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Indaial – 2019 AssistênciA de enfermAgem nA sAúde dA mulher, Adulto e idoso Prof.ª Amanda Caroline Sartori Prof.ª Nádia Rodrigues Chagas Alves Prof.ª Juliana Mello Função Lopes Prof.ª Taís de Campos Moreira Prof. Alexandre Machado Lehnen Prof.ª Pamela Catiuscia Rodrigues Martins Prof.ª Paula Gabriela Loss Neto Prof.ª Caroline Costa Nunes Lima Prof. Patrick da Silveira Gonçalves Prof. Robert L. Kane Prof. oseph G. Ouslander Prof. Itamar B. Abrass Prof.ª Barbara Resnick Prof.ª Carolina Abbud Prof.ª Michele Caroline da Silva Rodrigues Prof. Admilson Soares de Paula Prof. Lafaiete Luiz de Oliveira Junior Prof.ª Marcela Carnier Prof.ª Sandra Muttonir 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof.ª Amanda Caroline Sartori Prof.ª Nádia Rodrigues Chagas Alves Prof.ª Juliana Mello Função Lopes Prof.ª Taís de Campos Moreira Prof. Alexandre Machado Lehnen Prof.ª Pamela Catiuscia Rodrigues Martins Prof.ª Paula Gabriela Loss Neto Prof.ª Caroline Costa Nunes Lima Prof. Patrick da Silveira Gonçalves Prof. Robert L. Kane Prof. oseph G. Ouslander Prof. Itamar B. Abrass Prof.ª Barbara Resnick Prof.ª Carolina Abbud Prof.ª Michele Caroline da Silva Rodrigues Prof. Admilson Soares de Paula Prof. Lafaiete Luiz de Oliveira Junior Prof.ª Marcela Carnier Prof.ª Sandra Muttonir Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Conteúdo produzido Copyright © Sagah Educação S.A. Impresso por: III ApresentAção Olá, acadêmico! Bem-vindo ao estudo da Assistência de Enfermagem na Saúde da Mulher, Adulto e Idoso. Com o estudo deste conteúdo esperamos que você amplie seus conhecimentos sobre o papel da enfermagem na saúde desses diversos públicos. Confira, a seguir, os principais aspectos que serão abordados nas unidades de ensino de nosso livro. Na Unidade 1 vamos começar estudando sobre a assistência à saúde da mulher. Vamos destacar a Política Nacional da Atenção Integral à Saúde da Mulher, estudar a anatomia e fisiologia do Sistema Reprodutor Feminino e como quais os cuidados que o profissional de enfermagem deve ter na prevenção de agravos, como nos cuidados e atendimentos com essas pacientes. Na Unidade 2, vamos estudar a assistência à saúde do adulto, visando estratégias de acolhimento e ao atendimento mais humanizado. Vamos estudar a importância da alimentação saudável e equilibrada para a promoção da saúde e prevenção de doenças. Por fim, na Unidade 3 será abordado a assistência de enfermagem ao idoso, o aspecto histórico e legal sobre o tema, bem como a atenção integral, o acolhimento e a proteção ao idoso. Desejamos a você, uma ótima leitura e bons estudos!! IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento. Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada! LEMBRETE VII UNIDADE 1 – ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER ..........................................................................1 TÓPICO 1 – SAÚDE INTEGRAL ...........................................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3 2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER .......................3 2.1 EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER ...............................4 2.2 PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER E POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER ..........................................7 2.2.1 Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher .........................8 2.2.2 Objetivos gerais da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher ..............9 2.2.3 Objetivos específicos e estratégias da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher .....................................................................................................................10 2.3 CUIDADOS DE ENFERMAGEM À SAÚDE DA MULHER .....................................................10 2.3.1 Cuidados de enfermagem à mulher na gestação ...............................................................12 2.3.2 Cuidados de enfermagem à mulher na prevenção do câncer do colo uterino e de mamas .................................................................................................................................13 2.3.3 Cuidados de enfermagem à mulher na atenção reprodutiva e à saúde sexual .............13 2.3.4 Cuidados de enfermagem à mulher em situação de violência sexual ............................14 2.3.5 Cuidados de enfermagem à mulher no climatério ............................................................14 2.3.6 Cuidados em relação à saúde mental e ao gênero .............................................................15 3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO E CICLO MENSTRUAL ..........................................................................................................................15 3.2 ANATOMIA DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO ....................................................16 3.2.1 Genitália interna .....................................................................................................................18 3.2.1.1 Ovários ..................................................................................................................................18 3.2.1.2 Tubas uterinas ......................................................................................................................20 3.2.1.3 Útero ......................................................................................................................................22 3.2.1.4 Vagina ....................................................................................................................................23 3.2.1.5 Genitália externa ..................................................................................................................25 3.3 FUNÇÕES FISIOLÓGICAS DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO...........................26 3.3.1 Hormônios hipofisários .........................................................................................................26 3.3.2 Hormônios ovarianos .............................................................................................................27 3.3.3 Puberdade e menarca .............................................................................................................28 3.3.4 Menopausa ..............................................................................................................................28 3.4 ETAPAS DO CICLO MENSTRUAL ..............................................................................................28 3.4.1 Ciclo ovariano .........................................................................................................................28 3.4.2 Ciclo uterino ............................................................................................................................29 4 PREVENÇÃO DE AGRAVOS RELACIONADOS A SAÚDE DA MULHER ...........................30 4.1 PRINCIPAIS AGRAVOS À SAÚDE DA MULHER ....................................................................30 4.1.1 Câncer de mama .....................................................................................................................31 4.1.2 Câncer de colo de útero .........................................................................................................31 4.1.3 Infecções sexualmente transmissíveis ..................................................................................32 4.1.4 Corrimento vaginal e cervicites ............................................................................................32 4.1.5 Violência sexual e doméstica.................................................................................................32 sumário VIII 4.1.6 Dor pélvica ...............................................................................................................................33 4.1.7 Miomas .....................................................................................................................................33 4.1.8 Queixas urinárias ....................................................................................................................33 4.1.8.1 Perda urinária .......................................................................................................................33 4.2 AGRAVOS GINECOLÓGICOS ......................................................................................................34 4.2.1 Endometriose...........................................................................................................................34 4.1.8.2 Dor e aumento da frequência .............................................................................................34 4.2.2 Doença inflamatória da pelve ...............................................................................................36 4.2.3 Infertilidade .............................................................................................................................37 4.2.4 Sangramento uterino anormal (SUA) ..................................................................................38 4.2.5 Atraso menstrual e amenorreia .............................................................................................38 4.2.6 Sintomas pré-menstruais .......................................................................................................39 4.3 PREVENÇÃO DE AGRAVOS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM À SAÚDE DA MULHER ...................................................................................................................................39 4.3.1 Objetivos e estratégia para prevenção de agravos (BRASIL, 2011) .................................39 4.3.2 Cuidados de enfermagem à saúde da mulher ....................................................................40 4.3.2.1 Cuidados na prevenção do câncer de colo uterino e mama (SÃO PAULO, 2012) .....40 4.3.3 Cuidados de enfermagem à mulher vítima de violência doméstica e sexual (SÃO PAULO, 2012) ...............................................................................................................41 4.3.4 Cuidados de enfermagem na dor pélvica ...........................................................................41 4.3.5 Cuidados de enfermagem para mulheres com miomas ...................................................42 4.3.6 Cuidados de enfermagem nas queixas urinárias ...............................................................42 4.3.7 Cuidados de enfermagem na endometriose .......................................................................42 4.3.8 Cuidados de enfermagem na doença inflamatória da pelve ............................................43 4.3.9 Cuidados de enfermagem na infertilidade .........................................................................43 4.3.10 Cuidados de enfermagem nos distúrbios menstruais .....................................................43 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................44 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................46 TÓPICO 2 – SAÚDE GINECOLÓGICA E PLANEJAMENTO FAMILIAR .................................47 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................47 2 INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ......................................................................47 2.1 PRINCIPAIS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS .............................................48 2.1.1 Sífilis..........................................................................................................................................49 2.1.2 Vírus da imunodeficiência humana (HIV) ..........................................................................51 2.1.3 Hepatites virais .......................................................................................................................52 2.2 SINAIS E SINTOMAS DAS PRINCIPAIS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ...........................................................................................................................54 2.2.1 Sífilis..........................................................................................................................................54 2.2.2 Diagnósticos ............................................................................................................................56 2.2.3 Vírus da imunodeficiência humana (HIV) ..........................................................................57 2.2.4 Hepatites virais .......................................................................................................................58 2.3 PLANO DE CUIDADOS PARA A MULHER COM INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS............................................................................................................................60 3 PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO ...........................................................................................62 3.1 CÂNCER CERVICOUTERINO E CÂNCER DE MAMA: PRINCIPAIS CAUSAS, SINAIS E SINTOMAS ...............................................................................................................63 3.1.2 Causas e fatores de risco ........................................................................................................63 2.1.3 Sinais e sintomas .....................................................................................................................65 3.2 DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E PREVENÇÃO DO CÂNCER CERVICOUTERINO E DE MAMA .....................................................................................................................................663.2.1 Câncer de colo uterino ...........................................................................................................66 IX 3.2.1.1 Diagnóstico ..........................................................................................................................67 3.2.1.2 Tratamento ............................................................................................................................68 3.2.1.3 Prevenção do câncer de colo uterino ................................................................................69 3.2.1.3 Vacinação contra o HPV .....................................................................................................70 3.2.2 Câncer de mama .....................................................................................................................70 3.2.2.1 Diagnóstico ...........................................................................................................................70 3.2.2.2 Tratamento ............................................................................................................................72 3.2.2.3 Local .......................................................................................................................................73 3.3 CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO CÂNCER CERVICOUTERINO E NO CÂNCER DE MAMA ........................................................................................................................74 3.2.2.4 Sistêmico ...............................................................................................................................74 4 PLANEJAMENTO FAMILIAR E MÉTODOS CONTRACEPTIVOS .........................................77 4.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E PLANEJAMENTO FAMILIAR ........................................................77 4.2 MÉTODOS CONTRACEPTIVOS ..................................................................................................80 4.2.1 Contraceptivos hormonais ....................................................................................................82 4.2.1.1 Orais .......................................................................................................................................82 4.2.1.2 Injetáveis ...............................................................................................................................83 4.2.1.3 Implante subcutâneo, anel vaginal e adesivo percutâneo .............................................83 4.2.2 Dispositivos ou sistemas intrauterinos (DIU e SIU) ..........................................................83 4.2.2.1 Sistema liberador de levonorgestrel (SIU) .......................................................................83 4.2.2.2 Dispositivo intrauterino (DIU) de cobre ..........................................................................84 4.2.2.3 Barreira ..................................................................................................................................84 4.2.2.4 Diafragma .............................................................................................................................85 4.2.2.5 Espermicida ..........................................................................................................................85 4.2.2.6 Esponja contraceptiva .........................................................................................................85 4.2.2.7 Capuz cervical ......................................................................................................................86 4.2.2.8 Preservativo feminino e masculino ...................................................................................86 4.2.3 Métodos comportamentais ou naturais ...............................................................................87 4.2.3.1 Tabela ou calendário (Ogino-Knaus) ................................................................................87 4.2.3.2 Curva térmica basal ou de temperatura ...........................................................................88 4.2.3.3 Billings (mucocervical) ........................................................................................................88 4.2.3.4 Sintotérmico ..........................................................................................................................89 4.2.3.5 Coito interrompido ..............................................................................................................89 4.2.4 Métodos contraceptivos definitivos .....................................................................................89 4.2.4.1 Ligadura tubária .................................................................................................................89 4.2.4.2 Vasectomia ............................................................................................................................90 4.2.5 Elegibilidade do método contraceptivo ..............................................................................90 4.2.6 Atuação do enfermeiro no planejamento familiar .............................................................93 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................95 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................96 TÓPICO 3 – ENFERMAGEM NA SAÚDE DA MULHER ...............................................................97 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................97 2 CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO CLIMATÉRIO ..................................................................97 2.1 A SAÚDE DA MULHER DURANTE O CLIMATÉRIO .............................................................98 2.