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KalhilPereiraFranca-DISSERT

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS 
INSTITUCIONAIS 
KALHIL PEREIRA FRANÇA THURNER
 
A CONSTRUÇÃO DA CARTA DE SERVIÇOS DO MINISTÉRIO
PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (MPRN)
NATAL - RN 
2016 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHL
França, Kalhil Pereira. 
 A construção da carta de serviços do Ministério Público do 
Estado do Rio Grande do Norte (MPRN) / Kalhil Pereira França. - 
2016. 
 42f.: il. 
 Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa 
de Pós-graduação em Gestão de Processos Institucionais. 
 Orientador: Prof. Dr. José Orlando Gomes e Prof. Dra. 
Patrícia Borba Vilar Guimarães. 
 1. Gestão de processos. 2. Atendimento ao Público. 3. 
Ministério Público. I. Guimarães, José Orlando Gomes. II. Vilar,
Patrícia Borba. III. Título. 
RN/UF/BS-CCHLA CDU 005.4
Kalhil Pereira França Thurner
A CONSTRUÇÃO DA CARTA DE SERVIÇOS DO MINISTÉRIO
 PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (MPRN)
Trabalho de conclusão de curso apresentado
à Coordenação do Programa de Pós-
graduação em Gestão de Processos
Institucionais da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial para
a obtenção do título de Mestre em Gestão de
Processos Institucionais. 
Orientador: José Orlando Gomes, D. Sc.
NATAL - RN 
2016 
Kalhil Pereira França Thurner
A CONSTRUÇÃO DA CARTA DE SERVIÇOS DO MINISTÉRIO
 PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (MPRN)
Dissertação apresentada à
Coordenação do Programa de Pós-
graduação em Gestão de Processos
Institucionais da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, composta
pelos seguintes membros: 
Aprovada em _____/_____/_______ 
___________________________________________ 
José Orlando Gomes, D. Sc. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Orientador 
___________________________________________ 
Patrícia Borba Vilar Guimarães, D. Sc. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Membro e coorientadora
___________________________________________ 
Yanko Marcius de Alencar, D. Sc.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
 Membro 
_________________________________________ 
Victor Rafael Fernandes, Dr. Sc.
Faculdade Estácio de Sá - FATERN 
Membro externo
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por ter me
proporcionado força e sabedoria para continuar minha
caminhada, e aos meus 03 (três) filhos, Maria Eduarda,
Heitor e Kalhil Filho, que eu possa inspirá-los no decorrer
de suas jornadas aqui pela terra.
AGRADECIMENTOS 
Esse trabalho surgiu de um anseio pessoal em contribuir com a
Instituição que abracei como minha segunda casa. Durante esses últimos 10 anos no
Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte passei a amar, mais do que
nunca, a causa do servir. 
Mas não seria possível sem a contribuição de algumas pessoas que
foram fundamentais para o seu desenvolvimento. Entre elas está minha querida
Professora Orientadora Dra. Patrícia Borba, que no decorrer desses últimos 02 anos
foi sempre muito paciente e prestativa com suas orientações no rumo certo desse
trabalho.
Agradeço ao meu colega Marlos, responsável pelo setor sociojurídico da
Comarca de Mossoró, que disponibilizou os dados necessários para a realização da
pesquisa.
 Ao meu assessor de processos organizacionais, Felipe Gurgel,
responsável pelo desenvolvimento dos painéis de análise do BI com os dados
coletados.
Ao meu colega de trabalho Tiago Nunes, uma das mentes mais
inteligente que já tive a honra de conhecer, corresponsável pela ideia inicial desse
trabalho e um dos incentivadores da linha de pesquisa.
Agradeço a minha esposa, parceira de todas as horas, pela paciência e
compreensão pelas ausências nos últimos meses, para a finalização dessa jornada.
Por fim, mas não menos importante, a minha mãe, Dona Aprígia Pereira
Neta, a quem devo tudo nessa vida, pelos estímulos permanentes no meu
aprimoramento profissional e acadêmico.
“Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que
você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo” 
Martin Luther King.
. 
RESUMO 
Visando aprimorar o serviço de atendimento ao cidadão realizado pelo
Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte, o desenvolvimento da carta de
serviços da instituição é de fundamental importância para a maior transparência de
sua atuação funcional direcionada a garantia dos direitos e interesses sociais de
âmbito difuso e coletivo e aqueles individuais indisponíveis. O presente trabalho
descreverá sobre as temáticas trabalhadas pelo Ministério Público Estadual,
buscando apresentar a sociedade o fluxo do procedimento de atendimento a
população, de modo a identificar todas as etapas do processo até a entrega da
prestação ministerial por intermédio de ações judiciais ou outras medidas
conciliatórias extrajudiciais, identificando os setores responsáveis, prazos e os
instrumentos de atuação funcional (notícia de fato, procedimento preparatório,
inquérito civil e procedimento de investigação criminal). Além disso, busca o presente
trabalho realizar estudo de caso referente aos dados de atendimento das Promotorias
de Justiça da Comarca de Mossoró, 2ª maior do Estado, visando assim traçar um
perfil das temáticas mais procuradas, bem como, descobrir qual o volume de
atendimento realizado que não eram de sua competência ministerial.
Palavras-chave: Carta de Serviços; Atendimento ao Público; Ministério Público
do Estado do RN
RESUMEN
Con el fin de mejorar el servicio de atención al ciudadano llevado a cabo
por el Ministerio Público de Rio Grande do Norte, el desarrollo de la letra de la
institución es de importancia fundamental para la transparencia de su desempeño
funcional específica de garantizar los derechos y el ámbito social de los intereses
difuso y colectivo y los individuales no disponible. En este trabajo se describe en los
temas trabajados por la Oficina del Fiscal del Estado, buscando presentar a la
sociedad el flujo del procedimiento de cuidado de la población, con el fin de identificar
todas las etapas del proceso hasta la entrega del desempeño en el ministerio a través
de juicios u otras medidas de conciliación extrajudiciales, identificando los sectores
responsables, plazos e instrumentos de rendimiento funcional (noticias de hecho, el
procedimiento de preparación, investigación civil y de procedimiento penal). También,
buscar en este estudio de caso la conducta de trabajo para el servicio de datos del
Ministerio de Justicia del condado de Mossoro, segundo más grande del estado, con
el objetivo tanto para dibujar un perfil de los temas más populares, así como averiguar
lo que hizo el volumen de llamadas que no eran de su competencia ministerial.
Palabras clave: Carta de Servicios; Atención al público; Ministerio Público del
Estado de RN
LISTA DE SIGLAS
MPRN – Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte
MPF – Ministério Público Federal
MPU – Ministério Público da União
MPT – Ministério Público do Trabalho
MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
MPM – Ministério Público Militar
MPE – Ministério Público Eleitoral
PGJ – Procurador-Geral de Justiça
PGJA – Procurador-Geral de Justiça Adjunto
DPGE – Diretoria de Planejamento e Gestão Estratégica
GMAD – Gerência de Modernização Administrativa
GGE – Gerência de Gestão Estratégica
PROPAP – Promotoria Padrão
NUCAP – Núcleo Externo da Atividade Policial
DADM – Diretoria Administrativa
SGC – Setor de Gestão de ContratosSAP – Setor de Administração de Pessoal
GDPA – Gerência de Documentação, Protocolo e Arquivo
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO …................................................................................................. 10
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA …................................................. 10
1.2 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO................................................................... 12
1. OBJETIVOS..........................................................................................................13
1.3.1 Objetivo geral...................................................................................................13
1.3.2 Objetivos específicos....................................................................................... 13
2 BREVES APONTAMENTOS SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MP......... 14
3 DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELO MINISTÉRIO ESTADUAL....................... 16
3.1 Serviços na área do Consumidor........................................................................17
3.2 Serviços na Área da Educação...........................................................................17
3.3 Serviços na Área da Infância e Juventude......................................................... 18
3.4 Serviços na Área do Meio Ambiente...................................................................19
3.5 Serviços na Área do Patrimônio Público............................................................ 20
3.6 Serviços na Área da Saúde................................................................................ 21
3.7 Serviços na Área da Pessoa com Deficiência.................................................... 22
3.7 Serviços na Área do Idoso................................................................................. 23
3.8 Serviços na Área Criminal.................................................................................. 24
4. ESTUDO DE CASO DO ATENDIMENTO DA COMARCA DE MOSSORÓ........ 25
5. MAPEAMENTO DOS FLUXOS DE TRABALHO................................................ 29
5.1 Fluxo Atendimento ao Público............................................................................ 29
5.2 Fluxo de Atuação Ministerial.............................................................................. 31
6. CONCLUSÃO...................................................................................................... 39
7 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 41
ANEXO A – PROPOSTA DE CARTA DE SERVIÇOS PARA O MPRN................... 43
CARTA DE ANUÊNCIA …....................................................................................... 91
TERMO DE CONFIDENCIALIDADE …................................................................... 92
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.................................... 93
10
 1. INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMÁTICA
No ano de 2006 ingressamos no Ministério Público do Estado do Rio
Grande do Norte (MPRN) no extinto cargo de agente administrativo, atualmente
remodelado e designado de técnico ministerial. Ainda muito cedo, percebemos que
as pessoas que procuravam o Ministério Público Estadual não conheciam, de fato,
qual era nossa finalidade, nossa missão, nosso dever institucional.
