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Tumores Hipofisários - Endocrinologia

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Introdução 
O hipotálamo controla a secreção dos hormônios da 
hipófise anterior, sendo um controle estimulatório ou 
inibitório. Já a hipófise posterior apenas armazena os 
hormônios produzidos no hipotálamo. 
O controle da secreção dos hormônios da hipófise 
anterior se dá pela liberação de hormônios 
hipotalâmicos que alcançam a hipófise por meio da 
haste hipofisária. Se ocorrer compressão dessa haste, 
todos os hormônios da hipófise anterior aumentariam 
sua secreção, com exceção da prolactina que é inibida 
por hormônios hipotalâmicos. 
 
Os tumores hipofisários correspondem a 10-15% dos 
tumores intracranianos, porém uma grande parte da 
população tumores assintomáticos que quando 
encontrados em exames de imagem são chamados de 
incidentalomas hipofisários. 
Esses tumores podem ser funcionante ou não, com 
tamanho variável e muito raramente malignos. 
• Microadenoma < 1 cm 
• Macroadenoma > 1 cm 
• Adenoma gigante > 4 cm 
Os hormônios da hipófise anterior resumidos: 
➔ PRL → atua nas células mamárias para produção 
de leite 
➔ GH → estimulação no fígado de IGF1 
➔ THS → estimulação de hormônios tireoidianos 
➔ LH e FSH → estimulação das gônadas 
➔ ACTH → estimulação do córtex adrenal 
Dentre os tumores funcionantes temos: 
• Adenomas secretores de prolactina 
(prolactinoma) → 40-50% dos casos 
• Adenoma secretores de GH 
(somatotropinomas)→ 20% dos casos 
• Adenomas secretores de ACTH 
(corticotropinomas) → 15-20% dos casos 
• Adenoma secretor de TSH (tirotropinomas) → 1-
3% dos casos 
• Adenoma clinicamente não funcionante (ACNF) 
→ 20-30% dos casos 
Prolactinomas 
Tumores mais frequentes da hipófise e é um tumor 
presente nas células lactotróficas da hipófise anterior 
(secretoras de PRL). Tem uma prevalência pelo sexo 
feminino em crianças e adultos jovens e em ambos os 
sexos em adultos > 50 anos. 
O diagnóstico desse tipo de tumor está muito 
relacionado com a presença de hiperprolactinemia, 
sendo importante entender esse processo e realizar 
diagnóstico diferencial com outras possíveis 
patologias 
Hiperprolactinemia 
Definição: aumento do nível sérico de prolactina, 
além do limite da normalidade. Pode ocorrer por 
causas fisiológicas, farmacológicas ou patológicas. 
Um dos principais sintomas dessa hiperprolactinemia 
é o hipogonadismo hipogonadotrofico, gerando 
amenorreia secundária. 
Fisiologia da Prolactina: 
A prolactina é secretada pelas células lactotróficas da 
hipófise anterior (ocorre produção extra-hipofisária 
como ovários, glândulas mamárias.. mas em menor 
porte) 
Função da prolactina: propiciar a lactação após o 
parto e durante a gravidez, juntamente com o 
estrógeno promover o desenvolvimento mamário. 
A secreção de prolactina obedece a um ritmo 
circadiano, com níveis mais altos durante o sono e 
menores durante a vigília. 
O hipotálamo exerce influência inibitória sobre a 
secreção de prolactina, por meio do hormônio 
Dopamina, que se liga ao receptor D2 das células 
lactotróficas e fazendo uma regulação negativa sobre 
a expressão do gene da prolactina e diminuindo a 
proliferação dessas células. (Outros fatores inibitórios 
são: somatostatina e GABA) 
Alguns hormônios tem ação contrária a da dopamina, 
promovendo a secreção da prolactina, como TRH, 
opioides, ocitocina, serotonina, vasopressina, VIP e 
estrogênio. 
Hipogonadismo gonadotrófico: A Kisspeptina 
aumento a secreção de prolactina por meio da 
inibição dos neurônios dopaminérgicos 
tuberoinfundibulares (hipotálamo). O aumento da PRL 
acaba inibindo a produção de Kisspeptina no núcleo 
arqueado (hipotálamo) e consequentemente a 
liberação de GnRh, que impede a liberação de FSH e 
LH e promove o hipogonadismo hipogonadotrofico, 
observado na hiperprolactinemia. 
 
