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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE BIOMEDICINA MONALISA SILVA DE SOUZA PREVALÊNCIA MICROBIANA DAS INFECÇÕES OCULARES EM PACIENTES ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES (HUOL-UFRN) NATAL 2018 PREVALÊNCIA MICROBIANA DAS INFECÇÕES OCULARES EM PACIENTES ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES (HUOL-UFRN) por MONALISA SILVA DE SOUZA Monografia apresentada à Coordenação do curso de Biomedicina da Universidade do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Biomedicina. Orientadora: Prof.ª. Dra. Vânia Sousa Andrade NATAL 2018 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - Centro de Biociências - CB Souza, Monalisa Silva de. Prevalência microbiana das infecções oculares em pacientes atendidos no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL-UFRN) / Monalisa Silva de Souza. - Natal, 2018. 62 f.: il. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Curso de Biomedicina. Orientadora: Profa. Dra. Vânia Sousa Andrade. 1. Infecções oculares - Monografia. 2. Prevalência microbiana - Monografia. 3. Perfil antimicrobiano - Monografia. 4. Epidemiologia - Monografia. I. Andrade, Vânia Sousa. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BSE-CB CDU 617.7 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS CURSO DE BIOMEDICINA A Monografia Prevalência microbiana das infecções oculares em pacientes atendidos no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL-UFRN) elaborada por Monalisa Silva de Souza e aprovada por todos os membros da Banca examinadora foi aceita pelo Curso de Biomedicina e homologada pelos membros da banca, como requisito parcial à obtenção do título de BACHAREL EM BIOMEDICINA Natal, 22 de Novembro de 2018 BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Profª. Dra. Vânia Sousa Andrade Departamento de Microbiologia e Parasitologia - CB/UFRN (Orientador) _______________________________________________ Ms. Gabriela Medeiros Araújo Hospital Universitário Onofre Lopes - HUOL-UFRN – EBSERH (1º Examinador) _________________________________________ Profº. Dr. José Veríssimo Fernandes Departamento de Microbiologia e Parasitologia - CB/UFRN (2º Examinador) AGRADECIMENTOS A Deus e Nossa Senhora por interceder sempre pela minha vida em todos os momentos, principalmente em minha trajetória acadêmica, para que eu nunca desista de lutar por dias melhores, levando-me a crê que o impossível é só questão de escolha e a fé que habita em mim suportará todas as dificuldades que venham a surgir. A toda minha família, principalmente a minha mãe, minha avó e meu tio, Carmem Célia, Maria do Socorro e Rinaldo Souza, pela dedicação incondicional a minha educação, formação dos meus valores e caráter, bem como o amor e carinho em toda minha vida, devo tudo a vocês. À professora Vânia Sousa Andrade, minha orientadora e coordenadora do curso, pelo acolhimento, atenção e confiança depositada em mim ao logo da minha graduação, serei eternamente grata por todos os ensinamentos e conselhos. À biomédica Gabriela Medeiros Araújo e a mestranda Dayana Carla Oliveira por toda a contribuição para a realização desse trabalho, a ajuda de vocês foi essencial para que tudo se conduzisse da melhor forma, obrigada por tudo. Ao professor Paulo, do Departamento de Estatística, por toda a contribuição na análise dos dados coletados, na qual foi fundamental para a melhor disposição dos resultados nesse estudo. À direção do HUOL e a equipe de profissionais do LAC, por toda a disposição diante da coleta dos dados e por permitir que esse trabalho fosse realizado. À UFRN e todos os professores do curso, por todos os conhecimentos, oportunidades e aprendizados adquiridos nesse período. Aos meus amigos da faculdade, em especial Aline, Brenda e Paula, obrigada pela amizade, pelo incentivo, pelos momentos de descontração, e pelo acolhimento nos dias difíceis ao longo desses quatros anos de graduação, amo vocês. Ao meu namorado Deyvison Rafael, por toda ajuda, paciência e companheirismo. A todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para a realização desse trabalho, minha eterna gratidão. RESUMO O olho humano frequentemente é susceptível a infecções em sua superfície, seja por desequilíbrio da microbiota normal ou pela aquisição de microrganismos exógenos, assim como pela deficiência do sistema imune ocular. O tratamento das lesões oculares baseia-se atualmente no uso de antimicrobianos de amplo espectro, porém algumas espécies podem adquirir de resistência, o que torna difícil debelar essas infecções. O objetivo desse estudo foi realizar uma análise retrospectiva dos dados individuais (idade e gênero), e o diagnóstico microbiológico das infecções oculares em pacientes atendidos no Hospital Universitário Onofre Lopes no período entre 2016 e 2017. Avaliou-se a prevalência dos agentes isolados, o tipo de espécime clínico, bem como a análise do perfil de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados no tratamento de rotina dessas infecções. Para isso, as informações referentes a 190 pacientes foram organizadas e compiladas em uma planilha do Microsoft® Office® Excel, e posteriormente, submetidas a análise estatística através do teste do Qui-quadrado. Constatou-se que a maioria dos indivíduos que apresentavam infecção oculares estavam na faixa etária 25 e 49 anos, sendo a maioria (65%) do gênero masculino. Dentre os microrganismos encontrados 58% eram bactérias, e 42% fungos. Entre as bactérias Gram-negativas, a mais prevalentes foram as do gênero Pseudomonas spp. encontradas em 44,8% das infecções bacterianas. Entre os fungos filamentosos, o mais prevalente foi o Fusarium spp, encontrado em 90,5% das infecções fúngicas. Observou-se uma associação significativa entre a infecção por Fusarium spp. e faixa etária entre 25 a 49 anos (p=0,01194). Dentre as bactérias Gram-positivas, a mais prevalente foi S. aureus, encontrado em 17,2% das infecções bacterianas. O espécime clínico com maior positividade nas culturas foi o raspado de córnea representando (70%) dos casos. Com relação ao perfil de sensibilidade aos antimicrobianos, a maioria das bactérias isoladas se mostraram sensíveis aos fármacos usados na prática oftalmológica, porém, algumas delas tais como as Pseudomonas spp., o Staphylococcus coagulase negativa, o Acinetobacter spp. e a Enterobacter spp. se mostraram resistentes. Conclui-se que, as infecções oculares analisadas no presente estudo foram causadas tanto por bactérias como por fungos, sendo o fungo Fusarium spp. o agente mais prevalente, seguido da Pseudomonas spp., e do Staphylococcus aureus. A maioria dos patógenos isolados apresentaram sensibilidade aos agentes antimicrobianos utilizados no tratamento de rotina das infecções oculares, contudo alguns desses agentes se mostraram resistentes. Esses resultados poderão contribuir com o trabalho dos profissionais que atuam na área, porém é necessário a inclusão de um número maior de variáveis, a fim de permitir uma avaliação mais detalhada das patologias oculares. Palavras-chave: Infecções oculares. Prevalência microbiana. Perfil antimicrobiano. Epidemiologia. ABSTRACT The human eye is often susceptible to infections on its surface, either by imbalance ofthe normal microbiota or by the acquisition of exogenous microorganisms, as well as deficiency of the ocular immune system. The treatment of ocular lesions is currently based on the use of broad spectrum antimicrobials, but some species may acquire resistance, which makes it difficult to thwart these infections. The objective of this study was to perform a retrospective analysis of the individual data (age and gender) and the microbiological diagnosis of ocular infections in patients attended at the University Hospital Onofre Lopes in the period between 2016 and 2017. The prevalence of isolated agents, type of clinical specimen, as well as the analysis of the antimicrobial susceptibility profile used in the routine treatment of these infections. For this purpose, information on 190 patients was organized and compiled into a Microsoft® Office® Excel worksheet, and then subjected to statistical analysis using the Chi-square test. It was verified that the majority of the individuals who presented eye infections were in the age group 25 and 49 years, being the majority (65%) of the male gender. Among the microorganisms found, 58% were bacteria, and 42% fungi. Among the Gram- negative bacteria, the most prevalent were those of the genus Pseudomonas spp. found in 44.8% of bacterial infections. Among the filamentous fungi, the most prevalent was Fusarium spp, found in 90.5% of fungal infections. There was a significant association between Fusarium spp. and age range between 25 and 49 years (p = 0.01194). Among Gram-positive bacteria, the most prevalent was S. aureus, found in 17.2% of bacterial infections. The clinical specimen with the highest positivity in the cultures was corneal scraping representing (70%) of the cases. Regarding the antimicrobial susceptibility profile, most of the isolated bacteria were sensitive to the drugs used in ophthalmological practice, however, some of them, such as Pseudomonas spp., Coagulase negative Staphylococcus, Acinetobacter spp. and Enterobacter spp. were resistant. It is concluded that the ocular infections analyzed in the present study were caused by both bacteria and fungi, and the fungus Fusarium spp. the most prevalent agent, followed by Pseudomonas spp., and Staphylococcus aureus. Most of the pathogens isolated showed sensitivity to antimicrobial agents used in the routine treatment of ocular infections, but some of these agents were resistant. These results may contribute to the work of the professionals who work in the area, but it is necessary to include a greater number of variables, in order to allow a more detailed evaluation of the ocular pathologies. Keywords: Eye infections. Microbial prevalence. Antimicrobial profile. Epidemiology. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Distribuição de casos de infecções oculares quanto ao gênero dos pacientes atendidos no (HUOL-UFRN) de janeiro de 2016 a dezembro de 2017 ................................................................................................. 32 Figura 2 – Distribuição geral dos micro-organismos encontrados nas infecções oculares dos pacientes atendidos no (HUOL-UFRN) de janeiro de 2016 a dezembro de 2017 .................................................................... 34 Figura 3 – Distribuição das culturas positivas quanto ao espécime clínico dos pacientes atendidos no (HUOL-UFRN) de janeiro de 2016 a dezembro de 2017 ............................................................................. 36 Figura 4 – Perfil de resistência aos antimicrobianos das bactérias isoladas de lesões oculares de pacientes atendidos no (HUOL-UFRN) de janeiro de 2016 a dezembro de 2017 ................................................... 38 LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro 1 – Descrição das variáveis utilizadas no estudo Prevalência das infecções oculares em pacientes atendidos no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL-UFRN) no período entre 2016 e 2017 ....................................... 29 Tabela 1 – Associação entre faixa etária e o micro-organismo (Fusarium spp.), dos pacientes com infecções oculares do (HUOL-UFRN) no período de dezembro de 2016 a janeiro de 2017 ..................................................... 33 Tabela 2 – Micro-organismos (%) isolados das infecções oculares do (HUOL-UFRN) no período entre janeiro de 2016 a dezembro de 2017 .......................... 35 Tabela 3 – Sensibilidade (%) aos antimicrobianos de uso frequente em infecções oculares de pacientes atendidos no (HUOL-UFRN) de janeiro de 2016 a dezembro de 2017 ............................................................................... 37 LISTA DE ABREVIATURAS HUOL – Hospital Universitário Onofre Lopes CEP – Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos LAC – Laboratório de Análises Clínicas LPS – Lipopolissacarideos SCoN – Staphylococcus coagulase negativa EPS – Matriz extracelular polissacarídica CF – Ceratite Fúngica VDL – Amebas de Vida Livre AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida UTI – Unidade de Terapia Intensiva ASD – Ágar Sabouraud Dextrose AMB – Anfotericina B NTM – Natamicina MRSA – Methicillin resistant Staphylococcus aureus TSA – Teste de Sensibilidade a Antimicrobianos CIM – Concentração Inibitória Mínima CIP – Ciprofloxacina GEN – Gentamicina AMI – Amicacina CAZ – Ceftazidima MPM – Meropenem VAN – Vancomicina OXA – Oxacilina SUMÁRIO 1 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 10 1.1 Infecções Oculares ................................................................................................ 10 1.1.1 Aspectos gerais ....................................................................................................... 10 1.1.2 Epidemiologia .......................................................................................................... 12 1.1.3 Micro-organismos prevalentes ................................................................................. 15 1.1.3.1 Bactérias .................................................................................................................. 15 1.1.3.2 Fungos ..................................................................................................................... 17 1.1.3.3 Protozoários (Acanthamoeba spp.) ......................................................................... 18 1.1.3.4 Vírus ........................................................................................................................ 19 1.1.4 Fatores predisponentes ........................................................................................... 20 1.1.5 Diagnóstico microbiológico ....................................................................................... 24 1.1.6 Aspectos terapêuticos ............................................................................................. 25 2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 27 2.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 27 2.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 27 3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 28 3.1 Considerações éticas ............................................................................................ 28 3.2 Naturezado estudo ................................................................................................ 28 3.3 Variáveis do estudo ............................................................................................... 28 3.4 Número amostral.................................................................................................... 30 3.4.1 Critérios de inclusão. ................................................................................................ 30 3.4.2 Critérios de exclusão ................................................................................................ 30 3.5 Coleta de dados ..................................................................................................... 30 3.6 Análise de dados ................................................................................................... 31 4 RESULTADOS ........................................................................................................ 32 5 DISCUSSÃO............................................................................................................ 39 6 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 48 APÊNDICE .............................................................................................................. 58 ANEXOS.....................................................................................................................59 10 1 REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 Infecções oculares 1.1.1 Aspectos gerais Normalmente, a superfície ocular é constituída por uma microbiota balanceada e específica, sendo isto estabelecido logo após o nascimento, no qual os olhos são ligeiramente colonizados por micro-organismos, seja advindos da microbiota materna (no caso de parto natural, via vaginal) seja através da microbiota anemófila (parto cesariana), que se mantém ao logo da vida (KAUFMAN et al., 2011). A existência desses na conjuntiva ocular foi comprovada desde o século XIX, diante da presença de bactérias aeróbias e aeróbias facultativas, assim como a anaeróbias estritas (CAMPOS et.al, 1989). Com a recorrência de micro-organismos implicados nas infecções oculares, muitas vezes de origem bacteriana ou fúngica, fez-se necessário observar as condições nas quais o olho humano pode propiciar a instalação de uma infecção, resultando em ceratite, conjuntivite, úlceras e endoftalmites (GAYOSO et. al, 2007). Assim, constatou-se que as infecções oculares podem ser desencadeadas pela presença de espécies virulentas adaptadas ao sistema ocular, assim como por falha do mecanismo de defesa nessa região (SOLARI et. al, 2004; GALVÃO, H.A.; CASTRO, M.M.B, 2010). As bactérias encontradas com maior frequência na microbiota normal da conjuntiva são as do gênero Staphylococcus spp. e Corynebacterium spp., sendo Staphylococcus coagulase negativa (SCoN) o grupo de bactérias mais prevalente no local, na qual as espécies mais comumente relatadas são Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus saprophyticus exercendo sua patogenicidade. Além destas, outras espécies são consideradas patogênicas como o Streptococcus spp., Pseudomonas spp., bem como algumas cepas de Enterococcus faecalis e Haemophilus spp. (DE KASPAR et al., 2008; UESUGUI et al., 2002; LIBORIO et al., 2005). Em relação aos fungos, são encontrados no ambiente ocular em baixa frequência de maneira constitutiva da microbiota comum, de forma a necessitar de fatores ambientais (microbiota anemófila) para o seu isolamento, por isso são 11 considerados transitórios no local. Porém, mesmo que transitórios, sua presença se torna importante, pois em situações de desequilíbrio do sistema imune devido a doenças crônicas, uso de imunossupressores, ou traumas pode levar a manifestação de patologias causadas por esse grupo de micro-organismos. Os fungos relatados com a maior incidência em infecções oculares são Fusarium spp.; Aspergillus spp.; Candida spp. e Penicillium spp (HÖFLING-LIMA et. al, 2005; SANTOS et. al, 2006; GARCIA et. al, 2017). A medida que o olho é habitualmente colonizado por micro-organismos que compõem a microbiota normal, pode existir fatores predisponentes que poderão interferir no equilíbrio micro-organismo-hospedeiro afetando a qualidade e a quantidade das espécies que compõem a microbiota normal, contribuindo e determinando a etiologia das infecções oculares (GUS et. al, 2004). Esses fatores podem surgir