Conforme definido pela Constituição Federal de 19881, o Ministério
Público tem sua atuação funcional direcionada a garantia dos direitos e interesses
sociais de âmbito difuso e coletivo e aqueles individuais indisponíveis.
Resumidamente, podemos afirmar que o vetor de atuação
constitucional é o interesse público na promoção e defesa dos interesses de
determinados sujeitos, ou o zelo dos interesse público havido em determinadas
relações jurídicas ou instituições.
Entretanto, conforme já afirmado nas linhas iniciais, muito embora o
Ministério Público tenha juridicamente papel bastante definido, essas atribuições
não são conhecidas pela população em geral.
É muito comum a população procurar os serviços do Ministério
Público para a resolução de situações conflitantes de interesse tipicamente
individuais disponíveis ou mesmo para resolução de problemas que não possuem
nenhuma pertinência temática com as atribuições definidas pela Constituição
Federal.
Certa vez, entre os anos de 2008 a 2010, ainda lotado na Comarca de
Assu/RN, atendemos um cidadão que trazia consigo uma bola de futebol e
conduzia “escoltado” pelo braço uma criança que momentos antes acabara de
quebrar a vidraça de sua residência e requeria do promotor de justiça providências
por parte do Ministério Público para reparação do dano.
Inúmeras vezes, já trabalhando na Comarca de Mossoró, atendíamos
pessoas que solicitavam do Ministério Público a realização de cobrança de dívidas,
1 Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis. 
11
aconselhamento de menores, pedidos de concessão de benefícios previdenciários,
consultoria jurídica particular e até conciliação amorosa de casais.
Como se percebe todas as situações acima elencadas não se
enquadram nas definidas como típicas da atuação funcional do parquet2.
Dessa maneira, muito embora não faça parte dos objetivos dessa
trabalho responder os reais motivos que levam as pessoas a procurar o Ministério
Público para resolução desses conflitos, é possível apontar dois pontos importantes
que acabam influenciando, de maneira significativa, a continuidade desse quadro:
imaturidade de boa parte da população, notadamente as camadas sociais mais
carentes, quanto ao real conhecimento da competência das instituições
democráticas do país e a ineficiência do próprio órgão em se apresentar como
instituição garantidora dos direitos e garantias constitucionais do cidadão.
O primeiro ponto pode ser justificado pela própria juventude da nossa
Constituição Federal e das instituições criadas por ela. Até 1988 a figura do
promotor de justiça estava muito mais ligada as funções de acusação no tribunal do
juri do que agente transformador da sociedade por intermédio de sua atuação
funcional na defesa da população e das demais instituições.
Somente recentemente foi possível, a partir da atuação do Ministério
Público na defesa, notadamente no patrimônio público, deflagrada por intermédio
de inúmeras operações de grande repercussão nacional, como a “Lavajato” por
exemplo, dar maior destaque a finalidade da instituição, fato este que tem
contribuído para uma maior visibilidade de sua competência.
Com relação ao segundo ponto, é preciso ressaltar que o Ministério
Público, não obstante único e indivisível, é divido administrativamente em dois
grandes grupos: Ministério Público da União e dos Estados. Onde o primeiro grupo
é subdivido, ainda, em outros cinco grandes grupos (Ministério Público Federal,
Ministério Público do Trabalho, Ministério Público do Distrito Federal e Territórios,
Ministério Público Militar e o Ministério Público Eleitoral).
Todas essas divisões e subdivisões acabam contribuindo para
dificultar uma maior transparência de sua finalidade para o conhecimento da
população, tendo em vista que cada órgão possui áreas de atuação e
competências específicas.
2 A designação “parquet” ao Ministério Público tem origem na França, onde os procuradores do rei
ficavam sobre o assoalho (parquet) da sala de audiências, e não sobre o estrado do lado do
magistrado como acontece nos dias atuais. 
12
Para a solução do primeiro ponto, somente o investimento na
educação pública de qualidade e uma maior maturidade do próprio conceito de
cidadania pela população poderá amenizar essa distorção.
Já o segundo ponto pode ser minimizado por instrumentosde gestão
que possibilitem a população uma maior transparência das atribuições das
instituições públicas do país.
Neste contexto, preocupados em garantir um maior acesso à
população dos serviços prestados a sociedade, o Ministério Público do Estado do
Rio Grande do Norte aderiu no ano de 2008 ao Programa Nacional de Gestão
Pública e Desburocratização3 (GESPÚBLICA) do governo federal com o objetivo de
alcançar a excelência na gestão da instituição.
Entre os mecanismos de gestão utilizados dentro do GESPÚBLICA
para facilitar e garantir a população uma maior transparência dos serviços
prestados está a Carta de Serviços ao Cidadão.4 
O desenvolvimento desse instrumento de gestão é o objetivo
prioritário desse trabalho de pesquisa acadêmica. Para tanto, buscaremos
conhecer quais as principais demandas levadas ao Ministério Público Estadual pela
população potiguar, relacionar os serviços prestados pela entidade mapeando o
fluxo processual de cada etapa com seus respectivos prazos, áreas de atuação,
tipos de procedimentos, como acessar e obter esse serviço, buscando, ao final,
estabelecer um novo padrão de atendimento a população do Estado do RN.
1.2 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
A pesquisa ora proposta se caracteriza como estudo de natureza
exploratória e descritiva, visto que buscará compreender, inicialmente, as diretrizes
jurídicas que orientam as funções do Ministério Público na defesa dos direitos
difusos, coletivos e individuais indisponíveis, descrevendo-os à luz do cenário de
expansão contínua por uma gestão pública de qualidade.
3 O Programa Nacional de Gestão Pública – GESPÚBLICA, instituído pelo Decreto 5.378/2005, é
um Programa do governo federal que apoia centenas de órgãos e entidades da Administração
Pública na melhoria de sua capacidade de produzir resultados efetivos para a sociedade. 
4 Conceitualmente podemos definir a Carta de Serviços ao Cidadão como documento elaborado
por uma organização pública que visa informar aos cidadãos quais os serviços prestados por
ela, como acessar e obter esses serviços e quais são os compromissos com o atendimento e os
padrões de atendimento estabelecidos.
13
Para sua realização, lançar-se-á mão de estudos de recapitulação
bibliográfica, buscando-se construir seu arcabouço teórico e seu marco regulatório
institucional.
Noutro momento, mapearemos o fluxo do procedimento de atendimento a
população, de modo a identificar todas as etapas do processo até a entrega da
prestação ministerial por intermédio de ações judiciais ou outras medidas
conciliatórias extrajudiciais, de modo identificar os setores responsáveis, prazos e
os instrumentos de atuação funcional (notícia de fato, procedimento preparatório,
inquérito civil e procedimento de investigação criminal). Para a realização dessa
atividade utilizaremos o software Bizagi Modeler5, ferramenta de modelagem de
processos atualmente disponível na instituição.
Buscaremos, ainda, conhecer as principais demandas que são
levadas pela sociedade ao conhecimento do Ministério Público na defesa desses
direitos, de modo a melhor orientar o desenvolvimento do produto final deste
trabalho. 
Para tanto, analisaremos, por intermédio de uma ferramenta de
Bussines Inteligente (QlikView6), todos os relatórios de registro de atendimento a
população do ano de 2014 da Comarca de Mossoró, buscando traçar seu perfil
socioeconômico e conhecer os principais serviços buscados, de modo a facilitar o
acesso da população nesta procura.
