edificação verticalizada; eleger estratégias de conforto ambiental adequadas ao sistema construtivo e ao clima local; e explicar estratégias de segurança contra incêndio. Essa proposta justifica-se pela necessidade de redução de agressão ao meio ambiente, causada pela emissão de CO2 em escala mundial exagerada, que é em grande parte alimentada pela produção de concreto e aço, e do conhecimento da madeira como material capaz de reter carbono, evitando sua liberação na atmosfera. Primeiramente foi realizada uma pesquisa sobre o sistema construtivo com madeira laminada cruzada, mostrando sua definição e histórico, seguido de vantagens e desvantagens do material, breve comparativo com outros sistemas construtivos em madeira, tratamento contra intempéries e agentes biológicos e cuidados contra incêndio. Posteriormente, foram analisados exemplos de construções de CLT. Em seguida, foram estudadas as condicionantes ambientais e legais do terreno escolhido. Até que, por fim, foi desenvolvido um anteprojeto, com as informações julgadas fundamentais para se projetar com CLT no local selecionado. O resultado pretendido foi atender aos objetivos da pesquisa com a elaboração do anteprojeto, adotando medidas para um bom desempenho térmico, segundo a zona bioclimática brasileira do terreno escolhido, e respeitando as particularidades do sistema construtivo com CLT. Palavras-Chave: Arquitetura com madeira, Verticalização com madeira, Cross Laminated Timber (CLT), Madeira Laminada Colada Cruzada (MLCC); ABSTRACT The theme of this work is vertical wooden multi-family housing and it has its relevance in contributing to the research and development of knowledge necessary for the use of little-known and unconventional materials in the construction of Rio Grande do Norte, such as the CLT. For this purpose, the general objective of this study is the development of a preliminary project for a multifamily dwelling with the construction system Cross Laminated Timber or Laminated Wood Crossed (CLT or MLCC), in order to demonstrate how it can be verticalized. The specific objectives are: to characterize the constructive system of Cross Laminated Timber (CLT) in vertical construction; choose environmental comfort strategies appropriate to the construction system and the local climate; and explain fire safety strategies. This proposal is justified by the need to reduce aggression to the environment, caused by the exaggerated CO2 emission on a worldwide scale, which is largely fueled by the production of concrete and steel, and the knowledge of wood as a material capable of retaining carbon, preventing its release into the atmosphere. Firstly, a research was carried out on the construction system with Cross Laminated Timber, showing its definition and history, followed by advantages and disadvantages of the material, a brief comparison with other wooden construction systems, treatment against weather and biological agents and fire care. Subsequently, examples of CLT constructions were analyzed. Then, the environmental and legal conditions of the chosen land were studied. Until, at last, a preliminary project was developed, with the information deemed essential to project with CLT in the selected location. The intended result was to meet the research objectives with the elaboration of the preliminary project, adopting actions for a good thermal performance, according to the Brazilian bioclimatic zone of the chosen terrain, and respecting the particularities of the construction system with CLT. Keywords: Architecture with wood, Verticalization with wood, Cross Laminated Timber (CLT), Laminated Wood Crossed (MLCC); LISTA DE FIGURAS Figura 01: Loja Dengo – cores, madeira, volumetria, leveza e permeabilidade ........ 37 Figura 02: Loja Dengo – instalações aparentes e integração dos espaços ............. 38 Figura 03: Edifício de uso misto Amata .................................................................... 39 Figura 04: Amata - escalonado, respeito à topografia .............................................. 40 Figura 05: Localização da Área de Intervenção ......................................................... 41 Figura 06: Dimensões do Terreno .............................................................................. 42 Figura 07: Entorno do Terreno 01 .............................................................................. 43 Figura 08: Entorno do Terreno 02 .............................................................................. 43 Figura 09: Entorno do Terreno 03 .............................................................................. 44 Figura 10: Entorno do Terreno 04 .............................................................................. 44 Figura 11: Insolação Incidente no Terreno ................................................................. 45 Figura 12: Condicionantes Ambientais ...................................................................... 45 Figura 13: Macrozoneamento .................................................................................... 46 Figura 14: Largura mínima da via de Acesso ........................................................... 57 Figura 15: Largura e altura mínima do portão de acesso à edificação ..................... 57 Figura 16: Zoneamento 01 ....................................................................................... 61 Figura 17: Zoneamento 02 ....................................................................................... 61 Figura 18: Zoneamento 03 ....................................................................................... 61 Figura 19: Evolução da Planta Baixa da Habitação 01 ............................................ 62 Figura 20: Evolução da Planta Baixa da Habitação 02 ............................................ 63 Figura 21: Evolução da Planta Baixa da Habitação 03 ............................................ 64 Figura 22: Evolução da Planta Baixa da Habitação 04 .............................................. 65 Figura 23: Planta Baixa Térreo – Acessível............................................................... 66 Figura 24: Planta Baixa - Pavimento Tipo .................................................................. 67 Figura 25: Implantação .............................................................................................. 68 Figura 26: Fachada Frontal ...................................................................................... 69 Figura 27: Fachada Frontal da Habitação ................................................................ 70 Figura 28: Corte Transversal da Habitação ................................................................ 70 Figura 29: Corte Longitudinal da Habitação ............................................................... 70 Figura 30: Corte da Caixa D’água .............................................................................. 71 Figura 31: Perspectiva Frontal da Habitação ........................................................... 72 Figura 32: Perspectiva externa à direita ..................................................................... 73 Figura 33: Perspectiva externa à esquerda ................................................................ 73 Figura 34: Perspectiva da área de lazer ..................................................................... 74 LISTA DE QUADROS Quadro 01: Dados do Lote e Prescrições Urbanísticas ............................................. 48 Quadro 02: Cálculos .................................................................................................. 49 Quadro 03: Dimensionamento Mínimo dos Compartimentos .................................... 50 Quadro 04: Vagas de Garagem para Uso Residencial .............................................. 50 Quadro 05: Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação 01 .. 52 Quadro 06: Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação 02 . 52 Quadro 07: Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação 03 .. 53 Quadro 08: Classificação das edificações quanto à altura ........................................ 53 Quadro 09: Cargas de incêndio específicas por ocupação 01 ................................... 54 Quadro 10: Cargas de incêndio específicas por ocupação 02 ................................... 54 Quadro 11: Cargas de incêndio específicas por ocupação 03 ................................... 54 Quadro 12: Classificação das edificações e áreas de risco quanto à carga de incêndio ................................................................................................................................... 