Prévia do material em texto
RCC Carolina Ferreira -Definição: refere-se a qualquer lesão no olho, pode ser devida a trauma mecânico (contuso ou penetrante), agentes químicos ou radiação (ultravioleta ou ionizantes) -É uma das principais causas de cegueira unilateral, sendo as crianças e adultos jovens os + acometidos ESTEJA ATENTO AOS SINAIS DE GRAVIDADE NO TRAUMA OCULAR !!!! Hifema, equimose, dor intensa no olho, visão turva, abrasões da córnea, edema da córnea, hemorragias subconjuntivais, lacerações conjuntivais, hipópio e deslocamento de retina EPIDEMIOLOGIA -Em todo o mundo, há aproximadamente 1,6 milhão de cegos devido a lesões oculares, 2,3 milhões c/ deficiência visual bilateral e 19 milhões c/ perda da visão bilateral -Quase metade (48%) de todas as lesões oculares reportadas ocorrem em pessoas entre 18 e 45 anos de idade. Os homens estão em risco 4 vezes > de lesão ocular que as mulheres. Negros e hispânicos tem risco de 40% a 60% + elevado de lesão ocular em comparação a brancos e apresentam + que o dobro do risco de manter a visão comprometida devido a lesão ocular -A causa + frequente de perda do globo ocular entre 0 e 10 anos de idade é o trauma ocular, sendo que 58,04% ocorrem em ambientes domésticos e são preveníveis -Tanto em países desenvolvidos, como nos subdesenvolvidos, os traumas oculares por acidente de trânsito e por acidentes de trabalho prevalecem em adultos e adultos jovens, principalmente do sexo masculino. ETIOLOGIA - As lesões oculares + graves são causadas por objetos contundentes, pontiagudos grandes, pequenas partículas no ar ou queimaduras -De acordo c/ o banco de dados do US Eye Injury Registry, quase metade (42%) das lesões oculares ocorrem em casa, 19% no trabalho, 16% são resultado de traumas ocorridos na rua ou estrada e 13% são resultado de atividades esportivas ou recreativas -Os objetos contundentes são a causa + frequente de lesão(33%), enquanto os pontiagudos estão envolvidos em 27% dos casos e unhas de metal em 21% dos casos -Causas de abrasão na córnea: unha, garras de animais, pedações de papel ou papelão, aplicadores de maquiagem, ferramentas manuais ou corpo estranho alojado sob a pálpebra -Respingos químicos c/ substancias alcalinas como água sanitária ou ácido estão entre as emergências oftálmicas + urgentes -Lesões oculares em idosos: queda 23% dos casos nas pessoas c/ > 60 anos de idade e 2% daquelas c/ < 60 anos de idade -A taxa de lesões oculares graves relacionadas a veículos automotores bastante, pois o do uso do cinto de segurança por lei e os airbags ajudou nessa redução. Entretanto os próprios airbags podem causar lesões oculares as + comuns são: abrasão da córnea, laceração palpebral e hifema -Projeteis pequenos e rápidos como paintball ou arma de ar podem estar associados a lesões devastadoras -Fogos de artificio podem ser uma fonte significativa de lesões oculares -Agressões: podem ser contusas (socos, pedradas), perfurantes (faca), ou lesarem o sistema visual secundariamente através de lesão ou atrofia de nervo óptico (arma de fogo). FISIOPATOLOGIA -Lesões contusas: uma batida direta no olho causa uma lesão contusa, o que pode varias de um simples “olho roxo” até uma disrupção intraocular grave, incluindo ruptura do globo ocular. A lesão ocular depende do tamanho, dureza, velocidade e da força aplicada do objeto contuso diretamente no olho. Em olhos que já tenham passado por alguma cirurgia anterior a ferida representa um risco importante de ruptura. O traumatismo contuso pode resultar em lesões no osso ao redor dos olhos (fratura blow- out) e contusão na pálpebra. Essas lesões incluem hemorragia subconjutival, hifema, lesões na íris ou lente, hemorragia do vítreo, deslocamento ou ruptura da retina, ruptura coroidal ou do globo ocular. Hifema (sangue na câmara anterior do olho) ocorre devido ao traumatismo contuso intraocular grave. O pico de incidência ocorre entre os 10-20 anos de idade e essas lesões são 5 vezes + comuns em homens do que mulheres. Em 20% dos casos o hifema ocupa menos de 1/3 da câmera anterior e em <10%dos casos ele ocupa toda a câmara. As lesões oculares frequentemente associadas incluem disrupção das RCC Carolina Ferreira estruturas angulares, catarata