Importante: Definição de Macroprolactinemia 
A prolactina pode ser encontrada no sangue em duas 
formas: A forma de baixo peso molecular ou chamada 
de prolactina monomérica, representando a principal 
forma circulante de todos os indivíduos com 
prolactinoma. 
Já a prolactina big ou macroprolactina é composta 
pelo complexo com IgG, que por estar ligada a 
imunoglobulina não tem ação funcionante. Quando 
mais de 60% da PRL circulante é a macroprolactina 
chamamos isso de Macroprolactinemia. 
 
 
 Etiologia da Hiperprolactinemia 
• Causas fisiológicas 
As principais causas fisiológicas que levam ao 
aumento de prolactina são gravidez e lactação 
(valores > 450 ng/ml no último trimestre) (sempre 
pedir B-HCG em toda mulher em idade fértil). 
Outras causas como estresse (de qualquer natureza), 
atividade física, ovulação, estímulo mamilar, sono, 
coito podem levar a aumentos dos níveis de PRL. 
Aumentos discretos entre 60-100 ng/ml podem ser 
causados pelo estresse da punção venosa ou mesmo 
por estimulação mamária. 
• Causas farmacológicas 
O uso de medicamentos pode promover o aumento 
dos níveis de prolactina. Os antipsicóticos clássicos 
como butifenonas e fenotiazinas, antipsicóticos 
atípicos como Risperidona, paliperidona e 
amissulprida, antieméticos, como domperidona, 
metoclopramida são os mais frequentes envolvidos 
nesse aumento sérico. 
➔ Antipsicóticos – bloqueio do receptor D2 e 
estimulação do receptor seratoninérgico. 
Típicos: Haloperidol, clorpromazina, tioridazina, 
tiotixeno e flupentixol 
Atípicos: Risperidona, paliperidona, molindona, 
amissulprida, quetiapina, olanzapina, aripiprazol. 
➔ Antidepressivos – estímulo das vias 
seratoninérgicas 
Triciclicos: clomipriamina, amozapina, amitriptilina 
SSRI: fluoxetina, paroxetina, citalopram, escitalopram, 
sertralina 
SNRI: venlafaxina, duloxetina e reboxetina 
IMAO: clorgilina, pargilina 
➔ Antieméticos – bloqueio do receptor D2 – 
domperidona, metoclopramida e bromoprida 
➔ Antihipertensivos – metildopa e verapamil 
➔ Estrogenoterapia 
➔ Drogas como cocaína e maconha 
 