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS NO CLIMATÉRIO E NA MENOPAUSA ..............................99 2.3 CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO CLIMATÉRIO ..............................................................105 3 TREINAMENTO PARA MULHERES .............................................................................................109 3.1 A MENSTRUAÇÃO E O TREINAMENTO FÍSICO ................................................................109 3.2 O CORPO E O EXERCÍCIO FÍSICO — RELAÇÕES DE ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS ..............................................................................................................................111 3.3 MULHERES, METABOLISMO E EXERCÍCIO FÍSICO ............................................................114 X 3 INGESTÃO DE NUTRIENTES ANTES, DURANTE E PÓS-EXERCÍCIO ..............................116 3.1 OS NUTRIENTES E A PRÁTICA ESPORTIVA: UMA RELAÇÃO MUITO PRÓXIMA ....116 3.1.1 A alimentação e sua influência na prática esportiva .......................................................116 3.1.2 Os nutrientes no exercício físico ........................................................................................117 3.2 CARACTERÍSTICAS DA ALIMENTAÇÃO ANTES DA ATIVIDADE FÍSICA ..................120 3.2.1 Cuidados alimentares antes do exercício físico ...............................................................120 3.3 CONSUMO ALIMENTAR DURANTE E APÓS O EXERCÍCIO FÍSICO ..............................122 3.3.1 Alimentação durante o exercício físico .............................................................................122 3.3.2 Alimentação depois do exercício físico .............................................................................123 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................125 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127 UNIDADE 2 – ATENÇÃO NA SAÚDE DO ADULTO ...................................................................129TÓPICO 1 – PROMOÇÃO DA SAÚDE ............................................................................................131 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131 2 ESTRATÉGIAS DE ACOLHIMENTO AO ADULTO ..................................................................131 2.1 ACOLHIMENTO E SUA EVOLUÇÃO NO SUS .......................................................................131 2.2 FUNCIONAMENTO E IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO À DEMANDA ESPONTÂNEA ...............................................................................................................................134 2.3 ESTRATÉGIAS PARA O ACOLHIMENTO DO ADULTO ......................................................137 3 EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO ESTRATÉGIA PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE DO ADULTO .......................................................................................................................................139 3.1 EDUCAÇÃO EM SAÚDE E PROMOÇÃO DA SAÚDE ..........................................................140 3.2 ESTRATÉGIAS PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS .......142 3.3 ESTRATÉGIAS PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE: MELHORANDO A ADERÊNCIA DO PACIENTE AO TRATAMENTO CLÍNICO ........................................................................144 4 BRINCAR É COISA DE CRIANÇA. SERÁ? .................................................................................147 4.1 O LÚDICO E A BRINCADEIRA NA VIDA ADULTA .............................................................147 4.2 A INFLUÊNCIA DAS BRINCADEIRAS DA INFÂNCIA NA VIDA ADULTA ...................149 4.3 RELAÇÕES ENTRE CRIANÇAS E ADULTOS POR MEIO DE BRINCADEIRAS ...........151 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................154 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................156 TÓPICO 2 – NUTRIÇÃO E DIETÉTICA 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................157 2 RECOMENDAÇÃO DE NUTRIENTES: ADULTO .....................................................................157 2.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE ADULTOS ..........................................................................157 2.1.1 Adultez jovem .......................................................................................................................158 2.1.2 Adultez média inicial, plena e madura .............................................................................159 2.2 NECESSIDADES NUTRICIONAIS DE ADULTOS ..................................................................161 2.3 NUTRIENTES IMPORTANTES PARA ADULTOS ...................................................................163 2.3.1 Carboidratos ..........................................................................................................................163 2.3.2 Lipídeos ..................................................................................................................................164 2.3.3 Proteínas .................................................................................................................................164 2.3.4 Micronutrientes .....................................................................................................................165 3 ORGANIZAÇÃO DE PLANOS ALIMENTARES: ADULTO.....................................................165 3.1 O PLANO ALIMENTAR PARA O ADULTO SAUDÁVEL .....................................................166 3.2 ELABORAÇÃO DO PLANO ALIMENTAR ..............................................................................168 3.2.1 Traçar objetivos e estratégias ..............................................................................................170 3.2.2 Cálculo do valor energético total ........................................................................................170 3.2.3 Organização das refeições e distribuição de macronutrientes .......................................171 XI 3.2.3 A elaboração do material de entrega .................................................................................174 3.3 O PLANO ALIMENTAR E SEUS DESAFIOS ............................................................................178 4 RECOMENDAÇÕES DE NUTRIENTES: ADULTO ....................................................................181 4.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE ADULTOS ..........................................................................181 4.1.1 Adultez jovem .......................................................................................................................182 4.1.2 Adultez média inicial, plena e madura .............................................................................183 4.1.3 Necessidades nutricionais de adultos ................................................................................185 4.2 NUTRIENTES IMPORTANTES PARA ADULTOS ...................................................................187 4.2.1 Carboidratos ..........................................................................................................................187 4.2.2 Lipídeos ..................................................................................................................................188 4.2.3 Proteínas .................................................................................................................................189 4.2.4 Micronutrientes .....................................................................................................................189 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................190 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................191 TÓPICO 3 – DESENVOLVIMENTO HUMANO ............................................................................193 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................193 2 ADULTO JOVEM: DESENVOLVIMENTO FÍSICO, COGNITIVO E PSICOSSOCIAL .....193 2.1 OS DESENVOLVIMENTOS FÍSICO, COGNITIVO E PSICOSSOCIAL EM ADULTOS JOVENS ...........................................................................................................................................194 2.2 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO DESENVOLVIMENTO DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO ADULTO JOVEM .............................................................................199 2.3 ATRIBUIÇÕES DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA ATENÇÃO AO DESENVOLVIMENTO FÍSICO, COGNITIVO E PSICOSSOCIAL EM ADULTOS JOVENS .......................................201 3 PROCESSO SAÚDE DOENÇA ........................................................................................................206 3.1 O CONCEITO DE SAÚDE ...........................................................................................................206 3.1.1 