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OTrabalhoProfissionalDosAssistentesSociais-Santos-2020

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
MÉRCIA SILVA BRITO DOS SANTOS 
 
 
 
O TRABALHO PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS NO ÂMBITO DE 
UNIDADES DE EMERGÊNCIA: O CASO UPA SUL – DR. LEÔNIDAS FERREIRA 
EM NATAL/RN 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2020 
 
 
Mércia Silva Brito dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
O trabalho profissional dos Assistentes Sociais no âmbito de unidades de 
emergência: o caso upa sul – Dr. Leônidas Ferreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à coordenação do 
Curso de Serviço Social da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, 
como requisito para obtenção do título de 
Bacharel em Serviço Social. 
 
Orientador: Prof. Dr. Roberto Marinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências 
Sociais Aplicadas - CCSA 
 
Santos, Mercia Silva Brito Dos. 
 O trabalho profissional dos assistentes sociais no âmbito de unidades de 
emergência: o caso UPA Sul - Dr. Leônidas Ferreira em Natal/RN / Mercia Silva Brito 
Dos Santos. - 2020. 
 73f.: il. 
 
 Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Serviço Social, Natal, 
RN, 2020. 
 Orientador: Prof. Dr. Roberto Marinho Alves da Silva. 
 
 
 1. Sistema único de saúde - Monografia. 2. Unidade de pronto atendimento - 
Monografia. 3. Serviço Social - Monografia. 4. Saúde - Monografia. I. Silva, 
Roberto Marinho Alves da. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. 
Título. 
 
RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 364:61 
 
 
 
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355 
 
 
 
Mércia Silva Brito dos Santos 
 
 
 
O trabalho profissional dos Assistentes Sociais no âmbito de unidades de 
emergência: o caso upa sul – Dr. Leônidas Ferreira 
 
 
 
Monografia submetida à coordenação do 
Curso de Serviço Social da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, 
como requisito para obtenção do título de 
Bacharel em Serviço Social. 
 
 
Aprovada em: ___/___/____ 
 
 
 BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
Prof. Dr. Roberto Marinho Alves da Silva (Orientador) 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
 
 
 
Prof.ª Dr.ª Eliana Andrade da Silva 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
 
 
 
Laíz Cristina de Oliveira – CRESS: 4603/RN 
Assistente Social da UPA Sul - Dr. Leônidas Ferreira 
 
 
NATAL/RN 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho exclusivamente à 
Deus, por ter me sustentado durante toda 
esta caminhada, por ter fortalecido a minha 
fé quando pensei que não iria ter mais 
força para caminhar. A Ele à Honra, à 
Glória e todo Louvor. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Hoje estou imensamente feliz por estar se fechando um ciclo tão significativo 
na minha vida, a minha tão sonhada graduação. Porém, tem um detalhe, não 
conseguiria chegar até aqui sozinha, nesta intensa jornada de estudos encontrei 
muitos braços que me apoiaram para que eu chegasse até aqui e hoje em mim aflora 
o sentimento de gratidão por todos vocês. 
Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter acreditado em mim, por ser meu 
maior incentivador, o meu amigo de todas as horas, e principalmente, daquelas que 
eu precisei literalmente de um milagre. Agradeço a meu Deus pelo trabalho em equipe, 
por todas as pessoas formidáveis que colocou em minha vida nessa trajetória 
acadêmica. 
Agradeço aos meus pais por todo esforço empenhado ao longo da vida por 
mim, uma família de oito filhos, mas sempre se empenharam para nos oferecer o 
melhor que podiam. Ao meu pai José Garcia de Brito (in memoriam), hoje só queria 
poder te dar um abraço e te entregar esse certificado, como prêmio de todos os seus 
anos de duro e árduo trabalho. A você Severina Brito, minha mãezinha querida, toda 
minha gratidão, a senhora que nunca mediu esforços pra me ajudar, te agradeço por 
todas as suas renúncias para me proporcionar sempre o melhor, por suas orações e 
sua dedicação em puro amor. 
Em especial à minha Família, ao meu esposo Alex, por abrir mão dos seus 
próprios sonhos para me fazer sonhar. Obrigada, meu amor, quando decidiu que 
deveríamos nos mudar para próximo da UFRN para facilitar meu trajeto 
casa/universidade por causa de uma gravidez de risco, por todas as vezes que 
precisou exercer o papel de pai e mãe ao mesmo tempo, da destreza de levar Laurinha 
nas horas do intervalo para amamentar. Desculpa, pelos momentos que tanto 
precisou de mim e não pude te ajudar e não compreendia que eram necessárias tantas 
horas/dias de empenho aos estudos, mas mesmo assim, nunca deixou de me apoiar 
e me proporcionar momentos à sós para estudar, sem você esse sonho não se 
tornaria realidade. A você Stefanny, minha primogênita, que deu o primeiro passo para 
tudo isso acontecer, quando fez nossas inscrições juntas no Enem, nem eu mesma 
acreditava na minha capacidade, mas fui fazer a prova para te agradar, daí veio a 
grande surpresa “Aprovadas na Federal”. Deus realiza sonhos, foi maravilhoso 
compartilhar da mesma vida acadêmica com você, essa experiência me ressignificou 
 
 
em muitas áreas, me tornando um ser humano muito melhor. A nossa caçulinha Laura 
Helena, filha enfrentamos tantos desafios juntas, você ainda no meu ventre, este 
certificado também é seu, você compartilhou esse sonho com a mamãe desde suas 
primeiras sete semanas de vida, e hoje me alegro de te ver tão linda e esperta com 
quase quatro anos de idade. Minha gratidão família, amo vocês. 
Quero agradecer a pessoas tão especiais que tiveram todo amor em cuidar da 
minha família e em especial da Laurinha, obrigada Luzia Silva e Luciana Silva, jamais 
vou esquecer de tudo que fizeram por nós. A você Cláudia Amaro, muito obrigada por 
todo amor e cuidado com minha família, você também foi uma peça muito importante 
nesse processo, com certeza Deus não deixaria você faltar nessa equipe, com suas 
manobras engenhosas, se dividindo em várias para chegar na nossa casa. 
Minha gratidão vai para uma pessoa muito especial que fez toda diferença na 
minha vida acadêmica, uma amizade que irei levar para vida. Rosinete Linhares, 
palavras me faltam para te dizer muito obrigada, sou grata a Deus pela sua vida, por 
todo apoio acadêmico, pelo incentivo até mesmo quando lhe faltava forças para 
prosseguir. No meu processo de construção acadêmica você foi muito importante, e 
quero dividir meu certificado com você amiga, por toda sua cumplicidade, por guerrear 
a minha causa e conhecer o propósito desta graduação na minha vida, obrigada por 
não desistir de mim e hoje me alegro em saber que conseguimos juntas concluir essa 
etapa, nenhuma de nós duas foi deixada para traz. 
Agradeço também a essa pequena menina, que se tornou gente grande tão 
rápido, minha ovelhinha e parceira de universidade. Camila Amaro, você não ficaria 
de fora dessa equipe, nossos laços se fortaleceram ainda mais nessa trajetória, ou 
melhor nossa trajetória. Obrigada Camila, pude dividir mais um sonho ao seu lado, 
mais uma vitória para nossa conta de muitas outras vitórias que virão. 
Ao meu orientador Dr. Roberto Marinho, obrigada por acreditar em mim, por me 
lembrar sempre que sou capaz de ir mais longe, sua tranquilidade e sua paciência me 
ajudaram nas horas mais angustiantes da pandemia do Covid-19, quando não tive 
concentração para ler e muito medo de não conseguir escrever. Te agradeço pelas 
suas orientações, por me ajudar finalmente a decidir meu tema me proporcionando 
chegar até aqui, você é um exemplo de profissional e ser humano.Agradeço aos membros da minha congregação Assembleia de Deus Ministério 
Sudoeste em Natal, a todos que me apoiaram, me relembrando que Deus sempre 
estaria comigo, uma vez que Ele tinha permitido essa etapa em minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Aos homens é isso impossível, mas a 
Deus tudo é possível.” 
Mateus 19:26b 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo analisar criticamente a atuação 
de Assistentes Sociais no âmbito da rede de urgência e emergência, especificamente 
no Serviço Social da Unidade de Pronto Atendimento do Distrito Sul de Natal/RN, a 
UPA Sul Dr. Leônidas Ferreira. Esta pesquisa apoia-se no método crítico dialético 
tendo em vista que este possibilita a apreensão da totalidade, historicidade e 
contradições do objeto estudado. Para fins metodológicos foi realizada revisão 
bibliográfica e documental, além dos cadernos de campo e relatórios da vivência do 
estágio supervisionado obrigatório I e II do Curso de Serviço Social da UFRN no 
período de 2019.1 e 2019.2, realizado na UPA-Sul de Natal/RN. Os resultados 
mostram que, mesmo havendo contradições referente ao desenvolvimento das 
práticas socioeducativas e de controle social no trabalho dos Assistente Sociais em 
virtude das particularidades impostas na correlação de forças de uma Unidade de 
Pronto Atendimento de Urgência e Emergência, é imprescindível buscar estratégias 
críticas e dinâmicas comprometida com o Projeto Ético Político da Profissão. 
 
