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Ângela Gomes Bioética e Assistência Oncológica Unidade 1 Livro didático digital Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor ÂNGELA GOMES Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Olá. Meu nome é Ângela Gomes. Sou graduada em Enfermagem e pós-graduada em Enfermagem Oncológica, com uma experiência técnico-profissional na área da enfermagem há mais de 23 anos. Passei por Hospitais infantis como Pronto Baby na Tijuca RJ, Hospital São Vicente de Paulo também situado na cidade da Tijuca RJ, onde obtive experiências no Centro cirúrgico e atualmente trabalho no INCA (INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER) há 15 anos onde desenvolvo a atividade de enfermagem oncológica. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. No INCA adquiri uma rica e extensa experiência de vida, sem contar com a profissional! Trabalhar no setor Oncológico é complicado em alguns momentos, porém prazeroso saber que estamos fazendo o bem. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Autor ÂNGELA GOMES INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Introdução......................................................................................10 Competências................................................................................11 Compreender e facilitar as questões éticas/bioéticas que surgirão na vida profissional......................................12 O início da Bioética...........................................................................................12 Biografia de Van Resselaer Potter.........................................................15 Comunicação em Oncologia e Bioética...........................................17 Aplicar através do conceito da bioética reflexão as diversas situações da vida profissional em que surgem os conflitos éticos..............................................................................20 Principio da Beneficiencia...........................................................................21 Principio da Autonomia................................................................................22 Principio da Justiça..........................................................................................22 Princípio da Não-Maleficência................................................................23 Posicionar-se e dar subsídios de maneira ética a um dilema ou conflitos......................................................................26 Dilemas Bioéticos na enfermagem oncológica.........................26 Vida e Morte..........................................................................................................31 Reprodução Humana.....................................................................................32 Aborto.......................................................................................................................36 Eutanásia................................................................................................................37 Transplante e doação de órgãos e tecidos...................................38 Pesquisa com seres humanos................................................................40 Compreender se a sua conduta profissional está fundamentada em principios éticosou se está agindo da maneira mais adequada.............................................................41 O Protocolo SPIKES.........................................................................................45 Bibliografia.....................................................................................49 Bioética e Assistência Oncológica 9 UNIDADE 01 Bioética e Assistência Oncológica 10 O propósito dessa unidade é reverenciar o contexto científico e tecnológico da Bioética que tem como objetivo facilitar os problemas e questões éticas e bioéticas que surgirão na vida profissional dos enfermeiros oncológicos. Estes conceitos básicos são importantes para o enfrentamento de um dilema ou conflito que pode surgir e para que o enfermeiro saiba se posicionar de uma maneira ética. Assim, esses conceitos e teorias devem ser claras para todos. Não se pretende impor regras de comportamento mais sim proporcionar uma análise em que os profissionais da área de oncologia possam refletir e adquirir conhecimento de como se comportar diante as diversas situações éticas que surgem durante a vida do enfermeiro na área da oncologia. A formação do profissional de enfermagem em nível superior nem sempre é discutida em uma disciplina oncológica sendo necessária especialização para que os termos mais profundos da bioética sejam discutidos. O conteúdo a seguir se divide em três partes: Conceito; Fundamentação e Princípios da Bioética; Dilemas bioéticos na Enfermagem Oncologia. INTRODUÇÃO Bioética e Assistência Oncológica 11 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender e facilitar as questões éticas/ bioéticas que surgirão na vida profissional. 2. Aplicar através do conceito da Bioética reflexão as diversas situações da vida profissional em que surgem os conflitos éticos. 3. Posicionar-se e dar subsídios de maneira ética a um dilema ou conflitos 4. Compreender se a sua conduta profissional está fundamentada em princípios éticos ou se está agindo da maneira mais adequada. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! COMPETÊNCIAS Bioética e Assistência Oncológica 12 Compreender e facilitar as questões éticas/bioéticas que surgirão na vida profissional O Conceito da Bioética e Assistência Oncológica Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a ética e a bioética aos profissionais de enfermagem oncológica. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. As pessoas que tentaram sem esses conceitos básicos e sem a devida instrução tiveram problemas ao longo de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! O início da Bioética Na totalidade do contexto científico e tecnológico poucas áreas evoluíram com tanta rapidez quanto a bioética. Se imaginarmos que apenas em 1970 o cancerologista norte-americano Van Rensselaer Potter publicou a obra que reverenciou historicamente a área _ Bioethics: Bridge to the Future _, os avanços conquistados nesses anos podem ser considerados extraordinários.Nem o próprio Potter poderia imaginar a velocidade como as coisas transcorreriam. É oportuno mencionar que sua visão original da bioética focalizava-a como uma questão ou um compromisso mais global frente ao equilíbrio e preservação da relação dos seres humanos com ecossistema e a própria vida do planeta, diferente daquela que acabou difundindo-se e sedimentando-se nos meios científicos a partir da publicação do livro The Principles of bioethics, escrito por Beauchamp e Childress, em 1979. A obra desses dois autores praticamente pautou a bioética dos anos 70 e inicio dos anos 80, sob uma linha que, Bioética e Assistência Oncológica 13 posteriormente, veio a ser cunhada como “principialismo”, ou seja, o desenvolvimento da bioética a partir de quatro princípios básicos, dois deles de caráter deontológico (não malificiência e autonomia). Apesar de não serem absolutos sob o prisma filosófico, estes princípios foram rapidamente assimilados, passando a constituir a ferramenta mais utilizada pelos bioeticistas na medição e/ou resolução dos conflitos morais pertinentes à temática bioética, (COSTA, GARRAFA, OSELKA, 1998). Nesse sentido