e lesões do segmento posterior. Pode ocorrer ressangramento nos primeiros 5 dias -Lesões oculares abertas: ocorre quando é um defeito da espessura total na integridade da parede ocular(córnea ou esclera). A ruptura ocorre na sequência de uma lesão contusa e tende a ocorrer no local de > fraqueza estrutural (limbo, atras da inserção dos músculos retas, na cabeça do nervo óptico ou em locais de cirurgia previa). A laceração ocorre devido a um objeto pontiagudo, podendo ser penetrantes (ferida de entrada, mas sem saída) ou perfurante (ferida de entrada e saída). Os sinais de lesão ocular aberta incluem 360° de quemose hemorrágica, pupila de pico devido à conexão da íris c/ a ferida, uma câmara anterior rasa ou pressão intraocular + baixa. Materiais estéreis ñ tóxicos e inerte (plástico e vidro) são bem tolerados dentro do olho. Entretanto, partículas de metal são magnéticas e podem conter ferro o que oxida e estabelece uma reação inflamatória dentro do olho (siderose). Matérias vegetais podem causar ceratite bacteriana ou fúngica. Uma ferida + profunda pode penetrar a capsula do cristalino e resulta na formação da catarata nos dias ou semanas subsequentes. Os corpos estranhos que entram no segmento posterior podem permanecer suspensos no vítreo ou podem atingir a retina causando sangramento ou laceração na retina. A penetração completa do olho é rara, mas pode ocorrer em lesões de alta velocidade como ferimentos por arma de fogo. -Queimaduras: os respingos químicos podem afetar a superfície ocular e o segmento anterior e podem varias em gravidade de irritação leve a opacificação corneana, perda visão e até mesmo a perda do olho. Os álcalis penetram no olho + que os ácidos e podem causar lesões graves. O íon hidroxila de uma solução alcalina causa saponificação dos ácidos graxos dentro da membrana celular o que resulta em ruptura da célula epitelial e morte, isso facilita a penetração adicional do agente químico. As lesões por acido tendem a ser menos graves porque eles causam desnaturação de proteínas e precipitação, assim o agente desencadeante fica confinado na superfície ocular e o dano é limitado. As queimaduras por radiação ultravioleta(sondagem sem proteção, exposição excessiva a luz solar e exposição em cabines de bronzeamento) causam lesão ocular CLASSIFICAÇÃO -Definições de termos de trauma ocular: • Lesão na parede do olho: na córnea ou na esclera • Lesão oculares fechadas: a parede do olho ñ tem nenhuma ferida c/ espessura completa • Lesão ocular aberta: ferida c/ espessura completa da parede do olho • Ruptura: ferida c/ espessura completa da parede do olho causada por um objeto contuso • Laceração: ferida c/ espessura completa da parede do olho, causada por um objeto pontiagudo • Lesão penetrante: laceração simples da parede do olho(entrada), causada por um objeto pontiagudo • Lesão por corpo estranho intraocular(CEIO): objeto estranho retido, tipo de lesão penetrante • Lesão perfurante: lesão de entrada e saída na parede do olho, causada por um objeto pontiagudo ou projétil -De acordo c/ a integridade do globoocular: → Trauma fechado: a córnea e a esclera ñ são violadas por completo, as contusões resultam de traumatismo contuso sem uma ferida aberta na parede do olho. As lacerações lamelares são feridas c/ espessura parcial da córnea ou esclera. É o + comum. Pode gerar desde um simples arranhão na córnea até o descolamento de retina, o desencadeamento de uma catarata precoce ou o glaucoma,dependendo da gravidade → Trauma aberto ou perfurante: definidas pela ferida c/ espessura completa da parede do olho, as rupturas dos globos oculares são causadas por um traumatismo contuso. As lacerações são por objetos pontiagudos. As lesões penetrantes tem a presença de uma ferida de entrada. As lesões perfurantes tem a presença de uma ferida de entrada e saída. As CEIOs são lesões penetrante, mas são agrupadas separadamente devido a sua clínica. Consiste no corte ou perfuração do globo ocular por algum corpo estranho. NUNCA FAÇA CURATIVO OCLUSIVO NO TRAUMA ABERTO ACOMETIMENTO DE ESTRUTURAS OCULARES NO TRAUMA -A anatomia do globo ocular, em relação a lesões que acometem estruturas localizadas à frente ou atrás da ora serrata, pode