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DISCIPLINA GEOLOGIA AMBIENTAL AULA 05 INTEMPERISMO E SOLO CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL A DISTÂNCIA DISCIPLINA GEOLOGIA AMBIENTAL AULA 05 INTEMPERISMO E SOLO CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL A DISTÂNCIA GOVERNO DO BRASIL Presidente da República DILMA VANA ROUSSEFF Ministro da Educação ALOIZIO MERCADANTE Diretor de Ensino a Distância da CAPES JOÃO CARLOS TEATINI Reitor do IFRN BELCHIOR DE OLIVEIRA ROCHA Diretor do Câmpus EaD/IFRN ERIVALDO CABRAL Diretora Acadêmica do Câmpus EaD/IFRN ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE Coordenadora Geral da UAB /IFRN ILANE FERREIRA CAVALCANTE Coordenador Adjunto da UAB/IFRN JÁSSIO PEREIRA Coordenadora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental MARIA DO SOCORRO DIÓGENES PAIVA GEOLOGIA AMBIENTAL – Aula 05 Professor Pesquisador/Conteudista LEÃO XAVIER DA COSTA NETO DiretorA da Produção de Material Didático ROSEMARY PESSOA BORGES Coordenador da Produção de Material Didático LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA Revisão Linguística KALINA ALESSANDRA RODRIGUES DE PAIVA Coordenação de Design Gráfico LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA Projeto Gráfico BRENO XAVIER Diagramação EMERSON LUÃ 5 INTEMPERISMO E SOLO APRESENTANDO A AULA Na Aula 04, você teve a oportunidade de estudar as rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. Agora, imagine o que pode acontecer com essas rochas quando estão expostas no ambiente secundário (ambiente superficial) às intempéries do tempo. Nessa aula, você irá estudar como os minerais e as rochas respondem às intempéries supracitadas, as quais estão relacionadas ao fenômeno do intemperismo. Portanto, você irá reconhecer os principais tipos de intemperismo atuantes na superfície da Terra e entender sua importância na formação e classificação dos solos, além de relacionar à sua importância ambiental. Vamos lá? DEFININDO OBJETIVOS Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: • reconhecer os principais tipos de intemperismo; • entender a importância do intemperismo na formação e classificação do solo; • compreender a importância do intemperismo no contexto ambiental. 6 GEOLOGIA AMBIENTAL DESENVOLVENDO O CONTEÚDO Fatores Controladores Como vimos nas Aulas 2 e 4, a Terra é um planeta dinâmico. Algumas de suas partes são gradualmente elevadas através da construção de cadeias de montanhas e da atividade vulcânica, contudo processos opostos estão gradativamente removendo materiais das áreas elevadas e transportando para áreas mais baixas. Únicos e espetaculares cenários são criados através da interação de agentes ambientais com as rochas expostas na superfície da Terra. Neste capítulo, iremos abordar o intemperismo, um agente importante no processo de modelagem do relevo capaz de reduzir as rochas expostas na superfície terrestre, a partir de modificações da ordem física (desagregação) e química (decomposição), formando os solos. A partir de agora, você estudará os fatores responsáveis pela ação do intemperismo, a saber: clima, rocha-mãe, relevo, fauna e flora, e tempo. a) Clima: é o fator que mais influencia a ação do intemperismo, determinando a velocidade deste numa região, tendo a temperatura e a precipitação como os dois parâmetros climáticos mais importantes, pois quanto maior for a quantidade de água e mais frequente sua renovação, mais completas serão as reações químicas do intemperismo. b) Rocha-mãe: dependendo da sua natureza, apresenta resistência diferenciada aos processos de alteração intempérica. Os primeiros minerais a cristalizar no resfriamento de um magma são os mais instáveis nas condições normais de pressão e temperatura e, assim, são os primeiros a se alterar. Por essa razão, o quartzo é dos mais resistentes e, na alteração de um granito, por exemplo, é o último a se decompor. Os mármores, por sua vez, por serem formados de calcita (carbonato de