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Protocolograficoavaliacao-Andrade-2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 
MESTRADO ACADÊMICO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
FERNANDA BELMIRO DE ANDRADE 
 
 
 
PROTOCOLO GRÁFICO PARA AVALIAÇÃO DO CUIDADO SEGURO 
DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO HOSPITALAR AO INDIVÍDUO 
COM ALTERAÇÃO NO ESTADO MENTAL: ESTUDO DE 
VALIDAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
NATAL- RN 
2022 
 
FERNANDA BELMIRO DE ANDRADE 
 
 
 
 
PROTOCOLO GRÁFICO PARA AVALIAÇÃO DO CUIDADO SEGURO 
DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO HOSPITALAR AO INDIVÍDUO 
COM ALTERAÇÃO NO ESTADO MENTAL: ESTUDO DE 
VALIDAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL- RN 
2022 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Enfermagem do 
Centro de Ciências da Saúde da 
Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte como requisito parcial para 
obtenção do título de Mestre em 
Enfermagem. 
Área de Concentração: Enfermagem na 
Atenção à Saúde 
Linha de Pesquisa: Desenvolvimento 
Tecnológico de Saúde em Enfermagem 
Orientadora: Profª. Drª. Viviane Euzébia 
Pereira Santos 
 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede 
 
 Andrade, Fernanda Belmiro de. 
 Protocolo gráfico para avaliação do cuidado seguro em 
enfermagem no contexto hospitalar ao indivíduo com alteração no 
estado mental: estudo de validação / Fernanda Belmiro de Andrade. 
- 2022. 
 142 f.: il. 
 
 Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Centro de Ciências da saúde, Programa de Pós-Graduação em 
Enfermagem, Natal, RN, 2021. 
 Orientadora: Profa. Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos. 
 
 
 1. Enfermagem - Dissertação. 2. Saúde mental - Dissertação. 3. 
Protocolos - Dissertação. 4. Segurança do paciente - Dissertação. 
5. Estudos de validação - Dissertação. I. Santos, Viviane Euzébia 
Pereira. II. Título. 
 
RN/UF/BCZM CDU 616.89-083 
 
 
 
 
 
Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262 
PROTOCOLO GRÁFICO PARA AVALIAÇÃO DO CUIDADO SEGURO 
DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO HOSPITALAR AO INDIVÍDUO 
COM ALTERAÇÃO NO ESTADO MENTAL: ESTUDO DE 
VALIDAÇÃO 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem do Centro de 
Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial 
para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. 
 
Local e data: Natal/RN, 17 de Dezembro de 2021 
Resultado: Aprovado 
BANCA EXAMINADOR 
 
 
 
Profª. Drª. Viviane Euzébia Pereira Santos - Presidente 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Orientadora 
 
 
 
 
Profª. Drª. Isabelle Campos de Azevedo 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Membro interno ao 
programa 
 
 
 
 
Profª. Drª. Bianca Cristina Ciccone Giacon Arruda 
 
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) – Membro externo ao 
programa 
 
 
 
 
Prof. Dr. Marcos Antonio Ferreira Júnior 
 
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) – Membro externo ao 
programa 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Agradeço a Deus, por permitir a realização de mais uma etapa de tanta importância na minha 
trajetória e ter me concedido forças, saúde e discernimento ao longo dessa caminhada em tempos 
tão turbulentos. A Nossa Senhora por me guiar e prover o alcance de cada sonho. 
 Aos meus pais, Edi e Marli por todo apoio, confiança, cuidado e incentivo. Sem a dedicação 
de vocês e lutas diárias durante tantos anos para me fornecer as melhores oportunidades, nada disso 
seria possível. Ao meu irmão Jefferson, que me direcionou e amparou em tantos momentos que me 
senti perdida, sempre acreditou que eu seria capaz. O amor que sinto por vocês me faz querer seguir 
em frente todos os dias. 
 Ao meu namorado Renato, por se fazer presente ao longo desses dois anos, sempre me 
apoiou e esteve disposto a ajudar no que fosse preciso. Manteve-se ao meu lado nos momentos de 
choro com palavras de carinho e abraços reconfortantes, e nos dias de alegria comemorando cada 
vitória, mesmo que pequena, obrigada por todo companheirismo. 
 À minha orientada, Professora Dra. Viviane Euzébia Pereira Santos, por ter me acolhido no 
primeiro semestre da graduação e ensinado tanto desde então. Sem seus conselhos e orientação eu 
não teria chegado até aqui, obrigada por ter acreditado em meu potencial, por toda confiança, apoio 
e ajuda nessa jornada. 
 Aos membros da banca de defesa, por terem participado desse momento com valiosas 
contribuições para a melhoria dessa pesquisa. 
 A Flávia e Manacés, por toda paciência e amizade durante esses anos, por serem sempre tão 
solícitos e me motivarem a prosseguir, vocês são exemplos de dedicação. A Larissa, foi muito bom 
ter uma amiga como dupla para compartilhar todas as angústias, felicidades e trabalhos nesse 
período. 
 A todos os demais colegas do grupo de pesquisa LABTEC, especialmente Duda e Vanessa, 
por todos os conhecimentos construídos em conjunto que foram essenciais para o meu crescimento 
pessoal e desenvolvimento dessa dissertação. 
 
 As minhas amigas Bel, Gabi, que estão na minha vida desde que conheci a enfermagem e 
foram verdadeiros presentes. A Bruna, Emy e Fernanda que me acompanharam desde a graduação. 
Obrigada por todo apoio e risadas que deixaram tudo mais leve. 
 A todos os juízes que aceitaram participar da etapa de validação contribuindo de forma 
significativa e enfermeiros que se disponibilizaram para colaborar no grupo focal. 
 Ao programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFRN, por promover um ambiente 
de incentivo ao desenvolvimento de pesquisa e inovação para a enfermagem e saúde mental. 
 A coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de Nível superior, por todo suporte 
financeiro viabilizado no país, por meio da bolsa de pesquisa que ajuda tantas pessoas a seguirem 
seus sonhos. 
 Por fim, a todos aqueles que estiveram direta ou indiretamente envolvidos nessa conquista, 
não seria possível atingir essa meta sozinha, todos vocês foram essenciais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Devemos lutar pela igualdade sempre que a diferença nos inferioriza, mas 
devemos lutar pela diferença sempre que a igualdade nos descaracteriza". 
Boaventura de Souza Santos 
 
 
ANDRADE, Fernanda Belmiro. Protocolo gráfico para avaliação do cuidado seguro de enfermagem no 
contexto hospitalar ao indivíduo com alteração no estado mental: estudo de validação. 2022, 142f. 
Dissertação [Mestrado Acadêmico]. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022. 
RESUMO 
A segurança na assistência ao indivíduo com alteração do estado mental hospitalizado por anos 
foi negligenciada, logo, ao considerar as particularidades desses, se faz necessário à 
qualificação dos profissionais e serviços para a minimização dos riscos associados ao cuidado. 
Dessa forma, a enfermagem exerce um importante papel no desenvolvimento de ações mais 
seguras, uma vez que possui atuação contínua durante o período de internação. Assim, salienta-
se também a importância da realização de avaliações periódicas nos serviços para a 
identificação de fragilidades e potencialidades na assistência de modo a promover a adequação 
das unidades mediante a implementação de medidas que aumentem a segurança. Nessa 
perspectiva, o presente estudo tem como questão norteadora: Qual deve ser o conteúdo e a 
aparência de um protocolo para a avaliação do cuidado seguro de enfermagem no contexto 
hospitalar ao indivíduo com alteração do estado mental? E, objetivou desenvolver um protocolo 
gráfico validado em seu conteúdo e aparência para avaliação do cuidado seguro de enfermagem 
no contexto hospitalar ao indivíduo com alteração do estado mental. Trata-se de um estudo 
metodológico de abordagemmista, pautado na psicometria de Pasquali, organizado em três 
procedimentos: teóricos, no qual se realizou dois grupos focais com 13 profissionais da saúde 
mental e uma Scoping Review sobre o cuidado seguro ao indivíduo com alteração do estado 
mental para definição dos conteúdos que compõem o protocolo; procedimentos empíricos para 
construção do protocolo gráfico e checklist, e validação do conteúdo e aparência por meio da 
técnica Delphi, em duas rodadas, com a colaboração de sete juízes/ experts na área em questão; 
e procedimentos analíticos, destinado à análise dos dados em que se calculou o Coeficiente de 
Validação de Conteúdo. O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa, sob 
Certificado de Apreciação Ética nº 48213421.0.0000.5537. Os grupos focais duraram 45 
minutos cada, nesses os enfermeiros abordaram ações que realizam e o que é preciso 
desenvolver para se obter o cuidado seguro. Com os dados dos grupos focais e da Scoping 
Review construiu-se o protocolo gráfico e checklist, os quais foram submetidos à apreciação 
dos juízes para que fosse validado. Na rodada Delphi I atingiu-se um coeficiente de validade de 
conteúdo geral ≥0,95 em todos os elementos do protocolo e checklist, já na validação de 
aparência para os critérios do Suitability Assessment of Materials obteve-se índices maiores que 
0,90. Após ajustes propostos pelos juízes, na rodada II os índices de validade de conteúdo e de 
aparência foram de 0,99 cada. Assim, o protocolo gráfico foi considerado válido em seu 
conteúdo e aparência. 
Descritores: Enfermagem; Saúde Mental; Protocolos; Segurança do Paciente; Estudos de 
Validação. 
ANDRADE, Fernanda Belmiro. Graphic protocol for the assessment of safe nursing care in the 
hospital context for individuals with altered mental status: a validation study. 2022, 142f. 
Dissertation [Academic Master's]. Graduate Program in Nursing, Federal University of Rio 
Grande do Norte, Natal, 2022. 
ABSTRACT 
 
