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Prévia do material em texto

Ângela Gomes
Bioética e Assistência 
Oncológica 
Unidade 1
Livro didático 
digital
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor 
ÂNGELA GOMES
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Olá. Meu nome é Ângela Gomes. Sou graduada em 
Enfermagem e pós-graduada em Enfermagem Oncológica, com 
uma experiência técnico-profissional na área da enfermagem há 
mais de 23 anos. Passei por Hospitais infantis como Pronto Baby 
na Tijuca RJ, Hospital São Vicente de Paulo também situado 
na cidade da Tijuca RJ, onde obtive experiências no Centro 
cirúrgico e atualmente trabalho no INCA (INSTITUTO NACIONAL 
DO CÂNCER) há 15 anos onde desenvolvo a atividade de 
enfermagem oncológica. Sou apaixonada pelo que faço e 
adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão 
iniciando em suas profissões. No INCA adquiri uma rica e extensa 
experiência de vida, sem contar com a profissional! Trabalhar 
no setor Oncológico é complicado em alguns momentos, 
porém prazeroso saber que estamos fazendo o bem. Por isso 
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você 
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
Autor 
ÂNGELA GOMES
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimen-
to de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram 
que ser prioriza-
das para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e 
links para aprofun-
damento do seu 
conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoapren-
dizagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro-
jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de 
aprendizagem toda vez que:
SUMÁRIO
Introdução......................................................................................10
Competências................................................................................11
Compreender e facilitar as questões éticas/bioéticas 
que surgirão na vida profissional......................................12
O início da Bioética...........................................................................................12
Biografia de Van Resselaer Potter.........................................................15
Comunicação em Oncologia e Bioética...........................................17
Aplicar através do conceito da bioética reflexão as 
diversas situações da vida profissional em que surgem os 
conflitos éticos..............................................................................20
Principio da Beneficiencia...........................................................................21
Principio da Autonomia................................................................................22
Principio da Justiça..........................................................................................22
Princípio da Não-Maleficência................................................................23
Posicionar-se e dar subsídios de maneira ética a um 
dilema ou conflitos......................................................................26
Dilemas Bioéticos na enfermagem oncológica.........................26
Vida e Morte..........................................................................................................31
Reprodução Humana.....................................................................................32
Aborto.......................................................................................................................36
Eutanásia................................................................................................................37
Transplante e doação de órgãos e tecidos...................................38
Pesquisa com seres humanos................................................................40
Compreender se a sua conduta profissional está 
fundamentada em principios éticosou se está agindo da 
maneira mais adequada.............................................................41
O Protocolo SPIKES.........................................................................................45
Bibliografia.....................................................................................49
Bioética e Assistência Oncológica 9
UNIDADE
01
Bioética e Assistência Oncológica 10
O propósito dessa unidade é reverenciar o contexto 
científico e tecnológico da Bioética que tem como 
objetivo facilitar os problemas e questões éticas e 
bioéticas que surgirão na vida profissional dos enfermeiros 
oncológicos. Estes conceitos básicos são importantes 
para o enfrentamento de um dilema ou conflito que pode 
surgir e para que o enfermeiro saiba se posicionar de uma 
maneira ética. Assim, esses conceitos e teorias devem 
ser claras para todos. Não se pretende impor regras de 
comportamento mais sim proporcionar uma análise em 
que os profissionais da área de oncologia possam refletir 
e adquirir conhecimento de como se comportar diante as 
diversas situações éticas que surgem durante a vida do 
enfermeiro na área da oncologia.
A formação do profissional de enfermagem em 
nível superior nem sempre é discutida em uma disciplina 
oncológica sendo necessária especialização para que os 
termos mais profundos da bioética sejam discutidos.
O conteúdo a seguir se divide em três partes: Conceito; 
Fundamentação e Princípios da Bioética; Dilemas bioéticos 
na Enfermagem Oncologia.
INTRODUÇÃO
Bioética e Assistência Oncológica 11
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso 
objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes 
competências profissionais até o término desta etapa de 
estudos:
1. Compreender e facilitar as questões éticas/ 
bioéticas que surgirão na vida profissional.
2. Aplicar através do conceito da Bioética reflexão as 
diversas situações da vida profissional em que surgem os 
conflitos éticos.
3. Posicionar-se e dar subsídios de maneira ética a um 
dilema ou conflitos
4. Compreender se a sua conduta profissional está 
fundamentada em princípios éticos ou se está agindo da 
maneira mais adequada.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo 
ao conhecimento? Ao trabalho!
COMPETÊNCIAS
Bioética e Assistência Oncológica 12
Compreender e facilitar as questões 
éticas/bioéticas que surgirão na vida 
profissional O Conceito da Bioética e 
Assistência Oncológica 
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
como funciona a ética e a bioética aos profissionais de 
enfermagem oncológica. Isto será fundamental para o 
exercício de sua profissão. As pessoas que tentaram sem 
esses conceitos básicos e sem a devida instrução tiveram 
problemas ao longo de sua profissão. E então? Motivado 
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. 
Avante!
O início da Bioética
Na totalidade do contexto científico e tecnológico 
poucas áreas evoluíram com tanta rapidez quanto a bioética. 
Se imaginarmos que apenas em 1970 o cancerologista 
norte-americano Van Rensselaer Potter publicou a obra que 
reverenciou historicamente a área _ Bioethics: Bridge to the 
Future _, os avanços conquistados nesses anos podem ser 
considerados extraordinários.Nem o próprio Potter poderia imaginar a velocidade 
como as coisas transcorreriam. É oportuno mencionar 
que sua visão original da bioética focalizava-a como 
uma questão ou um compromisso mais global frente ao 
equilíbrio e preservação da relação dos seres humanos com 
ecossistema e a própria vida do planeta, diferente daquela 
que acabou difundindo-se e sedimentando-se nos meios 
científicos a partir da publicação do livro The Principles of 
bioethics, escrito por Beauchamp e Childress, em 1979.
A obra desses dois autores praticamente pautou a 
bioética dos anos 70 e inicio dos anos 80, sob uma linha que, 
Bioética e Assistência Oncológica 13
posteriormente, veio a ser cunhada como “principialismo”, 
ou seja, o desenvolvimento da bioética a partir de quatro 
princípios básicos, dois deles de caráter deontológico (não 
malificiência e autonomia). Apesar de não serem absolutos 
sob o prisma filosófico, estes princípios foram rapidamente 
assimilados, passando a constituir a ferramenta mais 
utilizada pelos bioeticistas na medição e/ou resolução dos 
conflitos morais pertinentes à temática bioética, (COSTA, 
GARRAFA, OSELKA, 1998).
Nesse sentido os conceitos básicos da bioética são: 
Princípios da beneficência e não-maleficência; Princípio da 
autonomia e o consentimento esclarecido; e Princípios da 
justiça.
Quando pretendemos situar a ética no contexto das 
dimensões culturais, encontramos de pronto um primeiro 
problema. Como separá-la de outras manifestações como, 
por exemplo, a religião? Será possível uma separação tal 
que a ética se constitua como uma instância autônoma 
da cultura, claramente definida na sua especificidade? 
A relevância da ética nos leva naturalmente a assinalar 
para ela um campo próprio, a partir do qual possamos 
reconhecer um modo singular de existir, em primeiro lugar 
característico do ser humano e, em seguida, delimitando 
com nitidez entre dimensões da existência. Podemos 
partir desse pressuposto, mas quando vamos entender 
concretamente esta separação e esta especificidade as 
dificuldades se multiplicam. 
