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i 
 
 
 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO 
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS - UAECIA 
ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ - EAJ 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POTENCIAL ANTICARIOGÊNICO DE TANINOS DE ESPÉCIES FLORESTAIS 
 
 
 
 
 
 
SARAH REBEKA RODRIGUES MARQUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
Macaíba/RN 
Julho de 2020 
ii 
 
SARAH REBEKA RODRIGUES MARQUES 
 
 
 
 
 
 
 
POTENCIAL ANTICARIOGÊNICO DE TANINOS DE ESPÉCIES FLORESTAIS 
 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Ciências Florestais da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como 
parte das exigências para obtenção do título de Mestre 
em Ciências Florestais (Área de Concentração em 
Ciências Florestais - Linha de Pesquisa: Tecnologia e 
Utilização de Produtos Florestais). 
 
Orientador: 
Profa. Dra. Tatiane Kelly Barbosa de Azevêdo Carnaval 
 
Coorientador: 
Profa. Dra. Aline Castilho 
Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP 
 
 
 
 
 
Macaíba/RN 
Julho de 2020 
 
iii 
 
 
 
 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Rodolfo H 
elinski - Escola Agrícola de Jundiaí - EAJ 
 
 Marques, Sarah Rebeka Rodrigues. 
 Potencial anticariogênico de taninos de especies florestais / 
Sarah Rebeka Rodrigues Marques. - 2020. 
 60f.: il. 
 
 Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, Unidade Acadêmica Especializada em Ciências 
Agrárias,Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, 
Macaíba, RN, 2020. 
 Orientador: Profa. Dra. Tatiane Kelly Barbosa de Azevêdo 
Carnaval. 
 
 
 1. Taninos Vegetais - Dissertação. 2. Substâncias Bioativas - 
Dissertação. 3. Atividade Antimicrobiana - Dissertação. 4. Cáries 
Dentárias - Dissertação. 5. Bactérias Cariogênicas - Dissertação. 
I. Carnaval, Tatiane Kelly Barbosa de Azevêdo. II. Título. 
 
RN/UF/BSPRH CDU 581.4 
 
 
 
 
 
Elaborado por Valéria Maria Lima da Silva - CRB-15/451 
iv 
 
POTENCIAL ANTICARIOGÊNICO DE TANINOS DE ESPÉCIES FLORESTAIS 
SARAH REBEKA RODRIGUES MARQUES 
 
 
Dissertação julgada para obtenção do título de Mestre em Ciências Florestais (Área de 
Concentração em Ciências Florestais - Linha de Pesquisa: Tecnologia e Utilização de 
Produtos Florestais) e aprovada pela banca examinadora em 31 de julho de 2020. 
 
Banca Examinadora 
 
________________________________________________ 
Profa. Dra. Tatiane Kelly Barbosa de Azevêdo Carnaval 
UAECIA/UFRN 
Presidente 
 
________________________________________________ 
Profa. Dra. Renata Martins Braga 
UAECIA/UFRN 
Examinador interno 
 
________________________________________________ 
Prof. Dr. Leandro Calegari 
UAEF/UFCG 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE 
Examinador externo ao programa 
 
 
 
 
 
 
Macaíba/RN 
Julho de 2020 
v 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu pequeno Dante, 
Aos meus pais, 
Aos meus irmãos, 
 
DEDICO 
 
 
 
vi 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 Agradeço ao universo por ter me trazido até aqui e pela oportunidade de evoluir 
diariamente. 
Aos meus pais, pelo imensurável apoio, por serem minha eterna fonte de inspiração. 
Aos meus irmãos Bárbara e Charles, meus melhores amigos, os melhores 
companheiros que a vida poderia ter me presenteado para compartilhar a vida. 
Ao meu amado filho Dante, que me ensina tanto e me inspira ser uma pessoa melhor 
a cada dia. 
À Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela oportunidade de realizar esse 
estudo. 
A todos do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais da UFRN pelo apoio. 
Ao Departamento de Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Campinas 
(UNICAMP) pela ajuda na realização dos testes. 
À professora Aline, pela disponibilidade em colaborar com este trabalho. 
A todos os colegas do grupo de trabalho em tecnologia da madeira, “os filhos de Tati” 
pela ajuda e companheirismo de sempre. 
À professora Tatiane, pela profissional e pessoa incrível que é, que acreditou em mim 
e se dispôs a ajudar em tudo que fosse possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vii 
 
RESUMO 
_________________________________________________________________________ 
 
POTENCIAL ANTICARIOGÊNICO DE TANINOS DE ESPÉCIES FLORESTAIS 
 
Estudar os compostos provenientes do metabolismo secundário das plantas pode aumentar 
a nossa capacidade de entender o potencial farmacológico da flora tropical. A presença de 
taninos desperta interesse farmacêutico em diversas espécies vegetais, partindo-se do 
princípio do uso popular, e das suas propriedades antimicrobiana, antioxidante, antiviral e 
antitumoral dos taninos, que já são bastante conhecidas e documentadas. Este estudo 
objetivou extrair, quantificar, caracterizar quimicamente e verificar se há atividade 
antibacteriana frente à micro-organismos de importância odontológica em taninos extraídos 
das cascas de quatro espécies florestais cultivadas em região semiárida brasileira: Acacia 
mangium Willd., Azadirachta indica A. Juss Mimosa tenuiflora Willd, Mimosa caesalpiniifolia 
Benth.. As extrações foram realizadas em água quente e foram determinados o teor de sólidos 
totais (TST), índice de Stiasny (IS) e o teor de taninos condensados (TTC). Foi realizada a 
caracterização química dos extratos mediante espectrometria de infravermelho com 
transformada de Fourrier. A avaliação da atividade antibacteriana foi realizada por meio de 
ensaio de Concentração Inibitória Mínima (CIM) para as espécies Streptococcus 
mutans (UA159), Lactobacillus acidophilus (ATCC IAL523), Lactobacillus casei (ATCC 193) 
e Candida albicans (SC5314). A quantificação dos extratos mostrou que M. tenuiflora e A. 
mangium apresentaram maiores percentuais de TTC (23,40% e 12,41%, respectivamente), 
indicando potencial para produção de taninos em escala industrial. Embora a M. 
caesalpiniifolia tenha apresentado baixo TTC (8,38%), esta espécie apresentou alto IS 
(91,27%), caracterizando-se pelo alto grau de pureza em seus taninos. Nenhum extrato 
avaliado apresentou atividade inibitória contra os microrganismos testados (CIM> 2500 
µg/mL). Embora tenha sido possível observar a partir do FTIR um perfil fitoquímico preliminar 
dos extratos, como a presença de compostos polifenólicos complexos, a ausência de 
atividade antimicrobiana para as espécies testadas pode estar relacionada à uma combinação 
de fatores, como a presença de fitoquímicos com diferentes polaridades, e a características 
taxonômicas especificas dos micro-organismos testados. 
 
Palavras-chave: taninos vegetais, substâncias bioativas, atividade antimicrobiana, cáries 
dentárias, bactérias cariogênicas. 
viii 
 
ABSTRACT 
__________________________________________________________________________ 
 
ANTICARIOGENIC POTENTIAL OF TANNINS OF FOREST SPECIES 
 
 
The study of compounds from secondary plant metabolism can increase our ability to 
understand the pharmacological potential of tropical flora. The presence of tannins arouses 
pharmaceutical interest in several plant species, based on the principle of popular use, and 
their antimicrobial, antioxidant, antiviral and anti-tumor properties of tannins, which are already 
well known and documented. This study aimed to extract, quantify, characterize chemically 
and check for antibacterial activity against microorganisms of dental importance in tannins 
extracted from the bark of four forest species cultivated in the Brazilian semiarid region: Acacia 
mangium Willd., Azadirachta indica A. Juss Mimosa tenuiflora Willd,Mimosa caesalpiniifolia 
Benth .. The extractions were carried out in hot water and the total solids content (TST), Stiasny 
index (IS) and the condensed tannin content (TTC) were determined. The chemical 
characterization of the extracts was carried out using infrared spectrometry with Fourrier 
transform. The evaluation of antibacterial activity was performed using the Minimum Inhibitory 
Concentration (MIC) assay for the species Streptococcus mutans (UA159), Lactobacillus 
acidophilus (ATCC IAL523), Lactobacillus casei (ATCC 193) and Candida albicans (SC5314). 
The quantification of the extracts showed that M. tenuiflora and A. mangium presented higher 
percentages of TTC (23.40% and 12.41%, respectively), indicating the potential for tannin 
production on an industrial scale. Although M. caesalpiniifolia had a low TTC (8.38%), this 
species showed a high IS (91.27%), characterized by a high degree of purity in its tannins. No 
evaluated extract showed inhibitory activity against the tested microorganisms (MIC> 2500 µg 
/ mL). Although it was possible to observe from the FTIR a preliminary phytochemical profile 
of the extracts, such as the presence of complex polyphenolic compounds, the ausence of 
antimicrobial activity for the species tested may be related to a combination of factors that can 
inhibit antimicrobial activity, such as presence of other phytochemicals with different polarities. 
 