os conceitos básicos da bioética são: Princípios da beneficência e não-maleficência; Princípio da autonomia e o consentimento esclarecido; e Princípios da justiça. Quando pretendemos situar a ética no contexto das dimensões culturais, encontramos de pronto um primeiro problema. Como separá-la de outras manifestações como, por exemplo, a religião? Será possível uma separação tal que a ética se constitua como uma instância autônoma da cultura, claramente definida na sua especificidade? A relevância da ética nos leva naturalmente a assinalar para ela um campo próprio, a partir do qual possamos reconhecer um modo singular de existir, em primeiro lugar característico do ser humano e, em seguida, delimitando com nitidez entre dimensões da existência. Podemos partir desse pressuposto, mas quando vamos entender concretamente esta separação e esta especificidade as dificuldades se multiplicam. Elas aparecem quando tentamos, por exemplo, fazer a distinção entre ética e conhecimento. Podemos dizer que quando descrevemos o mundo e procuramos compreendê- lo efetuamos juízos que nos permitem assimilar a verdade dos fatos; para compreender estes fatos efetuamos outros juízos, mais abstrato, acerca da ligação entre eles e das razões que sustentam tais conexões (COSTA, GARRAFA e OSELKA, 1998 p.19). Bioética e Assistência Oncológica 14 Um aspecto bastante importante a ser considerado para que possamos construir a reflexão bioética de maneira adequada é compreender a influência histórica exercida desde a época de Hipócratas (JUNQUEIRA, 2007). Entretanto, devemos retomar alguns conceitos históricos para compreender melhor a influência dessa época. No século IV a. C., a sociedade era formada por diversas castas (chamadas sociais bem definidas e separadas entre si) que fazia com que ela fosse “piramidal”. Mas o que isso significa? Isso quer dizer que, na base pirâmide, encontrava-se a maior parte das pessoas: os escravos e os prisioneiros de guerra, que nem mesmo eram considerados “pessoas”. Eles eram tratados como objetos e não tinham nenhum direito. Logo acima deles, numa camada intermediária (portanto em número um pouco menos) estavam os cidadãos. Os cidadãos eram os soldados, os artesãos, os agricultores, e estes tinham direitos e deveres. No topo da pirâmide (portanto, um número bastante reduzido de pessoas) estavam os governantes, os sacerdotes e os MÉDICOS (JUNQUEIRA, 2007). Van Rensselaer Potter Fonte: Pamiesxavier/Wikimedia Bioética e Assistência Oncológica 15 SAIBA MAIS: Van Rensselaer Potter - 27 de agosto de 1911 — 6 de setembro de 2001. Foi um bioquímico americano, e pesquisador na área de oncologia. Sua experiência com pacientes oncológicos o fez propor o surgimento de um novo conceito interdisciplinar, o qual correlaciona ética e ciência, o qual denominou de bioética. Potter tenta estabelecer um diálogo entre a ciência da vida e a sabedoria prática, ou seja, entre o Bios e o Ethos, criando desta forma a bioética. Seu livro Bioética:Ponte para o Futuro é o primeiro livro abordando este dialogo, e o marco inicial da bioética. Biografia de Van Rensselaer Potter Potter recebeu o título de bacharel em ciências pela Universidade de Dakota do Sul em 1933, com posterior especialização em química e biologia. Em 1935 chegou ao Wisconsin Alumni Research Fundation (WARF), setor de investigação e pesquisas da Universidade de Wisconsin, na cidade de Madison. Posteriormente conclui o doutorado em bioquímica e estagiou após isso na Suécia e Inglaterra. No seu retorno aos Estados Unidos, trabalha no laboratório McArdle com o Dr. Harold Rusch. Em 1947 alcança a cátedra de bioquímica. Foi presidente da Sociedade Americana de Biologia Celular em 1964 e presidente da Associação Americana para Investigação contra o Câncer em 1974. Também foi membro da Academia Americana de Artes e Ciências, da Academia Nacional de Ciências e da Associação Americana para o Progresso da Ciência. Bioética e Assistência Oncológica 16 EXPLICANDO MELHOR: Van Potter estava preocupado com a dimensão que os avanços da ciência, principalmente no âmbito da biotecnologia, estavam adquirindo. Assim, propôs um novo ramo do conhecimento que ajudasse as pessoas a pensar nas possíveis implicações (positivas ou negativas) dos avanços da ciência sobre a vida (humana ou, de maneira mais ampla, de todos os seres vivos). Ele sugeriu que estabelecesse uma “ponte” entre duas culturas, a científica e a humanística, guiado pela seguinte frase: “Nem tudo que é cientificamente possível é eticamente aceitável”. EXPLICANDO MELHOR: Hipócritas de Cos (séc. IV a.C) é considerado o “Pai da Medicina”. Sua importância tão reconhecida que os profissionais de saúde, no dia da formatura, fazem o “juramento de Hipócratas”. Segundo esse juramento, os profissionais devem se comprometer a sempre fazer o bem ao paciente. Hipócrates. Ele é considerado o “pai da medicina” Fonte: Splintercellguy/Wikimedia Bioética e Assistência Oncológica 17 Conceito de Bioética) um dos conceitos que definem a Bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência “que tem como objetivo indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar os valores de referência racionalmente proponíveis, denunciar os riscos das possíveis aplicações” (LEONE; PRIVITERA; CUNHA, 2001). Podemos definir o termo “bioética” dentro do contexto organizacional da seguinte maneira: DEFINIÇÃO: “Bioética” como área de pesquisa, necessita ser estudada por meio de uma metodologia interdisciplinar. Isso significa que profissionais de diversas áreas (profissionais de educação, do direito, da sociologia, da economia, da teologia, da medicina, da enfermagem etc.) devem participar das discussões sobre os tema que envolvem o impacto da tecnologia sobre a vida. Todos terão alguma contribuição a oferecer para o estudo dos diversos temas da Bioética (JUNQUEIRA, 2017). Os itens a seguir tratarão de um resgate de conceitos das ciências humanas que são fundamentais para o enfrentamento de questões éticas que surgem em razão do progresso da ciência nas áreas da saúde. O progresso científico não é um mal, mas a “verdade científica” e não pode substituir à ética. Comunicação em Oncologia e Bioética Apesar do progresso da ciência relacionado aos procedimentos realizados para o tratamento das doenças terminais, o câncer ainda é uma patologia que se reveste Bioética e Assistência Oncológica 18 de estigmas, estando associada a uma sentença de morte, podendo ocorrer, de forma inesperada, em algum momento da vida de uma pessoa que dificilmente encontra-se preparada para receber um diagnóstico que venha a interferir em seus hábitos, costumes, integridade física e ciclo biológico (SOUZA et al., 2009). Mesmo possuindo tratamento e cura,esta doença traz grande angústia para a família e para o paciente, podendo ocorrer sequelas e até mesmo custar-lhe a vida. As palavras dos familiares refletem que o sofrimento, portanto evocam significados desde força e fraqueza, medo e coragem, despertando emoções positivas ou negativas na pessoa em sofrimento. Assim acredita-se que o impacto da doença para o paciente precisa ser compreendido, ou seja, devem ser considerados as condições emocionais socioeconômicas e culturais dos pacientes e de seus familiares. Deste modo, o câncer é uma das principais doenças de interesse para a assistência de enfermagem (SALES et al., 2001). De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, as estimativas