Elas aparecem quando tentamos, por exemplo, fazer 
a distinção entre ética e conhecimento. Podemos dizer que 
quando descrevemos o mundo e procuramos compreendê-
lo efetuamos juízos que nos permitem assimilar a verdade 
dos fatos; para compreender estes fatos efetuamos outros 
juízos, mais abstrato, acerca da ligação entre eles e das 
razões que sustentam tais conexões (COSTA, GARRAFA e 
OSELKA, 1998 p.19).
Bioética e Assistência Oncológica 14
Um aspecto bastante importante a ser considerado 
para que possamos construir a reflexão bioética de maneira 
adequada é compreender a influência histórica exercida 
desde a época de Hipócratas (JUNQUEIRA, 2007). 
Entretanto, devemos retomar alguns conceitos 
históricos para compreender melhor a influência dessa 
época. No século IV a. C., a sociedade era formada 
por diversas castas (chamadas sociais bem definidas e 
separadas entre si) que fazia com que ela fosse “piramidal”. 
Mas o que isso significa? Isso quer dizer que, na base 
pirâmide, encontrava-se a maior parte das pessoas: os 
escravos e os prisioneiros de guerra, que nem mesmo 
eram considerados “pessoas”. Eles eram tratados como 
objetos e não tinham nenhum direito. Logo acima deles, 
numa camada intermediária (portanto em número um 
pouco menos) estavam os cidadãos. Os cidadãos eram 
os soldados, os artesãos, os agricultores, e estes tinham 
direitos e deveres. No topo da pirâmide (portanto, um 
número bastante reduzido de pessoas) estavam os 
governantes, os sacerdotes e os MÉDICOS (JUNQUEIRA, 
2007).
Van Rensselaer Potter
Fonte: Pamiesxavier/Wikimedia
Bioética e Assistência Oncológica 15
SAIBA MAIS:
Van Rensselaer Potter - 27 de agosto de 1911 — 6 de 
setembro de 2001. Foi um bioquímico americano, e 
pesquisador na área de oncologia. Sua experiência 
com pacientes oncológicos o fez propor o 
surgimento de um novo conceito interdisciplinar, o 
qual correlaciona ética e ciência, o qual denominou 
de bioética. Potter tenta estabelecer um diálogo 
entre a ciência da vida e a sabedoria prática, ou 
seja, entre o Bios e o Ethos, criando desta forma a 
bioética. Seu livro Bioética:Ponte para o Futuro é o 
primeiro livro abordando este dialogo, e o marco 
inicial da bioética.
Biografia de Van Rensselaer Potter
Potter recebeu o título de bacharel em ciências pela 
Universidade de Dakota do Sul em 1933, com posterior 
especialização em química e biologia. Em 1935 chegou ao 
Wisconsin Alumni Research Fundation (WARF), setor de 
investigação e pesquisas da Universidade de Wisconsin, 
na cidade de Madison. Posteriormente conclui o doutorado 
em bioquímica e estagiou após isso na Suécia e Inglaterra. 
No seu retorno aos Estados Unidos, trabalha no laboratório 
McArdle com o Dr. Harold Rusch. Em 1947 alcança a cátedra 
de bioquímica.
Foi presidente da Sociedade Americana de Biologia 
Celular em 1964 e presidente da Associação Americana 
para Investigação contra o Câncer em 1974. Também foi 
membro da Academia Americana de Artes e Ciências, da 
Academia Nacional de Ciências e da Associação Americana 
para o Progresso da Ciência.
Bioética e Assistência Oncológica 16
EXPLICANDO MELHOR:
Van Potter estava preocupado com a dimensão 
que os avanços da ciência, principalmente no 
âmbito da biotecnologia, estavam adquirindo. 
Assim, propôs um novo ramo do conhecimento 
que ajudasse as pessoas a pensar nas possíveis 
implicações (positivas ou negativas) dos avanços 
da ciência sobre a vida (humana ou, de maneira 
mais ampla, de todos os seres vivos). Ele sugeriu 
que estabelecesse uma “ponte” entre duas 
culturas, a científica e a humanística, guiado pela 
seguinte frase: “Nem tudo que é cientificamente 
possível é eticamente aceitável”.
EXPLICANDO MELHOR:
Hipócritas de Cos (séc. IV a.C) é considerado o “Pai 
da Medicina”. Sua importância tão reconhecida 
que os profissionais de saúde, no dia da formatura, 
fazem o “juramento de Hipócratas”. Segundo esse 
juramento, os profissionais devem se comprometer 
a sempre fazer o bem ao paciente.
Hipócrates. Ele é considerado o “pai da medicina”
Fonte: Splintercellguy/Wikimedia
Bioética e Assistência Oncológica 17
Conceito de Bioética) um dos conceitos que definem 
a Bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência “que 
tem como objetivo indicar os limites e as finalidades da 
intervenção do homem sobre a vida, identificar os valores 
de referência racionalmente proponíveis, denunciar os 
riscos das possíveis aplicações” (LEONE; PRIVITERA; 
CUNHA, 2001).
Podemos definir o termo “bioética” dentro do contexto 
organizacional da seguinte maneira:
DEFINIÇÃO:
“Bioética” como área de pesquisa, necessita 
ser estudada por meio de uma metodologia 
interdisciplinar. Isso significa que profissionais de 
diversas áreas (profissionais de educação, do 
direito, da sociologia, da economia, da teologia, da 
medicina, da enfermagem etc.) devem participar 
das discussões sobre os tema que envolvem o 
impacto da tecnologia sobre a vida. Todos terão 
alguma contribuição a oferecer para o estudo dos 
diversos temas da Bioética (JUNQUEIRA, 2017).
Os itens a seguir tratarão de um resgate de conceitos 
das ciências humanas que são fundamentais para o 
enfrentamento de questões éticas que surgem em razão 
do progresso da ciência nas áreas da saúde. O progresso 
científico não é um mal, mas a “verdade científica” e não 
pode substituir à ética.
Comunicação em Oncologia e Bioética 
Apesar do progresso da ciência relacionado aos 
procedimentos realizados para o tratamento das doenças 
terminais, o câncer ainda é uma patologia que se reveste 
Bioética e Assistência Oncológica 18
de estigmas, estando associada a uma sentença de 
morte, podendo ocorrer, de forma inesperada, em 
algum momento da vida de uma pessoa que dificilmente 
encontra-se preparada para receber um diagnóstico que 
venha a interferir em seus hábitos, costumes, integridade 
física e ciclo biológico (SOUZA et al., 2009).
Mesmo possuindo tratamento e cura,esta doença traz 
grande angústia para a família e para o paciente, podendo 
ocorrer sequelas e até mesmo custar-lhe a vida. As palavras 
dos familiares refletem que o sofrimento, portanto evocam 
significados desde força e fraqueza, medo e coragem, 
despertando emoções positivas ou negativas na pessoa em 
sofrimento. Assim acredita-se que o impacto da doença para 
o paciente precisa ser compreendido, ou seja, devem ser 
considerados as condições emocionais socioeconômicas e 
culturais dos pacientes e de seus familiares. Deste modo, 
o câncer é uma das principais doenças de interesse para a 
assistência de enfermagem (SALES et al., 2001).
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 
no Brasil, as estimativas para o ano de 2018 que serão 
válidas também para o ano de 2019 apontam a ocorrência 
de casos novos conforme o organograma a seguir. (INCA, 
2018).
Bioética e Assistência Oncológica 19
Figura 2 – Organograma: Estimativa para o ano de 2018 de incidência por 
habitantes para novos casos de Câncer. 
Fonte: INCA, 2018
Bioética e Assistência Oncológica 20
Aplicar através do conceito da bioética 
reflexões as diversas situações da vida 
profissional em que surgem os conflitos 
éticos. Fundamentação e Princípios da 
Bioética 
À caracterização da bioética é uma tarefa um tanto 
quanto difícil devido à pluralidade de elementos constantes 
em sua estrutura e a amplidão de sua área de atuação. No 
entanto, apesar da dificuldade, podemos começar dizendo 
que a bioética é uma ciência da qual o homem é o sujeito e 
não apenas objeto. (CORREIA, 1996).
