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PercepcoesAcercaCriatividade-Machado-2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES 
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL 
PUBLICIDADE E PROPAGANDA 
 
 
 
 JOSÉ GABRIEL DE AZEVEDO MACHADO 
 
 
 
 
 PERCEPÇÕES ACERCA DE CRIATIVIDADE E SAÚDE MENTAL NO AMBIENTE 
PUBLICITÁRIO NATALENSE 
 
 
 
 
 
 
NATAL - RN 
2022 
JOSÉ GABRIEL DE AZEVEDO MACHADO 
 
 
 
 
 
 
 PERCEPÇÕES ACERCA DE CRIATIVIDADE E SAÚDE MENTAL NO AMBIENTE 
PUBLICITÁRIO NATALENSE 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Comunicação Social da Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte (UFRN) como 
requisito final para obtenção de título de 
Bacharel em Comunicação Social, com 
habilitação em Publicidade e Propaganda. 
 
Orientador(a): Prof. Dr. Luiz Fernando Dal 
Pian Nobre 
 
 
 
 
 
 
 NATAL - RN 
2022 
Machado, Jose Gabriel de Azevedo.
 Percepções acerca de criatividade e saúde mental no ambiente
publicitário natalense / Jose Gabriel de Azevedo Machado. -
Natal, 2022.
 77 f.: il. color.
 Monografia (graduação) - Centro de Ciências Humanas, Letras e
Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN,
2022.
 Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Dal Pian Nobre.
 1. Criatividade - Monografia. 2. Saúde mental - Monografia.
3. Publicidade - Monografia. 4. Mercado criativo - Monografia.
5. Mercado publicitário - Monografia. I. Nobre, Luiz Fernando
Dal Pian. II. Título.
RN/UF/BS-CCHLA CDU 659.1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes -
CCHLA
Elaborado por Heverton Thiago Luiz da Silva - CRB-15/710
JOSÉ GABRIEL DE AZEVEDO MACHADO 
 
 
PERCEPÇÕES ACERCA DE CRIATIVIDADE E SAÚDE MENTAL NO AMBIENTE 
PUBLICITÁRIO NATALENSE 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte (UFRN) como requisito final para obtenção de título de Bacharel em 
Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda. 
 
 
 Data de aprovação: Natal/RN, 08 dezembro de 2022. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_____________________________________________________ 
Prof. Dr. Luiz Fernando Dal Pian Nobre – Orientador (Presidente) 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 
 
_____________________________________________________ 
Prof. Dr. Rodrigo Parron Santos – Examinador Interno ao Departamento 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 
 
_____________________________________________________ 
Prof. Dr. Antonino Condorelli – Examinador Interno ao Departamento 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) 
 
AGRADECIMENTOS 
À minha mãe Karla, meu porto seguro. Sinônimo de cuidado, carinho e amor. Minha 
maior admiração como pessoa. Obrigado, mainha, por não ter desistido da minha educação, 
por ter batalhado tão duro, por ter se esforçado tanto para que eu pudesse chegar até aqui, por 
ter renunciado tantas coisas, por ter se doado tanto e ter se colocado muitas vezes em segundo 
plano a fim de me guiar e me apoiar. Essa vitória é mais sua do que minha. 
À minha família, com as pessoas mais importantes da minha vida e desde cedo 
estimularam a minha mente e o meu coração. Investiram na minha educação e, sem o amor e 
incentivo deles, eu não teria chegado a lugar nenhum. Meus avós (vovô Zequinha, vovó Isabel 
e Creuza), meus tios Marquinhos, Bruno e Lomanto, tias Kaká, Keyla, Ceiça, Aninha e Silvana; 
e todos os meus primos Thiago, Renato, Bebé, Maria, Felipe e Mariana e também os pequenos 
com quem tive o privilégio de dividir os melhores momentos da minha vida. Que sorte ter 
nascido em uma família repleta de pessoas tão maravilhosas que influenciaram de todas as 
formas a construção de quem eu sou hoje. 
À minha namorada Paulinha, quem mais me ajudou nessa etapa final, estando ao meu 
lado nos momentos bons e ruins, me dando forças pra continuar, não me deixando desistir e 
me motivando a escrever, me acalmando, me apoiando e, principalmente, acreditando em mim. 
Obrigado por ter compartilhado essa etapa importante da minha vida de perto, com tanto amor 
e dedicação. 
A todos os meus amigos e irmãos de longas datas que fizeram a jornada até aqui ser 
mais leve, alegre e prazerosa, especialmente Cabral, Gustavo, Soneca, João Artur, João Pedro, 
Isaac, Victor e Luís. Esse agradecimento se estende aos meus amigos, que a Publicidade 
apresentou ou fez questão de aproximar, pessoas que compartilharam conhecimentos, 
conexões, e muito amor e companheirismo ao longo desse percurso acadêmico e profissional: 
Igor, Leonardo, Valero, Isa, Maria, Carol, Nicholas, Bruno e tantos outros. 
Aos docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ao 
Departamento de Comunicação, obrigado por compartilharem com tanta excelência a sabedoria 
de vocês comigo. Ao meu orientador Dal Pian, também meus agradecimentos por ter visto a 
relevância do tema desde o início e ter me encorajado a executá-lo; à professora Raquel, por 
ter conduzido a orientação do TCC com tanta dedicação; e ao professor Parron, por quem 
carrego estimada admiração com tanto afeto e leveza, que fizeram com que as matérias durante 
a pandemia fossem amenas e mais divertidas. Também agradeço aos professores John, 
Antonino Condorelli, Daniel Meirinho, Beto, Zilmar e Lílian por serem figuras que passaram 
o amor pela comunicação e docência com maestria; influências maravilhosas. 
Por fim, dedico este trabalho à memória do meu avô Zequinha, minha fonte inesgotável 
de inspiração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A mind is such a terrible thing to waste” 
United Negro College Fund 
 
 
RESUMO 
 
A presente pesquisa parte de um processo inicial de compreensão acerca das percepções entre 
criatividade e saúde mental no ambiente publicitário natalense, que demonstra ser um passo 
fundamental para o entendimento dos desafios enfrentados por esses profissionais. O trabalho 
objetiva apresentar conceitos de criatividade relacionados ao contexto de saúde mental levando 
em consideração o mercado criativo na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, e relacioná-
los com a hipótese de que o contexto ambiental pode promover o desenvolvimento ou o 
bloqueio da criatividade. Ademais, pretendemos compreender a percepção do indivíduo sobre 
a relação entre a pressão gerada por gestores, clientes e/ou por si mesmo dentro do mercado e 
do cotidiano de trabalho, e confrontá-los com a qualidade do seu desempenho, além de 
identificar fatores que mal-condicionem o bem-estar do indivíduo na execução do seu trabalho. 
Para correlacionar os temas, realizamos um levantamento bibliográfico e veiculação de 
formulário que pretendeu responder a algumas questões importantes sobre a temática. Os 
resultados da pesquisa identificaram diversas práticas cometidas pelo mercado local que 
terminam por desenvolver nos indivíduos questionados fatores que limitam e prejudicam a 
potencialidade criativa. 
 
Palavras-chave: Criatividade. Saúde mental. Publicidade. Mercado criativo. Mercado 
publicitário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This research springs from a primary process of comprehending the perceptions between 
creativity and mental health in the marketing and advertising workplace in the city of Natal, 
which appears to be a fundamental step in understanding the challenges faced by these 
professionals. This academic work aimed at presenting concepts of creativity associated with 
the context of mental health, taking into consideration the creative market in Natal, Rio Grande 
do Norte, and correlating it with a hypothesis that the environmental context may promote 
either the development or stagnation of creativity/creative thinking.In addition, we intend to 
understand the individual's perception of the relationship between the pressure generated by 
managers, customers and/or himself within the market and daily work, and confront them with 
the quality of their performance, in addition to identifying factors that ill-condition the well-
being of the individual in the execution of his work. To correlate both themes, a bibliographic 
research was conducted along with a survey, which was designed to answer meaningful 
questions about the subject matter. The results of the study identify numerous practices present 
in the local workplace that create prejudicial limiting factors concerning creative potential 
among the participants of this research. 
 