 A coleta e seleção desses dados se darão mediante o repasse dos
relatórios de atendimento já produzidos pela unidade. A Comarca em análise foi
escolhida por sua representatividade perante o Estado do Rio Grande do Norte. 
Atualmente a Comarca de Mossoró conta com dezenove promotorias
de justiça, todas especializada nas diversas áreas de atuação do Ministério Público
Estadual. Além disso é a única unidade do Estado que possui um setor
especializado que concentra todo o atendimento ao público, o que nos garante
fidedignidade das informações.
Todas essas informações produzidas no curso do presente trabalho
5 Bizagi Modeler é uma ferramenta gratuita específica para quem busca desenhar e modelar
processos em notação BPMN e é utlizada pela gerência de modernização administrativa
rotineiramente para o mapeamento dos processos de trabalho aprimorados.
6 O software QlikView é uma ferramenta de análise de banco de dados e foi recentemente
adquirida pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte. Atualmente temos utilizado
esta poderosa ferramenta de análise para subsidiar a administração superior na tomada de
decisão nas inúmeras áreas de gestão (custos, pessoal, material permanente, acompanhamento
de metas institucionais etc.
14
contribuirão para orientar o desenvolvimento da proposta da Carta de Serviços
direcionada ao Cidadão, produto final desta pesquisa.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivos Gerais
Estudar os aspectos pertinentes ao desenvolvimento da Carta de
Serviços do Ministério Público do Estado do Rio Grande no Norte, buscando
construir um novo padrão de atendimento ao público para as Promotorias de
Justiça.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) analisar a natureza dos serviços prestados pelo Ministério Público sob um
prisma jurídico-constitucional, verificando sua conceituação e aplicação;
b) conhecer, de maneira sistemática, quais são os serviços prestados pelo
Ministério Público Estadual.
c) analisar quais são os principais serviços procurados, a partir do estudo de
caso da Comarca de Mossoró.
d) mapear os fluxos de atendimento a população e dos procedimentos de
atuação/investigação ministerial, buscando ao final desenvolver um novo padrão de
atendimento a população.
2. BREVES APONTAMENTOS SOBRE A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público Brasileiro, como instituição única, indivisível e
independente,7 com todas as suas atribuições e prerrogativas constitucionais como
nós conhecemos hoje, nasceu somente a partir da promulgação da Constituição
Federal de 1988.
Entretanto, sua origem embrionária remonta ainda no período colonial
brasileiro, pela própria imposição das leis do direito lusitano aplicado ao Brasil
colônia8. Naquela época não se reconhecia o Ministério Público como instituição
7 O § 1º do art. 127 da Constituição Federal elenca como princípios constitucionais do Ministério
Público a unidade, indivisibilidade e a independência funcional.
8 No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito lusitano. Não havia o Ministério Público
15
independente, agindo apenas como mera extensão dos interesses da Coroa.
A Constituição Imperial de 1824 foi silente quando a sua existência,
não havendo nenhuma menção sobre sua atuação. O primeiro documento, ainda
no período imperial brasileiro, a relacionar a existência e funcionamento dos
promotores públicos foi o Decreto Imperial de nº 120, de 21 de janeiro de 1843, que
regulamentava a forma de provimento e tempo de ocupação das funções de seus
membros9.
 Assim como na Constituição anterior, a de 1889, primeira
republicana, não lhe fez qualquer alusão a sua existência. Porém, a partir dos
movimentos de codificação do início do século XX, o Código Civil de 1916 e o
Código Penal de 1941 traziam vários artigos elencando novas competências do
Ministério Público10.
Somente a partir 1934 que a instituição passa a possuir status
constitucional, merecendo capítulo a parte. A partir daí todas as demais passaram a
tratar do Ministério Público, destinando-lhe, inclusive, capítulo próprio.
Um ponto bastante curioso a respeito da Constituição Federal de
1946 foi o fato de a mesma ter organizado a Instituição de acordo com a estrutura
federativa, Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal.
Nesseperíodo os estados da federação optaram por desvincular os
seus Parquet’s da representação judicial do Estado, e tiveram suas funções
restritas às suas atribuições típicas de fiscal da lei, titular da ação penal pública
como mecanismo de combate ao crime e perseguição do criminoso, e bem assim
empenho de suas funções de representação compreendidas na legislação
procedimental.
Mesmo em pleno período da ditadura militar, a década de 1970 trouxe
grandes inovações ao Ministério Público, notadamente o Ministério Público
como instituição. Mas as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordenações Filipinas de 1603 já
faziam menção aos promotores de justiça, atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e de
promover a acusação criminal. Existiam ainda o cargo de procurador dos feitos da Coroa
(defensor da Coroa) e o de procurador da Fazenda (defensor do fisco). 
9 Art. 2º - Os promotores serão nomeados pelo Imperador no Município da Corte, e pelos
presidentes nas províncias, por tempo indefinido; e servirão enquanto convier a sua
conservação ao serviço público sendo, caso contrário, indistintamente demitidos pelo Imperador,
ou pelos presidentes das províncias nas mesmas províncias. 
10 Entre as novas competências atribuídas ao Ministério Público pelo Código Civil de 1916, estava:
a curadoria das fundações; legitimidade nas ações relacionadas ao casamento e interdições;
defesas de menores entre outras. Já o Código Penal de 1941 consolidava o Ministério Público
como titular da ação penal, atribuindo-lhe poder de requisição de inquéritos policiais e novas
diligências a polícia civil.
16
Potiguar. Nesse período foi publicado11 um novo estatuto que definiu a carreira em
cargos divididos em duas instâncias (Promotores e Procuradores).
Mas é definitivamente a partir da década de 90 que o Ministério
Público passa por uma mutação constitucional que lhe elevou a uma nova
categoria. Em 1981, a partir da publicação da sua 1ª Lei Orgânica do Ministério
Público, a Lei Complementar n.40 de 1981, passa o Ministério Público a ter a
seguinte definição:
Instituição permanente e essencial à função jurisdicional do
Estado e responsável, perante o judiciário, pela defesa da ordem
jurídica e dos interesses indisponíveis da sociedade, pela fiel
observância da Constituição e da Lei. (Lei Complementar
n.040/1981)
Em 1985, com a publicação da Lei n. 7.347, mais conhecida com Lei
da Ação Civil Pública, o Ministério Público se integra, definitivamente, na defesa
dos interesses sociais.
O mesmo instrumento legal cria, ainda, o inquérito civil, instrumento
investigatório direto, instaurado e presidido pela própria instituição (MAZZILLI,
2012, pag. 26).
Mesmo com todas essas inovações, foi somente a partir da
Constituição Federal de 1988 que o Ministério Público se transformou como órgão
independente, não estando mais subordinado ao Executivo ou Judiciário,
adquirindo autonomia e atribuições na defesa das liberdades públicas, os
interesses difusos e coletivos. 
Os poderes recebidos na ocasião foram tão importantes que para muitos o
Ministério Público é denominado como “o quarto poder”.
Um marco regulatório importante para a definição de seu papel
constitucional foi a publicação da Lei n. 8.625, de 1993, que definiu a sua Lei
Orgânica Nacional.
Diversos outros marcos legais elevaram ainda mais o rol de
atribuições da nova instituição renovada a partir da carta constitucional de 1988,
como por exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei 8.069 de
1990, o Código de Defesa do Consumidor – Lei n. 8.078 daquele mesmo ano e a
importante Lei de Improbidade Administrativa, de número 8.429/92, as quais
ampliaram os campos de atuação do Ministério Público.
11 Lei Estadual n. 3.871, de 09 de Outubro de 1970. Diário Oficial do Estado do RN, pag. 1
17
3. DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL
Conforme definido pela Constituição Federal de 198812, o Ministério
Público tem sua atuação funcional direcionada a garantia dos direitos e interesses
sociais de âmbito difuso e coletivo e aqueles individuais indisponíveis.
Ainda segundo Mazzilli (2015), interesse difuso é todo direito
transindividual que vai além do interesse isolado de apenas um cidadão, onde a
satisfação do direito deve atingir uma coletividade indeterminada, ou seja, são
garantias constitucionais da própria sociedade como um todo, como por exemplo, o
direito a saúde, o direito as políticas de saneamento básico, ao desenvolvimento
social num meio ambiente equilibrado entre outros.
Direito coletivo, também na visão do mesmo autor, se caracteriza por
ter natureza transindividual, entretanto, os detentores dessa modalidade de direito
estão intimamente ligados por uma relação jurídica que impossibilita o tratamento
diferenciado naquela coletividade, como por exemplo as categorias sindicais de
classe (professores, advogados, engenheiros).