Assentada sobre uma, nem sempre tão sólida, base 
formada por alguns critérios tidos como fundamentais – a 
autonomia, a beneficência, a não maleficência e a justiça 
– a bioética, frente ao frenético desenvolvimento técnico-
científico, tem que ser promotora e protetora da vida, mas 
despida da pretensão de ser uma ciência acabada, pois 
sempre encontrará novos problemas com diferentes níveis 
de complexidade levantados pela biologia, medicina, 
engenharia genética etc.
É importante que haja sempre um canal de diálogo 
franco e aberto, não somente com as ciências biológicas, 
mas com todas as instâncias da sociedade que tratam 
da vida humana desde as diferentes filosofias e correntes 
religiosas até os ambientalistas de maneira geral.
A bioética compreendida de maneira mais geral tem 
sua origem no meio científico, devido à necessidade de 
proteção à vida humana sentida pelos próprios profissionais 
de saúde. Estrutura-se a partir de um esforço interdisciplinar 
entre ramos que vão desde a medicina até a filosofia. Não 
possui moldes ou fórmula pré-fabricados, na medida em 
que surgem problemas novos e principalmente a razão 
Bioética e Assistência Oncológica 21
e o bom juízo moral dos investigadores, muito mais que 
alguma corrente filosófica ou crença de caráter religioso.
Podemos dizer que o grande objetivo que se constitui 
traço da bioética é o de ajudar a humanidade em direção a 
uma participação racional, mas cautelosa no processo da 
evolução biológica e cultural (REV. Sorocaba, SP, v.33, n.2, 
p.45-59, dez.2007).
 Os princípios fundamentais da bioética surgiram 
para auxiliar a humanidade na nova caminhada proposta 
pela evolução social e particularmente pelo avanço e 
conquistas da ciência.
Em 1978, a comissão norte-americana para a 
proteção dos direitos humanos na pesquisa biomédica 
e comportamental definiu os princípios da beneficência, 
autonomia e justiça como princípios éticos básicos que 
deveriam nortear a experimentação em seres humanos, 
tanto nas ciências do comportamento quanto na 
biomedicina.
A não-maleficência, tida por alguns autores como 
um quarto princípio bioético, prevê para os profissionais da 
saúde o compromisso de abster-se de prejudicar o cliente, 
(LUCILDA, 1999). 
Princípio da Beneficência
Esse princípio prevê, para os profissionais de saúde, o 
comportamento moral de fazer o bem e promover o bem-
estar. Nunca prejudicar ou fazer o mal a quem quer que 
seja.
Tal princípio, na, medicina, foi resultante de uma longa 
evolução da arte da cura dos sofrimentos de que padecem 
os seres humanos. Só assim pode-se compreender 
corretamente Hipócrates considerado o pai da medicina – 
cuja grande contribuição foi unir o saber racional médico à 
conduta moral, (LUCILDA,1999).
Bioética e Assistência Oncológica 22
Muitos atos da beneficência não são obrigatórios, 
mas um princípio da beneficência, em nossa acepção, 
firma a obrigação de ajudar outras pessoas, promovendo 
seus interesses legítimos e importantes, (BEAUCHAMP; 
CHILDRESS, 2002, p. 282).
Princípio da Autonomia
É a capacidade de decidir por si mesmo nas questões 
que dizem respeito a si próprios, como indivíduo. Do ângulo 
da ética, é o agir segundo princípios morais considerados 
como guias básicos para a convivência em sociedade, 
(LUCILDA, 1999).
Respeitar a autonomia é reconhecer que o indivíduo 
cabe tomar decisões segundo seu próprio plano de vida e 
ação, embasado em crenças, aspirações e valores próprios. 
O respeito pela autonomia conjuga-se com o próprios da 
dignidade humana, que é irrenunciável e inalienável.
Princípio da justiça
O princípio da justiça, em saúde, tem como referencial 
a reflexão filosóficas que o entende como um conceito 
normativo que deve orientar os legisladores e as políticas 
do Estado nesse aspecto. Com o objetivo de beneficiar 
os membros da coletividade que não podem, em função 
de seus níveis de cultura, renda etc., buscar no mercado 
a satisfação de suas necessidades nessa área (LUCILDA, 
1999).
Garante a distribuição justa, equitativa e universal dos 
benefícios dos serviços de saúde. Este princípio estabelece 
como condição fundamental a equidade: obrigação ética de 
tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto 
e adequado, de dar a cada um o que é devido. O médico 
deve atuar com imparcialidade, evitando ao máximo que 
aspectos sociais, culturais, religiosos, financeiro ou outros 
Bioética e Assistência Oncológica 23
que interfiram na relação médico-paciente. Os recursos 
devem ser distribuídos de maneira equilibrada, com o 
objetivo de alcançar, com melhor eficácia, o maior número 
de pessoas assistidas. 
Princípio da Não-Maleficência
Determina a obrigação moral de não infligir dano 
intencionalmente. Normalmente na ética médica ele é 
vinculado à máxima: primariamente não causar prejuízo, 
causar dano. Apesar da origem incerta desta máxima, muitas 
vezes a mesma é invocada como expressão fundamental 
da tradição hipocrática da ética médica. São várias as 
teorias éticas que reconhecem o valor do principio de não 
maleficência. Existem ainda os filósofos que procuram 
unir a não maleficência e a beneficência dentro do único 
princípio.
IMPORTANTE:
A bioética é o estudo da moralidade da 
conduta humana no campo da ciência da vida. 
É interessante destacar que a Bioética inclui a 
chamada ética Médica. A ética Médica é, então, 
um capítulo da Bioética.
Outro aspecto importante da Bioética é que ela não 
está restrita às Ciência da Saúde. Ela, desde que nasceu, 
quer olhar para tudo, para todas as áreas do conhecimento 
que, de uma forma ou outra, tem implicações sobre a vida. 
A sua atuação tem que ser com a vida. E é por isso que na 
sociedade bioética, nos congressos de Bioética, não se vê 
a hegemonia dos médicos, dentistas e enfermeiros; vemos 
juristas, filósofos, teólogos e economistas. Esse é o enfoque 
da Bioética, esse verdadeiro enfoque interdisciplinar. 
Bioética e Assistência Oncológica 24
Quer dizer algo diferente do que é o multidisciplinar, que 
conhecemos muito bem das nossas tradições universitárias, 
principalmente no Brasil (VER. Fundamentos e Ética bioética 
biomédica. SP: Loyola, 1996. P.80). 
Nesse aspecto o Modelo Bioético Personalista coloca 
uma “antropologia de referência” que é a base para o juízo 
bioético, que busca entender o homem na sua essência, 
em sua natureza, em sua verdade, em sua totalidade e em 
sua unidade.
Entãopartindo dessa premissa, uma unitotalidade 
porque a pessoa é constituída por uma corporeidade animada 
por uma espiritualidade que recebe uma existência singular 
e única e por isso postulada ao Criador. Esta concepção 
fundamental e fundante nos leva a respeitar a vida física do 
homem. Partindo dessa unitotalidade chegamos ao respeito 
à vida à sua integridade corpórea, à sua saúde, já não em 
nome de um vitalismo biológico, mas em relação à dignidade 
da pessoa e da totalidade de seu ser.
A formulação dos princípios sem fundamentação 
ontológica, antropológica torna-se confuso sem a 
hegemonia entre um e outro desses princípios, com uma 
hierarquia entre eles.