Key word: Creativity. Mental health. Publicity. Creative market. Advertising market. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Representação esquemática do Modelo Componencial da Criatividade, 
adaptado de Amabile.....................................................................................................21 
Figura 2 - Representação esquemática da Teoria do Investimento em Criatividade de 
Sternberg (2001) e Lubart (1999).........................................................................................23 
Figura 3 - Representação esquemática do Modelo Sistêmico da Criatividade de 
Csikszentmihalyi............................................................................................................25 
Figura 4 - Nuvem de palavras: Poderia descrever de modo resumido a sua 
experiência?....................................................................................................................61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Local de trabalho................................................................................................36 
Gráfico 2 - Faixa-etária..........................................................................................................37 
Gráfico 3 - Ocupação com relação a área de criação..........................................................38 
Gráfico 4 - Departamento/área de ocupação.......................................................................39 
Gráfico 5 - Tempo de exercício na função............................................................................40 
Gráfico 6 - Tipo de relação interpessoal no trabalho..........................................................41 
Gráfico 7 - Desenvolvimento de atividade extra..................................................................42 
Gráfico 8 - Percepção sobre remuneração...........................................................................42 
Gráfico 9 - Carga-horária......................................................................................................43 
Gráfico 10 - Percepção do grau de nervosismo relacionado ao trabalho..........................44 
Gráfico 11 - Percepção do grau de ansiedade relacionada ao trabalho............................45 
Gráfico 12 - Percepção do grau de desânimo relacionado ao trabalho.............................45 
Gráfico 13 - Percepção da frequência de cansaço ao final do dia......................................48 
Gráfico 14 - Percepção de julgamento do estado da saúde mental....................................49 
Gráfico 15 - Percepção da duração da percepção de fatores psicológicos referentes à 
rotina laboral..........................................................................................................................49 
Gráfico 16 - Percepção sobre carga horária excessiva........................................................53 
Gráfico 17 - Percepção sobre carga horária excessiva........................................................53 
Gráfico 18 - Percepção sobre motivação referente à criação/auxílio na criação de peças 
publicitárias............................................................................................................................54 
Gráfico 19 - Percepção sobre o grau de satisfação com o estilo de gestão dos 
superiores................................................................................................................................55 
Gráfico 20 - Percepção sobre a relação entre o nível de motivação e o 
desempenho.............................................................................................................................56 
Gráfico 21 - Percepção sobre a experiência do bloqueio criativo......................................56 
Gráfico 22 - Percepção sobre a relação entre o nível de estresse e o bloqueio 
criativo.....................................................................................................................................57 
Gráfico 23 - Percepção sobre a relação entre o bloqueio criativo e o estado da saúde 
mental......................................................................................................................................58 
Gráfico 24 - Percepção acerca do excesso de cobrança pelo gestor/cliente.......................62 
Gráfico 25 - Percepção acerca do excesso de cobrança pelo próprio indivíduo...............63 
Gráfico 26 - Percepção da valorização do trabalho pelo gestor.........................................64 
Gráfico 27 - Percepção da relação entre o tempo entre demandas e a qualidade do 
produto criativo......................................................................................................................65 
Gráfico 28 - Percepção da relação entre o tempo entre demandas e a qualidade do 
produto criativo......................................................................................................................66 
Gráfico 29 - Percepção sobre acompanhamento terapêutico psicológico.........................67 
Gráfico 30 - Percepção sobre acompanhamento psicológico com algum profissional de 
saúde mental...........................................................................................................................67 
Gráfico 31 - Percepção sobre a qualidade do sono nos últimos dias.................................68 
Gráfico 32 - Percepção sobre tempo de consumo em conteúdos que auxiliam ao 
trabalho...................................................................................................................................69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 – Existe alguma situação específica no trabalho que tem prejudicado sua 
saúde mental?....................................................................................................................50-51 
Quadro 2 - Poderia descrever de modo resumido a sua experiência?.........................59-60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
CBO - Classificação Brasileira de Ocupações 
CLT - Consolidação das Leis de Trabalho 
GM - General Motors 
ISMA - International Stress Management Association 
NIOSH - Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional 
OMS - Organização Mundial de Saúde 
RN - Rio Grande do Norte 
SB - Síndrome de Burnout 
TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade 
TLP - Transtorno de Personalidade Limítrofe 
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15 
2 CRIATIVIDADE: ALGUNS APONTAMENTOS TEÓRICOS ................................ 19 
2.1 Modelo Componencial da Criatividade de Amabile ................................................. 20 
2.2 Teoria do Investimento em Criatividade de Sternberg (2001) e Lubart (1999) ..... 21 
2.3 Modelo Sistêmico da Criatividade de Csikszentmihalyi (1996) ............................... 23 
3 CRIATIVIDADE E SAÚDE MENTALNO AMBIENTE PUBLICITÁRIO ............... 25 
3.1 Cultura organizacional - O habitus publicitário........................................................ 28 
3.2 Sociedade do Cansaço .................................................................................................. 29 
4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 30 
4.1 Tipo da pesquisa ........................................................................................................... 31 
4.2 Sujeitos, universo e amostra ........................................................................................ 31 
4.3 Instrumento de pesquisa .............................................................................................. 31 
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS ....................................................................... 35 
5.1 Percepções acerca da rotina laboral ........................................................................... 40 
5.2 Percepções acerca da rotina laboral versus saúde mental........................................ 43 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 71 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 73 
APÊNDICE 1 .......................................................................................................................... 75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
1 INTRODUÇÃO 
A primeira concepção que se faz necessária para a introdução do presente trabalho é a 
da criatividade, que tem origem do latim creare, que significa “produzir” ou “erguer”, e 
relacionado a crescere - “crescer” ou “aumentar”. Contudo, segundo Alencar e leith (2007), o 
termo criatividade não é consenso entre teóricos. 
Para Torrance (1965, p. 02), criatividade “é o processo de tornar-se sensível a 
problemas, deficiências, lacunas no conhecimento, desarmonia, identificar a dificuldade, 
buscar soluções, formulando hipóteses a respeito das deficiências; testar e retestar estas 
hipóteses; e, finalmente, comunicar os resultados”. Já, para Ghiselin (1952, p. 21), “é o 
processo de mudança, de desenvolvimento, de evolução na organização da vida subjetiva”. 
Ostrower (1997) pontua que é na integração do consciente, do sensível e do cultural que se 
baseiam os comportamentos criativos do homem. No dicionário Aurélio, a palavra 
“criatividade” é definida de tal forma: 
 
Originalidade; qualidade da pessoa criativa, de quem tem capacidade, inteligência e 
talento para criar, inventar ou fazer inovações na área em que atua. Essa capacidade 
de inventar, de criar, de compor a partir da imaginação. [Linguística] Capacidade 
inata que o falante possui para desenvolver e entender uma quantidade excessiva de 
enunciados, mesmo os que nunca havia ouvido ou falado antes (DICIONÁRIO 
AURÉLIO, s.d.). 
 
Em publicidade, é comum relacionar a criatividade à solução de um problema, como 
bem pontua Vieira (2006) ao mencionar várias vezes em seu livro o termo “solução criativa”, 
exemplificando casos reais de sua vida profissional. Dentro de uma agência de publicidade, 
geralmente encontram-se separados cinco principais setores: atendimento, produção, 
planejamento, mídia e o de criação. O último é o responsável por transformar as necessidades 
encontradas pelo atendimento no briefing, em anúncios atrativos ao público, se demandados 
da produção. E isso requer muita criatividade. 
Na criação publicitária, a qualidade final do trabalho está diretamente relacionada ao 
esforço do profissional em conseguir reunir informações e combiná-las, dando luz a uma peça 
que desperta emoção e leva o indivíduo a tomar determinada atitude. Em um processo mais 
completo, como pontua Vieira (2006, p. 08), “a pesquisa detecta uma oportunidade, a 
engenharia de produção desenvolve o produto para atender a ela e o marketing define um 
conceito racional (a intenção: como quero ser percebido pelo consumidor).” 
16 
 
A criatividade ocupa um papel fundamental para a publicidade, porque o conceito 
racional, que é a forma como a empresa quer ser percebida pelo consumidor, precisa ser 
criativa, para poder conectar-se com as pessoas e criar uma percepção positiva sobre o que está 
sendo comunicado. Além disso, representa um elemento muito importante dentro do processo 
de criar diferenciação, principalmente com as constantes mudanças digitais, caracterizadas pelo 
excesso de informação e conteúdo que bombardeiam o público. 
Assim, podemos inferir que cobra-se, dentro do ambiente publicitário, uma postura 
impulsionada pela criatividade, como afirma Vieira (2006) quanto às atribuições dos 
funcionários dentro de uma agência: 
 
Ao falar do raciocínio criativo na publicidade, não estou me referindo apenas às 
atribuições dos funcionários do departamento de criação, mas a uma definição da 
atitude da agência e de todos os seus profissionais diante das questões apresentadas 
pelos seus clientes (VIEIRA, 2006, p. 47). 
 
De acordo com Rhodes (1961 apud RATO, 2009), há quatro categorias principais para 
o estudo da criatividade, sendo elas: a Pessoa (atribui-se a questões ligadas à pessoa criativa, 
como sua personalidade e fatores cognitivos, afetivos, emocionais e de desenvolvimento); o 
Processo (referindo-se a tópicos relacionados a etapas da experiência criativa: estratégias e 
métodos promotores de desenvolvimento); o Produto (resultados do processo criativo e 
critérios para que possa o artefato ou a ideia sejam considerados criativos); e a Press/Ambiente 
(reunindo as variáveis contextuais facilitadoras ou bloqueadoras da criatividade). 
Buscando elucidar os primeiros conceitos a serem abordados no presente trabalho, é 
necessário o estudo dos 4Ps ou quatro categorias orientadoras do estudo da criatividade, 
relacionando-as à percepção de produtividade por indivíduos que trabalham em agências de 
publicidade natalenses. 
Na atualidade, segundo Rato (2009), as investigações sobre criatividade contemplam a 
diversidade de condições externas como o ambiente interpessoal, disciplinar e socio-histórico-
cultural que interferem e condicionam a produção criativa. Por isso, neste trabalho, 
investigamos a influência do ambiente no processo criativo, visto que a corrente forma como 
vem sendo retratado o assunto do funcionamento do ambiente publicitário vem revelando cada 
vez mais uma realidade de práticas abusivas, construídas pelos valores distorcidos de um 
17 
 