cálcio), mineral altamente solúvel em água, alteram-se com muito mais facilidade que os granitos. c) Relevo: é responsável pelo processo de infiltração e formação do padrão Fig. 01 7 INTEMPERISMO E SOLO de drenagem das águas pluviais. Em encostas de alta declividade, a água fica pouco tempo em contato com as rochas e, assim, não consegue promover adequadamente as reações químicas. Nas partes mais baixas, a água permanece retida e bastante tempo em contato, mas não se renova facilmente, de modo que fica saturada nos componentes solúveis e perde sua capacidade de continuar reagindo com os minerais. Portanto, é nas encostas suaves que o intemperismo é mais intenso. (Conferir a Figura 2). d) Fauna e flora: são responsáveis pelo fornecimento de matéria orgânica que provocam reações químicas e remobilizam materiais. A concentração de CO2 no solo, proveniente da decomposição da matéria orgânica morta, pode ser até 100 vezes maior que na atmosfera. Isso facilita muito a acidificação da água, o que favorece, por exemplo, a dissolução do alumínio. Superfícies rochosas cobertas de líquens são muito mais rapidamente atacadas pelo intemperismo químico que aquelas sem líquens, e, nesse contexto, raízes de árvores têm grande poder de penetração em fendas de rochas, provocando sua dilatação. e) Tempo de exposição da rocha aos agentes intempéricos: a ação do tempo é capaz de definir como e quanto a ação do clima e dos organismos ocorreram sobre o material de origem (rocha-mãe), em um determinado tipo de relevo. A sua intensidade varia, porém, de local para local e é altamente dependente das condições climáticas. Nos lugares úmidos, predominam as alterações químicas e, em regiões tropicais, as alterações físicas. Tipos de Intemperismo As rochas são intemperizadas de duas maneiras principais: desintegrando- se através da ação física e/ou mecânica por mecanismos modificadores das Fig. 02 - Influência do relevo na intensidade do intemperismo. (a) boa infiltração e boa drenagem favorece o intemperismo químico; (b) boa infiltração e má drenagem; (c) má inflitração e má drenagem. 8 GEOLOGIA AMBIENTAL propriedades físicas dos minerais e rochas (morfologia, resistência, textura, etc.) e decompondo-se por meio de atividades químicas, quando a ação (física ou bioquímica) de organismos vivos ou da matéria orgânica proveniente de sua decomposição participa do processo. Intemperismo Físico ou Mecânico O intemperismo físico ou mecânico corresponde aos processos que causam desagregação das rochas, ocasionando a separação dos grãos minerais, sem alterar a composição química. Nesse sentido, o intemperismo físico pode ocorrer devido aos seguintes fenômenos: a) Expansão e contração térmica: as variações diárias e sazonais de temperatura podem causar alteração térmica (dilatação ou contração) no material rochoso, levando à fragmentação dos minerais. Um bom exemplo é encontrando em regiões desérticas, onde existe grande variação de temperatura diária (durante o dia, os minerais sofrem expansão térmica devido a altas temperaturas; e à noite, eles se contraem devido à baixa temperatura). b) Congelamento em fraturas: a água, ao penetrar nos poros ou fraturas das rochas em regiões de baixa temperatura, pode ser congelada, aumentando seu volume e pressionando as paredes, o que pode aumentar as fraturas e fragmentar a rocha. (Conferir a Figura 3). c) Crescimento de cristais: as águas com sais dissolvidos que se infiltram e se acumulam nos poros e fraturas das rochas, ao evaporar, concentram-se e cristalizam-se nessas cavidades. O crescimento dos cristais de sais gera pressão nas cavidades, provocando o seu desgaste físico. Os sais mais comuns que ocorrem nesse processo são os cloretos, os sulfatos e os carbonatos, muitos desses provenientes da própria rocha-mãe. d) Alívio de pressão: esse fenômeno ocorre quando corpos geológicos Fig. 04 - Desenho esquemático mostrando o fenômeno de fragmentação por ação de gelo: (a) a água líquida ocupa a fissura das rochas e (b) congelamento e consequente expansão da fratura. 