SAIBA MAIS:
Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos 
o acesso à seguinte fonte de consulta e 
aprofundamento: Tema Mestrado: “Problemas 
Éticos Vivenciados por Enfermeiros Relativos a 
Pacientes Terminais” João Gregório Neto, 2010, 
acessível pelo link (dissertação mestrado) Gregório 
Neto, João. Conflitos Éticos Vivenciados por 
Enfermeiros relativos a Pacientes terminais/ João 
Gregório Neto. – São Paulo, 2010. 68 p. pesquisa 
realizada em 07/08/2019).
Bioética e Assistência Oncológica 25
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo 
deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. 
Você deve ter aprendido que Bioética pode se 
dizer que é o estudo da vida ou melhor da ética da 
vida, e que seu inicio se deu no começo da década 
de 1970 devido a publicação de duas obras muito 
importante de um pesquisador e professor norte-
americano da área da oncologia chamado, Van 
Rensselaer Potter. Onde este preocupado com 
os avanços da ciência propôs um novo ramo 
do conhecimento que ajudasse as pessoas a 
pensar nas possíveis implicações dos avanços da 
ciência sobre a vida. Não esquecendo que alguns 
conceitos históricos de influência a sociedade 
se início no século IV a.C., por Hipócrates. Vimos 
também, que no decorrer do estudo, as influencias 
sobre impacto dos meios de comunicação para 
a sociedade, vem surgindo questionamentos 
e numerosas questões devido ao avanço da 
tecnologia. A fundamentação entre os conceitos 
da bioética e o surgimento de quatro teorias como 
base para bioética. A importância da comunição 
na área da enfermagem em oncologia e bioética 
e as estimativas de Câncer no Brasil e por fim os 
dilemas bioéticos na enfermagem oncológica.
Bioética e Assistência Oncológica 26
Posicionar-se e dar Subsídios de Maneira 
Ética a um Dilema ou Conflito. Alguns 
Elementos sobre os Avanços da Bioética.
Dilemas Bioéticos na Enfermagem 
Oncológica
Assim como o Câncer, no século XIX, o Câncer era 
considerado contagioso e associado à falta de limpeza, a 
sujeira física e moral. O câncer era concebido como um 
castigo através do qual o doente poderia alcançar sua 
redenção, a libertação dos pecados, caso conseguisse 
suportar com resignação o sofrimento causado pela 
doença (SILVA, 2008).
Em 1950, ocorreram grandes avanços nos métodos 
de diagnóstico e tratamento que promovem o aumento 
do número de sobreviventes e do tipo de sobrevida dos 
pacientes (SANT’ANNA, 2000).
Nos anos 60 e 70 foi intensificada a atenção fatores 
psicológicos. O autor Palmeira (1997) assinala que os 
fatores da “esfera psíquica” mais frequente estudados e 
considerados como implicados na carcinogênese podem 
ser reunidos em dois grupos genéricos. No primeiro 
estão os estados de indisposição (depressão, tristeza, 
infelicidade, abatimento, desânimo, desesperança, 
desamparo, desapontamento) e de ansiedade, juntamente 
com situações traumáticas envolvendo perdas e privações. 
No segundo, estão os fatores definidos por características 
de personalidade e de enfrentamento da doença, que 
variam segundo os pressupostos teóricos adotados. Nessa 
nova concepção, o “candidato ideal” para desenvolver 
o câncer apresentaria uma personalidade marcada pela 
passividade, pouco emotividade, regularidade dos hábitos, 
baixa agressividade ou negação da hostilidade, depressão 
Bioética e Assistência Oncológica 27
e dificuldade na formação de vínculos afetivos (TAVARES; 
TRAD, 2005).
As questões e problemas da Bioética envolvem 
uma realidade complexa, na qual entram valores e fatos 
vindos de diversos campos – cultural, científico, religioso e 
profissional – e para os quais não existe uma resposta fácil ou 
simples ou mesmo feita e acabada. Questões e problemas 
que, para serem resolvidos, dependem do diálogo entre 
todos os setores da sociedade. Esse diálogo envolve desde 
o saber dos técnicos, cientistas e profissionais da área 
da biologia, saúde e humana, até religiosos e elementos 
da comunidade e se baseia na tolerância e no respeito à 
opinião de todas as partes envolvidas na análise e debate 
dos avanços e problemas causados pela biotecnologia e 
ciências em geral. E, é diálogo, tolerância e debate, que 
caracterizam o que a bioética é e faz (INCA, 2008). 
Neste contexto, a bioética pode ser definida “como 
uma síntese de conhecimento e ação multidisciplinar para 
responder aos problemas morais no vasto campo da vida e 
da área da saúde... trata-se de ter os fundamentos filosóficos, 
teóricos e metodológicos que podem unir abordagens 
normativas da Medicina, do Direito, da Teologia e outros 
campos do conhecimento com a opinião da comunidade 
sobre essas questões” (TEALDI, J.C.. O Mundo da Saúde, 
v.19, n.2-3, p. 85, mar. 1995).
Ou seja, ela representa um meio de compreensão 
e debate para determinar os verdadeiros significados da 
novidade e avanços biotecnológicos, visando a separar 
tanto os seus aspectos positivos quanto os negativos. É 
uma área de estudo que aborda de uma forma constante 
as questões que envolvem os limites entre o começo e o 
fim da vida humana.
Assim sendo, as técnicas de reprodução assistida, 
de engenharia genética, de clonagem, de controle de 
natalidade, de aborto, de eutanásia, de transplantes e 
Bioética e Assistência Oncológica 28
as abordagens hoje aceitadas sobre os temas de morte 
cerebral e pesquisa com seres humanos, entre outros, são 
ações e análises que envolvem tanto benefícios quanto 
riscos que devem ser debatidos por toda a sociedade. 
Esses temas e polêmicas, geralmente, envolvem dilemas 
éticos, devendo ser detalhadamente analisados nos seus 
prós e contras (MOACIR GADOTTI Perspectivas Atuais da 
Educação, vol.14 n.2, abr. S.P, 2000).
Lembramos que, no que se refere à profissão de 
enfermagem, o que predomina na análise e resolução 
de problemas são os princípios de beneficência e não-
maleficência associados ao enfoque deontológico. Enfoque 
no qual o dever profissional, enunciado no Código de Ética, 
constitui-se no propósito e finalidade do profissional (INCA, 
2008).
Considerando bioética e oncologia como campos 
interdisciplinares, nos quais é necessário entendimento 
integral do ser humano, questiona-se como ambas têm 
dialogado. (RER. Bioét. (impr). 2018; 26 (3): 451-62. 
Essas discussões remetem ao conhecimento ou 
aplicação de princípios da bioética na oncologia; dificuldades 
na comunicação médico-paciente; e aspectos e normas 
éticas da pesquisa. Torna-se necessário, portanto, garantir 
a aplicação de princípios bioéticos, ampliar investimentos 
no ensino formal de bioética, nas habilidades interpessoais 
e de comunicação médico-paciente, e divulgar a bioética 
para a população em geral (LIMA, BIASOLI, 2018). 
Bioética e Assistência Oncológica 29
Tabela 1: Problemas Éticos Classificados por Três Categoria.
Incerteza moral Dilema moral Sofrimento moral
Quando há um 
questionamento 
diante de ten-
são, frustração e 
incômodo, mas 
tal situação não é 
percebida como 
parte de um pro-
blema ético.
Caracteriza por 
dois cursos dis-
tintos a seguir, 
porém, com uma 
única opção de 
escolha.
Situação em que se 
sabe o que é corre-
to e o que deveria 
ser feito, mas não 
é possível fazê-lo 
por algum motivo, 
seja ele individual, 
institucional ou so-
cial, não podendoseguir o rumo de 
sua consciência.