54 Quadro 13: Exigências para edificações com área menor ou igual a 750m² e altura inferior ou igual a 12,00m .......................................................................................... 55 Quadro 14: Edificações do grupo A com área superior a 750m² ou altura superior a 12,00m. ..................................................................................................................... 56 Quadro 15: Tempos requeridos de resistência ao fogo (TRRF) ................................ 58 Quadro 16: Programa de Necessidades e Pré-dimensionamento ........................... 59 Quadro 17: Prescrições urbanísticas alcançadas .................................................... 72 SUMÁRIO CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................... 15 OBJETIVOS ................................................................................................... 17 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 18 MÉTODOS E TÉCNICAS ............................................................................... 22 QUADRO RESUMO ....................................................................................... 25 PARTE I: REFERENCIAL TEÓRICO E PROJETUAL 1. REFERENCIAL TEÓRICO: SISTEMA CONSTRUTIVO DE MADEIRA ......... 26 1.1. ESTRUTURA EM CLT ......................................................................... 26 1.1.1. Definição e Breve Histórico .................................................... 26 1.1.2. Vantagens x Desvantagens ................................................... 29 1.1.3. Comparação com outros Sistemas ........................................ 32 1.2. TRATAMENTO DA MADEIRA ............................................................. 33 1.3. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO .................................. 34 2. REFERENCIAL PROJETUAL ....................................................................... 36 2.1. EDIFÍCIO DA LOJA DENGO ................................................................ 36 2.2. EDIFÍCIO AMATA ................................................................................ 39 PARTE II: PRÉ-PROJETO 3. ÁREA DE INTERVENÇÃO ............................................................................. 41 4. CONDICIONANTES PROJETUAIS ............................................................... 44 4.1. CONDICIONANTES DE CONFORTO ................................................. 44 4.2. CONDICIONANTES LEGAIS .............................................................. 46 4.2.1. Cálculos ................................................................................... 48 4.3. CONDICIONANTES DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO ................. 50 PARTE III: PROCESSO PROJETUAL 5. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA ......................................................... 59 5.1. CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO ....................................... 59 5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO .... 59 5.3. ZONEAMENTO E TRATAMENTO DOS ESPAÇOS ABERTOS E FLUXOS .............................................................................................. 60 5.4. EVOLUÇÃO DA IDEIA ......................................................................... 62 6. MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO .............................................. 67 7. IMAGENS RENDERIZADAS ......................................................................... 72 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 75 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76 15 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O Brasil possui arquiteturas vernaculares baseadas em estruturas de madeira, palha e barro. Entretanto, essa arquitetura não está presente nos centros urbanos. Além disso, o país está na zona climática tropical, sendo rico em espécies de madeira. Porém, sua arquitetura em madeira não foi tão difundida quanto aquela em concreto armado. Diante disso, em meio à predominância da alvenaria, como edificações em madeira podem ganhar espaço? Em relação à arquitetura vernacular, conforme Teixeira (2017), apesar de todas as suas qualidades de compatibilidade ao clima, de respeito ao meio ambiente e de ser acessível às classes populares, por ser uma tecnologia barata, ela está desaparecendo. Isso ocorre porque, com a mudança dos valores culturais e tecnológicos da sociedade, ao longo do tempo, a tecnologia construtiva escolhida pelas classes média e alta mudou e a arquitetura vernacular deixou de estar associada à cultura predominante, sendo relegada à uma posição subjacente. Então, é possível subentender que a arquitetura vernacular não voltará a aparecer nos centros urbanos e pode até deixar de existir no meio rural. Logo, provavelmente, essa não será a arquitetura adotada pela sociedade para disseminar as edificações de madeira. Entretanto, é possível utilizar-se dos princípios da arquitetura vernacular e até de seus materiais construtivos, fazendo uso de novas tecnologias, para atender às atuais necessidades habitacionais. Segundo Benevente (1995 apud OLIVEIRA, 2016,p. 17), foi no período colonial que se iniciou o preconceito contra as edificações em madeira. Isso ocorreu em função da adoção dos métodos construtivos portugueses, que se valiam de práticas associadas a pedras e tijolos. Por isso, onde a colonização usou uma tecnologia diferente, as elevações também o são. Além disso, Bogo (2017) afirma: em Santa Catarina, a habitação em madeira é consequência da colonização pelos imigrantes alemães, italianos, eslavos, açorianos, dentre outros. Mas isso deveu-se também à grande disponibilidade de matéria-prima de boa qualidade. Por isso, atualmente, o estado tem os municípios com os maiores percentuais de domicílios em madeira do país, nas zonas rurais e urbanas. 16 Logo, através de Benevente e Bogo, percebe-se que a adoção de um sistema construtivo, no Brasil, esteve ligada à tecnologia já praticada pelo colonizador e à matéria-prima disponível. Como Portugal utilizava pedra e tijolo, manteve seu método, quando encontrou esses materiais. Do mesmo modo, outros países europeus, que tinham conhecimento para construir com madeira, assim o fizeram, quando ela esteve presente. Como historicamente predominou a colonização portuguesa no território brasileiro, isso explica o porquê de construções em alvenaria serem mais comuns. Somando-se a este fato, segundo Bogo (2017), a arquitetura em madeira, no sul do Brasil, está perdendo espaço. As causas disso são preconceitos, custo da madeira, falta de mão de obra capacitada, falta de prática de arquitetos e engenheiros em projetar com esse material e restrições das legislações urbanas, códigos de obra e normas de prevenção de incêndios. Então, para que ela se amplie como sistema construtivo, no Brasil, é preciso atender a três exigências básicas dos moradores: segurança contra o fogo, durabilidade e adequação ao clima. A esse respeito, diz Melo (2007) que a madeira bem dimensionada se torna mais resistente que outros materiais estruturais, quando submetida a altas temperaturas e exposta à chama. Isso porque, a camada externa da madeira carboniza, sob o fogo, tornando-se um isolante térmico que impede a entrada de calor e a queima do cerne. Por isso, a segurança contra incêndio tem de considerar outros fatores como uso da edificação, número de usuários, sistema de detecção e prevenção de incêndio e a facilidade de fuga do local. Além disso, Borges e Nascimento (2014) dizem que a conservação da madeira utilizada em casas do seridó potiguar foi comprometida pela falta de manutenção e conhecimento dos cuidados necessários, mas não pela durabilidade do material. Fato comprovado pela presença de elementos ainda praticamente inalterados, após mais de dois séculos de uso. Por isso, apontam a exposição à radiação solar direta e à umidade como principais fatores de patologias. Desta forma, através de Melo, tem-se que a segurança contra incêndio é maior com o uso da madeira que com outros materiais, se corretamente dimensionada. E, conforme Borges e Nascimento, ela é capaz de suportar centenas de anos em bom estado, se bem cuidada. Por fim, diante de todo o exposto, percebe-se que é capaz de se adaptar do frio seco ou úmido do sul do Brasil ao clima árido do sertão potiguar. 