Além desses, existe ainda a possibilidade de atuação do Ministério
Público para garantia dos interesses individuais indisponíveis, que na visão de
Mazzili (2015)13 se caracteriza pela garantia do gozo de direitos irrenunciáveis, ou
seja, aqueles onde não si permite dispor, não sendo possível, por exemplo, a
formulação de contrato onde um sujeito se subjugaria a condição de escravo, pois
a liberdade é direito indisponível.
Dessa maneira, em consonância com as diretrizes constitucionais,
podemos definir os serviços prestados pelo Ministério Público do Estado do Rio
Grande do Norte em 09 (oito) áreas temáticas de atuação: consumidor; criminal;
educação, idoso, infância e juventude; meio ambiente; patrimônio público, pessoa
com deficiência e saúde.
3.1 DOS SERVIÇOS PRESTADOS NA ÁREA DO CONSUMIDOR
A defesa do consumidor é um direito fundamental presente na
12 Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis. 
13 MAZZILLI, Hugo Nigro, Ministério Público, São Paulo: Ed. Saraiva, 2015.
18
Constituição Federal de 1988. Além dos comandos normativos sobre o direito
consumerista espalhado na Carta Magna, o Código de Defesa do Consumidor (Lei
8.078/90) elencou, de maneira bastante clara, o direito em questão, buscando
traçar uma maior proteção em relação ao consumidor, considerando sua
inferioridade nas relações de consumo.
A legislação em questão visa adequar o crescente desenvolvimento
econômico e tecnológico às necessidades dos consumidores, bem como garantir o
respeito a sua dignidade, saúde e segurança; proteção de seus interesses
econômicos; e melhoria de sua qualidade de vida.
Dessa maneira, cabe ao MPRN protege os interesses difusos, como
no caso de uma propaganda enganosa publicada em jornais de grande circulação;
os interesses coletivos, a exemplo de várias pessoas que assinam contratos de
adesão de uma operadora de telefonia celular com cláusulas abusivas; e os
individuais homogêneos, como no caso de consumidores que compram um tipo de
carro com o mesmo defeito de fabricação.
3.2 DOS SERVIÇOS PRESTADOS NA ÁREA DA EDUCAÇÃO
A educação é um direito social previsto na Constituição Federal de
198814, sendo um dever do Estado, bem como da família, promovê-la e incentivá-la
com a colaboração da sociedade.
Assim, é preciso que a escola desempenhe a sua função no
desenvolvimento da criança e do adolescente, que a família assuma o seu papel de
formadora de valores, o poder público desempenhe a sua função de promover as
condições para que a educação aconteça e, finalmente, que a sociedade se
perceba com responsabilidade no processo de formação da cidadania.Com certeza, ter uma educação básica de qualidade faz toda a
diferença para o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A Constituição Federal de 1988, seguindo a tendência de inovações
legislativas anteriores, conferiu ao Ministério Público um importante papel na
defesa dos interesses sociais, entre eles o direito à educação. Assim, o Ministério
Público Estadual tem muito a contribuir com a tarefa de melhorar a qualidade da
14 Art. 205 da CF: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
19
educação oferecida a nossa população.
São diversas as situações de conflito em que a Promotoria atua como
mediadora de questões que envolvem alunos, professores, famílias, escolas e a
Secretaria de Educação. Entre tantas vivências, está a violência na escola, más
condições da estrutura física das escolas, falta de professores, falta de merenda
escolar, problemas no transporte escolar, falta de políticas públicas voltadas para a
educação e aplicação inadequada de verba.
3.3 DOS SERVIÇOS NA ÁREA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
O Ministério Público teve seu âmbito de atuação sensivelmente
ampliado com o advento da Constituição Federal de 1988, que expressamente o
qualificou, em seu art. 127, como instituição permanente, essencial à Justiça,
destinada à defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis.
É exatamente com fundamento nesse último aspecto, ou seja, o de
órgão guardião dos interesses de caráter indisponível, que se extrai a atribuição
institucional do Ministério Público no que se refere à proteção dos direitos afetos a
crianças e adolescentes.
Instituição posicionada no “eixo de defesa” do Sistema de Garantia de
Direitos, detentora da função de aplicar e fiscalizar o cumprimento da Lei 8.069/90
(Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA), a qual, sob o manto da “Doutrina da
Proteção Integral”, estabelece ser dever de todos zelar para que crianças e
adolescentes sejam colocados a salvo de toda forma de violência, negligência,
crueldade e opressão.
O Ministério Público, por intermédio dos Promotores de Justiça, em
cada Comarca, tem por missão legal, com prioridade absoluta, atuar na linha de
frente, junto à comunidade e ao poder público, como articulador das ações de
prevenção e de garantia de atendimento especializado e prioritário na
concretização dos direitos e garantias a que fazem jus crianças e adolescentes.
Para esse mister, dentre as atribuições outorgadas ao Órgão
Ministerial pelo ECA, conforme disposto no seu art. 201, destaque-se: a promoção
de inquérito civil e ação civil pública para a proteção dos interesses individuais,
difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência; a promoção e
acompanhamento dos procedimentos relativos às infrações atribuídas a
20
adolescentes; a propositura e acompanhamento das ações de alimentos e
procedimentos de suspensão do poder familiar, nomeação e remoção de tutores,
curadores e guardiães; oficiar em os demais procedimentos de competência da
Justiça da Infância e Juventude e zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
legais assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e
extrajudiciais cabíveis.
Assim, qualquer cidadão que tenha conhecimento de ato capaz de
ensejar a atuação ministerial em prol do segmento infantojuvenil, nos moldes acima
mencionados, deve se dirigir às Promotorias de Justiça com atribuição na matéria,
bem como à Ouvidoria do Ministério Público, e relatar os fatos irregulares, para que
sejam tomadas as providências pertinentes. 
3.4 DOS SERVIÇOS PRESTADOS NA ÁREA DO MEIO AMBIENTE
Com o advento da Constituição Federal de 1988 o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado foi elevado à categoria de direito humano
fundamental, devendo ser garantida a sua proteção em benefício das gerações
presentes e futuras ( art. 225, CF ). De tal modo, visando a proteção desse preceito
fundamental o Ministério Público, instituição voltada à defesa da ordem jurídica e
garantidor dos direitos fundamentais, como o Meio Ambiente, atua, através dos
Promotores e Procuradores de Justiça na concretização destes direitos (art. 127,
CF e art. 1º, I da Lei n.º 7.347/85).
Segundo Fiorillo15, a Política Nacional do Meio Ambiente, estipulada
pela Lei n.º 6.938 de 1981, conceitua o meio ambiente como o “conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (art. 3º, I), definição ampla
que busca tutelar não somente o meio ambiente natural, mas também o artificial e o
cultural, conforme delimitação que segue abaixo
Ainda segundo o autor, o meio ambiente natural ou físico: é formado pela
atmosfera, pelos elementos da biosfera, pelas águas (inclusive pelo mar territorial),
pelo solo, pelo Subsolo (inclusive recursos minerais), pela fauna e pela flora,
buscando garantir o equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e o meio do qual
fazem parte.
15 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11. ed. São Paulo: Saraiva,
2010, p. 71/72. 
21
Fiorillo entende, ainda, que o meio ambiente artificial: é compreendido
pelo espaço urbano construído, consistente no conjunto de edificações (chamado
de espaço urbano fechado), e pelos equipamentos públicos (espaço urbano
aberto)”, estando diretamente relacionado ao conceito de cidade
Na visão de Da Silva (2014)16, meio ambiente cultural: “é integrado
pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico, que embora
artificial, em regra, como obra do homem, difere do anterior (que também é cultural)
pelo sentido de valor especial.
Neste sentido, a atuação do Ministério Público na área de meio
ambiente se dá na proteção do meio ambiente natural, artificial e cultural, através
da atividade extrajudicial, mediante expedição de Recomendações, assinatura de
Termos de Ajustamento de Conduta, dentre outros, além do ajuizamento de Ações
Civis Públicas ou Criminais. 
3.5 DOS SERVIÇOS PRESTADOS NA ÁREA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte possui, dentre
as suas funções institucionais previstas no art. 129 da Constituição Federal, a
atribuição de promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social.
De acordo com o parágrafo 1º, artigo 1º, da Lei da Ação Popular, o
patrimônio público se constitui no conjunto de bens e direitos de valor econômico,
artístico, estético, histórico ou turístico, pertencentes aos entes da administração
pública direta e indireta.