ser dividida em segmento anterior e posterior -A perfuração no segmento anterior do olho pode ser devida à perda de continuidade da córnea e/ou da esclera e, nestes casos, o olho encontra-se c/ perda total da tonicidade. RCC Carolina Ferreira -É importante alertar que Ñ se deve apalpar um olho c/ suspeita de perfuração p/ checar a sua tonicidade pois isto pode levar a extrusão dos tecidos intra-oculares c/ perda da viabilidade do olho. O diagnóstico de perfuração ocular é feito pelo oftalmologista que, através do uso da lâmpada de fenda e c/ treinamento especial, checa a presença da perfuração. -Enquanto ñ é examinado pelo oftalmologista, o paciente deve ser colocado em repouso absoluto, c/ oclusão do olho c/ tampão rígido (que pode ser improvisado através de cartolina ou papel c/ rigidez suficiente que promova proteção na forma de concha), principalmente no caso de crianças que tendem a colocar a mão no olho. O paciente deve ser colocado em jejum p/ possível realização de cirurgia e pode-se prescrever antibioticoterapia sistêmica intravenosa de amplo espectro. Quando suturamos tecidos oculares devemos ter o cuidado de preservar ao máximo os tecidos, a anatomia e a transparência dos meios, os quais serão fundamentais na reabilitação da visão. Em algumas suturas podemos aplicar tecido adesivo (cola de cianoacrilato), evitando-se a tração ou colocação excessiva de pontos. -Se houver herniação de íris, esta deve ser mantida intacta p/ que o oftalmologista avalie sua vitalidade e resolva pela exérese ou reposicionamento. -Deve-se orientar a quem faz o 1º atendimento em prontos-socorros gerais que a região periocular ñ deve ser limpa, pois pressão sobre as pálpebras pode promover extrusão dos tecidos. Além disso, a íris pode ser confundida c/ “sujeira”, “terra” ou corpo estranho e ser retirada c/ a “limpeza”. Corpos estranhos no segmento anterior podem estar na superfície, penetrando parcialmente ou já estarem localizados dentro do olho. -Nenhum corpo estranho deve ser retirado sem a avaliação prévia do oftalmologista, pois sua simples retirada pode levar ao vazamento do globo. -As perfurações oculares do segmento posterior podem ou ñ (tamponamento pelo vítreo) levar à perda da tonicidade e nem sempre são facilmente observadas. Nestes casos, são sinais de perfuração ocular oculta: • alteração da profundidade da câmara anterior do olho (assimétrica em relação ao olho contralateral); • o desvio pupilar (corectopia); • a quemose hemorrágica volumosa (tecido intra-ocular sob a hemorragia) -Outra forma de trauma ocular é a queimadura que ocorre sempre que o olho é exposto a variações significativas de temperatura, pH ou de energia radiante. Podem ser divididas em palpebrais, conjuntivais e corneanas, sendo todas de alto potencial de gravidade pois podem comprometer o piscar (retração palpebral), assim como a vitalidade das células da superfície ocular (células germinativas ou tronco da área lombar). As queimaduras químicas são de > morbidade, principalmente aquelas envolvendo álcalis, pois estes causam um processo de saponificação c/ amolecimento e necrose da córnea c/ morte tecidual. O paciente que sofre uma queimadura ocular química deve ser imediatamente submetido à lavagem copiosa do olho c/ água ou, idealmente, soro fisiológico. O tratamento especializado envolve uso de antibióticos e de corticosteróides, controle do glaucoma (invasão do químico na câmara RCC Carolina Ferreira anterior do olho) e da necrose. O olho queimado em uma fase crônica pode vir a necessitar de várias intervenções cirúrgicas tendo um prognóstico visual bastante reservado. Uma destas intervenções pode requerer doação de células germinativas do olho contralateral (em queimadura unilateral), ou de um parente HLA compatível. Pode-se também utilizar membrana amniótica na reconstrução da superfície ocular cicatrizada. -Já as queimaduras podem se originar de exposição a: • Substâncias ácidas: neste tipo de queimadura forma-se uma barreira de tecido necrótico, fazendo c/ que a substância penetre menos e, assim, ñ cause uma lesão tão abrangente • Substâncias alcalinas: ñ formam a barreira protetora e, por isso, penetram rapidamente causando > dano ocular • Radiação UV: liberada por solda elétrica ou curto-circuito, geralmente causa uma ceratite (inflamação corneana) superficial 6 a 12 horas após a exposição. • Temperaturas elevadas: cursa geralmente c/ ectrópio ou retração palpebral. -O trauma contuso pode causar uma hemorragia na câmara anterior do olho a qual denominamos de hifema. C/ a ação da gravidade, este sangue tende a depositar-se e formar um nível líquido. A altura deste nível líquido é que fornece a classificação da severidade do hifema. Sangramentos também podem ocorrer na cavidade vítrea ou até mesmo na retina. O sangramento intra-ocular pode causar uma obstrução do trabeculado, levando a um da pressão intra-ocular (Pio). -Se ñ houver controle clínico da pressão, há necessidade de se intervir cirurgicamente c/ a retirada (lavagem) do sangue da câmara anterior do olho, ou através da vitrectomia (retirada do vítreo c/ sangue que é substituído, dependendo da quantidade retirada, c/ solução balanceada, gás ou óleo de silicone). É importante lembrar que pacientes que sofreram trauma podem, a longo prazo, desenvolver glaucoma secundário à fibrose do trabeculado. Portanto, estes pacientes por um longo período devem ter seus olhos checados periodicamente através de exame oftalmológico p/ certificar que ñ está ocorrendo da Pio. -Apesar de ser um acontecimento bastante raro, devemos ter o conhecimento de que sempre que o olho sofrer uma perfuração e, principalmente, se houver acometimento do pólo posterior, existe a possibilidade de desenvolver-se uma oftalmia simpática. A oftalmia simpática ocorre devido à sensibilização pelo organismo de material antigênico uveal que, uma vez reconhecido pelo sistema imune pode, através do desenvolvimento de anticorpos, desencadear uma uveíte (inflamação) auto-imune no olho perfurado e no contralateral ileso. Estas uveítes são, em geral, de difícil controle e podem ter um prognóstico visual reservado. Ainda quanto aos traumas contusos, pode ocorrer rompimento ou deslocamento do cristalino. O cristalino rompido causa intensa reação inflamatória e deve ser extraído. -O cristalino deslocado, , pode causar glaucoma, se alterar estruturas do segmento anterior do olho ou levar à baixa de visão, se alcançar área do polo posterior. No trauma contuso também podem ocorrer roturas de retina e consequente descolamento, situação bastante grave c/ baixo prognóstico quanto à recuperação visual. O comprometimento da órbita em um trauma em função de sua situação anatômica pode ocorrer tanto em traumas faciais como cranianos. Nestas fraturas, o olho pode ser comprometido devido a compressão, inclusive do nervo óptico, que pode levar à perda visual, ou através de espículasósseas. -Uma fratura do assoalho da órbita devido ao da pressão intra-orbitária (“blowout”). Neste caso, um trauma severo c/ agente contundente, rombo (por exemplo, um soco no olho) RCC Carolina Ferreira desloca o conteúdo orbitário p/ trás. Como a órbita tem um formato cônico, não há espaço e ocorre uma pressão em direção inferior, rompendo o assoalho. Uma vez fraturado, o assoalho permite a penetração do conteúdo intra-orbitário (gordura e até mesmo estruturas oculares), p/ o seio maxilar. C/ isso, o olho apresenta um enoftalmo (fica + internamente na órbita), e, algumas vezes, sem capacidade de movimento superior, pois o reto inferior pode apresentar- se retido nos fragmentos fraturados do assoalho. A correção da fratura “blowout” é cirúrgica e sua indicação fica na dependência da gravidade e sintomas apresentados pelo paciente. -Traumas cranianos podem repercutir no olho através do desenvolvimento de paralisias faciais (lesão do VII nervo com exposição ocular), de sensibilidade corneana c/ desenvolvimento de ceratite neurotrófica (lesão de V par), visão dupla devido à paralisia da musculatura extrínseca ocular (lesão de II, III, IV e VI pares cranianos), lesão direta sobre o nervo óptico, por hipertensão intracraniana, entre outros. -A mordedura de cachorro que tem frequentemente como alvo a cabeça, pode acometer as pálpebras, danificar a via lacrimal, mas raramente acomete o olho propriamente dito Ñ se deve esquecer da síndrome da criança espancada ou chacoalhada (shaking baby syndrome), na qual o olho