 
• Causas patológicas 
As causas patológicas envolvem doenças 
hipotalâmico-hipofisárias, doenças sistêmicas, 
neurogênicas, crise convulsiva, produção ectópica de 
PRL, Macroprolactinemia e hiperprolactinemia 
idiopática. 
➔ Causas hipotalâmico-hipofisárias 
Prolactinomas – tumores secretores de prolactina 
(principal causa) 
Adenomas hipofisários mistos - podem produzir PRL e 
GH, ou PRl TSH ou PRL e ACTH. 
Adenomas clinicamente não funcionantes/ 
craniofaringioma – podem promover compressão da 
haste hipofisária. 
➔ Doenças sistêmicas 
Hipotireoidismo primário – a menor produção de 
hormônios tireoidianos aumenta o nível de TSH que 
estimula a produção de prolactina → sempre dosar 
THS e T4l 
Insuficiência adrenal primária – os glicocorticoides 
suprimem a expressão da PRL, quando em menor 
quantidade podem existir aumento da prl 
Insuficiência renal crônica e Cirrose – aumento dos 
níveis de PRL pela deficiência na depuração e 
metabolização do hormônio. 
➔ Hiperprolactinemia neurogênica 
Lesões traumáticas da parede torácica (mastectomia, 
mamoplastia e toracotomia) ou lesões irritativas 
(herpes zoster, queimadura ou piercing nos mamilos) 
e doenças dos cordão medular (ependimoma, tabes 
dorsalis) podem estimular a via aferente neural que 
passa pela medula espinhal e interfere na transmissão 
de dopamina – mesmo que ocorre na estimulação 
mamária e na amamentação 
➔ Macroprolactinemia 
Pode apenas ser um achado nos exames, uma vez que 
a maioria dos pacientes é assintomático, sendo um 
achado comum que não requer tratamento. 
Para definir a Macroprolactinemia o padrão ouro é a 
cromatografia de gel de filtração, mas o teste mais 
utilizado é a precipitação com polietilenoglicol (PEG), 
em que mais de 60% de macroprolactina é 
considerado Macroprolactinemia. 
➔ Hiperprolactinemia idiopática – deve ser 
considerado um diagnóstico de exclusão 
Quadro clínico dos pacientes com 
Hiperprolactinemia 
• Galactorreia - é a manifestação mais 
característica dahiperprolactinemia (mas não é a 
mais comum), pode ser espontâneo, 
intermitente ou apenas ao estímulo mamilar; 
Muitas mulheres podem ter galactorreia 
idiopática não relacionado com níveis de PRL. 
• Hipogonadismo secundário – o hipogonadismo 
hipogonadotrofico pode gerar algumas 
alterações, em ambos os sexos pode ocorrer 
osteoporose e osteopenia. 
Mulher → oligomenorreia, infertilidade, diminuição 
da lubrificação vaginal 
Homem → perda da libido, disfunção sexual, 
oligoespermia e ginecomastia. 
• Acne e hirsutismo – aumento da testosterona 
livre devido a diminuição da globulina ligadora 
dos hormônios sexuais, além do aumento da 
produção de DHEAS. 
Homem Mulher 
Galactorreia Galactorreia 
Ginecomastia Amenorreia 
Disfunção erétil Oligomenorreia 
Infertilidade Infertilidade 
Diminuição da libido Diminuição da libido 
Ganho de peso Ganho de peso 
Osteoporose Osteoporose 
Cefaleia Acne/hirsutismo. 
Disturbios visuais Cefaleia e distúrbios 
visuais 
 
Avaliação diagnóstica 
A avaliação deve ocorrer em mulheres com 
galactorreia, infertilidade ou distúrbios menstruais. 
Em homens com galactorreia, hipogonadismo 
secundário (testosterona baixa, LH e FSH baixos) 
Valores de referência de PRL 20-30 
Primeiro passo da avaliação diagnóstica é descartar 
possíveis causas fisiológicas e farmacológicas de 
hiperprolactinemia. 
Pedir B-HCG, questionar estimulação mamária, uso de 
medicamentos, atividade física antes da retirada 
sanguínea. 
Importante pedir também exame da função 
tireoidiana e da função renal. 
Com um valor de PRL alterado em um exame é 
necessário repetir para comprovar a elevação. 
Com a PRL alterada faz-se necessário pedir uma RM 
de hipófise para determinar alguns achados: 
• Macroprolactinoma 200-1000ng/ml 
• Microprolactinoma 100-250 ng/ml 
• ACNF 25-100 ng/ml 
• Induzida por medicamentos 25-100 ng/ml 
• Hipotireoidismo primária 25-100 ng/ml 
• Macroprolactinemia 25-100ng/ml 
Alguns achados podem ser falseados na dosagem da 
prolactina: 
Em pacientes muito sintomáticos e com 
manifestações clínicas indicativas de prolactinoma 
que os níveis de PRL encontram-se na normalidade → 
efeito gancho proporcionado pela grande quantidade 
de Antígeno (PRL) impedindo a ligação do complexo 
antígeno-anticorpo com o anticorpo sinalizador. Isso 
pode ser desmascarado pela diluição da amostra. 
Rastreio de Macroprolactinemia em pacientes 
assintomáticos com níveis elevados de PRL. 
 