A gestão desse patrimônio deve ser orientada pelo art. 37. da
Constituição Federal, o qual dispõe que “A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência”.
Dessa forma, a atuação do Ministério Público tem por objetivo fazer
com que a administração e gestores públicos sempre atuem de acordo com os
princípios constitucionais, notadamente legalidade e probidade administrativa, na
gestão do patrimônio público.
16 DA SILVA, José Afonso. Direito Constitucional Ambiental. São Paulo: Malheiros, ed. 4ª. 2014, p. 31 
22
No âmbito desta defesa, podemos listar algumas das mais comuns
irregularidades combatidas diariamente pelo Ministério Público: fraudes e outras
irregularidades em licitações e contratos públicos; fraude a concursospúblicos;
nepotismo; admissão de servidores sem concurso prévio; enriquecimento ilícito no
exercício de cargo público; violação do dever de prestar contas; não publicidade
dos atos e despesas públicas; utilização de bens e servidores públicos para
satisfação de interesses particulares e omissão na arrecadação de tributos.
Assim, qualquer do povo que tenha conhecimento de qualquer ato
que lesione o patrimônio público pode se dirigir às Promotorias de Justiça, bem
como à Ouvidoria do Ministério Público, e relatar os fatos irregulares para que
sejam adotas as providências adequadas ao caso.
3.6 DOS SERVIÇOS PRESTADOS NA ÁREA DA SAÚDE
A Constituição Federal de 1988 foi um marco fundamental na
redefinição das prioridades da política do Estado na área da saúde pública
incorporando novas dimensões ao conceito tradicional de saúde. O conceito de
saúde, para a “Constituição Cidadã”, passa pelo acesso a um conjunto de fatores,
antes dissociados dessa realidade, como alimentação, moradia, emprego, lazer e
educação.
A saúde foi inscrita como direito de todos os brasileiros e dever do
Poder Público, ensinando o artigo 196 da Carta Magna que “a saúde é direitos de
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
A nova roupagem constitucional dada à saúde no Brasil é marcada,
principalmente, pela correção da distorção assistencial, antes garantida apenas a
quem mantinha vínculo formal com a previdência social, e hoje erigida à condição
de direito social, com acesso assegurado a todos os brasileiros por meio de um
sistema, que é o Sistema Único de Saúde (SUS).
É nesse sentido que o SUS, tantas vezes criticado por quem não
entende sua essência, é tido como UNIVERSAL, pois não exclui ninguém, garante
atendimento a toda e qualquer pessoa que dele necessite, ainda que tenha
23
maiores condições financeiras e, até mesmo plano de saúde privado.
Portanto, nada obstante a existência espaços de desassistência no
SUS, sua criação consubstanciou-se numa grande vitória do povo brasileiro, que
passou a poder exigir dos governos atendimento de saúde para qualquer cidadão,
seja qual for o tipo de assistência necessitada.
Nesse contexto, o Ministério Público se posiciona como um defensor
do SUS, buscando o aprimoramento do sistema, visando sua ampla implementação
e melhoria, de maneira a atender toda a população que dele necessita, como forma
de tornar efetivo o direito fundamental à vida.
3.7 DOS SERVIÇOS PRESTADOS NA ÁREA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
No Brasil, o sistema de garantia dos direitos da pessoa com
deficiência possui substrato em diversas normas constitucionais, legais e
infralegais. Além das garantias insertas na Constituição Federal, destaca-se a
Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, a Lei nº
10.048/2000 (estabelece o atendimento prioritário), a Lei nº 10.098/2000
(estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade),
a Lei nº 7.853/1989 (dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência e sua
integração social), o Decreto nº 5.296/2004 (regulamenta a Lei nº 10.048/2000 e a
Lei nº 10.098/2000) e o Decreto nº 3.298/1999 (dispõe sobre a Política Nacional
para a Integração da Pessoa com Deficiência).
A Lei Fundamental, em seu artigo 227, §1º, II, estabeleceu que o
Estado deverá criar programas de prevenção e atendimento especializado para as
pessoas com deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social
do adolescente e do jovem com deficiência, mediante o treinamento para o trabalho
e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a
eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
Perceba-se, ainda, que o Congresso brasileiro acatou a reivindicação
das pessoas com deficiência no sentido de outorgar status constitucional ao ato de
ratificação da Convenção Internacional da ONU sobre os Direitos da Pessoa com
Deficiência, frisando-se que esse diploma internacional possui o propósito de
promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos
24
humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e
promover o respeito pela sua dignidade inerente, conforme preceitua o seu artigo
1º.
A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989 – por sua vez – passou a
integrar o microssistema coletivo, legitimando expressamente o Ministério Público a
ajuizar ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos das pessoas com deficiência.
Destaque-se que a Carta Política brasileira, ao traçar o perfil
constitucional do Ministério Público em seu art. 127, caput, legitimou a defesa dos
interesses individuais indisponíveis das pessoas com deficiência.
Frente ao exposto, pode-se acrescentar que a atuação ministerial na
defesa da pessoa com deficiência comporta os seguintes temas: educação
inclusiva, garantia das políticas públicas de saúde e reabilitação das pessoas com
deficiência, defesa dos serviços socioassistenciais destinados a essa minoria,
proteção da igualdade e das políticas afirmativas legalmente constituídas,
acessibilidade, tutela penal da pessoa com deficiência, dentre outras questões.
3.8 DOS SERVIÇOS PRESTADOS NA ÁREA DO IDOSO
No Brasil, o sistema de garantia dos direitos da pessoa idosa possui
substrato em diversas normas constitucionais, legais e infralegais. No âmbito
nacional, além das garantias constitucionais, destacam-se a Política Nacional do
Idoso (Lei nº 8.8421/1994), o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003), além de
inúmeras políticas e planos setoriais, tais como a Política Nacional de Saúde da
Pessoa Idosa.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 230, dispôs que a
família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-
estar e garantindo-lhes o direito à vida.
Em conformidade com esse mandamento constitucional, o legislador
ordinário, com esteio em seu poder de conformação, densificou a norma inserta no
230 da Carta Política por intermédio da Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de
2003, que instituiu o Estatuto do Idoso, alçando-se – através desse amparo
legislativo – a proteção de tais direitos a um nível de absoluta prioridade,
25
reforçando o dever de lhes bem curar entre o Estado, a família, a comunidade e a
sociedade.
Diante desse panorama, a Lei nº 10.741/2003, a par de proteger os
longevos, previu a legitimação extraordinária do Ministério Público para atuar em
favor dos anciãos que estejam em situação de risco, conforme demonstra a
redação do seu artigo 74, III, do Estatuto do Idoso.
De acordo o artigo 43 da Lei nº 10.741/2003, entende-se por situação
de risco a ameaça ou violação aos direitos dos idosos por ação ou omissão da
sociedade ou do Estado; por falta, omissão ou abuso da família, curador ou
entidade de atendimento; em razão de sua condição pessoal.
Registre-se, ademais, que a atuação do Ministério Público na defesa
individual dos idosos deve se pautar apenas nas hipóteses em que o caso concreto
demonstre que o longevo se encontra em situação de risco, entendendo-se risco
como violação ou ameça de direitos descritos no Estatuto do Idoso, os quais na
esfera individual deverão ser indisponíveis, haja vista o perfil constitucional do
Ministério Público delineado no art. 127, caput, da Lei Fundamental.
Por derradeiro, observa-se que o Estatuto do Idoso também passou a
integrar o microssistema coletivo, legitimando expressamente o Ministério Públicoa
ajuizar ações cíveis fundadas em interesses difusos, coletivos, individuais
indisponíveis ou homogêneos dos longevos, conforme preceito legal inserto no
artigo 81, I, da Lei nº 10.741/2003.
26
Figura 1: Rol de serviços do MPRN
4. ESTUDO DE CASODO ATENDIMENTO AO PÚBLICO DA COMARCA DE
MOSSORÓ
Para Silva (2014) conhecer os objetivos das pessoas que atendemos
no processo produtivo é algo fundamental para o desenvolvimento de uma ideia de
melhoria contínua de processos.
Nesse sentido, fundamental se faz, quando se deseja aprimorar
nosso processo de atendimento por intermédio de uma ferramenta de
transparência e gestão, conhecermos as principais demandas que são levadas
pela sociedade ao conhecimento do Ministério Público Estadual na defesa desses
direitos, de modo a melhor orientar o desenvolvimento do produto final deste
trabalho. 