para o ano de 2018 que serão válidas também para o ano de 2019 apontam a ocorrência de casos novos conforme o organograma a seguir. (INCA, 2018). Bioética e Assistência Oncológica 19 Figura 2 – Organograma: Estimativa para o ano de 2018 de incidência por habitantes para novos casos de Câncer. Fonte: INCA, 2018 Bioética e Assistência Oncológica 20 Aplicar através do conceito da bioética reflexões as diversas situações da vida profissional em que surgem os conflitos éticos. Fundamentação e Princípios da Bioética À caracterização da bioética é uma tarefa um tanto quanto difícil devido à pluralidade de elementos constantes em sua estrutura e a amplidão de sua área de atuação. No entanto, apesar da dificuldade, podemos começar dizendo que a bioética é uma ciência da qual o homem é o sujeito e não apenas objeto. (CORREIA, 1996). Assentada sobre uma, nem sempre tão sólida, base formada por alguns critérios tidos como fundamentais – a autonomia, a beneficência, a não maleficência e a justiça – a bioética, frente ao frenético desenvolvimento técnico- científico, tem que ser promotora e protetora da vida, mas despida da pretensão de ser uma ciência acabada, pois sempre encontrará novos problemas com diferentes níveis de complexidade levantados pela biologia, medicina, engenharia genética etc. É importante que haja sempre um canal de diálogo franco e aberto, não somente com as ciências biológicas, mas com todas as instâncias da sociedade que tratam da vida humana desde as diferentes filosofias e correntes religiosas até os ambientalistas de maneira geral. A bioética compreendida de maneira mais geral tem sua origem no meio científico, devido à necessidade de proteção à vida humana sentida pelos próprios profissionais de saúde. Estrutura-se a partir de um esforço interdisciplinar entre ramos que vão desde a medicina até a filosofia. Não possui moldes ou fórmula pré-fabricados, na medida em que surgem problemas novos e principalmente a razão Bioética e Assistência Oncológica 21 e o bom juízo moral dos investigadores, muito mais que alguma corrente filosófica ou crença de caráter religioso. Podemos dizer que o grande objetivo que se constitui traço da bioética é o de ajudar a humanidade em direção a uma participação racional, mas cautelosa no processo da evolução biológica e cultural (REV. Sorocaba, SP, v.33, n.2, p.45-59, dez.2007). Os princípios fundamentais da bioética surgiram para auxiliar a humanidade na nova caminhada proposta pela evolução social e particularmente pelo avanço e conquistas da ciência. Em 1978, a comissão norte-americana para a proteção dos direitos humanos na pesquisa biomédica e comportamental definiu os princípios da beneficência, autonomia e justiça como princípios éticos básicos que deveriam nortear a experimentação em seres humanos, tanto nas ciências do comportamento quanto na biomedicina. A não-maleficência, tida por alguns autores como um quarto princípio bioético, prevê para os profissionais da saúde o compromisso de abster-se de prejudicar o cliente, (LUCILDA, 1999). Princípio da Beneficência Esse princípio prevê, para os profissionais de saúde, o comportamento moral de fazer o bem e promover o bem- estar. Nunca prejudicar ou fazer o mal a quem quer que seja. Tal princípio, na, medicina, foi resultante de uma longa evolução da arte da cura dos sofrimentos de que padecem os seres humanos. Só assim pode-se compreender corretamente Hipócrates considerado o pai da medicina – cuja grande contribuição foi unir o saber racional médico à conduta moral, (LUCILDA,1999). Bioética e Assistência Oncológica 22 Muitos atos da beneficência não são obrigatórios, mas um princípio da beneficência, em nossa acepção, firma a obrigação de ajudar outras pessoas, promovendo seus interesses legítimos e importantes, (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002, p. 282). Princípio da Autonomia É a capacidade de decidir por si mesmo nas questões que dizem respeito a si próprios, como indivíduo. Do ângulo da ética, é o agir segundo princípios morais considerados como guias básicos para a convivência em sociedade, (LUCILDA, 1999). Respeitar a autonomia é reconhecer que o indivíduo cabe tomar decisões segundo seu próprio plano de vida e ação, embasado em crenças, aspirações e valores próprios. O respeito pela autonomia conjuga-se com o próprios da dignidade humana, que é irrenunciável e inalienável. Princípio da justiça O princípio da justiça, em saúde, tem como referencial a reflexão filosóficas que o entende como um conceito normativo que deve orientar os legisladores e as políticas do Estado nesse aspecto. Com o objetivo de beneficiar os membros da coletividade que não podem, em função de seus níveis de cultura, renda etc., buscar no mercado a satisfação de suas necessidades nessa área (LUCILDA, 1999). Garante a distribuição justa, equitativa e universal dos benefícios dos serviços de saúde. Este princípio estabelece como condição fundamental a equidade: obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto e adequado, de dar a cada um o que é devido. O médico deve atuar com imparcialidade, evitando ao máximo que aspectos sociais, culturais, religiosos, financeiro ou outros Bioética e Assistência Oncológica 23 que interfiram na relação médico-paciente. Os recursos devem ser distribuídos de maneira equilibrada, com o objetivo de alcançar, com melhor eficácia, o maior número de pessoas assistidas. Princípio da Não-Maleficência Determina a obrigação moral de não infligir dano intencionalmente. Normalmente na ética médica ele é vinculado à máxima: primariamente não causar prejuízo, causar dano. Apesar da origem incerta desta máxima, muitas vezes a mesma é invocada como expressão fundamental da tradição hipocrática da ética médica. São várias as teorias éticas que reconhecem o valor do principio de não maleficência. Existem ainda os filósofos que procuram unir a não maleficência e a beneficência dentro do único princípio. IMPORTANTE: A bioética é o estudo da moralidade da conduta humana no campo da ciência da vida. É interessante destacar que a Bioética inclui a chamada ética Médica. A ética Médica é, então, um capítulo da Bioética. Outro aspecto importante da Bioética é que ela não está restrita às Ciência da Saúde. Ela, desde que nasceu, quer olhar para tudo, para todas as áreas do conhecimento que, de uma forma ou outra, tem implicações sobre a vida. A sua atuação tem que ser com a vida. E é por isso que na sociedade bioética, nos congressos de Bioética, não se vê a hegemonia dos médicos, dentistas e enfermeiros; vemos juristas, filósofos, teólogos e economistas. Esse é o enfoque da Bioética, esse verdadeiro enfoque interdisciplinar. Bioética e Assistência Oncológica 24 Quer dizer algo diferente do que é o multidisciplinar, que conhecemos muito bem das nossas tradições universitárias, principalmente no Brasil (VER. Fundamentos e Ética bioética biomédica. SP: Loyola, 1996. P.80). Nesse aspecto o Modelo Bioético Personalista coloca uma “antropologia de referência” que é a base para o juízo bioético, que busca entender o homem na sua essência, em sua natureza, em sua verdade, em sua totalidade e em sua unidade. Entãopartindo dessa premissa, uma unitotalidade porque a pessoa é constituída por uma corporeidade animada por uma espiritualidade que recebe uma existência singular e única e por isso postulada ao Criador. Esta concepção fundamental e fundante nos leva a respeitar a vida física do homem. Partindo dessa unitotalidade chegamos ao respeito à vida à sua integridade corpórea, à sua saúde, já não em nome de um vitalismo biológico, mas em relação à dignidade da pessoa e da totalidade de seu ser. A formulação dos princípios sem fundamentação ontológica, antropológica torna-se confuso sem a hegemonia entre um e outro desses princípios, com uma hierarquia entre eles. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Tema Mestrado: “Problemas Éticos Vivenciados por Enfermeiros Relativos a Pacientes Terminais” João Gregório Neto, 2010, acessível pelo link (dissertação mestrado) Gregório Neto, João. Conflitos Éticos Vivenciados por Enfermeiros relativos a Pacientes terminais/ João Gregório Neto. – São Paulo, 2010. 68 p. pesquisa realizada em 07/08/2019). Bioética e Assistência Oncológica 25 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que Bioética pode se dizer que é o estudo da vida ou melhor da ética da vida, e que seu inicio se deu no começo da década de 1970 devido a publicação de duas obras muito importante de um pesquisador e professor norte- americano da área da oncologia chamado, Van Rensselaer Potter. Onde este preocupado com os avanços da ciência propôs um novo ramo do conhecimento que ajudasse as pessoas a pensar nas possíveis implicações dos avanços da ciência sobre a vida. Não esquecendo que alguns conceitos históricos de influência a sociedade se início no século IV a.C., por Hipócrates. Vimos também, que no decorrer do estudo, as influencias sobre impacto dos meios de comunicação para a sociedade, vem surgindo questionamentos e numerosas questões devido ao avanço da tecnologia. A fundamentação entre os conceitos da bioética e o surgimento de quatro teorias como base para bioética. A importância da comunição na área da enfermagem em oncologia e bioética e as estimativas de Câncer no Brasil e por fim os dilemas bioéticos na enfermagem oncológica. Bioética e Assistência Oncológica 26 Posicionar-se e dar Subsídios de Maneira Ética a um Dilema ou Conflito. Alguns Elementos sobre os Avanços da Bioética. Dilemas Bioéticos na Enfermagem Oncológica Assim como o Câncer, no século XIX, o Câncer era considerado contagioso e associado à falta de limpeza, a sujeira física e moral. O câncer era concebido como um castigo através do qual o doente poderia alcançar sua redenção, a libertação dos pecados, caso conseguisse suportar com resignação o sofrimento causado pela doença (SILVA, 2008). Em 1950, ocorreram grandes avanços nos métodos de diagnóstico e tratamento que promovem o aumento do número de sobreviventes e do tipo de sobrevida dos pacientes (SANT’ANNA, 2000). Nos anos 60 e 70 foi intensificada a atenção fatores psicológicos. O autor Palmeira (1997) assinala que os fatores da “esfera psíquica” mais frequente estudados e considerados como implicados na carcinogênese podem ser reunidos em dois grupos genéricos. No primeiro estão os estados de indisposição (depressão, tristeza, infelicidade, abatimento, desânimo, desesperança, desamparo, desapontamento) e de ansiedade, juntamente com situações traumáticas envolvendo perdas e privações. No segundo, estão os fatores definidos por características de personalidade e de enfrentamento da doença, que variam segundo os pressupostos teóricos adotados. Nessa nova concepção, o “candidato ideal” para desenvolver o câncer apresentaria uma personalidade marcada pela passividade, pouco emotividade, regularidade dos hábitos, baixa agressividade ou negação da hostilidade, depressão Bioética e Assistência Oncológica 27 e dificuldade na formação de vínculos afetivos (TAVARES; TRAD, 2005). As questões e problemas da Bioética envolvem uma realidade complexa, na qual entram valores e fatos vindos de diversos campos – cultural, científico, religioso e profissional – e para os quais não existe uma resposta fácil ou simples ou mesmo feita e acabada. Questões e problemas que, para serem resolvidos, dependem do diálogo entre todos os setores da sociedade. Esse diálogo envolve desde o saber dos técnicos, cientistas e profissionais da área da biologia, saúde e humana, até religiosos e elementos da comunidade e se baseia na tolerância e no respeito à opinião de todas as partes envolvidas na análise e debate dos avanços e problemas causados pela biotecnologia e ciências em geral. E, é diálogo, tolerância e debate, que caracterizam o que a bioética é e faz (INCA, 2008). Neste contexto, a bioética pode ser definida “como uma síntese de conhecimento e ação multidisciplinar para responder aos problemas morais no vasto campo da vida e da área da saúde... trata-se de ter os fundamentos filosóficos, teóricos e metodológicos que podem unir abordagens normativas da Medicina, do Direito, da Teologia e outros campos do conhecimento com a opinião da comunidade sobre essas questões” (TEALDI, J.C.. O Mundo da Saúde, v.19, n.2-3, p. 85, mar. 1995). Ou seja, ela representa um meio de compreensão e debate para determinar os verdadeiros significados da novidade e avanços biotecnológicos, visando a separar tanto os seus aspectos positivos quanto os negativos. É uma área de estudo que aborda de uma forma constante as questões que envolvem os limites entre o começo e o fim da vida humana. Assim sendo, as técnicas de reprodução assistida, de engenharia genética, de clonagem, de controle de natalidade, de aborto, de eutanásia, de transplantes e Bioética e Assistência Oncológica 28 as abordagens hoje aceitadas sobre os temas de morte cerebral e pesquisa com seres humanos, entre outros, são ações e análises que envolvem tanto benefícios quanto riscos que devem ser debatidos por toda a sociedade. Esses temas e polêmicas, geralmente, envolvem dilemas éticos, devendo ser detalhadamente analisados nos seus prós e contras (MOACIR GADOTTI Perspectivas Atuais da Educação, vol.14 n.2, abr. S.P, 2000). Lembramos que, no que se refere à profissão de enfermagem, o que predomina na análise e resolução de problemas são os princípios de beneficência e não- maleficência associados ao enfoque deontológico. Enfoque no qual o dever profissional, enunciado no Código de Ética, constitui-se no propósito e finalidade do profissional (INCA, 2008). Considerando bioética e oncologia como campos interdisciplinares, nos quais é necessário entendimento integral do ser humano, questiona-se como ambas têm dialogado. (RER. Bioét. (impr). 2018; 26 (3): 451-62. Essas discussões remetem ao conhecimento ou aplicação de princípios da bioética na oncologia; dificuldades na comunicação médico-paciente; e aspectos e normas éticas da pesquisa. Torna-se necessário, portanto, garantir a aplicação de princípios bioéticos, ampliar investimentos no ensino formal de bioética, nas habilidades interpessoais e de comunicação médico-paciente, e divulgar a bioética para a população em geral (LIMA, BIASOLI, 2018). Bioética e Assistência Oncológica 29 Tabela 1: Problemas Éticos Classificados por Três Categoria. Incerteza moral Dilema moral Sofrimento moral Quando há um questionamento diante de ten- são, frustração e incômodo, mas tal situação não é percebida como parte de um pro- blema ético. Caracteriza por dois cursos dis- tintos a seguir, porém, com uma única opção de escolha. Situação em que se sabe o que é corre- to e o que deveria ser feito, mas não é possível fazê-lo por algum motivo, seja ele individual, institucional ou so- cial, não podendoseguir o rumo de sua consciência. Fonte: https;//multisaude.com.br/artigos/problemas-eticos-da-enfermagem- em-oncologia. 