17 Consequentemente, é possível perceber que as três exigências habitacionais dos moradores, descritas por Bogo, são atendidas pela madeira, na construção civil. Portanto, a madeira é um material excelente para a habitação humana, desde tempos antigos até hoje. Isso deve-se comprovadamente a suas qualidades de resistência, durabilidade e adequação ao clima, mas, acima de tudo, ao entendimento de que a eficiência de qualquer material depende do empenho humano, utilizando estratégias de adequação ao clima e mantendo a manutenção e os cuidados de uso. Assim, parte-se da hipótese de que compreender um sistema construtivo em madeira, que permite a verticalização, demonstrando sua possível aplicação através de um anteprojeto, pode influenciar seu uso em habitações multifamiliares verticais de classe média, em Natal/RN. Então, no intuito de atender a essa hipótese e sob o tema da habitação multifamiliar verticalizada de madeira, dentro da área da Tecnologia da Construção e Projeto de Arquitetura, pretende-se estudar as demandas de uma edificação residencial de classe média e as características do sistema construtivo conhecido como Madeira Laminada Cruzada (CLT), a fim de produzir um anteprojeto de uma habitação multifamiliar verticalizada com tal material. OBJETIVOS OBJETIVO GERAL Desenvolver o anteprojeto de uma habitação multifamiliar com o sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT), de forma a demonstrar como pode ser verticalizada. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Caracterizar o sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT) em edificação verticalizada; • Eleger estratégias de conforto ambiental adequadas ao sistema construtivo e ao clima local; • Explicar estratégias de segurança contra incêndio; 18 JUSTIFICATIVA DE ORDEM TEÓRICA Alguns estudiosos alertam a respeito do pouco tempo que resta para reduzir as emissões de carbono, sob risco de alterações nos sistemas climáticos da Terra, impactando na civilização humana. Minimizar o risco requer manter o aquecimento global o mais próximo possível de 1,5°C, reduzindo as emissões de carbono a zero. Levará pelo menos 30 anos para atingir a neutralidade de carbono, diz Richardson. “Essa é a nossa estimativa de tempo mais otimista.” (RICHARDSON, 2019, apud LEAHY, 2019, np, tradução nossa)1 Outros autores dizem que o aumento de temperatura do planeta causa, em seus ecossistemas, alterações capazes de potencializar o efeito estufa. Isso porque, o aquecimento global, além de destruir a natureza, se retroalimenta, ao desprender gases que não estavam na atmosfera. O aquecimento já desencadeou distúrbios de insetos em grande escala e um aumento nos incêndios que levaram à morte das florestas boreais da América do Norte, potencialmente transformando algumas regiões de sumidouros de carbono em fonte de carbono. O permafrost no Ártico está começando a degelar irreversivelmente e liberar dióxido de carbono e metano - um gás de efeito estufa que é cerca de 30 vezes mais potente do que o CO2 (...). (LENTON et al., 2019, np, tradução nossa).2 Dessa forma, através de Richardson e Lenton et al., percebe-se que a temperatura da Terra está aumentando e que atitudes humanas podem reverter isso, diminuindo liberações de gases do efeito estufa (GEE’s). Por isso, entende-se que é preciso praticar valores culturais, atividades econômicas, modos de produção, hábitos que impeçam ou, pelo menos, não contribuam para o colapso iminente do planeta. Assim, nesse curto tempo que resta, para reduzir os efeitos nocivos para as próximas gerações, a arquitetura também precisa se adaptar, poluindo menos. 1 Minimizing the risk requires keeping global warming as close to 1.5 degrees C as possible by reducing carbon emissions to zero. It will take at least 30 years to achieve carbon neutrality, Richardson says. “That’s our most optimistic time estimate.” 2 Already, warming has triggered large-scale insect disturbances and an increase in fires that have led to dieback of North American boreal forests, potentially turning some regions from a carbon sink to a carbon source9. Permafrost across the Arctic is beginning to irreversibly thaw and release carbon dioxide and methane — a greenhouse gas that is around 30 times more potent than CO2(...). https://www.nature.com/articles/d41586-019-03595-0#ref-CR9 19 A esse respeito, conforme Smedley (2019, np, tradução nossa), “O concreto é responsável por 4 - 8% das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2).”3, ao passo que “conforme as árvores crescem, elas absorvem CO2 da atmosfera. Via de regra, um metro cúbico de madeira contém cerca de uma tonelada de CO2 (mais ou menos, dependendoda espécie de árvore)”4. O autor ainda chama atenção para a contribuição da madeira, na construção. Um recente relatório consultivo para o governo do Reino Unido sobre os usos de “Biomassa em uma economia de baixo carbono” descobriu que, “os maiores níveis de redução [de gases de efeito estufa] da biomassa ocorrem atualmente quando a madeira é usada como material de construção(...)” (SMEDLEY, 2019, np, tradução nossa).5 Portanto, além de reter mais desse gás que liberá-lo, na atmosfera, durante sua fabricação, a madeira evita maiores lançamentos dele, ao substituir o concreto. Por sua vez, Elbein (2020, np, tradução nossa) afirma que “a fabricação de aço, que responde por cerca de 5% de todas as emissões, libera quase o dobro de seu peso em CO2”6. Ao contrário, “(...) a madeira em massa, em teoria, poderia armazenar esse carbono a longo prazo nas paredes dos edifícios”7. Logo, se constituindo numa melhor opção. Deste modo, a partir de Smedley e Elbein, é possível perceber que o concreto e o aço contribuem negativamente para o planeta, ao emitir dióxido de carbono, intensificando o efeito estufa, ao passo que a madeira colabora positivamente, por armazenar esse gás, durante sua vida útil. Assim, lembrando que concreto e aço são dois dos principais componentes da alvenaria utilizada no Brasil e no município de Natal, percebe-se que a contribuição da construção civil do país não é boa. Portanto, substituir o concreto e o aço pela madeira nas construções arquitetônicas seria melhor para a o planeta e para a humanidade e mostraria ao mundo que o Brasil faz sua parte. Para que isso possa acontecer, é preciso estudar os sistemas construtivos em 3 Concrete is responsible for 4-8% of the world’s carbon dioxide (CO2) emissions. 4 (...) as trees grow, they absorb CO2 from the atmosphere. As a rule of thumb, a cubic metre of wood contains around a tonne of CO2 (more or less, depending on the species of tree). 5 A recent advisory report to the UK government on the uses of “Biomass in a low-carbon economy” found that, “the greatest levels of [greenhouse gas] abatement from biomass currently occur when wood is used as a construction material(…) 6 The manufacture of steel, which accounts for around 5 percent of all emissions, releases nearly twice its weight in CO2. 7 (...)mass timber, in theory, could store that carbon long-term in the walls of buildings. https://www.chathamhouse.org/sites/default/files/publications/2018-06-13-making-concrete-change-cement-lehne-preston-final.pdf https://www.chathamhouse.org/sites/default/files/publications/2018-06-13-making-concrete-change-cement-lehne-preston-final.pdf https://www.technologyreview.com/s/611961/this-mit-spinout-could-finally-clean-up-steel-one-of-the-globes-biggest-climate-polluters/ https://www.worldsteel.org/publications/position-papers/steel-s-contribution-to-a-low-carbon-future.html https://www.worldsteel.org/publications/position-papers/steel-s-contribution-to-a-low-carbon-future.html 20 madeira e como adequá-lo à realidade local. Então, este trabalho tem sua importância teórica estabelecida em contribuir com a literatura nacional sobre um assunto, que atualmente encontra-se em fase de desenvolvimento no país. DE ORDEM PRÁTICA Segundo Waugh (2019, apud SMEDLEY, 2019, np, tradução nossa), “Como uma construção de madeira pesa 20% de uma construção de concreto, a carga gravitacional é amplamente reduzida”8 A vantagem disso, segundo ele, é que “(...) precisamos de fundações mínimas, não precisamos de grandes quantidades de concreto no solo.”9 Logo, além da retenção de CO2, a madeira reduz o uso de concreto e aço na fundação. Por sua vez, Klein (2020, apud ELBEIN, 2020, np, tradução nossa) afirma que “(...) a madeira é simplesmente um material melhor e mais plástico para os programas de design que ele usa para simular layouts de construção com base nas necessidades de seus clientes(...)”10, bem como: A madeira maciça, diz ele, é muito mais fácil de personalizar e pré- fabricar do que concreto ou aço: ela permite que os projetistas enviem planos diretamente para a fábrica para serem construídos de acordo com as especificações em uma prática que ele chama de “arquivo para a fábrica”. Isso se traduz em construção mais rápida, menores custos de mão de obra e menos interrupções para as cidades existentes.11 Além disso, conforme Molina e Junior (2010), a madeira é o único material de construção renovável, que demanda baixo consumo energético para produção e possui excelente desempenho térmico (absorve 40 vezes menos calor que a alvenaria de tijolos) e acústico. Isso tudo é importante para preservar o meio, reduzir custos e promover conforto ambiental. Deste modo, através de Waugh, Klein, Molina e Junior, percebe-se que a construção em madeira é mais leve, plástica, prática, econômica energeticamente e 8 Because a timber building weighs 20% of a concrete building, the gravitational load is vastly reduced. 