Qualidade de vida e saúde ..................................................................................................207 3.2 O CONCEITO DE DOENÇA .......................................................................................................208 3.3 SAÚDE, DOENÇA E EPIDEMIOLOGIA ...................................................................................211 4 ADESÃO À ATIVIDADE FÍSICA ...................................................................................................213 4.1 MOTIVOS PARA A ADESÃO DE ADULTOS A PROTOCOLOS DE TREINAMENTO FÍSICO ..............................................................................................................................................213 4.1.1 Recomendação médica .........................................................................................................2154.1.2 Estética e autoconceito .........................................................................................................216 4.1.3 Lazer e qualidade de vida ...................................................................................................216 4.2 FATORES QUE AUMENTAM OU REDUZEM A ADESÃO DE IDOSOS A PROGRAMAS DE ATIVIDADES FÍSICAS ................................................................................217 4.2.1 Melhora da saúde .................................................................................................................218 4.2.2 Convívio social ......................................................................................................................218 4.2.3 Diminuição do estresse ........................................................................................................219 4.2.4 Aquisição de um estilo de vida saudável ..........................................................................220 4.2.5 Percepção de segurança .......................................................................................................220 4.2.6 Suporte social e incentivo familiar .....................................................................................220 4.3 MEDIDAS E ESTRATÉGIAS PARA AUMENTAR A ADESÃO AOS PROGRAMAS DE ATIVIDADE FÍSICA NO ÂMBITO DA SAÚDE .......................................................................221 4.3.1 Acessibilidade .......................................................................................................................222 4.3.2 Viabilidade financeira ..........................................................................................................223 4.3.3 Flexibilidade de horários .....................................................................................................223 4.3.4 Características de atividades ...............................................................................................223 4.3.5 Vínculos socioafetivos ..........................................................................................................224 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................225 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................227 XII UNIDADE 3 – ATENÇÃO BÁSICA E PROMOÇÃO DA SAÚDE DO IDOSO ........................229 TÓPICO 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO IDOSO ....................................................231 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................231 2 INTRODUÇÃO À GERIATRIA E GERONTOLOGIA ...............................................................231 3 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM GERONTOLÓGICA I .....................................................235 4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM GERONTOLÓGICA II ....................................................235 4.1 IDOSO E SEXUALIDADE ...........................................................................................................237 4.2 DIRETRIZES DO SUS REFERENTES À ASSISTÊNCIA INTEGRAL À SAÚDE DO IDOSO ......................................................................................................................................238 4.3 CUIDADO DE ENFERMAGEM AO IDOSO EM SITUAÇÃO ESPECIAL ...........................239 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................241 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................242 TÓPICO 2 – ATENÇÃO INTEGRAL AO IDOSO ...........................................................................243 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................243 2 O IDOSO: DESENVOLVIMENTO FÍSICO, COGNITIVO E PSICOSSOCIAL ....................243 2.1 ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES EM IDOSOS .................................................................................249 2.2 O COMPROMISSO DA EDUCAÇÃO FÍSICA COM O DESENVOLVIMENTO FÍSICO, COGNITIVO E PSICOSSOCIAL DO IDOSO .............................................................251 3 TREINAMENTO PARA IDOSOS ...................................................................................................254 3.1 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA POPULAÇÃO IDOSA NO BRASIL .........................256 3.2 PROGRAMAS DE TREINAMENTO ESPECÍFICOS PARA IDOSOS ....................................259 4 DANÇA PARA TERCEIRA IDADE ................................................................................................263 4.1 FORMAS DE EXPRESSÃO CORPORAL POR MEIO DA DANÇA .......................................266 4.2 OS DOMÍNIOS COGNITIVO, AFETIVO-SOCIAL E MOTOR POR MEIO DA PRÁTICA DE DIFERENTES DANÇAS ......................................................................................268 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................271 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................272 TÓPICO 3 – ACOLHIMENTO E PROTEÇÃO AO IDOSO ..........................................................273 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................273 2 PROGRAMAS E SERVIÇOS DE ATENDIMENTO AO IDOSO ..............................................273 2.1 DIREITOS SOCIAIS DO IDOSO E ARCABOUÇO LEGAL .....................................................276 2.2 DESAFIOS DA ATENÇÃO INTEGRAL AP IDOSO E ASPECTOS INTERNACIONAIS DO CUIDADO ...........................................................................................279 3 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO E ESTATUTO DO IDOSO .............................................281 3.1 POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO ..........................................................................................284 3.2 ESTATUTO DO IDOSO ................................................................................................................285 3.3 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA ATENÇÃO À PESSOA IDOSA ..................................287 3.4 UNIVERSALIDADE ......................................................................................................................287 3.5 PREFERÊNCIA ..............................................................................................................................287 4 ASILO: PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E GESTÃO .......................................................287 4.1 IDENTIFICAÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA EM UMA ILPI OU ASILO .......................................................................................................................................291 4.2 RECONHECIMENTO DAS ETAPAS DE PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E GESTÃO PARA AS UANs DENTRO DAS ILPIs OU ASILOS ................................................293 4.3 PLANEJAMENTO EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (UAN) .............294 4.4 ORGANIZAÇÃO EM UANs .......................................................................................................295 4.5 DIREÇÃO EM UANs ....................................................................................................................295 4.6 CONTROLE EM UANs.................................................................................................................296 XIII RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................298 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................300REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................301 XIV 1 UNIDADE 1 ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar a evolução das políticas de atenção à saúde da mulher; • explicar o Programa de Atenção à Saúde da Mulher (PAISM) e a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM); • reconhecer os cuidados de enfermagem à saúde da mulher com base nas políticas públicas, nas questões de gênero, e nos direitos sexuais e reprodutivos; • analisar a anatomia do aparelho reprodutor feminino; • identificar as funções fisiológicas do aparelho reprodutor feminino; • descrever as etapas do ciclo menstrual; • reconhecer os principais agravos relacionados à saúde da mulher; • identificar os agravos ginecológicos: endometriose, doença inflamatória pélvica, infertilidade e distúrbios menstruais; • descrever as formas de prevenção de agravos e cuidados de enfermagem relacionados à saúde da mulher; • definir as principais infecções sexualmente transmissíveis; • descrever os sinais e sintomas das principais infecções sexualmente transmissíveis; • elaborar um plano de cuidados para a mulher com infecções