14/09/2019) Ética, humanização e relações humanas no trabalho Atuar profissionalmente de forma ética e humanizada, na perspectiva da cidadania e da dignidade da vida humana Estabelecer relação terapêutica com o paciente e a família, considerando a terminalidade do ciclo vital Estabelecer relação interpessoal harmônica com a equipe multiprofissional em saúde Conhecimentos de ética, bioética e deontologia, da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 (CRFB/88), e dos códigos de defesa do consumidor, de direitos do paciente, da criança e do adolescente Conhecimentos de psicologia e relações humanas Prática de cidadania, cordialidade, solidariedade, domínio emocional, humanização na prática assistencial e capacidade de ouvir e emitir opiniões Respeito à hierarquia e ao espírito de equipe. Conhecer e aplicar os principais métodos de análise em bioética clínica como ferramenta para tomada de decisões em conflitos éticos na assistência à saúde e na atenção oncológica. A bioética e a pesquisa envolvendo seres humanos Legislação internacional e nacional de ética em pesquisa Direitos humanos na atenção ao câncer. Bioética e Assistência Oncológica 30 Comitês de ética em pesquisa (CEP) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Figura 3: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Conference_champs_ purchase_wiki.jpg (Acesso em 04/07/2017) Bioética e Assistência Oncológica 31 vida e morte São dois conceitos básicos que influenciam todas as abordagens que se pode fazer no que diz respeito ao reconhecimento e status da vida humana, bem como o direito e em que tipo de condições deve um ser humano viver. O Código de Ética e o pensamento jurídico brasileiro compreendem a vida humana a partir da teoria concepcionista, ou seja, entendem a vida como um processo que se inicia no momento da concepção. Numa abordagem mais ampla, a Bioética traz, para o debate, o aspecto de que a concepção da vida humana, enquanto um processo, não tem um começo que possa ser moralmente definido e defendido, sendo em si mesmo, no seu aspecto biológico, um ato pré-moral, uma vez que entra uma multiplicidade de intenções e situações. Ou seja, a concepção pode ser fruto de um desejo, ser meramente fruto de um acaso ou mesmo vinda de um ato de violência (estupro). Igualmente pode ser, graças às intervenções tecnológicas hoje disponíveis, um ato de ordem artificial. Isso tudo indica que a abordagem ética do começo da vida humana é algo que depende de uma observação sujeita a critérios e valores de ordens cultural e social dos indivíduos envolvidos no processo, os quais podem investir ou não no projeto de gerar uma nova vida, ou, no caso oposto, de interromper uma vida. Um processo, portanto, que leva a legislação de alguns países – Ex.: Estados Unidos e Holanda – a reconhecer o direito e a autonomia dos indivíduos para disporem dos seus corpos, principalmente no que se refere à interrupção da gravidez – aborto –, bem como a própria decisão de pôr fim à vida nos casos de uma patologia terminal sem esperanças de cura. Essas posições não são aceitas nem pela tradição e pensamento jurídico brasileiro, nem pelos Códigos de Ética Profissional das profissões da área da saúde. Bioética e Assistência Oncológica 32 DEFINIÇÃO: A definição da morte envolve uma série de critérios e meios de validação que, com o desenvolvimento e sofisticação da tecnologia, vão ficando mais específicos e seletivos. Atualmente, o critério que determina a morte é a ausência das funções cerebrais, caracterizadas pela dilatação e não reação das pupilas, ausência de respiração espontânea e traçado plano do eletroencefalograma (EEG) durante um período de tempo. Esse critério e caracterização irão influenciar diretamente as discussões sobre transplantes, doações de órgãos e eutanásia, tanto na seleção de um indivíduo para ser candidato à doação de órgãos, como na decisão para continuar a manter ou não meios extraordinários para a manutenção da vida de uma pessoa sem possibilidade de cura (INCA, 2008). Apesar de tudo, não se pode esquecer de que as profissões da área da saúde zelam pelo respeito e pela dignidade da pessoa desde o início da vida até a morte. Destaca-se o cuidado que esses profissionais devem ter na abordagem e no respeito para com a família e a pessoa falecida, tanto na técnica de preparo, encaminhamento do corpo após o óbito, como no próprio processo, se for o caso, de seleção e captação de órgãos para o transplante (INCA, 2008). Reprodução Humana O que você pensa quando escuta os termos: Planejamento familiar; Inseminação artificial e tratamento de infertilidade; Bioética e Assistência Oncológica 33 Engenharia genética e clonagem? O tema reprodução humana é o que mais tem apresentado, nos últimos anos, graças aos avanços biotecnológicos, inúmeras transformações e novidades. No caso do dia-a-dia da profissão de Enfermagem, o tema que mais está presente refere-se ao planejamento familiar, principalmente nos aspectos morais do uso e escolha de meios naturais ou artificiais que possam ser definitivos (laqueadura de trompas e vasectomia); causar danos à saúde da mulher (uso de pílulas anticoncepcionais); ou ter ou serem suspeitos de possuir propriedades abortivas (dispositivo intrauterino, pílula do dia seguinte). Os Códigos de Ética das profissões da saúde, para esses casos, voltam-se e indicam, como um dever a ser observado, a defesa da vida e o respeito à dignidade e autonomia da pessoa humana. Um dever que, graças à sua fundamentação de base humanista, volta-se tanto para os métodos que não causem aborto, dano ou agridam a estrutura física do ser humano, como se faz acompanhar de uma orientação, apresentação e educação dos casais de todos os meios disponíveis para um planejamento familiar responsável que, em hipótese alguma, pode vir a ser imposto, devendo vir da aceitação e desejo dos casais. No entanto, a área da reprodução humana não envolve apenas as questões e os métodos para evitar a concepção, mas, também, engloba aqueles casos em que o desejo, ao contrário, é gerar uma nova vida. Esses casos, graças à biotecnologia, não só confrontam os tradicionais conceitos sobre o início e o que é a vida humana, como também trazem inúmeros problemas de definição e ordem legal que, hoje em dia, passam a ser um desafio aos legisladores. Bioética e Assistência Oncológica 34 EXPLICANDO MELHOR: Só para exemplificar, perguntamos: no caso de um “útero de aluguel”, ou seja, aquele caso em que uma mulher empresta o seu útero para carregar a gestação de uma outra, quem poderá ser declarada como a mãe? A que carregou a gestação e emprestou o útero? A que cedeu o material para a inseminação, nos casos em que uma mulher não ovule ou não possua óvulos em condições de fertilização? Será a que “contratou” os serviços e irá educar a criança? Sem dúvida, é uma situação, no mínimo, complexa e com inúmeros questionamentos éticos. Podemos fazer contratos em que aluguemos o nosso corpo? Podemos vender partes do nosso corpo (nos referimos aos casos de mulheres que possam vir a vender óvulos para casais com problemas de infertilidade)? Esse ato é uma prestação de serviços, um ato de solidariedade ou uma porta aberta para o comércio do ser humano? O que fazer numa quebra de contrato, quando uma das partes não quer mais continuar com a gestação, se afeiçoa àquela vida que está gerando (mãe