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Controle e Prevenção de Enfermidades em Ovinos

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Controle e prevenção
os métodos de controle têm sido pouco eficazes, essas enfermidades ainda são um grave problema para os criadores de ovinos e pouco tem sido feito para saná-las. Mesmo o Footrot, que é uma doença de notificação obrigatória no Brasil (Brasil 2013) praticamente não existem registros oficiais sobre sua situação nos rebanhos do país. Para que seja possível obter dados mais seguros sobre sua ocorrência e disseminação nos rebanhos se faz necessário diagnóstico correto e, para tal, a caracterização macroscópica de suas lesões é imprescindível.
O principal tratamento relatado pelos proprietários foi o casqueamento dos dígitos com crescimento exacerbado da muralha, com o intuito de evitar o acúmulo de matéria orgânica e favorecer a regressão das lesões. O casqueamento deve ser realizado com cautela, principalmente nos cascos sem lesões, com retirada apenas do excesso do tecido córneo, com diminuição do sangramento e exposição de tecidos sensíveis, uma vez que a ceratina dura da muralha protege essas estruturas e facilita a pisadura em superfícies mais duras e irregulares, bem como dificulta a transmissão de patógenos pelo contado próximo com material contaminado (Nicoletti 2004, Winter 2004, 2008, Smith et al. 2014). Provavelmente, um dos fatores que favoreceram a ocorrência dessas lesões nos rebanhos de ovinos da região tenha sido o casqueamento agressivo e demasiado nos cascos sem alterações prévias, e a falha no tratamento e manejo com ovinos que apresentaram diferentes tipos de lesões nos cascos. Muitos desses ovinos eram mantidos em campos com solo pedregoso o que pode levar a uma maior frequência de traumas.
Conforme observado nas propriedades investigadas, o grau de lesão mais frequente foi o grau III, seguido pelo grau II, o que auxilia demonstrar que há uma forte tendência por parte dos proprietários manterem esses animais com maior comprometimento dos cascos na propriedade sob tratamento, o que traz mais prejuízos e, em se tratando de lesões infecciosas, facilita a infecção de outros animais (Winter 2008, Smith et al. 2014). Percebe-se ainda que esse predomínio dos graus II e III pode estar diretamente ligado a constante progressão dos casos mais leves para casos mais graves das lesões.
Conforme observado no estudo, a maioria das propriedades não apresentavam métodos preventivos para as dermatites podais. Atualmente, sabe-se que os principais meios de controle e prevenção para Footrot correspondem a práticas de casqueamento, pedilúvios, eliminação de casos crônicos, inspeção periódica dos animais introduzidos no rebanho, uso de piquetes livres de D. nodosus (14 dias sem trânsito animal), bem como antibioticoterapia, quando indicado, e através de programas e estratégias de vacinação (Rodrigues 2010, Dhungyel et al. 2014). Entretanto, é fundamental a divulgação de informações acerca da caracterização das lesões podais para que medidas profiláticas e de tratamento sejam as mais adequadas.
Vários padrões de lesão foram observados nos ovinos desse estudo, prevalecendo lesões características de Footrot em diferentes graus de severidade e suas complicações, como o abscesso de pé observado em um dos ovinos avaliados (Bendigo 2007, Ribeiro 2007, Winter 2008). Estudos anteriores demonstram que Footrot, (atribuído à infecção por D. nodosus em associação com F. necrophorum) é a principal enfermidade podal infecciosa que acomete rebanhos de pequenos ruminantes no Brasil (Rodrigues et al. 2001, Cavalcanti et al. 2004, Ribeiro 2007, Aguiar et al. 2011, Gargano et al. 2013). No entanto, enfermidades podais como dermatite interdigital causada por F. necrophorum (Winter 2008), dermatite digital contagiosa (COOD) causada por espécies de Treponema (Moore et al. 2005, Angell et al. 2015) são consideradas como diagnósticos diferenciais, embora, um trabalho recente aponte esses agentes como causadores de uma única doença podal (Footrot) (Frosth et al. 2015). Portanto, consideramos necessária uma padronização morfológica das lesões mais simplificada e o estabelecimento de um conceito mais preciso de Footrot.