sexualmente transmissíveis; • definir as causas, os sinais e os sintomas do câncer cervicouterino e do câncer de mama; • identificar as formas de tratamento de câncer cervicouterino e de mama; • elaborar um plano de cuidados para a mulher com câncer cervicouterino e de mama por meio da realização da consulta de enfermagem na saúde da mulher; • definir planejamento familiar e métodos contraceptivos; • descrever as vantagens e desvantagens dos métodos contraceptivos; • elaborar um plano de cuidados de enfermagem em planejamento familiar; • definir climatério e as suas etapas; • analisar as diferenças entre climatério e menopausa, bem como as suas manifestações clínicas transitórias e não transitórias; • descrever os cuidados de enfermagem no climatério; • relacionar o ciclo menstrual com o desempenho durante o treinamento; • identificar as funções e adaptações dos principais sistemas fisiológicos envolvidos na prática de exercícios físicos; • descrever como funciona o metabolismo no exercício físico moderado e intenso de curta e longa duração em mulheres; 2 PLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SAÚDE INTEGRAL TÓPICO 2 – SAÚDE GINECOLÓGICA E PLANEJAMENTO FAMILIAR TÓPICO 3 – ENFERMAGEM NA SAÚDE DA MULHER Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA • reconhecer a estreita relação entre os nutrientes e a prática esportiva; • descrever orientações para o consumo de nutrientes antes do exercício físico; • demonstrar orientações para o consumo de nutrientes durante e após o exercício físico; 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 SAÚDE INTEGRAL 1 INTRODUÇÃO Olá Acadêmico, vamos iniciar nossos estudos sobre a assistência à saúde da mulher. Sabemos que as políticas públicas de saúde, em especial, à mulher, passaram por várias etapas até ganharem sua devida importância. Iremos fazer um histórico desta trajetória, até a implementação da Política Nacional da Atenção Integral à Saúde da Mulher, vamos conhecer seus principais marcos e objetivos. Ainda neste tópico, vamos estudar a estrutura e fisiologia do sistema reprodutor feminino, vamos conhecer os principais órgãos que compõem este importante sistema, bem como, entrar em detalhes sobre o ciclo hormonal, e as fases do ciclo menstrual. E por fim, vamos abordar os principais agravos que podem acometer a mulher, impactando diretamente na sua saúde. Como o profissional de enfermagem pode e deve atuar tanto na prevenção desses agravos, como nos cuidados e atendimentos com essas pacientes. Vamos lá? 2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER No Brasil, a maior parte da população é composta por mulheres (50,64%), que também são as principais usuárias do sistema público de saúde, visto que também, acompanham crianças, familiares, idosos, amigos e vizinhos nas consultas (BRASIL, 2011). A saúde abrange vários pontos da vida, incluindo as relações com o meio ambiente, o lazer, a alimentação e as condições de trabalho e moradia. Além dessas questões, as mulheres ainda enfrentam problemas em decorrência da discriminação no trabalho e ficam sobrecarregadas com as tarefas domésticas e familiares. Portanto, a evolução das políticas de atenção à saúde da mulher representa um marco histórico para essa população, antes assistida somente na gestação e no parto. UNIDADE 1 | ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER 4 2.1 EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER A saúde da mulher foi inserida nas políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, embora considerada insuficiente por abranger somente questões referentes à gestação e ao parto, já que os programas materno-infantis criados em 1930, 1950 e 1970 fundamentavam-se nas características biológicas da mulher e no seu papel social de mãe e dona de casa, incumbida da criação e da educação dos filhos e do cuidado com a saúde da sua família. A criação de tais programas tinha a finalidade de resguardar os grupos considerados de risco e em situação de vulnerabilidade, como as crianças e as gestantes, segundo a concepção da época. No entanto, foram desaprovados em decorrência da interpretação reducionista da mulher, que somente recebia assistência à saúde no momento da gestação e do parto, mas não nos demais momentos da vida (BRASIL, 2011). Destaca-se que o movimento das mulheres colaborou para a inserção na agenda da política nacional de temas menosprezados até aquele momento, pelo fato de serem vistos como exclusivos ao ambiente e às relações privativas. O foco desse movimento consistia em demonstrar as desigualdades entre os homens e as mulheres em questões relacionadas a condições de vida, questões relacionadas à sexualidade e à reprodução, dificuldades associadas à anticoncepção e à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, além da sobrecarga de trabalho, visto que eram as mulheres que cuidavam da casa e criavam os filhos (ÁVILA; BANDLER, 1991). As mulheres que participavam desse movimento questionavam as desigualdades nas relações sociais entre os homens e as mulheres, o que também abarcava as questões de saúde que acometiam especialmente o público feminino. Em vista disso, era essencial, naquele momento, tecer críticas, para que esses fatos fossem reconhecidos e sugerir processos políticos capazes de transformar ações na sociedade e, por conseguinte, aumentar a qualidade de vida dos cidadãos (BRASIL, 2011). Portanto, por meio desses argumentos, recomendou-se que a perspectiva de transformação das relações sociais entre os homens e as mulheres alicerçasse a criação, a efetivação e a análise das políticas de saúde da mulher, momento a partir do qual as mulheres passaram a exigir seus direitos além do período da gestação e do momento do parto, exigindo a criação de ações que assegurassem a melhoria das condições de saúde da mulher em todas as etapas da vida (BRASIL, 2011). Em 1984, o Ministério da Saúde criou o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), considerado um marco por desconstruir conceitos com os princípios norteadores da política de saúde da mulher e os parâmetros para escolha de prioridades desse âmbito (BRASIL, 1984). Em suas linhas de ação, o PAISM estabeleceu os princípios de integralidade e equidade, abordando a saúde da mulher de maneira global e em todas as fases do seu ciclo vital. Na década de 1980, a partir da realização de pesquisas para analisar as fases de implantação da política de saúde da mulher, identificaram-se a complexidadee a dificuldade em instituir as ações, pois as cidades tinham problemas políticos, técnicos e administrativos particulares (BRASIL, 2011). TÓPICO 1 | SAÚDE INTEGRAL 5 No âmbito da saúde da mulher, a NOAS determina para as cidades a segurança das “ações básicas mínimas de pré-natal e puerpério, planejamento familiar e prevenção do câncer de colo uterino e, para garantir o acesso às ações de maior complexidade, prevê a conformação de sistemas funcionais e resolutivos de assistência à saúde, por meio da organização dos territórios estaduais” (COELHO, 2003 apud BRASIL, 2011, p. 18). INTERESSA NTE Vale ressaltar que a determinação das ações básicas mínimas para as cidades é consequência da identificação dos problemas para a solidificação do SUS e das falhas ainda presentes na atenção à saúde da comunidade. Entretanto, esse plano não incluiu a totalidade das atividades publicadas nos documentos que orientam a Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher, que, somente em 2003, passou a abranger os fatores da atenção à saúde da mulher antes impedidos, além de incluir questões emergenciais que lesam a saúde da mulher (BRASIL, 2004). As ações executadas entre 1998 e 2002 fizeram referência à solução das dificuldades, priorizando a saúde reprodutiva e a diminuição da mortalidade materna, e investindo no pré-natal, na assistência no momento do parto e na anticoncepção da mulher. Portanto, o objetivo era alcançar a atenção integral à saúde da mulher, apesar de questões relacionadas a ações de transversalidade de gênero e raça ainda serem prejudicadas, em detrimento de um avanço a respeito da integralidade e de uma quebra das ações verticalizadas desenvolvidas no passado, visto que as dificuldades não foram abordadas isoladamente e terem sido incluídos outros assuntos, como a violência sexual (CORREA; PIOLA, 2002). Ademais, identificaram-se diversas falhas, como na atenção ao climatério e à menopausa, reclamações ginecológicas, saúde da mulher na fase da adolescência, doenças infectocontagiosas, saúde ocupacional, infertilidade e reprodução assistida, doenças crônico-degenerativas, além da necessidade de incluir questões relacionadas a gênero e raça nas atividades que devem ser elaboradas (BRASIL, 2011). Diante disso, no ano de 2003, a Área Técnica de Saúde da Mulher reconheceu a necessidade de união com as demais áreas técnicas e da apresentação de outras ações, como a atenção às mulheres rurais, com deficiência, lésbicas, presidiárias, negras e indígenas, e a atuação dessas mulheres nos debates referentes à saúde da mulher e ao meio ambiente (BRASIL, 2011). Na perspectiva de minimizar essas dificuldades, o Ministério da Saúde modificou a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS) (BRASIL, 2001), aumentando as atribuições dos municípios na Atenção Básica, estabelecendo o processo de regionalização da assistência, elaborando meios para consolidar a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e renovando as normas de habilitação para os estados e municípios (BRASIL, 2001). UNIDADE 1 | ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER 6 Outro marco da história se deu em 2004, com a realização da 1ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres e a determinação e divulgação do I Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, enfocado em promover a equidade de gênero. Além disso, o Ministério da Saúde propôs diretrizes para a humanização e a qualidade do atendimento, questões ainda pendentes na atenção à saúde das mulheres (BRASIL, 2011; TILIO, 2012). Ainda em 2004, foi elaborada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), fundamentado no PAISM de 1983, com os objetivos de promover a melhoria das condições de vida e da saúde das mulheres, contribuir para a redução da morbidade e da mortalidade feminina, principalmente por causas evitáveis, e ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no SUS (BRASIL, 2011). No ano de 2008, a Secretaria de Políticas para Mulheres elaborou e divulgou o II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, em que preservou as diretrizes do I Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, porém o aprofundou e introduziu outros eixos de atuação, objetivos, metas e planos de ações (TILIO, 2012). Em 2011, foi realizada a 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, resultando no Plano Nacional de Políticas para as Mulheres 2013–2015, plano que cooperou para a consolidação e a institucionalização da PNAISM, que corroborou com os princípios norteadores da PNAISM e que consiste na autonomia das mulheres, na obtenção da igualdade concreta entre mulheres e homens, no respeito à heterogeneidade e na luta contra a discriminação, com caráter laico do Estado, universalidade dos serviços e benefícios disponibilizados pelo Estado, participação ativa das mulheres nas políticas públicas e transversalidade como princípio norteador de todas as políticas públicas (BRASIL, 2013a; BRASIL, 2013b). O Plano Nacional de Políticas para as Mulheres 2013-2015 está organizado em dez capítulos, cada um deles com objetivos gerais e específicos, metas, linhas de ação e ações. • Capítulo 1: aborda a igualdade no trabalho e a autonomia econômica. • Capítulo 2: inclui ações de educação para igualdade e cidadania. • Capítulo 3: evidencia a saúde integral das mulheres, os direitos sexuais e os direitos reprodutivos. • Capítulo 4: traz questões referentes ao enfrentamento da violência à mulher. • Capítulo 5: tem a finalidade de consolidar a atuação das mulheres no âmbito de poder e na tomada de decisão. • Capítulo 6: discorre sobre o desenvolvimento sustentável com igualdade econômica e social. • Capítulo 7: tem o propósito de promover o direito à terra com igualdade para as mulheres do campo e da floresta. • Capítulo 8: incorpora atividades às áreas de cultura, esporte, comunicação e mídia. • Capítulo 9: traz assuntos associados a racismo, sexismo e lesbofobia. • Capítulo 10: debate sobre a igualdade para as mulheres jovens, idosas e com deficiência (BRASIL, 2013a; BRASIL, 2013c). ATENCAO TÓPICO 1 | SAÚDE INTEGRAL 7 2.2 PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER E POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER Em 1984, o Ministério da Saúde, com o desenvolvimento do PAISM, divulgou à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) a questão da explosão demográfica, em um debate que se referia ao controle da natalidade. Nesse sentido, o Ministério da Saúde interveio na esfera do Governo Federal, passando a defender o livre arbítrio da população em questões referentes a quantidades de filhos, ao espaçamento de tempo entre os filhos e quando tê-los (BRASIL, 1984). Desse modo, o PAISM representa um marco histórico fundamental, pois incluiu um conjunto de ideias feministas para a atenção à saúde integral, até mesmo atribuindo a responsabilidade ao estado em relação às questões da saúde reprodutiva. Assim, as ações prioritárias foram determinadas considerando as necessidades das mulheres, quebrando com o antigo modelo de atenção materno- infantil (BRASIL, 1984). Ainda, esse novo programa para a saúde da mulher incluiu como princípios e diretrizes as sugestões de descentralização, hierarquização e regionalização dos serviços, assim como a integralidade e a equidades da atenção, em uma época em que, com o Movimento Sanitário, nascia o esboço conceitual que fundamentaria a elaboração do SUS (BRASIL, 1984). O PAISM abrangia as atividades educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, além da assistência à saúde da mulher em clínica ginecológica, no período de pré-natal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento familiar, em doenças sexualmente transmissíveis, e no câncer de colo de útero e de mama (BRASIL, 1984). É importante destacar que o processo de desenvolvimento do SUS teve uma enorme influência na implantação do PAISM. O SUS tem sido construído a partir de princípios e diretrizes que integram a legislação básica daConstituição de 1988, a Lei n.º 8.080/1990 e a Lei n.º 8.142/1990, Normas Operacionais Básicas (NOB) e as Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS), atualizadas pelo Ministério da Saúde. Nesse contexto, especialmente com a implantação da NOB 96, solidifica- -se o processo de municipalização das atividades e dos trabalhos no Brasil. A municipalização da gestão do SUS vem se desenvolvendo em um âmbito favorecido de reestruturação das atividades e dos serviços básicos, incluindo as ações de atenção à saúde da mulher, incorporados ao sistema e acompanhando suas orientações (BRASIL, 2011). UNIDADE 1 | ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER 8 Portanto, o processo de estabelecimento e execução do PAISM apresenta particularidades no período de 1984 a 1989 e na década de 1990, sendo inspirado pela premissa do SUS, pelas propriedades das novas políticas de saúde e pelo processo de municipalização e reforma da Atenção Básica, mediante a estratégia do Programa Saúde da Família (BRASIL, 2011). No ano de 2003, iniciava o processo de elaboração da PNAISM, no momento em que a equipe técnica de saúde da mulher analisou os avanços e os retrocessos obtidos na gestão anterior. E no mês de maio de 2004, o Ministério da Saúde publicou a PNAISM, elaborada por meio da premissa do SUS e de acordo com as especificidades da nova política de saúde. Em um prisma de gênero, a política contém a integralidade e a promoção da saúde como princípio orientador e pretende solidificar os progressos na esfera dos direitos sexuais e reprodutivos, enfocando na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento inseguro e na luta contra à violência sexual e doméstica. Inclui também o cuidado, a prevenção e o tratamento de mulheres com HIV/aids, as mulheres com doenças crônicas não transmissíveis e aquelas com câncer ginecológico. Outrossim, tais ações são estendidas aos grupos rejeitados pelas políticas públicas, nas suas particularidades e necessidades (BRASIL, 2011). Essa política contempla a pluralidade dos 5.561 municípios, dos 26 estados e do Distrito Federal, que salienta distintos níveis de desenvolvimento e organização dos seus sistemas locais de saúde e o tipo de gestão. Assim, a política representa uma orientação da elaboração concomitante e do respeito à autonomia dos vários integrantes, evidenciando a relevância do empoderamento dos sujeitos e sua participação nas instâncias de controle social (BRASIL, 2011). 2.2.1 Diretrizes da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), as diretrizes da PNAISM são as descritas a seguir. • O SUS precisa estar norteado e qualificado para a atenção integral à saúde da mulher, em um entendimento que englobe e compreenda a promoção da saúde, as exigências de saúde das mulheres, o controle das doenças de maior incidência e assegure os direitos relacionados à saúde. • A PNAISM deve abranger todas as mulheres integralmente, preservando as características de cada idade e dos diferentes grupos populacionais. TÓPICO 1 | SAÚDE INTEGRAL 9 • A criação, a efetivação e a análise das políticas de saúde da mulher devem orientar-se pela concepção de gênero, raça e etnia, e pelo aumento do foco, quebrando as barreiras da saúde sexual e reprodutiva, para atingir todas as questões da saúde da mulher. • A administração da Política de Atenção à Saúde deve determinar uma atividade abrangente; • As políticas de saúde da mulher precisam ser entendidas em sua perspectiva mais abrangente, com finalidade de elaborar e amplificar as condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher. • A atenção integral à saúde da mulher está associada a várias ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde, efetuadas nos distintos níveis de atenção à saúde. • O SUS deve assegurar o acesso das mulheres à atenção à saúde. É responsabilidade dos gestores municipais, estaduais e federais assegurar as condições para a realização da Política de Atenção à Saúde da Mulher. • A atenção integral à saúde da mulher envolve a assistência à mulher por meio de uma vasta compreensão de seu contexto de vida, da forma como demonstra alguma necessidade, bem como de sua individualidade e autonomia. • A atenção integral à saúde da mulher acarreta para os profissionais a determinação de relações com outras pessoas. A assistência à saúde deve ser orientada pelo respeito. • As práticas em saúde precisam ser orientadas pelo princípio da humanização. • No processo de criação, efetivação e análise da Política de Atenção à Saúde da Mulher, deve ser incentivada a presença da sociedade civil organizada. • Entende-se que a presença da sociedade civil na implantação das atividades de saúde da mulher, nas três esferas do governo, deve aperfeiçoar e qualificar os mecanismos de repasse das informações referentes às políticas de saúde da mulher. • Aperfeiçoar e aumentar a qualidade dos meios de transmissão de informações referentes às políticas de saúde da mulher e sobre as ferramentas de gestação e regulação do SUS. • As atividades enfocando a melhoria das condições de vida e saúde da mulher devem ser feitas de maneira planejada com setores governa- mentais e não governamentais. 