9 We need minimal foundations, we don’t need massive amounts of concrete in the ground. 10 (...) wood is simply a better, more plastic material for the design programs he uses to simulate building layouts based on his customers’ needs. 11 Mass timber, he says, is much easier to customize and prefabricate than concrete or steel: it allows designers to send plans directly to the factory to be built to spec in a practice he calls “file to factory.” That translates to faster construction, lower costs for labor, and less disruption for existing cities. 21 mais eficiente térmica e acusticamente que as construções em concreto e aço. Logo, permite menor compressão do solo e diminuição da necessidade de produzir concreto para as fundações, inovação em design e celeridade das obras, ao facilitar produção, transporte e montagem, bem como economia e conforto ambiental. Isso ajudaria a arquitetura potiguar a contribuir com as ações globais para preservação e recuperação do ambiente. Apesar disso, segundo Molinha e Junior (2010), há mais de meio século, existem restrições legais relacionadas ao risco de incêndio para construções de madeira, no Estado de São Paulo. Isso ocorre por uma preocupação dos órgãos normativos em garantir que a edificação permaneça resistente por tempo suficiente para garantir a total evacuação das pessoas. Portanto, a principal preocupação, neste caso, é a de preservar a integridade física do ser humano. Entretanto, ainda conforme Molinha e Junior (2010), é preciso lembrar que não existiam recursos como materiais retardantes, pinturas intumescentes e aditivos antichama, meio século atrás. Entretanto, Pinto (2001, apud MOLINHA e JUNIOR, 2010) afirma que as estruturas de madeira expostas ao fogo, carbonizam por fora, deixando o interior preservado. Então, comparada ao concreto e ao aço, a estrutura de madeira apresenta um excelente comportamento em incêndios. Desta maneira, percebe-se que a principal preocupação relacionada às construções em madeira hoje não se justifica mais. Pois, desde que esteja bem calculada, tal qual a alvenaria, a estrutura de madeira atenderá ao tempo exigido para fuga dos moradores, durante um sinistro. Dessa forma, Natal e o restante do Brasil poderiam se valer desse sistema construtivo. Portanto, esta pesquisa tem sua importância prática em seu potencial de compilar informações transformadoras para a Arquitetura e a Engenharia, ajudando a embasar projetos e construções com madeira. Isso é essencial para viabilizar um mundo com edificações melhores, respeitando a história local, mas agregando tecnologia e adaptando a um novo contexto. Portanto, a madeira é um recurso natural renovável, que atende à diferentes necessidades construtivas e, acima de tudo, com alta capacidade de retenção de gases do efeito estufa. 22 MÉTODOS E TÉCNICAS A pretensão foi projetar um edifício com estrutura de madeira, no bairro de Capim Macio, em Natal,almejando a verticalização. Para tanto, foi feito um levantamento bibliográfico e um documental, para garantir a exequibilidade do projeto. Bem como, formou-se um referencial projetual indireto, com exemplos reais, mas não presentes em Natal. Em vista disso, esta foi uma pesquisa básica, pois apesar do conhecimento científico encontrado poder ser utilizado na prática, a intenção foi agrupar conhecimento científico que pudesse ajudar em outras pesquisas e projetos. Deste modo, o primeiro capítulo explica a escolha do sistema estrutural em madeira. Apresentando sua definição, história, vantagens e desvantagens, comparação com outros sistemas construtivos, tratamentos da madeira contra radiação solar direta, umidade e pragas, além de estratégias contra incêndio. Logo, o levantamento bibliográfico e documental, permitiu aprender sobre o sistema construtivo e analisá-lo, para propor soluções projetuais. Em seguida, o segundo capítulo corresponde ao referencial projetual, apresentando e analisando projetos arquitetônicos com estrutura similar ao pretendido, mas ausentes em Natal. Essa foi uma tentativa de conhecer dificuldades e vantagens, a fim de definir quais aspectos deveriam ou não ser replicados. Assim, utilizando artigos, trabalhos, livros, desenhos técnicos ou sites especializados, foi feito um levantamento bibliográfico e documental e empregado o método dedutivo, a fim de extrair conclusões para o caso estudado. Adiante, o terceiro capítulo entra na fase de pré-projeto, apresentando a área de intervenção. Para tanto, foram feitas visualizações no Google Earth, capturando características como localização, dimensões, orientação, topografia, vegetação, entorno, caminho aparente do sol e ventilação dominante. Vale ressaltar que, devido à pandemia mundial do Covid-19 e à necessidade de isolamento social, não foram realizadas visitas presenciais. Desta forma, conheceu-se as potencialidades e deficiências do local. Em seguida, ainda a nível de pré-projeto, o quarto capítulo trata das condicionantes projetuais. Foram analisadas condicionantes de conforto e legais (NBR 9050, Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do RN; Plano Diretor 23 de Natal e Código de Obras de Natal). Portanto, através de levantamento bibliográfico e documental e utilizando instrumentos como a carta solar de Natal, intentou-se averiguar se uma construção de madeira promoveria a mesma qualidade de vida que uma construção em alvenaria e delimitar as potencialidades construtivas do lote. Desta maneira, a pesquisa é exploratória. Isso porque analisou materiais de pesquisa já produzidos – trabalhos acadêmicos, documentos, normas e leis - extraindo deles conclusões para cada capítulo. Bem como contou com visitas virtuais ao terreno, através do Google Earth, para coleta de dados específicos e não escritos do terreno em estudo, mas que foram essenciais para projetar. Portanto, não foi uma mera descrição de trabalhos já existentes. Ao mesmo tempo, sobre o método de abordagem, a pesquisa é qualitativa. Pois foi necessária uma interpretação dos textos, imagens ou números coletados, para aplicar conhecimentos de diferentes autores ao contexto de Natal, a fim de projetar uma edificação vertical de madeira que apresentasse adequação ao local e conforto ambiental. Assim, foi feita uma análise valorativa dos dados pela pesquisadora. Por fim, uma vez definidas a base teórica e de projeto, foi iniciado o processo projetual, para ser apresentado o Estudo preliminar, na Pré-banca, e o Anteprojeto, na Banca Final. Essa evolução está descrita no quinto capítulo e foi ilustrada com o auxílio de croquis e softwares, como Autocad, SketchUp, Photoshop, entre outros. Por fim foi desenvolvido um memorial descritivo. Esse processo foi organizado da seguinte forma: • ESTUDO PRELIMINAR o Definição de conceito e de um partido arquitetônico; o Definição do programa de necessidades; o Pré-dimensionamento; o Zoneamento; o Tratamento dos espaços abertos e fluxos (caminhos de pedestres, de bicicletas, áreas verdes, estacionamentos etc.); o Planta de situação (estudo inicial); o Plantas, cortes e fachadas (estudo inicial); o Proposta de aproveitamento da topografia existente (cortes esquemáticos); o Estudo volumétrico e de fachadas; 24 • ANTEPROJETO o Planta de situação; o Planta de locação e coberta; o Plantas baixas; o Cortes; o Fachadas; o Proposta de aproveitamento da topografia existente (cortes esquemáticos); o Detalhes; o Perspectivas/ imagens (internas e externas); o Memorial descritivo e justificativo; 25 QUADRO RESUMO TEMA Habitação multifamiliar verticalizada de madeira. QUESTÃO DE PESQUISA De que