Safety in the care of individuals with altered mental status hospitalized for years was neglected, 
so when considering specificities, it is necessary to qualify professionals and services to 
minimize the risks associated with care. Thus, nursing plays an important role in the 
development of safer actions, since it has continuous performance during the hospitalization 
period. Thus, the importance of implementing periodic measures in the services performed for 
the implementation of periodic security measures was highlighted, as well as the importance of 
increasing security. From this perspective, the present study has as its evaluative question: What 
should be the content and appearance of a protocol for the evaluation of safe nursing care in the 
hospital context for the individual with north mental status distinction? And, it aimed to develop 
a protocol in its content and appearance for the evaluation of valid nursing care in the hospital 
context to the safe individual of mental state. This is a methodological study with a mixed 
approach, based on Pasquali's psychometry, organized in procedures: Workshops, in which 
three focus groups were carried out with 13 mental health professionals and a Scoping Review 
on safe care for the individual with evaluation of the mental state to define the contents of the 
protocol; empirical procedures for the construction of the graphic protocol and checklist, and 
validation of the content and appearance through the Delphi technique, in two rounds, with the 
collaboration of seven judges/experts in the area in question; and procedures, intended for the 
analysis of the analytical data in which the Content Validation Coefficient is calculated. The 
study was approved by the Research Ethics Committee, under the Ethics Assessment Certificate 
No. 48213421.0.0000.5537. The focus groups lasted 45 minutes each, the nurses addressed 
actions they perform and what they need to develop in order to obtain safe care. With the focal 
data and the evaluation of the judgments and verification of verification, which were the groups 
selected to the evaluation of the judges that were valid. In the Delphi round, a validity 
coefficient of general ≥0.95 was achieved in all elements of the protocol and checklist, while 
in the presentation protocol for the content of the Suitability Assessment of Materials protocol, 
indexes of 0.90 were obtained. After adjustments proposed by the judges, in round II the content 
and appearance validity indexes were 0.99 each. Thus, the graphic protocol was considered 
valid in its content and appearance. 
 
Descriptors: Nursing; Mental Health; Protocols; Patient safety; Validation Study. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Linha do tempo com os principais marcos na normatização da 
assistência ao indivíduo com alteração no estado 
mental................................................................................................ 23 
Figura 2 - Etapas para construção e validação de conteúdo do protocolo 
gráfico............................................................................................... 32 
Figura 3 - Esquema de busca pelos juízes na Plataforma Lattes....................... 42 
Figura 4 - Cálculo do Coeficiente de Validação de Conteúdo, segundo 
Hernandez-Nieto (2002)................................................................... 44 
Figura 5- Fluxograma das etapas de seleção dos dados.................................... 47 
Figura 6- Quantidade de estudos publicados por ano de publicação................ 47 
Figura 7- Figura síntese dos elementos do cuidado seguro aos indivíduos com 
alteração no estado mental na perspectiva de Donabedian................ 48 
Figura 8- Análise de similitude das percepções dos profissionais a respeito do 
cuidado seguro ao indivíduo com alteração no estado mental 
hospitalizado...................................................................................... 64 
Figura 9- Exemplificação de uma dimensão do protocolo gráfico para tomada 
de decisão.......................................................................................... 75 
Figura 10- Protocolo gráfico do elemento estrutura para avaliação do cuidado 
seguro de enfermagem no contexto hospitalar ao indivíduo com 
alteração no estado mental................................................................ 76 
Figura 11- Protocolo gráfico do elemento processo para avaliação do cuidado 
seguro de enfermagem no contexto hospitalar ao indivíduo com 
alteração no estado mental................................................................. 77 
Figura 12- Protocolo gráfico do elemento resultado para avaliação do cuidado 
seguro de enfermagem no contexto hospitalar ao indivíduo com 
alteração no estado mental................................................................ 77 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Síntese das camadas contextuais sobre o cuidado seguro ao 
indivíduo com alteração no estado mental........................................ 28 
Quadro 2 - Elementos gráficos empregados na construção do protocolo 
gráfico............................................................................................... 38 
Quadro 3 - Critérios adaptados de avaliação do conteúdo do protocolo 
gráfico............................................................................................... 39 
Quadro 4 - Categorias do Suitability Assessment of Materials 
(SAM)................................................................................................ 40 
Quadro 5 - Critérios para seleção de especialistas segundo o modelo de 
validação de conteúdo adaptado de Fehring (1994).......................... 42 
Quadro 6- Síntese das medidas do cuidado seguro de enfermagem aos 
indivíduos com alteração no estado mental de acordo com os 
pressupostos de Donabedian.............................................................. 49 
Quadro 7- Classes geradas a partir da ClassificaçãoHierárquica Descendente 
da percepção de enfermeiros sobre o cuidado seguro ao indivíduo 
com alteração no estado mental......................................................... 56 
Quadro 8- Classificação do cuidado seguro ao indivíduo com alteração no 
estado mental de acordo com o somatório da pontuação final das 
dimensões do protocolo..................................................................... 65 
Quadro 9- Síntese das sugestões dos juízes para o checklist.............................. 66 
Quadro 10- Ckecklist para avaliação do cuidado seguro de enfermagem no 
contexto hospitalar ao indivíduo com alteração do estado 
mental................................................................................................ 68 
Quadro 11- Pontuação do protocolo gráfico de acordo com a porcentagem de 
conformidade dos itens dos checklist................................................. 75 
Quadro 12 Classificação do cuidado seguro ao indivíduo com alteração no 
estado mental de acordo com o somatório da pontuação final das 
dimensões do protocolo..................................................................... 76 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1- Caracterização profissional dos participantes do grupo focal......... 55 
Tabela 2- Caracterização sociodemográfica dos juízes participantes do 
estudo nas rodadas Delphi I e II...................................................... 81 
Tabela 3- Valores de Concordância de Validade de Conteúdo do protocolo 
gráfico após Delphi I...................................................................... 81 
Tabela 4- Valores de Concordância de Validade de aparência do protocolo 
gráfico após Delphi I para o instrumento do “Suitability 
Assessment of Materials”............................................................... 82 
Tabela 5- Valores de Concordância de Validade de Conteúdo do checklist 
após Delphi I................................................................................... 83 
Tabela 6- Valores de Concordância de Validade de Conteúdo do checklist 
após Delphi I para o instrumento do “Suitability Assessment of 
Materials”........................................................................................ 83 
Tabela 7- Valores de Concordância de Validade de Conteúdo do protocolo 
gráfico após Delphi II...................................................................... 84 
Tabela 8- Valores de Concordância de Validade de aparência do protocolo 
gráfico após Delphi II para o instrumento do “Suitability 
Assessment of Materials”................................................................ 84 
Tabela 9- Valores de Concordância de validade de conteúdo do checklist 
após Delphi II.................................................................................. 85 
Tabela 10- Valores de Concordância de Validade de Conteúdo do checklist 
após Delphi II para o instrumento do “Suitability Assessment of 
Materials”...................................................................................... 85 
Tabela 11- Comparação do Concordância de Validade de Conteúdo total de 
Pasquali e SAM do protocolo gráfico ............................................ 86 
Tabela 12- Comparação do Concordância de Validade de Conteúdo total de 
Pasquali e SAM do Checklist ......................................................... 86 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
APS Atenção Primária à Saúde 
CAPS Centros de Atenção Psicossocial 
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 
EA Evento Adverso 
ESF Estratégia de Saúde da Família 
HUOL Hospital Onofre Lopes 
HJM Hospital João Machado 
PNSM Política Nacional de Saúde Mental 
PNSP Programa Nacional de Segurança do Paciente 
PPGENF Programa de Pós-Graduação em Enfermagem 
PTS Projeto Terapêutico Singular 
RAPS Rede de Atenção Psicossocial 
SAM Suitability Assessment of Materials 
SUS Sistema Único de Saúde 
SP Segurança do Paciente 
SM Saúde Mental 
ScR Scoping Review 
RCLE Registro de Consentimento Livre e Esclarecido 
TM Transtorno Mental 
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
VD Visita Domiciliar 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. 
 