de pacientes portadores de doenças que alteram a resposta imune, como a Diabetes Mellitus (BILEN et.al, 2007; ANDRADE et al, 2006), a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) (PETROCINIO et. al, 2006) e a Hanseníase (DOS SANTOS et. al, 2004); pacientes com condições patológicas como a catarata (RUBIO, 2006), bem como os usuários de lentes de contato (LEITE E MACENTE, 2014), pacientes transplantados (LORENZINI E PICOLI, 2007) e internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) (OLIVEIRA et al., 2016; WERLI- ALVARENGA et al., 2011) também estão sujeitos a esse tipo de infecção. Além disso as infecções oculares são frequentemente associadas ao uso de medicamentos imunossupressores e o uso indiscriminado de antibióticos e corticoides; assim como fatores ambientais relacionados a exposição ocupacional ao meio rural, principalmente o que se refere a fungos (DALFRÉ et al., 2007). O controle e a redução dos casos de infecções oculares estão intimamente relacionados com a conduta de atenção oftalmológica em relação a medidas de prevenção e tratamento das lesões. Contudo, a conduta de escolha do antimicrobiano geralmente está ligado à seleção de um antibiótico de amplo espectro na tentativa de debelar as infecções considerando as possibilidades de micro-organismos que abrigam a região, como bactérias Gram-positivas e as Gram-negativas. No caso das classes bacterianas mais comuns, estas possuem bons índices de susceptibilidade a maioria dos antimicrobianos de escolha, como a vancomicina e a gentamicina, porém apresentaram resistência a ciprofloxacina e cefalotina (NASCIMENTO et. al, 2011). 12 Em vista disso, é necessário que seja feita uma análise laboratorial do espécime clínico a fim de gerar um isolamento do micro-organismo e avaliar o perfil de sensibilidade aos fármacos comumente utilizados. Esse tipo de investigação poderá evitar o diagnóstico etiológico tardio, diminuindo os riscos de complicações que posam danificar a visão do paciente e consequentemente, reduzir a frequência nos índices de morbidade visual (SOLARI et. al, 2004). A análise dos indicadores das condições de serviços relacionados ao Sistema de Saúde do Estado necessita do fornecimento de registros hospitalares mantidos em bancos de dados, que servirão para uma possível averiguação dos parâmetros que influenciam na prevenção e/ou tratamento de determinada patologia, no caso desse estudo, as infecções oculares. Diante do contexto acima, através do presente trabalho vislumbrou-se traçar um panorama em relação à frequência de bactérias e fungos envolvidos com a etiologia das infecções oculares registradas em pacientes atendidos no período de 2016 a 2017 no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL-UFRN). Como forma de contribuição com a unidade hospitalar, adicionalmente, incluiu- se no estudo a análise do perfil de sensibilidade aos antimicrobianos utilizados na prática médica para o tratamento das infecções oculares, tendo em vista reforçar a importância da necessidade da administração de um antimicrobiano mais específico para os tipos de lesões oculares, já que atualmente é feita a terapia empírica de amplo espectro. Assim, esse tipo de estudopoderá contribuir para a adequação dos esquemas terapêuticos. 1.1.2 Epidemiologia O padrão epidemiológico das infecções oculares é variável entre os diferentes países e, apresenta variações significativas, entre as regiões de um mesmo país. Essa diferença regional decorre principalmente da frequência dos fatores de risco de cada região (CARDOSO, 2011). Algumas infecções, como a ceratite apresenta maior incidência em países em desenvolvimento do que em relação a países desenvolvidos, sendo esse responsável também por 48 a 65% dos casos de úlcera corneana. No caso dos Estados Unidos, por exemplo, esta condição patológica tem o uso de lentes 13 de contato como um dos principais fatores de risco em 52% dos casos (MARUJO et. al, 2013). Os parâmetros para essas variações podem estar também relacionados a fatores climáticos, sendo exemplo disso o aumento na prevalência de úlceras causadas por Staphylococcus spp. em climas frios, e, em contrapartida, em temperaturas quentes, alto índice por espécies de Pseudomonas spp. (ROSENDO DA SILVA, 2007). Além disso, essas infecções podem associar o tipo de micro-organismo ao ambiente ocupacional, pois a epidemiologia do fungo filamentoso difere da de leveduras, sendo o filamentoso infectante após traumas na córnea sofridos por trabalhadores expostos a material vegetal, pó de madeira, solo contaminado e que tenham os olhos previamente sadios. Já as leveduras comprometem olhos de indivíduos que já apresentem algum tipo de patologia ocular, colonizando-os de forma oportunista (DALFRÉ et. al, 2007). Doenças oftalmológicas em sua maioria apresentam gravidade relacionado à agressividade do agente e à adesão do paciente ao tratamento, sendo isto associado à complexidade no acesso ao sistema de saúde especializado nesse tipo de serviço, um evento rotineiro em países menos desenvolvidos (KARA-JUNIOR et. al, 2001). Um estudo retrospectivo, realizado no estado do Espirito Santo no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM) no período de janeiro de 2009 a junho de 2013, analisou 398 pacientes com casos de úlcera de córnea, os quais foram submetidos à coleta de material para análise microbiológica. O resultado mostrou que tanto a bacterioscopia, quanto a cultura foram positivas para 250, com predomínio de 48% dos casos de bactérias, sendo 21,6% para Gram negativas com índice de 18% para Pseudomonas spp., e Serratia marcesces em 3,6%; e 26,1% para Gram positivas, nas quais 9,6% foram de Staphylococcus epidermidis, 8,4% de Staphylococcus aureus, e Streptococcus pneumoniae, 7,2%. Houve também a presença de fungos do gênero Fusarium spp. em 17,2%, e encontrados ainda 0,8% de protozoários (COMARELLA et. al, 2015). Já um estudo feito no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais sobre a prevalência de casos de endoftalmite, entre o período de janeiro de 2009 a junho de 2011, avaliou aspectos epidemiológicos como idade, gênero, profissão, procedências dos pacientes, presença de comorbidade e etiologia das 14 endoftalmites. Tal estudo apresentou resultados correlacionando variáveis, em que o gênero masculino foi o mais prevalente em casos de endoftalmites pós trauma, geralmente associado ao tipo de atividade ocupacional do indivíduo. Além disso, foi visto que quanto as causas, as infecções pós-operatório foram as mais frequentes, com possível decorrência conforme a gravidade das lesões, bem como um pré- operatório inadequado. Com relação a comorbidade, a maior parte dos pacientes tinham alguma doença sistêmica, bem como imunodeficiências. Analisou-se também, resultados microbiológicos nos quais demostraram prevalência de bactérias gram- positivas em relação a fungos (COELHO; DE SOUZA; TANURE, 2015). Bispo et al. (2008), em uma revisão abrangendo 6 anos (2000 a 2005) sobre a distribuição de micro-organismos isolados de pacientes com endoftalmite bacteriana, atendidos no Departamento de Oftalmologia da UNIFESP, relatou que de 451 pacientes, 153 apresentaram cultura bacteriana positiva, nos quais 155 micro- organismos foram isolados. Desse resultado, 79,35% foram Gram positivos, com prevalência para os SCoN (41,94%), Streptococcus grupo viridans 14,19%, S. aureus, 8,39% e S. pneumoniae, 7,10%. Os Gram-negativos representaram 20,65% dos casos, com maior frequência de isolamento para Pseudomonas spp. e Haemophilus spp. (4,52%). Além de realizar o levantamento sobre a microbiota, foi verificado a sensibilidade desses micro-organismos em relação aos antimicrobianos administrados de forma empírica, resultando em bons índices de eficácia, acima de 80%, para a maioria dos patógenos. Porém, afirmou a necessidade de estudos de vigilância de resistência bacteriana para adequação dos esquemas terapêuticos. Um estudo realizado no Hospital São Geraldo de Belo Horizonte, através da consulta de 20 prontuários de pacientes com ceratite fúngica confirmadas por cultivo, houve a presença do gênero Fusarium spp. como o principal agente etiológico. Aspectos como gênero e idade também foram evidenciados, sendo mais prevalente no gênero masculino e com idade média de 35,7 anos, com histórico de trauma ocular (SALERA et al., 2002). 