Fonte: https;//multisaude.com.br/artigos/problemas-eticos-da-enfermagem-
em-oncologia. 14/09/2019)
 Ética, humanização e relações humanas no trabalho 
 Atuar profissionalmente de forma ética e humanizada, 
na perspectiva da cidadania e da dignidade da vida humana 
 Estabelecer relação terapêutica com o paciente e a 
família, considerando a terminalidade do ciclo vital 
 Estabelecer relação interpessoal harmônica com a equipe 
multiprofissional em saúde Conhecimentos de ética, bioética e 
deontologia, da Constituição da República Federativa do Brasil, 
de 1988 (CRFB/88), e dos códigos de defesa do consumidor, de 
direitos do paciente, da criança e do adolescente
 Conhecimentos de psicologia e relações humanas Prática 
de cidadania, cordialidade, solidariedade, domínio emocional, 
humanização na prática assistencial e capacidade de ouvir e 
emitir opiniões Respeito à hierarquia e ao espírito de equipe.
 Conhecer e aplicar os principais métodos de análise 
em bioética clínica como ferramenta para tomada de 
decisões em conflitos éticos na assistência à saúde e na 
atenção oncológica. 
 A bioética e a pesquisa envolvendo seres humanos 
Legislação internacional e nacional de ética em pesquisa 
Direitos humanos na atenção ao câncer.
Bioética e Assistência Oncológica 30
 Comitês de ética em pesquisa (CEP) Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Figura 3: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Conference_champs_
purchase_wiki.jpg (Acesso em 04/07/2017)
Bioética e Assistência Oncológica 31
vida e morte
São dois conceitos básicos que influenciam todas 
as abordagens que se pode fazer no que diz respeito 
ao reconhecimento e status da vida humana, bem 
como o direito e em que tipo de condições deve um ser 
humano viver. O Código de Ética e o pensamento jurídico 
brasileiro compreendem a vida humana a partir da teoria 
concepcionista, ou seja, entendem a vida como um 
processo que se inicia no momento da concepção. 
Numa abordagem mais ampla, a Bioética traz, para 
o debate, o aspecto de que a concepção da vida humana, 
enquanto um processo, não tem um começo que possa 
ser moralmente definido e defendido, sendo em si mesmo, 
no seu aspecto biológico, um ato pré-moral, uma vez que 
entra uma multiplicidade de intenções e situações. Ou seja, 
a concepção pode ser fruto de um desejo, ser meramente 
fruto de um acaso ou mesmo vinda de um ato de violência 
(estupro). Igualmente pode ser, graças às intervenções 
tecnológicas hoje disponíveis, um ato de ordem artificial. 
Isso tudo indica que a abordagem ética do começo da vida 
humana é algo que depende de uma observação sujeita a 
critérios e valores de ordens cultural e social dos indivíduos 
envolvidos no processo, os quais podem investir ou não 
no projeto de gerar uma nova vida, ou, no caso oposto, de 
interromper uma vida. Um processo, portanto, que leva a 
legislação de alguns países – Ex.: Estados Unidos e Holanda 
– a reconhecer o direito e a autonomia dos indivíduos para 
disporem dos seus corpos, principalmente no que se refere 
à interrupção da gravidez – aborto –, bem como a própria 
decisão de pôr fim à vida nos casos de uma patologia 
terminal sem esperanças de cura. Essas posições não são 
aceitas nem pela tradição e pensamento jurídico brasileiro, 
nem pelos Códigos de Ética Profissional das profissões da 
área da saúde. 
Bioética e Assistência Oncológica 32
DEFINIÇÃO:
A definição da morte envolve uma série de 
critérios e meios de validação que, com o 
desenvolvimento e sofisticação da tecnologia, vão 
ficando mais específicos e seletivos. Atualmente, 
o critério que determina a morte é a ausência 
das funções cerebrais, caracterizadas pela 
dilatação e não reação das pupilas, ausência 
de respiração espontânea e traçado plano do 
eletroencefalograma (EEG) durante um período de 
tempo. Esse critério e caracterização irão influenciar 
diretamente as discussões sobre transplantes, 
doações de órgãos e eutanásia, tanto na seleção 
de um indivíduo para ser candidato à doação de 
órgãos, como na decisão para continuar a manter 
ou não meios extraordinários para a manutenção 
da vida de uma pessoa sem possibilidade de cura 
(INCA, 2008).
Apesar de tudo, não se pode esquecer de que as 
profissões da área da saúde zelam pelo respeito e pela 
dignidade da pessoa desde o início da vida até a morte. 
Destaca-se o cuidado que esses profissionais devem ter 
na abordagem e no respeito para com a família e a pessoa 
falecida, tanto na técnica de preparo, encaminhamento 
do corpo após o óbito, como no próprio processo, se for o 
caso, de seleção e captação de órgãos para o transplante 
(INCA, 2008).
Reprodução Humana
O que você pensa quando escuta os termos:
 Planejamento familiar; 
 Inseminação artificial e tratamento de infertilidade; 
Bioética e Assistência Oncológica 33
 Engenharia genética e clonagem?
O tema reprodução humana é o que mais tem 
apresentado, nos últimos anos, graças aos avanços 
biotecnológicos, inúmeras transformações e novidades. 
No caso do dia-a-dia da profissão de Enfermagem, 
o tema que mais está presente refere-se ao planejamento 
familiar, principalmente nos aspectos morais do uso e 
escolha de meios naturais ou artificiais que possam ser 
definitivos (laqueadura de trompas e vasectomia); causar 
danos à saúde da mulher (uso de pílulas anticoncepcionais); 
ou ter ou serem suspeitos de possuir propriedades abortivas 
(dispositivo intrauterino, pílula do dia seguinte). 
Os Códigos de Ética das profissões da saúde, para 
esses casos, voltam-se e indicam, como um dever a ser 
observado, a defesa da vida e o respeito à dignidade e 
autonomia da pessoa humana. Um dever que, graças à sua 
fundamentação de base humanista, volta-se tanto para 
os métodos que não causem aborto, dano ou agridam a 
estrutura física do ser humano, como se faz acompanhar 
de uma orientação, apresentação e educação dos casais 
de todos os meios disponíveis para um planejamento 
familiar responsável que, em hipótese alguma, pode vir a 
ser imposto, devendo vir da aceitação e desejo dos casais. 
No entanto, a área da reprodução humana não envolve 
apenas as questões e os métodos para evitar a concepção, 
mas, também, engloba aqueles casos em que o desejo, ao 
contrário, é gerar uma nova vida. 
Esses casos, graças à biotecnologia, não só 
confrontam os tradicionais conceitos sobre o início e o que é 
a vida humana, como também trazem inúmeros problemas 
de definição e ordem legal que, hoje em dia, passam a ser 
um desafio aos legisladores. 
Bioética e Assistência Oncológica 34
EXPLICANDO MELHOR:
Só para exemplificar, perguntamos: no caso de 
um “útero de aluguel”, ou seja, aquele caso em 
que uma mulher empresta o seu útero para 
carregar a gestação de uma outra, quem poderá 
ser declarada como a mãe? A que carregou a 
gestação e emprestou o útero? A que cedeu o 
material para a inseminação, nos casos em que 
uma mulher não ovule ou não possua óvulos em 
condições de fertilização? Será a que “contratou” 
os serviços e irá educar a criança? Sem dúvida, 
é uma situação, no mínimo, complexa e com 
inúmeros questionamentos éticos. Podemos fazer 
contratos em que aluguemos o nosso corpo? 