modelo de negócio antigo que não se adaptou à nova realidade da nossa sociedade, 
demonstrando precarização na indústria criativa. 
O presente trabalho pretende, neste ponto, refletir sobre o ambiente criativo dentro de 
agências de publicidade e em que nível o contexto ambiental pode promover o 
desenvolvimento ou o bloqueio da criatividade. Como salientam Sternberg (2001) e Lubart 
(1999), o ambiente interage com variáveis pessoais e situacionais de forma complexa, 
incluindo família, escola, trabalho e sociedade em geral. Para os autores, o aspecto ambiental 
afeta a produção criativa de três formas distintas: o grau em que favorece a geração de novas 
ideias, a extensão em que encoraja e apoia o desenvolvimento das ideias criativas, e a avaliação 
que é feita do produto criativo. 
Durante o período pandêmico da COVID-19, que atingiu o Brasil em meados de março 
de 2020, muito se foi comentado sobre a temática da saúde mental. Frequentemente, veículos 
de mídia compartilhavam informações acerca da Síndrome de Burnout ou Síndrome do 
Esgotamento, e da ansiedade e hiperatividade, convidando profissionais das mais variadas 
áreas para que pudessem compartilhar seus testemunhos. Não era raro ver em seus quadros, 
artigos e notícias, comunicadores sociais, publicitários e profissionais de marketing e 
comunicação sendo chamados para depor a respeitoda temática, representando toda uma 
cultura profissional. 
Segundo dados da International Stress Management Association (ISMA), o Brasil 
ocupa o 2º lugar em nível de estresse com 70% da população sendo afetada pela condição. De 
acordo com pesquisa realizada pelo Grupo de Planejamento (2019), mais de 70% dos 
profissionais que passaram por situações de assédio moral em agências relatam ter sofrido com 
ansiedade. Desses, pelo menos 40% desenvolveram depressão e pelo menos 20% síndrome do 
pânico (GRUPO DE PLANEJAMENTO, 2019). 
Dentre os motivos, há as transformações econômicas, institucionais e tecnológicas 
ocorridas nas três últimas décadas que impactaram profundamente a forma de gerir as pessoas 
dentro das organizações. Um sistema caracterizado pela falta de previsibilidade que reflete em 
uma estrutura que privilegia o dinamismo, a velocidade e a capacidade de execução de 
multitarefas que tem como filosofia o máximo de superação, desempenho e eficácia da força 
de trabalho. Um modelo de negócio consolidado pelo exercício abusivo de suas obrigações e 
baseado na valorização do trabalho excessivo que já possui suas próprias percepções dentro do 
18 
 
imaginário popular: a forma de conduta da atividade publicitária já é caracterizada pelo 
pressuposto de que trabalhar com publicidade significa gostar de trabalhar sob pressão ou com 
prazo curto. 
Como afirma Han (2006), o começo do século XXI é marcado por uma violência 
neuronal causada pelo excesso de positividade. Se no passado vivemos uma época 
bacteriológica, que teve seu fim com a chegada dos antibióticos, bem como uma época viral, 
findando-se com as descobertas imunológicas, o começo do novo século observa agora uma 
época neuronal, determinada por doenças da mente como transtorno do déficit de atenção com 
hiperatividade (TDAH), transtorno de personalidade limítrofe (TPL) e síndrome de burnout 
(SB). A violência neuronal não parte mais de uma negatividade estranha ao sistema, porque ela 
é inerente ao sistema. Ela reproduz a violência da positividade, do Yes, we can, que resulta da 
superprodução, super desempenho ou supercomunicação. 
No final do ano de 2017, o GPSP (2017) realizou uma pesquisa em São Paulo sobre o 
mercado de comunicação da cidade, que trouxe diversos dados alarmantes acerca do assédio 
moral em agências de publicidade, demonstrando a forma como esses dados convergem com a 
manutenção de uma cultura profissional que exige em demasia do indivíduo. 
 
Quando a hostilidade está presente nas posições de maior poder e influência, corre o 
risco de ser considerada normal ou parte do processo, contribuindo para a criação de 
um círculo vicioso com potencial para legitimar e perpetuar a existência do assédio 
(GPSP, 2017). 
 
Dado o contexto de transformações sociais, culturais e tecnológicas obrigaram agências 
e profissionais ligados ao setor de comunicação a reinventar suas formas de trabalhar, graças a 
um mercado imprevisível, com constante instabilidade e cada vez mais instantâneo, o presente 
trabalho buscou realizar uma pesquisa exploratória concentrada em levantamento bibliográfico 
aliada à formulação de um questionário realizado com com indivíduos que tiveram 
experiências práticas com o trabalho criativo estando imersos em ambientes publicitários, que 
ajudaram a compreender e identificar qual ou quais causas impedem o pleno bem-estar mental 
do profissional dentro do seu trabalho, analisando e relacionando-as à percepção de qualidade 
das suas próprias produções criativas e ao contexto da Sociedade do Cansaço de Han (2006). 
19 
 
O principal objetivo dessa pesquisa é o de apresentar conceitos de criatividade e saúde 
mental e relacioná-los ao mercado criativo na cidade de Natal, no estado do Rio Grande do 
Norte (RN). Como objetivos secundários, pretendemos compreender a percepção do indivíduo 
sobre a relação entre a pressão gerada por gestores e/ou por si mesmo dentro do mercado e do 
cotidiano de trabalho e confrontá-los com a qualidade do seu desempenho, nesta pesquisa, no 
que se refere à criatividade; além de identificar fatores que mal-condicionem o bem-estar do 
indivíduo na execução do seu trabalho; e propor aporte ao entendimento de seu comportamento 
organizacional. 
O interesse neste campo específico de pesquisa nasce de uma preocupação com o 
indivíduo no campo publicitário e com o futuro da profissão, visto que o processo inicial de 
compreensão acerca das percepções entre criatividade e saúde mental é um passo fundamental 
para o entendimento dos desafios enfrentados por esses profissionais. E sem identificar vícios 
e hábitos prejudiciais à saúde destes profissionais, ficaremos para sempre estagnados nas atuais 
condições hostis, relacionadas à intensa pressão por produção e resultado e jornadas excessivas 
e intensas. 
 
2 CRIATIVIDADE 
Para Vieira (2006), a criatividade não é uma fórmula pronta para decorar, pois não 
existe fórmula para ser criativo. O que deve existir, segundo o autor, é uma atitude aberta à 
informação, o estímulo à sensibilidade e o cultivo da oportunidade de reflexão. Já, para Rato 
(2006), é um fenômeno mental complexo, difuso e multifacetado acessível a qualquer pessoa. 
Além disso, requer a confluência de seis recursos, sendo eles: habilidades intelectuais, 
conhecimento, estilos de pensamento, personalidade, motivação e ambiente (STERNBERG, 
2001). Para Briggs (2000), precisa de um clima de segurança para liberdade de expressão. 
São muitos os estudiosos que dedicaram seus trabalhos a compreender melhor um tema 
tão complexo quanto o da criatividade. Existe uma quantidade enorme de campos com as quais 
o tema se entrelaça, embaralha e tece conceitos entre as mais variadas áreas. Entretanto, 
evidenciamos neste capítulo, objetivando um maior enfoque no tema central deste trabalho, 
três principais teorias que auxiliarão em uma melhor absorção dos resultados obtidos na 
pesquisa que será adiante exposta, as quais se citam o Modelo Componencial da Criatividade 
20 
 
de Amabile (1983; 1996), a Teoria do Investimento em Criatividade de Sternberg (2001) e 
Lubart (1999), e o Modelo Sistêmico da Criatividade de Csikszentmihalyi (1996). 
 
2.1 Modelo Componencial da Criatividade de Amabile 
O Modelo Componencial da Criatividade (AMABILE, 1996) indaga o modo como os 
fatores cognitivos, motivacionais, sociais e de personalidade influenciam o processo criativo, 
apontando três componentes cuja interação é necessária à criatividade (AMABILE, 1996 apud 
RATO, 2006): Aptidões relevantes para o domínio, onde estão elencadas características 
referentes ao domínio técnico sobre o domínio, tais como talento, conhecimento adquirido, 
experiência e competências técnicas; Competências criativas relevantes, nas quais se incluem 
características da personalidade, hábitos de trabalho e estilos cognitivos; tais quais a 
autodisciplina, persistência, consistência, não conformismo, tolerância à ambiguidade, etc.; e 
Motivação intrínseca, compreendida como o envolvimento e a satisfação com a qual os 
indivíduos expressam na execução de uma determinada tarefa e é cultivada pelo ambiente 
social. 
 
Figura 1 - Representação esquemática do Modelo Componencial da Criatividade, 
adaptado de Amabile 
 
Fonte: Elaboração própria a partir de Amabile (1996 apud RATO, 2006, p. 26). 
21 
 
 O modelo supracitado é estruturado, ainda segundo Amabile (1996 apud RATO 2006, 
p. 31), em cinco estágios não necessariamente sequenciais, as quais se entendem pelos estágios 
de i. identificação do problema, a qual o indivíduo intrinsecamente motivado identifica 
determinado problema como tendo valor para ser solucionado; e ii. preparação, que se baseia 
no momento em que o indivíduo condensa ou produz as informações importantes para a 
solução, assim desenvolvendo capacidades e competências ligadas ao domínio do tema. 
Outros estágios são iii. a geração de respostas por ação de processos criativospertinentes e da motivação intrínseca do sujeito; iv. o teste de validação e comunicação do 
resultado, visto que, para a autora, uma ideia não pode permanecer apenas na mente do 
indivíduo produtor, pois necessita ser validada e comunicada; e v. o resultado da tomada de 
decisão. Assim, o processo considera-se finalizado quer a resposta ou o produto solucione ou 
não com sucesso o problema. Se a resposta/produto for parcial, o processo é retomado em um 
dos estágios anteriores. 
 A função do ambiente nesse modelo influencia de forma determinante os componentes 
particulares dos indivíduos nas mais distintas etapas do processo criativo. Por isso, a 
criatividade torna-se uma qualidade de ideias e produtos, produzidos por pessoas e validados 
pelo julgamento social em uma teia complexa de interação com fatores circunstanciais. Este 
foi um modelo precursor na integração de múltiplas variáveis, sejam cognitivas, motivacionais, 
de personalidade, contextuais ou sociais dentro do processo criativo. 
 
