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Introdução O hipotálamo controla a secreção dos hormônios da hipófise anterior, sendo um controle estimulatório ou inibitório. Já a hipófise posterior apenas armazena os hormônios produzidos no hipotálamo. O controle da secreção dos hormônios da hipófise anterior se dá pela liberação de hormônios hipotalâmicos que alcançam a hipófise por meio da haste hipofisária. Se ocorrer compressão dessa haste, todos os hormônios da hipófise anterior aumentariam sua secreção, com exceção da prolactina que é inibida por hormônios hipotalâmicos. Os tumores hipofisários correspondem a 10-15% dos tumores intracranianos, porém uma grande parte da população tumores assintomáticos que quando encontrados em exames de imagem são chamados de incidentalomas hipofisários. Esses tumores podem ser funcionante ou não, com tamanho variável e muito raramente malignos. • Microadenoma < 1 cm • Macroadenoma > 1 cm • Adenoma gigante > 4 cm Os hormônios da hipófise anterior resumidos: ➔ PRL → atua nas células mamárias para produção de leite ➔ GH → estimulação no fígado de IGF1 ➔ THS → estimulação de hormônios tireoidianos ➔ LH e FSH → estimulação das gônadas ➔ ACTH → estimulação do córtex adrenal Dentre os tumores funcionantes temos: • Adenomas secretores de prolactina (prolactinoma) → 40-50% dos casos • Adenoma secretores de GH (somatotropinomas)→ 20% dos casos • Adenomas secretores de ACTH (corticotropinomas) → 15-20% dos casos • Adenoma secretor de TSH (tirotropinomas) → 1- 3% dos casos • Adenoma clinicamente não funcionante (ACNF) → 20-30% dos casos Prolactinomas Tumores mais frequentes da hipófise e é um tumor presente nas células lactotróficas da hipófise anterior (secretoras de PRL). Tem uma prevalência pelo sexo feminino em crianças e adultos jovens e em ambos os sexos em adultos > 50 anos. O diagnóstico desse tipo de tumor está muito relacionado com a presença de hiperprolactinemia, sendo importante entender esse processo e realizar diagnóstico diferencial com outras possíveis patologias Hiperprolactinemia Definição: aumento do nível sérico de prolactina, além do limite da normalidade. Pode ocorrer por causas fisiológicas, farmacológicas ou patológicas. Um dos principais sintomas dessa hiperprolactinemia é o hipogonadismo hipogonadotrofico, gerando amenorreia secundária. Fisiologia da Prolactina: A prolactina é secretada pelas células lactotróficas da hipófise anterior (ocorre produção extra-hipofisária como ovários, glândulas mamárias.. mas em menor porte) Função da prolactina: propiciar a lactação após o parto e durante a gravidez, juntamente com o estrógeno promover o desenvolvimento mamário. A secreção de prolactina obedece a um ritmo circadiano, com níveis mais altos durante o sono e menores durante a vigília. O hipotálamo exerce influência inibitória sobre a secreção de prolactina, por meio do hormônio Dopamina, que se liga ao receptor D2 das células lactotróficas e fazendo uma regulação negativa sobre a expressão do gene da prolactina e diminuindo a proliferação dessas células. (Outros fatores inibitórios são: somatostatina e GABA) Alguns hormônios tem ação contrária a da dopamina, promovendo a secreção da prolactina, como TRH, opioides, ocitocina, serotonina, vasopressina, VIP e estrogênio. Hipogonadismo gonadotrófico: A Kisspeptina aumento a secreção de prolactina por meio da inibição dos neurônios dopaminérgicos tuberoinfundibulares (hipotálamo). O aumento da PRL acaba inibindo a produção de Kisspeptina no núcleo arqueado (hipotálamo) e consequentemente a liberação de GnRh, que impede a liberação de FSH e LH e promove o hipogonadismo hipogonadotrofico, observado na hiperprolactinemia. Importante: Definição de Macroprolactinemia A prolactina pode ser encontrada no sangue em duas formas: A forma de baixo peso molecular ou chamada de prolactina monomérica, representando