15 1.1.3 Micro-organismos prevalentes 1.1.3.1 Bactérias Estudos remetem a presença de tipos de bactérias patogênicas na microbiota ocular, como no relato feito por pesquisadores (GALVÃO, H.A.; CASTRO, M.M.B 2010) os quais mostraram que as espécies virulentas com maior prevalência são as pertencentes aos gêneros Staphylococcus spp., Streptococcus spp. e Pseudomonas spp. Nesse contexto, tem-se o gênero Staphylococcus spp, uma bactéria Gram- positiva, com morfologia de cocos agrupados em cachos e que são encontradas na composição da microbiota ocular humana. As espécies que apresentam destaque nas infecções oculares são os Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis. O S. aureus é capaz de produzir toxinas e enzimas que geram inflamações no tecido ocular devido a sua proliferação. A lesão característica desta espécie é o abscesso e as infecções piogênicas. Já os S. epidermidis, por ser de característica coagulase negativa, produz uma quantidade limitada de exotoxinas e exoenzimas de degradação nas quais não causam danos aos tecidos. Logo, sua patogênese está associada à sua capacidade de formar biofilme, geralmente em ambiente hospitalar. Este micro- organismo está regularmente presente nas mucosas e pele do ser humano e são responsáveis frequentes por endocardites e por infecções em próteses, por exemplo (LEVINSON; JAWETZ, 2006; THEISEN, 2010). Além desses, tem-se a Pseudomonas aeruginosa, um bacilo Gram-negativo, com ampla distribuição ambiental e de características peculiares em virtude de seus fatores de virulência. Dentre esses, podemos citar adesinas (produção de biofilme), toxinas, exoenzimas, lipopolissacarideos (LPS), pili, flagelos, sendo considerados patógenos oportunistas e os principais causadores de infecções hospitalares, sobretudo em pacientes com a imunidade comprometida. (GIRARDELLO, 2007; FLEISZIG; EVANS, 2002). Por se tratar de um patógeno oportunista, a P. aeruginosa necessita de uma porta de entrada, seja ela por uma lesão prévia ou por uma falha nos mecanismos de defesa do hospedeiro (ESCO et al., 2002). Esse micro-organismo, uma vez rompido 16 a barreira epitelial ocular devido suas estruturas de adesão, tipicamente é capaz de produzir uma úlcera progressiva, extensa e com formação de secreções purulentas, com material amarelo esverdeado que se fixa a superfície da úlcera, causando um edema (ALVES E DE ANDRADE, 2000). A formação do biofilme associada a essas bactérias caracteriza-se como um importante fator de virulência frente aos mecanismos de defesa do hospedeiro, pois é composto por uma união de células microbianas, formadas por umamatriz extracelular polissacarídica (EPS) com capacidade de fornecer aos micro-organismos a adesão a superfícies biológicas e materiais sintéticos, como as lentes de contato (JAMAL et al., 2017). Logo, com a ancoragem das células bacterianas, a estrutura do biofilme propicia vantagens biológicas as mesmas, como a circulação de nutrientes necessários para sua sobrevivência, assim como a criação de uma aglomeração multicelular com resistência intrínseca à penetração de agentes antimicrobianos, a inibição da proliferação de linfócitos T e diminuição da produção de imunoglobulinas (RODRIGUES, 2011). Existe outro tipo de componente de grande relevância na produção de biofilmes em espécies como Staphylococcus epidermidis e Pseudomonas aeruginosa, conhecido como fator slime, um polissacarídeo extracelular com aspecto mucoso, capaz de criar uma aderência a superfícies lisas de biomateriais e de epitélios. Considerado como um fator de virulência, o “slime” pode reprimir a funcionalidade das células fagocitárias e interferir no processo da defesa do hospedeiro, além disso exercer falhas na sensibilidade a antimicrobianos (LAGOUMINTZIS et al., 2003; DA COSTA NOEL et al., 2016). Outro gênero comumente presente nessas infecções, é o Streptococcus spp., o qual pode causar infecções com característica assintomática ao colonizar mucosas, incluindo a conjuntiva, porém é um reconhecido patógeno e um dos principais agentes etiológicos de conjuntivites bacterianas, e úlceras corneanas ligadas a cirurgias oculares (SCHAEFER et al., 2001). Quando se trata de lesões oculares, esse tende a produzir uma úlcera redonda, com um aspecto branco-acinzentada rodeada por uma zona de edema menor, sendo isso comparado usualmente ao que acontece em espécies Gram-negativas. A patologia ocular desse gênero permanece localizada, até mesmo quando a lesão progride para as regiões mais profundas da córnea (ALVES E DE ANDRADE, 2000). 17 1.1.3.2 Fungos Assim como as bactérias, a presença de fungos, reconhecidos como micro- organismos oportunísticos, na conjuntiva caracteriza uma constante ameaça para os olhos, visto a gravidade de infecções que pode provocar. Neste caso, a patologia mais frequente é a ceratite fúngica (CF) ou ceratomicose, a qual apresenta caráter purulento e com aspecto ulcerativo, que se for tratada inadequadamente, pode causar a atenuação visual ou cegueira total em situações mais graves (IBRAHIM et al., 2012). Infecções micóticas podem acometer todas as estruturas do olho, sendo os fungos encontrados com predomínio em regiões como fórnice conjuntival, bordas palpebrais e orifícios lacrimais, cuja umidade, calor e proteção luminosa cria um ambiente conveniente para o saprofitismo. Mais de sessenta espécies de fungos já foram isoladas do olho humano, com ocorrência predominante em determinados regiões climáticas; sendo os mais comuns: Candida spp., Aspergillus spp. e o Fusarium spp. (SIDRIM E MOREIRA, 1999; GUS et al., 2005; XIMENES et al., 2016). O gênero Candida spp. corresponde ao grupo das leveduras com maior associação com os casos de ceratite micótica, na qual a espécie mais constante é a C. albicans e a de menor frequência a C. parapsilopsis (TORRADO et al., 2013). No geral, essas espécies apresentam importantes fatores de virulência como aderência, produção de enzimas extracelulares e toxinas, que permitem a colonização do local, aumentando a eficácia com a progressão de infecções na mucosa, sendo isso favorecido quando há quebra do equilíbrio entre parasita-hospedeiro (NAVES et al., 2013). No caso da ceratite causada por levedura, ocorre a presença de um infiltrado mais denso, com uma área demarcada por uma ulceração epitelial e expansão discreta da conjuntiva, geralmente com a presença de lesão e resposta inflamatória ocular preexistente, podendo assemelhar-se clinicamente a ceratite bacterianas. Esse gênero é considerando amplamente distribuído no ambiente, com e predominância em regiões de clima temperado, colonizando várias regiões do corpo humano (THOMAS E KALIAMURTHY, 2013). Dentre o gênero Fusarium spp. estão compreendidas mais de vinte espécies, das quais F. solani, F. oxysporum, F. chlamydosporum e F. moniliforme são as mais 18 comumente ligadas aos casos de CF. Suas características microscópicas se relacionam com a presença de estruturas como hifas, macroconídios e microconidios isolados, sendo esses fungos encontrados no solo, geralmente em raízes de plantas ou fragmentos vegetais, por isso é frequentemente associado a patologias em trabalhadores rurais, e se distribui de acordo com as características climáticas abrangendo regiões tropicais e subtropicais. A patogenicidade dessas espécies está atrelada a capacidade de produção proteases, colagenases e de micotoxinas, na qual suprimem a imunidade, gerando a ruptura do tecido diante da produção de enzimas hidrolíticas, assim como habilidade replicação em temperatura de 35ºC (CARVALHO et al., 2001; IBRAHIM, 2008; ISHIDA et al., 2012; TORRADO et al., 2013). Já o gênero Aspergillus spp. corresponde junto com o Fusarium spp., ao grupo dos fungos filamentosos com maior incidência nas patologias oculares, nas quais as espécies A. fumigatus, A. flavus e A. terreus são as mais comuns (GUS et al., 2005). Em 2010 foi descrito pela primeira vez, dois casos de ceratite causada por Aspergillus brasiliensis (MANIKANDAN et al., 2010). Esse gênero caracteriza-se por epidemiologia relacionada a regiões de clima temperado, com isolamento em ambientes com ventilação, apresentando estruturas de conídios reprodutivos (estruturas de propagação) que ficam suspensos no ar por horas e permanecem viáveis por meses. A inalação dos conídios tem relação com o início do processo infeccioso ocular visto que os seios paranasais funcionam como porta de entrada para o micro-organismo e estabelece uma comunicação com a órbita ocular facilitando o processo de infecção (SALERA et al., 2002; PARK e MEHRAD, 2009; LEVIN et al., 1996). 1.1.3.3 Protozoários (Acanthamoeba spp.) As espécies do gênero Acanthamoeba, consideradas amebas de vida livre (VDL), são distribuídas no ambiente de forma ampla. Esses protistas apresentam resistência na forma de cisto, no qual permite sua sobrevivência em situações de altas temperaturas, bem como alterações de pH e uso de substâncias químicas, logo, a contaminação humana pode ocorrer pela água, solo ou partículas de ar contendo essa estrutura, podendo acometer o sistema nervoso, pulmões, pele e olhos (SCHEID, 2014). 19 Na região ocular, a Acanthamoeba spp. é considerada o protozoário de maior prevalência, na qual sua presença é mais comumente relacionada a usuários de lentes de contato, na maioria das vezes isolados nos estojos de armazenamento desse material. Pode apresentar patologias oftalmológicas tanto em indivíduos sadios como imunodeprimidos, compreendidas em ceratoconjutivites ou ceratites (SANTOS et al., 2015). Além da associação com as lentes de contato, as infecções por Acanthamoeba spp. estão ligadas a casos a traumas oculares por material vegetal ou solo, devido sua disposição no ambiente. (BHARATHI et al., 2009). Isso pode ser melhor visualizado quando se analisa seus fatores de virulência, partindo-se da perda da integridade da córnea e seguindo pela penetração dessa AVL, onde há a formação de um infiltrado inflamatório que leva a sintomatologia de visão turva, prurido e dor, e com resistência ao tratamento com antimicrobianos usados na prática oftalmológica (PACELLA, et al. 2013). O diagnóstico da ceratite amebiana pode ser feito através da detecção dos cistos nas amostras obtidas em raspados de lesões na córnea, sendo feito a pesquisa direta ou por coloração dessas estruturas. Além disso, é realizado a cultura do material coletado em meio de cultura especifico, denominado de Ágarnão nutriente e com acréscimo da bactéria Escherichia coli (BORIN et al., 2013). 