Para tanto, analisamos, por intermédio de uma ferramenta de
Bussines Inteligente (QlikView17), todos os relatórios de registro de atendimento a
17 O software QlikView é uma ferramenta de análise de banco de dados e foi recentemente
adquirida pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte. Atualmente temos utilizado
27
população do ano de 2014 da Comarca de Mossoró, buscando traçar os principais
aspectos relacionados ao perfil das pessoas, de modo conhecermos os principais
serviços buscados.
 A coleta e seleção desses dados se deu mediante o repasse dos
relatórios de atendimento já produzidos pela unidade. A Comarca em análise foi
escolhida por sua representatividade perante o Estado do Rio Grande do Norte. 
Atualmente a Comarca de Mossoró conta com dezenove promotorias
de justiça, todas especializada nas diversas áreas de atuação do Ministério Público
Estadual. Além disso é a única unidade do Estado que possui um setor
especializado que concentra todo o atendimento ao público, o que nos garante
fidedignidade das informações.
No geral, analisamos 1127 (mil cento e vinte e sete) fichas de
atendimentos. Todos essas fichas possuem, basicamente, os seguintes dados de
identificação: nome, sexo, idade, endereço, profissão e assunto de interesse
buscado no MPRN.
As informações aqui apresentadas acabam por reforçar uma espécie
de conhecimento empírico já relatado nas linhas iniciais desse trabalho, tendo em
vista nossa experiência prática nos últimos 10 (dez) anos de trabalho a frente de
setores relacionados ao atendimento ao público.
Para apresentá-las de modo mais didático, as informações
relacionadas a cada ficha de atendimento foi tabulada em Excel e em seguida
tratada por intermédio da ferramenta de análise de banco de dados QlikView.
 A primeira informação que refuto fundamental para o conhecimento
de nosso público-alvo é a proporcionalidade existente entre a procura dos serviços
pelas pessoas e as matérias de atuação funcional do MPRN.
esta poderosa ferramenta de análise para subsidiar a administração superior na tomada de
decisão nas inúmeras áreas de gestão (custos, pessoal, material permanente, acompanhamento
de metas institucionais etc.
28
Gráfico 1: Percentual de demanda entre as Promotorias de Justiça do ano de 2014.
Considerando apenas os atendimentos que eram de atuação
funcional do MPRN (755), a maior concentração da procura se deu na área da
saúde, seguida pela defesa dos direitos do Idoso. 
Muito embora já fosse esperado uma maior procura nos serviços
relacionados a saúde, tendo em vista a precariedade notória de nossos serviços
públicos nessa tão importante área de atuação do Estado, a descoberta de 22,78%
dos atendimentos relacionados a defesa do idoso nos surpreende, notadamente
29
por está a frente da procura pelos serviços relacionados a defesa da Infância e
Juventude (4,24%), que sempre foram tratados institucionalmente com maior
relevância18.
Gráfico 2: Percentual de demanda tratada e encaminhada do ano de 2014.
Esse último dado refuto como um dos mais significativos de nossa
pesquisa acadêmica. Levando em consideração todos os 1127 (mil cento e
vinte e sete) atendimentos realizados pelo setor sociojurídico da Comarca de
Mossoró, constatamos que 33% das pessoas que procuram a unidade no ano de
2014 traziam demandas que não eram de nossa competência.
Isso nos mostra que, de fato, boa parte da população não conhece
nosso papel na defesa dos direitos difusos e coletivos no âmbito estadual. Essa
18 Até o ano de 2014 a Comarca de Mossoró só possuía 01 (uma) Promotoria de Justiça de
Defesa do Idoso, frente as 02 (duas) da área da Infância e Juventude já existentes.
30
constatação que agora se descortina só confirma nossas observações iniciais ao
londo das notas introdutórias desse trabalho.
Muito embora não seja nosso objetivo tratar essa informação de
maneira isolada, em nível nacional essa realidade é ainda pior. Segundo dados de
pesquisa realizada pela Universidade Federal Fluminense no de 201319, 77% das
pessoas entrevistadas não souberam responder em que áreas o MPF atua. 
Dessa maneira, o desenvolvimento de um instrumento de gestão que
possibilite o conhecimento prévio de nossa competência constitucional é algo
fundamental para garantir uma maior transparência de nossos serviços frente as
demandas da sociedade.
5. MAPEAMENTO DOS FLUXOS DE TRABALHO
5.1 Fluxo Atendimento ao Público
Um dos objetivos desse trabalho é conhecer o caminho realizado nos
principais processos de trabalho da instituição. Entre esses processos um dos mais
importantes para nossa pesquisa é o processo de atendimento ao público.
Para tanto, visando mapear seu passo a passo, apresentaremos o
fluxo que foi desenvolvido após a identificação das epatas necessárias entre a
busca pelo serviço pelo cidadão até a sua materialização por intermédio de alguns
dos instrumentos investigatórios utilizados pelo Ministério Público Estadual.
Todos os processos que serão apresentados a seguir foram
desenvolvidos com base no trabalho diário de membros e servidores da instituição,
após amplo desenvolvimento no Departamento de Planejamento e Gestão
Estratégica, notadamente na Gerência de Modernização Administrativa.
Por fim, os fluxos foram validados pela Chefia de Gabinete da
Instituição e Procuradoria-Geral de Justiça Adjunta, estando assim em
conformidade com os parâmetros atuais de trabalho desenvolvidos pela Instituição.
19 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Pesquisa de Opinião sobre a Imagem do Ministério
Público Federal. Disponível em: <http://imguol.com/blogs/52/files/2013/08/Relat%C3%B3rio-sum
%C3%A1rio.pdf>. Acesso em: maio de 2016.
http://imguol.com/blogs/52/files/2013/08/Relat%C3%B3rio-sum%C3%A1rio.pdf
http://imguol.com/blogs/52/files/2013/08/Relat%C3%B3rio-sum%C3%A1rio.pdf
31
Figura 2: Fluxograma de Atendimento ao Público
Todas as pessoas que chegam ao Ministério Público são previamente
submetidas a um cadastramento prévio, seguindo normas internas de segurança
32
orgânica. Ultrapassada essa fase preliminar, o cidadão é submetida a revista com
detector de metais e encaminhado ao setor de atendimento ao público, onde
aguardará sua vez de ser atendido.
Em regra todas as pessoas são atendidas por servidor da instituição.
Entretanto, é direito do cidadão ser atendido por um Promotor de Justiça, caso seu
caso seja de interesse sigiloso ou pela peculiaridade da demanda deva merecer
atendimento reservado (exemplo: casos de violência doméstica), sendo facultado
ao cidadão ser atendido exclusivamente por um promotor de justiça.
Após o cadastramento das informações pessoas no sistema interno
de controle, caberá ao servidor responsável pelo atendimento ao público identificar
se a demanda em questão está entre as áreas de atuação funcional da instituição.
Não sendo caso, deverá o servidor orientar o cidadão a procurar o
órgão respectivo. De outro modo, apósescutar a reclamação apresentada a
mesma será reduzida a termo, lida em voz alta e assinada em duas vias.
Logo após a manifestação é autuada, via sistema, como Notícia de Fato e
encaminhada ao Promotor de Justiça que deverá determinar a continuidade ou não
da peça preliminar por intermédio de algum dos instrumentos de investigação ou
determinar seu arquivamento, realizando a secretaria ministerial em ambos casos
as devidas comunicações a parte interessada. 
5.2 Fluxo Atuação Ministerial
O início da atuação do Ministério Público em um procedimento
extrajudicial pode ocorrer em razão de um atendimento ao público, mensagem
eletrônica, expedientes externos (como ofícios, por exemplo), representações,
designação do Procurador-Geral de Justiça, do Conselho Superior do Ministério
Público e demais órgãos superiores da Instituição, além de deflagração de ofício
(ou seja, o próprio membro do Ministério Público, ao tomar conhecimento de um
fato, determina a instauração de procedimento).
Em conformidade com o Manual da Taxonomia do Conselho Nacional
do Ministério Público (CNMP), todas as demandas recebidas pelo Ministério
Público devem ser formalizadas em um dos tipos de procedimentos ali elencados e,
atualmente, existem quatro tipos de procedimentos extrajudiciais que tramitam na
Promotoria de Justiça, cada um com uma finalidade específica.
