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DIREITO CIVIL – DIREITO DAS SUCESSÕES ___________________________________________________________________________ MODELO DE PARECER JURÍDICO I. Parecer jurídico:título do parecer jurídico/assunto Exemplo: Análise sobre direito sucessório e possibilidade jurídica de deserdação II. Interessado: nome do cliente Exemplo: José da Silva III. Ementa: principais assuntos que serão abordados no parecer jurídico. Exemplo: Direito civil. Direito das sucessões. Deserdação. Causas de deserdação. Efeitos da deserdação. Testamento público. Testamento cerrado. Direito sucessório em decorrência de casamento e em decorrência de união estável. Doação para companheira. Venda para companheira. Possibilidade jurídica de inserção de cláusula de deserdação em testamento público. IV. Relatório:considera-se o relato do que será apreciado pelo parecer jurídico. Corresponde às dúvidas demonstradas pelo cliente. Tais dúvidas poderão ser enumeradas e em formato de assunto: Exemplo: Trata-se de consulta formulada por José da Silva tendo como principal objetivo a possibilidade jurídica de deserdação das duas filhas. Ademais o interessado traz a baila indagações sobre: 1. A possível causa de deserdação. 2. A prova dos fatos alegados pelo testador e a legitimidade para prová-los. 3. A conversão de união estável em casamento para fins de proteger o sobrevivente. É o relatório. Passo a opinar. V. Fundamentação: são as repostas as dúvidas. Obrigatoriamente as dúvidas vem enumeradas em formato de tema/tópico. Tais respostas devem ser embasadas em legislação, doutrina e jurisprudência sempre que possível. Exemplos: 1. A possível causa de deserdação. Deserdação é ato pelo qual o testador com expressa declaração de causa inserta em testamento priva o herdeiro necessário do recebimento da legítima (ou metade indisponível). É a exceção à regra geral que aos herdeiros necessários deve ser reservado a metade do patrimônio do de cujus (arts. 1.789 e 1.846). As causas de deserdação do descendente pelo ascendente estão dispostas em rol taxativo do art. 1962 do Código Civil, o qual determina: 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes: I - ofensa física; II - injúria grave; III - relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto; IV - desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. Desta forma, apenas seria juridicamente possível, em virtude do caso concreto que nos traz o interessado, a deserdação em virtude da causa disposta no inciso IV do art. 1962. Atualmente, é correto afirmar que o entendimento doutrinário se direciona no sentido da admissão da deserdação mesmo que referido abandono não seja apenas material, uma vez que como poderá ser observado pela leitura do próprio texto legal, não há qualificação ou especificação do tipo de abandono apto a ensejar a exclusão da sucessão por deserdação[footnoteRef:2]. Conforme entendimento dos civilistas contemporâneos, o abandono moral ou afetivo pode ser mais nefasto que o material. Além de constituir ato ilícito que gera possibilidade de indenização, o abandono moral e afetivo pode ocasionar a deserdação por aplicação do valor jurídico do afeto elevado à categoria de Princípio Constitucional. [2: SIMÃO, José Fernando; TARTUCE, Flávio. Direito civil. Direito das sucessões. 6.ed. São Paulo: Método, 2013. V.6. p.77. ] Desta forma, preceitua o art. 230 da Constituição Federal: A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. Neste diapasão, importa ainda destacar o que dispõe o Estatuto do Idoso: Art. 3º. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Insta ressaltar que não se apresentará como causa de deserdação de descendente por seu ascendente a alienação parental pois, conforme disposição da Lei 12.318/201, em seu art. 2º, considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Destarte, a alienação parental, é ato praticado pelos pais, ou quaisquer ascendentes contra seus filhos ou demais descendentes. Conclui-se que, tendo como base o caso concreto apresentado pelo interessado, o autor da herança deverá inserir em testamento cláusula de exclusão da sucessão por deserdação com base no art. 1.962, IV, em virtude de desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade. 2. A prova dos fatos alegados pelo testador e a legitimidade para prová-los. Para que o herdeiro necessário seja privado de sua metade indisponível, cumpre que sejam respeitados alguns requisitos, sendo que a ausência de um deles acarretará a ineficácia da cláusula de deserdação disposta na cédula testamentária. Além da validade do testamento e, por óbvio, a existência de herdeiros necessários, impõe-se a presença dos seguintes requisitos: a) Existência de cláusula de deserdação – é curial que haja cláusula de deserdação com expressa declaração da