9 INTEMPERISMO E SOLO formados em profundidade ascendemem direção à superfície. As rochas se expandem com o alívio da pressão e provocam o surgimento de fraturas aproximadamente paralelas à superfície, denominadas de juntas de alívio. e) Ação de organismos: o crescimento das raízes vegetais nas fraturas causam pressão nas paredes das rochas, provocando sua fragmentação. Esse tipo de intemperismo também pode ser denominado de físico-biológico. (Conferir a Figura 4). Intemperismo Químico Os minerais, ao se formarem no ambiente primário (profundidade), quando atingem a superfície terrretre (superficial), entram em desequilíbrio químico, principalmente por ação da água das chuvas (principal agente) que infiltra e percola as rochas, carreando íons para as reações químicas, não só participando dessas reações, bem como transportando os produtos gerados. A matéria orgânica também é um agente importante do intemperismo químico. Uma vez que ela seja parcialmente degradada, ácidos orgânicos podem se formar e serem incorporados na água, tornando-a bastante ácida, o que aumenta o seu poder de decomposição dos minerais, e consequentemente, acelera o processo de intemperismo. Esse tipo de intemperismo pode ser chamado de químico-biológico. Durante o estabelecimento do intemperismo químico, podem ocorrem as seguintes reações químicas: hidratação, dissolução, hidrólise e oxidação, as quais serão descritas a seguir. a) Hidratação: ocorre pela atração das moléculas de água e as cargas elétricas Fig. 04 - Crescimento das raízes nas fraturas provocando o seu alargmento e a fragmentação da rocha. 10 GEOLOGIA AMBIENTAL não neutralizadas da superfície dos minerais (Conferir a Figura 5), provocando a entrada dessas moléculas na estrutura do mineral, dando origem a um novo, como na de transformação da anidrita em gipsita: CaSO4+2H2O CaSO4.2H2O. b) Dissolução: processo que provoca total solubilização do mineral, a partir da percolação de água acidificada (H2O + CO2 H2CO3) tanto nas fraturas como no processo de formação das cavernas de calcários (H2CO3+CaCO3 Ca(HCO3)2 Conferir a Figura 6). c) Hidrólise: os íons da molécula da água (H+ e OH) se unem a outros íons da estrutura dos minerais. Silicatos ricos em alumínio, tais como os feldspatos, são os mais propensos à hidrólise. Nesta reação, são formados minerais de argila estáveis e os outros elementos, principalmente a sílica e o íon potássio, os quais Fig. 05 - Moléculas de água atraídas pelas cargas elétricas insaturadas na superfície dos minerais. Fig. 06 - Gruta do Lago Azul (Bonito/MS) formadas pela solubilização do calcário. 11 INTEMPERISMO E SOLO são carreados em solução na água. A hidrólise ocorre sempre na faixa de pH de 5 a 9. d) Oxidação: os íons dos minerais se combinam com íons de oxigênio. Um exemplo deste tipo de intemperismo ocorre quando os íons de ferro do basalto (rocha máfica), por exemplo, reagem com o oxigênio da atmosfera, formando a hematita (óxido de ferro). As rochas máficas possuem um grande conteúdo de minerais ricos em ferro e mais propensos à oxidação, tais como: olivinas, piroxênios e anfibólios (Conferir a Figura 7). A distribuição dos processos de alteração na superfície da Terra está concentrada em dois domínios, a saber: regiões sem alteração química e regiões com alteração química, as quais estão apresentadas na Figura 8. a) Regiões sem alteração química: são aquelas em que 14% da superfície continental, caracterizam-se por ausência total de água e temperatura inferiores a 0 °C (zonas polares), ou por grandes períodos de seca (desertos). b) Regiões com alteração química: são aquelas em que 86% da superfície continental, caracterizam-se por certa umidade e cobertura vegetal, estando subdivididas em quatro zonas que ocorrem, aproximadamente, paralelas à linha do Equador, a saber: zona de acidólise total (16%), zona de alitização (13,5%), Fig. 07 - Processo de alteração intempérica por oxidação originando o mineral goethita (oxi- hidróxido de ferro). 