Tratamento dos Prolactinomas 
As opções de tratamento dos prolactinomas são 
terapia com agonistas dopaminérgicos (DA), Cirurgia 
e radioterapia. 
Os objetivos do tratamento incluem: 
• Controle da secreção hormonal excessiva e suas 
consequências clínicas (infertilidade, disfunção 
sexual ou osteoporose). 
• Remoção de tumores e alívio de qualquer 
sintoma na visão e na função do nervo craniano. 
• Preservação da função hipofisária residual 
• Prevenção da recorrência e da progressão da 
doença 
Importante que microprolactinomas quando 
pacientes são assintomáticos não tem indicação de 
tratamento, uma vez que não tendem ao 
crescimento. 
Para tratamento é necessário a presença de uma das 
seguintes queixas como amenorreia, disfunção sexual, 
galactorreia, infertilidade, disfunção erétil, 
osteoporose prematura. 
Já em macroprolactinoma, a menos que tenha 
contraindicações especificas, todos os pacientes 
devem ser tratados e a primeira escolha é o 
tratamento medicamentoso, mesmo em casos de 
adenoma gigante. 
1) Cirurgia – 
A abordagem é transesfenoidal e a taxa de sucesso 
está relacionada com a experiência do cirurgião. O 
objetivo da cirurgia muitas vezes é a retirada parcial 
(debulking) do tumor para melhora dos sintomas 
relacionados ao efeito de massa. 
Indicações para cirurgia em prolactinomas 
• Aumento do tamanho do tumor, a despeito do 
tratamento medicamentoso utilizado 
• Apoplexia hipofisária 
• Intolerância aos agonistas dopaminérgicos 
• Resistência aos agonistas dopaminérgicos 
• Compressão persistente do quiasma óptico 
• Fístula liquórica (rinoliquorreia) durante 
administração de agonistas dopaminérgicos 
• Contraindicações aos DA 
2) Radioterapia 
A principal indicação é a reisitencia ao DA, resposta 
insuficiente ou cantraindicação do DA e a cirurgia, 
bem como a tendência comprovada de crescimento 
do tumor. 
Pode ocorrer hipopituitarismo induzido por radiação 
3) Terapia com DA 
Primeira linha de tratamento para 
microprolactinomas e macroprolactinomas, as duas 
principais drogas são a bromocriptina e a cabergolina. 
Seu mecanismo de ação é relacionado com atuação 
no receptor D2 das células lactotróficas inibindo a 
adenilatociclase com consequente redução da síntese 
e secreção da PRL, além de induzir a apoptose dos 
lactotrofos tumorais (reduzindo o tamanho do tumor) 
 