Podemos vender partes do nosso corpo (nos 
referimos aos casos de mulheres que possam 
vir a vender óvulos para casais com problemas 
de infertilidade)? Esse ato é uma prestação de 
serviços, um ato de solidariedade ou uma porta 
aberta para o comércio do ser humano? O que 
fazer numa quebra de contrato, quando uma das 
partes não quer mais continuar com a gestação, 
se afeiçoa àquela vida que está gerando (mãe 
de aluguel) ou não quer mais a criança (pais 
contratantes), caso essa apresente um problema 
de saúde ou má-formação? Contudo, esses casos 
não podem ser considerados impedimentos para 
a técnica em si. São apenas hipóteses que, caso 
ocorram, dependerão da própria sociedade e da 
Justiça para resolvê-los e corrigir os excessos. 
Bioética e Assistência Oncológica 35
A técnica, em si, permiteaos casais com problemas 
de infertilidade uma ajuda importante para que possam 
gerar uma criança. O mesmo se pode dizer das técnicas de 
inseminação artificial assistida e fertilização in vitro. Essas 
técnicas, além de permitirem essa nova possibilidade de 
gestação, abrem junto com as técnicas de manipulação 
(engenharia genética e clonagem) e estudo do material 
genético humano (Projeto Genoma) toda uma série de 
possibilidades que devem ser analisadas pela sociedade. 
Enquanto benefícios, a engenharia genética e o Projeto 
Genoma podem vir a melhorar a qualidade de vida das 
populações, dadas as possibilidades de diagnóstico, 
prevenção e tratamento de doenças, principalmente as 
de origem genética, graças à manipulação do material 
genético (eugenia – eugenética negativa: uma ação e uma 
técnica que, em termos morais, é entendida num sentido 
positivo). Enquanto problemas éticos, retirados os excessos 
e os medos que os filmes de ficção-científica trazem e que, 
hoje, não são possíveis, existem as questões da eugenia – 
eugenética positiva (melhoria das características físicas e 
do caráter do homem; uma ação que tende a ser entendida 
num sentido negativo, haja vista o medo e a associação 
com ideais racistas – melhoria da raça, com preferência por 
umas e exclusão e discriminação de outras), discriminação 
de pessoas que, devido ao seu material genético, possam 
ter uma possibilidade e probabilidade futura de vir a 
desenvolver uma doença, bem como a formação de um 
mercado de patentes envolvendo o material genético 
humano. Questões que devem ser discutidas pela 
sociedade e que estão presentes no Código de Ética no 
dever de proteger e preservar a dignidade humana (INCA, 
2008).
Bioética e Assistência Oncológica 36
Aborto
Consiste na interrupção da gravidez, acompanhada 
da morte do concepto antes deste alcançar um estado 
viável. Devemos lembrar que o aborto é uma realidade 
que sempre existiu em todos os regimes sociais e culturais, 
podendo ter origem em causas biológicas. Os problemas 
deontológicos e legais dessa questão recaem na intenção 
de um agente humano em provocar e efetivar o ato que 
resulte na expulsão e na morte de um concepto inviável. 
Por outro lado, os problemas éticos e morais que são 
avaliados pelo campo da Bioética referem-se aos motivos 
e à validade das posições que aceitam ou negam o aborto. 
Assim sendo, o tema central do debate, numa análise de 
base secular, recai mais nos critérios que levam a aceitar 
e reconhecer a vida humana e o direito de viver, do que 
na manobra abortiva em si. Com relação a esses critérios, 
podemos dizer que, no caso do Brasil, há o reconhecimento 
da vida a partir do momento da fecundação, embora 
o Código Penal permita o aborto nos casos de estupro 
e risco de vida para mãe. Deontologicamente falando, 
no entanto, o aborto é proibido pelo Código de Ética de 
Enfermagem, mesmo naqueles casos previstos no Código 
Penal. Entretanto, em termos de uma hierarquia jurídica, 
o Código de Ética não tem força legal para contradizer 
ou negar as disposições feitas pelo Poder Judiciário. As 
situações previstas no Código Penal, no entanto, quando 
ocorrem, são decisões que são tomadas depois de todo 
um processo jurídico, ético, médico e legal que envolverá 
todas as partes implicadas, desde a pessoa que pediu à 
Justiça que se realize o ato, passando pela instituição de 
saúde e respectivos comitês e conselhos de ética, até os 
profissionais de saúde que, enquanto indivíduos, podem, 
por motivo de consciência, não participar de tal ato, 
deixando-o para outros que não tenham tal impedimento e 
concordem em realizá-lo (INCA,2008).
Bioética e Assistência Oncológica 37
Eutanásia
DEFINIÇÃO:
Podemos conceituá-la como sendo uma morte, 
indolor e misericordiosa, provocada por uma 
ação ou omissão em pessoa que, depois de 
adequada avaliação médica, esteja sofrendo e 
seja declarada de padecimento físico irreversível e 
fora de possibilidade terapêutica. Este conceito e 
ação não ocorrem quando a eutanásia é feita por 
motivos de ordem eugênica (Ex.: morte de uma 
criança ou adulto que apresente má-formação 
ou doença que cause deformação) e criminal 
(sem o consentimento do paciente ou motivada 
por outras causas que não visem a um bem ao 
paciente) (INCA,2008). 
A ação ou omissão de um ato terapêutico, como 
os exemplos apresentado anteriormente, ou seja, é uma 
questão que, do ponto de vista da Bioética, envolve uma 
análise da diferenciação e validação moral e legal da 
intenção e previsão da morte de um paciente; emprego 
ou não de meios ordinários e extraordinários para manter a 
vida de um paciente terminal ou que sofra de um mal que 
ele considere insuportável. Esses raciocínios caracterizam-
se numa diferenciação entre os conceitos de eutanásia 
positiva (uso de meio ou medicação que apresse a morte 
de um paciente moribundo e/ou fora de possibilidades 
terapêuticas), eutanásia passiva ou negativa (a não utilização 
ou omissão de um ato que, provavelmente, prolongaria a 
vida de um paciente moribundo e/ou fora de possibilidades 
terapêuticas) e distanásia (emprego de meios que prolongam 
excepcionalmente a vida de um paciente moribundo e/ou 
fora de possibilidades terapêuticas). Essas diferenças são 
necessárias uma vez que estabelecem critérios e garantias 
Bioética e Assistência Oncológica 38
de proteção a membros vulneráveis da sociedade contra 
as práticas injustificadas. Os Códigos de Ética, no entanto, 
proíbem a prática da eutanásia, principalmente na ideia 
de administrar substância que tenha como fim antecipar a 
morte de um paciente (INCA,2008).
Transplante e Doação de Órgãos e tecido
É um tema ligado aos conceitos de vida e morte, 
respeito à integridade física e à autonomia dos indivíduos 
em disporem do seu corpo. Aproveitando a temática, 
abordaremos, também, a questão da transfusão sanguínea, 
principalmente, o problema da recusa à transfusão 
sanguínea por motivos religiosos (Testemunhas de Jeová). 
Os problemas éticos ligados aos transplantes e 
doação de órgãos e tecidos podem ser agrupados da 
seguinte forma: nos casos em que são realizados entre 
seres vivos (transplantes de órgãos duplos – ex.: rins – ou 
porções do corpo – ex.: pele), as questões relacionam-se 
com a possibilidade da formação de um “mercado humano” 
, no qual fatores econômicos podem produzir relações 
desiguais – venda de órgãos e tecidos por necessidade, no 
lugar de solidariedade. Neste caso, inclui-se a questão do 
sangue enquanto um tecido vivo que, igualmente, levanta 
discussões éticas no que diz respeito aos problemas 
relacionados tanto com a sua comercialização, como 
também aqueles ligados ao controle da sua qualidade, 
principalmente nos casos em que ocorre a venda e 
comercialização do sangue (contaminação e transmissão 
de doenças transmissíveis – ex.: AIDS, malária, hepatites B 
e C). 