 
Key words: natural tannins, bioactive substances, antimicrobial activity, dental caries, 
cariogenics bacterias. 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 7 
2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 9 
2.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS TANINOS ............................................................. 9 
2.2. ESPÉCIES PRODUTORAS DE TANINOS ............................................................ 10 
2.2.1. Acacia mangium (Willd) .................................................................................. 11 
2.2.2. Mimosa tenuiflora (Willd.) ............................................................................... 14 
2.2.3. Mimosa caesalpiniifolia Benth. ........................................................................ 16 
2.2.4. Azadirachta indica A. Juss. ............................................................................. 18 
2.3. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DOS TANINOS VEGETAIS ............................... 19 
2.3.1. Taninos hidrolisáveis ....................................................................................... 20 
2.3.2. Taninos Condensados .................................................................................... 22 
2.4. USO DE TANINOS PARA FINS FARMACOLÓGICOS ........................................... 23 
2.5. CÁRIE DENTÁRIA ................................................................................................. 25 
3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 29 
3.1 Material botânico ........................................................................................................ 29 
3.2 Extrações dos taninos ................................................................................................ 29 
3.2.1 Teor de sólidos totais (TST) ................................................................................. 30 
3.2.2 Teor de taninos condensados (TTC) e Indice de Stiasny (IS) ............................... 30 
3.3 FTIR ........................................................................................................................... 31 
3.4 Ensaios antimicrobianos ............................................................................................. 31 
3.4.1 Microorganismos testados ................................................................................... 31 
3.4.2 Preparação dos extratos ...................................................................................... 31 
3.6 Delineamento experimental e análise estatística ........................................................ 33 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 34 
4.1 Extração e quantificação dos taninos ......................................................................... 34 
4.2 FTIR ........................................................................................................................... 36 
4.3 Concentração Inibitória Mínima (CIM) ........................................................................ 41 
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................ 43 
6. LITERATURA CITADA ................................................................................................. 44 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Aspecto morfológico do fuste (a), folha, flor (b) e árvore (c) de Acacia mangium 
(Willd) ................................................................................................................................................... 13 
Figura 2 – Aspecto morfológico de árvore (a) e folha (b) de Mimosa tenuiflora (Willd.) ... Erro! 
Indicador não definido. 
Figura 3 – Aspecto morfológico de fuste (a) e folhas (b) de Mimosa caesalpiniifolia Benth. 17 
Figura 4- Aspecto morfológico de tronco (a), arvore (b) e folha (c) de Azadirachta indica A. 
Juss. ..................................................................................................................................................... 19 
Figura 5 - Estrutura química do galotanino (A) e elagitanino (B) ............................................... 21 
Figura 6 - Estrutura do flavanóide percursor dos taninos condensados. R1, R2, R3 e R4 
são radicais que podem ser compostos por grupo hidroxila ou átomo de hidrogênio ............ 22 
Figura 7 - . Representação da organização da placa de microdiluição de 96 poços para a 
determinação da concentração inibitória mínima. E20% = etanol a 20%; E30% = etanol a 
30%; D = Dimetilsulfoxido (DMSO); AD = Água destilada. .......................................................... 33 
Figura 8- Espectro FTIR dos extratos tânincos de Acacia mangium Willd., Azadirachta indica 
A. Juss, Mimosa tenuiflora Willd, e Mimosa caesalpiniifolia Benth. ........................................... 37 
Figura 9 - Espectro FTIR dos extratos tânincos de Acacia mangium Willd., Azadirachta 
indica A. Juss, Mimosa tenuiflora Willd, e Mimosa caesalpiniifolia Benth. ................................ 39 
Figura 10 - Determinação da concentração inibitória mínima (CIM) das substâncias tânicas 
frente as linhagens de microrganismos cariogênicos. Em que: (-)= Crescimento bacteriano; 
(+)= Efeito inibitório do extrato; A= A. mangium; B= A. indica; C= M. tenuiflora; D= M. 
caesalpiniifolia; 1= Streptococcus mutans; 2= Lactobacillus acidophilus; 3= Lactobacillus 
casei; 4= Candida albicans; E20% = Etanol a 20%; E30%= Etanol a 30%; D= 
Dimetilsulfoxido; AD= Água destilada. ............................................................................................ 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - TST, I e TTC (%) dos taninos de Acacia mangium Willd., Azadirachta indica A. 
Juss Mimosa tenuiflora Willd, e Mimosa caesalpiniifolia Benth ................................................. 34 
Tabela 2 - Resumo das atribuições dos picos dos espectros de FTIR dos taninos de Acacia 
mangium Willd. (Acacia), Azadirachta indica A. Juss (Nim), Mimosa tenuiflora Willd (JP), e 
Mimosa caesalpiniifolia Benth (Sabia) ............................................................................................ 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A carie dentária é uma patologiabucal biofilme dependente, infecciosa, multifatorial e 
complexa, considerada como epidemia mundial e grave questão de saúde pública, devido a 
seu impacto sobre os indivíduos e a sociedade, dos custos para o tratamento e de sua taxa 
de prevalência. No Brasil, o índice de prevalência desta doença é de 2,1%, o que evidencia a 
necessidade de alternativas terapêuticas. (PITTS e ZERO, 2016) 
Detergentes catiônicos (clorexidina), têm sido comumente utilizados para tratamento de 
cárie, de maneira a inibir o mecanismo de formação e crescimento do biofilme dental 
(ARAUJO et al., 2018). Porém, além de possuírem efeitos colaterais como pigmentação nos 
dentes, desequilíbrio da microbiota e alteração do paladar (MACÊDO-COSTA et al., 2009), 
muitas vezes apresentam resistência microbiana, o que se tornou um grave problema de 
saúde pública nas últimas décadas (OBEROI et al., 2015), o que motiva a busca por novas 
substâncias com potencial antimicrobiano, principalmente as de origem natural, como os 
taninos. 
Taninos são substâncias fenólicas que possuem a propriedade de se associar, se 
combinar e formar complexos insolúveis em água com proteínas e alcaloides (PIZZI, 1993a), 
sendo considerados um dos mais abundantes metabólitos secundários do reino vegetal em 
todo o mundo. Essas substâncias são encontradas em diversas partes do vegetal e, de 
maneira geral, encontradas em maiores concentrações no cerne e na casca. São classificados 
segundo sua estrutura química em hidrolisáveis ou condensados (MONTEIRO et al., 2005). 
Nas plantas, a função biológica destes compostos reside principalmente em suas capacidades 
defensivas contra herbívoros (HAUKIOJA, 1991). 
Embora haja no Brasil várias espécies potencialmente produtoras de taninos, 
pouquíssimas delas são cultivadas para esse fim. As espécies tradicionalmente exploradas 
para a produção de taninos são o quebracho (Schinopsis sp.), de ocorrência na Argentina e 
Paraguai, e a acácia-negra (Acacia mearnsii), que é a espécie florestal que mais se destaca 
como produtora de tanino vegetal no Brasil, cultivada no Estado do Rio Grande do Sul (IBGE, 
2017; AZEVÊDO et al., 2018). 
Dentre diferentes formas de aplicações dos taninos, podem-se citar: dispersante no 
controle da viscosidade de argilas na perfuração de poços das indústrias de petróleo, 
fabricação de adesivos e tintas para madeiras e derivados, tratamento de água, curtimento de 
pele animal, entre diversos outros usos (RUTLEDGE; ANDERSON, 2016; GREHS et al., 2019; 
ANTOV et al., 2020; GUO et al., 2020) 
Os taninos também são considerados substâncias bioativas, motivo pela qual a sua 
presença desperta interesse farmacêutico em várias espécies vegetais, partindo-se do 
8 
 
princípio do uso popular. As suas propriedades antimicrobiana, antioxidante, antiviral e 
antitumoral são bem conhecidas e documentadas (SAHAKYAN et al., 2020). Desse modo, 
podem ser utilizados como fitoterápicos - que usam substâncias ativas de plantas e são 
popularmente utilizados como alternativa eficaz para tratar diversas doenças, incluindo 
patologias bucais (CARTAXO-FURTADO et al., 2017; CASTILHO et al., 2007; PEREIRA et al., 
2016). 
Nesse panorama, as propriedades terapêuticas das plantas medicinais e a 
possibilidade de extrair e isolar delas substâncias bioativas como os taninos, torna-se uma 
promissora fonte de estudos para a diversificação de alternativas terapêuticas e possível 
utilização em produtos de higiene bucal, o que representaria uma possibilidade eficaz para 
controlar a formação de biofilme dental. (FREIRES et al, 2015). 
Dessa forma, este estudo objetivou extrair, quantificar, caracterizar quimicamente e 
verificar se há atividade antimicrobiana frente à micro-organismos de importância 
odontológica em taninos extraídos das cascas de quatro espécies florestais cultivadas em 
região semiárida brasileira: Acacia mangium Willd., Azadirachta indica A. Juss Mimosa 
tenuiflora Willd, e Mimosa caesalpiniifolia Benth.. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS TANINOS 
 
 Os compostos fenólicos são um vasto grupo de metabólitos secundários encontrados 
em todo o reino vegetal, englobando subgrupos como taninos, flavonóides, entre outros. Os 
taninos formam estruturalmente o grupo mais complexo de polifenóis (SUVANTO et al., 2017), 
possuindo uma grande importância econômica e ecológica. Segundo Pizzi (1993a), os taninos 
são substâncias fenólicas que possuem a propriedade de se associar, se combinar e formar 
complexos insolúveis em água com proteínas e alcaloides, sendo este atributo considerado a 
base das suas propriedades “tanantes”. A palavra tanino é originalmente derivada deste termo 
e se refere ao processo de curtimento da pele de animais, em alusão à capacidade que os 
taninos têm de reagir com o colágeno e produzir couro, de acordo com Vermerris e Nicholson 
(2006). 
Os taninos vegetais apresentam peso molecular entre 500 e 20.000 Da (JORGE et al., 
2001). Segundo sua estrutura química, são classificados como hidrolisáveis e condensados. 
Os taninos hidrolisáveis são fragmentados por enzimas e consistem em ésteres de ácidos 
gálicos e ácidos elágicos glicolisados (MONTEIRO et al., 2005). Já os taninos condensados 
– ou protocianidinas – são compostos por monômeros do tipo catequina conhecidos por 
flavonoides (PIZZI, 1993b; AZEVÊDO, et al., 2015). 
 Os taninos naturais são encontrados em diversas partes do vegetal, sendo 
observadas, de modo geral, maiores concentrações no cerne e na casca. Ocorre também em 
tecidos foliares, gemas, tecidos de sementes, bem como em raízes (ASHOK; UPADHYAYA, 
2012). A concentração desse material nos tecidos vegetais depende da idade e tamanho da 
planta, da parte coletada, da época ou, ainda, do local de coleta (TEIXEIRA et al., 1990; 
LARCHER, 2000). A estrutura dos taninos é variável e determinada por uma combinação de 
fatores, como aqueles de sitio, genéticos, entre outros. Suas propriedades variam entre 
diferentes espécies ou dentro da mesma espécie, dependendo do tecido vegetal (MORI, 
2001). 
Na presença de água, os taninos formam soluções coloidais que apresentam reação ácida 
e forte sabor adstringente. Ademais, essas substâncias se associam às glucoproteínas 
salivares, ocasionando a perda do poder lubrificante e tornando o material amargo, 
adstringente e impalatável aos organismos fitófagos. (MONTEIRO et al., 2005; FERRAO, 
2003), características que lhe conferem a função de inibir herbívoros. 
 