1.1.3.4 Vírus Em relação as infecções oculares de causadas por vírus, a conjuntivite e a ceratite são as mais frequentes, sendo ambas diferenciadas na etiologia e na região ocular afetada. Para as conjuntivites tem-se que, o adenovírus é o agente responsável pelos surtos mundiais com capacidade de atingir faixas etárias de forma abrangente, com variação na gravidade da patologia, pois caracteriza-se pela sua divisão em seis espécies diferentes, e dentro delas 51 sorotipos (MARANHÃO et al., 2009). Isso também foi enfatizado por Rosado-Filho et al. (2015), que analisou a prevalência desse vírus nos casos de conjuntivite num município de Minas Gerais, observando uma discrepância com outras regiões devido a fatores ambientais, mas 20 que há a necessidade diagnóstico mais preciso, a fim de estabelecer um tratamento mais específico. Para os casos de ceratite viral, os patógenos mais incidentes são os vírus herpes simples e herpes zoster. Além desses, outros vírus, como Epstein-Barr e citomegalovírus podem acometer o diâmetro ocular, porém com característica mais superficial, sem possibilidade de perda da visão. Os mecanismos fisiopatológicos relacionados a ceratite herpética ainda não são bem elucidados, porém sabe-se que o vírus se dirige para os gânglios sensoriais permanecendo latente até que fatores predisponentes, como traumas, faça com que este seja reativado, migrando para os nervos e tecidos oculares e estabelecendo a infecção (DE FREITAS; ALVAREGA; DE LIMA, 2001). 1.1.4 Fatores predisponentes Uma irregularidade pré-existente quando relacionada a mecanismos de defesa do hospedeiro, ou referente a lesões de natureza local ou sistêmica, pode predispor as infecções oculares. Isso pode ser observado em doenças como diabetes mellitus, ou imunodepressoras como a AIDS, assim como abrasões corneanas causadas pelo uso de lente de contato, condições patológicas como catarata, traumas, cirurgias ou doenças oculares prévias; condições climáticas favoráveis a mudança da microbiota conjuntival, entre outras (HÖFLING-LIMA et al., 2005). Quando relacionadas a diabetes mellitus, as lesões oculares se dividem em imediatas e tardias, sendo que as imediatas implicam em alterações corneais e mudanças na refração e em casos mais graves podem causar a catarata diabética (EHLERS, 1980; EPSTEIN. 1976). No caso das tardias, ao se tratar da córnea de um indivíduo diabético, este se torna mais susceptível a lesões e cicatrização lentas quando comparados a indivíduos saudáveis (CAVALLERANO, 1991). O principal impasse para paciente com diabetes é manter a integridade da córnea, já que ocorre uma redução da sensibilidade corneal que pode resultar em úlceras em indivíduos com histórico de ceratoconjutivite seca (TOUZEAU et al., 2004). Em um estudo realizado por ANDRADE et al. (2006) na área urbana da cidade de São Paulo, buscou determinar a microbiota na conjuntiva sadia de diabéticos. Seus resultados, analisados estatisticamente, mostrou cultivos positivos para fungos em 21 4,2% dos casos, sendo todos os fungos identificados como filamentosos do gênero Aspergillus spp. Foi visto também que ocorreu crescimento de fungos anemófilos da sala de coleta, observando que houve coindidências entre as espécies isoladas do ar e da conjuntiva. Outro estudo feito por Moreno et al. (2014) mostrou que houve um aumento do crescimento bacteriano aeróbico na conjuntiva de pacientes com níveis alterados de glicose no sangue em jejum no momento do exame, e nenhuma diferença observada no crescimento bacteriano aeróbio na conjuntiva em pacientes diabéticos, em relação aos níveis de hemoglobina glicada no momento da coleta. A Staphylococcus epidermidis foi a principal bactéria aeróbica encontrada. Lesões oculares causadas por lentes de contato geralmente estão associadas ao comportamento inadequado dos usuários, visto que ocorre uma ausência de higienização das mãos e dos locais de armazenamentos das lentes, além do acompanhamento médico insuficiente e utilização prolongada, o que acarreta no contato contínuo entre a lente e a superfície ocular, estabelecendo uma relação excessiva para os mecanismos de defesas da córnea, facilitando a invasão por micro- organismos (FORISTER et al., 2009). A frequência de ceratite bacteriana na população usuária de lentes de contato aumentou nos últimos 40 anos de maneira exarcebada, podendo acarretar em 50% dos indivíduos, dificuldade na visão e até mesmo sua perda total (OLIVEIRA et al., 2004). Estima-se que a incidência anual de ceratite infecciosa relacionada ao uso de lentes de contato é de 2 a 10.000, sendo isto intensificado quando se há o habito de dormir com a lente comparado com seu uso diurno (ALIPOUR et al., 2017). Isso ocorre devido a hipóxia perante o fechamento das pálpebras ao dormir, pois há uma desestabilização da barreira epitelial da córnea, o que permite a adesão de micro-organismos. As principais bactérias causadoras da ceratite nesses usuários de lentes são P. aeruginosa, S.epidermidis. Em relação as P. aeruginosa, estas são capazes de aderir à superfície da lente devido principalmente a sua produção de biofilme, causando desconforto e turvação da visão (ALVES e DE ANDRADE, 2000; LUI et al., 2009; STAPLETON e CANT, 2012). Em um estudo feito por Pens (2008) na cidade de Porto Alegre/RS sobre a frequência de Acanthamoeba spp. e bactérias em biofilmes e líquidos de conservação 22 de estojo de lentes de contato, constatou a presença tanto de espécies bacterianas Gram-negativas, como Gram-positivas, prevalecendo as Gram–positivas na microbiota conjuntival. E além disso, das 81 amostras analisadas, 8,6% foram positivas para Acanthamoeba spp., apresentando maior contaminação nos estojos de usuários mais jovens. As infecções oculares por estarem relacionadas ao comprometimento da imunidade, podem atingir pacientes portadores da AIDS, já que ocorre uma supressão do sistema imunológico dos indivíduos infectados pelo Vírus Imunodeficiência Humana (HIV), causando a instalação de patógenos oportunistas e dessa forma surgir manifestações em anexos oculares do segmento anterior, posterior, assim como manifestações orbitárias e neuroftálmicas, por exemplo (PETROCINIO et al., 2006). A microbiota conjuntival aeróbia de pacientes HIV positivos foi analisada, comparando com estudos semelhantes feitos com pacientes sadios e portadores da AIDS, constatando-se que a conjuntiva dos indivíduos HIV-negativos tinham a mesma microbiota, porém com a prevalência menor. Os resultados das bactérias mais comumente isoladas dos pacientes aidéticos foram S. epidermidis, seguido pelo Corynebacterum spp., pela Pseudomonas alcaligenes e pelo Acinetobacter spp., tendo o S. epidermidis e Acinetobacter spp. apresentando sensibilidade a gentamicina, clorafenicol e ciprofloxacina, e a P. alcaligenes sensível apenas a gentamicina e ciprofloxacina (GUS et al., 2004). Pacientes que foram submetidos a transplantes de córnea apresentam cultura positiva da conjuntiva com variação de 43% a 100%. Esse aumento de micro- organismos nos pacientes transplantados se deve possivelmente aos doadores de córnea, relacionando-se as alterações sofridas pelo paciente pós morte, assim como as causas do óbito, o intervalo de tempo entre o óbito e a enucleação, a técnica utilizada e contaminação durante na retirada do tecido, manipulação e tempo de preservação (ARAUJO E SCARPI, 2004). Fatores que podem influenciar nos mecanismos de proteção como o reflexo de piscar os olhos, a perda do tônus muscular da pálpebra, principalmente em pacientes que ficaram sob o uso de sedação, ventilação mecânica, podem permitir que haja o maior risco de contaminação da córnea a ser transplantada, provocando ceratite bacteriana,geralmente por Pseudomonas aeruginosa (KAM; HAYES; JOSHI, 2011). 23 Também ocorre contaminação por fungos, com prevalência de 3 a 28%, sobretudo para Candida albicans (MERCHANT et al., 2001; GODOY et al., 2004). Nos casos de cirurgias de catarata, indivíduos adquirem endoftalmite no pós- operatório diante da presença de bactérias da superfície ocular e anexos do paciente, que conseguem acessar à câmara anterior durante o procedimento cirúrgico no momento da incisão, ou aderidas à lente intraocular. (ASSIA et al, 1998; VIEIRA et al., 2008). A incidência de endoftalmite após cirurgia de catarata em vários países europeus varia entre 0,03% e 0,7% (GRZYBOWSKI; TURCZYNOWSKA, 2018). Ocorre também influência da idade em relação a microbiota conjuntival de pacientes submetidos à cirurgia de catarata, sendo isso comprovado pelo estudo de RUBIO (2006), observando que pacientes idosos que aguardavam cirurgia de catarata com idade entre 75 e 96 anos tiveram maior frequência de bactérias, sendo maior prevalência em homens do que em mulheres. A incidência de lesão na córnea no mundo, varia amplamente de 3% a 60% em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Já em âmbito nacional, foi identificado que 59,4% dos pacientes hospitalizados desenvolveram lesões, com um início médio 8- 9 dias (OLIVEIRA et al., 2016). Este fato está atrelado aos estados de sedação ou coma aos quais esses individuos são submetidos, de forma a interferir nos movimentos oculares aleatórios, reflexo corneal da pálpebra e o fechamento palpebral, bem como a produção do filme lacrimal. Isso faz com que a córnea fique disponível a fatores que provoquem seu ressecamento e diminuição do seu efeito bactericida, o que leva ao desenvolvimento de lesões e infecções (SIVASANKAR et al., 2006). A administração de medicamentos como anti-histamínicos, atropina, antidepressivos tricíclicos interferem em mecanismos de defesa ocular, como o filme lacrimal, o que facilita a formação de úlceras e perfuração e podem gerar inflamações na córnea. Pacientes internados em UTI, numa média de 48 horas no local a uma semana no local, podem sofrer com essas alterações nos olhos (WERLI-ALVARENGA et al., 2011). O uso abusivo de anestésicos tópicos oculares pode ser capaz de alterar a superfície do epitélio corneano, de forma a influenciar na secreção lacrimal e causar toxicidade ao tecido. Os principais micro-organismos envolvidos nesse uso excessivo 24 são os Streptococcus spp, Staphylococcus spp., Proteus spp., Bacillus spp. e fungos patogênicos como por exemplo espécies de Candida (MÜLLER et al., 1998). 