a principal forma circulante de todos os indivíduos com prolactinoma. Já a prolactina big ou macroprolactina é composta pelo complexo com IgG, que por estar ligada a imunoglobulina não tem ação funcionante. Quando mais de 60% da PRL circulante é a macroprolactina chamamos isso de Macroprolactinemia. Etiologia da Hiperprolactinemia • Causas fisiológicas As principais causas fisiológicas que levam ao aumento de prolactina são gravidez e lactação (valores > 450 ng/ml no último trimestre) (sempre pedir B-HCG em toda mulher em idade fértil). Outras causas como estresse (de qualquer natureza), atividade física, ovulação, estímulo mamilar, sono, coito podem levar a aumentos dos níveis de PRL. Aumentos discretos entre 60-100 ng/ml podem ser causados pelo estresse da punção venosa ou mesmo por estimulação mamária. • Causas farmacológicas O uso de medicamentos pode promover o aumento dos níveis de prolactina. Os antipsicóticos clássicos como butifenonas e fenotiazinas, antipsicóticos atípicos como Risperidona, paliperidona e amissulprida, antieméticos, como domperidona, metoclopramida são os mais frequentes envolvidos nesse aumento sérico. ➔ Antipsicóticos – bloqueio do receptor D2 e estimulação do receptor seratoninérgico. Típicos: Haloperidol, clorpromazina, tioridazina, tiotixeno e flupentixol Atípicos: Risperidona, paliperidona, molindona, amissulprida, quetiapina, olanzapina, aripiprazol. ➔ Antidepressivos – estímulo das vias seratoninérgicas Triciclicos: clomipriamina, amozapina, amitriptilina SSRI: fluoxetina, paroxetina, citalopram, escitalopram, sertralina SNRI: venlafaxina, duloxetina e reboxetina IMAO: clorgilina, pargilina ➔ Antieméticos – bloqueio do receptor D2 – domperidona, metoclopramida e bromoprida ➔ Antihipertensivos – metildopa e verapamil ➔ Estrogenoterapia ➔ Drogas como cocaína e maconha • Causas patológicas As causas patológicas envolvem doenças hipotalâmico-hipofisárias, doenças sistêmicas, neurogênicas, crise convulsiva, produção ectópica de PRL, Macroprolactinemia e hiperprolactinemia idiopática. ➔ Causas hipotalâmico-hipofisárias Prolactinomas – tumores secretores de prolactina (principal causa) Adenomas hipofisários mistos - podem produzir PRL e GH, ou PRl TSH ou PRL e ACTH. Adenomas clinicamente não funcionantes/ craniofaringioma – podem promover compressão da haste hipofisária. ➔ Doenças sistêmicas Hipotireoidismo primário – a menor produção de hormônios tireoidianos aumenta o nível de TSH que estimula a produção de prolactina → sempre dosar THS e T4l Insuficiência adrenal primária – os glicocorticoides suprimem a expressão da PRL, quando em menor quantidade podem existir aumento da prl Insuficiência renal crônica e Cirrose – aumento dos níveis de PRL pela deficiência na depuração e metabolização do hormônio. ➔ Hiperprolactinemia neurogênica Lesões traumáticas da parede torácica (mastectomia, mamoplastia e toracotomia) ou lesões irritativas (herpes zoster, queimadura ou piercing nos mamilos) e doenças dos cordão medular (ependimoma, tabes dorsalis) podem estimular a via aferente neural que passa pela medula espinhal e interfere na transmissão de dopamina – mesmo que ocorre na estimulação mamária e na amamentação ➔ Macroprolactinemia Pode apenas ser um achado nos exames, uma vez que a maioria dos pacientes é assintomático, sendo um achado comum que não requer tratamento. Para definir a Macroprolactinemia o padrão ouro é a cromatografia de gel de filtração, mas o teste mais utilizado é a precipitação com polietilenoglicol (PEG), em que mais de 60% de macroprolactina é considerado Macroprolactinemia. ➔ Hiperprolactinemia idiopática – deve ser considerado um diagnóstico de exclusão Quadro clínico dos pacientes com Hiperprolactinemia • Galactorreia - é a manifestação mais característica dahiperprolactinemia (mas não é a mais comum), pode ser espontâneo, intermitente ou apenas ao