2.2 Teoria do Investimento em Criatividade de Sternberg (2001) e Lubart (1999) 
 A Teoria do Investimento em Criatividade, proposta por Sternberg (2001) e Lubart 
(1999), trata de sistematizar e integrar elementos e problemáticas investigados por outros 
autores, bem como os componentes do modelo de Amabile (1996) e os elementos da 
abordagem sistêmica de Csikszentmihalyi (1996). É uma metáfora no que tange o termo do 
investimento no sentido que os autores utilizam-no para afirmar que pessoas criativas são 
capazes de “comprar barato e vender caro no mundo das ideias”. Isso quer dizer que os 
indivíduos criativos captam o potencial de algumas ideias e desenvolvem-nas, e visto que o 
resultado torna-se valioso, vendem-no partindo para outro novo projeto. 
 Os mesmos autores agrupam, de acordo com Rato (2006), o estudo da criatividade em 
seis áreas distintas; porém inter-relacionadas, as quais são consideradas importantes para a 
22 
 
produção criativa, sendo elas: a inteligência, os estilos intelectuais, o conhecimento, a 
personalidade, a motivação e o contexto ambiental. 
 No que diz respeito à inteligência, os autores consideram especialmente expressivas 
três capacidades cognitivas centrais, quais sejam a capacidade de redefinir problemas, isto é, 
enxergar um problema sob um novo ângulo, fugindo da imposição do pensamento 
convencional; a capacidade de analisar, entre várias ideias, e reconhecer aquelas em que vale 
a pena investir tempo; e por último, a capacidade prático-contextual, que está relacionada com 
o poder de convencer os outros acerca do valor dessas ideias. 
 Em relação ao estilo intelectual, refere-se à distinção de três estilos de pensamento 
preferencial referindo-se ao legislativo, executivo e judiciário. Legislativo, presente na 
formulação de problemas e criação de novas regras e modos de perceber as coisas. Executivo, 
relaciona-se com o indivíduo que tem interesse e gosto em implementar ideias, optando por 
problemas com estrutura clara bem definida. Ainda de acordo com Sternberg (2001) e Lubart 
(1999), o sistema educacional tende a encorajar esse estilo. 
Judiciário, que se caracteriza pelo julgamento e avaliação de pessoas, tarefas e regras. 
 Quanto ao conhecimento, torna-se importante à medida que é necessário para que 
determinada contribuição em uma área específica possa ser significativa. Distinguem-se dois 
tipos: formal, que se adquire através do ensino explícito, sejam livros e seminários, etc.; e 
informal, o qual se adquire através da dedicação a determinada área. 
Admite-se ainda que, apesar de certo grau de conhecimento ser fundamental para a criatividade 
a partir de certo limiar, revela-se prejudicial, visto que pode influenciar dificultando outras 
formas de perceber os problemas. 
 No que tange à personalidade, identifica-se um conjunto de traços comuns aos 
indivíduos que costumam apresentar maior performance criativa, tais quais a predisposição 
para correr riscos e perseverança diante dos obstáculos; auto-confiança; tolerância à 
ambiguidade; coragem para expressar ideias novas e um considerável grau de auto-estima. 
Considera-se ainda que apesar de relativamente estáveis, estas predisposições individuais são 
mutáveis e passíveis de desenvolvimento, seja por vontade própria, seja por influência das 
condições ambientais. Sternberg (2001) e Lubert (1999) salientam ainda que a motivação 
orienta, incentiva e impulsiona a performance criativa sendo dada especial importância à 
motivação intrínseca, visto que as pessoas motivadas são mais propensas a responder 
23 
 
criativamente a dada tarefa. A interação da motivação intrínseca com a extrínseca promove a 
criatividade. 
Por fim, no tocante ao contexto ambiental, onde a criatividade se expressa, pode-se 
promover seu desenvolvimento ou seu bloqueio, isso porque interage com variáveis pessoais e 
situacionais de forma complexa. Para os autores, este contexto afeta a produção criativa de três 
formas distintas: o grau em que favorece a geração de novas ideias; a extensão em que encoraja 
e apoia o desenvolvimento destas; e a avaliação que é feita do produto criativo. 
A Teoria do Investimento se faz extremamente relevante para este trabalho, visto que 
os autores tratam de caracterizar a criatividade por um ângulo multifacetado, distante de tratar 
perspectivas singulares acerca do tema. Dentro do campo publicitário, é necessário perceber a 
criatividade sob esse ângulo, já que inúmeros podem ser os fatores que influenciam em 
determinadas criações. 
 
Figura 2 - Representação esquemática da Teoria do Investimento em Criatividade de 
Sternberg (2001) e Lubart (1999) 
 
Fonte: Elaboração própria a partir de Sternberg (2001) e Lubart (1999). 
 
 
 
 
2.3 Modelo Sistêmico da Criatividade de Csikszentmihalyi (1996) 
24 
 
De acordo com Csikszentmihalyi (1996), pode ser estabelecido um paralelo entre a 
criatividade como mecanismo de evolução cultural e as alterações genéticas aleatórias 
resultantes da evolução biológica. Ela é o resultado da interação entre o pensamento do 
indivíduo e o contexto sociocultural em que se insere. 
À vista disto, a criatividade deve ser entendida não como um fenômeno individual, mas 
como um “processo sistêmico”, e mais importante do que defini-la, é investigar onde se 
encontra, isto é, de que forma os ambientes social, cultural e histórico reconhecem uma 
produção como criativa. Para o autor, o indivíduo é o gerador da variação; o campo é o 
mecanismo de seleção que determina o que preservar; e o domínio, atua como mecanismo pela 
qual as inovações são aceitas e transmitidas às gerações futuras. Csikszentmihalyi (1996 apud 
RATO, 2006) propõe a criatividade como um processo resultado da interseção entre três 
fatores: o indivíduo, o domínio e o campo: 
Sobre o indivíduo, revelam-se características relacionadas à criatividade bem como seu 
background social e cultura. O sujeito criativo se caracteriza pela sua curiosidade, motivação 
intrínseca, abertura a experiências, entusiasmo, persistência, fluência de ideias e flexibilidade 
de pensamento. São características que estão sujeitas a adequações, visto que podem ser 
provocadas por um ambiente estimulador, seja valorizando o processo de aprendizagem, seja 
oferecendo oportunidades de acesso e atualização de conhecimento e/ou propiciando acesso à 
mentorias e recursos diversificados. Consideram-se ainda expectativas parentais positivas com 
relação ao desempenho do filho na vida escolar e profissional e apoio familiar quanto aos 
interesses apresentados pela criança como relevância para a promoção da expressão criativa. 
Em relação ao domínio, corresponde ao conjunto de normas e procedimentos 
simbólicos que são estabelecidos culturalmente, ou seja, o conhecimento estruturado, 
acumulado, transmitido e partilhado na sociedade. Compreende-se por domínio um corpo 
organizado de conhecimentos relacionados a uma área. Asaúde, a física, o cinema, a pintura, 
por exemplo, podem ser consideradas como tais. A fim de que contribuições criativas possam 
promover mudanças no domínio é primordial que o indivíduo tenha conhecimentos profundos 
acerca do tema, de forma a detectar inconsistência e procurar expandir suas fronteiras. De 
acordo com Csikszentmihalyi (1996), os domínios que têm procedimentos claros e informações 
integradas, são acessíveis, ocupam uma posição central na cultura e possibilita ainda aos 
indivíduos introduzirem inovações aos seus sistemas, quando comparados a domínios pouco 
estruturados. 
25 
 
Quanto ao campo, inclui todos os indivíduos que atuam como julgadores e conhecem o 
domínio. São eles que têm a função de decidir se uma nova ideia ou produto é criativo e deve, 
nesse caso, ser incluído no domínio. É o campo que seleciona o material que deve ser 
reconhecido, preservado e incorporado ao domínio. Por exemplo: no domínio das artes, o 
campo é composto por professores, curadores de museus, críticos e colecionadores. 
 
Figura 3 - Representação esquemática do Modelo Sistêmico da Criatividade de 
Csikszentmihalyi 
 
Fonte: Elaboração própria a partir de Csikszentmihalyi (1996). 
 