 
10 
 
 
2.2. ESPÉCIES PRODUTORAS DE TANINOS 
 
Segundo Santos e Mello (1999), a ocorrência dos taninos é comum em angiospermas 
e gimnospermas, principalmente em plantas lenhosas. Zucker (1983) acrescenta que os 
taninos se encontram amplamente distribuídos nas plantas superiores, ocorrendo em 
aproximadamente 30% das famílias, podendo representar de 2 a 40% da massa seca da 
casca de várias espécies florestais. 
Apesar dos taninos serem encontrados com maior frequência entre as espécies de 
angiospermas, nas gimnospermas também existem alguns gêneros produtores destas 
moléculas, como Pinus, Picea e Tsuga (SILVA, 2001). Entre as monocotiledôneas, os taninos 
são pouco observados, sendo a família Palmaceae uma exceção, visto que tais substâncias 
são encontradas em algumas espécies. Em dicotiledôneas são observadas as maiores 
quantidades de taninos, sendo as famílias mais notáveis: Fabaceae, Anacardiaceae, 
Combretaceae, Rizoforaceae, Mirtaceae e Poligonaceae. A família Miristicaceae se destaca, 
em virtude dos tubos taníferos distintivos observados nos raios das madeiras de todas as 
espécies (SILVA, 2001). 
As espécies tipicamente exploradas para a produção comercial de taninos são o 
quebracho (Schinopsis sp.) de ocorrência na Argentina e Paraguai, que possui em média 25% 
da massa seca do cerne em taninos, e a acácia-negra (Acacia mearnsii), que segundoAzevêdo et al. (2018) é a espécie exótica que mais se destaca como produtora de tanino 
vegetal no Brasil. A casca desta espécie, de ocorrência natural na Austrália (HASLAM, 1966; 
PANSHIN et al., 1962), apresenta aproximadamente 39% de taninos condensados 
(CALEGARI et al., 2016) e é largamente cultivada em diversas regiões do Estado do Rio 
Grande do Sul, atingindo no ano de 2016 uma produtividade de 195.913 t de casca para 
produção de taninos (IBGE, 2017). 
Haslam (1966) alude também como espécies produtoras de taninos o Eucalyptus 
astringens, cuja casca contem entre 40 e 50% de taninos, o mangue-vermelho Rhizophora 
candelaria, o mangue-branco Rhizophora mangle, cuja casca contém entre 20 a 30% de 
taninos. Há também as espécies barbatimão (Stryphnodendron adstringens) (MORI et al., 
2003), angico branco (Anadenanthera colubrina), angico vermelho (Anadenanthera peregrina) 
(MOTA, 2017), Tachigali aurea (SOUSA, 2015), aroeira (Myracrodruon urundeuva), 
(QUEIROZ et al., 2002) e Astronium fraxinifolium (LORENZI, 1992). 
Na região Nordeste do Brasil, o angico-vermelho (Anadenanthera colubrina var. cebil 
(Griseb.) Altschul), utilizado nos curtumes tradicionais locais, é a única fonte de taninos (PAES 
et al., 2006a). Segundo o IBGE (2017), no ano de 2017 foram produzidas 58 toneladas de 
casca desta espécie. A prática da extração dos taninos nessa região é considerada uma 
11 
 
atividade predominantemente extrativista, uma vez que, segundo Azevêdo et al. (2017), 
ocorre sem o manejo adequado e, na maioria das vezes, mata as árvores em função de seu 
anelamento no momento da coleta da casca. Tal atividade pode levar ao esgotamento da 
espécie e, como citam Paes et al. (2006b), esta espécie está desaparecendo do semiárido 
brasileiro. 
Motivados pela busca de alternativas para a redução da pressão sobre o angico 
vermelho, pesquisadores estão constatando nas espécies nativas do bioma Caatinga, 
possíveis produtoras de taninos vegetais (PAES et al., 2006a; CALEGARI et al., 2016; 
AZEVÊDO et al., 2018). Diversas espécies estão sendo estudadas, tais como a jurema-preta 
(Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.), cajueiro (Anacardium occidentale L,), jurema-vermelha 
(Mimosa arenosa (Willd.) Poir.), sabiá (Mimosa caesalpiniifolia Benth.), entre outras. A espécie 
Acacia mangium (Willd.), apesar de ser exótica, vem sendo bastante cultivada em plantios 
florestais para fins madeireiros, apresentando uma boa adaptação à Caatinga. Esta espécie 
apresenta expressiva quantidade de taninos condensados (20,41%) (UCELLA FILHO et al., 
2017), podendo ser uma alternativa viável para a produção de taninos em larga escala. 
 
 
2.2.1. Acacia mangium (Willd) 
 
A família Fabaceae é a terceira maior família de angiospermas, com 727 gêneros 
catalogados e aproximadamente 20 mil espécies descritas, que variam desde pequenas ervas 
transitórias até árvores de grande porte (ILDIS, 2018). Essa família apresenta uma ampla 
distribuição geográfica, sendo encontrada em praticamente todos os continentes, segundo 
Queiroz et al. (2009). No Brasil, esta família está amplamente distribuída, com cerca de 3200 
espécies disseminadas em 176 gêneros (ILDIS, 2018), ocorrendo muitas vezes em sítios 
abertos e degradados, o que indica que são bem adaptadas a condições precárias. Dessa 
forma, é considerada uma das famílias de maior diversidade nos biomas do pais. 
 A Fabaceae é constituída por três subfamílias: Caesalpinoidae, Mimosoidae,e 
Papilionoidae, sendo a última a maior destas, com aproximadamente dois terços de todos os 
gêneros e espécies, ocorrendo em regiões temperadas, sendo a maior parte das espécies 
herbáceas (ILDS, 2018). A maioria dos indivíduos de Caesalpinoidae e Mimosoidae são 
árvores e arbustos tropicais e subtropicais (ILDIS, 2018). 
O gênero Acacia compreende cerca de 1.300 espécies largamente distribuídas nas 
regiões tropicais e subtropicais do globo, sendo a maioria pioneiras, de rápido crescimento, 
adaptáveis aos mais variados tipos de solo. A maioria das espécies é observada no hemisfério 
sul e o principal centro de diversidade é a Austrália. Este gênero ocorre naturalmente em 
vários continentes, exceto na Europa e na Antártida (RODRIGUES et al. 2008; FOREST 
12 
 
RESEARCH INSTITUTE, 2018). Em seu ambiente natural, ocorrem em agrupamentos puros 
e densos, sugerindo que podem ser plantadas em monoculturas sem problemas sérios de 
pragas e doenças (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1983). 
Acacia mangium Willd., pertence à familia Fabaceae, e subfamília Mimosoideae, é 
oriunda de florestas tropicais úmidas do nordeste da Austrália, Papua Nova Guiné e das Ilhas 
Molucas do leste da Indonésia, sendo uma das espécies arbóreas mais utilizadas em 
programas silviculturais em toda a Ásia e Pacífico (KRISNAWATI et al., 2011). Suas 
propriedades desejáveis incluem o rápido crescimento, boa qualidade da madeira, tolerância 
a solos ácidos e pobres em nutrientes, além de ser uma espécie fixadora de nitrogênio 
(MATSUBARA e OHTA, 2015). 
Segundo Krisnawati et al. (2011), as árvores de Acacia mangium podem crescer até 
aproximadamente 30 m, apresentando fuste reto com ramificações que começam acima da 
metade da altura total. Em sítios relativamente pobres, os indivíduos podem parecer um 
grande arbusto com uma altura média entre 7 e 10 m, enquanto em seu habitat natural, atinge 
de 25 a 30 m de altura. Essa espécie é capaz de produzir madeira de excelente qualidade, 
com crescimento de aproximadamente 5 m³ / ano, possuindo interesse apícola e tanino de 
boa aceitação no mercado nacional e internacional (CASTRO, 2017). A casca em árvores 
jovens é lisa e esverdeada e fissuras começam a se desenvolver entre 2 ou 3 anos. Em 
plantas mais velhas, a casca é áspera, dura e com fissuras perto da base, apresentando 
coloração entre marrom e marrom-escuro. 
13 
 
Figura 1 – Aspecto morfológico de folhas (a), casca (b), árvore (c) e flor (d) de 
Acacia mangium (Willd)
 
Fonte: FOREST RESEARCH INSTITUTE, online 
Esta espécie tem apresentado capacidade expressiva de adaptação às condições 
edafoclimáticas brasileiras, sendo, por isso, bastante utilizada em programas de recuperação 
de áreas degradadas. Além disso, vem sendo cultivada em plantios destinados à produção de 
lenha, polpa para celulose, madeira para construção e movelaria, consórcio com culturas 
agrícolas, tanino para indústrias de adesivos e curtimento de couros (CASTRO et al., 2017; 
LORENZI et al., 2003; SOUZA et al., 2004; WEBER et al., 2007; MIDGLEY e BEADLE 2006; 
KAMO et al., 2009; HOONG et al., 2009). Além das características citadas, a Acacia.mangium 
possui aptidão para produção de moirões, quebra-ventos, ornamentação, além de suas flores 
serem melíferas. (Balieiro et al., 2004). 
(a) (b) 
(c) (d) 
14 
 
A extração, quantificação e caracterização de compostos provenientes do metabolismo 
secundário no gênero Acacia vem sendo bastante estudados nos últimos anos (CALEGARI 
et al., 2016; DAOUB et al., 2016; SANTOS et al., 2017; ALAJMI et al., 2017; SUBHAN et al., 
2018; LIN et al., 2018). Porém, os estudos limitam-se predominantemente à espécie Acacia 
mearnsii, a qual possui compostos, como taninos, com atividade biológica comprovada e já 
bastante descrita. Portanto, estudos com Acacia mangium são bastante necessários e 
promissores, uma vez que a espécie pode possuir compostos com atividade biológica iguais 
ou superiores à Acacia mearnsii. 
 