 
• Bromocriptina – 2,5-10mg/dia- é a droga de 
segunda escolha pois a posologia é 2-3x/dia, 
além de ter uma eficácia menor em relação a 
cabergolina. A medicação normaliza os níveis de 
PRL, restaurando a função sexual e reduzindo a 
massa tumoral. 
Atenção: em gestantes a droga de escolha é a 
bromocriptina devido ao maior número de estudos na 
literatura. 
• Cabergolina –0,5-3mg/semana- é amplamente 
mais utilizado sendo mais seletivo para receptor 
D2. Pode ser administrada 1-2x/semana, tendo 
uma eficácia maior que a BCR, devido a uma 
maior responsividade do tumor a essa droga. 
Efeitos adversos: 
Gastrointestinais → vômitos e náuseas 
Cardiovasculares → hipotensão postural, tontura, 
sincope, em pacientes com altas doses de BCR pode 
ocorrer síndrome do vasoespasmo digital indolor 
causando branqueamento das extremidades ao frio. 
Neurológicos → cefaleia, sonolência, ocorrer mania, 
sinais e sintomas de psicose (principalmente com 
BRC) 
Atenção: uso prolongado de DA tem sido relacionado 
com a aumento do risco de regurgitação valvar, 
portanto pacientes que fazem uso prolongado devem 
ser submetidos a um ECOcardiograma. 
Retirada do DA: Após dois anos de tratamento com 
CAB a retirada deve ser fortemente considerada em 
pacientes sem tumor visível na RM ( <1cm), com 
presença de níveis de PRL < 10 sob uso de CAB < 0,5 
mg/semana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acromegalia 
É uma doença sistêmica crônica decorrente da 
produção excessiva do hormônio do crescimento (GH) 
e do fator de crescimento semelhante a insulina IGF-
1. Na maioria das vezes é causado por um adenoma 
secretor de GH (somatropinoma) 
Clinicamente é caracterizado pelo surgimento de 
ficções grosseiras e crescimento das extremidades, 
está associada a uma elevada morbimortalidade e 
redução da expectativa se vida devido as 
complicações sistêmicas. 
Aspectos fisiológicos do eixo somatotrófico 
A regulação ocorre por liberação do hipotálamo do 
Hormônio liberador do hormônio do crescimento 
(GHRH) que estimula a secreção do hormônio na 
hipófise anterior e pela Somatostatina (SST) que inibe 
essa secreção. 
O GHRH age em receptores acoplados a proteína G 
estimulatória, que eleva o AMP cíclico, promovendo o 
influxo de cálcio intracelular e estimulando a 
transcrição do gene do GH e sua secreção. Além disso 
a grelina (hormônio do sistema gastrointestinal) 
também estimula o GH 
Já a Somatostatina pode ligar-se a 5 subtipos de 
receptores de proteína G inibitória, dos quais o SSTR2 
e SSTR5 são os mais expressos na hipófise. 
A secreção de GH é caracterizada por pulsos 
episódicos, intercalados com mínima secreção basal, 
determinado pelo sexo, idade, nutrientes , exercício e 
estresse. Níveis normais em geral estão em torno de 
0,2 ug/l (na maior parte do dia, porém existem pulsos 
intermitentes a noite que podem chegar a 30ug/l) 
O GH age sobre receptores transmembranários 
expressos principalmentenos músculos, fígado e nas 
cartilagens. 
• Fígado = o GH estimula a geração do IGF-1, um 
hormônio produzido principalmente no fígado 
(80%) e no osso, músculo e rim. Ele exerce um 
importante papel na retroalimentação gerando 
um feedback negativo ao suprimir diretamente o 
somatotrofo e estimular liberação hipotalâmica 
de somatostatina. 
• IGF-1 = estimula a proliferação celular e inibe a 
apoptose. Promove o crescimento linear de 
vários órgãos. Circula no sangue por meio da 
proteína de ligação 2 do fator de crescimento 
IGFBP-3 que é GH dependente. 
• O GH tem efeito metabólico devido sua ação em 
carboidratos, lipídeos e proteínas. O GH pode 
promover resistência a insulina (aumento da 
produção hepática de glicose e menos captação 
pelos tecidos periféricos) → hiperinsulinemismo 
secundário, tolerância diminuída a glicose e 
diabetes Melitus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acromegalia é uma doença rara, porém é 
subdiagnosticada, pode ocorrer em qualquer idade, 
mais é mais comum entre 30-50 anos. O diagnóstico 
é feito em torno de 5-10 anos após o aparecimento 
dos primeiros sinais e sintomas. Quando o aumento 
do GH ocorre antes do fechamento das epífises 
temos o gigantismo. 
Etiologia da acromegalia 
A maioria dos pacientes apresenta um adenoma 
hipofisário secretor de GH (somatropinoma), ele pode 
ser de células puras de GH ou misto como GH e PRL. 
Cerca de 80% são macroadenomas. 
• Excesso de GH 
Causas hipofisárias: Somatotropinomas são os mais 
comuns. Carcinomas somatotróficos são 
extremamente raros e seu diagnóstico é por meio de 
metástase a distância. 
• Condições genéticas e moleculares 
Neoplasias endócrinas múltiplas (MEN) tipo 1 e 4 – 
podem cursar com adenomas hipofisários, tumores 
pancreáticos e paratireoidianos. 
Sindrome de McCune Albright – acromegalia se 
associa a hiperostose, macrocefalia e assimetria 
facial 
• Causas extra-hipofisárias 
Adenomas hipofisários ectópicos (osso temporal 
petroso, cavidade nasofaringiana e região suprasselar) 
Tumores periféricos secretores de GH – fígado, 
pulmão, colón, estomago e cérebro. 
• Iatrogenia 
Administração exógena de GH em indivíduos com 
deficiência no hormônio 
• Excesso de GHRH 
Patologias como hamartomas, coristomas, gliomas.. 
Manifestações clínicas da acromegalia 
 Acromegalia é um distúrbio insidioso com progressão 
gradual dos sintomas e sinais. Eles podem decorrer de 
algumas progressões da doença 
• Compressão do tumor adjacente → cefaleia, 
distúrbios visuais e hipopituitarismo, 
• Exposição prolongada e excessiva ao GH → 
aumento das mãos e dos pés, alterações 
cutâneas, modificações fisionômicas, 
manifestações musculoesqueléticas, como 
osteoartrite, síndrome do túnel do carpo, apneia 
do sono. 
• Complicações sistêmicas → complicações 
cardiovasculares, respiratórias, endócrinas, 
metabólicas e neoplásicas. 
Exposição prolongada ao GH 
➔ Modificações fisionômicas – alargamento do nariz, 
aumento dos lábios, crescimento exagerado da 
mandíbula com prognatismo (separação dos 
dentes e má oclusão dentária), macroglossia, 
aumento dos arcos zigomáticos e fronte 
proeminente. → motivo da consulta em 10% dos 
casos 
 