3 CRIATIVIDADE E SAÚDE MENTAL NO AMBIENTE PUBLICITÁRIO 
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde mental é caracterizada 
por um estado de bem-estar no qual uma pessoa é capaz de apreciar a vida, trabalhar e contribuir 
para o meio em que vive ao mesmo tempo em que administra suas próprias emoções. Portanto, 
não é puramente representada pela simples ausência de transtornos mentais. 
A corrente forma como vem sendo retratado o assunto do funcionamento do ambiente 
publicitário vem revelando, cada vez mais, uma realidade de práticas abusivas, construídas 
pelos valores distorcidos de um modelo de negócio antigo que não se adaptou à nova realidade 
da nossa sociedade, demonstrando a precarização da indústria criativa. 
26 
 
Aplicativos e plataformas de gestão de demandas já estão presentes nas rotinas das 
agências de publicidade há um bom tempo; entretanto, o que é visto na maior parte dos 
escritórios é que esses aplicativos não têm evitado a sobrecarga dos colaboradores. Aliado a 
isso, horas extras, ainda que remuneradas, são uma prática muito presente em agências de 
publicidade, que costumam trabalhar com prazos apertados e excesso de demandas. O resultado 
é o prejuízo da motivação, saúde mental, sono e produtividade dos trabalhadores. 
Segundo Reis, Fernandes e Gomes (2010), referem-se a estressores psicológicos e 
indicadores de ansiedade envolvidos na realização da carga de trabalho: tarefas inesperadas, 
nível de atenção e concentração requerida, pressão de tempo, dependência da realização de 
tarefas por outros, volume de trabalho, conflitos de papel e pressão de tempo. Aliadas às 
respostas obtidas na pesquisa que serão apresentadas mais adiante, foi justamente o que se 
observou neste trabalho. 
Em todos os níveis, a vida nas últimas décadas acelerou e vem impondo pressões cada 
vez maiores aos indivíduos. No ambiente de trabalho, espera-se que os empregados produzam 
mais qualidade e mais trabalho em menos tempo e empregando menos recursos (DOLAN, 
2006). Apesar de termos conquistado nas últimas décadas melhores condições físicas nas 
ocupações profissionais, pioraram as condições psicológicas e aumentou o estresse relacionado 
ao trabalho. Por isso é que toda essa aceleração e percepção de ansiedade e nervosismos devem 
ser medidas e consideradas ao avaliar a saúde do trabalhador, assim como os empenhos da 
organização em uma melhoria da saúde. 
Outrossim, de acordo com Couto e Moraes (2000), o atual ecossistema de negócios é 
caracterizado por uma intensa racionalização, em que é evidenciada a existência de trabalhos 
de alta densidade. Esses trabalhos apresentam um grande número de microdecisões. Se 
criatividade é sinônimo de solução de problemas e se somarmos essas características à 
simultaneidade do desenvolvimento de outras tarefas, encontramos como consequência: 
esquecimentos, erros, incapacidade, frustração, ansiedade e temor ao fracasso, sintomas 
decorrentes da fadiga. 
 
A criatividade em si mesma - a capacidade de criar novas ideias e novas coisas - 
exige mais do que a consciência alguma vez pode dar. Exige uma abundante memória 
de fatos e aptidões, abundante memória de trabalho, elevada capacidade de raciocínio 
e linguagem. Porém, a consciência está sempre presente no processo criador, não só 
porque a sua luz é indispensável, mas tamém porque, de uma forma ou de outra, com 
27 
 
maior ou menor intensidade, a natureza das suas revelações guia o processo da 
criação. Curiosamente, o que quer que inventemos, desde as normas de ética e do 
direito, passando pela música e literatura, até à ciência e tecnologia, é diretamente 
inspirado pelas revelações da existência que a consciência nos oferece. Curiosamente 
todas essas invenções vêm a ter um efeito sobre a existência, alteram-na para melhor 
ou para pior (...) Até certo ponto, embora de forma imperfeita, dispomos de meios 
individuais e coletivos para guiar a criatividade e melhorar a existência humana. Este 
projeto não é fácil de levar a bom cabo; não dispomos de plano orientador; os êxitos 
podem ser mínimos e o insucesso é provável. Apesar disso, mesmo que 
modestamente, se a criatividade for bem dirigida, permitiremos que a consciência 
cumpra uma vez mais o seu papel de regulação homeostática da existência. O 
conhecer ajudará o ser. (DAMASIO, 2000 apud RATO, 2009, p. 54). 
 
Ainda de acordo com Damásio (2001 apud RATO, 2009, p. 53), a lista de requisitos 
para a criatividade inicia-se pelos seguintes fatores: 1. Motivação e coragem: Suficiente 
ambição para querer fazer o trabalho e ter coragem para enfrentar a crítica e a rejeição; 2. 
Aprendizagem e experiência extensivas no campo, para que se possa obter o seu domínio. 
Saber como manipular os componentes criativos - as técnicas necessárias para o esforço 
artístico ou científico é extremamente importante; 3. A pessoa criativa tem que ser um “forte 
gerador de diversidade representativa ou figurativa” (ligada aos córtices pré-frontais). No 
sentido em que, quando estimulada deve ter capacidade para gerar uma grande variedade de 
combinações de imagens; 4. Grande capacidade da Memória de trabalho, que permite não 
só recuperar e gerar representações internamente, mas também, assegurar a sua ligação e 
operacionalização; 5. Capacidade para reconhecer/selecionar novas representações, isto é, 
julgar o valor artístico ou científico de certos itens ou das suas combinações; e 6. Mecanismo 
de tomada de decisão. Para selecionar entre as representações geradas, as que manter e as que 
descartar. 
 Segundo Rato (2009), é a procura dos meios individuais e coletivos para guiar a 
criatividade e melhorar a existência humana que justifica a tentativa (ainda que primária) de 
estudar a relação entre a saúde mental e a criatividade. O presente trabalho pretende, neste 
ponto, refletir sobre o ambiente criativo dentro de agências de publicidade e em que nível o 
contexto ambiental pode promover o desenvolvimento ou o bloqueio da criatividade. Como 
salientam Sternberg (2001) e Lubart (1999), o ambiente interage com variáveis pessoais e 
situacionais de forma complexa, incluindo família, escola, trabalho e sociedade em geral. Para 
os autores, o aspecto ambiental afeta a produção criativa de três formas distintas: o grau em 
que favorece a geração de novas ideias; a extensão em que encoraja e apoia o desenvolvimento 
das ideias criativas; e a avaliação que é feita do produto criativo. 
28 
 
 De acordo com o Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH), uma 
agência federal sediada nos Estados Unidos responsável por conduzir pesquisas e fazer 
recomendações para a prevenção de lesões e doenças relacionadas ao trabalho, a qual 
trataremos nestapesquisa a partir desse momento, elenca um conjunto de condições que pode 
causar o estresse ocupacional. Dentre elas, os papéis no trabalho referem-se a expectativas de 
trabalho mal definidas ou impossíveis de alcançar, demasiada responsabilidade e funções 
múltiplas (NIOSH, 2004). 
O NIOSH (2004 apud REIS; FERNANDES; GOMES, 2010) define o estresse no 
trabalho como as reações físicas e emocionais, consideradas nocivas, ocorrem quando as 
exigências não se equiparam à capacidade, às necessidades ou aos recursos do trabalhador. 
Como resultado da sua interação com as condições de trabalho, pode levá-lo a doenças. 
Segundo o Ministério do Trabalho, em sua Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), os 
cargos correlacionados aos profissionais de publicidade (CBO 2531), como profissionais 
criativos sendo eles: Publicitário (CBO 2531-15), Diretor de mídia (CBO 2531-20), Diretor de 
arte (CBO 2531-25), Diretor de criação (CBO 2531-30) e Agenciador de propaganda (CBO 
2531-40); bem como profissionais de marketing sejam eles gerentes de coordenação, de 
departamento, divisão e vendas, analistas e assistentes e possuem no quadro de “Condições 
Gerais de Exercício” um parágrafo que observa para o fato de que esses profissionais “podem 
atuar sob pressão, levando-os à situação de estresse”. 
 
3.1 Cultura organizacional - O habitus publicitário 
À título de contextualização, faz-se necessário o entendimento do conceito de 
“habitus”, concebido por Bourdieu (1989, p. 61), que compreende “um conhecimento 
adquirido e também um haver [...] o habitus indica a disposição incorporada, quase postural”. 
O habitus, neste ponto, nos ajuda a compreender o comportamento de um agente de campo, 
que segue ritos previamente estruturados. 
Entende-se resumidamente sobre habitus a perpetuação de determinados 
comportamentos (nesse caso, exemplificados dentro do ambiente publicitário), que seguem 
sendo reproduzidos sem que os indivíduos façam ao menos uma reflexão interna sobre o que 
está sendo feito, agindo de forma natural. Para Petermann (2011), aplicando o conceito de 
habitus à criação publicitária, “[o habitus] serve para que pensemos as práticas 
29 
 
especificamente: seus modos de conduta desenvolvidos no e para o processo de produção e 
atuantes sob o nível da consciência” (PETERMANN, 2011 apud SHUCH, 2019, p. 62). 
Para falar sobre a construção do habitus em publicidade, faz-se necessário traçar um 
breve paralelo com a chegada do “negócio” da publicidade no Brasil e suas fases, com a 
formação dos grupos de comunicação no país através do processo de internacionalização. 
Segundo Tavares (2001), a formação dos grupos de comunicação surge através da expansão de 
empresas norte-americanas pelo mundo e é marcada pela chegada, em 1930, no Brasil da JW 
Thompson, agência de publicidade que representava a General Motors (GM), bem como a 
McCann representando a Esso. Um movimento marcante para o mercado publicitário nacional, 
que não contava com as mesmas técnicas de produção de anúncios e estratégias mercadológicas 
que vinham dos Estados Unidos. 
Nessa época, em meados de 1930, a publicidade dos produtos norte-americanos nos 
países em que as agências se instalavam era feita, essencialmente, através de um sistema de 
representação, que se empenhava na produção, tradução, distribuição e posicionamento dos 
anúncios nos meios disponíveis no exterior, como pontua Tavares (2001). 
Para esta autora, a segunda fase é marcada através do processo de modificações e 
adaptações à própria maneira de pensar como um cidadão nativo, compreendendo que não 
havia nada melhor do que os próprios publicitários do país de origem para conhecerem o 
mercado local onde se desejava entrar. A partir do reconhecimento de que por mais qualidade 
que as agências internacionais tivessem, elas sempre estariam concorrendo com as agências 
nacionais, demarca-se a terceira fase: associação. Essa expansão se faz presente até os dias 
atuais com mais força, principalmente, se levarmos em consideração o espírito crescente de 
necessidade de diferenciação que motivou a criação e a gestão dessas organizações. 
Na época da concorrência globalizada, a regra é fazer mais, em uma busca frenética por 
um lugar e uma posição melhor no mercado, como afirmam Reis, Fernandes e Gomes (2010), 
denunciando a existência de um descompasso na evolução dos modelos de gestão e na gestão 
das pessoas dentro das instituições. É buscando sobrevivência, nesse forte ritmo de mudança, 
que as organizações tiveram que se adaptar a uma nova estrutura. O modelo de gestão mudou. 
Visando inovação, as instituições melhoraram sua eficácia e tais mudanças geraram inúmeras 
repercussões na saúde e na integridade do trabalhador. 
3.2 Sociedade do Cansaço 
30 
 