Palavras-chave: Sistema Único de Saúde; Unidade de Pronto Atendimento; Serviço 
Social; Saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This final paper aims to critically analyze the performance of Social Workers in the 
context of health emergency units, specifically Social Work of the Urgent/Emergency 
and Intensive Care Unit of the Southern District of Natal/RN, emergency care unit (as 
known as Unidade de Pronto Atendimento - UPA) Dr. Leônidas Ferreira. This research 
is based on the dialectical critical method since it allows the apprehension of the 
totality, historicity and contradictions of the object studied. For methodological 
purposes, a bibliographic and documentary review was carried out, further fieldwork 
registers and reports experiences of the mandatory supervised practice I and II of the 
Social Work Course in the period 2019.1 and 2019.2, realized in UPA of the Southern 
District of Natal/RN. The results show that, even though there are contradictions 
regarding the development of socio-educational practices and social control in the 
intervention of Social Workers due to the particularities imposed in the correlation of 
forces of an Urgent/Emergency Care Units, it is essential to seek critical and dynamic 
strategies committed to the Political Ethical Project of the Profession. 
 
Keywords: Unified Health System; Emergency Care Units; Social Work; Health. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
CAPES Caixas de Aposentadorias e Pensões 
CEBES Centro Brasileiro de Estudos de Saúde 
CF Constituição Federal de 1988 
CFESS Conselho Federal de Serviço Social 
CLT Consolidação das Leis Trabalhistas 
CNS Conferência Nacional de Saúde 
CNS Conselho Nacional de Saúde 
DENURE Departamento Nacional de Endemias Rurais 
DSS Determinantes Sociais da Saúde 
EIR Exército Industrial de Reserva 
HCP Hospitais Especializados em Cuidados Prolongados 
IAPS Instituto de Aposentadorias e Pensões 
INPS Instituto Nacional da Previdência Social 
OMS Organização Mundial da Saúde 
PAC Programa de Aceleração do Crescimento 
PEPSS Projeto Ético Político do Serviço Social 
PNAU Política Nacional de Atenção ás Urgência 
PRAE Programa de Acessibilidade Especial - Porta a Porta 
RAS Rede de Atenção de Saúde 
RBS Reforma Sanitária Brasileira 
RUE Rede de Atenção às Urgências e Emergências 
SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 
SISREG Sistema de Regulação 
SUDES Sistema Único Descentralizado de Saúde 
SUS Sistema Único de Saúde 
SVO Serviço de Verificação de Óbito 
UBS Unidade Básica de Saúde 
UCP Unidades de Internação em Cuidados Prolongados 
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
UPA Unidade de Pronto Atendimento 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Estrutura de Pessoal da UPA Sul – Natal/RN ........................................... 37 
Figura 2 - Fachada da UPA Sul ................................................................................. 38 
Figura 3 - Leito da Sala Amarela ............................................................................... 39 
Figura 4 - Sala de Sutura .......................................................................................... 40 
Figura 5 - Protocolo de Manchester - classificação de risco dos pacientes .............. 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1 - Funcionários da Unidade de Pronto Atendimento UPA Sul .................... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 
2 A POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL: AS PARTICULARIDADES DO PRONTO 
ATENDIMENTO ........................................................................................................ 19 
2.1 AS POLÍTICAS SOCIAIS NO CAPITALISMO: BREVES NOTAS HISTÓRICAS E 
TEÓRICAS SOBRE PARTICULARIDADES DA FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA
 .................................................................................................................................. 19 
2.2 POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL: ASPECTOS HISTÓRICOS E DESAFIOS NA 
ATUALIDADE ............................................................................................................ 25 
2.3 A REDE DE ATENÇÃO À URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NO SISTEMA ÚNICO DE 
SAÚDE ...................................................................................................................... 33 
2.3.1 A Unidade de Pronto Atendimento UPA Sul - Natal/RN ............................... 36 
3 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE: PARTICULARIDADES DO TRABALHO 
PROFISSIONAL NAS UNIDADES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ..................... 43 
3.1. INSERÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA POLÍTICA DE SAÚDE ......................... 44 
3.2 PARTICULARIDADES DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA REDE DE 
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NAS UPAS ................................................................. 47 
3.3 AVANÇOS E DESAFIOS DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NAS ATIVIDADES 
SOCIOEDUCATIVAS E DE CONTROLE SOCIAL: O CASO UPA SUL .................... 57 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 65 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68 
 
14 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este é um Trabalho de Conclusão de Curso que tem por objetivo analisar 
criticamente a atuação dos Assistentes Sociais no âmbito da rede de urgência e 
emergência em saúde, especificamente, o fazer profissional do Serviço Social da 
Unidade de Pronto Atendimento do Distrito Sul de Natal/RN, a UPA Sul Dr. Leônidas 
Ferreira. 
O Serviço Social compreende uma profissão que está presente em vários 
espaços sócio-ocupacionais tendo em vista a sua especificidade na divisão 
sociotécnica do trabalho, de forma que a política de saúde compreende um desses 
espaços de atuação do Assistente Social, cuja profissão é regulamentada pela lei nº 
8.662, de 1993. 
A inserção dos Assistentes Sociais nos serviços de Saúde se deu no 
reconhecimento social da profissão, materializada através da Resolução do Conselho 
Federal de Serviço Social (CFESS) nº 383/99,antecedida pela resolução nº 218/97, 
do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que caracteriza o Assistente Social como 
profissional da saúde, entendendo que seu trabalho profissional contribui para 
promover direitos e reforçar a necessidade de consolidação dos princípios do SUS, 
através de sua atuação pautada no Código de Ética, buscando a efetivação da política 
de saúde de forma democrática em consonância com a proposta da Reforma 
Sanitária. 
Em um contexto de perda de direitos já adquiridos pela classe trabalhadora e 
assegurados pelo Constituição Federal de 1988, lidar com o Projeto Privatista e o 
Projeto da Reforma Sanitária são os grandes desafios postos ao Serviço Social na 
política de saúde. O Assistente Social contribui de forma relevante, para a viabilização 
e garantia de direitos dos usuários que solicitam os diferentes serviços dentro desses 
espaços. Por isso, se faz necessária a compreensão dos limites, desafios e 
possibilidades vivenciados pelo Serviço Social na UPA Sul, o qual experimenta o 
reflexo de um contexto mais geral, cuja essência é a progressiva perda de direitos 
sociais na atualidade brasileira que repercute na área da saúde. 
O cotidiano do Serviço Social é marcado pelos desafios advindos das 
ofensivas neoliberais implantadas no Brasil no início da década de 1990, confrontando 
com as garantias dos direitos adquiridos na Constituição Federal de 1988, o que tem 
sido obstáculo para a efetivação do Projeto da Reforma Sanitária e que favorece a 
15 
 
 
consolidação ideológica de um SUS destinado às pessoas que não podem pagar por 
um serviço de saúde privado. Contudo, o Projeto da Reforma Sanitária não se finda 
na instituição do Sistema Único de Saúde - SUS, pois ele possui um caráter ideológico 
transformador que vai além do setor da saúde e aponta para mudanças societárias 
revolucionárias, o que o articula ao projeto ético profissional do Serviço Social na 
defesa dos direitos da classe trabalhadora. 
A busca pela democratização, proposta tanto no Código de Ética Profissional 
do Serviço Social quanto no Projeto da Reforma sanitária, se faz sob a perspectiva de 
eliminar as formas autoritárias e tradicionais de gestão das Políticas Sociais, de modo 
que passe a haver uma maior transparência das informações e que elas sejam 
repassadas com maior clareza para a população de modo que possibilite uma maior 
participação da sociedade nos processos decisórios. É sob esta preocupação que a 
categoria dos Assistentes Sociais vem cada vez mais entendendo a informação em 
saúde articulada à necessidade de ações educativas realizadas pelos profissionais 
que atuam no campo da saúde. 
Ressaltamos, que essa atuação em torno da defesa dos direitos dos usuários 
é de suma importância, na perspectiva de contribuir para a construção e consciência 
dos usuários enquanto cidadãos capazes de refletir criticamente e transformar a 
realidade concreta ocupando os espaços democráticos em defesa do SUS 
constitucional. 
É partindo dessa concepção, que o objetivo geral desse trabalho pretende 
analisar as particularidades do trabalho dos profissionais no âmbito de unidades de 
Atendimento de Urgência e Emergência em Saúde, tendo por referência o caso da 
UPA Sul, em Natal/RN. Foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: 1) 
Fazer articulação entre a formação histórica brasileira, as tendências, os traços e as 
expressões, no Estado, nas políticas sociais, no SUS e na profissão. 2) Caracterizar 
o trabalho profissional do Assistente Social na Saúde e suas particularidades nas 
Unidades de Urgência e Emergência; e 2) Verificar as condições do trabalho 
profissional no Serviço Social na UPA Sul para desenvolvimento de atividades sócio-
educativas e de controle social. 
A escolha desta temática se deu a partir da experiência de estágio 
supervisionado do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte – UFRN, nos dois semestres letivos de 2019, na Unidade de Pronto Atendimento 
– UPA Sul – Dr. Leônidas Ferreira. A realidade vivenciada durante este período me 
16 
 