 
2.2.2. Mimosa tenuiflora (Willd.) 
 
A Mimosa tenuiflora, popularmente conhecida por “jurema-preta”, pertence à família 
Fabaceae e subfamília Mimosoidae. É uma planta característica do bioma Caatinga e 
apresenta alto potencial para produção de forragem, sendo uma importante fonte de 
alimentação animal em regiões semiáridas do Nordeste (PINTO; CAVALCANTE; ANDRADE, 
2006). 
A jurema-preta é uma planta pioneira, que apresenta sistema radicular profundo, 
permitindo o seu desenvolvimento em solosdegradados, notadamente, na ocupação inicial e 
secundária das áreas degradadas ou em processo de degradação (AZEVÊDO et al., 2012). 
Além disso, esta espécie apresenta alto grau de associação com bactérias do gênero 
Rhizobium e fungos micorrízicos, tornando-a capaz de colonizar sítios com severa escassez 
de nitrogênio e fósforo (ALMEIDA et al.,1991; MERGULHÃO et al., 2007). 
Além disso, por apresentar madeira de alta densidade, é amplamente utilizada como 
combustível, bem como na medicina popular, em tratamentos de queimaduras, acne e 
problemas relacionados ao tecido epitelial (MAIA, 2004) além de ser usada contra bronquite, 
febre, dor de cabeça e inflamações diversas (MAGALHÃES et al., 2018). 
Calegari et al. (2016) quantificaram as substâncias tânicas e não-tânicas presentes nas 
cascas de jurema-preta. Os autores encontraram que os teores de tânicos presentes na 
espécie ocorre em torno de 24,1%, indicando que a espécie possui grande potencialidade na 
produção de taninos em função da considerável quantidade de taninos e da disponibilidade 
da espécie no bioma Caatinga. 
Os taninos desta espécie já foram testados para uso como componente de adesivos de 
madeira. Em estudo realizado por Azevêdo et al. (2015), os autores avaliaram a qualidade 
dos taninos da espécie para a produção de adesivo tanino-formaldeído, com o período de 
coleta da planta. Foi observado que houve influência do período de coleta das plantas no teor 
de taninos condensados. Nos adesivos produzidos com os taninos de jurema-preta, foram 
15 
 
observados teores sólidos semelhantes aos da acácia-negra (Acacia mearnsii), não havendo 
diferença significativa entre os períodos de coleta para o teor sólidos e tempo de gelatinização 
dos adesivos. 
Lima et al. (2014) avaliaram a capacidade dos taninos de jurema-preta no curtimento de 
pele animal e a comparou com o angico-vermelho, espécie utilizada nos curtumes tradicionais 
do semiárido brasileiro. Os taninos da jurema-preta tiveram melhor potencial durante o 
curtimento e recurtimento das peles. Os autores concluíram que esta espécie possui potencial 
para ser utilizada no curtimento de peles. 
O interesse fitoquímico dessa espécie aumentou consideravelmente, principalmente 
devido à presença de alcaloides e taninos (RIVERA-ARCE et al., 2007). Seu potencial 
antioxidante, antiinflamatório e antinociceptivo já foi relatado, sendo a abundância de taninos 
e flavonoides encontrados na planta, os prováveis responsáveis pela atividade antimicrobiana, 
conforme descrevem Meckes-lozoya et al. (1990). 
 
16 
 
Figura 2 Aspecto morfológico de folhas (a), inflorescências (d), fuste (c) e árvore (d) de 
Mimosa tenuiflora Willd. 
 
Fonte: Autora, 2020 
Da casca da jurema-preta já foram isoladas diversas substâncias com atividade biológica 
comprovada, que vem sendo estudados nos últimos anos (BEZERRA, et al., 2011; CRUZ et 
al., 2016; BORGES, 2017) sendo cada vez mais destacados os avanços do conhecimento 
químico e farmacológico relacionados a essa espécie. 
 
2.2.3. Mimosa caesalpiniifolia Benth. 
 
 Mimosa caesalpiniifolia Benth. pertence à família Fabaceae, subfamília Mimosoideae, 
e é popularmente conhecida por sabiá ou sansão-do-campo. Esta espécie ocorre 
naturalmente nos estados do Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará, parte do Maranhão e de 
(a) (b) 
(c) (d) 
17 
 
Pernambuco, e na chapada do Araripe, na divisa com o Ceará, sendo observada com maior 
frequência em sítios de solos profundos e férteis (CARVALHO, 2007). 
Os indivíduos desta espécie medem entre 4 a 8 m de altura, o tronco apresenta 
acúleos que desaparecem com a idade. A casca é de cor castanho claro a cinza acastanhado 
(CARVALHO, 2007). O sabiá apresenta uma madeira de alta densidade (0,87 g cm³) e alto 
teor de carbono fixo (aproximadamente 73%), sendo uma importante fonte de energia (carvão 
e lenha) (RIBASKI et al., 2003). Além disso, é empregada na confecção de estacas, mourões, 
postes e dormentes. A folhagem pode ser utilizada como forragem fresca ou fenada, 
especialmente na época seca (RIZZINI, 1971). 
 
Figura 3 – Aspecto morfológico de folhas (a) frutos (b) fuste (c) e casca (d) de Mimosa 
caesalpiniifolia Benth. 
 
Fonte: Autora, 2020 
(a) (b) 
(c) (d) 
18 
 
 
Azevêdo et al. (2018) ao analisar folhas, galhos finos e casca do sabiá quanto às suas 
características como produtora de taninos vegetais, encontraram que todas as partes da 
planta analisadas apresentaram taninos; porém, a casca apresentou a maior concentração de 
taninos condensados (8,38%) e menor quantidade de não taninos (1,22%). Os autores 
acrescentam que dentro do extrativo desta espécie, há uma menor concentração de taninos 
quando comparados a espécies produtoras, como a Acacia mearnsii, por exemplo, porém 
foram os taninos que apresentaram o maior grau de pureza já registrados na literatura. 
 
2.2.4. Azadirachta indica A. Juss. 
 
 A família Meliaceae possui 51 gêneros e 550 espécies e é conhecida por possuir 
compostos biologicamente ativos que influenciam no desenvolvimento de outros organismos 
(RICKLI et al. 2011). As espécies mais estudadas da família são Trichilia pallida,Cinamomo 
ou Santa-bárbara (Melia azedarach L.) e Azadirachta indica, popularmente conhecida como 
Nim ou Neem (GONÇALVES-GERVÁSIO, 2004). 
O nim (Azadirachia indica A. Juss), syn Antelara azadirachta, Melia azadirachta L., é 
original do sudeste da Ásia, mais precisamente na Índia, na região de Burma e regiões áridas 
do subcontinente indiano (NEVES et al., 2008), Myanmar, Ceilão, Filipinas, Indonésia e 
Malásia (MARTINEZ et al., 2002; LORENZI et al., 2003). Ocorre em diversos países da África, 
ilhas asiáticas, Austrália e América do Norte, América Central e América do Sul, graças à sua 
rusticidade e capacidade de adaptação a regiões áridas (MARTINEZ et al., 2002). Esses 
autores acrescentam que o nim indiano foi introduzido no Brasil para estudo como planta 
inseticida pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). 
Essa espécie vem se desenvolvendo bem em áreas de clima tropical e subtropical 
(MOSSINI et al., 2005). O porte dos indivíduos pode variar de 15 a 20 m de altura, com tronco 
semi-reto a reto, de 30 a 80 cm de diâmetro, relativamente curto e duro, com fissuras e 
escamas, de coloração marrom-avermelhada. O diâmetro da copa pode variar entre 8 a 12 
m, podendo atingir 15 m em árvores isoladas. É uma planta perene, de clima tropical, 
resistente à seca e de crescimento rápido (MARTINEZ, 2002). 
De suas folhas, frutos, sementes e tronco é possível retirar extratos biologicamente 
ativos e com múltiplas propriedades (ARROTEIA et al., 2007), o que faz com que esta espécie 
seja comumente empregada no controle de insetos, fungos e nematóides, na indústria de 
cosméticos, fertilizantes, adubo, na produção de biomassa em propriedades rurais, 
reflorestamento e uso veterinário, entre outros (RICKLI et al., 2011). 
19 
 
Pandey et al. (2014), ao analisar e correlacionar os atributos fitoquímicos, 
sequestrantes de radicais livres e antibacterianos de nim com o objetivo de compreender seu 
potencial para curar doenças da pele, encontraram que os teores totais de fenóis, flavonóides 
e taninos foram estimados em 1,03%, 5,33% e 1,83%, respectivamente. Tais resultados 
sugerem que a espécie possui taninos, propondo a realização de estudos que quantifiquem 
os taninos em nim em outras partes da planta, como a casca e galhos, por exemplo. 
 
Figura 4- Aspecto morfológico de folha (a) e (d), casca (b) e fuste (c) de Azadirachta indica 
A. Juss. 
 
Fonte: Autora, 2020 
 
 
2.3. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DOS TANINOS VEGETAIS 
 
(a) (b) 
(d) (c) 
20 
 
As plantas contêm uma grande variedade de compostos fenólicos. Desde fenóis, que 
compreendem flavonóides, estilbenos, taninos, lignanas e lignina, até compostos com ácidos 
carboxílicos de cadeia longa. Estas substâncias bastante variadas têm funções importantes, 
comoantibióticos, pesticidas naturais, substâncias de sinalização para o estabelecimento de 
simbiose com Rhizobia, atrativos para polinizadores, agentes de proteção contra luz 
ultravioleta (UV), materiais isolantes para edificar paredes celulares impermeáveis ao gás e à 
água, e material estrutural para dar estabilidade das plantas (HELDT e PIECHULLA, 2011). 
Segundo Bucahanan et al. (2015), os compostos fenólicos representam aproximadamente 
40% do carbono orgânico em plantas e são derivados principalmente de estruturas de 
fenilpropanóide e acetato de fenilpropanóide, as quais possuem um núcleo fenilpropanoide 
comum. Dessa forma, compartilham os quatro primeiros passos bioquímicos: a fenilalanina, o 
ácido cinâmico, o ácido p-cumárico, e o cumaroil-coA - um composto reativo que pode 
participar de diversas reações levando, por isso, à riqueza de compostos fenólicos que 
existem nas plantas, incluindo os taninos, que se acumulam nos vacúolos. 
Os taninos vegetais apresentam elevada proporção de grupos fenólicos com hidroxilas 
livres e de diferentes graus de condensação ou polimerização (BROWNING, 1963), razão 
pela qual são bastante reativos e formam pontes de hidrogênio intra e intermoleculares. Um 
mol de taninos pode ligar-se a doze moles de proteínas (MONTEIRO et al., 2005). 
Químicamente, os compostos fenólicos são definidos como substâncias que possuem 
anel aromático com um ou mais substituintes hidroxílicos, incluindo seus grupos funcionais 
(LEE et al., 2005). Possuem estrutura variável e, por este motivo, são multifuncionais. 
Desse modo, os taninos são classificados segundo a sua estrutura química, em duas 
diferentes categorias: taninos hidrolisáveis e taninos condensados (PIZZI, 1994). Para Zucker 
(1983), os taninos hidrolisáveis são responsáveis pela defesa das plantas contra herbívoros, 
já os taninos condensados atuam na defesa contra micro-organismos patogênicos. 
 