forma o sistema construtivo CLT, aplicado a habitações multifamiliares de classe média, em Natal/RN, contribui para a verticalização com madeira? OBJETO DE ESTUDO Compreensão do sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT) para verticalização de habitação multifamiliar. OBJETIVO GERAL OBJETIVO ESPECÍFICO PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS TÉCNICAS FONTES Desenvolver o anteprojeto de uma habitação multifamiliar com o sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT), de forma a demonstrar como pode ser verticalizada. Caracterizar o sistema construtivo Madeira Laminada Cruzada (CLT) em edificação verticalizada; -Levantamento bibliográfico e documental; Análise qualitativa dos dados; Trabalhos acadêmicos, artigos, revistas, livros especializados, normas, leis e desenhos técnicos. Eleger estratégias de conforto ambiental adequadas ao sistema construtivo e ao clima local; -Levantamento bibliográfico e documental; -Utilização de carta solar e softwares; -Levantamento de ruídos com decibelímetro; Análise qualitativa dos dados; Trabalhos acadêmicos, artigos, revistas, livros especializados, normas, leis e desenhos técnicos. Explicar estratégias de segurança contra incêndio; -Levantamento bibliográfico e documental; Análise qualitativa dos dados; -Trabalhos acadêmicos, artigos, revistas, livros especializados, normas, leis e desenhos técnicos; -Google Earth; 26 PARTE I: REFERENCIAL TEÓRICO E PROJETUAL 1. REFERENCIAL TEÓRICO: SISTEMA CONSTRUTIVO DE MADEIRA Neste capítulo pretende-se conhecer o sistema estrutural que será utilizado no anteprojeto final, apresentando sua definição, história, vantagens e desvantagens, breve comparação com outros sistemas, tratamentos da madeira contra radiação solar direta, umidade e pragas, além de estratégias contra incêndio. 1.1. ESTRUTURA EM CLT 1.1.1. Definição e Breve Histórico • Definição O primeiro passo para projetar com CLT é entender do que se trata esse material, como e quando ele surgiu e por que ele vem sendo considerado um substituto em potencial para o concreto armado. CLT é a abreviação do termo em inglês Cross Laminated Timber, e em português seria Madeira Laminada Colada Cruzada (MLCC), para o painel formado por lamelas de madeiras coladas em camadas transversais defasadas 90º entre si, com números de camadas variando de 3 a 9, sempre em números ímpares, de modo a obter espessuras de dimensões estruturais, variando de 57 a 500 mm. As dimensões de largura e comprimento do MLCC são variáveis, mas geralmente são usadas larguras de 3m com comprimentos que podem atingir até 24m. Tais dimensões proporcionam o uso do MLCC como componente principal de construções como paredes e pisos, sendo que a largura da placa equivale ao pé direito de um prédio. Outros autores da bibliografia classificam o MLCC como um painel de madeira serrada multi camadas, onde cada uma é colada transversalmente à camada adjacente para aumentar a rigidez e estabilidade em número ímpar de camadas, simétrica em torno da camada intermediária. (CRESPELL e GAGNON, 2010, apud PEREIRA, 2014). De acordo com CALDERÓN(2017, apud FRANCO, 2020), a orientação transversal entre as camadas faz com que os graus de contração e dilatação da madeira ao nível dos painéis sejam reduzidos a um mínimo irrelevante, enquanto a carga estática e a estabilidade da forma sejam consideravelmente melhoradas. Estes painéis de grande dimensão executam paredes, pisos e coberturas acumulando funções estruturais, compartimentação e 27 revestimento, sendo entregues em obra nas dimensões finais de projeto e prontos para a respetiva montagem, num processo de total pré-fabricação. Todas as aberturas para portas, janelas e outros vãos são executadas em fábrica com tecnologia de corte CNC, deixando para a obra somente as pequenas furações e roços para redes de infraestruturas técnicas. A dimensão máxima dos painéis está geralmente limitada aos meios de transporte, com um comprimento máximo de 13,5m e uma largura máxima de 2,95m. A espessura depende da especificação de projeto (estabilidade, resistência ao fogo, isolamento térmico e acústico), iniciando-se nos 57mm (3 estratos) e alcançando geralmente os 250mm (8 estratos). Na produção dos painéis são usadas tipicamente espécies resinosas, sendo as mais comuns o abeto, espruce ou pinho. (JORGE, 2013). Segundo Pereira (2014), o sistema construtivo que se baseia na utilização dos painéis de MLCC utiliza parafusos auto atarraxantes, desenvolvidos para este tipo de aplicação, para fazer as conexões entre estes elementos, facilitando e reduzindo o tempo de montagem. Conforme Amorim, Mantilla e Carrasco (2017), a CLT trabalha como um elemento rígido e autoportante, variando o número de lâminas de acordo com a função a desempenhar, sendo estrutural ou utilizado para a vedação da edificação. Por fim, Calderon (2017) diz que construir com CLT significa entender que não basta pensar nos painéis de madeira, mas também nas ferragens que a conectam. Isso porque sozinhas as chapas de madeira não se sustentam, só se mantêm unidas e resistentes devido às ligações. Através de Souza (2018), tem-se que “trata-se de um material sustentável, pois é composto de um recurso renovável, a madeira (geralmente de reflorestamento) e não requer a queima de combustíveis fósseis durante sua produção”. Conforme Souza (2018), Silvio Lagranha Machado, sócio do MAPA12, aponta que a estrutura já pode ser o acabamento da obra, ou seja, a própria parede que recebe os esforços estruturais da cobertura, pode permanecer exposta. Ainda assim, há a possibilidade de revesti-la. Geralmente, as superfícies recebem apenas a aplicação de um impermeabilizante transparente, tornando evidentes os desenhos naturais das fibras da madeira. 12 Escritório de arquitetura com sede no Uruguai https://www.archdaily.com.br/br/office/mapa 28 De acordo com todas as definições acima, ocorre um consenso de que a CLT são painéis de madeira, formados por tábuas ou lamelas coladas entre si ortogonalmente. Esse simples cruzamento de direções garante propriedades estruturais de resistência em direções diferentes, que possibilitam a verticalização, de forma semelhante ao concreto armado, devido à resistência alcançada. A possibilidade de formação de superfícies, permite a aplicação como lajes e paredes, como estrutura ou como vedação, variando de espessura conforme necessário. Porém, por tratar-se de madeira, existem vantagens como a industrialização, e a consequente agilidade da obra, a sustentabilidade, a possibilidade de revestir ou deixar aparente. Portanto, a CLT apresenta-se como um elemento promissor, no contexto atual. • Breve Histórico Segundo Pereira (2014), antes de surgir a CLT, ocorreu um processo de união de peças de madeira através da colagem. Essa tecnologia já existe há mais de meio século, originando-se na região central da Europa, na Suíça e na Alemanha, onde já não existiam árvores com grandes diâmetros para a confecção de peças de madeira de grande porte. Por isso a solução, no final do século XIX, foi a junção de peças menores, como tábuas, empilhadas com as fibras numa única direção. Inicialmente a união era feita através de ligação metálica, mas no início do século XX, foram substituídas por cola, a princípio feita à base de caseína, proteína encontrada no leite. Porém, após a segunda guerra mundial, o desenvolvimento de adesivos produzidos por componentes químicos sintetizados em laboratório teve um desenvolvimento acentuado, fazendo a produção de madeira laminada colada (Glulam) ter um aumento expressivo. Como muitas novas tecnologias, o desenvolvimento da CLT ocorreu em várias décadas. O conceito foi primeiro empregado nos sistemas de cobertura alemães, durante meados dos anos 70, patenteado como painéis de construção para uso geral na França durante meados dos anos 80 e produzidos comercialmente pela primeira vez em meados dos anos 90. Os primeiros edifícios construídos com CLT apareceram na Suíça (1993), Alemanha (1995) e Áustria (1998); nesta última, foi o primeiro projeto de CLT com vários andares. (DOVETAIL PARTNERS, 2016)13 13 A MLCC foi desenvolvida no final da década de 80 e início da década de 90 na Áustria e na Alemanha, para uso residencial. Durante a década de 90 um esforço conjunto entre a universidade e a indústria 29 Unindo as informações dos autores sobre o início do uso da CLT, percebe-se que ocorreu um processo de surgimento e não uma data exata. Isso porque as primeiras utilizações, na década de 70, foram em telhado, seguida de utilização em outras partes da edificação de uso residencial, nas décadas de 1980 e 1990. Em seguida, ocorreu a necessidade de melhoria da tecnologia junto a pesquisadores e universidades, o que levou a uma produção comercial com padronização e rapidez. Por fim, houve uma etapa de aceitação e posterior disseminação pelo mundo, devido à percepção das vantagens da CLT. Essa aceitação mencionada por Pereira fica evidente na fala de Franco (2020) “Atualmente, os painéis da CLT permitem a construção de edifícios com até 30 andares no Canadá e até 40 andares na Finlândia”. Pois evidencia não apenas a capacidade estrutural de uma verticalização além dos limites de muitos lugares, como da própria Natal-RN, mas também que a tecnologia continua ganhando espaço, após trinta anos de seu surgimento. Segundo Jorge (2013), no final da década de 90, começou a produção industrializada destes painéis, na Áustria, Alemanha e Suíça, ocorrendo desde então inúmeros projetos de edifícios (habitação, industrial, desportivo, comércio ou hoteleiro), executados neste sistema construtivo. Em seguida, após alguns anos de desenvolvimento na Europa, esta tecnologia começou há pouco tempo a ser também utilizada nos EUA, Japão e Austrália. 