pode apresentar sinais de hemorragia em conjuntiva, câmara anterior e retina. Algumas vezes, estas crianças ñ apresentam sinais externos de abuso, mas quando submetidas a exame de retina têm sinais clássicos de trauma severo AVALIAÇÃO DO TRAUMA OCULAR -No trauma envolvendo criança, deve-se ouvir separadamente a versão da criança e do adulto responsável ou daquele que presenciou o trauma e então comparar as versões -O paciente traumatizado, mesmo que esteja aparentemente apenas c/ comprometimento do olho, deve ser examinado pelo clínico geral e/ou neurologista p/ afastar outros acometimentos que possam colocar a vida do paciente em risco. -A seguir, e o + rápido possível, o exame especializado oftalmológico deve ser realizado, pois hemorragias, edemas, etc., levam à perda da visibilidade das estruturas oculares, comprometendo a avaliação. -Quando há suspeita de perfuração ocular, deve-se sempre manipular c/ cuidado tanto o olho como o paciente, abrindo c/ cuidado os olhos e mantendo o paciente em repouso. Deve-se ter um cuidado especial em indicar RM quando há suspeita de corpo estranho intra- ocular metálico, pois a vibração do corpo estranho pela ressonância pode acarretar > dano ao olho. -O paciente deve ser questionado quanto à vacinação contra o tétano, e antibioticoterapia profilática apropriada p/ a situação deve ser indicada. HISTÓRA E EXAME FÍSICO -Os sinais de uma lesão grave podem incluir hemorragia subconjutival significativa, pupilas irregulares, redução da visão, inchaço significativo, dor ou incapacidade de mover o olho ou cefaleia intensa. -Fatores de risco: faixa etária 18-45 anos, sexo masculino, ausência de protetor ocular, lesões ocupacionais, fogos de artificio e exposição excessiva à luz ultravioleta -Sintamos + comuns: dor, redução da visão, inchaço ao redor do olho e sangramento -É preciso saber: se há lesão em outros órgãos; se houve perda da consciência, história de cirurgia prévia do olho, estado de profilaxia do tétano e possível contaminação da ferida -Exame oftalmológico básico: começa pelo exame da face, área orbital e pálpebras e terminando c/ exame ocular completo. Devem ser avaliados os seguintes aspectos: pálpebras, face, globo ocular, borda orbital quanto à presença de lesão; visão de ambos os olhos usando um gráfico de acuidade visual; visão periférica; reatividade da pupila à luz e presença de um defeito pupilar aferente; movimentos extraoculares e campos visuais confrontacionais. Assim que o diagnóstico de lesão ocular aberta é feito o exame deve ser interrompido e o olho deve ser coberto por um escudo protetor. A avaliação completa e o reparo devem ser feitos por um oftalmologista em uma sala de cirurgia -Testes oculares: devem ser realizados em todos os pacientes e serão usados dependendo do tipo do trauma RCC Carolina Ferreira 1. Exame c/ lâmpada de fenda: os olhos devem ser examinados quanto a possíveis lacerações palpebrais; lacerações superficiais ou da espessura total da córnea e esclera e presença de corpos estranhos. Uma pupila irregular ou de pico pode ser sinal de lesão ocular aberta. A presença de hifema indica que o olho sofreu um lesão significativa e deve ser realizado um exame físico detalhado nos segmentos posterior e anterior 2. Teste de Seidel: realizado pela aplicação de uma tira de fluoresceína umedecida diretamente na córnea e observação dos efeitos sob exame c/ lâmpada de fenda. Uma visualização de corante diluído sob luz azul( teste positivo) sugere lesão ocular aberta. Na presença de abrasão da córnea, a área sem epitélio incorporará a coloração por fluoresceína mas ñ será observada diluição pelo humor aquoso 3. Oftalmoscopia: pode ser realizada após um trauma ocular p/ identificar possível dano do segmento posterior, como hemorragia no vítreo, lacerações na retina, commotio retinae, deslocamento de retina, ruptura de coroide, ruptura posterior e CEIO 4. Gonioscopia: é útil p/ detectar lesões nas estruturas de drenagem do olho, como recessão de ângulo, pode descartar a presença de corpo estranho no ângulo em casos suspeitos. Ñ deve ser realizada na presença de lesões oculares abertas 5. Tonometria: determina a pressão intraocular pelo registro da resistência da córnea, é