causa, a qual deve, obrigatoriamente estar inserta em rol taxativo, disposta em testamento válido (art. 1.964 do CC). Em assim sendo, o ordenamento jurídico brasileiro não admite deserdação tácita, subentendida, implícita; deve o autor da herança deixar explícito o motivo embasador bem como sua declaração de vontade, sob pena do herdeiro necessário recolher a reserva a que tinha direito. Pouco importa que se mencione no testamento os defeitos do herdeiro, os abusos que tenha cometido contra o autor da herança, ou ainda se cometeu algum crime. Para que se torne efetiva a deserdação, é obrigatória a combinação da expressa declaração de causa e a declaração de vontade. Destarte, frisa-se, apenas existindo a declaração do ato cometido contra o autor da herança ou apenas a declaração de vontade, o herdeiro ofensor não poderá ser excluído da sucessão ainda que o ato por ele cometido configure hipótese de deserdação. b) Prova da existência da causa arguida pelo testador – a deserdação não se opera de pleno direito, não basta a inserção de cláusula exclusória em testamento para que se retire herdeiro necessário da sucessão. Para sua eficácia imprescindível é o ajuizamento da ação ordinária visando fazer prova da veracidade da causa alegada pelo autor da herança. Pode ocorrer de o próprio autor da herança ter fornecido e mencionado, no testamento, as provas da causa invocada para a deserdação, anexado ao ato, por exemplo, a certidão de sentença criminal que coloca o herdeiro sob uma das hipóteses legais de exclusão de herança. Isso não significa que fica dispensada a ação prevista no artigo 1.965, uma vez que o testador pode anexar à cédula testamentária, sentença de uma ação criminal de injúria, por exemplo, mas não pode ajuizar ação de deserdação, pois nosso ordenamento jurídico proíbe que herança de pessoa viva seja objeto de demanda. A mencionada ação deverá ser intentada pelo herdeiro instituído em testamento ou a quem aproveite a deserdação (art. 1.965, caput do CC). Nesse caso, o ônus da prova caberá àquele que herdará no lugar do deserdado, ou seja, a legitimidade ativa depende do interesse econômico que ele possui com a exclusão do herdeiro necessário da sucessão, no caso em tela, a companheira do autor da herança é quem deverá ajuizar ação para exclusão das filhas do autor da herança da sucessão. O testamenteiro, como pessoa incumbida de fazer valer as vontades do testador, também poderá ter legitimidade para propositura da referida ação. Por se tratar de direito potestativo,a ação deve ser proposta no prazo decadencial de 04 anos a contar da abertura do testamento (art. 1.965, parágrafo único do CC). Na realidade dá-se a contagem do prazo no momento em que o juiz ordena que o testamento seja cumprido, e não momento de sua abertura, pois o testamento público e o particular já são abertos. Caso o herdeiro instituído ou aquele a quem aproveite a deserdação, não ajuíze ação no prazo determinado, a deserdação querida pelo testador não produzirá seus efeitos. Em conclusão, tem-se que o interessado deve inserir cláusula de deserdação com a expressa declaração de causa configurada pelo inciso IV do art. 1962, CC (desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade) bem como deverá constar a declaração de vontade do testador. Frisa-se que que as provas dos fatos que geraram a cláusula de exclusão poderão ser anexadas ao testamento pelo próprio testador ou em ação de deserdação proposta pelo interessado após a morte do autor da herança. 3. A conversão de união estável em casamento para fins de proteger o sobrevivente. No tocante ao regime de bens questão polêmica existe quanto àqueles que não teriam liberdade de escolher o regime de bens se fossem convolar núpcias. Isso porque nos termos do art. 1.641 do Código Civil, é obrigatório o regime da separação de bens no casamento: I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. Desta forma, caso haja casamento ou conversão de união estável em casamento com um ou ambos ou nubentes ostentado idade igual ou superior a 70 anos, o regime de bens obrigatoriamente, como visto no texto legal, será o da separação de bens. Antes que se adentre na consequência de tal regime de bens em caso de direito sucessório e para que referida consequência seja facilmente compreendida, importa fazer breve referência as normas de direito hereditário após a promulgação do atual Código Civil. Em conformidade com o que dispõe o atual diploma civil, na hipótese de casamento o deferimento da herança se dará na seguinte maneira: Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. Hodiernamente, em virtude de interpretação do dispositivo legal supracitado é considerado herdeiro o cônjuge sobrevivente que fora casado sob o regime da comunhão parcial e separação voluntária de bens. Caso tenha sido