12 GEOLOGIA AMBIENTAL zona de monossialitização (18%) e zona de bissialitização (39%). ATIVIDADE 01 Baseado no que estudamos até agora, selecione um município do seu Estado e realize uma pesquisa sucinta sobre as suas características fisiográficas, biológicas e meteorológicas, tais como: geologia e relevo (fisiográficas); fauna e flora (biológicas); vento, pluviometria e temperatura do ar (meteorológicas). Fundamentado(a) nessa pesquisa, escreva um texto referente ao perfil da ação do intemperismo, abordando os tipos mais atuantes e as consequências ambientais (positivas e negativas) para o município escolhido. Fig. 08 - Distribuição geográfica das principais zonas e processos de intemperismo. 13 INTEMPERISMO E SOLO Formação dos Solos Ao longo da história, o solo tem sido um elemento bastante familiar ao homem, proporcionando uma relação de dependência, capaz de satisfazer suas necessidades mais básicas como locomoção, abrigo e alimentação. O solo (Do latim = solum) é definido como material proveniente da decomposição das rochas pela ação de agentes intempéricos, podendo ou não ter matéria orgânica. Quando essas modificações causadas nas rochas tornam-se estruturais com reorganização e transferência de minerais formadores do solo (argilominerais e óxidos de ferro e alumínio), levando à formação do perfil do solo, elas recebem o nome de “pedogênese” (grego: pedon = solos + gênesis = criação), ou seja, criação ou formação dos solos. A formação dos solos depende de alguns fatores determinantes, dentre eles: clima, relevo, rocha-mãe, organismos vivos e tempo. O tempo é um agente de grande importância na formação dos solos, pois controla a ação do clima e dos organismos sobre o material de origem, em um determinado tipo de relevo. Todas as propriedades morfológicas serão estabelecidas no perfil de solo, a depender do tempo de ocorrência do fenômeno pedogenético (Conferir a Figura 9). Dessa forma, em função das condições ambientais determinantes na formação dos solos, os mesmos podem ser argilosos ou arenosos (variação textural); podem ser de coloração distintas (amarelos, vermelhos ou cinza esbranquiçado); podem ser ricos ou pobres em matéria orgânica; podem ser espessos ou rasos; e podem se apresentar como homogêneos ou nitidamente Fig. 09 - Processo de maturidade do solo em função do tempo visualizado na forma de perfil. 14 GEOLOGIA AMBIENTAL diferenciados em horizontes. Esses Horizontes são caracterizados por uma série de camadas dispostas horizontalmente, paralelas à superfície do terreno, que possuem propriedades resultantes dos efeitos combinados dos processos de formação do solo (pedogênese). A natureza e o número de horizontes variam de acordo com os diferentes tipos de solo. Os solos podem ou não apresentar o conjunto completo de horizontes, os quais vão desde a superfície até a rocha, sendo denominados perfil do solo. Perfil de Solo A formação de um perfil de solo mostra a rocha inalterada na base sobre a qual formam-se o saprólito e o solum, os quais desenvolvem o manto de alteração (regolito). Os materiais que compõem o perfil irão se tornando tanto mais distintos com relação à rocha original em termos de composição, estruturas e texturas, quanto mais próximo da superfície (Conferir a Figura 10). Descrição dos horizontes identificados na figura 10: C - Horizonte de rocha alterada (saprolito). B - Horizonte de acumulação de argila, matéria orgânica e oxi-hidróxidos de ferro e alumínio. E - Horizonte claro, marcado pela remoção de argila, matéria orgânica e oxi- hidróxidos de ferro e alumínio. A - Horizonte escuro, com materia mineral e orgânica com alta atividade Fig. 10 - Perfil de solo, formado da base para o topo pela rocha inalterada, saprolito e solum. O solum compreende os horizontes afetados pela pedogênese (O, A, E e B). O solo compreende o saprólito (C) e o solum. 