INTRODUÇÃO........................................................................................ 14 
1.1 JUSTIFICATIVA....................................................................................... 16 
2. OBJETIVO .............................................................................................. 20 
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................. 20 
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ........................................................................ 20 
3. REVISÃO DE LITERATURA............................................................... 21 
3.1 NORMATIZAÇÕES DA ASSISTÊNCIA AO INDIVÍDUO COM 
ALTERAÇÃO NO ESTADO MENTAL NO BRASIL.............................. 21 
3.2 CUIDADO SEGURO DE ENFERMAGEM AO INDIVÍDUO COM 
ALTERAÇÃO NO ESTADO MENTAL: MEDIDAS E 
RECURSOS............................................................................................... 25 
3.3 QUALIDADE DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA 
PERSPECTIVA DE DONABEDIAN........................................................ 29 
4. MÉTODO.................................................................................................. 32 
4.1 PROCEDIMENTOS TEÓRICOS ............................................................. 33 
4.1.1 Scoping Review.......................................................................................... 33 
4.1.2 Grupo focal ............................................................................................... 35 
4.1.2.1 Participantes do grupo focal....................................................................... 36 
4.1.2.2 Coleta de dados do grupo focal................................................................... 37 
4.1.2.3 Análise dos dados do grupo focal............................................................... 38 
4.2 PROCEDIMENTOS EMPÍRICOS .......................................................... 38 
4.2.1 Construção do protocolo ......................................................................... 38 
4.2.2 Validação de Conteúdo e Aparência....................................................... 39 
4.2.3 Seleção dos juízes...................................................................................... 42 
4.3 PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS ......................................................... 43 
4.4 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................ 44 
5. RESULTADOS e DISCUSSÃO.............................................................. 46 
5.1 CUIDADO SEGURO DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO 
HOSPITALAR AO INDIVÍDUO COM ALTERAÇÃO NO ESTADO 
MENTAL: SCOPING REVIEW................................................................ 46 
5.2 CUIDADO SEGURO DE ENFERMAGEM AO INDIVÍDUO COM 
ALTERAÇÃO NO ESTADO MENTAL HOSPITALIZADO: 
PERCEPÇÕES DE ENFERMEIROS........................................................ 56 
5.3 CONSTRUÇÃO DO PROTOCOLO GRÁFICO PARA AVALIAÇÃO 
DO CUIDADO SEGURO DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO 
HOSPITALAR AO INDIVÍDUO COM ALTERAÇÃO NO ESTADO 
MENTAL................................................................................................... 65 
5.4 VALIDAÇÃO DO CONTEÚDO E APARÊNCIA DO PROTOCOLO 
GRÁFICO E CHECKLIST PARA AVALIAÇÃO DO CUIDADO 
SEGURO DE ENFERMAGEM NO CONTEXTO HOSPITALAR AO 
INDIVÍDUO COM ALTERAÇÃO NO ESTADO 
MENTAL................................................................................................... 80 
6. CONCLUSÕES ....................................................................................... 90 
 REFERÊNCIAS ......................................................................................92 
 APÊNDICES............................................................................................. 109 
 ANEXOS................................................................................................... 129 
15 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Entende-se como transtorno mental as alterações psicológicas de causa 
multifatorial (biológicas, sociais, culturais e outros) que podem estar associadas a 
sintomas físicos, afetam negativamente as relações interpessoais, a qualidade de vida, 
causam modificações de humor e perda de desempenho funcional em atividades diárias 
(HIANY et al., 2018). 
As alterações no estado mental representam 13% das enfermidades no mundo, 
atingem diferentes classes sociais, etnias e faixa etária. No Brasil, o percentual chega a 
47% ao considerar os mais variados tipos de condições psíquicas. Quanto à caracterização 
desse público, estudos apontam a prevalência em adultos jovens do sexo feminino, 
casadas ou em união estável e, com maior propensão a desenvolver algum transtorno os 
indivíduos desempregados e/ou com baixo nível de escolaridade (LEONARDO et al., 
2017; SILVA et al., 2018). 
Esse panorama foi agravado com a ocorrência da Pandemia causada pelo vírus 
Sars-cov-2, uma vez que tal acontecimento apresenta relação com a incidência dos casos 
de depressão, ansiedade, pensamentos suicidas, assim como aumento do estresse, 
sentimentos de tristeza, medo e insegurança (MIRANDA et al., 2020) 
Dessa forma, os pacientes acometidos por esses transtornos necessitam de uma 
assistência qualificada, multiprofissional, com abordagem humanizada que busque o 
bem-estar biopsicossocial, o desenvolvimento da autonomia e inclusão social enquanto 
cidadão, de modo a priorizar o tratamento no âmbito comunitário por meio dos Centros 
de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços de Residência Terapêutica e Centros de 
Convivência e Cultura, em conjunto com as ações realizadas pela Estratégia de Saúde da 
Família (ESF) na Atenção Primária à Saúde (APS) (OLIVEIRA; MARTINS; VIERIA, 
2018). 
A piora do quadro mental resulta na necessidade de um maior acompanhamento 
do paciente, sendo considerado em última hipótese o processo de hospitalização, o qual 
deve ocorrer com o objetivo de reestabelecer a saúde do indivíduo por meio de uma 
assistência segura e integralizada. Além disso, cabe destacar que a internação pode ser 
consequência de outras condições clínicas que causem o processo de adoecimento físico 
(DIAS; FERIGATO, 2020; PAES et al., 2018). 
16 
 
 
Para a internação hospitalar é necessária a garantia de leitos de atenção integral 
em hospitais gerais, com objetivo de minimizar a utilização de centros psiquiátricos no 
caso de pacientes em crise ou que representem risco a si e a terceiros, em razão de se 
buscar a gradativa extinção desse serviço. Contudo, deve ser fortalecido o vínculo entre 
o paciente e as unidades de saúde não hospitalares na perspectiva de romper a cultura 
hospitalocêntrica e promover a transversalidade do cuidado (PESSOA et al., 2016). 
 Os serviços devem dispor de profissionais capacitados para avaliar o processo de 
saúde doença na concepção do ser holístico, que estejam familiarizados com os principais 
fármacos prescritos para esses transtornos e respectivos efeitos colaterais, assim como a 
utilização de outros métodos terapêuticos para promoção e recuperação da saúde mental 
(HIANY et al., 2018; SOUSA et al., 2017; VANTIL et al., 2018). 
Ressalta-se que independente da complexidade do serviço em que estejam 
inseridas, as pessoas com alteração no estado mental estão susceptíveis a situações de 
risco, visto que possuem características específicas associadas as suas condições 
intrínsecas de instabilidade como flutuações de humor, confusão mental, que podem 
facilitar a ocorrência de Eventos Adversos (EA), como erros de medicação e interações 
medicamentosas, esse último devido as peculiaridades dos psicotrópicos (PRADO, SÁ, 
MIRANDA, 2015; SOUSA et al., 2017). 
Nessa perspectiva, Prado, Sá e Miranda (2015) apontam que as chances de ocorrer 
EA nesses pacientes são mais elevadas se comparado com o público em geral e, 
consequentemente, gera prejuízos a saúde, internações prolongadas e mais onerosas na 
instituição. 
A Segurança do Paciente (SP) exerce importante papel na construção do cuidado 
seguro, que minimize a ocorrência de danos e situações de risco associadas à assistência 
nas unidades de saúde para todas as pessoas, sem distinção social. No entanto, se faz 
necessário a adaptação de medidas que atendam as demandas desses pacientes para a 
prestação do cuidado seguro ao indivíduo com alteração no estado mental (MINUZZI et 
al., 2016;VANTIL, et al., 2020). 
Os serviços devem fornecer meios para o desenvolvimento de um plano de 
cuidado adequado. É preciso promover uma cultura de segurança que incentive a 
identificação das fragilidades e potencialidades durante a assistência, de modo a 
proporcionar um aprendizado baseado nas falhas, a fim de evitar a ocorrência de novos 
incidentes (MINUZZI et al., 2016). 
17 
 
 
Faz-se necessário à implementação de uma estrutura organizacional para nortear 
o processo de trabalho e o desenvolvimento de estratégias que auxiliem as boas práticas 
em saúde, condutas essas, importantes para melhoria da qualidade do cuidado e para a 
continuidade da segurança (TOMAZONNI et al., 2015). 
 Em meio a essas possibilidades, evidenciam-se os protocolos como uma 
ferramenta para a padronização das ações de trabalho, o que proporciona maior segurança 
aos pacientes, melhor integração entre os profissionais e regulamentam as normas e 
rotinas dos serviços ao favorecer o processo de gerenciamento das unidades (VIEIRA et 
al., 2016). 
 A utilização dos protocolos obteve êxito em outros contextos assistenciais, no 
âmbito da saúde mental visam facilitar a definição de diagnósticos clínicos, orientar a 
elaboração de um projeto terapêutico singular, reduzir e/ou prevenir a ocorrência de EA, 
otimizar o tempo de internação, diminuir os custos e promover maior qualidade no 
cuidado prestado (CAMPOS, FEITOSA, 2017; PEIXOTO, PEREIRA, SILVA, 2016). 
Dentre a equipe multiprofissional responsável pelo cuidado seguro, a enfermagem 
é reconhecida pelo grande contingente de profissionais que atuam direta e continuamente 
na assistência aos indivíduos internados, o que permite a identificação antecipada de 
situações de risco, agravos e necessidades do paciente, além desse maior contato 
proporcionar a geração de vínculo e, consequente, apoio ao paciente e família (PETERS 
et al.,2020; ALMEIDA et al. 2020) 
Assim, o objeto do presente estudo é a construção e validação de um protocolo 
gráfico para o cuidado seguro de enfermagem no contexto hospitalar ao indivíduo com 
alteração no estado mental, com definição da seguinte questão norteadora: Qual deve ser 
o conteúdo e a aparência de um protocolo para a avaliação do cuidado seguro de 
enfermagem no contexto hospitalar ao indivíduo com alteração do estado mental? 
 