2.3.1. Taninos hidrolisáveis 
 
 Os taninos hidrolisáveis são ésteres de ácidos gálicos e ácidos elágicos glicosilados, 
formados a partir do chiquimato (HELDT, 1997), nos quais os grupos hidroxila do açúcar são 
esterificados com os ácidos fenólicos (VICKERY, 1981). Os taninos elágicos são muito mais 
frequentes que os gálicos (BRUNETON, 1991). 
 De acordo com Battestin, Matsuda e Macedo (2004), os taninos hidrolisáveis são 
observados em folhas, galhos, cascas, frutos e cerne de várias espécies arbóreas, como, por 
exemplo, as dos gêneros: Terminalia, Phyllantus e Caesalpinia, entre outros. Para Zucker 
(1983) e Metche (1980), sua função nas plantas é protegê-las contra os herbívoros, tendo em 
vista que estes compostos agem no processo digestivo desses animais, dificultando-o, em 
21 
 
decorrência da afinidade dos taninos com proteínas ligadas à produção de enzimas 
digestivas, bem como às próprias enzimas. Segundo Queiroz et al. (2002), estes taninos 
ocorrem em menores concentrações, quando comparados aos taninos condensados. 
 Battestin, Matsuda e Macedo (2004) elucidam que os taninos hidrolisáveis são 
subdivididos em galotaninos e elagitaninos (Figura 5), consoante ao produto da hidrólise. Os 
galotaninos decompõem-se em ácido gálico e açúcares, já os elagitaninos formam ácido 
elágico e açúcares. Os galotaninos apresentam como núcleo a glicose, enquanto os 
elagitaninos são iguais ao grupo dos galotaninos, mas que se formam com mais um grupo 
hexahidroxidofenol (ácido gálico) e glicose (SILVA, 1999). Ou seja, na maioria dos galotaninos 
se encontram unidades D-glucose que são unidas por ligações de éster do ácido gálico, 
enquanto os elagitaninos podem ser considerados produtos da oxidação enzimática dos 
galotaninos (LEWIN e GOLDSTEIN, 1991). 
Os taninos hidrolisáveis possuem propriedades indesejáveis que limitam a viabilidade 
para a produção de fitoterápicos, segundo Pizzi (2003), uma vez que as suas reações de 
funcionalização necessitam de sítios reativos específicos. Além disso, a baixa produção 
mundial é um fator limitante, vislumbrando-se a síntese do produto em grandes quantidades. 
 
Figura 5 - Estrutura química do galotanino (A) e elagitanino (B) 
 
Fonte: Battestin, Matsuda e Macedo (2004) 
 
22 
 
2.3.2. Taninos Condensados 
 
Os taninos condensados possuem uma vasta distribuição na natureza e são constituídos 
por oligômeros ou polímeros compostos de unidades monoméricas do tipo flavonóide, que 
consiste em unidades tricíclicas e hidroxiladas de 15 carbonos (LAKS, 1991). Altas 
concentrações desses compostos podem ser encontradas tanto na madeira quanto na casca 
de diversas espécies arbóreas (PIZZI, 2003). Os taninos deste tipo também são chamados 
de proantocianidinas, possivelmente pelo fato de apresentarem pigmentos avermelhados da 
classe das antocianidinas, como cianidina e delfinidina (SANTOS; MELLO, 1999). 
 
Figura 6 - Estrutura do flavanóide percursor dos taninos condensados. R1, R2, R3 e R4 
são radicais que podem ser compostos por grupo hidroxila ou átomo de hidrogênio 
 
Fonte: Jorge et al (2001) 
 
As unidades flavanóides as quais os taninos condensados são constituídos, possuem 
diferentes graus de condensação sendo unidas por ligações carbono-carbono. Tais ligações 
são difíceis de serem quebradas por hidrólise (ASHOK; UPADHYAYA, 2012). Dos vários tipos 
de monoflavonóides que ocorrem na natureza, apenas os flavan-3-óis e os flavan-3,4-dióis 
participam da gênese dos taninos, já que são os únicos com capacidade de sofrerem reações 
de polimerização, constituindo-se assim como os precursores dos taninos condensados 
(PIZZI, 1993). 
23 
 
Zucker (1983) menciona que os taninos condensados têm função de defesa contra 
microrganismos patogênicos. Ashok e Upadhyaya (2012) acrescenta que tais taninos também 
são encontrados no cerne de coníferas e podem desempenhar um papel na inibição da 
atividade microbiana, resultando na durabilidade natural da madeira. A ocorrência desses 
compostos é comum em angiospermas e gimnospermas, principalmente em plantas lenhosas 
(SANTOS e MELLO, 1999). 
Os taninos condensados são a segunda fonte de polifenóis do reino vegetal, perdendo 
apenas para a lignina. Além de serem potentes antioxidantes, possuem vasta aplicação na 
complexação com proteínas, sendo por esse motivo muito empregados na indústria de couros 
(HAGERMAN et al.,1997) 
 
2.4. USO DE TANINOS PARA FINS FARMACOLÓGICOS 
 
A utilização de plantas com fins medicinais para tratamento, cura e prevenção de doenças, 
é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. Por terem em sua 
composição fitoquímicos, esses vegetais melhoram o equilíbrio fisiológico dos seres humanos 
e o conhecimento dessas propriedades curativas é transmitido através de gerações 
(OWOLABI et al., 2018). 
 As aplicações de fármacos a partir de taninos estão em sua maior parte, relacionadas às 
suas propriedades adstringentes, podendo ser utilizados para medicamentos antibacterianos, 
antidiarreicos, hemostáticos e anti-hemorroidais (ASHOK e UPADHYAYA, 2012). 
Os taninos são considerados substâncias bioativas, visto que suas propriedades 
antimicrobiana, antioxidante, antiviral e antitumoral são bem conhecidas e documentadas 
(OKUDA et al., 2009), podendo assim serem utilizados como fitoterápicos. Os fitoterápicos 
usam substâncias ativas de plantas e são popularmente utilizados como alternativa eficaz 
para tratar diversas doenças, incluindo patologias bucais (CASTILHO et al., 2007; PEREIRA 
et al., 2016; CARTAXO-FURTADO et al., 2017). 
Segundo Monteiro et al. (2005), se administrados por via interna, os taninos exercem efeito 
antidiarreico e antisséptico; se por via externa, impermeabilizam as camadas mais expostas 
da pele e mucosas, protegendo, dessa forma, as camadas subjacentes. Ademais, a 
característica de precipitar proteínas confere aos taninos um potencial antimicrobiano e 
antifúngico. Por serem substâncias hemostáticas, e pela propriedade de precipitar alcalóides,os taninos podem servir também de antídoto em casos de intoxicações (BRUNETON, 1991). 
Monteiro et al. (2005) cita ainda que, em virtude da capacidade de complexar proteínas, 
em processos de cura de feridas, queimaduras e inflamações, os taninos formam uma camada 
protetora, um complexo tanino-proteína e/ ou tanino-polissacarídeo, que age sobre tecidos 
24 
 
epiteliais lesionados. Logo abaixo dessa camada, o processo curativo pode ocorrer 
naturalmente. 
Um antibiótico ideal deve ser seguro, eficaz e não deve levar a bactérias resistentes, 
segundo Tomiyama et al. (2016). Para tal função, os efeitos antibacterianos dos taninos são 
reconhecidos há muito tempo. Estudos recentes demonstraram que tais efeitos agem na 
formação de biofilmes, atribuindo aos taninos uma característica anti-biofilme na colonização 
de superfície de diversos gêneros bacterianos. Essa capacidade de comprometer a adesão 
bacteriana representa uma estratégia ideal para combater patogêneses bacterianas, devido à 
sua ação nos estágios iniciais do processo infeccioso (TRENTIN et al., 2013). 
Tahir et al. (2017) apresentaram o efeito antibacteriano de extratos de folhas de Diospyros 
blancoi, Phoenix dactylifera e Morus nigra contra cárie. Segundo os autores, os resultados 
evidenciaram que os taninos inibiram o crescimento de bactérias bucais responsáveis pela 
cárie dentária, podendo ser utilizadas como alternativa de tratamento de cárie, minimizando o 
uso de antibióticos comumente utilizados no tratamento da doença. 
Em estudo realizado por Anita et al. (2014), os autores descreveram o efeito 
antimicrobiano in vitro de extrato de Camellia sinensis popularmente conhecido por chá verde 
e rico em taninos, sobre Streptococcus mutans e Lactobacillus acidophilus, bactérias 
preponderadamente cariogênicas. Os resultados indicaram que os taninos desempenharam 
expressiva atividade antibacteriana a partir de uma concentração inibitória mínima entre 0,2 e 
0,3%mg/mL. 
Tomiyama et al. (2016) avaliaram a atividade antibacteriana contra biofilmes 
polimicrobianos de um tanino condensado extraído do fruto do Diospyros kaki, usado como 
aditivo na fabricação de bebidas populares no Japão. Os resultados indicaram que os efeitos 
antibacterianos dos taninos são comparáveis aos do antibiótico digluconato de clorexidina, 
podendo manter a cavidade oral limpa, prevenir cárie periodontal relacionada à placa dentária, 
bem como evitar doenças sistêmicas, como pneumonite por aspiração. 
Wang et al. (2013) testaram a capacidade de taninos presentes em chás comerciais de 
dificultar a ligação de Streptococcus mutans a superfícies e, subsequente, formação de 
biofilme. Eles observaram que as células de S. mutans tratadas com extratos de chá eram 
maiores e com formas mais arredondadas, indicando que os taninos presentes no material 
inibiram a fixação e a formação de biofilme através da modificação das propriedades da 
superfície celular e das estruturas usadas pelas bactérias para interagir com superfícies, bem 
como o bloqueio da atividade de proteínas. 
Lima et al. (2018) avaliaram a atividade antibacteriana e antiaderente do extrato de sabiá 
sobre microrganismos do biofilme dentário, através de um estudo analítico experimental in 
vitro sobre as linhagens cariogênicas e formadoras de biofilme dental Streptococcus mitis, 
25 
 