Noticiados fatos que possam representar lesão a direito tutelado pelo
33
Ministério Público, o membro do MPRN que teve conhecimento da informação,
poderá determinar diligências (Requisições, notificações, audiência pública) para
levantar elementos que possam definir o tratamento mais adequado à informação,
até mesmo antes da instauração de Inquérito civil ou Procedimento Preparatório,
sob a forma de notícia de fato.
As notícias que chegarem até o membro do MPRN em relação a
ocorrência de fatos já mencionados, se necessário, podem ser alvo de
Procedimento Preparatório, que pretende levantar informações acerca da
identidade dos envolvidos, assim como do objeto:
a. Instaurado por despacho e presidido por membro do MPRN;
b. Receberá apoio administrativo para o cumprimento dos despachos
Ministeriais da(s) secretaria(s) das Promotorias de Justiça;
c. Receberá apoio administrativo do serviço de atendimento ao cidadão
para a entrega de notificações e ofícios e correspondência em geral
em virtude dos atos do procedimento extrajudicial;
d. Esgotadas as diligências ou levantadas as informações pretendidas
com a instauração do Procedimento Preparatório, o procedimento
poderá ser convertido em Inquérito Civil, promovido o seu
arquivamento ou ser alvo de resolução extrajudicial (expedição de
recomendação, celebração de ajustamento de conduta);
Na instrução do Procedimento Extrajudicial o presidente poderá determinar: 
a. Notificação para o comparecimento de pessoas, com o fim de realizar
oitivas;
b. Requisição de informações, documentos, vistorias, perícias etc. 
c. Realização de audiências públicas com o propósito de colher
informação que fundamente a convicção do Órgão de execução
proponente em relação ao objeto da convocação.
Para materializar o cumprimento das diligências determinadas nos
autos do procedimento preparatório ou inquérito civil, o apoio administrativo
oferecido ao órgão de execução poderá: 
a. Juntar aos autos os documentos que forem requisitados pelo órgão
de execução;
b. Confeccionar ofícios, notificações, comunicados e convites;
c. Solicitar a publicação, do que for necessário, ao serviço de publicação
34
da PGJ via Sistema Gerenciador de Demandas (SGD);
A juntada de documentos e solicitação de publicação deverão ser
antecedidas de determinação do presidente do Procedimento Extrajudicial, da
mesma forma os ofícios, notificações e convites deverão ter suas minutas
revisadas e asseveradas pelo membro do MPRN, antes de seu envio.
A instauração, evolução e arquivamento dos Procedimentos
Extrajudiciais deverão ser registrados sistemas próprios, com o intuito de promover
o controle e acompanhamento do Inquéritos civis e Procedimentos Preparatórios da
Promotorias de justiça, para fins correcionais e de gestão administrativa.
A atividade processual é registrada em meio eletrônico próprio e
padronizado, assim como, no sistema de automação Judicial do MPRN20, dando
condições de fornecer as informações necessárias para o preenchimento do
relatório mensal da corregedoria Geral do MPRN, assim como para os fins de
organização que se fizerem necessários.
Na ocasião da determinação de instauração do Procedimento
Preparatório ou do Inquérito Civil, o órgão de execução deverá dispor acerca da
necessidade de sigilo daquele procedimento. Atentando-se para o estabelecimento
da forma de guarda, acesso, publicação e fornecimento de informações referentes
àqueles autos.
Notícia de Fato
Os documentos ou pedidos de providências que chegam ao
conhecimento do membro do MPRN são registrados por intermédio de Notícias de
Fato.
Trata-se de instrumento inicial de autuação que serve de base para
registro e atuação funcional dos Promotores de Justiça. A Notícia de Fato, por
ser um procedimento menos burocrático, dispensa Portaria de Instauração,
publicação, nomeação de secretário etc. Quando o Promotor de Justiça despachar
com um simples “Registre-se e autue-se.” o servidor deverá fazer a autuação e
distribuição como Notícia de Fato.
Em consonância com a Resolução nº 013/2006 do CSMP, o prazo de
apuração da Notícia de Fato é de 30 (trinta) dias:
art. 5º O membro do Ministério Público, no exercício de suas atribuições
20 Atualmente o MPRN usa um novo sistema de automação de processos chamado de MPVirtual
35
criminais, deverá dar andamento, no prazo de 30 (trinta) dias a contar de
seu recebimento,às representações, requerimentos, petições e peças de
informação que lhes sejam encaminhadas.
Procedimento Preparatório
Procedimento Preparatório é o procedimento formal, prévio ao
Inquérito Civil, que visa apurar elementos para identificação dos investigados ou do
objeto (art. 9º da Lei nº 7.347/85 – Lei da Ação Civil Pública -, e art. 6º, §5º, da
Resolução nº 002, de 21 de junho de 2008 – CPJ/RN).
O referido procedimento será instaurado por despacho que deverá
conter os mesmos dados do Inquérito Civil (fundamento legal, nome do investigado
e do autor da representação, data e local, diligências iniciais, designação de
secretário, publicação e de afixação da cópia da Portaria).
O prazo de conclusão será de 90 (noventa) dias, prorrogáveis por
uma só vez em caso de justificada necessidade, conforme art. 2º, § 6º, da
Resolução nº 23/2007 – CNMP. 
Chegando ao final do prazo, o procedimento deverá ser convertido
em Inquérito Civil, arquivado ou utilizado como fundamento para o ajuizamento de
Ação Civil Pública.
Ressalta-se que, no âmbito do MPRN, atualmente, a regulamentação
da instauração e tramitação do procedimento preparatório e inquérito civil é através
a Resolução nº 002/2008-CPJ. 
Inquérito Civil
O Inquérito Civil mostra-se necessário quando a questão apresentada
ao Ministério Público é mais profunda, demandando mais diligências. Caso o
Promotor de Justiça possa identificar quem serão os investigados e qual será o
objeto da investigação, deverá instaurar o Inquérito Civil, sendo desnecessário o
Procedimento Preparatório.
O art. 4º da Resolução nº 23 do CNMP trata da instauração e prorrogação:
Art. 4º O inquérito civil será instaurado por portaria, numerada em ordem
crescente, renovada anualmente, devidamente registrada em livro próprio
e autuada, contendo:
I – o fundamento legal que autoriza a ação do Ministério Público e a
descrição do fato objeto do inquérito civil;
II – o nome e a qualificação possível da pessoa jurídica e/ou física a quem
o fato é atribuído;
III – onome e a qualificação possível do autor da representação, se for o
36
caso;
IV – a data e o local da instauração e a determinação de diligências
iniciais;
V – a designação do secretário, mediante termo de compromisso, quando
couber;
VI - a determinação de afixação da portaria no local de costume, bem
como a de remessa de cópia para publicação.
Parágrafo único. Se, no curso do inquérito civil, novos fatos indicarem
necessidade de investigação de objeto diverso do que estiver sendo
investigado, o membro do Ministério Público poderá aditar a portaria inicial
ou determinar a extração de peças para instauração de outro inquérito
civil, respeitadas as normas incidentes quanto à divisão de atribuições.
Merece esclarecimento que o Inquérito Civil é o procedimento
investigatório de natureza inquisitorial, cujo objeto é realizar colheita de dados e
elementos para propositura de eventual ação civil pública ou adoção de outras
providências, como expedição de recomendações e celebração de termo de
ajustamento de conduta.
O artigo 9º da Resolução nº 23/2007-CNMP determina que o Inquérito
Civil deverá ser concluído no prazo de um ano, prorrogável pelo mesmo prazo e
quantas vezes forem necessárias, por decisão fundamentada de seu presidente,
em razão da imprescindibilidade da realização ou conclusão de diligências, dando-
se ciência ao Conselho Superior do Ministério Público.
Da mesma forma, a Resolução nº 002/2008-CPJ dispõe que o
Inquérito Civil deverá ser concluído no prazo de um ano, prorrogável pelo mesmo
prazo por até três vezes e, havendo necessidade de prorrogação além das três
vezes, poderá ocorrer nova dilação, mediante comunicação ao Conselho Superior
do Ministério Público, fundamentada em relatório circunstanciado acerca das
providências já adotadas.
Sendo assim, concluído o prazo, deverá o servidor certificar nos
autos, cabendo ao Promotor de Justiça prorrogar o prazo fundamentadamente,
comunicando ao CSMP.