casado sob referido regime comunitário o viúvo terá direito à metade do patrimônio adquirido durante o casamento a título de meação e a outra metade recairá somente sobre os bens particulares do de cujus e sobre o qual incidirá concorrência sucessória com os descendentes do falecido. Na hipótese de terem escolhido o regime da separação de bens, o cônjuge supérstite não terá direito à meação, entretanto, terá direito em concorrência com os descendentes à totalidade do patrimônio. Desta forma, pelo exame do inciso I, do artigo 1.829, haverá concorrência do cônjuge com o descendente se o regime de bens vigente durante o casamento for o regime da separação convencional de bens; regime da comunhão parcial ou regime da participação final nos aquestos. Nestes dois regimes, frisa-se, a concorrência sucessória apenas se dará sobre os bens particulares do de cujus. São adeptos da ideia da concorrência sucessória somente com relação aos bens particulares do falecido: Flávio Monteiro de Barros, Eduardo de Oliveira Leite, Francisco José Cahali, Rolf Madaleno, Zeno Veloso dentre outros importantes civilistas nacionais. Esta, atualmente pode ser considerada a corrente majoritária. O critério utilizado pelo legislador para o cálculo do quinhão hereditário do cônjuge dependerá da origem dos descendentes. O artigo 1.832 do Código Civil[footnoteRef:3] determina que a herança deverá ser partilhada por cabeça entre os descendentes e o cônjuge, devendo a este, obrigatoriamente, ser reservada a quarta parte da herança, se referido cônjuge for ascendente dos herdeiros com quem concorrer. Com efeito, se o casal possui dois filhos comuns, ao cônjuge caberá o mesmo valor conferido aos seus descendentes, porquanto a herança será dividida igualmente entre os três herdeiros. Entretanto, na hipótese da existência de mais de três filhos, o cálculo não será o mesmo, pois reservada estará a quarta parte da herança ao cônjuge. [3: Art. 1.832: Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer] Pela interpretação do dispositivo legal em apreço, apenas se considera a divisão por cabeça e a reserva da quarta parte da herança se o cônjuge sobrevivente e o de cujus possuírem filhos comuns. Omite-se lei a respeito da possibilidade da existência de filhos exclusivos do autor da herança ou de filhos de origem híbrida, isto é, filhos comuns e exclusivos do de cujus. Neste diapasão, impõe-se que seja feita uma interpretação restritiva do artigo 1.832 do Código Civil, o que significa afirmar que, ao cônjuge sobrevivente, apenas será assegurado o direito à quarta parte da herança se concorrer com filhos comuns com o falecido. Caso haja concorrência com filhos exclusivos do autor da herança ou com filhos de origem híbrida, todos receberão por cabeça, fato que, além de simplificar a partilha do acervo patrimonial deixado pelo falecido, demonstra obediência ao princípio da operabilidade e ao princípio da isonomia com relação quinhões hereditários dos filhos. Entretanto, todas essas prerrogativas não ocorrerão se os cônjuges forem casados sob o regime da comunhão universal de bens – porquanto o viúvo já é meeiro de todo o acervo patrimonial deixado – bem como se forem casados sobre o regime da separação obrigatória de bens. Neste caso, a intenção do legislador foi manter a vontade da lei e não partilhar bens na dissolução matrimonial involuntária (morte). Importa fazer menção à Sumula 377 do STF, a qual dispõe: No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento. Alguns civilistas entendem que esta súmula, embora datada de 03 de abril de 1964, ainda poderá ser aplicada, ou seja, mesmo os cônjuges que após a promulgação do Código Civil de 2002 tenham se casado sob o regime da separação obrigatória de bens, serão beneficiados por tal entendimento sumular. Neste caso, a separação obrigatória não será absoluta. Desse modo, haverá bens comuns (adquiridos a título oneroso durante o casamento) e bens particulares do falecido. Sobre os bens comuns, o cônjuge viúvo terá direito à meação, e, caso haja bens particulares (adquiridos antes do casamento) poderá sobre eles recair concorrência sucessória com os descendentes. Observe, porém, de acordo com o magistério de alguns civilistas, caso seja aplicada a Súmula 377 do STF, a divisão dos bens comuns apenas ocorrerá se houver prova do esforço comum para aquisição de referidos aquestos. Em apertada síntese podemos concluir que caso haja casamento sob o regime da separação obrigatória de bens, o cônjuge supérstite poderá restar desprotegido uma vez que o entendimento acerca da aplicação de indigitada súmula não é unânime na doutrina e tampouco na jurisprudência[footnoteRef:4]. Em assim sendo, o viúvo, a depender do entendimento do magistrado, poderá ter meação dos bens adquiridos durante o casamento e herança com relação