Streptococcus mutans, Streptococcus sanguis, Streptococcus sobrinus e Lactobacillus casei. 
Os autores observaram que os taninos presentes na espécie estudada apresentaram ação 
antimicrobiana significativa e atividade inibitória mínima da aderência in vitro sobre as 
linhagens de Streptococcus mitis e Streptococcus mutans, presentes no biofilme bacteriano. 
Pereira et al. (2015), estudando a atividade antimicrobiana de taninos de plantas 
aromáticas do nordeste brasileiro contra linhagens bacterianas de origem animal, relataram 
que a espécie M. tenuiflora inibiu o crescimento da bactéria Staphylococcus aureus, 
apresentando atividade antimicrobiana de 18,11%. Os autores observaram halos de inibição 
entre 10 e 22mm, com uma proporção entre diminuição do diâmetro dos halos e a diminuição 
da concentração. 
Embora as florestas brasileiras concentrem a maior biodiversidade do mundo e diversos 
pesquisadores trabalhem na busca de substâncias bioativas em plantas, estima-se que 
apenas 6% das espécies tenham sido estudadas nesse sentido até o momento (CRAGG et 
al., 2013). Desse modo, estudos que identifiquem e descrevam em espécies de ocorrência 
brasileira a presença de substâncias como os taninos e a sua atividade fitoterápica são muito 
importantes, visto que que podem ser utilizadas na medicina, aumentando a opção terapêutica 
dos profissionais de saúde, reduzindo o uso indiscriminado de antibióticos, que leva a cepas 
resistentes. 
 
2.5. CÁRIE DENTÁRIA 
 
A cárie dentária é uma das patologias bucais mais antigas que acomete os seres humanos 
e representa uma das doenças multifatoriais mais comuns, na qual os indivíduos permanecem 
suscetíveis durante toda a vida (LIN et al., 2018). Segundo Pitts e Zero (2016), a cárie é uma 
patologia complexa e multifatorial, que envolve interações entre a estrutura dentária, o biofilme 
microbiano oral formado na superfície do dente, carboidratos na dieta, principalmente 
açúcares e, em menor grau, amidos, e influências salivares e genéticas. 
Sob uma perspectiva moderna de compreensão da doença, Pitts e Zero (2016) incluem 
fatores comportamentais, sociais e psicológicos, os quais, segundo os autores, também estão 
envolvidos na maneira como a doença se manifesta nos indivíduos. Desse modo, a cárie pode 
ser entendida como um processo dinâmico que envolve ciclos de perda mineral 
(desmineralização) e ganho mineral (remineralização). A superfície do dente está em um 
estado saudável e de equilíbrio dinâmico com o ambiente oral quando a desmineralização e 
a remineralização estão em equilíbrio ou favorecem a remineralização (PITTS e ZERO, 2016). 
26 
 
Para Bowen (2002), uma lesão cariogênica é a manifestação clínica de um quadro 
patológico que pode estar ocorrendo na superfície do dente por meses ou anos. O autor 
elucida que tais lesões são resultado da interação das bactérias que colonizam ou infectam a 
superfície do dente com constituintes da dieta, sendo a placa dentária a primeira evidência 
clínica evidente dessa interação. Embora a maior parte da atenção tenha sido focada nos 
constituintes da película, há evidências inequívocas de que as bactérias constituintes estão 
presentes desde os primeiros estágios da formação. 
O biofilme inicial é formado por organismos colonizadores iniciais, como Streptococcus 
gordonii, Streptococcus oralis, Streptococcus sanguinis e Streptococcus salivarius na película 
dental e, em seguida, o Streptococcus mutans se liga ao biofilme inicial (SOCRANSKY e 
HAFFAJEE, 2002). 
Diante deste fato, Lee e Kim (2014) definem o S. mutans como o mais importante 
contribuinte para a formação de biofilme maduro na cavidade oral, sendo considerado o 
principal agente etiológico da cárie dentária em humanos. Barnabe et al. (2014) descrevem 
que as células de S. mutans individuais ou agregadas se fundem com a película salivar por 
mecanismos dependentes ou não de sacarose e essa capacidade de fusão é responsável 
pela agregação de outras bactérias em uma matriz de polissacarídeo no esmalte dentário. 
A incidência de cárie aumentou consideravelmente em sociedades pós-industriais, com o 
aumento da disponibilidade e consumo excessivo de açúcar processado (LAMONT e 
EGLAND, 2015). Atualmente, a cárie representa um grave problema de saúde pública, devido 
ao seu efeito sobre os indivíduos e a sociedade, a sua recorrência e os custos para o 
tratamento. No Brasil, o índice de prevalência desta doença é de 2,1%, (BRASIL, 2011; JOSE 
et al. 2011) o que evidencia a necessidade de alternativas terapêuticas eficazes. 
Segundo Strużycka (2014), os micro-organismoscariogênicos produzem os ácidos lático, 
fórmico, acético e propiônico, que são produtos do metabolismo de carboidratos. A presença 
desses ácidos na cavidade oral provoca uma diminuição no pH, chegando a valores inferiores 
a 5,5, acarretando na desmineralização dos cristais de hidroxiapatita do esmalte dentário e 
na quebra proteolítica da estrutura dos tecidos duros dos dentes. 
Diversas substâncias, principalmente compostos clorados do fenol e detergentes 
catiônicos (clorexidina), têm sido comumente utilizados como inibidores do mecanismo de 
formação e crescimento do biofilme dental (LIMA et al., 2018). Porém, efeitos colaterais como 
pigmentação nos dentes, desequilíbrio da microbiota e alteração do paladar tem motivado a 
busca por novos agentes antimicrobianos que ajam com eficácia na eliminação desses 
microrganismos, que apresente maior atividade farmacológica, menor toxicidade, maior 
biocompatibilidade e que sejam mais acessíveis à população, podendo ser usados na 
composição de produtos de higiene bucal como coadjuvantes no tratamento de cárie 
(MACÊDO-COSTA et al., 2009; ABREU-PINHEIRO et al., 2012; SILVA et al., 2014). 
27 
 
Diversos estudos de compostos e extratos naturais a partir de plantas tem sido realizados 
(PAYNE et al., 2013; PEREIRA et al., 2015; PEREIRA et al., 2016; TOMIYAMA et al., 2016; 
BORGES et al., 2017; BENZIDIA et al., 2018) sob o enfoque de suas atividades 
antimicrobianas, e tem-se relatado que esses compostos e extratos apresentam altas 
concentrações de substâncias bioativas como os taninos, que podem reduzir ou inibir o 
crescimento de bactérias na cavidade bucal (MACÊDO-COSTA et al., 2009). 
A natureza é uma rica fonte de substâncias antimicrobianas, razão pela qual os produtos 
naturais têm representado uma das principais fontes de novos medicamentos aprovados pela 
Food and Drug Administration nas últimas duas décadas (CRAGG e NEWMAN, 2013). Por 
exemplo, eugenol e alguns extratos vegetais obtidos de Zizyphus joazeiro (juá), Mentha 
piperita (menta) e Punica granatum (romã) e diversos outros extratos de outras espécies são 
estudados na busca de introduzi-los em práticas clínicas. 
Araujo et al. (2018) comprovaram a eficiência dos taninos de Anacardium occidentale L. e 
Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan com ação inibitória contra diferentes espécies de 
bactérias cariogênicas, sem causar toxicidade sobre células eucarióticas ou atividade 
mutagênica. 
Lima et al., (2018) avaliaram a atividade antibacteriana e antiaderente do extrato de 
Mimosa caesalpiniifolia Benth sobre bactérias do biofilme dentário através de um estudo 
analítico experimental in vitro. Os autores concluíram que o extrato etanólico das folhas de 
Mimosa caesalpinifolia apresentou ação antimicrobiana significativa e atividade inibitória 
mínima da aderência sobre as linhagens de Streptococcus mitis e Streptococcus mutans, 
presentes no biofilme bacteriano. 
Michelin et al. (2005) avaliaram a atividade antimicrobiana de extratos secos de Artemisia 
absinthium L. (losna), Mentha pulegium L. (poejo), Punica granatum L. (romã), Xanthosema 
violaceum Schott (taioba) e Syzygium cuminii L. (jambolão). Para tal, os autores realizaram o 
teste de difusão em ágar, com 15 diferentes microrganismos, utilizando discos impregnados 
com as dispersões aquosas dos extratos vegetais. Os autores observaram que os extratos 
das espécies estudadas são capazes de inibir o crescimento microbiano, principalmente as 
espécies X. violaceum e S. cuminii que inibiram, respectivamente, 8 e 6 bactérias. 
Silva et al. (2014) utilizaram o método de difusão em disco para triagem de mais de 2.000 
extratos de plantas da Amazônia contra Streptococcus mutans. Os autores fracionaram e 
identificaram dezessete extratos ativos de plantas e suas frações, determinando suas 
concentrações inibitórias mínimas e concentrações bactericidas mínimas. Os autores 
observaram que o extratos obtidos a partir das espécies Casearia spruceana, Psychotria sp. 
(Rubiaceae) e Ipomoea alba mostraram atividade antibacteriana significativa contra 
Streptococcus mutans. 
28 
 