 
fez pensar sobre a importância do trabalho do Serviço Social na política de saúde, 
considerando as particularidades e a complexidades dos diferentes tipos de unidades 
de atendimento, de forma que esta preocupação fundamentou a escolha deste objeto 
de estudo. 
Através desta experiência, verifica-se que as assistentes Sociais realizam 
atividades de acolhimento aos recém-internados e seus acompanhantes, orientam 
sobre os direitos ofertados pela seguridade social, socializa informações sobre os 
demais serviços da rede de saúde, como também da assistência e o sócio-jurídico. 
Da mesma forma, fazem visitas aos leitos para acompanhamento da evolução social 
dos pacientes internados, orienta os familiares em caso de óbito dentre outras 
atividades importantes na rede de urgência e emergência para garantia do direito à 
saúde da população. 
A Rede de Urgência e Emergência é o conjunto de serviços que envolve a 
atenção à saúde em todos os níveis de complexidade do SUS. Junto com os demais 
componentes constitutivos das Redes de Atenção à Saúde, a RUE busca promover e 
assegurar a universalidade e integralidade da atenção, a equidade do acesso, além 
da transparência na alocação de recursos. (Brasil, 2013) 
Conforme a portaria 1.600 de 2011 “A organização da Rede de Atenção às 
Urgências tem a finalidade de articular e integrar todos os equipamentos de saúde, 
objetivando ampliar e qualificar o acesso humanizado e integral aos usuários em 
situação de urgência e emergência nos serviços de saúde, de forma ágil e oportuna.” 
Tal rede deve ser implantada, gradativamente, em todo território nacional, 
respeitando-se critérios epidemiológicos e de densidade populacional. 
O acolhimento com classificação do risco, a qualidade e a resolutividade na 
atenção constituem a base do processo e dos fluxos assistenciais de toda Rede de 
Atenção às Urgências e devem ser requisitos de todos os pontos de atenção e 
fundamentais para a sua organização. Uma das diretrizes desta rede, é a atuação 
multiprofissional, no qual o fazer profissional do Serviço Social é indispensável tendo 
em vista à garantia da saúde ampliada e como direito. As Unidades de Pronto 
Atendimento (UPA) são um serviço essencial no que tange esta rede. Uma das 
diretrizes desta rede é o atendimento multiprofissional, onde o Serviço Social está 
inserido e tem um papel de extrema relevância. 
O projeto profissional do Serviço Social é produto de um movimento de luta 
pela redemocratização do nosso país. Iamamoto (2009b), afirma que nesse cenário 
17 
 
 
se amplia a organização social, onde os assistentes sociais participam das lutas 
democráticas e avaliam seu papel social. Com isso há um novo redirecionamento para 
o Serviço Social, que tem um viés ideológico mais crítico fundamentado nas 
dimensões ético-política, teórico-metodológico e técnico-operativa, que nos permite 
ver além da aparência, descortinar a realidade nessa arena de disputa por interesses 
na atual conjuntura do país, onde os interesses da classe hegemônica no sistema 
capitalista dominam a classe trabalhadora. 
Portanto, a delimitação do objeto de análise sobre o trabalho do Serviço Social 
na UPA Sul de Natal/RN, discorre particularmente em torno de suas atribuições, 
competências e desafios profissionais. Implica em resgatar os processos históricos, 
os avanços e limites das lutas pela redemocratização do Brasil na década de 1980, 
resultando em importantes conquistas sociais, até os dias atuais quando verificamos 
a restrição e eliminação desses direitos. Também é necessário considerar a 
importância da intervenção socioeducativa de Assistentes Sociais para o resgate 
dessa memória, visando a construção da consciência dos sujeitos, mobilizando-os 
para defesa dos seus direitos e para transformar a realidade em que vivem, 
proporcionada através deuma formação política e uma reflexão crítica, ocupando os 
espaços democráticos em defesa do SUS constitucional, particularmente nos 
conselhos e nas conferências de saúde. 
É nesse contexto que problematizamos teoricamente o objeto de estudo, 
considerando as contradições do trabalho profissional na saúde a partir de uma 
perspectiva de totalidade da realidade social. Ou seja, de como os processos de ajuste 
fiscal estrutural e das contrarreformas do Estado, precarizam os direitos sociais e as 
políticas sociais que os concretizam, impactam o exercício do serviço social na saúde, 
particularmente naqueles espaços de atendimento de urgência e emergência. 
A partir disso, compreendemos a importância do método materialista histórico 
dialético de Marx que consiste na prática de uma pesquisa sob um objeto, 
compreendendo como total, complexo e em movimento, uma vez que o exercício de 
análise não está embasado nas teorias prévias do pesquisador, e sim, no próprio 
objeto e suas nuances. É uma prática de estudo da realidade pela realidade concreta, 
não por expirações de terceiros, porém a reprodução do movimento fundamentado do 
que está sendo analisado (NETTO, 2011). É papel do pesquisador absorver essa 
dinâmica de forma crítica e completa, analisando as bases, a historicidade dos fatores 
18 
 
 
e resultados das problemáticas que por si só existem, identificá-las, e assim 
compreender como ela se estabelece no cotidiano mutável, mas real. 
Desta forma se estabelece o material do presente trabalho acadêmico, tendo 
como escolha a metodologia que envolve a análise bibliográfica e documental, 
realizada de forma qualitativa, não havendo uma preocupação em quantificar. 
Utilizamos a revisão de literatura referente à temática através de livros, legislações, 
pesquisa aos documentos como o relatório do estágio supervisionado da autora na 
UPA Sul em 2019 e seu diário de campo. 
Na fundamentação teórico-metodológica e aprofundamentos das principais 
categorias de análise, sobre a determinação social da saúde e o Movimento da 
Reforma Sanitária, o trabalho do Assistente Social na Saúde, e as contrarreformas 
nas políticas sociais expressas nos desmontes dos direitos na atualidade, buscou-se 
revisar a produção bibliográfica do Serviço Social com destaque para Behring & 
Boschetti (2011); Bravo (2001, 2012, 2013); Iamamoto (2015); Motta (2009) e Matos 
(2017), entre outros. 
Com base na análise realizada, este trabalho está estruturado em quatro partes 
considerando esta introdução e as considerações finais. Os dois capítulos que 
sistematizam os conteúdos e resultados do estudo, foram organizados considerando 
os elementos de contextualização e de análise específica do objeto. O primeiro 
capítulo trata da questão da saúde na formação social brasileira, destacando, de 
forma breve, as trajetórias da política de saúde, seus aspectos históricos e os desafios 
na atualidade, destacando os movimentos e determinações que marcaram a trajetória 
dessas políticas. Já o segundo capítulo aborda a inserção do Serviço Social na política 
de saúde e as características ou particularidades do trabalho profissional de 
Assistentes Sociais nas Unidades de Pronto Atendimento de Urgência, contribuindo 
para desvendar as possibilidades e desafios nas ações socioeducativas e da 
participação popular para a apropriação e garantia de direitos. 
 
 
 
 
19 
 
 
2 A POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL: AS PARTICULARIDADES DO PRONTO 
ATENDIMENTO 
 
A Constituição Federal de 1988 alterou o padrão da Seguridade Social no 
Brasil, enquanto “conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da 
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social” (BRASIL, 1988). Fruto do processo de mobilização pela 
redemocratização da sociedade brasileira, particularmente do Movimento da Reforma 
Sanitária Brasileira, foi conquistado o Sistema Único de Saúde (SUS), com uma 
política de acesso universal e livre de contribuição. 
Desde a sua institucionalização, o SUS vem tentando se efetivar em um 
contexto desfavorável de imposição neoliberal de estratégias privatizantes e de 
desmonte do Estado e das suas políticas sociais para ajustar a economia brasileira 
aos interesses da reestruturação produtiva do capital, implicando em medidas 
restritivas de ampliação e acesso a direitos sociais, sobretudo nos anos 1990, 
marcado pela crise social e econômica, com elevado desemprego e aumento das 
desigualdades. Mesmo assim, o SUS tornou-se um símbolo de resistência, sendo 
defendido pelos movimentos sociais e forças políticas democráticas no Brasil, diante 
da limitação de recursos e do consequente sucateamento dos serviços públicos, das 
constantes medidas de privatização dos serviços de saúde, entre outras mazelas 
neoliberais. 
No contexto de disputas e contradições, nos primeiros anos deste século XXI, 
buscou-se aperfeiçoar a política de atenção à saúde com a organização de processos 
e estruturas de atendimento às urgências, expressos na implantação do Serviço de 
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e posteriormente nas Unidades de Pronto 
Atendimento (UPA), que prestam serviços de natureza pública de urgência e 
emergência. 
O presente capítulo tratará dos fundamentos e trajetória recente da política de 
saúde no Brasil, destacando as particularidades de atendimento às urgências de 
saúde no âmbito das UPAs, constituindo uma base de contextualização histórica e 
teórica para a análise do trabalho profissional do Serviço Social nesses espaços. 
 
2.1 AS POLÍTICAS SOCIAIS NO CAPITALISMO: BREVES NOTAS HISTÓRICAS E 
20 
 
 
TEÓRICAS SOBRE PARTICULARIDADES DA FORMAÇÃO SOCIAL BRASILEIRA 
 
No início do século XX o Brasil vivenciou uma importante fase de transição, no 
que tange os aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais. Para compreender 
com maior nitidez tais mudanças, é importante observá-las no contexto das grandes 
transformações globais ocorridas a partir da primeira guerra mundial (1914-1918) e 
da profunda crise do capitalismo nas décadas seguintes de 1920 e 1930. 
Segundo Behring e Boschetti (2011), o enfraquecimento do liberalismo clássico 
resultou de vários processos políticos e econômicos ocorridos na Europa a partir da 
metade do século XIX e início do século XX, por causa do crescimento do movimento 
operário, das mudanças no mundo da produção, com o surgimento do fordismo e do 
taylorismo, e a consequente concentração e monopolização do capital. A crise global 
trouxe consigo a falência de muitas empresas que não conseguiam competir em pé 
de igualdade com os grandes monopólios e oligopólios internacionais, aumentando o 
desemprego e a miséria, agravando a questão social. 
No caso brasileiro, um país caracterizado pela economia colonial e dependente 
(FERNANDES, 1976), a crise global atingiu fortemente o setor agrário exportador, 
provocando crises econômicas, políticas e sociais, abrindo espaços para o processo 
de industrialização. Neste contexto, de acordo com Bizerra (2016), a partir do 
processo de industrialização, constata-se que a cisão entre a concentração e 
acumulação da riqueza e o aumento da pobreza, se intensifica contraditoriamente em 
todo o processo de reprodução capitalista movido pela busca constante por lucro. 
Assim, a Lei Geral da Acumulação Capitalista desvela seu caráter antagônico na 
medida em que se gera riqueza no polo dominante, e miséria na classe trabalhadora. 
O que importa, portanto, na superação das crises, é que o capitalismo continue 
a se expandir e a se reproduzir como sistema dominante em todos os espaços. Se 
por um lado, proporcionou uma expectativa de melhorias para parcelas da 
humanidade, por causa do desenvolvimento técnico-científico, por outro lado, 
culminou, de maneira exorbitante, na ampliação das desigualdades sociais e 
econômicas em âmbito mundial. No caso dos países de capitalismo tardio,o processo 
de expansão capitalista se dá com base na máxima e abusiva exploração da mão de 
obra, infelizmente, gerando uma situação de sobrevivência sub-humana. Enfim, com 
a globalização capitalista, obrigatoriamente se instalou a contradição entre classes 
21 
 