Por força da previsão contida na Resolução nº 23/2007, com redação
dada pela Resolução nº 59, de 27 de julho de 2010, do Colégio de Procuradores de
Justiça, todos os ofícios requisitórios destinados a instruir inquérito civil ou
procedimento preparatório devem ser fundamentados e acompanhados de cópia
da portaria que instaurou o procedimento ou com indicação precisa do endereço
eletrônico oficial em que tal peça esteja disponibilizada.
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Procedimento Investigatório Criminal – PIC
O art. 1º da Resolução nº 13, de 02 de outubro de 2006, do CNMP,
define Procedimento Investigatório Criminal como instrumento de natureza
administrativa e inquisitorial, instaurado e presidido pelo membro do Ministério
Público com atribuição criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de
infrações penais de natureza pública, servindo como preparação e embasamento
para o juízo de propositura, ou não, da respectiva ação penal.
Normalmente, ao tomar conhecimento da existência de algum crime,
pode o Promotor de Justiça simplesmente requisitar a instauração de Inquérito
Policial ou Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO. Contudo, é possível a
instauração do PIC quando houver dúvida sobre a lisura ou eficiência da
investigação policial, por qualquer outro motivo, a critério do Promotor de Justiça.
Da mesma forma que o Inquérito Civil, o PIC deverá ser instaurado
por meio de Portaria fundamentada, conforme art. 4º, da Resolução nº 13/2006-
CNMP:
Art. 4º O procedimento investigatório criminal será instaurado por portaria
fundamentada, devidamente registrada e autuada, com a indicação dos
fatos a serem investigados e deverá conter, sempre que possível, o nome
e a qualificação do autor da representação e a determinação das
diligências iniciais.
Parágrafo único. Se, durante a instrução do procedimento investigatório
criminal, for constatada a necessidade de investigação de outros fatos, o
membro do Ministério Público poderá aditar a portaria inicial ou determinar
a extração de peças para instauração de outro procedimento.
Art. 5º Da instauração do procedimento investigatório criminal far-se-á
comunicação imediata e escrita ao Procurador-Geral da República,
Procurador-Geral de Justiça, Procurador-Geral de Justiça Militar ou ao
órgão a quem incumbir por delegação, nos termos da lei.
A instauração deverá ser comunicada ao Procurador-Geral de Justiça
e ao Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminais e, na
hipótese de investigação com indício de envolvimento de organização criminosa, ao
GAECO (Art. 5º, da Resolução nº 008/2009-CPJ).
O prazo de conclusão do PIC é de noventa dias, prorrogáveis quantas
vezes forem necessárias para a conclusão da investigação (art. 12, da Resolução
nº 13/2006-CNMP).
Um aspecto diferente do PIC é que o controle de seu arquivamento
segue o mesmo do Inquérito Policial, e não do Inquérito Civil, ou seja, o
Procedimento Investigatório Criminal não é encaminhado ao Conselho Superior do
38
Ministério Público, mas ao Juízo criminal competente para julgar eventual ação
penal, nos termos do art. 15, da Resolução nº 13/2006-CNMP:
Art. 15 Se o membro do Ministério Público responsável pelo procedimento
investigatório criminal se convencer da inexistência de fundamento para a
propositura de ação penal pública, promoverá o arquivamento dos autos
ou das peças de informação, fazendo-o fundamentadamente.
Parágrafo único. A promoção de arquivamento será apresentada ao juízo
competente, nos moldes do art.28 do CPP, ou ao órgão superior interno
responsável por sua apreciação, nos termos da legislação vigente.
A instrução do Procedimento Investigatório Criminal será feita por
meio de requisições, notificações e as demais diligências as quais a legislação
permitir. O prazo para resposta de requisições em procedimentos deste tipo é,
normalmente, de 10 (dez) dias.
Na ocasião da determinação de instauração do Procedimento
Preparatório de natureza criminal ou do Procedimento Investigatório Criminal, o
órgão de execução deverá dispor acerca da necessidade de sigilo daquele
procedimento. Atentando-se para o estabelecimento da forma de guarda, acesso,
publicação e fornecimento de informações referentes àqueles autos.
39
Figura 3: Fluxograma da Atuação Funcional
40
6. CONCLUSÃO
Conforme registrado nas linhas iniciais desse trabalho, nossa jornada
teve por objetivo estudar os aspectos pertinentes ao desenvolvimento da Carta de
Serviços necessárias ao caso do Ministério Público do Estado do Rio Grande do
Norte.
Seguindo a metodologia traçada pelo manual metodológico para o
desenvolvimento da Carta de Serviço do Projeto GESPÚBLICA, ao qual somos
aderentes, analisamos a natureza dos serviços prestados pelo Ministério Público
Estadual sob um prisma jurídico-constitucional, detalhando sua atuação funcional
em 09 (nove) grandes áreas de atuação: consumidor; criminal; educação, idoso,
infância e juventude; meio ambiente; patrimônio público, pessoa com deficiência e
saúde.
Visando conhecer quais eram os principais serviços procurados, a
partir do estudo de caso da Comarca de Mossoró, descobrimos que os serviços
mais procurados no âmbito da atuação do MPRN foram na área da defesa da
saúde (38,01%) e da pessoa idosa (27,80%).
Além disso, descobrimos que, de fato, boa parte da população do
Estado do RN desconhece a atuação funcional do MPRN. Entre as 1127 (mil, cento
e vinte e sete) fichas de atendimento ao público estudas na Comarca de Mossoró
no ano de 2014, 33% delas procuraram a instituição para tratar de assuntos que
não faziam parte dos serviços prestados pela instituição. 
Isso nos mostra que boa parte de nosso atendimento ao público é
utilizado para atender demandas que não são, em regra, de nossa competência,
desperdiçando assim tempo, recursos humanos e materiaisimportantes,
principalmente quando estamos a tratar de recursos públicos.
Por fim, mapeamos os fluxos de atendimento a população e do
desenvolvimento da atuação funcional, na área extrajudicial, apresentando os
instrumentos de investigação utilizados pelo Ministério Público na defesa dos
direitos difusos e coletivos e individuais indisponíveis. 
Todo esse esforço serviu de base para o desenvolvimento da
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Proposta de Carta de Serviços do Ministério Público do Estado do Rio Grande
Norte, colecionada ao final desse trabalho como Anexo A .
42
7. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Gregório Assadra, Teoria Geral do Ministério Público, Editora DelRey,
São Paulo, 2015.
BACELAR BORRALHO, Vera Maria; MARTINS. Participação e controle social.
Brasília, Revista dos Tribunais, 2012.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Organização de Alexandre de Moraes. 16.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
Rio Grande do Norte. Constituição (1989). Constituição do Estado de Rio Grande 
do Norte. Diário Oficial do estado do Rio Grande do Norte, Natal, 4 set. 1989.
BRASIL. Artigo 7º, da Resolução Conjunta nº 002/2011-PGJ-CGMP e
Recomendação nº 002/2008 da Corregedoria-Geral do Ministério Público.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Gestão.
Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização – GESPÚBLICA;
Prêmio Nacional da Gestão Pública – PQGF; guia metodologico; Brasília; MP,
SEGES, 2009. Versão 1/2009. Disponível em:
<http://www.gespublica.gov.br/sites/default/files/documentos/carta_de_servicos_ao
_cidadao_-_guia_metodologico.pdf>. Acesso em fevereiro de 2016.
COSTA, Índio da. Adminstração Pública no século XXI: Foco no Cidadão. Rio
de Janeiro: Qualitymark, 2008.
DA SILVA, José Afonso. Direito Constitucional Ambiental. 2. ed. São Paulo:
Malheiros, 2014.
EDSON, Silva. Gestão de Qualidade no Desenvolvimento do Produto e do
Processo. Editora Ciência Moderna. São Paulo – 2014.
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43
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11.
ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
LIMA, Jean Marcel Cunto, O modelo de Gestão estratégica do Ministério Público do
Estado do Rio Grande do Norte: a análise da implantação do Balanced Scoredcard,
Anais. Natal, UFRN, 2013.
MAZZILLI, Hugo Nigro, Ministério Público, São Paulo: Ed. Saraiva, 2015.
MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 16a. Ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2012.
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. Pesquisa de Opinião sobre a Imagem
do Ministério Público Federal. Disponível em:
<http://imguol.com/blogs/52/files/2013/08/Relat%C3%B3rio-sum%C3%A1rio.pdf >.
Acesso em: maio de 2016.
http://imguol.com/blogs/52/files/2013/08/Relat%C3%B3rio-sum%C3%A1rio.pdf

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