15 INTEMPERISMO E SOLO biológica. O - Horizonte rico em restos orgânicosem decomposição. Na porção mais superficial do perfil, o saprólito sofre importantes modificações, tais como: perda de matéria (provocada pela lixiviação), adição de matéria (provenientes de fontes externas), translocação de matéria (remobilização do fluxo de soluções no interior do perfil ou pela ação da fauna) e transformação da matéria, em contato com os produtos de decomposição das matérias vegetal e animal. Esses mecanismos são controlados pelas soluções que percolam o perfil vertical e lateralmente, enquanto a cobertura vegetal age como um agente protetor das estruturas dos solos, dificultando a erosão. Em uma escala global, os principais agentes de remobilização do solo são os animais. Os vermes são os mais importantes bioturbadores, seguido pelas formigas. A atuação da fauna nos solos pode atingir profundidades de até alguns metros, com a escavação, transporte e redeposição de consideráveis quantidades de materiais. (Conferir a Figura 11). Classificação dos solos Existem vários tipos de classificação de solos, entretanto a classificação mais utilizada é a “Soil Taxonomy”, desenvolvida nos EUA que considera 12 ordens de solos, subdivididos em sub-ordens, grandes grupos, grupos, famílias e séries, como apresentado no mapa de solos do continente americano. (Conferir a Figura 12). Fig. 11 - Atuação da fauna no solo. 16 GEOLOGIA AMBIENTAL Fig. 12 - – Mapa de solos do continente americano. A classificação dos solos é importante para estabelecer correlações entre os solos encontrados em diferentes regiões da Terra. Ao observar o comportamento de diferentes regiões, percebe-se que a distribuição do solo acontece de forma zoneada, ou seja, em função da latitude e da altitude, relacionadas ao clima e à vegetação. Embora os solos sejam classificados por suas propriedades químicas e físicas, também podem ser classificados de acordo com a deposição do material de origem, a saber: solos residuais (não sofre transporte, ou seja, permanece no próprio local de formação); coluviais (depósitos de materiais incosolidados, normalmente encontrados recobrindo encostas íngremes, formados principalmente pela ação da gravidade e pelo fluxo de água); transportados (sofreram transporte por agentes geológicos - enxurradas, rios, vento, gravidade ou vários desses agentes simultaneamente, do local onde se formaram até o local onde foram depositados, sem ter sofrido consolidação) e orgânicos (mistura homogênea de matéria orgânica decomposta e de elementos de origem mineral, apresentando geralmente cor preta ou cinza-escuro). 17 INTEMPERISMO E SOLO Existem outras classificações de solos, tais como os solos tropicais que apresentam baixa fertilidade e vulneráveis às ações antrópicas. A degradação dos solos tropicais é um dos mais importantes problemas ambientais que a humanidade terá de enfrentar neste século. O Brasil está inserido quase totalmente no domínio tropical úmido e corre grande risco de degradação da sua cobertura vegetal. Em 1999, a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) desenvolveu uma classificação própria para os solos, chamada de Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS). Com a nova classificação do SiBCS (2006), ocorreu a subdivisão dos solos em seis diferentes níveis categóricos hierárquicos de classes: ordem, subordem, grandes grupos, subgrupos, famílias e séries, cujo primeiro nível comporta 13 classes (Conferir a Tabela 1). Tabela 1 – Classificação da ordem dos solos definida pelo Sistema Brasileiro de classificação de solos (EMBRAPA, 2006). No Brasil, os solos com maior distribuição geográfica são os latossolos, entretanto, sob condições de formação e evolução pedológica, como no semiárido nordestino, predomina a formação de vertissolo. 