 Destacamos que o presente trabalho tende a enquadrar a temática da sociedade do 
cansaço e do desempenho propostas por Han (2006) na conjuntura da criação publicitária, 
abrangendo os profissionais de criação ligados a essa área: diretores de arte, redatores, social 
medias, assistentes ou atendentes publicitários, coordenadores, gerentes de marketing, diretores 
de criação, analistas de marketing ou de publicidade etc., os quais têm como uma de suas 
principais fontes de trabalho a criatividade, delimitados por um modelo de negócio que parte 
da máxima de que, para ser produtivo, é necessário estar trabalhando sob pressão. 
Assim, a fórmula do modelo de negócio da publicidade tradicional vira: mais pauta, 
mais pressão, mais produtividade e, consequentemente, mais lucro, trazendo à luz uma 
problemática centrada no contexto da saúde mental no ambiente publicitário, uma vez que o 
atual sistema organizacional de parte das agências de publicidade brasileiras terminou por 
auxiliar a conceber uma percepção do imaginário popular de que o habitus ou a forma de 
conduta da atividade publicitária é caracterizado pelo pressuposto de que trabalhar com 
publicidade significa saber ou gostar de trabalhar sob pressão ou com prazo apertado. 
Somado a isto, naturalizou-se uma cobrança excessiva por produtividade e positividade, 
enquadrando-se aos conceitos da sociedade do desempenho de Han (2006), que compreende 
que a sociedade disciplinar de Foucault (feita de hospitais, asilos, presídios, quartéis e fábricas) 
deu lugar a uma sociedade de prédios de escritórios, bancos, aeroportos e shopping centers. 
Seus habitantes não se chamam mais “sujeitos da obediência”, mas sujeitos de desempenho e 
produção, em que o poder ilimitado se transforma no verbo modal positivo dessa sociedade, 
produzindo indivíduos depressivos, fracassados e cansados - sob a ótica do Yes, we can. Estes 
indivíduos vivem em uma sociedade onde são empresários de si mesmos, buscando sempre 
maximizar a produção em detrimento de suas saúdes mentais. 
 
O sujeito de desempenho pós-moderno não está submisso a ninguém. Propriamente, 
não é mais sujeito, uma vez que esse conceito se caracteriza pela submissão (sujeito 
à). Ele se positiva, liberta-se para um projeto. A mudança de sujeito para projeto, 
porém, não suprime as coações. Em lugar da coação estranha, surge a autocoação, 
que se apresenta como liberdade. Essa evolução está estreitamente ligada com as 
relações de produção capitalistas. A partir de um certo nível de produção, a 
autoexploração é essencialmente mais eficiente, muito mais produtiva que a 
exploração estranha, visto que caminha de mãos dadas com o sentimento da 
liberdade. A sociedade do desempenho é uma sociedade de autoexploração. O sujeito 
de desempenho explora a si mesmo, até consumir-se completamente (burnout) (HAN, 
2006, p. 101). 
4 METODOLOGIA 
31 
 
Neste capítulo, apresentamos a metodologia selecionada para o desenvolvimento desta 
pesquisa. Segundo Silva e Menezes (2005), determinam propostas e realizam-se ações para 
resolver problemas por meio de processos racionais e sistemáticos em uma pesquisa, quando 
não há informaçõessuficientes para solucioná-los. 
 
4.1 Tipo da pesquisa 
 Para obter um resultado próximo do que havia pensado como ideal para a pesquisa, foi 
necessária a utilização da metodologia quantitativa. O método quantitativo foi necessário, visto 
que permite testar teorias objetivas através do estudo entre variáveis com recurso de estudos 
estatísticos. 
 Consideradas as importâncias do método de pesquisa, foi concluído que a presente 
pesquisa exigiria métodos quantitativos, que, para Creswell e Clark (2013), se caracteriza como 
uma pesquisa que permite a coleta e análise de dados quantitativos, vinculando os à obtenção 
de respostas das perguntas fechadas e abertas interpretando uma construção única, que dá 
prioridade a um único estudo, estruturando-os de acordo com as “lentes” teóricas adotadas. 
 
4.2 Sujeitos, universo e amostra 
 Buscando o auxílio na compreensão do sujeito criativo que pretende ser estudado, foi 
divulgado um formulário que visou responder a algumas questões importantes sobre a temática 
da percepção da saúde mental e a relação com a criatividade e desempenho dentro do campo 
profissional na cidade de Natal/RN. 
 O formulário foi divulgado em grupos da rede social Facebook correlacionados à área 
de comunicação social, bem como em grupos de WhatsApp ligados ao curso de Publicidade e 
Propaganda da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e obteve 40 respostas 
no período compreendido entre os dias 13 e 23 de novembro de 2022. 
 
4.3 Instrumento de pesquisa 
 Procurando atingir os objetivos da pesquisa, levantamos os dados bibliográficos já 
expostos no referencial teórico, que auxiliaram no principal instrumento de coleta de dados 
32 
 
desta pesquisa, um questionário primário mesclando perguntas fechadas. Neste questionário, 
os respondentes optaram pelas respostas dentre as alternativas que foram apresentadas, 
escolhendo entre questões unipolares e bipolares, seguindo a Escala Likert que permite medir 
a opinião do inquirido, a qual é dada pela média do seu posicionamento face ao conjunto de 
proposições propostas com algumas adaptações e algumas perguntas abertas não-obrigatórias, 
mas que exigiam do respondente um retorno resumido sobre sua experiência. 
 A aplicação desse instrumento foi feita de forma virtual para amostra não 
probabilística por conveniência, utilizando a plataforma Google Forms. No total, há 35 
questões, sendo 32 questões objetivas, abrangendo atributos ocupacionais e comportamentais, 
com o objetivo de correlacionar a percepção do próprio bem-estar e saúde mental com 
padrões de bloqueios criativos e eficácia laboral; e três questões subjetivas não-obrigatórias 
que solicitaram um testemunho resumido sobre as experiências profissionais dos 
respondentes. 
 A primeira questão tratava da faixa-etária, a fim de compreender o perfil dos indivíduos, 
para que pudesse entender se os questionados se tratavam de profissionais com relativa 
experiência no mercado; bem como atrelada às três seguintes, que tratavam sobre: a atualidade 
de suas ocupações (se estavam empregados atualmente ou se já trabalharam para uma empresa 
ou diretamente com um cliente na área de comunicação), local de trabalho (se trabalhavam para 
empresas locais) e se trabalhavam para um setor específico voltado à comunicação dentro de 
empresas, em agências de publicidade ou como autônomos e freelancers. Essas perguntas 
foram feitas buscando compreender a silhueta de seus gestores e/ou clientes. 
 Foi necessário adicionar ao formulário, em sequência, uma pergunta que dividisse a 
área de atuação dos respondentes em: atendimento, planejamento, criação, mídia ou produção, 
questionando qual das opções melhor descreve a área em que trabalha, entendendo que muitos 
dos profissionais desenvolvem seus ofícios em mais de uma área e também partindo do 
pressuposto que, para analisar o que se propõe neste trabalho, não era necessária somente a 
apuração de opiniões de profissionais envolvidos na área de criação, embora fosse pretendido 
que essa área pudesse responder de forma mais precisa a outras questões pertinentes. 
 
ao falar de raciocínio criativo na publicidade, não refere-se apenas às atribuições dos 
funcionários do departamento de criação, mas a uma definição de atitude da agência 
e de todos os seus profissionais diante das questões apresentadas pelos clientes 
(VIEIRA, 2006, p. 47). 
 