 
 
 
 
 
 
 
➔ Crescimento de extremidades → motivo em 
praticamente 100% das consultas 
➔ Crescimento de partes moles 
➔ Hiperidrose e pele oleosa (sinais precoces) 
➔ Letargia ou fraqueza 
➔ Ganho de peso 
➔ Parestesia 
➔ Papilomas 
➔ Artralgias e Artropatia (70% das consultas) 
➔ Bócio 
➔ Hipertensão 
➔ Cardiomegalia 
➔ Nefrolitíase 
➔ Apneia do sono 
➔ Síndrome do túnel do carpo 
➔ Alterações cutâneas: Acrocórdons – são 
importantes marcadores da existência de pólipos 
colônico adenomatosos. Fenômeno de Raynaud e 
acantose nigricans 
 
Distúrbios endócrinos: hiperinsulinemia, intolerância 
a glicose, diabetes Melitus, hiperprolactinemia, 
distúrbios menstruais, diminuição da libido, 
galactorreia, ginecomastia e insuficiência adrenal 
Manifestações da compressão do tumor: aumento da 
sela túrcica, cefaleia e déficit visual. 
Gigantismo: 
Ocorre antes do fechamento das placas epifisárias, 
porém só é vista em torno de 5% dos pacientes. O 
diagnóstico é feito por três desvios padrões acima da 
altura média para a idade ou mais de dois desvios 
padrões além da altura ajustada em relação aos pais. 
Podem ocorrer por mutações no AIP ou X-LAG em 
contextos familiares esporádicos. 
Complicações sistêmicas 
• Complicações cardiovasculares 
- Hipertrofia do ventrículo esquerdo (mais 
comum) 
-Anormalidades no ECG: arritmias, defeitos de 
condução, alterações na onda S e no segmento 
ST. 
-Miocardiopatia acromegálica → estado 
hiperdinâmico promove uma hipertrofia do VE 
concêntrica e disfunção diastólica por déficit no 
relaxamento, culminando com insuficiência 
cardíaca franca. 
-Hipertensão arterial sistêmica (retenção de 
sódio, resistência a insulina e expansão de 
volume) 
• Complicações respiratórias 
- Síndrome da apneia do sono → causada por 
obstrução das VAS 
-Roncos noturnos 
-Sono fragmentado 
-Insuficiência respiratória 
• Complicações endócrinas 
- Hiperprolactinemia (1/3 dos acromegálicos) 
-Bócio relacionado com nódulos tireoidianos 
• Complicações metabólicas 
- Hiperglicemia por induzir a resistência a insulina 
por meio da redução de transportadores de glicose 
GLUT 1 e GLUT4, além de estímulo a síntese de 
adipocinas. 
- Dislipidemias com padrão aterogênico 
-Hipercalcemia e hipercalciúria (ativação da 1alfa-
hidroxilase pela GH que aumenta a absorção 
intestinal de cálcio) 
• Complicações reumatológicas 
- Artropatia (ombro, joelho, quadril) 
-Formação de osteófitos 
- Síndrome do túnel do carpo 
• Complicações neoplásicas 
Risco aumentado de câncer de cólon tireoide, em 
menor intensidade mama e próstata. Importante 
realizar a colonoscopia no momento do diagnóstico 
da acromegalia. 
Prognóstico: a hipersecreção de GH não controlada 
e de longa duração aumentam a taxa de mortalidade 
com redução de 5 a 10 anos na expectativa de vida. 
Diagnóstico da Acromegalia 
O diagnóstico de acromegalia sob suspeita clínica é 
feito com a dosagem basal do GH e IGF1 e é 
confirmado por valores indubitavelmente elevados 
dos dois hormônios, caso isso não ocorra dosa-se o 
GH durante o TOTG. 
 