2.2.2 Objetivos gerais da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher O objetivo geral da PNAISM consiste em melhorar as condições de saúde e de vida das brasileiras, por meio da segurança dos direitos legalmente constituídos e do aumento do acesso aos serviços de saúde, abrangendo a promoção da saúde, a prevenção de agravos, a assistência e a recuperação da saúde em todo o Brasil. Também compreende um dos objetivos da PNAISM a colaboração para a redução da morbidade e mortalidade feminina no país, principalmente por causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos vários UNIDADE 1 | ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER 10 grupos populacionais, sem nenhuma diferenciação. Ademais, a PNAISM tem as finalidades de amplificar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no SUS (BRASIL, 2011). 2.2.3 Objetivos específicos e estratégias da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), os objetivos específicos e as estratégias da PNAISM consistem nas descritas a seguir. • Amplificar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, até mesmo para as mulheres com infecções pelo HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. • Incentivar a instituição e a efetivação da assistência voltada ao planejamento familiar, tanto para as mulheres quanto para os homens, na fase adulta ou na adolescência, na esfera da atenção integral à saúde. • Proporcionar atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, abrangendo a assistência ao abortamento em situações de insegurança, para as adolescentes e mulheres. • Propiciar a atenção às mulheres e aos adolescentes em situações de violência sexual e doméstica. • Viabilizar, com o Programa Nacional de DST/aids, a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e das infecções pelo HIV/aids nas mulheres. • Diminuir a morbimortalidade em decorrência do câncer em mulheres. • Estabelecer um modelo de atenção à saúde mental das mulheres, salientando o gênero. • Elaborar e estabelecer a atenção à saúde da mulher na fase do climatério. • Ofertar a atenção à saúde da mulher idosa. • Possibilitar a atenção à saúde da mulher negra. • Proporcionar a atenção à saúde das mulheres que trabalham no campo e na cidade. • Proporcionar a atenção à saúde da mulher indígena. • Viabilizar a atenção à saúde da mulher encarcerada, abrangendo a promoção das ações de prevenção e controle das doenças sexualmente transmissíveis e das infecções pelo HIV/aids. • Consolidar a presença e o controle social na determinação e na implantação das políticas de atenção integral à saúde da mulher. 2.3 CUIDADOS DE ENFERMAGEM À SAÚDE DA MULHER Atualmente, estima-se que a populaçãobrasileira chegue a 210.126.320 pessoas, com estimativa de alcançar 224.868.462 em 2030. Entre essa população, 107.374.549 representa os sujeitos do sexo feminino, podendo atingir o número TÓPICO 1 | SAÚDE INTEGRAL 11 de 115.139.700 em 2030, com expectativa de vida de 82 anos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2019, documento on-line). A luta pela igualdade entre homens e mulheres teve início no século XVIII, momento em que se acreditava que o masculino exercia poder sobre o feminino, ou seja, na existência de uma hierarquia de gênero: nessa cultura patriarcal, o homem, um ser independente e com liberdade na sociedade, era considerado superior à mulher, que, por sua vez, era vista como dependente da família ou de seu marido perante a sociedade, além de julgada por suas ações e sua aparência. Nesse contexto, a mulher era enxergada naturalmente como frágil, passiva, fraca, indefesa, tímida e com desejos reprimidos; por consequência, sua função na sociedade consistia em obedecer aos homens, sendo fadada à reclusão domiciliar, aos deveres domésticos e à educação dos filhos (TARDIN; BARBOSA; LEAL, 2015). No século XIX, principalmente a partir da Revolução Industrial, surgiram novas frentes de luta feminista, quando a mulher passou a reivindicar o direito aos meios de trabalho. Assim, pela ausência dos homens nas fábricas e a necessidade de mão de obra, as mulheres foram inseridas nas indústrias, o que adicionou mais um papel às suas funções — além de filhas, mães e esposas, passaram a ser trabalhadoras. Esse período também foi marcado pelo surgimento de novos tipos de família, a ruptura dos padrões familiares patriarcais e os movimentos feministas, que buscavam ascensão, igualdade e liberdade da mulher, além de espaço na política, direito ao voto e direito à educação. Entretanto, as mulheres que participavam desses movimentos feministas eram ridicularizadas, denominadas mal-amadas, solteironas, rancorosas ou mulheres-homens (TARDIN; BARBOSA; LEAL, 2015). No século seguinte, os esforços femininos voltaram-se para o direito ao voto e à busca de maior independência financeira e profissional das mulheres, em que muitas delas vendiam seus produtos agrícolas, eram leiteiras, cozinheiras, faxineiras, costureiras, babás e também destacavam-se no magistério. Porém, pode- se observar que todos os trabalhos realizados pelas mulheres se assemelhavam a trabalhos domésticos, vistos como algo prazeroso e uma tarefa natural a ser cumprida. Esse século também foi marcado pela busca dos direitos do corpo, do prazer e do sexo feminino, principalmente em 1960 e 1970, quando, no Brasil, passou a ser comercializada a pílula anticoncepcional, promovendo uma maior liberdade sobre o corpo e maior autonomia relacionada à tomada de decisão sobre si mesma. As feministas daquele século reivindicavam a igualdade entre os sexos e questionavam mais profundamente seu papel na sociedade, causando uma reflexão política relacionada à divisão entre público e privado (TARDIN; BARBOSA; LEAL, 2015). Atualmente, no século XXI, a igualdade feminina ainda permanece um desafio, principalmente no mercado de trabalho: de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ano-base 2014, as mulheres recebem 74,5% do que ganham os homens, mesmo que mais escolarizadas, além do fato de UNIDADE 1 | ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER 12 fatores como filhos e licença-maternidade influenciarem na contratação da mulher; em compensação, os homens ainda são taxados como livres e independentes (TARDIN; BARBOSA; LEAL, 2015). Quanto aos cuidados de enfermagem à saúde da mulher com base nas políticas públicas, nas questões de gênero e nos direitos sexuais e reprodutivos, pode-se dividi-los em assistência de enfermagem à mulher na gestação, na prevenção do câncer de colo de útero e de mamas, na atenção ao direito reprodutivo e à mulher no climatério. 2.3.1 Cuidados de enfermagem à mulher na gestação A assistência de enfermagem à gestante tem início quando da confirmação da gestação na primeira consulta de pré-natal e permanece por todo o período gestacional. Desse modo, apresentamos os cuidados de enfermagem nesse cenário (BRASIL, 2016; SÃO PAULO, 2012). • Orientar sobre a importância de realizar o pré-natal adequadamente. • Realizar o histórico de enfermagem. • Verificar os sinais vitais e realizar exame físico. • Solicitar os exames de rotina. • Fazer os testes rápidos para doenças sexualmente transmissíveis, como HIV, sífilis e hepatites B e C. • Conforme a evolução da gestação, mediar a altura uterina, auscultar os batimentos cardíacos fetais e realizar palpação obstétrica. • Realizar orientações referentes à imunização. • Orientar sobre os direitos da gestante. Após o parto, os cuidados de enfermagem à puérpera englobam (BRASIL, 2016; SÃO PAULO, 2012) os seguintes. • Coletar dados sobre o parto. • Orientar sobre a amamentação. • Orientar sobre dor, fluxo vaginal e sangramentos. • Orientar sobre o planejamento familiar. • Orientar sobre as atividades sexuais e a contracepção. • Realizar exame físico após o parto. • Orientar quanto à suplementação de ferro. TÓPICO 1 | SAÚDE INTEGRAL 13 2.3.2 Cuidados de enfermagem à mulher na prevenção do câncer do colo uterino e de mamas O câncer de colo de útero e de mama representam um grave problema de saúde, com risco estimado de 15.43 casos a cada 100 mil mulheres e 56,33 casos a cada 100 mil mulheres, respectivamente. Desse modo, o câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres, seguido dos tumores de pele não melanoma e do câncer de colo de útero (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2018). No entanto, muitas mulheres não têm a consciência de que precisam realizar o exame de citologia oncótica e o autoexame das mamas, por isso a importância de os profissionais da saúde, especialmente os enfermeiros, atuarem na sensibilização desse público para essa necessidade (BRASIL, 2016; SÃO PAULO, 2012). Portanto, listamos a seguir os cuidados de enfermagem à mulher na prevenção do câncer do colo uterino e mamas (BRASIL, 2016; SÃO PAULO, 2012). • Coletar os dados, incluindo dados obstétricos e ginecológicos. • Realizar exame físico (principalmente das mamas), ginecológico e especular. • Orientar sobre a coleta da citologia oncótica. • Realização o exame de citologia oncótica. • Orientar sobre os riscos de doenças sexualmente transmissíveis. • Orientar sobre o uso de preservativo. • Orientar sobre a importância de realizar o autoexame das mamas. 