de aluguel) ou não quer mais a criança (pais contratantes), caso essa apresente um problema de saúde ou má-formação? Contudo, esses casos não podem ser considerados impedimentos para a técnica em si. São apenas hipóteses que, caso ocorram, dependerão da própria sociedade e da Justiça para resolvê-los e corrigir os excessos. Bioética e Assistência Oncológica 35 A técnica, em si, permiteaos casais com problemas de infertilidade uma ajuda importante para que possam gerar uma criança. O mesmo se pode dizer das técnicas de inseminação artificial assistida e fertilização in vitro. Essas técnicas, além de permitirem essa nova possibilidade de gestação, abrem junto com as técnicas de manipulação (engenharia genética e clonagem) e estudo do material genético humano (Projeto Genoma) toda uma série de possibilidades que devem ser analisadas pela sociedade. Enquanto benefícios, a engenharia genética e o Projeto Genoma podem vir a melhorar a qualidade de vida das populações, dadas as possibilidades de diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças, principalmente as de origem genética, graças à manipulação do material genético (eugenia – eugenética negativa: uma ação e uma técnica que, em termos morais, é entendida num sentido positivo). Enquanto problemas éticos, retirados os excessos e os medos que os filmes de ficção-científica trazem e que, hoje, não são possíveis, existem as questões da eugenia – eugenética positiva (melhoria das características físicas e do caráter do homem; uma ação que tende a ser entendida num sentido negativo, haja vista o medo e a associação com ideais racistas – melhoria da raça, com preferência por umas e exclusão e discriminação de outras), discriminação de pessoas que, devido ao seu material genético, possam ter uma possibilidade e probabilidade futura de vir a desenvolver uma doença, bem como a formação de um mercado de patentes envolvendo o material genético humano. Questões que devem ser discutidas pela sociedade e que estão presentes no Código de Ética no dever de proteger e preservar a dignidade humana (INCA, 2008). Bioética e Assistência Oncológica 36 Aborto Consiste na interrupção da gravidez, acompanhada da morte do concepto antes deste alcançar um estado viável. Devemos lembrar que o aborto é uma realidade que sempre existiu em todos os regimes sociais e culturais, podendo ter origem em causas biológicas. Os problemas deontológicos e legais dessa questão recaem na intenção de um agente humano em provocar e efetivar o ato que resulte na expulsão e na morte de um concepto inviável. Por outro lado, os problemas éticos e morais que são avaliados pelo campo da Bioética referem-se aos motivos e à validade das posições que aceitam ou negam o aborto. Assim sendo, o tema central do debate, numa análise de base secular, recai mais nos critérios que levam a aceitar e reconhecer a vida humana e o direito de viver, do que na manobra abortiva em si. Com relação a esses critérios, podemos dizer que, no caso do Brasil, há o reconhecimento da vida a partir do momento da fecundação, embora o Código Penal permita o aborto nos casos de estupro e risco de vida para mãe. Deontologicamente falando, no entanto, o aborto é proibido pelo Código de Ética de Enfermagem, mesmo naqueles casos previstos no Código Penal. Entretanto, em termos de uma hierarquia jurídica, o Código de Ética não tem força legal para contradizer ou negar as disposições feitas pelo Poder Judiciário. As situações previstas no Código Penal, no entanto, quando ocorrem, são decisões que são tomadas depois de todo um processo jurídico, ético, médico e legal que envolverá todas as partes implicadas, desde a pessoa que pediu à Justiça que se realize o ato, passando pela instituição de saúde e respectivos comitês e conselhos de ética, até os profissionais de saúde que, enquanto indivíduos, podem, por motivo de consciência, não participar de tal ato, deixando-o para outros que não tenham tal impedimento e concordem em realizá-lo (INCA,2008). Bioética e Assistência Oncológica 37 Eutanásia DEFINIÇÃO: Podemos conceituá-la como sendo uma morte, indolor e misericordiosa, provocada por uma ação ou omissão em pessoa que, depois de adequada avaliação médica, esteja sofrendo e seja declarada de padecimento físico irreversível e fora de possibilidade terapêutica. Este conceito e ação não ocorrem quando a eutanásia é feita por motivos de ordem eugênica (Ex.: morte de uma criança ou adulto que apresente má-formação ou doença que cause deformação) e criminal (sem o consentimento do paciente ou motivada por outras causas que não visem a um bem ao paciente) (INCA,2008). A ação ou omissão de um ato terapêutico, como os exemplos apresentado anteriormente, ou seja, é uma questão que, do ponto de vista da Bioética, envolve uma análise da diferenciação e validação moral e legal da intenção e previsão da morte de um paciente; emprego ou não de meios ordinários e extraordinários para manter a vida de um paciente terminal ou que sofra de um mal que ele considere insuportável. Esses raciocínios caracterizam- se numa diferenciação entre os conceitos de eutanásia positiva (uso de meio ou medicação que apresse a morte de um paciente moribundo e/ou fora de possibilidades terapêuticas), eutanásia passiva ou negativa (a não utilização ou omissão de um ato que, provavelmente, prolongaria a vida de um paciente moribundo e/ou fora de possibilidades terapêuticas) e distanásia (emprego de meios que prolongam excepcionalmente a vida de um paciente moribundo e/ou fora de possibilidades terapêuticas). Essas diferenças são necessárias uma vez que estabelecem critérios e garantias Bioética e Assistência Oncológica 38 de proteção a membros vulneráveis da sociedade contra as práticas injustificadas. Os Códigos de Ética, no entanto, proíbem a prática da eutanásia, principalmente na ideia de administrar substância que tenha como fim antecipar a morte de um paciente (INCA,2008). Transplante e Doação de Órgãos e tecido É um tema ligado aos conceitos de vida e morte, respeito à integridade física e à autonomia dos indivíduos em disporem do seu corpo. Aproveitando a temática, abordaremos, também, a questão da transfusão sanguínea, principalmente, o problema da recusa à transfusão sanguínea por motivos religiosos (Testemunhas de Jeová). Os problemas éticos ligados aos transplantes e doação de órgãos e tecidos podem ser agrupados da seguinte forma: nos casos em que são realizados entre seres vivos (transplantes de órgãos duplos – ex.: rins – ou porções do corpo – ex.: pele), as questões relacionam-se com a possibilidade da formação de um “mercado humano” , no qual fatores econômicos podem produzir relações desiguais – venda de órgãos e tecidos por necessidade, no lugar de solidariedade. Neste caso, inclui-se a questão do sangue enquanto um tecido vivo que, igualmente, levanta discussões éticas no que diz respeito aos problemas relacionados tanto com a sua comercialização, como também aqueles ligados ao controle da sua qualidade, principalmente nos casos em que ocorre a venda e comercialização do sangue (contaminação e transmissão de doenças transmissíveis – ex.: AIDS, malária, hepatites B e C). Bioética e Assistência Oncológica 39 SAIBA MAIS: Lembramos, no entanto, que a legislação brasileira e as campanhas de orientação sobre transplantes e doações – Lei 4.934, de 4 de fevereiro de 1997 – incentivam a doação voluntária, consentida e sem fins comerciais. Nos