1.1.2. Vantagens x Desvantagens • Vantagens Conforme Calderón (2017, apud FRANCO, 2020), embora a fase de projeto possa demorar um pouco mais que o convencional, a montagem em CLT consegue surpreender. Pois uma casa de 200 m², por exemplo, pode ser levantada em 5 dias com a força de trabalho de apenas 4 pessoas qualificadas. desenvolveu um MLCC de melhor qualidade e métodos de produção mais padronizados e rápidos. No início do século XXI, houve um aumento expressivo nas vendas e produção, pois o mercado começou a aceitar o MLCC como um material capaz de substituir o concreto e o aço sem prejudicar as características do prédio e com vantagens como a grande resistência a abalos sísmicos, leveza, facilidade de pré-fabricação, menor quantidade de resíduos na obra e tempo de execução reduzido. (PEREIRA, 2014) 30 Nesse mesmo contexto de agilidade, a Dovetail Partners (2016) afirma que, durante a construção da Stadthaus de Londres, uma estrutura em CLT de 8 andares, o arquiteto Andrew Waugh levou apenas 27 dias, com 4 homens, para erguer a parte de madeira da estrutura. Isso é quase 30% mais rápido, se comparado a uma estrutura de aço e concreto. Por sua vez, Franco(2020) afirma que os painéis de CLT funcionam como peças perfeitas, com alto nível de precisão. Isso ocorre porque tudo é decidido na fábrica, sem possibilidade de fazer ajustes no local. Por causa disso, ele diz que os construtores são, na verdade, montadores, que encaixam peças perfeitas, com margens de erro de 2 milímetros. Ainda mencionando vantagens, Pereira (2014), faz menção à redução de perdas. Isso porque, os sistemas construtivos em CLT são pré-fabricados. Logo isso afeta positivamente o desempenho da construção como um todo. A Dovetail Partners (2016) afirma ainda que governo, arquitetos, engenheiros, indústria e pesquisadores estão apoiando o uso da madeira por razões como desenvolvimento econômico, inovação em design, mitigação das mudanças climáticas e implicações positivas para a saúde da floresta. Especificamente em relação à mudança climática, chamam atenção para a baixa emissão de carbono associada à manufatura de produtos de madeira, e para o armazenamento de carbono, no longo prazo, com esses produtos. Por fim, Jorge (2013, apud AMORIM, MANTILLA e CARRASCO, 2017), lembra a economia no pós-construção, durante o uso da edificação. Ele fala que a baixa condutividade térmica da madeira torna os painéis de CLT isolantes térmicos, proporcionando eficiência energética aos edifícios. Além de possuírem bom isolamento acústico. Diante de tudo que foi exposto, algumas características positivas ficam evidentes sobre o CLT: rapidez da montagem, redução do número de mão de obra, precisão das peças e da montagem, que gera facilidade de montagem e obra limpa, controle do processo e das perdas materiais, desenvolvimento econômico, modernidade, cuidado com o meio ambiente e redução de consumo energético durante o uso da edificação. 31 • Desvantagens Algumas desvantagens estão diretamente ligadas aos pontos positivos anteriores, como por exemplo, a exigência de mão de obra qualificada e a impossibilidade de fazer ajustes no local, devido à exigência de precisão das peças e da montagem. Isso impede, por exemplo, qualquer ajuste em obra, caso ocorra algum erro de manufatura de peças. Logo, é necessário um projeto bem detalhado. Isso fica evidente quando Franco (2020) diz que é essencial desenvolver cuidadosamente todo o processo prévio à construção com CLT. Bem como é fundamental a colaboração permanente entre todos os participantes do processo de construção, pois a obra é resultado de etapas anteriores. Então todas as fases, desenho, planejamento e obra precisam estar em comunicação. Franco (2020) chama atenção ainda para a necessidade de uso de madeira estrutural, ao fabricar a CLT, conhecendo o grau estrutural de cada placa, pois a qualidade do painel vai depender da madeira utilizada. Bem como atenta para a precisão das fundações, pois variações milimétricas no concreto podem ocasionar grandes problemas, durante a instalação. É importante salientar a importância do controle de qualidade durante a fabricação do painel, desde a seleção da madeira que será usada para as lamelas, até a colagem e prensagem, passando pelas classificações visual e mecânica das peças. O controle de qualidade em empresas madeireiras no Brasil ainda é renegado, mas produtos engenheirados estruturais de grande porte como vigas de madeira laminada colada (MLC) e os painéis MLCC devem ter seus parâmetros produtivos controlados para evitar produtos fora da conformidade que venham a colapsar durante seu uso, causando acidentes e colocando vidas humanas em risco. (PEREIRA, 2014) O que se percebe, nas observações de Franco e Pereira, é que as desvantagens são, na verdade, uma dificuldade de adaptação ao que já deveria ser prática comum. Pois o planejamento para evitar erros a serem corrigidos em obra deveria ser o normal, independente do sistema construtivo. Mas como não o é, o que se percebe é uma preocupação em se adaptar a isso, porque, pela primeira vez, os mínimos erros podem causar grandes problemas. 32 1.1.3 Comparação com outros Sistemas • Madeira Laminada Colada x CLT Segundo Franco (2020), a diferença é que, enquanto a madeira laminada é o resultado da união de tábuas ou lâminas, gerando elementos lineares, curvos ou retos, mas sempre lineares; a CLT é a união de tábuas em camadas perpendiculares permitindo a fabricação de planos, placas ou chapas. Portanto, a diferença entre ambas está na orientação das lamelas e, por consequência, no resultado de peças que podem gerar. Lamelas alinhadas num único sentido formam apenas peças lineares, como vigas e pilares. Lamelas unidas de forma ortogonal são capazes de gerar superfícies, como lajes e paredes. • Concreto Armado x CLT Segundo Souza (2018), a união das camadas de madeira em ângulos perpendiculares, proporciona maior rigidez estrutural para o painel em ambas as direções. Dessa forma, o painel apresenta boa resistência para tração e compressão. Acompanhando esse pensamento, Franco (2020) diz que concorda em certa medida que a CLT seja chamada de "o concreto do futuro". Pois ela oferece a mesma resistência estrutural do concreto armado, com a vantagem de possuir alto grau de flexibilidade, precisando sofrer grandes deformações antes de quebrar e desmoronar, ao contrário do concreto. Afirma ainda que “1 m³ de concreto pesa aproximadamente 2,7 toneladas, enquanto 1 m³ de CLT pesa 400 kg, proporcionando a mesma resistência. O mesmo vale para o aço”. Por sua vez, CALDERÓN (2017, apud FRANCO, 2020), menciona superioridade quanto ao isolamento acústico. “Para conseguir o mesmo grau de isolamento que uma parede de CLT de 100 mm de espessura, por exemplo, precisaríamos construir uma parede de concreto com 1,80 m de espessura (relação de 1/18)”. Diante do exposto, percebe-se que a CLT é capaz de apresentar desempenho estrutural equivalente ao concreto, porém com vantagens importantes. Pois alta flexibilidade, dificultando o desmoronamento, pode salvar vidas; o menor peso, pode 33 gerar economia na fundação; e o melhor desempenho acústico pode diminuir gastos no pós-ocupação, bem como garantir melhor desempenho para usos específicos como teatros e casas de show. • Wood Frame x CLT A respeito do Wood Frame, Pereira (2014) afirma ser um sistema construtivo no qual a estrutura interna das paredes e piso são compostos por montantes de madeira espaçados entre si, normalmente 40 cm, formando um quadro que é vedado por um contraplacado de madeira, seja uma chapa de compensado ou de OSB (oriented strand board), em uma das faces deste quadro. Na face que ficará interna, o quadro pode ser fechado com uso de uma chapa cimentícia ou gesso acartonado. Por sua vez, Molina e Júnior (2010) afirmam que o sistema wood frame permite a construção de casas de até cinco pavimentos com total controle dos gastos, desde a fase de projeto, uma vez que o sistema pode ser industrializado. Fato esse que proporciona também uma estrutura leve e de rápida execução, com os sistemas sendo montados por equipes especializadas, em momentos definidos da obra, e de forma independente. Portanto, percebe-se que, enquanto o Wood Frame são retângulos vazados de madeira, cobertos por uma gama diversa de materiais, a CLT são painéis de madeira, formadas pela sobreposição perpendicular de lamelas coladas e prensadas entre si. As vantagens são praticamente as mesmas, como possibilidade de industrialização, planejamento, rapidez de obra, redução da quantidade de mão de obra, porém qualificada, e obra limpa. Sendo a maior diferença o Wood Frame só permitir uma elevação de até cinco andares. 1.2. TRATAMENTO DA MADEIRA Conforme Franco (2010), a umidade e o clima figuram entre as maiores ameaças para a conservação da madeira, principalmente aquela voltada para o exterior. Assim, como a CLT além de ser madeira é um componente estrutural, precisa ser protegida, para evitar seu desgaste, corrosãoe colapso. Isso pode ser feito através de revestimentos, como fibrocimento, tijolos, pedras, dentre outros, ou acabamentos que a protejam, ainda que a deixem aparente. 34 Por sua vez, Calderon (2017, apud FRANCO, 2020) afirma que “óleos vegetais e tintas minerais podem atingir esses objetivos, aplicando-se em uma única aplicação a cada 5 anos, garantindo até 25 anos de proteção sem desprendimento ou descoloração”. Em complemento, Franco (2020) especifica que enquanto os óleos vegetais são recomendados para uso interno, as tintas minerais funcionam melhor ao ar livre, sobretudo nas paredes. Estes produtos, inodoros e de alto desempenho, podem ser aplicados por qualquer pessoa, desde que sejam seguidas as instruções básicas e tomados os cuidados necessários. Portanto, observa-se que a necessidade de cuidados de proteção à madeira, incluindo a CLT, são inquestionáveis. A grande vantagem é que existem maneiras acessíveis de se fazer isso, seja através de revestimentos ou aplicação de óleos e tintas. Logo, a deterioração da madeira seria classificada mais como descuido e falta de manutenção no intervalo de tempo devido. Segundo Molina (2008, apud MOLINA e JÚNIOR, 2010) “a exposição direta da madeira aos fatores ambientais, em razão do uso da madeira sem um tratamento adequado, permite o ataque biológico de insetos e microrganismos, comprometendo a segurança das construções de madeira”. Por sua vez, Molina e Júnior (2010) afirmam que “a madeira de pinus, por ser conífera é mais leve, não apresenta cerne e seu lenho é totalmente permeável ao tratamento preservante, o que não ocorre com a maioria das madeiras nativas brasileiras e com o eucalipto que são folhosas”. Assim, percebe-se que a melhor opção para lidar com os fatores biológicos, como ataque de fungos e cupins, é a utilização da madeira de pinus, tratando-a adequadamente. 1.3. SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO Segundo Molina e Júnior (2010), a principal preocupação dos órgãos normativos com a ocorrência de incêndio, em edificações de madeira, está ligada à necessidade de salvaguardar a vida humana. Por isso, precisam que a construção permaneça resistente por tempo suficiente para a total evacuação das pessoas. Logo, 35 o foco principal está na preservação da vida humana, já que a perda do patrimônio pode ser garantida através de contratos e seguros. Afirmam ainda que essa preocupação com incêndio é a principal restrição em termos legais às construções de madeira, no Estado de São Paulo. Mas foi introduzida na lei há mais de meio século, numa época em que não havia recursos como materiais retardantes, pinturas intumescentes e aditivos antichama. Entretanto, hoje se sabe que a madeira tem a capacidade de carbonizar externamente, protegendo seu cerne e, consequentemente, mantendo a resistência do sistema construtivo. Conforme Calderón (2017, apud FRANCO, 2020), o fogo consome a madeira a uma velocidade de 0,7 a 0,8 milímetros por minuto. Logo, uma parede de CLT de 100 mm, seria consumida depois de mais de 2 horas, mesmo que seja madeira não tratada. Por sua vez, em relatório, a Dovetail Partners (2016) afirma que, ao contrário da madeira, o aço desprotegido reage imediatamente à elevada temperatura em um incêndio, apresentando tanta expansão, que pode deformar paredes de suporte, que leva a uma completa perda de força e ao colapso, sacrificando a integridade estrutural. Porém, segundo Franco (2020), a principal causa da morte de pessoas em um incêndio é a fumaça. Ela é capaz de passar de um ambiente para outro, através de qualquer fenda ou espaço aberto, que resulte do encontro de materiais. Nesse quesito, se corretamente construída, a CLT pode ficar completamente hermética, desde que bem selecionados os elementos que compõem a estrutura final, como ferragens, juntas e outros. Além disso, ele afirma que quanto à resistência de uma construção com a CLT, pode-se atribuir 90% da responsabilidade às ferragens e juntas, e 10% à própria madeira. Portanto, através de Calderón, da Dovetail Partners e de Franco, entende-se que a madeira, apesar do preconceito histórico e das leis restritivas de São Paulo, possui melhor desempenho que o aço. Mesmo assim, ele está contido no concreto armado, que é o sistema construtivo mais praticado no país. Logo, percebe-se, que por ser uma propriedade intrínseca à madeira, a carbonização também ocorrerá na CLT bem dimensionada, evitando colapsos da edificação, pelo completo consumo do fogo. 36 2. REFERENCIAL PROJETUAL A análise de projetos arquitetônicos ocorrerá exclusivamente de forma indireta, através de consulta bibliográfica, uma vez que não existem edificações em CLT em Natal. Deste modo, por meio dos referenciais, pretende-se observar aspectos como: construtivos, funcionais, estético, volumétrico e escolha de materiais, para servirem de inspiração. 2.1. EDIFÍCIO DA LOJA DENGO A primeira referência é o primeiro e mais alto edifício multipisos em CLT do Brasil. Uma loja de 4 pavimentos, localizada na Av. Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, desenvolvida pelo escritório de arquitetura Matheus Farah e Manoel Maia. A área do terreno é de 801,43m² e a área construída é de 1.499,38m². Trata-se de um projeto brasileiro, atualmente já construído, cujas peças foram produzidas em fábrica e apenas montadas no local, em um trabalho de execução rápida, precisa e de pouquíssimo resíduo. Os pontos de destaque para sua escolha foram a estrutura modular e aparente, composta de pilares, vigas e lajes em madeira laminada cruzada, o uso de cores concomitante à madeira evidente, o jogo de volumetria, a leveza e a permeabilidade da fachada, que podem ser percebidos na figura 01. Além das instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado aparentes e a integração dos espaços, possíveis graças à ausência de paredes e à criação de vazios de variados pés-direitos, que podem ser vistos na figura 02. • FICHA TÉCNICA o Projeto: Loja Dengo o Categoria: Comercial o Status: Concluído o Data do projeto: Fase 01 – 2017 / Fase 02 – 2019 o Data da obra: 2020 o Localização: São Paulo – SP o Arquitetura: MFMM Arquitetura o Paisagismo: Soma Arquitetos o Área terreno: 801,43m² o Área construída: 1.499,38m² o Pavimentos em madeira: 4 37 Figura 01: Loja Dengo – cores, madeira, volumetria, leveza e permeabilidade. Fonte: goinggreen.com.br 38 Figura 02: Loja Dengo – instalações aparentes e integração dos espaços. Fonte: goinggreen.com.br 39 2.2. EDIFÍCIO AMATA O edifício de uso misto Amata, figura 03, que ainda está em desenvolvimento, terá 13 andares e ficará localizado no bairro paulistano Vila Madalena. O projeto é do escritório Triptyque, seu terreno possui 1.025m² e o espaço para uso será de 4.700m². O prédio terá espaços de coworking, coliving e restaurantes e exibe ainda uma vegetação natural que traz ao edifício o conceito de floresta urbana. Os pontos de