estímulo mamilar; Muitas mulheres podem ter galactorreia idiopática não relacionado com níveis de PRL. • Hipogonadismo secundário – o hipogonadismo hipogonadotrofico pode gerar algumas alterações, em ambos os sexos pode ocorrer osteoporose e osteopenia. Mulher → oligomenorreia, infertilidade, diminuição da lubrificação vaginal Homem → perda da libido, disfunção sexual, oligoespermia e ginecomastia. • Acne e hirsutismo – aumento da testosterona livre devido a diminuição da globulina ligadora dos hormônios sexuais, além do aumento da produção de DHEAS. Homem Mulher Galactorreia Galactorreia Ginecomastia Amenorreia Disfunção erétil Oligomenorreia Infertilidade Infertilidade Diminuição da libido Diminuição da libido Ganho de peso Ganho de peso Osteoporose Osteoporose Cefaleia Acne/hirsutismo. Disturbios visuais Cefaleia e distúrbios visuais Avaliação diagnóstica A avaliação deve ocorrer em mulheres com galactorreia, infertilidade ou distúrbios menstruais. Em homens com galactorreia, hipogonadismo secundário (testosterona baixa, LH e FSH baixos) Valores de referência de PRL 20-30 Primeiro passo da avaliação diagnóstica é descartar possíveis causas fisiológicas e farmacológicas de hiperprolactinemia. Pedir B-HCG, questionar estimulação mamária, uso de medicamentos, atividade física antes da retirada sanguínea. Importante pedir também exame da função tireoidiana e da função renal. Com um valor de PRL alterado em um exame é necessário repetir para comprovar a elevação. Com a PRL alterada faz-se necessário pedir uma RM de hipófise para determinar alguns achados: • Macroprolactinoma 200-1000ng/ml • Microprolactinoma 100-250 ng/ml • ACNF 25-100 ng/ml • Induzida por medicamentos 25-100 ng/ml • Hipotireoidismo primária 25-100 ng/ml • Macroprolactinemia 25-100ng/ml Alguns achados podem ser falseados na dosagem da prolactina: Em pacientes muito sintomáticos e com manifestações clínicas indicativas de prolactinoma que os níveis de PRL encontram-se na normalidade → efeito gancho proporcionado pela grande quantidade de Antígeno (PRL) impedindo a ligação do complexo antígeno-anticorpo com o anticorpo sinalizador. Isso pode ser desmascarado pela diluição da amostra. Rastreio de Macroprolactinemia em pacientes assintomáticos com níveis elevados de PRL. Tratamento dos Prolactinomas As opções de tratamento dos prolactinomas são terapia com agonistas dopaminérgicos (DA), Cirurgia e radioterapia. Os objetivos do tratamento incluem: • Controle da secreção hormonal excessiva e suas consequências clínicas (infertilidade, disfunção sexual ou osteoporose). • Remoção de tumores e alívio de qualquer sintoma na visão e na função do nervo craniano. • Preservação da função hipofisária residual • Prevenção da recorrência e da progressão da doença Importante que microprolactinomas quando pacientes são assintomáticos não tem indicação de tratamento, uma vez que não tendem ao crescimento. Para tratamento é necessário a presença de uma das seguintes queixas como amenorreia, disfunção sexual, galactorreia, infertilidade, disfunção erétil, osteoporose prematura. Já em macroprolactinoma, a menos que tenha contraindicações especificas, todos os pacientes devem ser tratados e a primeira escolha é o tratamento medicamentoso, mesmo em casos de adenoma gigante. 1) Cirurgia – A abordagem é transesfenoidal e a taxa de sucesso está relacionada com a experiência do cirurgião. O objetivo da cirurgia muitas vezes é a retirada parcial (debulking) do tumor para melhora dos sintomas relacionados ao efeito de massa. Indicações para cirurgia em prolactinomas • Aumento do tamanho do tumor, a despeito do tratamento medicamentoso utilizado • Apoplexia hipofisária • Intolerância aos agonistas dopaminérgicos • Resistência aos agonistas dopaminérgicos • Compressão persistente do quiasma óptico • Fístula liquórica (rinoliquorreia) durante administração de agonistas