contraindicada quando há suspeita de infecção externa ou falta de integridade do globo ocular -Exames de imagem: Rx simples (indicado p/ trauma contuso c/ suspeitas de fraturas da parede orbital e corpos estranhos intraoculares) + US modo B (avalia o globo ocular e seu conteúdo, indicada p/ localizar corpos estranhos) + biomicroscopia ultrassônica (indicada p/ avaliar os corpos estranhos localizados anteriormente, p/ lesões do ângulo e posição do cristalino) + RM de crânio (avalia trauma orbital e lesões cranianas) + tomografia de coerência óptica (patologias maculares resultantes de trauma) + exame de traço falciforme + exame de urina p/ detecção de drogas ABORDAGEM PASSO A PASSO DO TRATAMENTO -O tratamento conservador p/ as abrasões da córnea levarão a cura dentro de 48-72 horas. Se ñ houber sinal de melhora dentro desse período recomenda-se o encaminhamento p/ um especialista. -Exposição à luz UV: após a exposição a cura ocorre geralmente dentro de 24 horas c/ tratamento conservador(pomada antibiótica de uso tópico) -Respingos químicos: devem ser tratados c/ irrigação imediata do olho c/ água e/ou solução salina isotônica até que o pH retorne a aproximadamente 7, medido por papel de pH 10 min após a interrupção da irrigação. A irrigação leva geralmente pelo menos 115 min mas pode levar até horas. Após esse processo deve ser feita a consulta oftalmológica. Antibióticos tópicos podem ser usados por 5-7 dias -Olho roxo(equimose): gelo + analgésicos(deve-se evitar aspirina pois pode predispor a sangramento)+ descanso + proteção da área lesionada c/ tapa-olho -Abrasões menores: quando afetam somente a superfície do olho e ñ está presente corpo estranho é feito um curto tratamento c/ antibiótico tópico. As vezes o tamponamento do olho pode ser usado -Lacerações palpebrais: a ferida deve ser limpa c/ o mínimo desbridamento e suturada. O pct deve ser encaminhado p/ um especialistaquando a margem da pálpebra estive envolvida. -Hifema: proteção ocular + restrição de atividades físicas + pcts aconselhados a elevação da cabeceira da cama + corticosteroides tópicos + colírios cicloplégicos + terapia antifibrinolítica (somente deve ser usada em pcts c/ baixo risco de complicações trombóticas) + antieméticos (usado em pcts c/ náusea ou vomito afim de evitar súbito na pressão intraocular causada pela emese). A > parte dos hifemas absorve espontanemamente dentro de 2-6 dias. O tratamento cirúrgico é indicado quando o hifema é complicado por impregnação de sangue na córnea e quando a PIO elevada ameaçar o nervo óptico -Abrasão da córnea c/ corpo estranho superficial: antibiótico tópico+ cicloplégico tópico + profilaxia de tétano + analgesia + remoção do corpo estranho -Lesão ocular aberta: encaminhar p/ um especialista + antibiocoterapia sistêmica + cirurgia + profilaxia de tétano + analgesia + antieméticos -Erosoes recorrentes da córnea: antibiótico tópico + lagrimas artificiais ou agentes hiperosmotico tópico + cicloplegico tópico + analgesia + micropunções estromais ou ceratectomia fototerapêutica PREVENÇÃO -As lesões oculares são evitáveis c/ o uso de protetores oculares apropriados, as pessoas em situações que representam > risco deve ser aconselhadas a usar esses protetores -A utilização dos cintos de segurança RCC Carolina Ferreira -A prevenção de queda em pacientes c/ > 65 anos, através da melhora da segurança do ambiente doméstico e do tratamento adequado de qualquer problema médico subjacente pode ajudar na redução do nº de lesões oculares PROGNÓSTICO -Prognóstico visual: na criança é pior do que no adulto, pois a criança tem > tendência à atrofia ocular devido a: ▪ reações inflamatórias intensas, principalmente quando o ferimento é perfurante; ▪ desenvolvimento de ambliopia (“olho preguiçoso” ou falta de maturação visual no córtex cerebral), nas crianças < de 6 anos que ñ alcançaram desenvolvimento e maturação visual completa. COMPLICAÇÕES -São: endoftalmite pós-traumática; fratura orbital; oftalmia simpática; corpos estranhos intraoculares retidos; cicatrização; recessão angular; pressão intraocular elevada; deslocamento de retina; sinequias; doença de Purtscher; conjuntivalização do epitélio da córnea; neovascularização da coroide