18 GEOLOGIA AMBIENTAL Importância do solo e o Meio Ambiente Os solos fazem parte dos sistemas naturais que compõem o ambiente global. Portanto, estão em constante inter-relação com as águas superficiais, as águas subterrâneas, as rochas, o ar, as condições climáticas e os ecossistemas, constituindo-se um importante recurso natural, pois é a partir deles que derivam os produtos para alimentação humana. Além desses fatores, o solo regula a distribuição, o armazenamento, o escoamento e a infiltração da água da chuva, além de funcionar como um filtro, garantindo, assim, a qualidade da água. Entretanto, existe um desequilíbrio no manejo e na preservação dos solos, a partir da implementação de atividades como o desmatamento, o uso de agroquímicos e a excessiva exploração mineral, ocasionando, assim, a erosão e a contaminação do solo. Por ser um recurso finito e não renovável, a degradação do solo causa a perda da capacidade de realizar suas funções naturais, como a retenção de nutrientes, influenciando de sobremaneira na sua produtividade. Todavia, a observação dessas funções essenciais dos solos é, na maioria das vezes, imperceptível à sociedade. Somente quando os solos mostram evidência de improdutividade, seja na diminuição da biodiversidade ou na produtividade, é que essas funções são reconhecidas e valorizadas. ATIVIDADE 02 Com base no estudo sobre o intemperismo realizado na Atividade 1, pesquise sobre a cobertura de solo do referido município, principalmente sobre os diferentes tipos e suas características. Inclua, se possível, o seu mapa pedológico (você pode baixar um mapa no link referenciado nas Leituras Complementares Solos do Nordeste - EMBRAPA). Em seguida, pesquise sobre as técnicas de manejo de solo, incluindo a identificação e o mapeamento dos solos vulneráveis. Finalmente, elabore um documento propondo a aplicação dessas técnicas no município. 19 INTEMPERISMO E SOLO RESUMINDO Nessa aula, você aprendeu o que é intemperismo, quais os fatores que controlam sua ação, além de identificar os tipos de intemperismo que decompõe as rochas e como influenciam na formação dos solos. Aprendeu, também, que é necessário conhecer as características químicas e físicas do solo para que se possa fazer um controle do seu uso, contribuindo, assim, para a preservação do ecossistema, o que garante sua utilização pelas gerações futuras. LEITURA COMPLEMENTAR Para saber mais sobre o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos elaborado pela EMBRAPA, acesse o site: http://www.cnps.embrapa.br/sibcs/ e selecione o link Classificação de um perfil, para conhecer como deve ser feita a descrição de um perfil de solo e sua consequente classificação. Acesse o link Solos do Nordeste no site da EMBRAPA (http://www.uep.cnps.embrapa.br/ solos/index.php?link=rn) e faça download dos mapas pedológicos que desejar. 20 GEOLOGIA AMBIENTAL AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS Agora que você já sabe os conceitos relacionados ao intemperismo e à formação dos solos, aproveite para se aprofundar um pouco mais e discorrer sobre as questões abaixo. Você pode fazer uso de outras fontes de pesquisa. 1 - Explique o conceito de intemperismo e quais os fatores que controlam sua ação. 2 - Quais as diferenças entre intemperismo físico e químico e onde se aplica o intemperismo físico- biológico? 3 - Como as reações do intemperismo químico podem ser representadas geneticamente? 4 - Como ocorre o processo pedogenético e quais são os horizontes que constituem o perfil de solo? 5 - Qual a importância do solo e da sua preservação? LEMBRE-SE Glossário Líquens são seres vivos muito simples que constituem uma simbiose de um organismo formado por um fungo e uma alga, ou cianobactéria. Fraturas são todas as descontinuidades disjuntivas (planares ou curviplanares) presentes nas rochas. Poros das rochas são espaços interiores não preenchidos (vazios) de uma 21 INTEMPERISMO E SOLO rocha que poder armazenar fluidos. Juntas de Alívio são fraturas ocorridas devido ao alívio de tensão. Acidólise é um fenômeno que ocorre durante o intemperismo, quando as soluções aquosas do solo são suficientemente ácidas (pH<5,5)para provocar a dissolução