 
1.1 JUSTIFICATIVA 
 
 
As pessoas com transtornos mentais estão cada vez mais presentes nos serviços 
de saúde, estima-se que cerca de 25% da população irá desenvolver algum tipo de 
alteração psíquica ao longo de sua vida. Este dado revela a necessidade de se direcionar 
18 
 
 
esforços para recuperação e promoção da saúde desse público, ainda marginalizado pela 
sociedade (CRUZ et al., 2016). 
Concomitante à nova demanda de pacientes, é fundamental um maior quantitativo 
de profissionais capacitados para o atendimento a essa população, porém o preconceito e 
despreparo dos mesmos pode prejudicar a construção de uma assistência segura. Com 
isso, é primordial a realização de capacitações, treinamentos periódicos e o uso de 
ferramentas que potencializem a sistematização de boas práticas em saúde, como por 
exemplo, os protocolos (BARBOSA, NEVES, TOSOLI, 2018; SILVA et al., 2018). 
Essatecnologia pode ter aplicabilidade assistencial e/ou organizacional, com foco 
na educação, promoção e/ou prevenção, voltada para ações de gestão, sistematização, 
avaliação e ordenação do fluxo de funcionamento dos serviços. De modo geral, contribui 
para qualidade da assistência, pois norteia as condutas profissionais, de forma que 
minimiza as chances de esquecimento e divergências entre as ações, por conseguinte, 
diminui a ocorrência de situações de risco (SILVA et al., 2018; KRAUZER, et al., 2018). 
Diante do exposto, esta pesquisa encontra-se em consonância com: 
- A Política Nacional de Saúde Mental (PNSM), pois objetiva por meio da 
construção do protocolo, promover uma assistência segura, eficaz e integralizada, que 
viabilize resolutividade independentemente da complexidade da doença e, que respeite as 
particularidades do indivíduo. Além disso, os protocolos são ferramentas de abordagem 
multiprofissional, fundamentados em evidências científicas que devem subsidiar a 
assistência no novo modelo hospitalar de instituições inclusas na Rede de Atenção 
Psicossocial (RAPS), a qual busca maior qualificação dos serviços e dos profissionais 
(BRASIL, 2019). 
-As boas práticas de saúde preconizadas pelo Programa Nacional de Segurança do 
Paciente (PNSP), que visa melhoria da assistência mediante o estabelecimento de 
estratégias que proporcionem o cumprimento das normas do serviço, como o 
monitoramento contínuo dos indicadores a partir da utilização de protocolos. Também 
está em concordância com os eixos do PNSP, por esse aprovar a adoção de medidas 
direcionadas à SP, que sistematizem e propaguem as informações acerca dessa relevante 
temática no ensino técnico, de graduação e pós-graduação de enfermagem (BRASIL, 
2014). 
-O Guia Curricular de Segurança do Paciente da Organização Mundial da Saúde 
que busca embasar o ensino e capacitar educadores sobre a SP (OMS, 2016). Em razão 
de os protocolos serem ferramentas que podem ser direcionadas para o âmbito 
19 
 
 
educacional, uma vez que a identificação de fragilidades individualizadas e/ou dos 
serviços, possibilita uma aprendizagem significativa, além de ser um instrumento que 
promove educação permanente e aperfeiçoamento dos profissionais. Logo, este estudo 
poderá estreitar a aproximação dos estudantes de enfermagem com a temática de Saúde 
Mental, que por vezes é negligenciada academicamente, além de prepará-los 
minimamente para atuação profissional e para o cuidado seguro. 
-A Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em saúde no Brasil, no que diz 
respeito à construção e validação do protocolo para avaliação do cuidado seguro de 
enfermagem no contexto hospitalar ao indivíduo com alteração do estado mental por estar 
relacionada com a meta de Desenvolvimento e utilização de novas tecnologias na atenção 
as pessoas com alteração no estado de saúde mental (BRASIL, 2015). 
- A Reforma Psiquiátrica, já que essa estabelece os direitos dos indivíduos com 
alteração no estado mental, como uma assistência de qualidade. Dessa forma, esta 
pesquisa servirá de orientação e desenvolvimento de uma tecnologia para melhoria do 
cuidado, uma vez que o protocolo poderá ajudar a rever as práticas inseguras, contribuir 
no embasamento e desenvolvimento de educação permanente e para a gestão, de modo a 
direcionar e priorizar ações, avaliar e aprimorar continuamente esse processo em busca 
de uma assistência segura. 
- Os serviços de saúde que enfrentam um gradativo quadro de reorganização 
funcional e estrutural desde o estabelecimento dos novos preceitos trazidos com a 
Reforma Psiquiátrica, a qual objetiva o tratamento do paciente alicerçado na comunidade, 
porém com reconhecida importância dos serviços hospitalares, ambos devem contar com 
uma equipe multiprofissional capacitada, que se beneficiará com a utilização de 
protocolos. Neste estudo o protocolo proposto poderá facilitar a compreensão do 
indivíduo em sua integralidade, ao considerá-lo além do conceito fisiopatológico, como 
um ser que influência e sofre influência da cultura e do meio em que está inserido, que 
possuí autonomia, deve exercer sua cidadania e merece equidade em seu cuidado (PERES 
et al., 2018). 
- A enfermagem, pois é a classe de profissionais mais presente durante a 
assistência, tanto em número quanto em tempo dedicado aos pacientes, logo, esses 
representam uma importante barreira para evitar EA, principalmente se a equipe possui 
uma cultura que implementa práticas e tecnologias de segurança. Dessa maneira, a 
construção e validação de um protocolo voltado para avaliação do cuidado seguro as 
pessoas com alterações do estado mental são de extrema relevância dada à 
20 
 
 
transversalidade de sua aplicabilidade e potencial para qualificação e melhoria da 
assistência (BARBOSA, NEVES, TOSOLI, 2018; SILVA et al., 2018). 
- As contribuições para os avanços científicos, visto a escassez de estudos que 
versem sobre a temática de segurança na assistência a pessoa com transtornos mentais 
devido ao estigma de agressividade associado a esses indivíduos, que desperta o 
sentimento de medo e insegurança nos profissionais. E a incipiência de pesquisas na área 
o que acarreta a ausência de inovações para esse cuidado (SOUZA et al., 2017; PRADO, 
SÁ, MIRANDA, 2015). 
 -O Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF) da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pois, a construção e validação de um protocolo 
para avaliar o cuidado seguro vai ao encontro da linha de pesquisa “Desenvolvimento 
Tecnológico em Saúde e Enfermagem”. 
Ressalta-se ainda a escolha da temática pela mestranda por se identificar com o 
assunto ao longo da formação acadêmica, além disso, a vivência proporcionada pelos 
estágios supervisionados possibilitou a observação de algumas vulnerabilidades na 
assistência a pessoa com alteração no estado mental, ao associar esses aspectos com a SP, 
conteúdo que também desperta grande interesse na mestranda devido à participação em 
grupo de pesquisa que aborda prioritariamente esta temática em diversos contextos, bem 
como sua contribuição em estudos na área, os quais a levaram a vislumbrar a oportunidade 
de colaborar com a qualificação da assistência a esses pacientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
2 OBJETIVO 
 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
Desenvolver um protocolo gráfico validado em seu conteúdo e aparência para 
avaliação do cuidado seguro de enfermagem no contexto hospitalar ao indivíduo 
com alteração no estado mental. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 
 Identificar os critérios necessários para avaliar o cuidado seguro de enfermagem 
no contexto hospitalar ao indivíduo com alteração no estado mental; 
 Construir o protocolo gráfico para avaliação do cuidado seguro de enfermagem 
no contexto hospitalar ao indivíduo com alteração no estado mental; 
 Validar conteúdo e aparência do protocolo gráfico para avaliação do cuidado 
seguro de enfermagem no contexto hospitalar ao indivíduo com alteração no 
estado mental; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
3. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
 Esta revisão aborda pontos relacionados à regulamentação e normatização da 
assistência a pessoa com alteração no estado mental, as ações e recursos direcionados 
para o cuidado seguro a esses pacientes e o cuidado na perspectiva da estrutura, processo 
e resultado a luz de Donabedian (1980). 
 
 
3.1 NORMATIZAÇÕES DA ASSISTÊNCIA AO INDIVÍDUO COM ALTERAÇÃO 
NO ESTADO MENTAL NO BRASIL 
 
 
As alterações no estado mental estão presentes na sociedade e afetam os 
indivíduos de diferentes formas ao longo da história. No entanto, a compreensão desses 
como doença e da necessidade de uma assistência qualificada passa por modificações 
gradativas até os dias atuais (SERAFIM, 2017). 
Ao serem julgados como “loucos”, devido à estigmatização de anormais que lhes 
foi atribuído por desviarem dos padrões comportamentaisaceitos socialmente os 
pacientes eram hospitalizados para tratamento em isolamento social. Considerava-se 
parte desse grupo as pessoas com comorbidades mentais, os homossexuais, alcoólatras, 
indigentes e qualquer um que se tornasse indesejado para o convívio em comunidade 
(SERAFIM, 2017; CASTILHO; ANNA; ALONSO, 2017). 
 A assistência a esses indivíduos por anos ocorreu de forma empírica, baseada nas 
concepções e vivências individuais dos profissionais, ou ainda guiada por interesses 
sociais e políticos, sem qualquer rigor científico promoviam a segregação do convívio 
familiar/ comunitário, e a hegemonia do modelo hospitalocêntrico (SERAFIM, 2017; 
CASTILHO; ANNA; ALONSO, 2017). 
As internações davam-se em locais denominados “manicômios” ou “colônias” 
que se caracterizavam pela falta de humanização, higiene e alimentação inadequada, 
superlotação, métodos terapêuticos agressivos e estrutura física insalubre. Nesse 
23 
 
 
ambiente os pacientes eram esquecidos, perdiam a identidade, a autonomia, a dignidade 
e ficavam a mercê da sorte (CASTILHO; ANNA; ALONSO, 2017). 
O tratamento aos ditos alienados buscava eliminar os traços de “anormalidade”, 
vigiar e puni-los por seu comportamento mediante a utilização de técnicas invasivas como 
eletroconvulsoterapia, insulinoterapia, procedimentos cirúrgicos, medicalização 
excessiva, isolamento em celas fortes, dentre outros. Dessa forma, os indivíduos eram 
reduzidos a sua doença e intensificado as fragilidades que os tornavam mais debilitados 
(GUIMARÃES et al, 2013). 
Após longos períodos de invisibilidade, o descaso para com esses pacientes 
começou a ser reavaliado sob uma nova ótica, o movimento sociopolítico intitulado 
“Reforma psiquiátrica”, o qual representa mudanças estruturais de abrangência 
governamental a saberes, valores e crenças individuais (GUIMARÃES et al, 2013). 
Iniciou-se, na década de 60, no contexto internacional (Itália, França, Estados 
Unidos, dentre outros) e, só em 1978 ocorreram os primeiros movimentos 
antimanicomiais no Brasil, em consonância à Reforma Sanitária, os quais objetivavam a 
desospitalização, a desinstitucionalização o que vai de encontro ao modelo 
hospitalocêntrico vigente (ANDRADE; MALUF, 2017; LIMA et al.,2016) 
Nesse contexto, surge o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental 
constituído por profissionais, associações de familiares e sindicalistas que apresentaram 
denúncias de violência e maus tratos provenientes da assistência aos pacientes 
psiquiátricos nas instituições asilares, com isso, declararam as críticas ao modelo de 
tratamento vigente e a mercantilização da loucura, incitando uma série de conferências e 
congressos (principalmente, o II Congresso Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental 
em 1987, Conferência de Caracas em 1990 e II Conferência Nacional de Saúde Mental 
em 1992) para melhor debate da temática e a reorientação da assistência (FERNANDES; 
OLIVEIRA; PIRANI, 2018). 
 A figura 1 apresenta os principais marcos desencadeados a partir desse período 
em relação à normatização da assistência aos indivíduos com alteração no estado mental, 
os quais serão descritos adiante. 
 