dopaminérgicos • Contraindicações aos DA 2) Radioterapia A principal indicação é a reisitencia ao DA, resposta insuficiente ou cantraindicação do DA e a cirurgia, bem como a tendência comprovada de crescimento do tumor. Pode ocorrer hipopituitarismo induzido por radiação 3) Terapia com DA Primeira linha de tratamento para microprolactinomas e macroprolactinomas, as duas principais drogas são a bromocriptina e a cabergolina. Seu mecanismo de ação é relacionado com atuação no receptor D2 das células lactotróficas inibindo a adenilatociclase com consequente redução da síntese e secreção da PRL, além de induzir a apoptose dos lactotrofos tumorais (reduzindo o tamanho do tumor) • Bromocriptina – 2,5-10mg/dia- é a droga de segunda escolha pois a posologia é 2-3x/dia, além de ter uma eficácia menor em relação a cabergolina. A medicação normaliza os níveis de PRL, restaurando a função sexual e reduzindo a massa tumoral. Atenção: em gestantes a droga de escolha é a bromocriptina devido ao maior número de estudos na literatura. • Cabergolina –0,5-3mg/semana- é amplamente mais utilizado sendo mais seletivo para receptor D2. Pode ser administrada 1-2x/semana, tendo uma eficácia maior que a BCR, devido a uma maior responsividade do tumor a essa droga. Efeitos adversos: Gastrointestinais → vômitos e náuseas Cardiovasculares → hipotensão postural, tontura, sincope, em pacientes com altas doses de BCR pode ocorrer síndrome do vasoespasmo digital indolor causando branqueamento das extremidades ao frio. Neurológicos → cefaleia, sonolência, ocorrer mania, sinais e sintomas de psicose (principalmente com BRC) Atenção: uso prolongado de DA tem sido relacionado com a aumento do risco de regurgitação valvar, portanto pacientes que fazem uso prolongado devem ser submetidos a um ECOcardiograma. Retirada do DA: Após dois anos de tratamento com CAB a retirada deve ser fortemente considerada em pacientes sem tumor visível na RM ( <1cm), com presença de níveis de PRL < 10 sob uso de CAB < 0,5 mg/semana. Acromegalia É uma doença sistêmica crônica decorrente da produção excessiva do hormônio do crescimento (GH) e do fator de crescimento semelhante a insulina IGF- 1. Na maioria das vezes é causado por um adenoma secretor de GH (somatropinoma) Clinicamente é caracterizado pelo surgimento de ficções grosseiras e crescimento das extremidades, está associada a uma elevada morbimortalidade e redução da expectativa se vida devido as complicações sistêmicas. Aspectos fisiológicos do eixo somatotrófico A regulação ocorre por liberação do hipotálamo do Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH) que estimula a secreção do hormônio na hipófise anterior e pela Somatostatina (SST) que inibe essa secreção. O GHRH age em receptores acoplados a proteína G estimulatória, que eleva o AMP cíclico, promovendo o influxo de cálcio intracelular e estimulando a transcrição do gene do GH e sua secreção. Além disso a grelina (hormônio do sistema gastrointestinal) também estimula o GH Já a Somatostatina pode ligar-se a 5 subtipos de receptores de proteína G inibitória, dos quais o SSTR2 e SSTR5 são os mais expressos na hipófise. A secreção de GH é caracterizada por pulsos episódicos, intercalados com mínima secreção basal, determinado pelo sexo, idade, nutrientes , exercício e estresse. Níveis normais em geral estão em torno de 0,2 ug/l (na maior parte do dia, porém existem pulsos intermitentes a noite que podem chegar a 30ug/l) O GH age sobre receptores transmembranários expressos principalmentenos músculos, fígado e nas cartilagens. • Fígado = o GH estimula a geração do IGF-1, um hormônio produzido principalmente no fígado (80%) e no osso, músculo e rim. Ele exerce um importante papel na retroalimentação gerando um feedback negativo ao suprimir diretamente o somatotrofo e estimular liberação hipotalâmica de somatostatina. • IGF-1 = estimula