total ou parcial dos minerais. Alitização é o fenômeno químico de hidrólise total (eliminação total da sílica – formação de óxi-hidróxidos de alumínio e ferro). Monossialitização é o fenômeno químico de hidrólise parcial – silicatos de alumínio (caolinita). Bissialitização é o fenômeno químico de hidrólise parcial – silicatos de alumínio (esmectita). Zona de acidólise total é a zona fria do globo, onde a vegetação é composta principalmente por liquens e coníferas, cujos resíduos se degradam lentamente, fornecendo complexos orgânicos capazes de fazer o alumínio migrar por acidólise total. Zona de alitização corresponde às zonas do domínio tropical, caracterizadas por precipitação abundante, superior a 1.500 mm e vegetação exuberante. Zona de monossialitização está contida no domínio tropical subsumido, com precipitação superior a 500 mm e temperatura média anual superior a 15ºC. Zona de bissialitização corresponde às zonas temperadas e áridas, onde a alteração e lixiviação são pouco intensas, resultando na formação de argilominerais secundários em silício. Saprólito é a parte do perfil de alteração de um solo em que aparece a rocha alterada, mas ainda mantendo muitas de suas estruturas e restos de minerais em processo de alteração, principalmente os feldspatos. Regolito é o conjunto do material superficial, originado das rochas e dos depósitos inconsolidados, que foi afetado pelo intemperismo químico e físico. Bioturbação é o processo de construção de estruturas sedimentares de origem biológica (como buracos de caranguejos ou de folhas, marcas de patas, etc.), características de ambientes específicos, perturbando a estrutura sedimentar ou pedogênica a que se sobrepõem. 22 GEOLOGIA AMBIENTAL CONHECENDO AS REFERÊNCIAS AS REAÇÕES químicas e a formação das cavernas. Disponível em: http://www.cdcc. sc.usp.br/quimica/ciencia/cavernas.html. Acesso: 09/05/2013. ATUAÇÃO da fauna no solo. Disponível em: http://www.slideshare.net/mj_d/7-fa- tores-abioticossolo. Acesso em: 10/04/2013. EMBRAPA. Solos do Nordeste. Disponível em: <http://www.uep.cnps.embrapa.br/so- los/index.php?link=rn>. Acesso em: 20 ago 2013. ______. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Disponível em: <http://www. cnps.embrapa.br/sibcs/>. Acesso em: 20 ago 2013. ______. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2. ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA, Centro Nacional de Pesquisa de Solos, 2006. 306 p. PRESS, Frank; SIEVER, Raymond; GROTZINGER, John; JORDAN, Thomas H. Para En- tender a Terra. 4. ed. São Paulo: Bookman, 2006. 656 p. RECURSOS Naturais: solos. Disponível em: http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/ solo.html. Acesso: 09 mai 2013. SAIS, Adriana Cavaliere. Apontamentos de aula geologia. São Paulo: Espírito Santo do Pinhal, 2010. 84 p. TAROUCO, Edgar. Intemperismo. Disponível em: http://geoufma.wordpress. com/2011/01/22/intemperismo/. Acesso: 10/04/2013. TEIXEIRA, Wilson; FAIRCHILD, Thomas Rich; TOLEDO, Maria Cristina Motta de; TAIOLI, Fábio. Decifrando a terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003. 557 p. TEIXEIRA, Wilson; FAIRCHILD, Thomas Rich; TOLEDO, Maria Cristina Motta de; TAIOLI, Fábio. Decifrando a terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009. 623 p. LISTA DE FIGURAS Fig. 01 - Fonte: //dc339.4shared.com/doc/VO1U_HXA/preview_html_26200430.gif Fig. 02 - Fonte: Teixeira et al, 2003, p. 155. Fig. 03 - Fonte: Teixeira et al, 2003, p. 141. Fig. 04 - Fonte: Press, et al., 2006, p. 182. Fig. 05 - Fonte: Modificado de Teixeira et al, 2003, p. 145. 23 INTEMPERISMO E SOLO Fig. 06 - Fonte: http://www.cdcc.sc.usp.br/quimica/ciencia/cavernas.html Fig. 07 - Fonte: Teixeira, et al, 2003, p. 147. Fig. 08 - Fonte: Teixeira et al, 2003, p. 149. Fig. 09 - Fonte: Adaptado de Sais, 2010, p. 67. Fig. 10 - Fonte: Teixeira et al., 2003, p. 140. Fig. 11 - Fonte: http://www.slideshare.net/mj_d/7-fatores-abioticossolo Fig. 12 - Fonte: Teixeira et al, 2003, p. 159.