24 
 
 
 
Figura 01- Linha do tempo com os principais marcos na normatização da assistência ao indivíduo com 
alteração no estado mental, Natal/RN, 2021. 
Fonte: dados da pesquisa. 
 
Em 1989 com o Projeto de Lei 3.657 se observou o marco de uma das primeiras 
tentativas em relação à normatização dos direitos desses pacientes. Esse projeto de lei 
versava sobre a extinção gradual dos manicômios, a reorganização dos recursos 
assistências e regulamentação da internação psiquiátrica compulsória (BRASIL, 1989). 
Não obstante, destaca-se uma conquista na luta antimanicomial, as portarias nº. 
189 de 1991 e nº 224 de 1992, as quais subsidiam o atendimento de saúde mental pelo 
SUS, quanto à formulação das funções e dos aspectos de definição da equipe de 
profissionais dos Núcleos/Centros de Atenção Psicossocial (NAPS/CAPS), recursos 
financeiros e o incentivo ao tratamento em comunidade e funcionamento de hospitais- dia 
(BRASIL, 1991; BRASIL, 1992). 
Em 2001, tem-se a promulgação da Lei 10.216 a qual versa sobre a 
descentralização dos serviços, o estabelecimento de CAPS para a prática de um cuidado 
integralizado e multiprofissional, promoção da autonomia, envolvimento e apoio aos 
pacientes e familiares, dessa forma, institui ações direcionadas a proteção dos direitos 
desses pacientes, a reabilitação social assistida, a humanização do cuidado, o 
fortalecimento da desinstitucionalização, redesenhando a estrutura organizacional com 
base comunitária (BRASIL, 2001). 
25 
 
 
Os CAPS são serviços intersetoriais regulamentados pela Portaria 336 de 19 de 
fevereiro de 2002, ampliando seu funcionamento, assim, é de sua competência o 
acolhimento e organização do fluxo de atenção as pessoas com transtorno mental em seu 
território de abrangência. Constituem parte dos serviços substitutivos municipais de 
caráter ambulatorial e caracterizam-se pelo seu porte, capacidade e perfil de atendimento 
(SOUSA, 2020; BRASIL, 2002). 
O CAPS I é de pequeno porte, ideal para populações de 20.000-70.000 habitantes, 
destinam-se a adultos com transtornos mentais severos e persistentes e/ ou decorrentes do 
uso de crack, álcool e outras drogas. O CAPS II atende ao mesmo perfil, no entanto 
direciona-se para municípios com populações acima de 70.000 habitantes, ambos 
funcionam durante o dia. Já o CAPS III funciona 24h durante todos os dias, possuem 
cobertura para áreas com mais de 200.000 habitantes (SOUSA, 2020; BRASIL, 2004). 
Há também o CAPS AD que atendem indivíduos com necessidades decorrentes 
do uso e dependência de substâncias psicoativas em busca da redução dos danos, e o 
CAPSi para o acompanhamento de crianças e adolescentes com transtorno mental 
(BRASIL, 2004). 
Ao considerar o processo de desinstitucionalização dos pacientes de longa 
permanência, incentivo a redução no número de leitos em hospitais psiquiátricos e a 
expansão de serviços substitutivos teve-se o desenvolvimento da lei 10.708, sancionada 
em 2003, a qual estabelece Programa de volta para casa, que promove a reinserção social, 
autonomia dos indivíduos e execução dos seus direitos a cidadania. Além disso, observou-
se um aumento no número de CAPS e residências terapêuticas (SOUSA, 2020, BRASIL, 
2003). 
No âmbito hospitalar, compreendido como ferramenta de gestão que entrou em 
vigor 2002 o Programa Nacional de Avaliação do Sistema Hospitalar/Psiquiatria 
(PNASH/Psiquiatria) e o Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar no 
SUS (PRH) aprovado em 2004, permitem a verificação da qualidade dos serviços 
prestados e satisfação dos usuários em hospitais públicos e conveniados ao SUS, e 
buscam promover a transição segura entre a diminuição dos leitos hospitalares 
psiquiátricos com suporte assistencial comunitário e recursos terapêuticos necessários, 
respectivamente (BRASIL, 2011). 
Ambos são importantes na avaliação para o gradual e planejado fechamento dos 
hospitais psiquiátricos e o estabelecimento de parâmetros para o melhor funcionamento 
nas unidades psiquiátricas em hospitais gerais, as quais são destinadas à necessidade de 
26 
 
 
maior complexidade dos cuidados, no entanto, ressalta-se a importância da manutenção 
do vínculo com os demais serviços e CAPS (BRASIL, 2011). 
Em 2011 mais um avanço significativo é registrado, tem-se a Portaria nº 3.088, de 
23 de dezembro, que instituiu a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de forma integrada 
ao Sistema Único de Saúde (SUS), cujo propósito foi à criação de serviços de assistência 
e organização do fluxo de atendimento de acordo com o estado clínico de pacientes com 
transtorno mental e usuários de crack, álcool e outras drogas proporcionando a 
continuidade do cuidado (BRASIL, 2011). 
No ano de 2012, definiu-se normas e regulamentospara o funcionamento e 
habilitação de serviços hospitalares de referência para atenção a tais indivíduos por meio 
da Portaria nº 148 (BRASIL, 2011; BRASIL, 2012). 
Em dezembro 2017, aponta-se a portaria 3.588, que alterou as Portarias de 
Consolidação nº 3 e nº 6, de 28 de setembro de 2017, a mesma dispõe de modificações 
referentes à estruturação física e ao corpo de profissionais dos CAPS e serviços 
hospitalares de referência e unidades especializadas em hospitais gerais (BRASIL, 2017). 
Percebe-se a necessidade de a assistência ser subsidiada por normas e leis que 
direcionem um cuidado de qualidade, com maior segurança para os pacientes e 
profissionais em todos os ambientes de saúde, a fim de promover o respeito aos direitos 
e a equidade no atendimento aos pacientes com alteração no estado mental. 
 
 
3.2 CUIDADO SEGURO DE ENFERMAGEM AO INDIVÍDUO COM ALTERAÇÃO 
NO ESTADO MENTAL: MEDIDAS E RECURSOS 
 
 
O cuidado seguro é compreendido como aquele em que os profissionais buscam 
implementar medidas de SP durante a assistência e fortalecer a cultura de segurança nos 
serviços de saúde, a fim de minimizar a ocorrência de danos e prevenir situações de risco 
que poderiam resultar em agravos de saúde, salienta-se a importância das questões 
organizacionais mediante a adequação da estrutura física, dos recursos materiais e 
humanos (OLIVEIRA et al, 2018). 
Nesse sentido, há particularidades dos serviços de saúde mental, uma vez que se 
faz necessário considerar a integralidade do sujeito, reconhecer suas necessidades e 
desenvolver habilidades específicas para lidar com as situações de transtornos de saúde 
27 
 
 
mental e emocional, para além disso, é essencial o envolvimento da família, paciente, 
equipe e gestão na construção de ações mais seguras (OLIVEIRA et al, 2018). 
Dentre as ações que promovem o cuidado seguro em saúde mental, tem-se: a visita 
domiciliar (VD), a educação permanente e a reformulação dos currículos para inserção 
de conteúdo específico dessa temática na formação acadêmica dos profissionais. 
A VD é uma estratégia de grande relevância para o estabelecimento do vínculo 
entre os profissionais de saúde, pacientes e familiares ao oportunizar a busca ativa no 
território, possibilitar a visualização e compreensão por parte da equipe a respeito do meio 
social em que o paciente vive e o acompanhamento do tratamento, além de fornecer 
informações coerentes para o melhor planejamento dos cuidados (MATSUKURA; 
LOURENÇO, 2018; ESLABÃO et al, 2019). 
Todavia é um momento para realização da escuta qualificada, comunicação 
efetiva, orientações aos pacientes e comunidade. Outrossim, a confiança estabelecida 
estrutura o cuidado e os processos terapêuticos, e está diretamente relacionada à 
aceitação, colaboração e sucesso das intervenções/ tratamento o que diminui as recidivas 
de internações (COSTA et al, 2020). 
 A educação permanente foi identificada como estratégia contribuinte para a 
qualificação da assistência à medida que permite a atualização e sustentação teórica dos 
profissionais acerca do cuidado seguro na saúde mental (PINHEIRO; HYPÓLITO; 
KANTORSKI, 2019). 
Fato que pode ser reforçado com a reformulação do currículo das instituições de 
ensino técnico e superior para proporcionar uma formação que inclua às necessidades 
desses pacientes e que compreenda seus direitos, amplie as perceptivas de tratamento e 
desconstrua os reflexos da cultura manicomial (PINHEIRO; HYPÓLITO; KANTORSKI, 
2019). 
 Destaca-se a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, que valoriza 
a educação dos trabalhadores mediante a problematização de dificuldades identificadas 
na realidade do seu serviço e, proporciona a realização de práticas reflexivas, 
transformação de gestões, abordagens multifacetadas, valorização da humanização e uma 
assistência baseada em evidência científica (COSTA et al, 2017). 
Evidencia-se, também, medidas desenvolvidas com o intuito de fortalecer o 
cuidado seguro, a saber: gerenciamento de riscos, estabelecimento das estruturas 
organizacionais e fluxos de atendimento. 
28 
 