Bioética e Assistência Oncológica 39
SAIBA MAIS:
Lembramos, no entanto, que a legislação brasileira 
e as campanhas de orientação sobre transplantes 
e doações – Lei 4.934, de 4 de fevereiro de 1997 – 
incentivam a doação voluntária, consentida e sem 
fins comerciais.
Nos casos em que estão envolvidos órgãos vitais 
únicos (ex.: coração e fígado), iguais considerações devem 
ser observadas, embora com o acréscimo da questão da 
definição da morte. Questão essa que envolve a noção de 
morte cerebral adequadamente avaliada e atestada, por 
exames, pela equipe médica.
Quanto a esse ponto, igualmente, é válido lembrar 
que, por ocasião da promulgação da lei, ocorreu uma 
polêmica. Exatamente naquilo que ela tratava e chamava 
de “doação presumida”. Um conceito que transformava 
em doador todo o brasileiro que não manifestasse, em 
documento legal, uma disposição contrária. O medo da 
população em ter sua vida abreviada antes da hora, seja por 
interesses estranhos ou erro de diagnóstico, ocorreu mais 
por desinformação do que por efetivo risco. De qualquer 
maneira, voltou a figurar, na interpretação da lei, a noção 
já consagradana cultura brasileira e seguida pelos centros 
de captação de órgãos, do consentimento e orientação 
da família sobre a importância da doação de órgãos para 
salvar vidas. 
Os casos de recusa às transfusões sanguíneas trazem 
um dilema, relatado no próprio Código de Ética. Isto é, o 
dilema de defesa da vida do paciente versus o respeito, a 
autonomia e a decisão do paciente quanto ao tratamento 
que lhe deve ser prestado. No entanto, disposições e 
jurisprudências já observadas no Direito Civil e Penal 
consagram o direito à vida como principal elemento a ser 
Bioética e Assistência Oncológica 40
protegido, eximindo de responsabilidades civil e penal os 
profissionais de saúde que, numa situação de risco de vida 
para o paciente e mesmo contra a sua vontade (motivos 
religiosos), executam uma transfusão (INCA, 2008).
Pesquisa com Seres Humanos
As pesquisas médicas e de enfermagem são um 
importante meio de desenvolvimento do conhecimento 
científico. Entretanto, devem ser realizadas sem que firam, 
principalmente, o princípio da autonomia, da beneficência, 
da não-maleficência e da justiça. Ou seja, devem fornecer, 
em linguagem clara, para fins do consentimento das 
pessoas que participam de experimentos e pesquisas, 
informações sobre o tipo de experimento e pesquisa dos 
quais estarão participando, bem como dos riscos que 
estarão correndo e benefícios atuais ou potenciais. Elas 
terão o direito de sair da pesquisa a qualquer momento, 
assim como terão direito a um tratamento adequado, caso 
ocorram problemas de saúde decorrentes desta. Todos os 
estabelecimentos de saúde no Brasil que venham a fazer 
pesquisa são obrigados, por força de dispositivos legais e 
normas do Ministério da Saúde, a formarem Comitês de 
Ética em Pesquisa, os quais devem ter como membros 
profissionais das diversas áreas da saúde, das ciências 
humanas, das ciências exatas, bioeticistas e representantes 
da comunidade. Esses comitês avaliam o caráter ético das 
pesquisas. Os Códigos de Ética, em geral, proíbem, aos 
seus membros, a participação e realização de pesquisas 
que ponham em risco a saúde e a integridade do ser 
humano (INCA, 2008).
Bioética e Assistência Oncológica 41
Compreender se sua Conduta está 
fundamentada em princípios Éticos ou se 
está agindo da maneira mais adequada] 
Identificando e Solucionando Problemas 
Relacionados a Situações Enfrentadas 
pelos Enfermeiros relacionados a 
Bioética.
A fim de identificar as soluções enfrentadas pelos 
enfermeiros, que mais lhe desencadeiam sofrimento 
psíquico no cotidiano com pacientes oncológico, e 
verificar as formas encontradas por esses profissionais para 
lidar com tal sofrimento. A maioria dos enfermeiros que 
trabalham em oncologia possuem medos e inseguranças 
na assistência ao paciente com câncer, devido geralmente, 
à desinformação em relação à doença em si e às formas de 
tratamento, bem como em decorrência das fantasias que 
se formam em torno do paciente causadas justamente pela 
falta de conhecimento.
Os cursos de Graduação em Enfermagem não 
apresentam em seu currículo uma disciplina específica de 
Oncologia, o que é um outro problema para o enfermeiro. 
E estudam a Enfermagem na lida com O câncer infantil, 
apontam esse trabalho como difícil no que se refere ao 
tratamento físico e ao relacionamento com a família do 
doente. Apontam também o desgaste emocional por que 
passam os profissionais dessa área, da carência de maior 
preparo nesse Setor de Oncologia. É um trabalho fonte de 
inquietação e questionamentos. Enfim, o desgaste pelo 
qual o enfermeiro passa é devido à exigência em nível 
de relacionamento com o paciente e sua família, além da 
exigência em nível técnico do trabalho.
Bioética e Assistência Oncológica 42
Mesmo com altas porcentagens de cura e as 
sobrevidas cada vez mais longas para o doente, o 
profissional de saúde e o paciente oncológico passam 
por fases difíceis: a expectativa do diagnóstico, os 
tratamentos que implicam em amplas cirurgias, as reações 
de quimioterapia e da radioterapia e, principalmente, o 
longo tempo em que se vive à espera de uma recidiva ou 
à confirmação de uma cura. O maior problema é a forma 
de comunicação na relação enfermeiro e/ou médico e 
paciente: o que falar, como falar e quando falar ao paciente. 
Estas dúvidas também geram um sofrimento psíquico no 
profissional que trabalha no Setor de Oncologia. Além 
disso, determinados preconceitos a respeito da doença 
também são responsáveis por esse tipo de sofrimento pelo 
enfermeiro. Esses conceitos antecipados e algumas vezes 
sem fundamento razoável consistem na associação entre 
o câncer e os aspectos negativos, ameaçadores e temidos 
pela nossa cultura, como a dor, o sofrimento, a mutilação, 
a destruição e em última instância a morte.
Outra causa de sofrimento do enfermeiro é o intenso 
rodízio que existe entre profissionais do Setor de Oncologia. 
Este rodízio consiste na mudança de setor e com isso o 
enfermeiro sofre pela falta de gratificação pelo seu trabalho, 
uma vez que ele não vê a continuidade do mesmo.
A identificação da enfermeira com o paciente e ao 
mesmo tempo um mecanismo de defesa (troca com 
Deus) que utiliza para amenizar o medo que tem de um 
dia apresentar câncer. Como forma de enfrentamento das 
dificuldades os enfermeiros adotam algumas das técnicas 
estudadas por (Menzies, 1970). 
Uma das técnicas é a de distanciamento. A 
independência profissional pode-se dizer que é outra técnica 
para conseguir distanciamento. a Oncologia é uma área 
que lida direta ou indiretamente com questões humanas 
significativas, ligadas á vida e á morte. A necessidade de 
Bioética e Assistência Oncológica 43
afastamento revela-se como saída possível numa espécie 
de autopreservação em relação aos incômodos suscitados 
nesta área. Exercer alguma atividade física ou executar 
algum trabalho manual também pode ser uma opção 
viável. Lidar com a dor, o sofrimento e a morte afeta os 
enfermeiros; no entanto, procuram se colocar no lugar do 
paciente para que assim consigam dar uma boa assistência 
ao mesmo. Além disso, o desconhecimento, por parte do 
profissional, da sua utilização de mecanismos de defesa 
contra sofrimento psíquico pode por si só acarretar 
sofrimento para o enfermeiro. Assim sendo, o enfermeiro, 
para lidar com o paciente, atendendo suas necessidades 
físicas e emocionais, sem apresentar um intenso sofrimento 
psíquico, deveria integrar seus conhecimentos de psicologia 
e psiquiatria ao cuidado físico dispensado aos pacientes 
que apresentam problemas clínicos ou cirúrgicos.