 
sociais decorrentes da acumulação do capital decorrente da exploração e 
expropriação do trabalho humano. 
As mudanças econômicas ocorridas no cenário brasileiro no século XX 
ocorreram, então, em duas direções: de um lado, observa-se um decréscimo na 
expansão da economia baseada na expansão da produção de bens primários 
destinados à exportação, em especial o café, e de outro, o processo de 
industrialização intensificado a partir da primeira guerra. Sobre esse processo, 
Iamamoto (2015) afirma que não houve rupturas com as heranças coloniais, de acordo 
com a configuração agrária brasileira, permanecendo a submissão dos produtos 
primários aos interesses dos exportadores. A autora também deixa claro que houve 
uma subordinação dos demais componentes da economia, ligados às formas 
tradicionais de produção e da propriedade, à expansão do capital. 
 Não restam dúvidas de que os acontecimentos ocasionaram uma importante 
transição no Brasil, mas as desigualdades expressam as particularidades da nossa 
formação histórica como retrata Fernandes (1976) ao refletir sobre "A revolução 
burguesa no Brasil", traçando um pano de fundo entre a abolição da escravatura e a 
proclamação da república, revelando as características do nosso modelo econômico 
dependente. Da mesma forma, para Iamamoto (2015), o Brasil não apresentou as 
mesmas mudanças econômicas e sociais ocorridas nos países centrais. "[...] o 
'moderno' se constrói por meio do 'arcaico', recriando elementos de nossa herança 
histórica colonial e patrimonialista [...] e, ao mesmo tempo, transformá-las, no contexto 
de mundialização do capital sob hegemonia financeira." (IAMAMOTO, 2015, p.128). 
Porém, na expansão capitalista, independente dos espaços que ocupa, 
permanecem seus traços essenciais. O modo de produção capitalista se funda na 
divisão social do trabalho e se diferencia dos outros meios de produção pelo fato da 
propriedade privada não pertencer aos produtores e sim ao capitalista. Dessa forma, 
a produção de riquezas no capitalismo se fundamenta na exploração da força de 
trabalho que é comprada mediante o salário. Então, é preciso assumir que a maior 
parte do valor gerado na produção de mercadorias é calculada em cima do tempo 
socialmente gasto na sua produção e apropriado pelo capitalista. Apenas parte do 
valor gerado é pago ao trabalhador através do seu salário, mas a maior parte do valor 
22 
 
 
gerado na produção, a mais valia1, é apropriada pelo capitalista, pelo burguês que 
detém os meios de produção. 
 
É na esfera da produção que o lucro capitalista é gerado. Portanto, ao 
pôr em operação estes dois polos - trabalho e capital - na produção 
tipicamente capitalista é o que gera riqueza nova. Ao extrair da força 
de trabalho a mais-valia, realizar a mercadoria, aumentando o capital 
investido inicialmente, o capitalista obtém o lucro, finalidade última que 
move todo sistema. O produto dessa relação pode ser tudo que se 
corporifica materialmente em riqueza, portanto, a fonte da riqueza não 
é a entidade material, a propriedade privada. (SANTOS, 2016, p. 47-
48, grifos da autora). 
 
Verifica-se, então, que o foco do sistema capitalista é o lucro e não as 
necessidades humanas. Esse é um ponto importante: a produção é coletiva, mas é o 
detentor do capital que vai se apropriar do lucro. Na medida em que o capitalismo se 
expande, se agrava a pauperização da classe trabalhadora e as expressões da 
questão social se modificam, materializando o conflito entre capital e trabalho. 
Torna-se evidente que diante do quadro de mundialização do capital, as 
transformações ocorridas não se restringem aos avanços técnico-científicos, com a 
modernização dos processos produtivos com as máquinas e equipamentos nas 
indústrias, com os processos de urbanização e as demais mudanças nas formas de 
consumo na sociedade, mas vem acompanhada do aprofundamento de mazelas 
sociais, como a pobreza extrema e a violência, decorrentes das desigualdades 
sociais. Isso porque, além da exploração da força de trabalho ocupada, o capitalismo 
requer também massas de trabalhadores desempregados, constituindo o chamado 
Exército Industrial de Reserva (EIR), conforme Marx (1996, p.266): "[...] o 
sobretrabalho da parte ocupada da classe trabalhadora engrossa as fileiras de sua 
reserva, enquanto, inversamente, a maior pressão que a última exerce sobre a 
primeira obriga-a ao sobretrabalho e a submissão aos ditames do capital". Ou seja, a 
mundialização do capital na cena contemporânea brasileira, sob as novas mediações 
sócio-históricas, configura novas expressões da questão social. 
 
1 A Mais -valia se refere ao cerne do processo de exploração da mão de obra assalariada utilizada 
na produção de mercadorias, com a apropriação, pelo capitalista, do trabalho excedente e não pago. 
(MARX, 1996) 
23 
 
 
Nessa perspectiva, as modificações implantadas na esfera do trabalho, desde 
a expansão do modo de produção capitalista, promovem uma super população de 
trabalhadores desempregados (EIR), que aumenta ou diminui em concordância com 
a imposição da reprodução do capital. No caso brasileiro, devido às peculiaridades já 
citadas nos parágrafos anteriores, "Além de impactar fortemente os trabalhadores e 
suas famílias com o desemprego, a acumulação capitalista incide-os ainda mediante 
os processos de pauperização que assolam suas condições de reprodução social". 
(BIZERRA, 2016, p.127). 
Porém, é possível compreender que essas condições de trabalho e sua 
reprodução também contribuíram para que a classe trabalhadora se organizasse 
politicamente. De acordo com Bizerra (2016), foi fundamental aos trabalhadores 
perceberem que unidos e organizados podiam constituir uma força política para lutar 
contra o processo de exploração, por melhores condições de trabalho e de 
remuneração, defendendo os seus interesses como classe trabalhadora. 
 
Porém, foi em meio a essas condições que o operariado industrial com 
o passar dos tempos adquiriu consciência da violência direcionada 
contra a natureza humana. [...] isso porque a organização da produção 
industrial intensificou os antagonismos de classes criando novas 
condições de opressão, bem como novas formas de luta entre 
opressores e oprimidos. As precárias condições de reprodução social 
retroagiram sobre os trabalhadores e contribuíram para que 
despertassem para a formação da consciência de classe, canalizando 
suas energias contra a dominação burguesa (BIZERRA, 2016, p.129). 
 
Conforme citado acima pelo autor, é necessário afirmar que a mobilização dos 
trabalhadores é de extrema relevância para importantes conquistas dos direitos 
políticos e sociais, mas há um fato que se sobrepõe mesmo mediante algumas 
conquistas, que é o de não conseguir romper com o sistema capitalista. É sob este 
prisma que podemos conceber a natureza das políticas sociais: como conquista de 
direitos de cidadania e, ao mesmo tempo, formas ou instrumentos que contribuem 
para legitimação e reprodução do sistema de dominação do capital. 
Sobre esta contradição, Behring e Boschetti (2011) destacam que o surgimento 
das políticas sociais foi gradativo e desigual entre os países, porque depende da 
pressão e organização política da classe trabalhadora. Sendo assim, percebemos que 
a construção das políticas sociais no contexto da formação sócio-histórica brasileira é 
bem diferente dos outros países, por manter características de um desenvolvimento 
24 
 
 
econômico dependente e tardio que se desenvolve entre o arcaico e o moderno. 
Podemos perceber, conforme já citado, que a política social no Brasil se remete à um 
desenvolvimento ditado pela economiamundial adaptada a um país de “economia 
colonial” (FERNANDES, 1976). 
Como refletido anteriormente, a pobreza da classe trabalhadora, é uma das 
primeiras expressões da questão social2 na cena brasileira de expansão capitalista. É 
nesse cenário de desenvolvimento acelerado das forças produtivas, que a velha 
questão social passa por transformações vulgarizando a vida humana: "[...] a pobreza 
não é apenas compreendida como resultado da distribuição de renda, mas refere-se 
à própria produção [...] atingindo a totalidade da vida dos indivíduos sociais [...] tanto 
na órbita material quanto espiritual.” (IAMAMOTO, 2015, p.160). 
Porém, desde os primeiros anos do século XX, com a livre organização sindical, 
que a classe operária luta por melhores condições de vida e trabalho, através das 
primeiras greves. É desta forma, que o país recém saído da escravatura, enfrenta as 
expressões da nova roupagem da questão social. Para Pimentel (2012), por exemplo, 
desde o período em que as expressões da questão social e a luta dos operários por 
condições de sobrevivência mais satisfatória, passaram a ser uma intimidação para a 
ordem burguesa vigente, as manifestações se tornaram objeto da intervenção Estatal, 
ainda que, de forma mínima e pontual. 
 