 
Associa-se a SP ao buscar a detecção e prevenção de situações que possam 
significar riscos potenciais, em vista disso, ressalta-se os protocolos e procedimentos 
operacionais padrão, os quais são compreendidos com estratégias que contribuem para 
qualificação dos cuidados mediante padronização das condutas baseadas em princípios 
técnicos científicos (VANTIL et al, 2018). 
Tais ferramentas auxiliam na tomada de decisões, no ajuste das não 
conformidades e na educação dos profissionais. Logo, são capazes de proporcionar maior 
segurança para os pacientes e profissionais, e auxiliar no desenvolvimento e 
monitoramento dos indicadores de qualidade (VANTIL et al, 2018). 
Dentre os aspectos da segurança ao paciente com alteração no estado mental, a 
identificação correta apresenta-se como um grande desafio a vista das condições clínicas 
desse público que por vezes manifestam desordem autopsíquica (PINHEIRO; 
HYPÓLITO; KANTORSKI, 2019). 
Assim, novas formas de identificação foram desenvolvidas, como a utilização de 
fotos associadas à pulseira de identificação e prontuários, a fim de facilitar a confirmação 
visual, bem como rótulos e códigos de barra. Ressalta-se ainda o envolvimento da família, 
e o fortalecimento da cultura de segurança entre os profissionais para a execução dessa 
etapa, dado que a não realização ou falta de padronização no processo aumenta a 
vulnerabilidade para a ocorrência de EA (BLANCO, 2019; SIMAN, 2019). 
O matriciamento, também, é apontado como estratégia para o apoio técnico 
pedagógico às equipes multiprofissionais no cuidado as pessoas com alterações no estado 
mental, principalmente no âmbito da APS ao promover resolutivas locais com o 
fortalecimento da comunicação, atendimentos conjuntos, acolhimento de qualidade, 
capacitação profissional em SM e organização dos fluxos de atendimento (BRASIL, 
2015; SILVA et al, 2018). 
Não obstante, realça-se a importância do desenvolvimento de intervenções 
planejadas de acordo com as necessidade e particularidades dos indivíduos, de modo a 
atenuar os fatores estressores na realidade do sujeito, retirar estímulos externos como o 
álcool, evitar a automedicação e reinseri-lo socialmente (BATISTA et al, 2020). 
As ações mencionadas estão em consonância com a prática do Projeto Terapêutico 
Singular (PTS), entendida como uma estratégia interdisciplinar e multiprofissional que 
pode ser desenvolvido para o indivíduo, grupos e família. Esse método amplia as 
possibilidades terapêuticas além da perspectiva de medicalização, mostrou-se benéfico 
em longo prazo, uma vez que possibilita maior comunicação e responsabilização da 
29 
 
 
equipe, considera as opiniões dos pacientes e de todos os envolvidos no processo para 
tomada de decisões, sendo muitas vezes utilizado na APS (BATISTA et al, 2020; 
BRASIL, 2015). 
Possui associação positiva com a SP, pois, colabora para a diminuição das 
hospitalizações, e consequente redução da superlotação nos serviços, uma vez a 
assistência e o acompanhamento é realizado na comunidade evitando-se o agravamento e 
a necessidade de cuidados mais intensivos, promovendo a atenuação dos custos, menor 
exposição a riscos e incidentes de segurança, além de ir ao encontro a segunda meta 
internacional de SP, que versa sobre a necessidade de melhoria na comunicação efetiva 
(BRASIL, 2014). 
 Outro ponto interessante foi à amenização dos riscos, pois envolve levantamento 
das grades do leito, auxílio na deambulação, o que remete a SP na meta de “reduzir riscos 
de quedas”, além disso, aponta a retirada de objetos potencialmente perigosos do alcance 
desses pacientes a fim de evitar a utilização indevida e, promover a minimização de 
situações que possam gerar danos desnecessários ao paciente (PAES; MAFTUM; 
MANTOVANI, 2010). 
O quadro 1 apresenta a significaçãodo cuidado seguro ao paciente com alteração 
no estado mental por meio de quatro camadas contextuais e a compreensão das relações 
que compõem esse fenômeno, embasado nos pressupostos adaptados de Hinds et al. 
(1992). Em que o contexto imediato é tido como as características diretas do cuidado 
seguro relacionada à assistência ao paciente com TM, já o contexto específico diz respeito 
à interpretação das ações e atitudes que podem fragilizar ou potencializar o cuidado 
seguro a esses pacientes, o contexto geral são as medidas implementadas ou idealizadas 
no intuito de promover o cuidado seguro e, por fim o metacontexto que se refere aos 
conhecimentos compartilhados socialmente. 
 
Quadro 1- Síntese das camadas contextuais sobre o cuidado seguro ao indivíduo com alterações 
no estado mental. Natal, Rio Grande do Norte, Brasil, 2021. 
 METACONTEXTO 
Normatização da assistência e tratamento ao indivíduo com alteração no estado 
mental 
• Leis, decretos e portarias que regulamentam as organizações dos serviços, 
orientam os direitos dos pacientes com alteração do estado mental 
 CONTEXTO GERAL 
Medidas implementadas para promoção do cuidado seguro ao indivíduo com 
alteração no estado mental 
30 
 
 
Fonte: dados da pesquisa 
 
Destaca-se a importância da qualificação do cuidado em todos os contextos 
assistenciais com maior enfoque na SP no âmbito da saúde mental para o incentivo ao 
desenvolvimento das boas práticas, melhoria promoção e recuperação da saúde e 
satisfação dos pacientes e família (SOUSA et al, 2017). 
 
 
3.3 QUALIDADE DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA PERSPECTIVA DE 
DONABEDIAN 
 
 
Compreende-se a qualidade do cuidado no âmbito da saúde como o 
desenvolvimento de ações adequadas que permitam a resolutividade das necessidades 
biopsicossociais do paciente de forma segura, com maior eficiência e efetividade 
(OLIVEIRA et al, 2018; VALENTE, 2019). 
• Desenvolvimento de Protocolos, Procedimento Operacional Padrão, 
Fluxogramas 
• Métodos de identificação do paciente 
• Gerenciamento de casos e estabelecimento dos riscos 
 CONTEXTO ESPECÍFICO 
Interpretação de atitudes que influenciam no cuidado seguro 
 Potencialidades Fragilidades 
• Consolidação de uma rede 
integrada e operante 
• Educação permanente 
• Integralidade e humanização do 
cuidado 
• Estabelecimento de vínculo 
• Sentimentos estigmatizantes 
• Limitação de conhecimento 
• Comunicação deficiente 
• Supremacia dos processos de 
medicalização 
 CONTEXTO IMEDIATO 
Características diretas do cuidado 
• Planejamento e análise de intervenções 
• Atenuação dos riscos 
• Controle de SSVV 
 PRINCIPAIS DIFICULDADES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO CUIDADO 
• Falta de estrutura física 
• Recursos materiais e humanos insuficientes 
• Superlotação dos serviços 
• Sobrecarga de trabalho 
• Ausência de participação da família 
• Orientação do paciente 
 
31 
 
 
Torna-se essencial que os serviços e profissionais estejam preparados para 
compreender e considerar a subjetividade dos indivíduos com transtorno mental, a fim de 
garantir seus direitos de acordo com os preceitos estabelecidos desde a reforma 
psiquiátrica (OLIVEIRA et al, 2018). 
Diante desse contexto, destaca-se como referência nas pesquisas sobre qualidade 
em saúde Avedis Donabedian (1980), o qual apresenta a qualidade em saúde como um 
produto da associação da ciência à tecnologia em vista do maior benefício pelo menor 
risco. 
 Donabedian (1980) organizou um modelo sistêmico de avaliação do cuidado em 
três dimensões: estrutura, processo e resultado, o qual possibilita a extração dos dados 
para melhor análise do contexto. 
Nesse modelo, a categoria “estrutura” diz respeito aos aspectos observados em 
todo o ambiente de realização do cuidado, como a estrutura física, os recursos financeiros, 
humanos e materiais disponíveis. As conclusões da avaliação deste item são relacionadas 
às inadequações do elemento seguinte (DONABEDIAN, 1980). 
 O elemento “processo” contempla as ações dos profissionais para com os 
pacientes em termos assistenciais durante todo o acompanhamento da saúde do mesmo, 
logo, esse componente possibilita a verificação da qualidade do atendimento mediante a 
observação do serviço ou análise dos dados advindos de registros dos profissionais 
(DONABEDIAN, 2003). 
 Já o “resultado” refere-se às repercussões do cuidado, geração de indicadores de 
qualidade e satisfação do cliente, dessa forma, são de extrema importância por permitir a 
identificação de relações de causalidade entre os resultados e as ações/ medidas 
realizadas, conforme a monitoração dos indicadores ao longo do tempo (DONABEDIAN, 
1980; DONABEDIAN, 2003). 
Essa dimensão avaliativa pode ser adaptada as diferentes situações de saúde e que 
os elementos são correlacionados para melhor compreensão dos dados, uma vez que 
sistematizam a análise dos requisitos e permitem a elaboração de conclusões acerca da 
qualidade do cuidado (DONABEDIAN, 2003). 
A avaliação contínua desses aspectos permite o controle de qualidade, assim como 
contribui para o diagnóstico situacional, o reconhecimento de oportunidades de melhoria, 
a adesão de medidas para lidar com as fragilidades, e manutenção das potencialidades 
(VALENTE, 2019). 
32 
 