1.1.5 Diagnóstico microbiológico As análises microbiológicas das amostras advindas da região ocular (raspado de córnea, secreção conjuntival, humor vítreo, humor aquoso) são baseadas em duas etapas, microscopia e cultura. Na primeira etapa, a microscopia, ocorre a identificação inicial dos micro-organismos presentes no material coletado, através do uso de colorações de Gram, no caso das bactérias, e de KOH a 10% para fungos. A precisão da microscopia em relação aos patógenos é de 65% para fungos e 33% para bactérias, já na cultura é de 59% para fungos e 57% para bactérias, de acordo com Eleinen et al. (2012). Para o diagnóstico de infecções oculares no setor de microbiologia na unidade do Laboratório do HUOL-UFRN, o padrão ouro é o isolamento do patógeno através da cultura que também permite, após a confirmação do agente, a realização do teste de sensibilidade a antimicrobianos (TSA). O material é semeado nos meios de cultura: o ágar sangue, ágar Manitol Salgado e ágar McConkey para análise do crescimento bacteriano e o ágar Sabouraud Dextrose com clorafenicol (ASD) para o crescimento fúngico, e além disso, a utilização do caldo BHI para obtenção de colônias isoladas, caso seja necessário repique. Os materiais direcionados ao crescimento de bactérias são incubados em estufas com temperaturas de 35ºC, cujo o ágar sangue permanece submetido a um ambiente de microaerofila, com análise diariamente por um período de 2 a 7 dias. Já o ASD é disposto tanto em estufa a 35ºC, para a análise das leveduras, como em temperatura ambiente para observação do crescimento de fungos filamentosos, ficando de 15 a 30 dias antes das culturas serem consideradas negativas. A identificação do micro-organismo a partir da cultura pode ser realizada através de esquemas baseados em seu estudo fenotípico, observando as características da morfologia da colônia, bem como o metabolismo e sensibilidade aos antimicrobianos. Além disso, outra forma de identificação é a utilização de sistemas automatizados como o BD Phoenix ™, no qual é capaz de estabelecer uma maior precisão quanto ao gênero e espécie de bactérias e leveduras, e o perfil de 25 sensibilidade bacteriano. Para pesquisa de fungos filamentosos, uma alternativa é o exame microscópico de colônias usando a coloração de lactofenol azul de algodão, em que se observa as estruturas fúngicas características dos gêneros. 1.1.6 Aspectos terapêuticos O tratamento para lesões oculares é prescrito geralmente de forma profilática, no qual preconiza a atividade do fármaco frente os prováveis micro-organismos que podem se desenvolver no local. Logo, a escolha do antimicrobiano está envolvido com o uso de drogas de amplo espectro e que acaba por vezes selecionando uma microbiota resistente (SOLARI et al., 2004). Quando se trata de infecções oculares por bactérias, a intervenção antimicrobiana geralmente é feita a partir da classificação dessas em Gram-positivas ou Gram-negativas (SPOOR, 1999). Em relato feito por Duperet (2016) sobre os fármacos antimicrobianos utilizados para tratar doenças oftálmicas, este cita que a administração é realizada em uso combinado do grupo dos aminoglicosídeos (amicacina, gentamicina, tobramicina) e cefalosporinas (cefazolina, ceftazidima), assim como a combinação entre aminoglicosídeos e quinolonas (ciprofloxacina, gatifloxacino, moxifloxacino). Porém, alguns estudos buscaram verificar a susceptibilidade das bacterias mais frequentes em relação a esses antimicrobianos de escolha, como o realizado por Gayoso et al. (2007) no qual revelou que o SCoN, vêm apresentando um aumento na resistência à antibióticos como meticilina e a aminoglicosídeos (tobramicina e gentamicina), e as fluoroquinolonas (ofloxacina, ciprofloxacina) ainda permanecem como uma boa escolha para o tratamento das infecções oculares. No entanto, já ocorreu o a tendência para o desenvolvimento de resistência, restringindo a terapia. Já Nascimento et al. (2011) ao realizar um estudo retrospectivo entre 2005 e 2009 sobre a susceptibilidade in vitro antimicrobiana em ceratites bacterianas no Hospital Oftalmológico de Sorocaba/SP, constatou que a maioria dos antimicrobianos de escolha (cefalotina, gentamicina, amicacina, vancomicina, ciprofloxacina, tobramicina, gatifloxacina) apresentaram bons índices de sensibilidade para Gram- positivos, acima de 85%, e para Gram-negativos, acima de 80%. E quanto aos índices 26 de resistência, apresentou maiores valores em relação a cefalotina para ambos os grupos, chegando a 88%, assim como a ciprofloxacina e clorafenicol, principalmente relacionado a espécies de Pseudomonas. Vola et al. (2013) em sua análise retrospectiva dos arquivos do laboratório de microbiologia ocular da Universidade Federal de São Paulo, sobre a prevalência e suscetibilidade antibiótica de Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) em infecções oculares, constatou que no período de 10 anos (2000 a 2009), dentre 566 isolados de S. aureus, 56 apresentaram resistência a meticilina. Durante esse período, esse micro-organismo apresentou um relevante aumento passando de 7,6% para 16,2% entre as infecções oculares geral (conjuntivite, ceratite e endoftalmite),e além disso esses isolados resistentes a meticilina mostraram maiores taxas de resistência à antibióticos como tobramicina, gentamicina, ciprofloxacina, gatifloxacina e moxifloxacina, quando comparados aos isolados dessa espécie, susceptível à meticilina. De forma abrangente, a eficácia do antimicrobiano no olho é associada com sua concentração diante das estruturas oculares, como humor vítreo. Logo, é essencial a rapidez com que o antibiótico atinja o foco da infecção, de forma que consiga bloquear a resposta inflamatória, e consequentemente, minimize a atividade dos leucócitos sobre a retina, preservando-a (VERA VIDAL et al., 2011). Com relação as infecções micóticas, podem ser tratadas tanto com o uso de medicamentos como de forma cirúrgica, sendo esta última relacionada aos casos mais graves, quando há perfuração ocular (IBRAHIM, 2008). Os antifúngicos comumente utilizados, se direcionam para os tipos de fungos presentes na patologia ocular, leveduras ou filamentosos, muitas vezes utilizados de forma associada para maior eficácia. A anfotericina B (AMB) e a natamicina (NTM) são as drogas de primeira escolha, pois possuem amplo espectro contra ambos os tipos de fungos, por exemplo frente a Candida spp., e Aspergillus spp., porém a AMB possui menor eficácia contra o Fusarium spp., em relação a NTM. Além desses, existem o uso da classe dos azóis, como o fluconazol, variconazol, geralmente de uso tópico e apresentando maior penetração ocular (MULLER et al., 2013; THOMAS e GERALDINE, 2007). 27 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Avaliar a prevalência de micro-organismos implicados nas infecções oculares, no período entre janeiro de 2016 a dezembro de 2017, a partir do banco de dados do Laboratório de Análises Clínicas e prontuários dos pacientes do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL-UFRN). 2.2 Objetivos Específicos Analisar os dados dos pacientes, incluindo idade e gênero, bem como fatores predisponentes para infecções oculares; Averiguar a procedência da amostra quanto ao sítio de coleta (humor vítreo, humor aquoso, secreção conjuntival, raspado de córnea); Avaliar a frequência dos micro-organismos envolvidos e o perfil de sensibilidade bacteriano; Gerar o índice de infecção ocular dos pacientes atendidos e fornecê-lo à equipe que conduz os atendimentos. 28 3 METODOLOGIA 3.1 Considerações éticas As condutas para a realização desta pesquisa respeitaram as normas e diretrizes nas quais regulamentam pesquisas envolvendo seres humanos, de acordo com a aprovação pela Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. O presente trabalho foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP/UFRN), aprovado em 10 de setembro de 2018, com o número de registro CAAE: 91755618.5.0000.5537 e parecer de nº 2.883.796, conforme anexo A. 3.2 Natureza do estudo Trata-se de um estudo do tipo retrospectivo e descritivo considerando o período entre janeiro de 2016 e dezembro de 2017, tendo como unidade de análise o paciente atendido no Laboratório de Análises Clínicas (LAC) do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL-UFRN), localizado em Natal/RN. 3.3 Variáveis do estudo Os dados foram extraídos dos livros de registro do setor de Microbiologia do LAC do HUOL-UFRN. As variáveis foram preconizadas em “Idade”, “Gênero”, “Espécime Clínico”, “Micro-organismo” e “Perfil de Sensibilidade”, sendo isto previamente estabelecido a partir da elaboração de um formulário (apêndice A), seguido pelo preenchimento de uma tabela com a determinação de categorias a fim de buscar associação entre elas (quadro 1). Em relação aos fatores predisponentes, não foi possível extrair do banco de dados do hospital, pois essas informações ainda não foram cadastradas nos registros dos pacientes consultados. 