a proliferação celular e inibe a apoptose. Promove o crescimento linear de vários órgãos. Circula no sangue por meio da proteína de ligação 2 do fator de crescimento IGFBP-3 que é GH dependente. • O GH tem efeito metabólico devido sua ação em carboidratos, lipídeos e proteínas. O GH pode promover resistência a insulina (aumento da produção hepática de glicose e menos captação pelos tecidos periféricos) → hiperinsulinemismo secundário, tolerância diminuída a glicose e diabetes Melitus Acromegalia é uma doença rara, porém é subdiagnosticada, pode ocorrer em qualquer idade, mais é mais comum entre 30-50 anos. O diagnóstico é feito em torno de 5-10 anos após o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas. Quando o aumento do GH ocorre antes do fechamento das epífises temos o gigantismo. Etiologia da acromegalia A maioria dos pacientes apresenta um adenoma hipofisário secretor de GH (somatropinoma), ele pode ser de células puras de GH ou misto como GH e PRL. Cerca de 80% são macroadenomas. • Excesso de GH Causas hipofisárias: Somatotropinomas são os mais comuns. Carcinomas somatotróficos são extremamente raros e seu diagnóstico é por meio de metástase a distância. • Condições genéticas e moleculares Neoplasias endócrinas múltiplas (MEN) tipo 1 e 4 – podem cursar com adenomas hipofisários, tumores pancreáticos e paratireoidianos. Sindrome de McCune Albright – acromegalia se associa a hiperostose, macrocefalia e assimetria facial • Causas extra-hipofisárias Adenomas hipofisários ectópicos (osso temporal petroso, cavidade nasofaringiana e região suprasselar) Tumores periféricos secretores de GH – fígado, pulmão, colón, estomago e cérebro. • Iatrogenia Administração exógena de GH em indivíduos com deficiência no hormônio • Excesso de GHRH Patologias como hamartomas, coristomas, gliomas.. Manifestações clínicas da acromegalia Acromegalia é um distúrbio insidioso com progressão gradual dos sintomas e sinais. Eles podem decorrer de algumas progressões da doença • Compressão do tumor adjacente → cefaleia, distúrbios visuais e hipopituitarismo, • Exposição prolongada e excessiva ao GH → aumento das mãos e dos pés, alterações cutâneas, modificações fisionômicas, manifestações musculoesqueléticas, como osteoartrite, síndrome do túnel do carpo, apneia do sono. • Complicações sistêmicas → complicações cardiovasculares, respiratórias, endócrinas, metabólicas e neoplásicas. Exposição prolongada ao GH ➔ Modificações fisionômicas – alargamento do nariz, aumento dos lábios, crescimento exagerado da mandíbula com prognatismo (separação dos dentes e má oclusão dentária), macroglossia, aumento dos arcos zigomáticos e fronte proeminente. → motivo da consulta em 10% dos casos ➔ Crescimento de extremidades → motivo em praticamente 100% das consultas ➔ Crescimento de partes moles ➔ Hiperidrose e pele oleosa (sinais precoces) ➔ Letargia ou fraqueza ➔ Ganho de peso ➔ Parestesia ➔ Papilomas ➔ Artralgias e Artropatia (70% das consultas) ➔ Bócio ➔ Hipertensão ➔ Cardiomegalia ➔ Nefrolitíase ➔ Apneia do sono ➔ Síndrome do túnel do carpo ➔ Alterações cutâneas: Acrocórdons – são importantes marcadores da existência de pólipos colônico adenomatosos. Fenômeno de Raynaud e acantose nigricans Distúrbios endócrinos: hiperinsulinemia, intolerância a glicose, diabetes Melitus, hiperprolactinemia, distúrbios menstruais, diminuição da libido, galactorreia, ginecomastia e insuficiência adrenal Manifestações da compressão do tumor: aumento da sela túrcica, cefaleia e déficit visual. Gigantismo: Ocorre antes do fechamento das placas epifisárias, porém só é vista em torno de 5% dos pacientes. O diagnóstico é feito por três desvios padrões acima da altura média para a idade ou mais de dois desvios padrões além da altura ajustada em relação aos pais. Podem ocorrer por mutações no AIP ou X-LAG em contextos familiares esporádicos. Complicações