 
 
 
 
 
 
• Dosagem de GH – um GH < 0,4 ug/l associado 
com um IGF-1 normal para a idade exclui o 
diagnóstico de acromegalia na ausência de 
fatores que influenciem nessa dosagem. 
• Dosagem do GH durante o TOTG – em pacientes 
cuja acromegalia não pode ser descartada com 
os valores de GH e IGF-1 pode se fazer as 
dosagens basais de GH e glicemia com a 
administração de 75g de glicose anidra. (Os 
valores são medidos a cada 30 min por duas 
horas). A confirmação é feita com nadir do GH > 
ou igual a 1ug/l, a exclusão com valores < 
0,4ug/l. 
O pensamento do uso do TOTG é que em ambiente 
hiperglicêmico inibe o GH, porém a célula tumoral 
não é suprimido por esse efeito. Assim o Nadir (valor 
mais baixo encontrado) deve está acima de 1 ug/l. 
 
Falso-positivos = DM descompensada, doença renal, 
doença hepática, hipertireoidismo, anorexia 
nervosa, uso de opioides, desnutrição e 
adolescência. 
Falso negativos = são muito raros. 
• Dosagem de IGF-1 – os valores devem ser 
determinados pela idade e pela população 
estudada 
Falso- positivos = Puberdade, gravidez, 
hipertireoidismo, uso de suplementos proteicos, 
Valores diminuídos desse hormônio podem estar 
presente em desnutrição, anorexia nervosa, 
hipotireoidismo, DM descompensada, doença 
hepática crônica e terapia com estrógeno. 
• Dosagem de IGFBP3 – não recomendada 
• Dosagem de GHRH – indicado em casos de 
acromegalia com elevação de GH e/ou IGF-1 que 
a RM não mostre nenhum tumor na região 
hipotalâmica-hipofisária. 
Exames de imagem 
Uma RM com contrasteda hipófise deve ser 
realizado após o diagnóstico bioquímico, para avaliar 
o tamanho do tumor, a magnitude da eventual 
extensão extrasselar e a relação do tumor com o 
quiasma óptico. 
A maioria dos tumores são macroadenomas 
(diagnóstico tardio) 
 Em 2% dos casos esse tumor pode estar fora da 
hipófise como nos brônquios que secreta GHRH. 
Diagnóstico diferencial 
O principal DD é com a paquidermoperiostose, 
clinicamente se assemelha com a acromegalia, mas 
cursa com níveis normais de GH e IGF-1 e sem 
evidência de tumor hipofisário ou extra-hipofisário. 
Sindrome genética rara caracterizada por derrame 
articular, associado a progressivo paquidermia, 
periostose e aumento de extremidades com 
baqueteamento digital. 
Pode apresentar facie leonina, sudorese excessiva e 
alterações do couro cabeludo como excesso de pele 
e dobras espessas. 
 