29 Quadro 1 – Descrição das variáveis utilizadas no estudo Prevalência microbiana das infecções oculares em pacientes atendidos no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL-UFRN). Variáveis Conceito Classificação Estatística Categorias Idade Número de anos de um indivíduo desde do seu nascimento Qualitativa ordinal Faixa etária Gênero Trata-se a diferenciação entre homens e mulheres. Qualitativa Nominal Masculino ou Feminino Espécime Clínico Uma amostra de uma parte anatómica ou fluido corporal recolhida de um paciente Qualitativa Nominal Humor vítreo, Humor aquoso, Secreção, ocular, Raspado de córnea, Micro-organismo Uma forma de vida que não pode ser visualizada sem auxílio de um microscópio Qualitativa Nominal Bactérias, Fungos Perfil Sensibilidade Descrição da susceptibilidade de um micro-organismo a antimicrobianos Qualitativa Nominal CIP, GEN, CAZ, AMI, MPM VAN, OXA. https://pt.wikipedia.org/wiki/Fluido_corporal https://pt.wikipedia.org/wiki/Fluido_corporal 30 3.4 Número amostral O número amostral foi finalizado em 190 pacientes, considerando aqueles que apresentaram infecções oculares e que realizaram exames microbiológicos no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Onofre Lopes no período avaliado (2016 e 2017). 3.4.1 Critérios de Inclusão Foram incluídos todos os pacientes com infecções oculares que realizaram exames microbiológicos no setor de Microbiologia do Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Onofre Lopes, entre janeiro de 2016 a dezembro de 2017, envolvendo os espécimes clínicos: humor vítreo, humor aquoso, secreção, ocular, raspado de córnea. Existiram pacientes que apresentaram como resultado mais de um tipo de micro-organismo, bem como mais de um tipo de espécime clínico, logo estes foram analisados mais de uma vez, em relação as variáveis “micro-organismo” “espécime clinico” e “perfil de sensibilidade”. 3.4.2 Critérios de Exclusão Foram excluídos todos os pacientes que não realizaram exames microbiológicos no setor de Microbiologia do Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Onofre Lopes, entre janeiro de 2016 a dezembro de 2017, envolvendo esses espécimes clínicos. 3.5 Coleta de dados Os dados foram extraídos dos livros de registro do setor de Microbiologia do Laboratório de Análises Clínicas do HUOL-UFRN da cidade de Natal/RN. Foram pesquisadas informações sobre idade, gênero, o tipo de espécime clínico e o perfil de sensibilidade. Todos os dados foram tabelados e organizados com auxílio do Microsoft® Office® Excel. 31 3.6 Análise de dados Inicialmente foi organizada uma apresentação dos dados na forma de medidas descritivas, e em seguida foram submetidos à análise bivariada utilizando o teste de Qui-quadrado, sendo verificada a prevalência entre a associação das variáveis “Idade” e “Micro-organismo’, e “Gênero” e “Micro-organismo”, em um nível de significância de 5%. 32 4 RESULTADOS Dentre os dados dos 190 pacientes avaliados, constatou-se que a população estudada era composta por 61 (32%) mulheres e 129 (68%) homens no total no qual, analisando-se separadamente os casos positivos e negativos para a presença de micro-organismos, temos a distribuição da prevalência dos gêneros masculino e feminino em ambas situações, como mostra a Figura 1. Figura 1 – Distribuição de casos de infecções oculares quanto ao gênero dos pacientes atendidos no (HUOL-UFRN) de janeiro de 2016 a dezembro de 2017. Fonte: Livro de registro do LAC-HUOL. A partir desta análise, estabeleceu-se destaque aos casos positivos nos exames laboratoriais, tendo em vista que houve o predomínio do gênero masculino com um percentual de 65%, logo, foi feito a análise de associação do gênero com os micro-organismos encontrados, pelo teste do Qui-quadrado, porém não foi constatado significância estatística. Com relação a idade, os pacientes com o resultado de positividade para agentes etiológicos foram dispostos em faixa etária, divididos entre indivíduos abaixo de 25 anos, entre 25 e 49 anos e acima de 50 anos. A faixa etária com maior frequência de pacientes foi entre 25 e 49 anos, com 37,5% dos casos. Através do teste do Qui-quadrado, foi analisada a relação entre a faixa etária e cada micro- organismo descrito entre as infecções do período de 2016 e 2017, encontrando-se, 65% 69% 35% 31% POSITIVOS NEGATIVOS MASCULINO FEMININO 33 portanto, somente uma associação significativa (p-valor= 0,01194) para pacientes entre 25 e 49 anos e o fungo do gênero Fusarium spp., descrita na Tabela 1. . Tabela 1 – Associação entre faixa etária e o micro-organismo (Fusarium spp), dos pacientes com infecções oculares do HUOL no período de dezembro de 2016 a janeiro de 2017. Faixa Etária Micro-organismo (Fusarium spp.) N (% do total) Valor de p < 25 ANOS 3 (15,7) 25 ANOS – 49 ANOS 12 (63,2) 0,01194 ≥ 50 ANOS 4 (21,1) Fonte: Livro de registro do LAC- HUOL. De todos os casos analisados, 140 (73,6%) dos pacientes tiveram cultura negativa para micro-organismos, e 48 (26,4%) pacientes apresentaram positividade para pelo menos um agente infeccioso (fungos, bactérias), sendo identificado em 2 pacientes simultaneamente, dois tipos de bactérias diferentes. Dentre as 50 culturas positivas, para o isolamento de agentes infecciosos foi visto a presença de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, onde os dois grupos juntos totalizaram 29 (58%) dos micro-organismos isolados, assim como a existência de fungos filamentosos, num total de 21 (42%), como mostra a Figura 2. 34 Figura 2 – Distribuição geral dos micro-organismos encontrados nas infecções oculares dos pacientes atendidos no (HUOL-UFRN) de janeiro de 2016 a dezembro de 2017. Fonte: Livro de registro do LAC- HUOL. Após a identificação dos micro-organismos encontrados, constatou-se que entre as bactérias Gram-negativas, o gênero Pseudomonas spp. foi o mais frequente, com a presença de 13 casos (44,8%). Já para o grupo das Gram-positivas, o Staphylococcus aureus foi o mais constante, correspondendo a 5 casos (17,2%), seguido do grupo Staphylococcus coagulase negativa, com 4 casos (13,8%). Com relação aos fungos filamentosos, o gênero Fusarium spp. foi considerado o agente infeccioso isolado mais prevalente, presente em 19 pacientes, correspondendo a 90,5% dos casos positivos. Outros gêneros, pertencentes ao grupo dos micro- organismos citados acima, também foram descritos (Tabela 2), porém com o número de casos menores. 58% 42% BACTÉRIAS FUNGOS 35 Tabela 2 – Micro-organismos (%) isolados das infecções oculares do (HUOL-UFRN) no período entre janeiro de 2016 a dezembro de 2017. Micro-organismo N % BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS S.aureus 5 17,2 SCoN 4 13,8 S.pneumoniae 1 3,4 BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS Pseudomonas spp. 13 44,8 Acinetobacter spp. 2 6,9 Enterobacter spp. 2 6,9 E.coli 1 3,4 Klebsiela spp. 1 3,4 FUNGOS FILAMENTOSOS Fusarium spp. 19 90,5 Aspergillus spp. 2 9,5 Total 50 Fonte: Livro de registro do LAC- HUOL. Sobre os espécimes clínicos, temos que a córnea foi o sítio anatômico com o maior número de casos de infecções, sendo o raspado de córnea foi o material responsável pelo maior número de isolamento de micro-organismos, com 34 culturas positivas, correspondendo a (70%). Logo após tem-se que a secreção ocular, com 13 culturas (26%), e finalizando com 2 casos relacionados a humor vítreo (4%). Não foi encontrado pacientes com cultura positiva no humor aquoso, durante o período de estudo (Figura 3). 36 Figura 3 – Distribuição das culturas positivas quanto ao espécime clínico dos pacientes atendidos no (HUOL-UFRN) de janeiro de 2016 a dezembro de 2017. Fonte: Livro de registro do LAC- HUOL. A susceptibilidade bacteriana aos antimicrobianos foi avaliada através da análise dos antibiogramas, considerando os fármacos utilizados com maior frequência nas soluções destinadas ao tratamento de infecções oculares no HUOL/UFRN, mostrada na Tabela 3. Foram encontrados elevados índices de sensibilidade para a maioria dos antimicrobianos testados. No entanto, foi constatado que os gêneros Acinetobacter spp. e Enterobacter spp. que foram isolados em dois pacientes, e o gênero Klebsiella spp. e a espécie bacteriana E. coli, ambos isolados em apenas um paciente cada, apresentaram comportamento diferentes frente aos antimicrobianos testados. As bactérias do gênero Acinetobacter spp. apresentaram resistência de 100% para ciprofloxacina e de 50% para o meropenem, e as do gênero Enterobacter spp. apresentaram resistência de 50% para a ceftazidima, mostrados na Figura 4 (C e D). 