2.3.3 Cuidados de enfermagem à mulher na atenção reprodutiva e à saúde sexual O planejamento familiar constitui uma decisão do casal, portanto a atenção reprodutiva e à saúde sexual da mulher enfoca a humanização da assistência e da qualidade da atenção ao planejamento familiar, tanto na preconcepção quanto na anticoncepção, além da diminuição da mortalidade materna e neonatal, e da gravidez precoce e indesejada, sempre respeitando os direitos sexuais e reprodutivos da mulher (BRASIL, 2016; SÃO PAULO, 2012). Assim, os cuidados de enfermagem à mulher na atenção reprodutiva e a saúde sexual abrangem (BRASIL, 2016; SÃO PAULO, 2012) os descritos a seguir. • Coletar dados. • Orientar a mulher a anotar a data da última menstruação. • Verificar os sinais vitais e o peso corporal. • Orientar sobre a importância de fazer o exame de citologia oncótica. • Investigar doenças, como rubéola, hepatite B e toxoplasmose. • Ofertar a realização dos testes rápidos para doenças sexualmente transmissíveis. UNIDADE 1 | ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER 14 • Verificar a situação vacinal da mulher. • Verificar a presença de patologias crônicas e fatores de risco genéticos. • Orientar sobre a suplementação com ácido fólico nos 3 meses antes da concepção. • Realizar exame físico. • Orientar sobre o uso de preservativo, demais métodos contraceptivos e o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis. 2.3.4 Cuidados de enfermagem à mulher em situação de violênciasexual Em relação a mulheres, adolescentes ou crianças que sofreram violência sexual, o atendimento é emergencial e prioritário. Os cuidados são listados a seguir (BRASIL, 2016; SÃO PAULO, 2012). • Identificar as necessidades da mulher. • Acolher a mulher e evitar fazer comentários ou críticas. • Realizar uma escuta empática e compreensiva. • Analisar o grau de risco de vida. • Respeitar a autonomia da mulher. • Notificar e acionar o Conselho Tutelar ou a Vara da Infância se houver suspeita ou confirmação de violência contra uma criança ou uma adolescente. • Oferecer apoio psicológico. • Avaliar as lesões físicas e genitais. • Prevenir contra a gestação indesejada utilizando o protocolo de anti-concepção de emergência. • Orientar que, mesmo realizando o protocolo de anticoncepção de emergência, pode ocorrer gravidez. • Orientar sobre os direitos sexuais da mulher, como aborto legal, realização de boletim de ocorrência, exame de corpo de delito, etc. • Notificar ao serviço de vigilância epidemiológica. 2.3.5 Cuidados de enfermagem à mulher no climatério O climatério corresponde à transição da mulher do ciclo reprodutivo para a fase de senilidade, caracterizada pela transição entre a menopausa e a pós-- menopausa, normalmente entre os 40 e 59 anos, embora também possa ocorrer antes dos 40 anos (climatério precoce) ou entre 52 e 55 anos (climatério tardio) (BRASIL, 2016; SÃO PAULO, 2012). Assim, os cuidados de enfermagem à mulher no climatério incluem (BRASIL, 2016; SÃO PAULO, 2012) os descritos a seguir. • Coletar dados. TÓPICO 1 | SAÚDE INTEGRAL 15 • Explicar sobre as alterações comuns do climatério. • Orientar sobre o câncer de mama e de colo de útero e realizar exame de citologia oncótica. • Orientar sobre utilização de preservativo e o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis. • Orientar sobre alimentação. • Orientar a utilização de lubrificantes vaginais (se necessário). • Controlar o diabetes melito, dislipidemias e alterações cardiovasculares. • Orientar sobre a necessidade de exposição ao sol nos horários não nocivos. • Realizar uma escuta qualificada. • Orientar sobre vida social, lazer e sexualidade. 2.3.6 Cuidados em relação à saúde mental e ao gênero O cuidado à saúde mental das mulheres com enfoque no gênero surgiu do entendimento de que as mulheres sofrem amplamente com os impactos dos transtornos mentais, decorrentes de situações sociais, culturais e econômicas vivenciadas por essas mulheres e fortalecidas pela desigualdade de gênero, que pode ser identificada, por exemplo, no mercado de trabalho, no qual as mulheres ganham menos, estão concentradas em profissões mais desvalorizadas, têm menos espaço de decisão no âmbito político e econômico, e sofrem maior violência, tanto física e doméstica quanto sexual e emocional (BRASIL, 2011). Ponderar gênero e saúde mental não está somente relacionado ao sofrimento provocado pelos transtornos mentais que atinge as mulheres ou, então, às tendências de algumas mulheres em desencadear depressões e crises. Inicialmente, é preciso analisar, conforme o contexto, as situações presentes no dia a dia da mulher, e reconhecer sua estrutura social, a fim de determinar as questões práticas da vida e aceitar que a sobrecarga das responsabilidades femininas representa um grande fardo (BRASIL, 2011). Ressalta-se a necessidade de intervir no modelo vigente de atenção à saúde mental das mulheres para proporcionar uma assistência mais justa, humana, eficiente e eficaz, com a inclusão da integralidade e dos temas relacionados ao gênero como referência na formação dos profissionais responsáveis por essa população (BRASIL, 2011). 3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO E CICLO MENSTRUAL O sistema genital feminino abrange os órgãos da cavidade pélvica internos, os principais órgãos do aparelho reprodutor feminino envolvendo ovários, tubas uterinas, útero e vagina, e externos, que correspondem a monte do púbis, lábios maiores e menores do pudendo, clitóris, bulbo do vestíbulo e glândulas vestibulares maiores e glândulas de Skene. UNIDADE 1 | ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER 16 3.2 ANATOMIA DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO O sistema genital feminino (Figura 1) é responsável por produzir os óvulos — os gametas femininos e os hormônios sexuais femininos (o estrógeno e a progesterona) —, e suas estruturas compreendem o espaço de fecundação, implantação e desenvolvimento do ovo ou zigoto, além de representarem o local do canal do parto (MARTINI; TIMMONS; TALLITSC, 2009). TÓPICO 1 | SAÚDE INTEGRAL 17 FI G U R A 1 – S IS T E M A G E N IT A L FE M IN IN O . FO N T E : M ar tin i, T im m o n s e T al lit sc ( 2 0 0 9 , p . 7 2 8 ). UNIDADE 1 | ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER 18 3.2.1 Genitália interna 3.2.1.1 Ovários Referem-se a gônadas femininas com formato ovalado e coloração cinzento--rósea, medindo cerca de 5 cm de comprimento, 2,5 cm de largura e 8 mm de espessura (Figura 2), localizadas na cavidade peritoneal pélvica, à frente do ligamento largo do útero, em cavidades nomeadas fossas ováricas, e presas à porção superolateral do útero pelo ligamento útero-ovárico (BECKER et al., 2018). Os ovários atuam no desenvolvimento das células germinativas femininas, denominadas óvulos, e funcionam como glândulas endócrinas na produção dos hormônios estrógeno e progesterona, responsáveis por controlar o desenvolvimento das características sexuais femininas secundárias e agir sobre o útero nos mecanismos de implantação. O interior dos ovários é revestido por epitélio germinativo, apresentando a região do córtex, uma região periférica, na qual se encontram os folículos ováricos primários, e o estroma, a extensão central do ovário, além de tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. Ademais, a superfície do ovário permanece lisa e brilhante até a fase da puberdade, ficando rugoso ao dar início a puberdade e as outras fases seguintes, em decorrência da expulsão dos ovócitos (BECKER et al., 2018). TÓPICO 1 | SAÚDE INTEGRAL 19 FI G U R A 2 – A N A T O M IA D O Ú T E R O E M V IS TA P O ST E R IO R FO N T E : M ar tin i, T im m o n s e T al lit sc ( 2 0 0 9 , p . 7 2 9 ). UNIDADE 1 | ATENÇÃO A SAÚDE DA MULHER 20 3.2.1.2 Tubas uterinas Trata-se de órgãos tubulares musculares ocos com cerca de 13 cm de comprimento (Figura 3), cuja função consiste em captar o ovócito na cavidade peritoneal e levá-lo até o útero, além de representarem o local de fecundação e segmentação (MARIEB; HOEHN, 2009). Nas extremidades das tubas uterinas, são encontradas fendas nomeadas óstio abdominal da tuba uterina, que está rodeada por fímbrias. Quando há a ovulação, as tubas uterinas fazem movimentos semelhantes aos de varredura na cavidade peritoneal, na tentativa de encontrar o ovócito, pegando-o por meio das fímbrias e levando-o para o seu interior por meio do óstio abdominal da tuba uterina. A tuba uterina apresenta quatro partes distintas (MARIEB; HOEHN, 2009): • Parte uterina (intramural): situada na espessura da parede uterina e que abrange o óstio uterino da tuba. • Istmo: área fina e próxima do útero, que corresponde ao terço medial da tuba uterina. • Ampola: com diâmetro um pouco mais elevado e que corresponde ao terço lateral da tuba uterina. • Infundíbulo: a área terminal e distal da tuba uterina, bastante dilatada e semelhante a um funil. Normalmente, a fecundação ocorre na região dilatada da tuba uterina, nomeada ampola, contexto no qual é formado o zigoto, que se deslocará pela tuba uterina durante cerca de 3 dias, até encontrar o útero. Conforme o zigoto percorre, a tuba uterina segmenta-se, formando-se a mórula, que avança em direção ao útero, região em que forma o blastocisto; normalmente no 8º dia posterior à fecundação, implanta-se a mucosa uterina. Segundo Marieb e Hoehn (2009), a túnica mucosa da tuba uterina apresenta várias pregas longitudinais, chamadas de pregas tubárias
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