33 
 
 A próxima pergunta, anexada à anterior, referia-se há quanto tempo o indivíduo exercia 
a função que assinalou. Isso para que pudéssemos entender se a percepção de esforço e atuação 
estava relacionada ao choque em comparação à outra área em que o indivíduo trabalhara, bem 
como se estava apto a poder comparar essas funções a outro encargo relacionado a área tendo 
em vista sua experiência prévia. Dando continuidade ao formulário, a pergunta que se segue 
questionava se, no ofício que executava, o respondente lidava diretamente com o cliente ou 
através de algum outro(a) funcionário(a) da empresa em que trabalha, buscando compreender 
melhor o perfil do gestor ou cliente na qual era prestado o serviço. 
 Na continuidade do formulário, prossegue-se com uma questão que perguntava se o 
indivíduo desenvolve ou já desenvolveu tarefas além do que foi acordado com o(a) 
empregador(a) anteriormente. Essa indagação foi feita visando entender sobre a questão do 
multitasking. 
 
a técnica temporal e de atenção multitasking não representa nenhum progresso 
civilizatório (...) Trata-se antes de um retrocesso (...) está amplamente disseminada 
entre os animais em estado selvagem. Trata-se de uma técnica de atenção, 
indispensável para sobreviver na vida selvagem (...) Na vida selvagem, o animal está 
obrigado a dividir sua atenção em diversas atividades. Por isso, não é capaz de 
aprofundamento contemplativo e não pode mergulhar contemplativamente no que 
tem diante de si, pois tem de elaborar ao mesmo tempo o que tem atrás de si (HAN, 
2006, p. 32). 
 
Seguindo adiante no formulário elaborado, as próximas perguntas serviram para 
compreender a percepção do respondente no tocante às questões relacionadas à carga horária e 
remuneração. Foi questionado se o indivíduo acha que é bem remunerado e se possui carga 
horária fixa, tema este que serviu para introduzir a temática do entendimento sobre a saúde 
mental dos questionados. 
As questões subsequentes abordaram a temática da percepção da saúde mental dos 
questionados utilizando a Escala Likert, voltadas para a ocupação profissional. Foi perguntado 
se, em relação ao trabalho exercido, os interrogados sentiam-se, em uma escala de 1 a 10: 
nervosos, ansiosos e desanimados, separadamente. Esses três fragmentos serviram para ajudar 
a compreender a relação entre a percepção de saúde mental e criatividade, que viriam a seguir; 
assim como questões relacionadas ao cuidado com a saúde mental pelos profissionais criativos, 
perguntando se fazem ou já fizeram terapia, se já realizaram algum tratamento acompanhado 
de profissionais de saúde mental e se já sentiram que adoeceram fisicamente devido ao cansaço 
34 
 
excessivo proveniente de suas rotinas laborais. Finalizando esse segmento, também havia uma 
questão ligada à percepção de cansaço, que perguntava se os indagados sentiam-se cansados 
ao final do dia e, se sim, com qual frequência. 
Duas perguntas subjetivas não-obrigatórias posteriores à questão que indagava sobre 
como os questionados julgavam o estado de sua saúde mental no momento em que respondiam 
o formulário auxiliaram a relacionar as respostas a situações que corroboram com as hipóteses 
levantadas nesta pesquisa: há quanto tempo os entrevistados se sentiam como assinalado e se 
existia alguma situação específica no trabalho que vinha prejudicando o estado de suas saúdes 
mentais. 
Voltando aos questionamentos acerca de suas ocupações profissionais, duas perguntas 
prosseguiram o raciocínio a respeito do tempo investido emseus ofícios: se costumavam 
trabalhar além do horário estabelecido e se achavam que trabalhavam mais do que deveriam. 
Perguntas necessárias para comprovar as hipóteses no que se diz respeito ao habitus 
publicitário, como a subsequente, que questionava se os respondentes achavam que, tendo mais 
tempo entre as demandas, poderiam entregar um resultado melhor. 
Também foi questionado se os respondentes sentiam-se devidamente motivados por 
seu(ua) superior(a)/cliente a criar e/ou auxiliar na criação de peças publicitárias. Essa resposta 
poderia ser dada assinalando uma nota de 1 a 10, na qual 1 representa pouco e 10 muito. 
Também foi questionado se os respondentes acreditavam que seus trabalhos eram devidamente 
apreciados por seus gestores. Essas questões, em particular, ajudaram a relacionar as réplicas 
com a lista de requisitos de criatividade de Damásio (2001), correlacionando-as à motivação e 
à coragem. 
Na questão que se seguia, foi questionado se os perguntados achavam que seu nível de 
motivação afetava o seu desempenho, uma dúvida-chave para a confirmação da hipótese 
central deste trabalho, que se concentra em confrontar essas informações. Questões 
subsequentes, como se o entrevistado já havia experimentado uma situação de bloqueio 
criativo, se conseguia enxergar uma relação entre esse bloqueio e o nível de estresse que estava 
vivenciando, e se acredita que esse bloqueio foi ocasionado pelo estado de sua saúde mental, 
também corroboram para entender essa situação. 
Para finalizar esse segmento, uma pergunta de caráter subjetivo solicitava a descrição, 
de modo resumido, da experiência do bloqueio criativo. Esse questionamento, especialmente, 
surgiu da necessidade de entender se o indivíduo sentiu perda da qualidade no trabalho, se 
35 
 
sentiu que estava demorando mais que o habitual para entregar demandas e se conseguia 
enxergar a origem do bloqueio. 
As questões posteriores serviram para relacionar a percepção de cobrança nas rotinas 
laborais dos entrevistados à Sociedade do Cansaço de Han (2006): quão realistas eram as 
expectativas do seu(ua) gestor(a)/cliente, se os entrevistados sentiam-se excessivamente 
cobrados por si mesmos, e se sentiam-se excessivamente cobrados por seus(uas) gestores e 
clientes. As perguntas exigiam que os respondentes optassem por respostas correlacionadas à 
frequência dessas cobranças. 
As três últimas perguntas que findam o formulário estavam relacionadas à auto-
avaliação da qualidade do sono dos respondentes, como também se têm conseguido aproveitar 
os momentos de descanso desfrutando momentos de lazer e se têm tido tempo para consumir 
conteúdos que os ajudam no trabalho, dentre os quais se citam estudos de referências, 
momentos contemplativos e ócio produtivo. 
 
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS 
Este primeiro fragmento da coleta de dados, representado pelo Gráfico 1, fez referência 
à localização da ocupação dos respondentes e foi uma pergunta excludente. Os indivíduos que 
assinalaram que nunca trabalharam para alguma agência de publicidade e em setores de 
marketing sediados na cidade não foram aptos a responder o restante das questões. 
O que pode ser observado é que a maioria (58,1%) respondeu que trabalha atualmente 
para alguma agência de publicidade ou setor de comunicação de alguma empresa sediada em 
Natal/RN, enquanto uma parcela menor (34,8%) assinalou que já trabalhou anteriormente. 
Uma pequena minoria (6,9%) respondeu que nunca trabalhou em uma empresa sediada em 
Natal/RN, embora já tenha trabalhado na área de comunicação. Essa última parcela não se 
enquadra nos critérios mínimos para a análise dos dados, pois a amostra centrou-se em captar 
respondentes localistas, embora estejamos vivendo um momento em que muitas pessoas 
trabalham de forma remota ou híbrida com prestação de serviço a empresas sediadas fora da 
cidade ou estado em que residem. 
 
Gráfico 1 - Local de trabalho 
36 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
 
Ainda neste primeiro momento, foi objetivada a caracterização do perfil da amostra. 
Com relação à faixa-etária, podemos ver no Gráfico 2 que a grande maioria dos respondentes 
(75%) se encontra na faixa de 25 a 35 anos; enquanto uma porcentagem menor, de 17,5%, 
se encontra no intervalo de 18 a 24 anos e uma menor ainda. Na faixa de 36 a 50 anos, a 
representação é de 7,5% dos respondentes (Gráfico 2). 
Gráfico 2 - Faixa-etária 
 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
37 
 
 
Para dividir a modalidade de trabalho dos respondentes, foi questionado se os 
respondentes que trabalhavam com demandas publicitárias ligadas à área de criação prestavam 
serviços para agência/setor de marketing de alguma empresa, o que representou 57,5% das 
respostas; enquanto uma parcela de 25% assinalou que trabalhava atualmente como 
autônomo/freelancer (Gráfico 3). Os que já trabalharam em uma agência ou setor de marketing 
de alguma empresa também foram ouvidos no questionário, visto que, embora não atuem no 
presente, possuem relatos que devem ser levados em consideração. Estes representaram 17,5% 
dos questionados (Gráfico 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico 3 - Ocupação com relação a área de criação 
 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
38 
 
 
No que se refere ao departamento nos quais são realizados os trabalhos, a grande 
maioria assinalou que a opção que melhor descreve a área em que trabalha é o setor de criação, 
com 62,5% das respostas, seguido do setor de planejamento 12,5% (Gráfico 4). Os demais se 
espalham pelos seguintes departamentos demonstrados no Gráfico 4. O predomínio dos 
respondentes na área de criação pode se dar pelo fato de que o questionário, ao ser divulgado, 
visou atingir principalmente os indivíduos que desenvolvem ou desenvolveram atividades 
ligadas a esse setor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico 4 - Departamento/área de ocupação 
 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
 
39 
 
 A seguinte pergunta, exposta no Gráfico 5, referia-se há quanto tempo, em média, os 
respondentes exerciam suas funções. Neste fragmento, houve uma divisão quase que igualitária 
entre as respostas, sendo as duas maiores porcentagens parceladas entre o tempo de mais de 5 
anos (30%) e de 4 a 5 anos (25%); enquanto as respostas de mais de 1 ano e de 2 a 3 anos 
representaram 15% e 17,5%, respectivamente (Gráfico 5). Os respondentes que assinalaram 
exercer a função há menos de 1 ano representaram 12,5%, o que também expressou um número 
muito similar (Gráfico 5). É interessante observar que a maioria já desenvolve suas funções há 
um bom tempo. Muito embora sejam seus primeiros cargos e ocupações de vida, possuem 
relativa experiência nos encargos que ocupam. Como esta pesquisa procura compreender a 
percepção dos funcionários sobre seus trabalhos, esta pergunta específica ajudou a entender 
que a amostra contava com uma adequada precisão. 
 