70% 26% 4% Raspado de Córnea Secreção Conjuntival Humor Vítreo 37 Tabela 3 – Sensibilidade (%) aos antimicrobianos de uso frequente em infecções oculares de pacientes atendidos no (HUOL-UFRN) de janeiro de 2016 a dezembro de 2017 CIP: Ciprofloxacina GEN: Gentamicina AMI: Amicacina CAZ: Ceftazidima MPM: Meropenem VAN: Vancomicina OXA: Oxacilina NA: Não se aplica Fonte: Livro de registro do LAC – HUOL. As cepas Gram-negativas isoladas com maior frequência de casos, como a Pseudomonas spp, obtiveram índices de susceptibilidade de grande relevância, sendo 100% sensíveis a ciprofloxacina, amicacina, ceftazidima, e meropenem, e 60% a gentamicina. Já as Gram-positivas, como o Staphylococcus aureus apresentaram 100% de sensibilidade para todos os antimicrobianos avaliados, a ciprofloxacina, gentamicina, vancomicina e oxacilina. Porém, o grupo dos Staphylococcus coagulase negativa, se mostrou resistente a ciprofloxacina, gentamicina e oxacilina, com índices de 100%, 50% e 75%, respectivamente. A figura 4 demonstra, separadamente, o perfil das bactérias (SCoN, Acinetobacter spp., Enterobacter spp., Pseudomonas spp.) que apresentaram resistência a alguns dos antimicrobianos testados. Em relação as culturas positivas, foi constatado nos registros um caso com presença da bactéria Streptococcus pneumoniae, entretanto não foi realizado o antibiograma, logo não foi possível inserir esse dado na análise do perfil de sensibilidade. 38 Figura 4 – Perfil de resistência aos antimicrobianos das bactérias isoladas de lesões oculares de pacientes atendidos no (HUOL-UFRN) de janeiro de 2016 a dezembro de 2017. A B C D Fonte: Livro de registro do LAC-HUOL. 0% 20% 40% 60% 80% 100% CIP GEN VAN OXA SCoN R S 0% 20% 40% 60% 80% 100% CIP AMI CAZ GEN MPM Pseudomonas spp. R S 0% 50% 100% CIP GEN AMI CAZ MPM Acinetobacter spp. R S 0% 50% 100% CIP AMI CAZ GEN MPM Enterobacter spp. R S 39 5 DISCUSSÃO Estudos sobre infecções oculares no Brasil ainda são escassos, considerando que as poucas publicações apresentam divergências quanto ao número amostral e metodologias que avaliem os índices epidemiológicos. O fato de o Brasil apresentar diversidades sociais, econômicas e geográficas, acaba refletindo na aquisição variável da composição da microbiota entre os indivíduos. Além disso, a prevalênciados micro- organismos dependerá de associações de caráter oportunístico e multifatorial, que estabeleçam condições necessárias para a manutenção de sua permanência nos sítios anatômicos (CURY, 2015; IBRAHIM, 2011). Tendo em vista essa inconstância em relação à microbiota, o uso de antimicrobianos, nos casos de infecções oculares, deveria ser de carácter patógeno- específico, porém ainda se observa a não valorização da identificação laboratorial de micro-organismos, rotineiramente, em serviços de oftalmologia, devido muitas vezes a implantação de setores de análises microbiológicas ser deficiente no Brasil. Se tal situação fosse contornada, possivelmente ocorreria o delineamento microbiológico dessas afecções em determinado local, conduzindo a possibilidade de implantação de diretrizes terapêuticas mais apropriadas (LANA et al., 2011; MARUJO et al., 2013). Como já mostrado no item anterior, foi observado no presente estudo um número maior de pacientes do sexo masculino (65%) com culturas positivas a partir do material coletado de lesões oculares, sugerindo-se que esse resultado possa ser atribuído a maior exposição do homem a condições pré-existentes, já que não há diferenças relevantes, anatômicas ou fisiológicas, que justifiquem essa diferença de ocorrência entre os sexos. Logo, considerando os fatores predisponentes, a maior incidência pode estar relacionada a suas atividades ocupacionais, sendo um dado similar aos reportados nas publicações, nas quais apresentaram maior incidência para o gênero masculino, como no relato feito por Comarella et al. (2015) que constatou 66,4%, bem como o de Cardoso (2011), com 60,9%. A maior porcentagem de infecções oculares, observada nesse estudo, foi em pacientes na faixa etária entre 25 e 49 anos, com idade média de 40 anos. Este dado aproxima-se de pesquisas cuja a faixa etária encontrada era de 21 a 50 anos, considerada a de maior incidência para casos de infecções oculares, já que é um 40 período de plena idade produtiva, e consequentemente, de maior vulnerabilidade às patologias, como o caso de ceratites (SALERA et al., 2002; CARIELLO et al., 2011; CURY, 2015). Com relação à positividade das culturas, esse estudo encontrou 48 pacientes positivos para pelo menos um micro-organismo, sendo encontrado em 2 pacientes dois tipos de bactérias diferentes, totalizando em 50 culturas positivas (26,3%); esse percentual está abaixo dos percentuais de positividade relatados em outras publicações, nos quais obtiveram variações entre 31% a 71% (DUARTE, 2016; OTRI et al., 2013; MARUJO et al., 2013; FULARNETTO et al., 2010). Essa variação pode ser explicada pelas diferenças em relação ao número amostral, influenciada pelo número de anos analisados, bem como a metodologia utilizada diante dos critérios de inclusão e exclusão. A pesquisa com taxa de positividade mais alta (MARUJO et al., 2013) analisou 5 anos, gerando um total de 2049 casos. Considerando o total de micro-organismos encontrados, houve a predominância de 58% de bactérias, decorrente da somatória entre Gram-positivas e Gram-negativas, e 42% de fungos filamentosos, estabelecendo consonância com muitos estudos da literatura, como a pesquisa feita por Comarella et al., (2015) que obteve 48% de positividade para bactérias e 17,6% para fungos, e em ano anterior os resultados de Yu (2014) mostraram 89,3% de casos positivos para bactérias. Ao verificar separadamente o número total de culturas, a fim de estabelecer um melhor entendimento sobre a prevalência dos grupos de micro-organismos estudados, certificou-se que dentre o grupo dos fungos filamentosos, o gênero Fusarium spp. foi o mais prevalente, com manifestação em 19 pacientes, sendo equivalente a 90,5%. Esse dado se encontra próximos aos percentuais apresentados em trabalhos semelhantes, como o de Ibrahim et al. (2011), com 64,4% de positividade para o gênero Fusarium spp. Contrariamente no estudo de Feilmeier et al. (2010), foi visto a prevalência de 61% de fungos do gênero Aspergillus spp., e não houve a presença de espécies de Fusarium. Na publicação feita por Ibrahim et al. (2011) em que os autores descreveram a alta prevalência do gênero Fusarium spp. na região de sudeste do Brasil, houve correlação desses resultados com a prática ocupacional em setores de agricultura e 41 agropecuária, já que a região estudada possui um dos grandes polos de plantação de cana de açúcar e como esse fungo estar relacionado ao solo, tende a se propagar durante o período de colheita. Similarmente como ocorre no Rio Grande do Norte, que também possui grandes plantações e usinas de produção no setor sucroalcooleiro, reiterando os achados no presente estudo. A baixa frequência de infecção fúngica pelo gênero Aspergillus spp. nesse estudo pode estar relacionada às condições climáticas, pois seus esporos apresentam adaptação a regiões mais secas, com predominância em climas temperados, como foi visto por Feilmeier et al. (2010) quando estudaram a etiologia das úlceras de córnea em uma cidade do Nepal, que é um país de clima temperado. Isso difere do que ocorre com o Fusarium spp. que sobrevivem em áreas mais úmidas e em climas tropicais, sendo isto característico do Brasil, incluindo o Estado do Rio Grande do Norte. Diante do exposto, a associação feita entre idade e micro-organismo apresentou significância a nível de 5% (p=0,01194) apenas para o agente etiológico fungo do gênero Fusarium spp, na faixa etária de maior idade produtiva (25-49 anos), corroborando com as publicações prévias, já que este foi um dos micro-organismos mais prevalentes no estudo e está relacionado a patologias em atividade agroeconômica, com distribuição climática abrangendo regiões tropicais e subtropicais, como é o caso do Rio grande do Norte. Salienta-se que, apesar dos dados da literatura mostrarem que existe a relação entre gênero e micro-organismo, neste trabalho não houve significado estatístico na análise entre essas variáveis, pressupondo que necessite de um percentual maior de amostra, ou seja, uma investigação por um período superior ao estudado. Tratando-se de infecção ocular causada por bactérias Gram-negativas, nesse estudo houve o predomínio do gênero Pseudomonas spp., representado por 44,8% dos pacientes com culturas positivas. Esse resultado confirmou os dados que constam em publicações em anos anteriores (ALVES e DE ANDRADE, 2000; LUI et al., 2009; PENS, 2008) nos quais encontraram esse bacilo Gram-negativo não fermentador (BGNNF), de caráter oportunístico nos seus levantamentos, principalmente associado ao uso de lentes de contato, já que este micro-organismo é capaz de estabelecer adesão às superfícies sintéticas; capacidade essa atribuída aos seus fatores de virulência, como na produção de biofilme, bem como do fator “slime”. 42 Isso é um dado preocupante pois esse tipo de infecção é comumente evidenciada na população em geral, especialmente entre jovens, como afirma Stapleton e Cant (2012) devido ao fato de não seguirem as orientações sobre o tempo de uso, higienização das mãos, e limpeza dos estojos de armazenamento das lentes. Houve também a ocorrência de outras bactérias Gram-negativas, a Acinetobacter spp., Klebsiella spp., Enterobacter spp. e a Escherichia coli, porém, com baixa frequência nos resultados. Este dado está de acordo com a literatura, visto que as situações estudadas por Yu et al. (2016), Cury (2015), bem como os autores Bispo et al. (2008) também apresentaram quantidade menor de positividade nas culturas em relação a essas bactérias, com os achados variando de 1 a 3 casos entre os pacientes. Supõe-se que essa baixa frequência, seja o motivo dos autores não discutirem a associação patogênica desses micro-organismos com as infecções oculares. Outras bactérias evidenciadas neste trabalho foram as pertencentes ao grupo
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