Os estudos citados evidenciam que diversas espécies vegetais apresentam substâncias 
bioativas, as quais possuem expressivo potencial como fontes de novos agentes 
antibacterianos para uso como coadjuvantes químicos em estratégias de prevenção e 
tratamento de patologias biofilme-dependentes e de alta prevalência, como a cárie dentaria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
3. MATERIAL E MÉTODOS 
 
3.1 Material botânico 
Foram utilizadas cinco árvores adultas e saudáveis de cada espécie (Acacia mangium 
Willd., Mimosa tenuiflora Willd, Mimosa caesalpiniifolia Benth, e Azadirachta indica A. Juss.), 
obtidas em plantio florestal de quatro anos de idade localizados no município de Macaíba, Rio 
Grande do Norte, Brasil (05 ° 51'28,8 ”S e 35 ° 21'14,4 ”W). O solo é classificado como 
latossolo amarelo de textura arenosa e topografia plana (BELTRÃO et al., 1975). O clima local 
é uma transição entre os tipos As e BSw caracterizado como tropical chuvoso, de acordo com 
a classificação de Köppen com temperatura média anual de 27,1°C, umidade relativa anual 
de 76% e precipitação pluviométrica variando entre 863,7 e 1.070,7 mm (IDEMA, 2013). Com 
auxílio de um facão, as cascas foram coletadas do fuste, galhos e ramos com diâmetros 
superiores 2 cm. As cascas de cada espécie foram homogeneizadas, secas ao ar e moídas 
em moinho do tipo Willey, conferindo uma menor granulometria. Para as análises, os materiais 
foram classificados em peneiras, utilizando-se o material retido em peneira de 2 mm. A 
serragem obtida de cada espécie foi homogeneizada e o teor de umidade em base seca foi 
determinado para obtenção do teor de taninos presentes em cada amostra. 
 
3.2 Extrações dos taninos 
Para a extração de taninos, foi empregada uma proporção (massa / massa) de água 
destilada e casca igual a 1:10. Foram tomadas, de cada espécie, três porções de 25 g de 
material seco. As amostras foram transferidas para balões de fundo chato com capacidade de 
500 mL, em que foram adicionados 250 mL de água destilada e submetidas à fervura sob 
refluxo por duas horas. Cada amostra foi submetida a duas extrações, a fim de se retirar a 
máxima quantidade de extrativos presentes. Após cada extração, o material foi passado em 
uma peneira de malha 150, e em um tecido de flanela, para a retenção de partículas finas. O 
extrato obtido foi homogeneizado e filtrado em funil de vidro sintetizado de porosidade 2. Em 
seguida foi concentrado para 250 mL, pela evaporação da água ao empregar um aparelho 
tipo Soxhlet e retiradas três alíquotas de 50 mL de cada extrato, nas quais duas delas foram 
utilizadas para a determinação do teor de taninos condensados (TTC) e uma foi evaporada 
em estufa a 103 ± 2 ºC por 48 h, para a determinação da porcentagem de teor de sólidos 
totais (TST). 
 
30 
 
3.2.1 Teor de sólidos totais (TST) 
Para medir o TST, as alíquotas de 50 mL do extrato bruto foram secas em estufa a 60 
+ 2 ° C e seu teor total de sólidos (TST) foi calculado através da Equação 1. 
Equação 1: 
𝑇𝑆𝑇 = ((𝑀1 − 𝑀2) / 𝑀1) 𝑥 100 
Na qual: 
TST- Teor total de sólidos em 50 mL de extrato bruto (%) 
M1 - massa inicial de extrato bruto (g) 
M2 - massa final de sólidos após evaporação da água (g) 
 
3.2.2 Teor de taninos condensados (TTC) e Indice de Stiasny (IS) 
Para obter o teor total de taninos condensados (TTC), primeiro o número Stiasny dos 
extratos foi determinado pelo método descrito por Guangcheng et al. (1991), com quatro 
repetições. Para isso, foram adicionados 4 mL de formaldeído (37% p / p) e 1 mL de ácido 
clorídrico concentrado a 50 mL de extrato bruto. A mistura foi mantida sob refluxo durante 30 
min. Depois disso, a mistura foi resfriada e filtrada em papel filtro e os sólidos foram secos no 
forno a uma temperatura de 60 +2 ° C por 48 h. O material seco foi pesado e o número de 
Stiasny foi calculado pela Equação 2. 
Equação 2: 
𝐼 = (𝑀2 / 𝑀1) 𝑥 100 
Na qual: 
I = índice de Stiasny (%) 
M1 = massa de sólidos em 50 mL de extrato bruto (g) 
M2 = massa de precipitado tanino-formaldeído (g) 
 
A partir do índice de Stiasny, o teor de taninos condensados foi calculado usando a 
Equação 3 e expresso como porcentagem da massa seca da casca. 
31 
 
Equação 3: 
𝑇𝑇𝐶 = (𝑇𝑆𝐶 𝑥 𝐼) / 100 
Na qual: 
TTC - teor de taninos condensados (%) 
TST - teor total de sólidos (%) 
I – índice de Stiasny (%) 
 
3.3 FTIR 
As amostras de tanino foram avaliadas por FTIR (espectroscopia no infravermelho por 
transformada de Fourier). Os espectros dos taninos foram adquiridos com um espectrômetro 
Shimadzu IRAffinity-1 usando pastilhas de KBr. Antes da peletização, as amostras de tanino 
foram secas em estufa a 60 ° C por 3 h. Um pellet contendo apenas KBr foi utilizado para 
adquirir o espectro de referência. Os outros pellets foram preparadas com KBr e 1% (p / p) 
das amostras de tanino em pó. Cada espectro foi adquirido com 32 varreduras e resolução de 
4 cm-1, de 4.000 a 400 cm-1. 
 
3.4 Ensaios antimicrobianos 
3.4.1 Microorganismos testados 
Cepas padrão das bactérias Streptococcus mutans (UA159), Lactobacillus 
acidophilus (ATCC IAL523), Lactobacillus casei (ATCC 193) e do fungo Candida 
albicans (SC5314), microorganismos comumente associados a patologias bucais, 
provenientes do Departamento de Farmacologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba 
(São Paulo, Brasil) foram utilizados no presente estudo. Para os testes, as cepas foram 
reativadas em caldo BHI (Brain Heart Infusion, HIMEDIA®, São Paulo, Brasil) e incubadas a 
37 ° C por 24 h. 
3.4.2 Preparação dos extratos 
 Foram utilizados 2 kg de casca moída de cada espécie, e adicionados 10 L de água 
(relação 5:1). As amostras foram submetidas à fervura em autoclave a 70 ± 5 °, durante duas 
horas. Cada amostra de casca foi submetida a duas extrações, a fim de se retirar a máxima 
32 
 
quantidade de substâncias presentes. Em seguida, o material foi filtrado em peneira de 150 
“mesh”, para a retenção de partículas finas de casca. Por fim, os extratos foram congelados 
e liofilizados para obtenção dos taninos em pó. 
 
3.4.3 Determinação da concentração inibitória mínima (CIM) 
Para a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) foi utilizado o método de 
diluição de caldo seguindo especificações pré-estabelecidas pelo Clinical and Laboratory 
Standards Institute (CLSI, 2018). Os taninos liofilizados de todas as espécies foram 
solubilizados nos veículos: a) etanol a 20%; b) etanol a 30%; c) Dimetilsulfoxido (DMSO); d) 
água destilada. A CIM foi realizada em placas de microdiluição de 96 poços (BMG Fluostar 
Optima, Bmg Labtech, Brasil), com o intuito de determinar a menor concentração do extrato 
em mg.mL-1, capaz de inibir o crescimento microbiano. Cada poço continha 100 μL do extrato 
tânico, 100 μL do BHI (Brain Heart Infusion, HIMEDIA®, São Paulo, Brasil) e 100 μL de cada 
microrganismo testado (5 × 105 ufc / mL), a partir da concentração inicial de 2,5 mg/mL a 
0,0012207 mg/mL (Figura 7). Digluconato de clorexidina a 0,12% (Sigma-Aldrich, St. Louis, 
MO, EUA) foi usado como controle positivo, e os poços sem extrato foram usado como 
controle negativo. As placas foram incubadas a 37 ° C e 5% CO2 por 24 h, e o crescimento 
microbiano foi determinado por absorbância em um leitor automático de microplacas (BIO-
RAD, modelo 3550-UV, Microplate Reader, Hércules, Califórnia, EUA). Por fim, após o período 
de incubação, a CIM foi descrita como a concentração mais baixa dos extratos para inibição 
do crescimento visível dos microrganismos (MACIÀ et al., 2014). Os testes foram realizados 
em triplicatas. 
33 
 
 
Figura 7 - . Representação da organização da placa de microdiluição de 96 poços para a 
determinação da concentração inibitória mínima. 
 
3.6 Delineamento experimental e análise estatística 
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro espécies 
florestais e avaliação de cinco repetições (4 tratamentos x 5 repetições). Os dados 
experimentais foram submetidos à análise de variância e, quando foram detectadas 
diferenças estatísticas, as médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott com 95% de 
probabilidade. Para análise estatística, os valores de teor de sólidos totais (TST), índice de 
Stiasny (IS) e teor de taninos condensados (TTC) foram convertidos em arcseno [√ (x / 100)], 
conforme sugerido por Steel e Torrie (1980), para homogeneizar as variâncias. As médias 
experimentais foram comparadas pelo teste T com 95% de probabilidade. Todas as análises 
estatísticas foram realizadas com o software Assistat 7.0. 
 
34 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
4.1 Extração e quantificação dos taninos 
As porcentagens de teor de sólidos totais (TST), índice de Stiasny (I) e teor de taninos 
condensados (TTC) observados no presente trabalho estão apresentados na Tabela 1. 
 
Tabela 1 - TST, I e TTC (%) dos taninos de Acacia mangium Willd., Azadirachta indica A. 
Juss Mimosa tenuiflora Willd, e Mimosa caesalpiniifolia Benth 
 
ESPÉCIE TST (%) I (%) TTC (%) 
Mimosa tenuiflora 27,79 a 83,39 b 23,40 a 
Mimosa caesalpiniifolia 9,18 c 91,27 a 8,38 c 
Acacia mangium 14,80 b 83,89 b 12,41 b 
Azadirachta indica 7,11 c 73,18 c 5,02 d 
Em que: TST = Teor de sólidos totais; I = Índice de Stiasny; TTC = Teor de taninos 
condensados. *As médias seguidas por uma mesma letra, para cada parâmetro avaliado, não 
diferem estatisticamente (Scott-Knott; p > 0,05). 
 