[...] a intervenção estatal sobre a 'questão social' se realiza, com as 
características que já anotamos, fragmentando-a e parcializando-a. E 
não pode ser de outro modo: tomar a 'questão social' como 
problemática configuradora de uma totalidade processual especifica é 
remetê-la concretamente à relação capital/trabalho - o que significa, 
liminarmente, colocar em xeque a ordem burguesa. Enquanto 
intervenção do Estado burguês no capitalismo monopolista, política 
social deve constituir-se necessariamente em políticas sociais: as 
sequelas da 'questão social' são recortadas como problemáticas 
particulares (o desemprego, a fome, a carência habitacional, o 
acidente de trabalho, a falta de escolas, a incapacidade física etc.) e 
assim enfrentadas (NETTO, 1996, p.28, grifos do autor) 
José Paulo Netto esclarece que a intervenção estatal através das políticas 
sociais não se destina a eliminar os problemas sociais, até porque, além de ser 
 
2 Questão social é o resultado concreto da contradição capital e trabalho, a partir do processo 
de industrialização no sistema capitalista, onde se tem o pauperismo exacerbado da classe 
trabalhadora, o que resulta na consciência da classe trabalhadora numa luta política contra a classe 
dominante (NETTO, 1996; Iamamoto e Carvalho, 2014). 
25 
 
 
realizada de forma fragmentada e parcial, se faz necessário que estas expressões da 
questão social se mantenham vivas para a reprodução da sociedade capitalista. 
Compreende-se, então, que o Estado não promove mudanças estruturais, apenas há 
um enfrentamento raso e aparente de problemáticas particulares: "O Estado procura 
administrar conflitos para assegurar a reprodução da classe trabalhadora e a 
superpopulação relativa, essenciais para a sobrevivência do capitalismo." (SANTOS, 
2016, p.91). 
Torna-se evidente, dentro de uma crítica marxiana, que o Estado 
principalmente a partir do capitalismo monopolista, articula suas funções políticas e 
econômicas a serviço dos grandes monopólios para a garantia de grandes lucros, 
assumindo dessa forma, o papel de “comitê executivo da burguesia” (MARX, 1996), 
assegurando a reprodução do capital e a manutenção da força de trabalho. 
Vê-se, pois, que são nessas condições que as múltiplas expressões da questão 
social se tornam alvo da intervenção Estatal através das políticas sociais, de forma 
que as mesmas atendem também as demandas do capital para garantia do seu 
desenvolvimento, considerando demandas das classes subalternas para manter a 
ordem vigente. Mesmo assim, a aplicação das políticas sociais no capitalismo 
depende da mobilização e articulação da classe trabalhadora, não sendo uma 
benesse ou concessão gratuita do capital ou dos governos que o representam. 
Compreende-se, então, porque as primeiras políticas sociais no Brasil se deram 
a partir dos anos 1930, com as regulamentações das relações trabalhistas e os 
primeiros ensaios de políticas de saúde e de educação pública. No caso da política 
de saúde, é importante ressaltar sua trajetória marcada por contradições, conforme 
discutiremos a seguir. 
 
2.2 POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL: ASPECTOS HISTÓRICOS E DESAFIOS NA 
ATUALIDADE 
 
Para se entender a Política de Saúde no Brasil, é necessária uma breve 
contextualização histórica da questão da saúde pública no país desde o final do século 
XIX, antes das intervenções estatais, até a constituição do SUS no final do Século XX 
e chegando nos dias atuais. Ou seja, precisamos conhecer como se deu a 
organização sanitária brasileira, seus avanços, desafios e conquistas na política de 
saúde até a atualidade. 
26 
 
 
Nos primeiros anos de República, os serviços de saúde ainda eram muito 
desorganizados e pouco foi feito para se melhorar a saúde pública. Nesse período os 
grandes centros urbanos foram acometidos de vários surtos epidêmicos de varíola, 
febre amarela, peste bubônica, cólera, febre tifóide, dentre outros, o que levou milhões 
de brasileiros à morte. Percebe-se que o pouco avanço ocorreido à época foi o 
investimento na criação da Junta de Higiene Pública para o combate às epidemias. 
Os médicos higienistas atuavam nos locais indicado pelas autoridades públicas: "[...] 
a atuação desses médicos eram a fiscalização sanitária dos habitantes das cidades, 
a retificação dos rios que causavam enchentes, drenagem de pântanos, destruição de 
viveiros de ratos [...] reforma urbanística das grandes cidades." (FILHO, 2000, p.13-
14) 
Enquanto as elites podiam pagar pelos serviços privados de saúde, no Brasil e 
no exterior, o tratamento das doenças das pessoas empobrecidas era baseado na 
filantropia, nos curandeiros, nas benzedeiras, de forma que cada pessoa buscava o 
que fosse mais viável financeiramente ou de acordo com suas tradições religiosas. 
Segundo Paim (2009, p.27), essa era a mesma realidade que existia desde o final do 
Império, com as poucas iniciativas e serviços de saúde pública incapazes de 
assegurar assistências aos doentes. Torna-se evidente que a atenção à saúde não 
era apenas inexistente, mas discriminatória e reprodutora das desigualdades sociais: 
os que disponibilizam de recursos financeiros pagavam os serviços médicos 
particulares, enquanto os indigentes ficavam à mercê das casas de caridade e 
filantropia. 
Nas primeiras décadas do século XX, com o início da industrialização brasileira, 
a saúde passou a ser concebida como uma expressão da questão social, 
considerando as primeiras reivindicações da classe operária: "As revoltas populares, 
os movimentos anarquistas e comunistas pressionavam por ações mais efetivas do 
Estado na atenção à saúde." (REBOUÇAS, 2019, p.16). isso porque, naquela época 
aconteceram fatos importantes, a exemplo das epidemias que dificultavam o processo 
migratório, atrapalhando a manutenção da economia agroexportadora do café e a 
expansão das indústrias. O contexto histórico aponta algumas pessoas envolvidas na 
busca de soluções aos problemas sanitários de ordem pública, como o sanitarista 
Oswaldo Cruz, com estratégias de combate às epidemias através de campanhas de 
vacinação obrigatória, juntamente com atuação da polícia sanitária, o que resultou no 
27 
 
 
movimento da população da cidade do Rio de janeiro, denominado de Revolta da 
Vacina3. 
Foi a partir desses movimentos que Eloy Chaves propôs uma lei que 
regulamentava a criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPS). Essas 
caixas eram organizadas pelos empregados e pelas empresas e o Estado não tinha 
nenhuma responsabilidade sobre as mesmas, ficando notório que só as grandes 
empresas tinham condições de mantê-las. As primeiras empresas que tiveram seus 
trabalhadores vinculadosàs CAPS, foram do setor ferroviário, marítimo e dos 
estivadores, isso porque, “Os trabalhadores vinculados ao setor urbano do complexo 
exportador, foram os mais combativos politicamente e que primeiro lutaram pela 
organização das Caixas nas suas empresas.” (BRAVO, 2009a, p.90). Os benefícios 
das Caixas eram proporcionais às contribuições, disponibilizando assistência médico 
curativa, fornecimento de medicamentos, aposentadorias e pensões aos 
dependentes, além de auxílio-funeral. 
Rebouças (2019, p.17) destaca que "[...] foi a partir de 1930 que o Estado 
assumiu o papel regulador e controlador da economia, baseado em um projeto de 
crescimento da industrialização onde se absorvia a mão de obra o campo para 
melhoria da economia nacional." Quando o Presidente Getúlio Vargas assumiu o 
governo no âmbito da chamada “Revolução de 1930”, passando pela ditadura do 
“Estado Novo” até 1945, quando foi deposto, ele marcou sua gestão com a 
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), regulamentando a jornada de trabalho de 
oito horas diárias, férias remuneradas, indenização por acidentes, contratação através 
da carteira de trabalho e garantia de salário-mínimo, licença a gestante etc. Com a 
implantação da legislação trabalhista, Vargas ganhou a fama populista de “Pai dos 
Pobres”, mas ao mesmo tempo tinha um governo centralizador que beneficiava os 
interesses capitalistas. As políticas sociais legitimavam o braço de um governo ditador 
como afirma Filho (2000, p.32): 
 
A necessidade de obter apoio social e político e conferir alguma 
legitimidade ao Estado ditatorial exigiu uma legislação social que 
garantisse maiores direitos aos trabalhadores urbanos, afinal, já não 
era possível que o governo tratasse a chamada questão social, na qual 
se incluíam os reclamos populares referentes à saúde, como uma 
 
3 Sobre este assunto, ver Bertolli Filho (2000). 
28 
 
 
simples questão de polícia, como ocorreu no decorrer da república 
velha. (Grifos do autor) 
 