aos bens adquiridos anteriormente ao casamento, todavia, caso assim o juiz não entenda, ao viúvo não restará meação nem herança. [4: Entendem pelanão aplicação da Sumula 377 do STF para casos atuais os nobres civilistas: Francisco Cahali, Jones Figueiredo Alves, José Fernando Simão e Euclides de Oliveira. Em sentido contrário, pugnando pela vigência e aplicação sumular, temos entre outros, Silvio de Salvo Venosa, Rolf Madaleno e Flávio Tartuce.] Por sua vez, aquele que atualmente tem idade igual ou superior a 70 anos, mas que já vive há tempos em união estável com outra pessoa o regime de bens vigente será o da comunhão parcial de bens, caso não haja contrato escrito dispondo em contrário[footnoteRef:5]. [5: Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens] Sendo o regime de bens vigente o regime da comunhão parcial o direito à herança se dará em conformidade com o art. 1.790 do Código Civil: Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. Se o companheiro concorrer com descendentes exclusivos do autor da herança, terá direito à metade do que cada um receber. Nesta situação, para que se encontre o quinhão do companheiro, multiplica-se o número de filhos por dois e soma-se a parcela do sobrevivente. Aos filhos caberão duas partes do total e ao companheiro, apenas uma parte do total. Levando-se em consideração a existência das duas do interessado, caberá a cada uma delas, 2/5 da herança e à companheir caberá 1/5 de referido acervo patrimonial deixado pelo de cujus. Partindo do pressuposto de uma herança no valor de R$100.000,00 cada filha teria R$40.000,00 e à companheirà seria conferido o valor de R$20.000,00 a título de herança e R$50.000,00 a título de meação. Assim, o supérstite, em caso de falecimento de seu companheiro receberia um patrimônio no valor total de R$70.000,00. Conclui-se, portanto, que o casamento com um dos cônjuges contando com mais de 70 anos de idade, poderá trazer benefícios ao sobrevivente desde que a indigitada Súmula 377 do STF possa ainda ser considerada vigente pelo magistrado, ou seja, o cônjuge correrá certo risco de não ter sua pretensão patrimonial atendida caso isto não ocorra. Por sua vez, se o casal já vive em união estável, poderá o sobrevivente ter direito à meação correspondente ao regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725 do Código Civil) e ainda ter direito à herança em concorrência com as filhas exclusivos do de cujus, ainda que corresponda a um valor menor do que cada filha receberá. VI. Conclusão: refere-se a conclusão que o parecerista atingira a respeito dos principais dilemas trazidos pelo cliente. Exemplo: 1. Ante o exposto, tendo em vista o conteúdo disposto no presente documento e realizado a partir das indagações propostas pelo interessado, é possível a tentativa de realização de testamento público que contenha cláusula de deserdação com a expressa declaração de causa configurada pelo inciso IV do art. 1962, CC (desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade) bem como deverá constar a declaração de vontade do testador. Frisa-se que que as provas dos fatos que geraram a cláusula de exclusão poderão ser anexadas ao testamento pelo próprio testador ou em ação de deserdação proposta pelo interessado após a morte do autor da herança. Em um ou outro caso, as provas sempre deverão estar presentes, sob pena de ineficácia da cláusula exclusória. 2. Ademais, na hipótese da existência de netos do autor da herança, estes herdarão por cabeça ou por direito de representação à mãe excluída, uma vez que a deserdação sendo uma pena civil, não poderá atingir outrem senão a pessoa do culpado. Ainda, nesta hipótese, a totalidade da herança não será deferida à companheira sobrevivente, uma vez que ela concorrerá com os descendentes exclusivos do autor da herança (netos), em obediência ao disposto no inciso II do art. 1.790 do Código Civil, conforme visto alhures. 3. A permanência dos companheiros em regime de união estável será benéfica à companheira sobrevivente pois em caso de improcedência da ação de deserdação, a companheira terá direito à meação e à metade dos bens adquiridos onerosamente durante a união estável em concorrência com as filhas do de cujus, a título de herança. Caso referida ação seja julgada procedente a companheira terá os mesmos direitos, contudo, a concorrência se dará com relação aos netos do falecido pelo motivo acima exposto. Caso os companheiros se casem, em virtude da idade, estarão submetidos ao regime da separação obrigatória de bens. Nesta hipótese, se o magistrado concluir pela não vigência da citada Súmula 377 do STF, a viúva não terá direito nem a meação e nem tampouco à herança, restando patrimonialmente desprotegida. É o parecer. Cidade/SP, Data ________________________________ Nome do(a) advogado(a) e n. OAB 1