 
Nesse âmbito, os protocolos, ferramentas em geral multiprofissionais e 
interdisciplinares, apresentam-se com relevante potencial para subsidiar o processo 
avaliativo de qualidade, uma vez que permitem a análise dos serviços e procedimentos de 
trabalho de forma equânime (ALMEIDA et al. 2016). 
Em geral, tais tecnologias são constituídas por normas técnicas, regras, rotinas e 
padrões de referência a serem seguidos, os quais podem direcionar condutas do cuidado 
ou informar fluxos organizacionais de funcionamento. Para elaboração dos mesmos se 
faz necessário à participação de profissionais experientes e com domínio de conteúdo a 
respeito da temática a ser trabalhada, além de fundamentação científica e dados 
atualizados, para assim, conferirem maior confiabilidade e fidedignidade ao objetivo que 
se destina (VIEIRA et al, 2016; COSTA; ALMEIDA; MELO, 2020). 
Os protocolos correspondem às demandas de saúde, seja a nível setorial de acordo 
com as carências dos serviços e necessidade dos profissionais, ou ainda recomendações 
de abrangência nacional, de maneira a fortalecer a SP enquanto dimensão da qualidade, 
fornecer sistematização e qualificação do trabalho em saúde, além de permitir avanços 
tecnológicos, científicos e o estabelecimento das boas práticas do cuidado (ALMEIDA et 
al. 2016; COSTA; ALMEIDA; MELO, 2020). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
4 MÉTODO 
 
 
Trata-se de um estudo metodológico de abordagem mista, direcionado para a 
validação de um protocolo gráfico estruturado na tríade proposta por Donabedian 
(estrutura, processo e resultado) para avaliação do cuidado seguro de enfermagem no 
contexto hospitalar ao indivíduo com alteração no estado mental. 
A seleção desse tipo de estudo se deu ao fato de os estudos metodológicos 
possuírem como uns de seus propósitos a busca pela investigação, organização, validação 
e análise de instrumentos tecnológicos, o que proporciona adequação do mesmo para que 
seja utilizável na prática (POLIT; BECK; HUNGLER, 2011). 
Já a natureza mista permite a associação de técnicas, abordagens e conceitos da 
pesquisa quantitativa e qualitativa em um mesmo estudo, a fim de se possibilitar melhores 
perspectivas de análises (PARANHOS et al., 2016) 
Quanto à tríade “estrutura-processo-resultado” proposta por Donabedian (1980), 
são premissas que norteiam as investigações dos serviços de saúde, e, proporcionam 
melhoria na qualidade da assistência e SP ao promoverem a identificação das nãoconformidades e oportunidade de aperfeiçoamento dos elementos avaliados. 
No que diz respeito à validação do conteúdo e de aparência do protocolo gráfico 
a pesquisa seguiu-se o referencial da psicometria proposto por Pasquali et al. (2010), 
estruturado em procedimentos teóricos, empíricos e analíticos. 
 
 
Figura 2 - Etapas para construção e validação de conteúdo do protocolo gráfico, Natal/RN, 2021 
Fonte: Adaptado de Pasquali et al. (2010) 
 
Procedimentos
Teóricos
• Scoping 
Review
• Grupo focal
Procedimentos
Empíricos
• Construção
do protocolo
gráfico
• Validação do
conteúdo e
aparência
Procedimentos
Analíticos
• Cálculo de
validação do
conteúdo e
nível de
concordância
34 
 
 
 
4.1 PROCEDIMENTOS TEÓRICOS 
 
 
Nesse seguimento, com o propósito de definir os conteúdos que compõem o 
protocolo gráfico foi realizado um grupo focal com profissionais da área da saúde mental 
e uma Scoping Review (ScR) sobre o cuidado seguro ao indivíduo com alteração no estado 
mental. 
 
 
4.1.1 Scoping Review 
 
 
A Scoping Review (ScR) é um tipo de revisão que facilita a identificação de 
lacunas existentes na literatura, ao possibilitar o mapeamento de pesquisas que revelam 
dados necessários para o embasamento científico e designação de conteúdo. Além de 
permitir a utilização de diversas bases de dados, portais de teses e dissertações de caráter 
nacional e internacional o que proporciona uma perspectiva ampliada da temática 
investigada (ARKSEY; O’MALLEY, 2005; THE JOANNA BRIGGS INSTITUTE, 
2020). 
A construção da ScR respeitou seis etapas: I - Identificação da questão de 
pesquisa; II - Identificação dos estudos relevantes; III – Seleção dos estudos; IV – Análise 
dos dados; V – Síntese e apresentação dos dados e VI – Divulgação dos resultados 
(opcional) (ARKSEY; O’MALLEY, 2005; THE JOANNA BRIGGS INSTITUTE, 
2020). 
Previamente realizou-se uma investigação na literatura e não foi encontrado 
estudos semelhantes, dessa forma, foi desenvolvido um protocolo para organizar e nortear 
o processo de busca e avaliação dos estudos, o qual está devidamente registrado no Open 
Science Framework (osf.io/a8qs9). 
Em relação a construção do protocolo, seguiu-se as seguintes etapas: 1) definição 
do objetivo e da questão de pesquisa, com base na estratégia PCC (População, Conceito 
e Contexto); 2) delimitação das fontes de dados; 3) descrição dos critérios de inclusão e 
exclusão; 4) categorização das variáveis a serem extraídas e analisadas; 5) apresentação 
dos achados (THE JOANNA BRIGGS INSTITUTE, 2020). 
35 
 
 
Quanto à estratégia PCC os termos escolhidos estão obrigatoriamente inclusos nos 
descritores em ciências da saúde (DECs) assim como seus correspondentes em inglês 
cadastrados no Medical Subject Headings (MESH). Em que P- Transtornos mentais/ 
Mental Disorders, C- Segurança do Paciente/ Patient safety; Enfermagem/ Nursing, C- 
Hospital/ Hospitals. Assim, a seguinte questão norteadora foi desenvolvida: Quais os 
cuidados seguros ofertados pela enfermagem ao indivíduo com transtornos mentais em 
unidades hospitalares? 
Para o estabelecimento da estratégia de busca foram necessárias pesquisas 
primárias com o cruzamento Mental Disorders AND Patient safety AND nursing AND 
hospitals nas bases de dados Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature 
(CINAHL) e National Library of Medicine (PUBMED), a fim de identificar as palavras-
chaves mais adequadas, de acordo com os estudos disponíveis. 
Com auxílio dos operadores booleanos AND/E e OR/OU definiu-se a estratégia 
de busca, a saber: Mental Disorders OR (Behavior disorders OR Psychiatric Patients OR 
Psychiatric diseases OR Mental health) AND Patient Safety OR (Patient Safety Methods 
OR Safety culture) AND Nursing OR (Psychiatric nursing OR Mental 
Disorders Nursing) AND Hospitals OR (Inpatient settings). Ressalta-se que a mesma 
combinação foi mantida em todas as bases de dados, porém com adaptações em seus 
mecanismos de pesquisa por base de dados. 
Com isso, executou-se a coleta ao longo do mês de maio de 2021. A seleção dos 
artigos ocorreu nas plataformas: U.S. National Library of Medicine (PUBMED), 
Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), SCOPUS, 
COCHRANE, Web Of Science, PSYCHINFO, Literatura Latino-Americana e do Caribe 
em Ciências da Saúde (LILACS). 
Em relação à literatura cinzenta: Portal de Teses e Dissertações da CAPES, 
Education Resources Information Center (ERIC), The National Library of Australia’s 
Trobe (Trove), Academic Archive Online (DIVA), DART-Europe E-Theses Portal, 
Electronic Theses Online Service (EThOS), Repositório Científico de Acesso Aberto de 
Portugal (RCAAP), National ETD Portal. 
Enquanto critérios de elegibilidade foram incluídas publicações que 
respondessem à questão do estudo, que estivessem disponíveis na íntegra nas bases de 
dados por meio de acesso via Portal de Periódico CAPES pela Comunidade acadêmica 
federada (CAFe) de forma eletrônica. 
36 
 
 
Excluíram-se os editoriais, cartas ao editor, artigos de reflexão. Não foram 
determinadas restrições de idioma ou limite temporal e, os estudos duplicados foram 
considerados uma única vez. 
A seleção dos estudos foi desempenhada por revisores aos pares de maneira 
independente, e em duas etapas, a saber: leitura do título e resumo e a leitura na íntegra 
dos estudos escolhidos para compor a amostra. 
Essa última possibilitou a extração dos indicadores de dados, como: ano de 
publicação, país de origem, tipo de estudo, objetivo do estudo, nível de evidência, 
medidas relacionadas à estrutura que favoreceram os cuidados seguros de enfermagem ao 
paciente com transtornos mentais, medidas referente ao processo (ações dos profissionais 
para com os pacientes em termos assistenciais, identificação, prevenção de queda, erros 
de medicação, comunicação entre outros) e medidas relativas ao resultado (repercussões 
do cuidado, geração de indicadores de qualidade e satisfação do cliente). 
Os dados obtidos foram tabulados e organizados em uma planilha com uso do 
software Microsoft Excel 2010®, e apresentados em gráficos, tabelas e figuras, após 
serem analisados mediante estatística descritiva simples. Ressalta-se, que foi elaborado 
um quadro (APÊNDICE A) com os estudos selecionados de modo a representá-los pela 
codificação em letras e algarismo arábicos, o qual foi anexado ao protocolo. 
 