Essa nova estrutura nas relações econômicas e de organização do poder 
possibilitou o surgimento de políticas sociais por parte do aparato estatal, como a 
criação do Ministério da Saúde, junto com o Ministério da Educação, para que dessem 
respostas à nova questão social que estava surgindo, inclusive no campo da saúde 
pública. Para Filho (2000), a política de saúde utilizada para o enfrentamento da 
questão social decorrente do crescimento da população urbana, com a expansão da 
massa trabalhadora que se encontrava sob condições precárias de higiene, habitação 
e saúde, foi a porta aberta para estruturar um padrão de proteção social no Brasil. 
É importante ressaltar que nesse período as CAPS foram substituídas pelo 
Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAPS), como propósito de ampliar para todas 
as categorias trabalhistas, mas, em compensação, o Estado passou a controlar e 
administrar o sistema, além de Co financiar os benefícios com a finalidade de investir 
na expansão industrial. Os IAPS passaram a beneficiar somente os trabalhadores 
formalizados, contratados regularmente, através de suas contribuições. Logo os 
desempregados e os trabalhadores informais estavam excluídos da proteção social. 
Nesse sentido, o Estado se antecipou a movimentos por parte da classe trabalhadora 
com reivindicações por direitos mais amplos. Essa versão não é a única pela qual 
cabe dizer que “[...] a previdência preocupou-se mais efetivamente com a acumulação 
de reservas financeiras do que com a ampla prestação de serviços.” (BRAVO, 2009a, 
p.92). 
A melhor maneira de compreender esse processo é considerando que até esse 
período, o país tinha uma economia baseada na agricultura, mas com o aceleramento 
dos polos industriais nas grandes cidades, houve um grande aumento da massa 
operária para ser atendida na área da saúde. Julgo pertinente trazer à tona que este 
aumento na massa trabalhadora, conduziu para que o modelo previdenciário, entre a 
década de 1930 até meados da década de 1940, tivesse a tendência de contenção 
de gastos. Bravo (2009a) explica que a legislação separou a previdência da 
assistência, delimitando um "teto" para despesas médico-hospitalar e remédios. 
Alguns eventos marcaram a política de saúde a partir de 1950: 
● A criação do Ministério da saúde em 1953, como um grande salto na política 
de saúde. 
29 
 
 
● Reformulação em 1956 dos serviços de saúde do Departamento Nacional 
de Endemias Rurais (DENURE). 
● Implantação em 1966 do Instituto Nacional da Previdência Social - INPS, 
como a primeira ação no sistema previdenciário do IAPS, com a inclusão 
dos empregados rurais, empregadas domésticas e autônomos, o que 
aumentava a demanda por serviços e gastos no sistema de saúde, 
consolidando um modelo de saúde assistencial na aquisição de serviços ao 
setor privado. 
● Criação do Sistema Nacional de Saúde (SNS), um sistema político de saúde 
que constituía as três esferas do governo. 
● Em 1977, nasce o Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social 
(SINPAS), e incorporado ao SINPAS, o Instituto de Nacional de Assistência 
Médica da Previdência Social (INAMPS), como administrador de todas as 
ações médico assistencial. 
 
Contraditoriamente, verifica-se que foi no período de 1964 a 1974, primeira 
década do regime ditatorial civil e militar, que os serviços básicos de saúde mais se 
expandiram. No entanto, apesar do desenvolvimento socioeconômico, a intervenção 
Estatal oscilava entre a repressão e a assistência, já que os determinantes sociais 
devido a série de problemas estruturais, cada vez mais se aprofundavam. Por isso, 
debate-se que as corporações de saúde associadas ao capital pressionavam a 
máquina Estatal para financiar cada vez mais o crescimento do complexo hospitalar 
privado e, nesse sentido, houve um decréscimo na saúde pública e um avanço na 
medicina previdenciária. O que pode ser considerado é que, a finalidade da 
intervenção do Estado no regime militar não privilegiava os direitos sociais e sim o 
desenvolvimento econômico priorizando a acumulação para o capital. 
A década de 1980 trouxe rebatimentos incontestáveis para a política de saúde 
brasileira. A movimentação de diversos setores em prol de uma saúde pública e 
universal proporcionando a possibilidade de rompimento com o modelo de saúde 
fragmentado, higienista, moralizador, privatista e de valorização do saber médico 
hospitalar que marca a forma que a saúde pública foi tratada desde o Brasil colônia. 
As propostas de reforma da saúde no país também buscavam mudar a maneira como 
o Estado estava concebido desde sua formação patrimonialista, clientelista e com 
políticas centralizadoras e classistas: "[...] através da Reforma Sanitária exigia uma 
30 
 
 
revisão de como o Estado precisava ser operado, participando ativamente da 
construção de um novo Estado com intenções democráticas." (REBOUÇAS, 2019, 
p.19, grifos da autora). 
O movimento da Reforma Sanitária Brasileira (RBS) ocorre no contexto de 
redemocratização do país, buscando a superação do regime ditatorial em um contexto 
de profunda crise política, econômica e social. Neste contexto em meio a um processo 
de efervescência dos movimentos sociais, fica claro que a RBS se expandia com 
propostas trazendo um conceito de saúde ampliada para além de uma questão 
curativa e paliativa. O mais preocupante, contudo, é constatar o aumento do conflito 
de interesses entre a previdência social e setor de natureza privada, de modo que o 
movimento sanitarista vai propor a organização da política de saúde pública como um 
Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDES). 
Destaca-se também que a RBS não era um movimento classista do tipo 
sindical, tendo contado com a participação de diversos atores sociais, com destaque 
para os usuários do serviço de saúde, os profissionais da saúde, intelectuais, 
sindicalistas, dentre outros segmentos e movimentos sociais. 
Conforme citado,o movimento RBS trás conceitos ampliados acerca da saúde 
e suas principais propostas são de universalização do acesso, tendo uma concepção 
de saúde como direito de cidadania, sendo dever do Estado com a descentralização 
para esferas estaduais e municipais, articulação entre os serviços e participação 
democrática através dos mecanismos de controle social. 
Mas há um fato que se sobrepõe na discussão da saúde, a realização em 1986, 
da VIII Conferência Nacional de saúde (CNS). Após duas décadas de um governo 
repressor, se conquistava o direito de participar de um processo de transformação 
sanitária. A VIII conferência aprovou em seu relatório final um conceito de saúde 
conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirma a saúde como um 
estado de completo bem estar, físico, mental e social e não somente a ausência de 
doença: 
 
Em seu sentido mais abrangente, a saúde é o resultante das 
condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio 
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e 
posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de tudo, 
o resultado das formas de organização social da produção, as quais 
podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida. A saúde não 
é um conceito abstrato. Define-se no contexto histórico de 
31 
 
 
determinada sociedade e num dado momento de seu 
desenvolvimento, devendo ser conquistada pela população em suas 
lutas cotidianas. (BRASIL, 1987, p.382) 
 
Sendo assim, a VIII Conferência Nacional de Saúde, representou um marco 
fundamental para reestruturação do setor da saúde no país, não apenas sugerindo a 
criação do Sistema Único de Saúde, mas uma Reforma Sanitária. Podemos perceber, 
conforme citado acima, que o novo conceito de saúde remete a busca da causalidade 
para as condições ligadas aos Determinantes Sociais da Saúde (DSS), que estão 
diretamente atrelados ao modo de produção capitalista. Não é despropósito afirmar, 
que esse tema, sobretudo, é pautado nas condições de desigualdade e pauperização 
das massas que vai fluir no processo de adoecimento da população. Paim (2009) 
caracteriza a promoção, proteção e recuperação da saúde com o desenvolvimento de 
critérios que atuem sobre os DSS e cultive a qualidade de vida, e reduza ou diminua 
os riscos de doenças. 
Torna-se evidente, então, que as propostas da VIII CNS resultaram no direito à 
saúde aprovado no artigo 196 da constituição federal de 1988 (CF-1988), que cita a 
saúde como direito de todos e dever do Estado, como também, que no cenário de 
debate da saúde haja a participação da sociedade. O Sistema Único de Saúde se 
constitui como uma política de Estado e a saúde um direito social, uma conquista 
político-social fruto de intensa mobilização e resistência da população. O SUS 
apresenta e garante princípios da universalidade, equidade e integralidade, bem como 
assegura a descentralização, a regionalização, a hierarquização e a participação 
social, valorizando a prevenção e promoção da saúde. 
Em todo esse processo, somente em 1990, foi promulgada a lei orgânica da 
saúde nº 8.080/90 e a lei nº 8.142/90 que regulamenta e detalha o SUS. A Lei nº 8.080, 
de 1990, dispõe sobre a promoção, proteção e recuperação da saúde, em todo 
território brasileiro, e organiza todas as ações de saúde. Já a Lei nº 8.142, de 1990, 
regulamenta a participação da sociedade civil no SUS, constituindo as conferências e 
conselhos de saúde em cada esfera governamental e estabelece critérios sobre o 
financiamento do Sistema, inclusive sobre os percentuais de transferências de 
recursos financeiros. No entanto, para melhorar efetivamente as condições de saúde 
da população, seria preciso alterar a estrutura econômica e política, tendo em vista, 
que o que está regulamentada na CF-1988 não é suficiente, sendo necessária uma 
32 
 
 
intervenção decisiva dos movimentos sociais, além de uma alteração na correlação 
de forças e nos padrões de gestão nas três esferas governamental. 
Apesar das importantes conquistas na CF-1988, dentre essas a criação do 
SUS, a democratização do Estado brasileiro foi paulatinamente sendo obstaculizada 
pela contrarreforma do Estado, tendo por base o ideário econômico, social e político 
do neoliberalismo. Num contexto de crise econômica, o Estado se remodela para 
atender a demanda do Capital trazendo impactos para saúde afetando diretamente o 
SUS. O neoliberalismo traz uma flexibilização das relações de trabalho, um 
movimento de focalização e mercantilização da política social, gerando o mínimo para 
o social e o máximo para capital, marcado pela expropriação dos direitos e uma 
ruptura das conquistas sociais. 
 
A reforma do Estado ou Contra-Reforma é uma estratégia e parte do 
suposto de que o Estado desviou-se de suas funções básicas ao 
ampliar sua presença no setor produtivo, colocando em cheque o 
modelo econômico vigente. [...] a afirmação da hegemonia neoliberal 
no Brasil, tem sido responsável pela redução de direitos sociais e 
trabalhistas, desemprego estrutural, precarização do trabalho, 
desmonte da previdência e sucateamento da saúde [...] A saúde fica 
vinculada ao mercado, enfatizando-se as parcerias com a sociedade 
civil, responsabilizando a mesma para assumir os custos da crise." 
(BRAVO, 2009a, p.100). 
 