sistêmicas • Complicações cardiovasculares - Hipertrofia do ventrículo esquerdo (mais comum) -Anormalidades no ECG: arritmias, defeitos de condução, alterações na onda S e no segmento ST. -Miocardiopatia acromegálica → estado hiperdinâmico promove uma hipertrofia do VE concêntrica e disfunção diastólica por déficit no relaxamento, culminando com insuficiência cardíaca franca. -Hipertensão arterial sistêmica (retenção de sódio, resistência a insulina e expansão de volume) • Complicações respiratórias - Síndrome da apneia do sono → causada por obstrução das VAS -Roncos noturnos -Sono fragmentado -Insuficiência respiratória • Complicações endócrinas - Hiperprolactinemia (1/3 dos acromegálicos) -Bócio relacionado com nódulos tireoidianos • Complicações metabólicas - Hiperglicemia por induzir a resistência a insulina por meio da redução de transportadores de glicose GLUT 1 e GLUT4, além de estímulo a síntese de adipocinas. - Dislipidemias com padrão aterogênico -Hipercalcemia e hipercalciúria (ativação da 1alfa- hidroxilase pela GH que aumenta a absorção intestinal de cálcio) • Complicações reumatológicas - Artropatia (ombro, joelho, quadril) -Formação de osteófitos - Síndrome do túnel do carpo • Complicações neoplásicas Risco aumentado de câncer de cólon tireoide, em menor intensidade mama e próstata. Importante realizar a colonoscopia no momento do diagnóstico da acromegalia. Prognóstico: a hipersecreção de GH não controlada e de longa duração aumentam a taxa de mortalidade com redução de 5 a 10 anos na expectativa de vida. Diagnóstico da Acromegalia O diagnóstico de acromegalia sob suspeita clínica é feito com a dosagem basal do GH e IGF1 e é confirmado por valores indubitavelmente elevados dos dois hormônios, caso isso não ocorra dosa-se o GH durante o TOTG. • Dosagem de GH – um GH < 0,4 ug/l associado com um IGF-1 normal para a idade exclui o diagnóstico de acromegalia na ausência de fatores que influenciem nessa dosagem. • Dosagem do GH durante o TOTG – em pacientes cuja acromegalia não pode ser descartada com os valores de GH e IGF-1 pode se fazer as dosagens basais de GH e glicemia com a administração de 75g de glicose anidra. (Os valores são medidos a cada 30 min por duas horas). A confirmação é feita com nadir do GH > ou igual a 1ug/l, a exclusão com valores < 0,4ug/l. O pensamento do uso do TOTG é que em ambiente hiperglicêmico inibe o GH, porém a célula tumoral não é suprimido por esse efeito. Assim o Nadir (valor mais baixo encontrado) deve está acima de 1 ug/l. Falso-positivos = DM descompensada, doença renal, doença hepática, hipertireoidismo, anorexia nervosa, uso de opioides, desnutrição e adolescência. Falso negativos = são muito raros. • Dosagem de IGF-1 – os valores devem ser determinados pela idade e pela população estudada Falso- positivos = Puberdade, gravidez, hipertireoidismo, uso de suplementos proteicos, Valores diminuídos desse hormônio podem estar presente em desnutrição, anorexia nervosa, hipotireoidismo, DM descompensada, doença hepática crônica e terapia com estrógeno. • Dosagem de IGFBP3 – não recomendada • Dosagem de GHRH – indicado em casos de acromegalia com elevação de GH e/ou IGF-1 que a RM não mostre nenhum tumor na região hipotalâmica-hipofisária. Exames de imagem Uma RM com contrasteda hipófise deve ser realizado após o diagnóstico bioquímico, para avaliar o tamanho do tumor, a magnitude da eventual extensão extrasselar e a relação do tumor com o quiasma óptico. A maioria dos tumores são macroadenomas (diagnóstico tardio) Em 2% dos casos esse tumor pode estar fora da hipófise como nos brônquios que secreta GHRH. Diagnóstico diferencial O principal DD é com a paquidermoperiostose, clinicamente se assemelha com a acromegalia, mas cursa com níveis normais de GH e IGF-1 e sem evidência de tumor hipofisário ou extra-hipofisário. Sindrome genética rara caracterizada por