Tratamento e controle.
O conhecimento da epidemiologia do FR proporcionou a base para seu controle e
erradicação. O esquema é baseado em três pontos6:
_ O agente não permanece viável no meio ambiente, fora do casco ovino, por
mais que uma semana;
_ O agente é um parasita restrito;
_ A remoção de todos os casos clínicos do rebanho levará à erradicação.
O método consiste na remoção, durante períodos secos do ano, de todos os
ovinos que mostrarem sinais clínicos da doença em seus cascos.
Realiza-se um exame minucioso com apara de cascos de todos os ovinos do
rebanho. Após esse exame o rebanho ficará dividido em grupo infectado e grupo
sadio.
O grupo sadio deverá passar por um pedilúvio contendo substância bactericida e retornar a uma pastagem que ficou livre de ovinos por pelo menos 14 dias.
O grupo infectado deverá permanecer em quarentena e ser submetido a quatro
passagens no pedilúvio, com intervalos de uma semana. Nenhum ovino desse
grupo deverá ser liberado antes que todos os ovinos do grupo estejam livres da
infecção.
A experiência tem demonstrado que a eliminação dos ovinos cronicamente
infectados é a medida mais correta, pois em condições de campo, sem o
do veterinário, muitas vezes pontos críticos do esquema são negligenciados. Por outro lado, casos crônicos representam animais
geneticamente susceptíveis e a sua eliminação favorecerá o controle.
Diversas substâncias têm sido tentadas para uso no lava-pé. Os dois produtos
mais usados no passado foram o sulfato de cobre e a formalina. O sulfato de
cobre foi abandonado em outros países, pois essa droga perde seu poder
bactericida quando contaminada com fezes e urina de ovinos, além de tingir a lã e ser tóxica para ovinos.
A formalina é, na verdade, uma solução de formol a 40%, pois essa é a forma
líquida estável do formol, encontrado na natureza sob forma gasosa. Assim, para
uso no lava-pé, deveremos preparar soluções com concentrações de formalina
que podem variar de 2 a 10%. Deve-se tomar o cuidado de não usar
concentrações acima de 10%, pois poderão levar a lesão nos cascos dos ovinos.
Experimento realizado na Austrália mostrou que o sulfato de zinco, em solução a
10%, é mais eficiente que a formalina. Esse experimento evidenciou, também,
que, se a droga fosse adicionada de 1% de Lauril sulfato de sódio, teria a sua
velocidade de absorção através do casco, aumentada16 . O uso intensivo a campo
dessa formulação em lava-pé não mostrou, entretanto, as vantagens observadas
nos experimentos.
No RS, a experiência tem demonstrado que o maior ou menor sucesso do
tratamento tópico em lava-pé está na dependência da implantação, na
propriedade, de um plano racional de controle do FR. Este deve incluir:
_ Exame e apara dos cascos de todos os ovinos da propriedade;
_ Segregação ou, se possível, eliminação dos ovinos infectados;
_ Uso do lava-pé, associado às medidas citadas anteriormente, em época seca
do ano e anterior ao período favorável à transmissão da enfermidade. No RS,
dezembro e janeiro seria a época ideal;
_ O plano deverá ser executado com a presença do veterinário ou pessoa
treinada em reconhecer ovinos infectados;
_ Mão de obra suficiente e motivada, tesouras afiadas e lava-pés bem
desenhados;
_ Cuidado com a introdução de animais comprados que poderão comprometer todo o plano de controle.
Referencias 
ANIMAIS DE PRODUÇÃO
Lesões podais em ovinos da Mesorregião Sudoeste do Rio Grande do Sul1
Caroline S. Silveira2 
Pedro A. Damboriarena3 
Raissa M. Morais3 
Maria Elisa Trost3 
Ricardo Pozzobon4 
Bruno L. Anjos3  *

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