O fato é que a implantação do SUS trouxe expansão para as políticas sociais 
com um modelo de proteção social universal, e pela primeira vez na história do país, 
houve uma ruptura com o modelo de saúde excludente enraizado desde a 
colonização. Mas, em cima disso, vem sendo enfatizadas propostas que impedem que 
o SUS seja totalmente efetivado, causando uma tensão entre o projeto da Reforma 
Sanitária e o Projeto Privatista, que é pautado na contenção de gastos e isenção de 
responsabilidade por parte do Estado. Por isso, o cenário que o SUS vem tentando se 
efetivar passa por um processo de sucateamento e nesse modelo de desmonte 
neoliberal, a sociedade tem os direitos sociais adquiridos reduzidos ao mínimo ou a 
nada. 
No entanto, percebemos o SUS como um espaço de resistência, sendo 
defendido pelos movimentos sociais e forças políticas democráticas no Brasil, diante 
da limitação de recursos e do consequente sucateamento dos serviços públicos, das 
constantes medidas de privatização dos serviços de saúde, entre outras mazelas 
33 
 
 
neoliberais. É a partir dessa constatação que podemos perceber alguns avanços e as 
particularidades da expansão da rede de atendimento de urgências e emergências de 
saúde. 
 
2.3 A REDE DE ATENÇÃO À URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NO SISTEMA ÚNICO 
DE SAÚDE 
 
Para estruturar uma rede que atenda aos principais problemas de saúde dos 
usuários na área de urgência e emergência, o Ministério da Saúde, a partir dos anos 
2000 começou um processo de organização da Rede de Atenção às Urgências e 
Emergências (RUE) no SUS, com a instituição da Política Nacional de Atenção às 
Urgências (PNAU), conforme as portarias nº 1.863 e 1.864, de 29 de setembro de 
2003, atualizadas pela portaria nº 1.600, de 07 de julho de 2011. A portaria nº 1.864, 
de 2003, rege a implantação dos Serviços de Atendimento Móvel de Urgência 
(SAMU), nos municípios brasileiros “[...] como estratégia fundamental para 
consolidação do SUS de modo a promover e assegurar a universalidade e 
integralidade da atenção, a equidade do acesso, além da transparência na alocação 
de recursos”. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013, p.7) 
Conforme o Manual Instrutivo do Ministério da Saúde (2013), as principais 
diretrizes que regulam a Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE) no SUS 
são as seguintes: 
● Universalidade, equidade e integralidade da atenção a toda as situações de 
urgência e emergência, incluindo as clínicas, gineco-obstétricas, psiquiátricas, 
pediátricas, e as relacionadas às causas externas (traumatismos, violências e 
acidentes); 
● Ampliação do acesso, com acolhimento, aos casos agudos e emtodos os 
pontos de atenção; 
● Formação de relações horizontais, articulação e integração entre os pontos 
de atenção básica como centro de comunicação; 
● Classificação de risco; 
● Regionalização da saúde e atuação territorial; 
● Regulação do acesso aos serviços de saúde; 
● Humanização da atenção, garantindo a efetivação de um modelo centrado no 
usuário e baseado nas suas necessidades de saúde; 
34 
 
 
● Organização do processo de trabalho por intermédio de equipes 
multidisciplinares; 
● Práticas clínicas cuidadoras e baseadas na gestão de linhas de cuidados e 
estratégias prioritárias; 
● Centralidade nas necessidades de saúde da população; 
● Qualificação da atenção e da gestão por meio de desenvolvimento de ações 
coordenadas e contínuas que busquem a integralidade e longitudinalidade do 
cuidado em saúde; 
● Institucionalização da prática de monitoramento e avaliação, por intermédio de 
indicadores de processo, desempenho e resultado que permitam avaliar e 
qualificar a atenção prestada; 
● Articulação interfederativa; 
● Participação e controle social; 
● Fomento, coordenação e execução de projetos estratégicos de atendimento às 
necessidades coletivas em saúde, de caráter urgente e transitório, decorrentes 
de situação de perigo iminente, de calamidades públicas e de acidentes com 
múltiplas vítimas; e 
● Qualificação da assistência por meio da educação permanente em saúde para 
gestores e trabalhadores. 
 
Dessa forma, a RUE, tem como finalidade reorganizar a atenção à saúde nas 
situações de urgência e emergência de forma articulada com a atenção básica, e mais 
importante do que a expansão da rede de serviço, é o desenvolvimento de ações de 
promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos, de diagnóstico, de tratamento 
e reabilitação e cuidados paliativos com resolução e qualidade. 
Ainda segundo o Manual Instrutivo da RUE (2013), verifica-se que suas 
principais estratégias estão relacionadas à qualificação das portas hospitalares de 
urgência e emergência; a qualificação da atenção ao paciente crítico ou grave por 
meio do aperfeiçoamento das unidades de terapia intensiva; a organização e 
ampliação dos leitos de retaguarda clínicos; a criação das unidades de internação em 
cuidados prolongados (UCP) e de hospitais especializados em cuidados prolongados 
(HCP). 
Já a implantação das UPAS teve início com a emissão da Portaria nº 2.922, de 
2 de dezembro de 2008, atualizada pela Portaria nº 1.020, de 13 de maio de 2009, e 
35 
 
 
posteriormente pela Portaria nº 1.601, de 07 de julho de 2011, do Ministério da Saúde, 
que estabelece diretrizes para a implantação do componente Unidades de Pronto 
Atendimento (UPA - 24h) e do conjunto de serviços de urgência 24 horas da Rede de 
Atenção às Urgências, em conformidade com a Política Nacional de Atenção às 
Urgências. 
As Unidades de Pronto Atendimento - 24h são estruturas de complexidade 
intermediária entre as unidades básicas de saúde, unidades de saúde da família e a 
rede hospitalar, devendo funcionar 24h por dia, todos os dias da semana, e compor 
uma rede organizada de atenção às urgências e emergências, com pactos e fluxos 
previamente definidos, com o objetivo de garantir o acolhimento aos pacientes, intervir 
em sua condição clínica e contra referenciá-los para os demais pontos de atenção da 
Rede de Atenção de Saúde (RAS), para os serviços da atenção básica ou 
especializada ou para internação hospitalar, proporcionando a continuidade do 
tratamento com impacto positivo no quadro de saúde individual e coletivo da 
população. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013, p.37) 
A primeira UPA no Brasil foi implementada no estado do Rio de Janeiro em 
2007, antes mesmo da regulação federal: “[...] nesse estado, a UPA foi priorizada na 
agenda governamental por uma confluência de fatores histórico-estruturais, político-
institucionais e conjunturais, que possibilitou a implantação antes dos incentivos 
federais. (O’DWYER, KONDER, et al., 2017, p. 4). Entre 2011 e 2016 foi o período de 
maior expansão das UPAs no país, sendo esse período caracterizado pelo início da 
indução federal pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O objetivo era 
concentrar os atendimentos de saúde de complexidade intermediária, compondo uma 
rede organizada em conjunto com a atenção básica, atenção hospitalar, atenção 
domiciliar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU. 
As normativas do SUS preveem três portes de Unidades de Pronto 
Atendimento, considerando a população a ser atendida e os cuidados 
disponibilizados: 
● Porte I: tem o mínimo de 7 leitos de observação, capacidade de 
atendimento médio de 150 pacientes por dia em uma população na área de 
abrangência de 50 mil a 100 mil habitantes. 
● Porte II: tem o mínimo de 11 leitos de observação, capacidade de 
atendimento médio de 250 pacientes por dia em uma população na área de 
abrangência de 100 mil a 200 mil habitantes. 
36 
 
 
● Porte III: tem o mínimo de 15 leitos de observação com capacidade de 
atendimento médio de 350 pacientes por dia em uma população na área de 
abrangência de 200 mil a 300 mil habitantes. 
 
A Cidade de Natal conta com 04 UPAs, sendo uma em cada distrito sanitário 
do município: no bairro Pajuçara, no bairro Potengi, no bairro da Cidade da Esperança 
e outra no bairro Pitimbu. Dentre essas, somente a da Cidade da Esperança é de 
porte III, as demais são de porte II. 
 
2.3.1 A Unidade de Pronto Atendimento UPA Sul - Natal/RN 
 
A Unidade de Pronto atendimento Dr. Leônidas Ferreira - UPA Sul, presta um 
serviço de atendimento de urgência e emergência, de natureza pública, e está 
diretamente ligada à Secretária Municipal de Saúde do Natal, estando localizada na 
Av. xavantes 1228/1306, bairro Pitimbu, Natal – RN. 
Diante da reorganização da Rede de Atendimento à Urgência (RAU) no 
município de Natal, viu-se a possibilidade de ampliação do serviço prestado na 
comunidade, ainda então, Unidade Mista do conjunto Cidade Satélite. A referida 
instituição foi inaugurada em 29 de agosto de 2017, e faz parte do Distrito Sanitário 
Sul, abrangendo cerca de 300 mil habitantes residentes na área de Ponta Negra, Nova 
Descoberta, Candelária. Mirassol, Pirangi, Jequi, Pitimbu, Planalto e Cidade Satélite, 
do município da cidade do Natal, no Estado do Rio grande do Norte, região Nordeste 
do Brasil. 
A UPA sul, funciona 24hs por dia, sete dias por semana, com um total de 12 
leitos, divididos entre 03 leitos para UTI e 09 leitos para clínica médica, sua 
capacidade operacional é de realizar 300 atendimentos diários, entre consultas de 
emergência, exames laboratoriais e exames de diagnóstico chegando a estimativa de 
42.187 mil procedimentos ao mês. Embora que, durante os meses de fevereiro a maio 
haja um aumento considerável na demanda por atendimento, causado pelas 
arboviroses,4 devido aas mudanças climáticas, pelo aumento das chuvas cidade. 
 