derrame articular, associado a progressivo paquidermia, periostose e aumento de extremidades com baqueteamento digital. Pode apresentar facie leonina, sudorese excessiva e alterações do couro cabeludo como excesso de pele e dobras espessas. Tratamento da Acromegalia Os objetivos do tratamento da acromegalia envolvem: • Normalização dos níveis séricos de GH e IGF-1 • Diminuir a morbimortalidade da doença • Controlar a massa tumoral para preservar função hipofisária. Existem três modalidade terapêuticas da acromegalia: A cirurgia (tratamento de escolha), tratamento medicamentoso e radioterapia. 1) Cirurgia É o único tratamento da acromegalia com chance de cura imediata, é considerada primeira escolha na maioria dos casos. Uma outra vantagem é fornecer o histopatológico e molecular, o que pode caracterizar melho o tumor e promover tratamento adjuvante mais apropriado nos casos em que a cura não foi alcançada. A cirurgia é realizada por via transfenoidal, porém pode ser necessária abordagem transcraniana em tumores de grandes dimensões com volumosa expansão suprasselar. A chance de cura é significativa em macroadenomas e microadenomas sem invasão de estruturas vizinhas. Indicações: tratamento primário em todos os pacientes, exceto se: • Risco cirúrgico inaceitável • Recusa do paciente • Tumor quase que irressecável Cuidados perioperatórios – na presença de hipotireoidismo e/ou insuficiência adrenal central as deficiências hormonais devem ser corrigidas antes da cirurgia. Em caso de deficiência corticotrófica o glicocorticoide deve ser prescrito para cobertura do estresse cirúrgico. Complicações – DI transitório ou permanente, secreção inapropriada de ADH, sinusite, fistula liquórica, epistaxe, meningite, perda visual Importante manter o monitoramento do balanço hídrico por até 2 semanas pós-operatorio pois pode ocorrer Secreção inapropriada do ADH (dosagem de sódio sérico) Uma mês após a cirurgia devem ser avaliados os níveis séricos de IGF-1 e do nadir do GH com TOTG. 2) Tratamento medicamentoso Três classes de medicamentos estão disponíveis para o tratamento da acromegalia • Análogos da somatostatina (AS) • Agonistas dopaminérgicos • Antagonistas do receptor de GH 1.1 – Análogos da somatostatina Somatostatina primeira geração – OCTO-LAR Indicações • Terapia adjuvante em pacientes não curados pela cirurgia • Terapia primária nos pacientes com tumor cuja ressecção cirúrgica completa é bastante improvável • Pacientes com risco cirúrgico elevado ou que recusam cirurgia A redução do tumor em 20% do volume ocorreu em um número significativo de casos, é necessário a dosagem de GH para controle do tratamento, não deve ser usado o GH com TOTG. A duração do tratamento deve ser mantida indefinidamente. Os efeitos colaterais são leves e transitórios, relacionados com alterações gastrointestinais como náuseas, flatulências, colelitíase assintomática (importante realiza USG de vias biliares) Somatostatina de 2 geração – Pasireotide Indicação: pacientes não respondedores ao AS de primeira geração 1.2 – agonistas dopaminérgicos – Cabergolina Indicação • Terapia adjuvante em pacientes não curados em cirurgia que apresente no pós níveis séricos elevados de GH e IGF1 • Em associação com AS de primeira geração em pacientes com a doença não controlada 1.3 – antagonistas do receptor de GH – Pegvisomanto (PEG-V) Indicação • Falha no tratamento cirúrgico e no tratamento com AS de primeira geração seja em mono ou terapia combinada com Cabergolina Outros fármacos: Temozolomida e citrato de clomifeno 3) Radioterapia É a terceira linha de opção terapêutica indicada para tumores não controlados com tratamento cirúrgico ou medicamentoso. O principal efeito colateral é o hipopituitarismo, além de lesão de vias opticas, pares cranianos, déficit cognitivo e malignidade secundária.
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