casos em que estão envolvidos órgãos vitais únicos (ex.: coração e fígado), iguais considerações devem ser observadas, embora com o acréscimo da questão da definição da morte. Questão essa que envolve a noção de morte cerebral adequadamente avaliada e atestada, por exames, pela equipe médica. Quanto a esse ponto, igualmente, é válido lembrar que, por ocasião da promulgação da lei, ocorreu uma polêmica. Exatamente naquilo que ela tratava e chamava de “doação presumida”. Um conceito que transformava em doador todo o brasileiro que não manifestasse, em documento legal, uma disposição contrária. O medo da população em ter sua vida abreviada antes da hora, seja por interesses estranhos ou erro de diagnóstico, ocorreu mais por desinformação do que por efetivo risco. De qualquer maneira, voltou a figurar, na interpretação da lei, a noção já consagradana cultura brasileira e seguida pelos centros de captação de órgãos, do consentimento e orientação da família sobre a importância da doação de órgãos para salvar vidas. Os casos de recusa às transfusões sanguíneas trazem um dilema, relatado no próprio Código de Ética. Isto é, o dilema de defesa da vida do paciente versus o respeito, a autonomia e a decisão do paciente quanto ao tratamento que lhe deve ser prestado. No entanto, disposições e jurisprudências já observadas no Direito Civil e Penal consagram o direito à vida como principal elemento a ser Bioética e Assistência Oncológica 40 protegido, eximindo de responsabilidades civil e penal os profissionais de saúde que, numa situação de risco de vida para o paciente e mesmo contra a sua vontade (motivos religiosos), executam uma transfusão (INCA, 2008). Pesquisa com Seres Humanos As pesquisas médicas e de enfermagem são um importante meio de desenvolvimento do conhecimento científico. Entretanto, devem ser realizadas sem que firam, principalmente, o princípio da autonomia, da beneficência, da não-maleficência e da justiça. Ou seja, devem fornecer, em linguagem clara, para fins do consentimento das pessoas que participam de experimentos e pesquisas, informações sobre o tipo de experimento e pesquisa dos quais estarão participando, bem como dos riscos que estarão correndo e benefícios atuais ou potenciais. Elas terão o direito de sair da pesquisa a qualquer momento, assim como terão direito a um tratamento adequado, caso ocorram problemas de saúde decorrentes desta. Todos os estabelecimentos de saúde no Brasil que venham a fazer pesquisa são obrigados, por força de dispositivos legais e normas do Ministério da Saúde, a formarem Comitês de Ética em Pesquisa, os quais devem ter como membros profissionais das diversas áreas da saúde, das ciências humanas, das ciências exatas, bioeticistas e representantes da comunidade. Esses comitês avaliam o caráter ético das pesquisas. Os Códigos de Ética, em geral, proíbem, aos seus membros, a participação e realização de pesquisas que ponham em risco a saúde e a integridade do ser humano (INCA, 2008). Bioética e Assistência Oncológica 41 Compreender se sua Conduta está fundamentada em princípios Éticos ou se está agindo da maneira mais adequada] Identificando e Solucionando Problemas Relacionados a Situações Enfrentadas pelos Enfermeiros relacionados a Bioética. A fim de identificar as soluções enfrentadas pelos enfermeiros, que mais lhe desencadeiam sofrimento psíquico no cotidiano com pacientes oncológico, e verificar as formas encontradas por esses profissionais para lidar com tal sofrimento. A maioria dos enfermeiros que trabalham em oncologia possuem medos e inseguranças na assistência ao paciente com câncer, devido geralmente, à desinformação em relação à doença em si e às formas de tratamento, bem como em decorrência das fantasias que se formam em torno do paciente causadas justamente pela falta de conhecimento. Os cursos de Graduação em Enfermagem não apresentam em seu currículo uma disciplina específica de Oncologia, o que é um outro problema para o enfermeiro. E estudam a Enfermagem na lida com O câncer infantil, apontam esse trabalho como difícil no que se refere ao tratamento físico e ao relacionamento com a família do doente. Apontam também o desgaste emocional por que passam os profissionais dessa área, da carência de maior preparo nesse Setor de Oncologia. É um trabalho fonte de inquietação e questionamentos. Enfim, o desgaste pelo qual o enfermeiro passa é devido à exigência em nível de relacionamento com o paciente e sua família, além da exigência em nível técnico do trabalho. Bioética e Assistência Oncológica 42 Mesmo com altas porcentagens de cura e as sobrevidas cada vez mais longas para o doente, o profissional de saúde e o paciente oncológico passam por fases difíceis: a expectativa do diagnóstico, os tratamentos que implicam em amplas cirurgias, as reações de quimioterapia e da radioterapia e, principalmente, o longo tempo em que se vive à espera de uma recidiva ou à confirmação de uma cura. O maior problema é a forma de comunicação na relação enfermeiro e/ou médico e paciente: o que falar, como falar e quando falar ao paciente. Estas dúvidas também geram um sofrimento psíquico no profissional que trabalha no Setor de Oncologia. Além disso, determinados preconceitos a respeito da doença também são responsáveis por esse tipo de sofrimento pelo enfermeiro. Esses conceitos antecipados e algumas vezes sem fundamento razoável consistem na associação entre o câncer e os aspectos negativos, ameaçadores e temidos pela nossa cultura, como a dor, o sofrimento, a mutilação, a destruição e em última instância a morte. Outra causa de sofrimento do enfermeiro é o intenso rodízio que existe entre profissionais do Setor de Oncologia. Este rodízio consiste na mudança de setor e com isso o enfermeiro sofre pela falta de gratificação pelo seu trabalho, uma vez que ele não vê a continuidade do mesmo. A identificação da enfermeira com o paciente e ao mesmo tempo um mecanismo de defesa (troca com Deus) que utiliza para amenizar o medo que tem de um dia apresentar câncer. Como forma de enfrentamento das dificuldades os enfermeiros adotam algumas das técnicas estudadas por (Menzies, 1970). Uma das técnicas é a de distanciamento. A independência profissional pode-se dizer que é outra técnica para conseguir distanciamento. a Oncologia é uma área que lida direta ou indiretamente com questões humanas significativas, ligadas á vida e á morte. A necessidade de Bioética e Assistência Oncológica 43 afastamento revela-se como saída possível numa espécie de autopreservação em relação aos incômodos suscitados nesta área. Exercer alguma atividade física ou executar algum trabalho manual também pode ser uma opção viável. Lidar com a dor, o sofrimento e a morte afeta os enfermeiros; no entanto, procuram se colocar no lugar do paciente para que assim consigam dar uma boa assistência ao mesmo. Além disso, o desconhecimento, por parte do profissional, da sua utilização de mecanismos de defesa contra sofrimento psíquico pode por si só acarretar sofrimento para o enfermeiro. Assim sendo, o enfermeiro, para lidar com o paciente, atendendo suas necessidades físicas e emocionais, sem apresentar um intenso sofrimento psíquico, deveria integrar seus conhecimentos de psicologia e psiquiatria ao cuidado físico dispensado aos pacientes que apresentam problemas clínicos ou cirúrgicos. Ás situações que mais causam sofrimento psíquico nos enfermeiros estão sintetizadas abaixo e divididas