 
Tratamento da Acromegalia 
Os objetivos do tratamento da acromegalia 
envolvem: 
• Normalização dos níveis séricos de GH e IGF-1 
• Diminuir a morbimortalidade da doença 
• Controlar a massa tumoral para preservar função 
hipofisária. 
Existem três modalidade terapêuticas da 
acromegalia: A cirurgia (tratamento de escolha), 
tratamento medicamentoso e radioterapia. 
1) Cirurgia 
É o único tratamento da acromegalia com chance de 
cura imediata, é considerada primeira escolha na 
maioria dos casos. 
Uma outra vantagem é fornecer o histopatológico e 
molecular, o que pode caracterizar melho o tumor e 
promover tratamento adjuvante mais apropriado nos 
casos em que a cura não foi alcançada. 
A cirurgia é realizada por via transfenoidal, porém 
pode ser necessária abordagem transcraniana em 
tumores de grandes dimensões com volumosa 
expansão suprasselar. A chance de cura é significativa 
em macroadenomas e microadenomas sem invasão 
de estruturas vizinhas. 
Indicações: tratamento primário em todos os 
pacientes, exceto se: 
• Risco cirúrgico inaceitável 
• Recusa do paciente 
• Tumor quase que irressecável 
Cuidados perioperatórios – na presença de 
hipotireoidismo e/ou insuficiência adrenal central as 
deficiências hormonais devem ser corrigidas antes da 
cirurgia. Em caso de deficiência corticotrófica o 
glicocorticoide deve ser prescrito para cobertura do 
estresse cirúrgico. 
Complicações – DI transitório ou permanente, 
secreção inapropriada de ADH, sinusite, fistula 
liquórica, epistaxe, meningite, perda visual 
Importante manter o monitoramento do balanço 
hídrico por até 2 semanas pós-operatorio pois pode 
ocorrer Secreção inapropriada do ADH (dosagem de 
sódio sérico) 
Uma mês após a cirurgia devem ser avaliados os níveis 
séricos de IGF-1 e do nadir do GH com TOTG. 
2) Tratamento medicamentoso 
Três classes de medicamentos estão disponíveis para 
o tratamento da acromegalia 
• Análogos da somatostatina (AS) 
• Agonistas dopaminérgicos 
• Antagonistas do receptor de GH 
1.1 – Análogos da somatostatina 
Somatostatina primeira geração – OCTO-LAR 
Indicações 
• Terapia adjuvante em pacientes não curados 
pela cirurgia 
• Terapia primária nos pacientes com tumor cuja 
ressecção cirúrgica completa é bastante 
improvável 
• Pacientes com risco cirúrgico elevado ou que 
recusam cirurgia 
A redução do tumor em 20% do volume ocorreu em 
um número significativo de casos, é necessário a 
dosagem de GH para controle do tratamento, não 
deve ser usado o GH com TOTG. 
A duração do tratamento deve ser mantida 
indefinidamente. 
Os efeitos colaterais são leves e transitórios, 
relacionados com alterações gastrointestinais como 
náuseas, flatulências, colelitíase assintomática 
(importante realiza USG de vias biliares) 
Somatostatina de 2 geração – Pasireotide 
Indicação: pacientes não respondedores ao AS de 
primeira geração 
1.2 – agonistas dopaminérgicos – Cabergolina 
Indicação 
• Terapia adjuvante em pacientes não curados em 
cirurgia que apresente no pós níveis séricos 
elevados de GH e IGF1 
• Em associação com AS de primeira geração em 
pacientes com a doença não controlada 
1.3 – antagonistas do receptor de GH – Pegvisomanto 
(PEG-V) 
Indicação 
• Falha no tratamento cirúrgico e no tratamento 
com AS de primeira geração seja em mono ou 
terapia combinada com Cabergolina 
Outros fármacos: Temozolomida e citrato de 
clomifeno 
3) Radioterapia 
É a terceira linha de opção terapêutica indicada para 
tumores não controlados com tratamento cirúrgico ou 
medicamentoso. 
O principal efeito colateral é o hipopituitarismo, além 
de lesão de vias opticas, pares cranianos, déficit 
cognitivo e malignidade secundária.

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