Ás situações que mais causam sofrimento psíquico 
nos enfermeiros estão sintetizadas abaixo e divididas em 
categorias.
Situações ligadas ao trabalho: 
 A complexidade da assistência: exigência na 
realização de procedimentos de natureza técnica e 
envolvimento com o paciente;
 A parte administrativa do trabalho do enfermeiro, 
muitas vezes, toma o tempo que deveria ser destinado ã 
assistência direta ao paciente;
 O conflito entre a concepção do enfermeiro de 
atitude profissional ética e fatos ocorridos em um hospital-
escola;
 A falta de preparo (do enfermeiro) específico na Área 
de Oncologia. 
Bioética e Assistência Oncológica 44
Situações ligadas ao tipo de paciente: 
 As dificuldades físicas para lidar com o paciente, 
pois este, muitas vezes, fica acamado e há falta de recursos 
hospitalares a nível de Brasil.
O fator idade: 
Quanto mais jovem o paciente, mais difícil para o 
enfermeiro é a lida. 
Situações ligadas ao tipo de doença: 
 A falta de preparo do enfermeiro para lidar com a 
morte; 
 O câncer é, na maioria das vezes, uma doença de 
mau prognóstico;
 O sentimento de impotência do enfermeiro perante 
a situação do paciente oncológico; 
 A identificação do enfermeiro com o paciente; 
 O uso inadequado, pelo enfermeiro, de mecanismos 
de defesa contra sofrimento psíquico;
 O desconhecimento, por parte do enfermeiro, da 
sua utilização de mecanismos de defesa contra sofrimento 
psíquico.
Ouso de um mecanismo de defesa, a negação, não 
falando de sofrimento e de morte como se não existissem. 
Outro meio de o enfermeiro negar tais situações é através da 
sua ocupação com um grande número de funções para não 
haver tempo de pensar na gravidade do câncer (este último 
exemplo também pode ser um mecanismo de sublimação). 
O enfermeiro pode recorrer à sublimação buscando 
distrações, fazendo atividades físicas ou executando 
um trabalho manual. O enfermeiro pode se afastar ou se 
aproximar ainda mais do paciente. Mostrando vários pontos 
de sofrimento psíquico do enfermeiro e algumas maneiras 
utilizadas por ele para lidar com tal sofrimento. Apenas 
Bioética e Assistência Oncológica 45
como sugestão, poderiam ser feitas reuniões com auxilio 
de profissionais capacitados (enfermeiros ligados à Saúde 
Mental, psicólogos e psiquiatras), onde o enfermeiro da 
Área de Oncologia pudesse falar sobre suas dificuldades 
na lida com o paciente e receber suporte para trabalhar 
com estes problemas.
Por fim mais uma vez resalva a importância da 
Bioética no contexto. Neste sentido, falar em bioética pode 
significar falar de nosso cotidiano profissional. Executar os 
procedimentos de comunicação em oncologia
A comunicação muda uma situação. Para melhor ou 
para pior. Indispensável para a sustentação ética do vínculo 
médico paciente num ciclo de atendimento, quando sua 
significação revela a crueldade de uma doença de mau 
prognóstico, pode provocar a conscientização que surgirão 
mudanças transitórias ou definitivas na qualidade de vida, 
incluindo ideias de aceleração em direção ao final da vida.
A má noticia que pode afetar negativa e seriamente a 
visão do futuro fica pior se mal comunicada.
Em oncologia, o protocolo SPIKES exemplifica a 
noção de utilidade de passos sequentes fundamentados 
em preparação, percepção, informação, conhecimento, 
atenção à emoção e cooperação.
O Protocolo SPIKES
S – Setting up: (Preparando-se para o encontro) treinar 
antes é uma boa estratégia. Apesar de a notícia ser triste, 
é importante manter a calma, pois as informações dadas 
podem ajudar o paciente a planejar seu futuro. Procure 
por um lugar calmo e que permita que a conversa seja 
particular. Mantenha um acompanhante com seu paciente, 
isso costuma deixá-lo mais seguro. Sente-se e procure não 
ter objetos entre você e seu paciente. Escute atentamente 
o que o paciente diz e mostre atenção e carinho. 
Bioética e Assistência Oncológica 46
P – Perception: (Percebendo o paciente) investigue o 
que o paciente já sabe do que está acontecendo. Procure 
usar perguntas abertas. 
I – Invitation: (Convidando para o diálogo) identifique 
até onde o paciente quer saber do que está acontecendo, 
se quer ser totalmente informado ou se prefere que 
um familiar tome as decisões por ele. Isso acontece! 
Se  o paciente deixar claro que não quer saber detalhes, 
mantenha-se disponível para conversar no momento que 
ele quiser. 
K – Knowledge: (Transmitindo as informações) 
Introduções como “infelizmente não trago boas notícias” 
podem ser um bom começo. Use sempre palavras 
adequadas ao vocabulário do paciente. Use frases curtas 
e pergunte, com certa frequência, como o paciente está e 
o que está entendendo. Se o prognóstico for muito ruim, 
evite termos como “não há mais nada que possamos fazer”. 
Sempre deve existir um plano! 
E – Emotions: (Expressando emoções) aguarde a 
resposta emocional que pode vir, dê tempo ao paciente, 
ele pode chorar, ficar em silêncio, em choque.
Bioética e Assistência Oncológica 47
O protocolo Spikes
S Setting up Preparando-se para o 
encontro
P Perception Percebendo o paciente 
I Invitation Convidando para o 
diálogo
K Knowledge Transmitindo as 
informações
E Emotions Expressando emoções
S Strategy and Summary Resumindo e 
organizando estratégias
FONTE: Diagn Tratamento. 2016;21(3):106-8.
Bioética e Assistência Oncológica 48
Conclusão
E aí? O que você achou? Essa unidade teve como 
objetivo evidenciar os conceitos e teorias sobre a bioética 
afim de proporcionar a reflexão através desses conceitos 
básicos da bioética, para que possam tomar decisões frente 
a conflitos éticos relativos a profissionais de enfermagem 
oncológica vivenciados em seu dia a dia.
Foi abordado durante o decorrer deste Ebook diversos 
fatores que consolidam os conceitos básicos acerca dos 
direitos dos pacientes oncológicos.
Bioética e Assistência Oncológica 49
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Glossário: Sociedade isenta, na administração 
e orientação jurídica e filosófica, de vínculos com o 
pensamento religioso.
Dilema, segundo Walter Sinnott-Armstrong, citado 
por Malagutti, ocorre quando valores morais antagônicos e 
mutuamente excludentes devem ser adotados na solução 
de problemas difíceis ou penosos. No dilema não existe 
resposta “certa” ou “errada”, são dois caminhos diferentes 
que podem ser adotados com argumentos baseados em 
diferentes princípios morais.
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Filmes 
A PARTIDA. Produção de Yojiro Takita. Japão, 2008. 
Disponível em: . Acesso em: 09 ago. 2019. 
UMA PROVA de Amor. Produção de Nick Cassavetes. 
EUA, 2009. Disponível em: . Acesso em: 09 ago. 2019.
COMO EU ERA ANTES DE VOCÊ. Produção de Jojo 
Moyes. EUA, 2016. Disponível em : Acesso em: 05 ago 2019.

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