em categorias. Situações ligadas ao trabalho: A complexidade da assistência: exigência na realização de procedimentos de natureza técnica e envolvimento com o paciente; A parte administrativa do trabalho do enfermeiro, muitas vezes, toma o tempo que deveria ser destinado ã assistência direta ao paciente; O conflito entre a concepção do enfermeiro de atitude profissional ética e fatos ocorridos em um hospital- escola; A falta de preparo (do enfermeiro) específico na Área de Oncologia. Bioética e Assistência Oncológica 44 Situações ligadas ao tipo de paciente: As dificuldades físicas para lidar com o paciente, pois este, muitas vezes, fica acamado e há falta de recursos hospitalares a nível de Brasil. O fator idade: Quanto mais jovem o paciente, mais difícil para o enfermeiro é a lida. Situações ligadas ao tipo de doença: A falta de preparo do enfermeiro para lidar com a morte; O câncer é, na maioria das vezes, uma doença de mau prognóstico; O sentimento de impotência do enfermeiro perante a situação do paciente oncológico; A identificação do enfermeiro com o paciente; O uso inadequado, pelo enfermeiro, de mecanismos de defesa contra sofrimento psíquico; O desconhecimento, por parte do enfermeiro, da sua utilização de mecanismos de defesa contra sofrimento psíquico. Ouso de um mecanismo de defesa, a negação, não falando de sofrimento e de morte como se não existissem. Outro meio de o enfermeiro negar tais situações é através da sua ocupação com um grande número de funções para não haver tempo de pensar na gravidade do câncer (este último exemplo também pode ser um mecanismo de sublimação). O enfermeiro pode recorrer à sublimação buscando distrações, fazendo atividades físicas ou executando um trabalho manual. O enfermeiro pode se afastar ou se aproximar ainda mais do paciente. Mostrando vários pontos de sofrimento psíquico do enfermeiro e algumas maneiras utilizadas por ele para lidar com tal sofrimento. Apenas Bioética e Assistência Oncológica 45 como sugestão, poderiam ser feitas reuniões com auxilio de profissionais capacitados (enfermeiros ligados à Saúde Mental, psicólogos e psiquiatras), onde o enfermeiro da Área de Oncologia pudesse falar sobre suas dificuldades na lida com o paciente e receber suporte para trabalhar com estes problemas. Por fim mais uma vez resalva a importância da Bioética no contexto. Neste sentido, falar em bioética pode significar falar de nosso cotidiano profissional. Executar os procedimentos de comunicação em oncologia A comunicação muda uma situação. Para melhor ou para pior. Indispensável para a sustentação ética do vínculo médico paciente num ciclo de atendimento, quando sua significação revela a crueldade de uma doença de mau prognóstico, pode provocar a conscientização que surgirão mudanças transitórias ou definitivas na qualidade de vida, incluindo ideias de aceleração em direção ao final da vida. A má noticia que pode afetar negativa e seriamente a visão do futuro fica pior se mal comunicada. Em oncologia, o protocolo SPIKES exemplifica a noção de utilidade de passos sequentes fundamentados em preparação, percepção, informação, conhecimento, atenção à emoção e cooperação. O Protocolo SPIKES S – Setting up: (Preparando-se para o encontro) treinar antes é uma boa estratégia. Apesar de a notícia ser triste, é importante manter a calma, pois as informações dadas podem ajudar o paciente a planejar seu futuro. Procure por um lugar calmo e que permita que a conversa seja particular. Mantenha um acompanhante com seu paciente, isso costuma deixá-lo mais seguro. Sente-se e procure não ter objetos entre você e seu paciente. Escute atentamente o que o paciente diz e mostre atenção e carinho. Bioética e Assistência Oncológica 46 P – Perception: (Percebendo o paciente) investigue o que o paciente já sabe do que está acontecendo. Procure usar perguntas abertas. I – Invitation: (Convidando para o diálogo) identifique até onde o paciente quer saber do que está acontecendo, se quer ser totalmente informado ou se prefere que um familiar tome as decisões por ele. Isso acontece! Se o paciente deixar claro que não quer saber detalhes, mantenha-se disponível para conversar no momento que ele quiser. K – Knowledge: (Transmitindo as informações) Introduções como “infelizmente não trago boas notícias” podem ser um bom começo. Use sempre palavras adequadas ao vocabulário do paciente. Use frases curtas e pergunte, com certa frequência, como o paciente está e o que está entendendo. Se o prognóstico for muito ruim, evite termos como “não há mais nada que possamos fazer”. Sempre deve existir um plano! E – Emotions: (Expressando emoções) aguarde a resposta emocional que pode vir, dê tempo ao paciente, ele pode chorar, ficar em silêncio, em choque. Bioética e Assistência Oncológica 47 O protocolo Spikes S Setting up Preparando-se para o encontro P Perception Percebendo o paciente I Invitation Convidando para o diálogo K Knowledge Transmitindo as informações E Emotions Expressando emoções S Strategy and Summary Resumindo e organizando estratégias FONTE: Diagn Tratamento. 2016;21(3):106-8. Bioética e Assistência Oncológica 48 Conclusão E aí? O que você achou? Essa unidade teve como objetivo evidenciar os conceitos e teorias sobre a bioética afim de proporcionar a reflexão através desses conceitos básicos da bioética, para que possam tomar decisões frente a conflitos éticos relativos a profissionais de enfermagem oncológica vivenciados em seu dia a dia. Foi abordado durante o decorrer deste Ebook diversos fatores que consolidam os conceitos básicos acerca dos direitos dos pacientes oncológicos. Bioética e Assistência Oncológica 49 BIBLIOGRAFIA Revista Brasileira de Cancerologia, 2001, 47(1): 25-32 TEALDI, J. C.. Discurso de abertura do II Congresso Mundial de Bioética. In: PESSINE, L. O desenvolvimento da Bioética na América Latina. O Mundo da Saúde, v. 19, n.2-3, p. 85, mar. 1995. Glossário: Sociedade isenta, na administração e orientação jurídica e filosófica, de vínculos com o pensamento religioso. Dilema, segundo Walter Sinnott-Armstrong, citado por Malagutti, ocorre quando valores morais antagônicos e mutuamente excludentes devem ser adotados na solução de problemas difíceis ou penosos. No dilema não existe resposta “certa” ou “errada”, são dois caminhos diferentes que podem ser adotados com argumentos baseados em diferentes princípios morais. BERLINGUER, G.; GARRAFA, V. Os prós e contras. In: ______. O mercado humano: estudo bioético da compra e venda de partes do corpo, Brasília, Ed. UnB, 1996. p. 127- 158. BAUMMAN, G. Implicações ético-legais no exercício da enfermagem. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Enfermagem, 1998. p. 121-125. Os profissionais de saúde que não executarem uma ação que possa salvar uma vida podem ser processados por omissão de socorro. Id. Bioética e Assistência Oncológica 50 Os prós e contras. In:______ O mercado humano: estudo bioético da compra e venda de partes do corpo. Brasília, Ed. UnB, 1996. p. 127-158. BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 1999. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 11. ed. São Paulo: Editora Ática, 1999. FORTES, Paulo A. C. Ètica e saúde: questões éticas, deontológicas e legais, tomada de decisões, autonomia e direitos do paciente, estudo de casos. São Paulo: EPU, 1998. FRANCISCONI, C. F.; GOLDIM, J. R.; LOPES, M. H. I. 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