destaque para sua escolha foram: o fato de a edificação ser escalonada, respeitando à topografia acidentada do bairro, criando um passeio arquitetônico em planta e em altura e a utilização de diferentes materiais estruturais, como concreto e aço, mas, principalmente, madeira engenheirada, compondo um edifício híbrido, com 13 pavimentos, conforme se verifica na figura 04. • FICHA TÉCNICA o Projeto: Edifício AMATA o Categoria: Comercial o Data do projeto: 2017 o Status: Projeto em desenvolvimento o Localização: São Paulo – SP o Arquitetura: Triptyque o Área Total (m²): 4.700 m² o Pavimentos em madeira: 12 o Volume de madeira (m³): 733 m³ o CO2 Armazenado (ton): 650 ton Figura 03: Edifício de uso misto Amata Fonte: www.archdaily.com 40 Figura 04: Amata - escalonado, respeito à topografia Fonte: www.archdaily.com 41 PARTE II: PRÉ-PROJETO3. ÁREA DE INTERVENÇÃO A área de intervenção escolhida para implantação de um edifício verticalizado em madeira será na cidade de Natal no estado do Rio Grande do Norte, no bairro de Capim Macio, em um terreno situado no cruzamento entre a Rua Francisco Pignataro e a Rua Industrial João Motta, conforme se apresenta na figura 05. A área foi escolhida por ofertar serviços essenciais ao cotidiano de pessoas adultas, crianças e idosas, para que pudessem permanecer na mesma residência por toda uma vida, se assim o desejassem. Logo, optou-se por um lote que já possui boa oferta de comércios e serviços, como supermercados, farmácias, presença de universidades, possibilidades de trabalho, escolas e clínicas geriátricas. Figura 05: Localização da Área de Intervenção Fonte: SEMURB 2011, GOOGLE MAPS 2021, modificado pela autora. Como pode ser visto na figura 06, trata-se de um lote retangular com dimensões aproximadas de 40mx50m, totalizando uma área de 1.886,80m². Sua testada localizada na Rua Industrial João Motta está rotacionada 51º para o noroeste em relação ao Norte. Além disso, chamam atenção as curvas de nível posicionadas diagonalmente em relação às faces do terreno, compondo um acentuado declive. 42 Figura 06: Dimensões do Terreno Fonte: CAERN 2005, modificado pela autora. A malha urbana do entorno, apresentada na figura 07, apresenta um traçado ortogonal, característica comum de um crescimento urbano planejado e mais atual. Notam-se também, no entorno imediato, vias arteriais, como a Avenida Ayrton Senna e a Avenida Engenheiro Roberto Freire, além de vias coletoras, como Rua Américo Soares Wanderley, Rua Walter Fernandes, Rua Desembargador José Gomes da Costa e Rua Walter Duarte Pereira. A massa vegetal, por sua vez, é espaçada, estando presente dentro dos lotes do entorno. Porém destaca-se a presença do Parque das Dunas à nordeste. 43 Figura 07: Entorno do Terreno 01 Fonte: Google Maps 2021, modificado pela autora. Conforme as figuras 08, 09 e 10, percebe-se ainda o atual estado do lote, sem uso e ocupado por vegetação. Rodeado por edificações de uso residencial e limitado por via asfaltada, na Rua Industrial João Motta, e por piso intertravado na Rua Francisco Pignataro. Figura 08: Entorno do Terreno 02 Fonte: Google Maps 2021 44 Figura 09: Entorno do Terreno 03 Fonte: Google Maps 2021 Figura 10: Entorno do Terreno 04 Fonte: Google Maps 2021 4. CONDICIONANTES PROJETUAIS 4.1 CONDICIONANTES DE CONFORTO Quanto às características ambientais, que influenciam diretamente no processo projetual, pode-se perceber através das figuras 11 e 12, as posições de Sol nascente e poente, bem como a direção de incidência dos ventos predominantes, que são oriundos de sudeste. Essas informações são imprescindíveis para a escolha do posicionamento dos ambientes, suas aberturas e proteções. Pois a intenção é priorizar o aproveitamento dos ventos predominantes nas áreas de longa permanência, como quartos e sala. Deixando as áreas de curta permanência e que necessitam de Sol, para dissipar a umidade, como lavanderia e cozinha, voltadas para oeste. Percebe-se, sobretudo na figura 11, através da utilização da carta solar de Natal/RN, que as faces do lote que mais recebem carga térmica solar são aquelas que têm limite com os lotes vizinhos, a nordeste e sudoeste. Enquanto as testadas do terreno fornecem maior conforto térmico, a nordeste e sudeste. 45 Figura 11: Insolação Incidente no Terreno Fonte: andrewmarsh.com /software 2021, modificado pela autora. Figura 12: Condicionantes Ambientais Fonte: feito pela autora, 2021. 46 4.2. CONDICIONANTES LEGAIS Nesta etapa destacam-se as exigências das legislações que podem interferir diretamente do desenvolvimento do anteprojeto. Como o Plano Diretor de Natal (Lei Complementar Nº082 de 21 de junho de 2007), o Código de Obras de Edificações do Município de Natal (Lei Complementar Nº 055 de 27 de janeiro de 2004), as Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar do RN e a ABNT NBR-9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos (2020). Conforme o Mapa 01, de Macrozoneamento, do anexo II, do Plano Diretor de Natal, o bairro de Capim Macio está na Zona de adensamento básico, por isso seu coeficiente de aproveitamento é igual a 1,20. Figura 13: Macrozoneamento Fonte: SEMURB, 2007. 47 Outras prescrições urbanísticas relevantes para projeto também são encontradas no Plano Diretor de Natal. São elas: Taxa de Ocupação: • “Art. 30 - II - acima do 2º pavimento, a taxa de ocupação será em função da área resultante da aplicação dos recuos previstos no Quadro 3 do Anexo I desta Lei.” Área permeável: • “Art. 6º - VIII - área permeável - área do lote onde é possível infiltrar no solo as águas pluviais, limitada em, no mínimo, 20% (vinte por cento) do terreno.” Recuos: • “Art. 6º - XXXVI - (...)recuo frontal quando se referir aos limites com logradouros ou vias públicas e recuos de fundos e laterais, quando se referir às divisas com outros lotes.” Logo, serão dois os recuos frontais e farão divisa com a Rua Industrial João Motta e a Rua Francisco Pignataro. Vale ressaltar também que, no Anexo I, Quadro 3, intitulado de Recuos, no Plano Diretor de Natal, encontram-se as seguintes fórmulas para os recuos: frontal=3,00 + H/10 e de fundos = 1,50 + H/10; Gabarito: • “Art. 29 - §2º - O gabarito máximo de altura permitido para toda a cidade será de 65m (sessenta e cinco metros), exceto para as zonas adensáveis onde poderá ser permitido até 90m (noventa metros).” Para facilitar a demonstração dos cálculos, segue um quadro, resumindo os dados mais importantes: 48 Quadro 01: Dados do Lote e Prescrições Urbanísticas Índice Valor Área do lote 1.886,80m² Coeficiente de Aproveitamento de Capim Macio 1,2 Taxa de Ocupação o que sobrar dos recuos (acima do 2º pavimento) Área permeável ≥ 20% Gabarito máximo 65m (Zona não adensável) Recuos Frontal = 3,00 + H/10 Fundos = 1,50 + H/10 Fonte: Elaborado pela autora, 2021. 4.2.1. Cálculos O Código de Obras de Natal considera que o pé direito mínimo da residência varia de 2,40m a 2,50m, conforme o cômodo. Considerando a laje com 0,16m, um pé esquerdo de 2,80m atende essa exigência com folga de 0,14m a 0,24m. • Potencial Construtivo = Área do lote x Coeficiente de Aproveitamento = 1.886,80m² x 1,2 = 2.264,16m²; • Gabarito = 4 pavimentos x 2,80m = 11,20m + 0,16 (piso do 1º pavimento) = 11,36m + 3,95m (caixa d’ádua) • Recuos o H: altura entre o piso do segundo e do último pavimento = 2,80m x 2 = 5,60m o Frontais: 3,00 + H/10 = 3,00 + 5,60 / 10 = 3,56m o Fundos = 1,50 + H/10 = 1,50 + 5,60 / 10 = 2,06m o A área total de recuos foi calculada no AutoCad = 459.74 m² • Taxa de Ocupação Máxima Possível Excluindo-se a área correspondente aos recuos e dividindo-se o restante pela área total do lote, encontra-se a Taxa de Ocupação máxima possível. Taxa de Ocupação = 1.886,80m² – 459.74 m² = 1.427,06m²/1.886,80m² = 0,76 49 • Taxa de Permeabilidade Supondo que toda a taxa de ocupação máxima fosse utilizada, excluindo-se apenas os recuos, restaria a menor área permeável possível, que seria de 24%. Ainda nessas condições extremas, seria atendido o mínimo de 20%, estabelecido no Plano Diretor. o Área do Lote = 1.886,80m² o Área de ocupação disponível = 1.427,06m² o Taxa de Permeabilidade mínima = 1.886,80m² - 1.427,06m² = 459,74m²/1886,80m = 24% Quadro 02: Cálculos Índice Valor Potencial Construtivo = Área do lote x Coeficiente de Aproveitamento 1.886,80m² x 1,2 = 2.264,16m² Pé esquerdo adotado 2,80m Número de pavimentos utilizados 4 Gabarito da Edificação 4 x 2,80m = 11,20m + 0,16 (piso do 1º pavimento) = 11,36m + 3,10m (caixa d’água) = 14,46m Recuos Frontais: 3,00
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