4Arboviroses são as doenças causadas pelos chamados arbovírus, que incluem o vírus 
da dengue, Zika vírus, febre chikungunya e febre amarela. A classificação "arbovírus" engloba todos 
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/dengue
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/zika-virus
https://www.minhavida.com.br/temas/febre-chikungunya
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/febre-amarela
37 
 
 
A UPA-Sul é uma instituição de natureza pública, não possui convênio com a 
iniciativa privada, faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS), tem financiamento 
tripartite, sendo de responsabilidade da União, através do Ministério da Saúde, do 
Estado e do município, conforme os instrumentos normativos legais que regulam o 
financiamento do SUS, como a Lei nº 8.080/90 e a Lei nº 8.142/90. 
O organograma da instituição se apresenta conforme a imagem abaixo: 
 
Figura 1 - Estrutura de Pessoal da UPA Sul – Natal/RN 
 
Fonte: Relatório Quadrimestral da UPA – maio/agosto 2018. 
 
O Planejamento estratégicoUPA Sul (2018) –ressalta que o objetivo desta 
unidade é ajudar a desafogar os prontos socorros, ampliando e melhorando o acesso 
da população aos serviços de urgência e emergência no Sistema Único de Saúde 
(SUS) no município de Natal. 
A instituição também possui um Plano de Ação Institucional Quadrimestral 
produzido coletivamente a partir do qual é discutido durante as reuniões com o 
colegiado (responsável técnico de cada setor) e posteriormente discutido com as 
demais UPAS do município: 
 
 
aqueles transmitidos por artrópodes, ou seja, insetos e aracnídeos (como aranhas e carrapatos) (MINHA 
VIDA, s/d). 
38 
 
 
• Missão: Dar pronto atendimento em regime de 24 horas, aos casos de 
pequenas e médias urgências e emergências. Ser observatório do sistema para 
contribuir com planejamento da atenção integral a saúde. 
• Visão: Ser reconhecido como modelo de qualidade e eficiência do pronto 
atendimento ao cidadão, contribuindo para diminuir a demanda dos serviços 
hospitalares. 
• Valores: Ética e motivação, Humanização, Transparência e comprometimento, 
Relacionamento e trabalho em equipe, Busca contínua pela excelência em 
serviço. 
• 
A infraestrutura da Unidade de Pronto Atendimento – UPA Sul segue a 
regulamentação estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA 
e as normas específicas para construções das estruturas físicas dos estabelecimentos 
que prestam assistência à saúde, a exemplo da Portaria nº 10, de 3 de janeiro de 
2017, do Ministério da Saúde que dispõe sobre as diretrizes de modelo assistencial e 
financiamento de UPA - 24 horas, assim como o modelo de padronização visual das 
mesmas. Sua área física, do ponto de vista organizacional, é dividida em blocos de 
Pronto Atendimento; de Apoio ao Diagnóstico; de Procedimentos; de Urgência; de 
Apoio Logístico; e de Apoio Administrativo. 
Figura 2- Fachada da UPA Sul 
 
Fonte: Relatório Quadrimestral da UPA – maio/agosto 2018. 
 
39 
 
 
O Bloco de Pronto Atendimento é composto pela sala de recepção e espera 
(com sanitários para usuários), sala de arquivo de prontuário médico, sala de triagem 
classificatória de risco, consultórios médicos, sala do Serviço Social. 
O Bloco de Apoio Diagnóstico é composto pela sala de radiologia, laboratório 
de Patologia Clínica, sala de coleta de material para exames. 
O Bloco de Procedimentos: Sala para suturas/pequenas cirurgias, sala para 
nebulização, sala de medicação. 
O Bloco de Urgência: Sala de reanimação e estabilização, sala de 
observação/internação (leitos), sala de isolamento (com sanitário e chuveiro 
exclusivos). 
O Bloco de Apoio Logístico: Farmácia (exclusiva para dispensação interna), 
almoxarifado, expurgo/lavagem de material, central de material esterilizado. 
O Bloco de Apoio Administrativo: Salas de Administração, sala de reunião, 
sala de descanso para funcionários (com sanitários e chuveiros), vestiários para 
funcionários, copa/refeitório, depósito de material de limpeza, local de 
acondicionamento de lixo e estacionamento (ambulâncias e funcionários). 
Todos os espaços da Unidade de Pronto Atendimento estão mobiliados e 
equipados adequadamente, abastecido de insumos, e conta com uma equipe 
multidisciplinar de profissionais qualificados, portanto, tanto a os recursos humanos 
quanto os recursos materiais proporcionam totalmente a realização dos objetivos da 
instituição. 
Figura 3 - Leito da Sala Amarela 
 
Fonte: Relatório Quadrimestral da UPA – maio/agosto 2018. 
 
40 
 
 
 
Figura 4 - Sala de Sutura 
 
Fonte: Relatório Quadrimestral da UPA – maio/agosto 2018. 
 
O corpo multiprofissional da instituição é formado, conforme o Quadro 1, uma 
equipe comprometida em prestar um serviço de saúde de qualidade, universal e 
gratuito, na perspectiva do direito dos usuários. 
 
Quadro 1 - Funcionários da Unidade de Pronto Atendimento UPA Sul 
Quantidade/Categoria Profissional Forma De Contratação 
Clínico Geral 10% Estatutário e 90% Coopmed 
Nutricionista Estatutário 
Enfermeiro/a 85% Estatutário E 15% Contrato Temporário 
Técnico De Enfermagem 80% Estatutário E 20% Contrato Temporário 
Assistente Social 80% Estatutário E 20% Contrato Temporário 
Bioquímico 80% Estatutário E 20% Contrato Temporário 
Técnico de Laboratório 85% Estatutário E 15% Contrato Temporário 
Farmacêuticos 80% Estatutário E 20% Contrato Temporário 
Auxiliar de Farmácia Estatutário 
Direção Geral Estatutário 
Direção Médica Coopmed 
41 
 
 
Administração Hospitalar Estatutário 
Técnico De Radiologia Estatutário 
Faturamento Estatutário 
Agente Administrativo Estatutário 
Recepcionista Terceirizado 
Auxiliar de Serviços Gerais Terceirizado 
Maqueiro Terceirizado 
Copeiro Terceirizado 
Vigilante Terceirizado 
Manutenção Terceirizado 
Motorista Estatutário 
Fonte: Relatório Quadrimestral da UPA – maio/agosto 2018. 
 
Embora que, no período mais crítico das arboviroses, haja um aumento nos 
atendimentos, não há expectativa de ampliação da UPA, pois, a situação ainda é 
considerada uma excepcionalidade. Outro dado que merece relevância é que o setor 
de pediatria ainda não funcionava em 2019, devido ao impasse, de espera de 
contratação de profissionais e aumento no repasse financeiro. 
Conforme as anotações de Caderno de Campo de Estágio desta autora do 
TCC, a população usuária da UPA Sul é composta de adultos, em sua grande maioria, 
idosos acometidos por doenças crônicas como o diabetes, hipertensão, cardiopatia, 
que geralmente já são acompanhados pela Unidade Básica de Saúde (UBS), são 
aposentados, possuem renda entre um e dois salários mínimos, cerca de 90% possui 
plano funerário privado, moram em casa própria, possui saneamento básico, com 
escolaridade fundamental/médio, natural da capital potiguar. 
A classificação de atendimento dos usuários é feita pelo Protocolo de 
Manchester5, um processo de classificação de pacientes através do uso de cores em 
pulseiras de identificação, para definir a situação de cada paciente conforme imagem 
abaixo, sendo que a cor laranja não faz parte da classificação de risco das UPAS do 
município de Natal, sendo então vermelho, amarelo, verde e azul. 
 
5 Define claramente tempos de espera limite para atendimento médico. (http://www.ans.gov.br/) 
https://passevip.com.br/pulseiras-identificacao/pulseiras-hospitalares/
42 
 
 
 
Figura 5 - Protocolo de Manchester - classificação de risco dos pacientes 
 
Fonte: portaldaenfermagem.com.br 
 
Os critérios que definem o acesso ao serviço prestado pela instituição são: ter 
carteira do SUS do município, portar documento de identificação com foto, porém, em 
caso de emergência se o paciente for identificado com a pulseira amarela ou vermelha 
a UPA presta o atendimento imediato independente de sua localidade, inclusive à 
estrangeiros. Faz parte do protocolo da UPA, que esse usuário passe pela sala de 
classificação como critério de identificar o risco a saúde, partindo da análise dos sinais 
vitais. Essa triagem é realizada por um profissional da enfermagem e define a ordem 
de atendimento conforme a gravidade de cada caso, os pacientes mais graves serão 
a prioridade. 
Na próxima seção trataremos da inserção do Assistente Social no âmbito da 
saúde e especificamente do seu trabalho nas Unidades de Pronto Atendimento no 
caso Upa Sul, por mais usual que possa parecer as atividades do Serviço Social, 
apresentaremos o contexto, para revelar a importância deste profissional para 
viabilização de direitos e consolidação do Sistema Único de Saúde. 
 
43 
 
 
 
3 SERVIÇO SOCIAL E SAÚDE: PARTICULARIDADES DO TRABALHO 
PROFISSIONAL NAS UNIDADES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 
 
Este capítulo aborda a inserção do Serviço Social no campo da saúde, 
vinculando o trabalho profissional aos princípios da Reforma Sanitária e ao projeto 
ético político do Serviço Social. 
Para Iamamoto (2000), a transição de prática para trabalho do Assistente Social

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