 
 
 
 
Gráfico 5 - Tempo de exercício na função 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
 
40 
 
 O próximo questionamento, evidenciado no Gráfico 6, tinha como objetivo distinguir 
se os respondentes trabalhavam diretamente com o(a) cliente ou através de um(a) outro(a) 
funcionário(a) da própria empresa pela qual prestam serviços, visto que, para entender as 
relações interpessoais entre empregado e empregador, contratado e contratante, foi necessário 
identificar quem era o responsável por demandar, exigir e produzir pautas. Também foi uma 
pergunta necessária para compreender que, nesse caso, poderiam ocorrer problemas de 
comunicação, repasses de informação e conflitos. 
Além disso, foi imprescindível para que se pudesse perceber fatores que podem causar 
estresse ocupacional, como pontua o NIOSH (2004) quando elenca que a depender do estilo de 
gestão pode haver ausência de participação na tomada de decisão e falta de comunicação eficaz 
na organização. Os resultados foram que 42,5% lidam diretamente com o cliente, 35% através 
de algum(a) funcionário(a)da própria empresa pela fornecem serviços, enquanto 22,5% 
encarrega-se de lidar com ambos (Gráfico 6). 
 
 
 
Gráfico 6 - Tipo de relação interpessoal no trabalho 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
 
5.1 Percepções acerca da rotina laboral 
41 
 
Dando prosseguimento à análise dos resultados, partimos para o fragmento que introduz 
questões acerca da percepção de rotinas laborais dos respondentes. Nesse item em específico, 
podemos perceber pelo Gráfico 7 que uma considerável parcela dos respondentes assinalou que 
desenvolve ou já desenvolveu tarefas além do que foi acordado com o(a) empregador(a) 
anteriormente. Um dado preocupante, que também pode ter refletido na resposta do Gráfico 8, 
visto que obtiveram resultados quase idênticos. Uma possível justificativa é a de que a 
remuneração combinada deveria representar fidedignamente a função exercida. Quando existe 
acúmulo e/ou acréscimo de funções, o pagamento deve ser proporcional a esse acúmulo. 
Quando os(as) funcionários(as) em geral não se sentem bem remunerados, isso pode significar 
subvalorização profissional. Também podemos inferir nesse questionamento, o 
desenvolvimento de multitarefas, uma prática constante no mercado de comunicação em geral. 
Gráfico 7 - Desenvolvimento de atividade extra
 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
 
Gráfico 8 - Percepção sobre remuneração 
42 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
 
Segundo o NIOSH (2004), conforme já mencionamos anteriormente, há um conjunto 
de condições que pode causar o estresse ocupacional. Dentre elas, os papéis no trabalho, que 
se referem às expectativas de trabalho mal definidas ou impossíveis de alcançar, demasiada 
responsabilidade e funções múltiplas. O NIOSH (2004 apud REIS; FERNANDES; GOMES, 
2010) define o estresse no trabalho como as reações físicas e emocionais, consideradas nocivas, 
ocorrem quando as exigências não se equiparam à capacidade, às necessidades ou aos recursos 
do trabalhador. Como resultado da sua interação com as condições de trabalho, pode levá-lo a 
doenças. 
A questão de número 9 visava verificar a carga horária de trabalho dos respondentes, 
questionando se possuíam ou não carga horária fixa, bem como as quantificando. Neste trecho, 
foi observado que grande parte dos questionados (45%) respondeu que possuía carga horária 
fixa de 8h, correspondente a 40h semanais. 30% dos respondentes disseram que não possuíam 
carga horária fixa, provavelmente a parcela correspondente que trabalha com certa autonomia, 
como freelancers. 8% ainda assinalaram que trabalham de 6h a 8h por dia. 
Foi notável ainda observar que 15% dos respondentes assinalaram que trabalham mais 
de 8h por dia, uma jornada que pode concluir uma rotina laboral acima da média. A 
Consolidação das Leis de Trabalho (CLT) determina no artigo 58 que a duração normal da 
jornada de trabalho para funcionários da rede privada não deve exceder as 8h diárias (BRASIL, 
1943). Infere-se que ou os respondentes de fato excedem essa definição nas empresas em que 
43 
 
trabalham, com horas extras remuneradas ou não, ou desenvolvem outras atividades autônomas 
para complementarem suas rendas. Todavia, mais importante que isso é perceber que 
provavelmente trabalhar mais de 8h por dia pode trazer um malefício de qualquer ordem para 
o indivíduo, seja um problema de ordem física ou psicológica. 
 
Gráfico 9 - Carga-horária 
 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
5.2 Percepções acerca da rotina laboral versus saúde mental 
 Nesse tópico, foram analisadas questões referentes a rotina laboral dos respondentes 
quando relacionadas à percepção de saúde mental com a finalidade de entender o bem-estar 
mental dos profissionais, bem como se vêm se sentindo nervosos(as), ansiosos(as) e/ou 
desanimados(as) com relação aos seus trabalhos. Os Gráficos 10, 11 e 12 trazem dados acerca 
dessas percepções. 
 
Gráfico 10 - Percepção do grau de nervosismo relacionado ao trabalho 
44 
 
 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gráfico 11 - Percepção do grau de ansiedade relacionada ao trabalho 
45 
 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
 
Gráfico 12 - Percepção do grau de desânimo relacionado ao trabalho 
Fonte: Dados da pesquisa (2022). 
 
Quanto aos dados apresentados no Gráfico 10, onde foi aplicada a Escala Likert para o 
grau em que os sentiam-se nervosos(as) ultimamente, na qual poderiam assinalar de 1 a 10, em 
que 1 representava pouco e 10 representava muito, os resultados chamaram muita atenção. 
Acima de 5, que era o parâmetro da normalidade, a porcentagem obtida foi de 85%, em que 
46 
 
27,5% assinalaram grau 8; 17,5% assinalaram o grau máximo correspondente à escala de 
número 10; 15% assinalaram 6; e 12,5% assinalaram os graus 9 e 7 (Gráfico 10). 
 Abaixo do número que representava a normalidade (5), foram obtidas apenas 4 
respostas, correspondendo a uma porcentagem de 10% dos profissionais, onde 2,5% assinalou 
os graus 1, 2, 3 e 4 (Gráfico 10). Apenas 5% responderam que não têm se sentido muito ou 
pouco nervosos(as), assinalando a opção 5 que configura a normalidade (Gráfico 10). 
 No que se refere à percepção de ansiedade ligada ao trabalho, foi atingido um percentual 
muito próximo à questão anterior que tratava do nervosismo; porém, mais acentuado quanto à 
negatividade do resultado. Um percentual de 90% assinalou acima da normalidade 
representada pelo grau 5; enquanto um percentual de apenas 5% respondeu que classificaria 
seu nível de ansiedade com relação ao trabalho como grau 4. 30% dos respondentes assinalaram 
o grau 8; 27,5% se sentem muito ansiosos com relação ao trabalho; 20% responderam que 9; 
15% assinalaram o grau 6 e 12,5% responderam o grau 6. 
 Os números obtidos foram muito preocupantes e corroboram com a hipótese de que se 
tem trabalhado, principalmente no mercado de publicidade, em um nível de ansiedade muito 
alto. Quando se fala sobre Síndrome de Burnout (já conceituada neste trabalho dentro do 
referencial teórico), esse dado se mostra ainda mais alarmante. A Síndrome descreve uma série 
de sintomas depressivos e ansiosos de pessoas submetidas a situações de trabalho fora do 
normal e ilustra, somado a outros resultados obtidos nesta pesquisa, um dado extremamente 
alarmante. 
 O seguinte questionamento, apresentado no Gráfico 12, aborda sobre a percepção de 
desânimo dos respondentes. Podemos concluir, como resultado deste questionamento em 
específico, que a maioria dos respondentes se sente desmotivado, com 80% assinalando graus 
acima da linha de normalidade (5). O grau máximo para essa pergunta foi registrado 30% dos 
respondentes, a maior entre todas as parcelas, seguido pelo grau 8, com 25%. Um percentual 
de 10% respondentes marcou o grau 7, enquanto que os graus 6 e 9 representaram 7,5% das 
respostas para cada. O grau de número 6 ainda obteve uma porcentagem de 7,5%, tal qual a 
linha da normalidade representada com o número 5, também com 7,5%. Abaixo da linha de 
normalidade, apenas 7,5% dos respondentes assinalaram o grau 4 em nível de desânimo. 
A conclusão geral desse resultado é que os respondentes, em sua grande maioria, estão 
trabalhando com um nível de desânimo acima da média, mais um dado preocupante. Para 
explicar a importância da motivação para a criatividade, pode-se trazer à luz o Modelo 
47 
 
Componencial da Criatividade de Amabile (1996) exposto no referencial teórico, que, 
indagando o modo como os fatores cognitivos, motivacionais, sociais e de personalidade 
influenciam o processo criativo, aponta três componentes cuja interação é necessária à 
criatividade, citando, especialmente, a motivação extrínseca. 
Para a autora, a motivação extrínseca refere-se ao desenvolvimento de tarefas realizadas 
pelos sujeitos como meio de atingir objetivos externos a essas tarefas. É esse o caso que 
podemos fazer alusão ao resultado do questionamento apresentado no Gráfico 12, visto que 
os(as) funcionários(os)

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