 
 
4.1.2 Grupo Focal 
 
 
O grupo focal é um método de coleta de dados caracterizado pela interação em 
grupo, o que permite a problematização de uma temática específica, destaca-se pela 
possibilidade de reflexões em tempo real a partir de diferentes perspectivas apresentadas 
pelos integrantes (BACKES et al., 2011). 
Pode ser empregado por diversas áreas de estudo, entendido como uma fonte de 
informação que permite também a geração de novos conhecimentos por meio da dialética, 
trabalho em equipe e troca de experiências. Dessa maneira, opiniões são formadas, 
reformuladas e complementadas, por ser um modo dinâmico de interação e por vezes 
apresentar maior potencial de envolvimento dos participantes, o que facilita e enriquece 
as discussões (BACKES et al., 2011). 
37 
 
 
Os encontros devem possuir um propósito previamente definido e ser organizado 
por um coordenador/ moderador que direcione o fluxo das reuniões de acordo com o 
desenvolvimento do grupo e de maneira sútil incite as discussões pertinentes à temática. 
Para, além disso, o mesmo é responsável por realizar as explicações quanto ao 
funcionamento de todo o processo, objetivos e aspectos éticos da pesquisa (DUARTE, 
2007; ARANTES; DEUSDARÁ, 2017). 
Outrossim, se faz necessário a participação de um observador que dê suporte no 
monitoramento do tempo, manejo dos equipamentos de gravação e registro das falas dos 
participantes a fim de ajudar nas transcrições dos dados (DUARTE, 2007.; ARANTES; 
DEUSDARÁ, 2017). 
No que dizrespeito ao ambiente destinado para os encontros, este deve ser 
acolhedor, possuir privacidade, transmitir segurança para a livre expressão dos 
participantes, as cadeiras devem estar dispostas em círculo para melhor participação e 
interação de todos (BACKES et al., 2011). 
No entanto, ao considerar o momento de crise sanitária vivenciado atualmente em 
decorrência da pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, optou-se por momentos 
síncronos remotamente, a fim de evitar qualquer interação inadequada de acordo com os 
protocolos sanitários de saúde. Desse modo, utilizou-se a plataforma online Google Meet 
para viabilizar os encontros. 
 Ressalta-se que a realização dessa técnica de coleta de dados de modo online não 
diminui a fidedignidade do método, além disso, apresenta benefícios como a 
possibilidade de uma amostra maior, com participantes de diferentes localidades 
geográficas, baixo custo financeiro e permite que o pesquisador não influencie no 
processo, o que fortalece a confiabilidade do estudo (SALVADOR et al.,2020). 
 
 
4.1.2.1 Participantes do Grupo Focal 
 
 
A equipe de coleta de dados foi composta por um mediador, um relator e dois 
colaboradores. Em relação aos participantes, a amostra foi intencional e estabeleceu-se 
os seguintes critérios de inclusão: 
- Ser enfermeiro lotado em um dos dois hospitais gerais do Rio Grande do Norte 
de referência na assistência em saúde mental 
38 
 
 
- Atuar na assistência ao indivíduo com transtornos mentais há no mínimo três 
meses 
- Possuir disponibilidade para participar do grupo focal online. 
Os hospitais selecionados foram o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL- 
UFRN) e o Hospital Geral Dr. João Machado, devido as suas características, uma vez que 
o HUOL é um hospital com diversas especialidades, dentre essas possui assistência 
psiquiátrica e leitos destinados a pacientes com transtorno mental, e o Hospital Geral Dr. 
João Machado por ser referência no acolhimento de Urgências Psiquiátricas no Rio 
grande do Norte/ Brasil, que conta com cerca de 200 leitos, portanto, um dos maiores do 
estado e unidade integrante do RAPS (EBSERH, 2013; SESAP, 2021). 
Os participantes foram convidados por meio e-mail e/ ou contato telefônico, 
mediante o envio de um convite (APÊNDICE B), e quando pertinente de forma presencial 
– ressalta-se que foi respeitado todos os procedimentos de proteção individual e 
distanciamento social- nesse momento esclareceu-se os objetivos da pesquisa e da 
importância da contribuição dos mesmos ao considerar sua formação e experiência 
assistencial, e foi entregue o Registro de consentimento livre e esclarecido. 
 
4.1.2.2 Coleta de Dados do Grupo Focal 
 
Realizou-se duas sessões do grupo focal com integrantes distintos, que foram 
gravadas por meio de vídeos, cada encontro teve duração média de 45 minutos, quando 
se atingiu a saturação teórica, esses ocorreram entre agosto e setembro de 2021. 
Dessa forma, o primeiro grupo constituiu-se de sete participantes e o segundo de 
seis, em concordância com as orientações dispostas na literatura, que estabelece a 
necessidade de pelo menos seis e no máximo 15 participantes por grupo para garantir a 
viabilidade do método (BACKES et al., 2011). 
Quanto aos encontros, nos dois grupos incitou-se o diálogo com o seguinte 
questionamento: quais ações vocês já executam para o cuidado seguro de enfermagem e 
quais ações vocês acham que deveriam ser executadas e ainda não são, como e por quê? 
Destaca-se que foram consideradas tanto as respostas verbalizadas quanto as escritas no 
chat. 
 
 
 
39 
 
 
 
4.1.2.3 Análise dos Dados do Grupo Focal 
 
No que concerne a análise dos dados, todas as falas foram transcritas para a análise 
lexicográfica com apoio do software Interface de R pour Analyses Multidimensionnelles 
de Textes et de Questionneires (IRAMUTEQ). Para o tratamento dos dados utilizou-se a 
classificação Hierárquica Descendente e análise de similitude. As informações obtidas 
sobre a caracterização dos profissionais foram tabuladas e organizadas em uma planilha 
no Microsoft Excel 2010®. 
 
 
4.2 PROCEDIMENTOS EMPÍRICOS 
 
 
4.2.1 Construção do Protocolo 
 
 
Com suporte dos dados da Scoping Review e do grupo focal iniciou-se o processo 
de elaboração do protocolo gráfico para o cuidado seguro ao paciente com alteração no 
estado mental organizado em estrutura, processo e resultado de acordo com os princípios 
de Donabedian (1980), embasado nas etapas e critérios sugeridos por Paquali et al (2010) 
e pelo Suitability Assessment of Materials (SAM) (SOUSA; TURINI; POVEDA, 2015). 
O protocolo é representado por formas geométricas, cada uma com significado 
específico, de forma a caracterizar sua aparência gráfica e viabilizar uma comunicação 
clara e efetiva (PIMENTA et al., 2017). Como apresentado no Quadro 2. 
 
 
Quadro 2 - Elementos gráficos empregados na construção do protocolo gráfico, Natal/RN, 2021 
FORMA GRÁFICA SIGNIFICADO 
 
Indica início e fim do processo 
 
40 
 
 
 
Indica ação 
 Indica momentos de tomada de decisão, 
questionamento 
 
Indica documentos ou relatórios que apoiam 
o processo 
 
Indica arquivos que podem ser acessados para 
consolidar o processo 
 
Conecta os processos ou indica continuação 
 
Indica direções a serem seguidas 
____________ 
 
Indica caminho a ser seguido 
------------------- 
 
Conecta a uma caixa explicativa 
Fonte: Pimenta et al., 2017. 
 
 
 
4.2.2 Validação de Conteúdo e Aparência 
 
 
Para a avaliação do conteúdo do protocolo foram considerados como referência 
os doze critérios estabelecido por Pasquali et al. (2010), expostos no Quadro 3. 
 
Quadro 3 - Critérios adaptados de avaliação do conteúdo do protocolo gráfico, Natal/RN, 2021 
 
Critério de análise Requisitos para avaliação 
Comportamental O protocolo é aplicável, com orientações claras e precisas 
Objetividade É possível alcançar o objetivo proposto por meio das 
instruções fornecidas 
Simplicidade O protocolo apresenta uma ideia central e contínua 
Clareza O conteúdo é entendível, simples, claro e inequívoco 
Relevância O protocolo é relevante e atende a finalidade proposta 
41 
 
 
Precisão 
Os itens existentes no protocolo são distintos e não favorece 
confundimento 
Variedade A linguagem do protocolo é apropriada 
Modalidade 
O vocabulário é adequado e não gera entendimento 
ambíguo 
Tipicidade 
O conteúdo apresenta expressões em concordância com a 
temática 
Credibilidade 
O protocolo apresenta uma atitude favorável de utilização e 
compreensão do conteúdo 
Amplitude 
O protocolo é prospectivo suficientemente para 
compreensão da temática 
Equilíbrio 
O conteúdo proposto apresenta-se de forma equilibrada e 
conexa 
Fonte: Adaptado de Pasquali et al., 2010. 
 
 No escopo de subsidiar a validação da aparência utilizou-se as categorias proposta 
pelo referencial Suitability Assessment of Materials (SAM), conforme detalhado no 
Quadro 4 (SOUSA; TURINI; POVEDA, 2015). 
 
Quadro 4 - Categorias do Suitability Assessment of Materials(SAM), Natal/RN, 2021 
EIXOS E ITENS DO SAM EIXOS E ITENS ADAPTADOS 
Conteúdo 
-O propósito está evidente; 
-O conteúdo trata de comportamentos; 
-O conteúdo está focado no propósito; 
-O conteúdo destaca os pontos principais 
Conteúdo 
-O conteúdo atende as necessidades do 
público-alvo; 
-O conteúdo do protocolo é coerente com a 
proposta; 
-O conteúdo retrata os principais aspectos 
relevantes para avaliação do cuidado seguro 
aos pacientes com transtornos mentais 
Linguagem 
-Nível de leitura; 
-Usa escrita na voz ativa; 
-Usa vocabulário com palavras comuns no 
texto; 
-O contexto vem antes de novas informações 
-O aprendizado é facilitado por tópicos. 
Linguagem 
-A linguagem do protocolo é compatível com 
o público-alvo 
-Os termos são atrativos e não cansativos 
-Existe clareza e objetividade 
 
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