Segundo Medeiros et al. (2019), o teor de sólidos totais (TST) refere-se aos sólidos 
capazes de serem extraídos da casca por água quente, porém além dos taninos, vários outros 
compostos podem estar presentes. Portanto, altos valores de TST nem sempre estão 
associados a um alto teor de taninos, visto que isto depende da espécie, local de coleta, 
temperatura de extração, entre outros fatores. Deste modo, dentre as espécies avaliadas a 
Mimosa tenuiflora apresentou a maior quantidade de sólidos (27,79%), seguida da Acacia 
mangium (14,80%), Mimosa caesalpiniifolia (9,18%) e Azadirachta indica (7,11%), 
respectivamente (Tabela 1). As duas últimas espécies não diferiram estatisticamente. 
O TST observado no presente estudo para M. tenuiflora é inferior ao determinado por 
Medeiros et al. (2018), os quais observaram um valor de 44,6% para a mesma espécie. Essas 
diferenças no teor de sólidos da casca podem estar relacionadas às condições 
edafoclimáticas e fatores genéticos. O TST da M. tenuiflora foi semelhante ao encontrado por 
35 
 
Medeiros et al. (2019) nos frutos desta espécie (27,7%) e inferiores aos observados pelos 
autores na casca (42%). Esta diferença pode estar relacionada ao período de coleta da casca, 
a características do sitio, a idade das plantas, entre outros fatores. 
O índice de Stiasny (I) se refere aos taninos do tipo flavanol, os quais são precipitados 
através da condensação com formaldeído em meio ácido, sendo estes de elevado peso 
molecular e de difícil dissolução (MEDEIROS et al., 2019). Dessa forma, quanto maior o índice 
de Stiasny, maior a quantidade de polifenóis, o que indica maior grau de pureza em taninos 
condensáveis nos extratos. Para esta variável, a M. caesalpiniifolia apresentou a maior 
porcentagem (91,27%), seguido da M. tenuiflora (83,39%), A. mangium (83,89%), e A. indica 
(73,18%), respectivamente (Tabela 1). 
Os valores de I encontrados no presente trabalho foram superiores aos verificados por 
Paes et al. (2006a), que observaram valores de 22,04 a 73,48% para seis espécies cultivadas 
no semiárido brasileiro. Um destaque deve ser dado à M. caesalpiniifolia, que apesar de conter 
baixa concentração de taninos condensados na casca, apresentou o mais alto grau de pureza 
para esses compostos, com valorde I de 91,27%, como citado acima. Esse resultado indica 
que os taninos desta espécie podem vir a ser destinados para fins os quais se exige taninos 
com maior grau de pureza, como a indústria de fármacos, ou adesivos de madeira, por 
exemplo. 
O teor de taninos condensados (TTC) representa o conteúdo real em taninos 
condensados existentes na casca de uma determinada espécie florestal, porém, ele pode 
variar dependendo do método empregado para sua determinação. Para esta variável também 
a espécie M. tenuiflora apresentou o valor mais alto, conteúdo próximo ao da acácia negra 
(Acacia mearnsii), a fonte mais importante de taninos nas florestas brasileiras, sendo a 
principal espécie da cadeia produtiva de taninos no Brasil (CALEGARI et al., 2016). 
A alta concentração de taninos condensados observadas no presente estudo em M. 
tenuiflora aponta a espécie como uma potencial fonte de taninos condensados em larga 
escala, com a possibilidade de expandir a produção desse produto não madeireiro, 
diversificando a cadeia produtiva de taninos no Brasil e diminuindo a pressão sobre as poucas 
espécies que são tradicionalmente exploradas. 
No entanto, é preciso ter atenção ao período de coleta das cascas, uma vez que, 
conforme descrito por Azevêdo et al. (2017), o teor de taninos pode variar em função da 
fenofase da planta, sendo maior no final da estação chuvosa, quando a arvore possui um 
número maior de folhas verdes. No presente trabalho, a coleta de cascas foi realizada no final 
36 
 
da estação chuvosa e o valor de TTC (23,40%) aqui determinado é próximo ao encontrado 
pelos autores citados, de 21,90%. 
Para as outras espécies florestais, o TTC apresentou valores de 12,41, 8,38 e 5,02% 
para A. mangium, M. caesalpiniifolia e A. indica, respectivamente. Para a casca de M. 
caesalpiniifolia, por exemplo, o valor determinado neste estudo para o teor de taninos 
condensados está de acordo com o valor de 8,38% observado por Azevêdo et al. (2017). Essa 
semelhança pode estar relacionada à idade igual das árvores (5 anos) e também aos métodos 
de quantificação utilizados. 
 
4.2 FTIR 
Os grupos funcionais dos extratos tânicos de Acacia mangium Willd., Mimosa 
tenuiflora Willd, Mimosa caesalpiniifolia Benth, e Azadirachta indica A. Juss. foram analisados 
por FTIR. O espectro é apresentado nas Figuras 8 e 9 e as atribuições na Tabela 2. 
Devido ao fato de que os extratos vegetais geralmente ocorrem como uma combinação 
de vários tipos de compostos bioativos e fitoquímicos com diferentes polaridades, a 
separação, identificação e caracterização de compostos é um grande desafio. Desse modo, 
a caracterização química apresentada no presente estudo é preliminar, uma vez que, por meio 
de FTIR não é possível elucidar completamente a composição química dos taninos, e sim, ter 
ideia acerca dos principais grupos funcionais presentes (SASIDHARAN et al., 2011; RICCI et 
al., 2015). 
Segundo Kassim et al. (2011), o formato da banda de alongamento O-H fornece 
informações preliminares sobre a ocorrência de um processo de polimerização. Taninos 
vegetais exibem uma variação do grau de polimerizações variando de monômeros únicos, a 
oligômeros, a frações com altos graus de polimerização, o que resulta em uma banda larga 
distribuída na região espectral 3700 a 3000 cm-1. 
Neste estudo, essas bandas referentes à vibração de estiramento O-H em estruturas 
fenólicas e alifáticas foi identificada em 3418 cm-1 para A. mangium; 3452 cm-1 para A. indica; 
3418 cm-1 para M. caesalpiniifolia 3429 cm-1 e para M. tenuiflora. Essa típica banda larga para 
estiramento de O-H observadas nos espectros, segundo Bulut et al. (2009), é a consequência 
de uma confluência de bandas substituintes O-H em diferentes posições, em moléculas com 
diferentes graus de polimerização, e de múltiplas interações das moléculas de tanino com um 
substrato específico. 
37 
 
A região de alongamento C-H para compostos aromáticos ocorre na região entre 3100 
a 3000 cm-1, podendo estender-se até valores proximos a 2800 cm-1. Neste estudo foram 
observados pequenas bandas de vibração em torno de 2925 a 2852 cm-1 em M. tenuiflora, e 
entre 2928 a 2799 cm-1 em A. indica, que dizem respeito à movimentos vibracionais de 
alongamento C-H. Muito provavelmente, para ambos os tipos de taninos, as bandas 
representavam picos menores, uma vez que a ocorrência das interações e o grau de 
polimerização não afetaram significativamente as frequências vibracionais das estruturas 
moleculares, e a posição e intensidades das bandas não foram altamente modificadas, como 
descrito também por diversos outros estudos (COCCIARDI et al., 2005; SOTO et al., 2005; 
JAHANSHAEI et al., 2012; CHUPIN et al., 2013; FARIS et al., 2016). 
Segundo Ricci et al. (2015), a região de alongamento alifático é diagnóstica, pois pode 
fornecer informações sobre a metilação dos taninos condensados e hidrolisáveis. O 
alongamento de grupos CH alifáticos exibe bandas finas típicas na região espectral entre 3000 
a 2850 cm-1, mais especificamente em torno de 2970 a 2929 cm-1 para grupos metil e em torno 
de 2920 a 2780 cm-1 para substituintes metileno, o que foi observado no presente trabalho. 
 
 
Figura 8- Espectro FTIR dos extratos tânicos de Acacia mangium Willd., Azadirachta indica 
A. Juss, Mimosa tenuiflora Willd, e Mimosa caesalpiniifolia Benth. 
38 
 
 
Silverstein (1981) define que a região espectral entre 1620 a 1400 cm-1 refere-se 
principalmente a movimentos vibracionais dos grupos C = C nos anéis aromáticos com várias 
bandas de características fortes a médias. Segundo Ricci et al. (2015), nos taninos 
condensados, ocorre uma absorção dupla ou uma banda forte com um ombro entre 1620 e 
1610 cm-1. Nos extratos analisados neste estudo, esses eventos ocorreram nas bandas de 
vibração 1605, 1607 e 1604 cm-1 para M. caesalpiniifolia e M. tenuiflora, A. indica e A. 
mangium, respectivamente (Figura 8). O alongamento aromático C = C foi observado para os 
taninos de todas as espécies deste estudo, nas regiões espectrais 1580 a 1615 cm-1 e 1450 
a 1510 cm-1. De acordo com Fernández e Agostin (2007), essas estruturas não são 
significativamente afetadas por modificações estruturais devido a diferentes substituintes e 
graus de polimerização. 
Os taninos de M. caesalpiniifolia apresentaram as bandas C = C mais intensos. Esta 
informação combinada com o maior índice de Stiasny aqui determinado para os extratos desta 
espécie, reflete a alta pureza desses extratos. O alto índice de Stiasny combinado com altos 
picos C = C pode ser considerado como um indicador de pureza dos extratos de taninos de 
água quente, conforme relatado por Ntenga et al. (2017). 
Os picos observados em 1.567 cm-1 para M. caesalpiniifolia e A. indica, 1.468 cm-1 
para M. tenuiflora e 1.566 cm-1 para A. mangium confirmam a vibração de alongamento das 
ligações dos anéis aromáticos C = C presentes nos taninos condensados ( NTENGA et al., 
2017; SARTORI et al., 2018). Os picos localizados em 1.450 cm-1 (M. caesalpiniifolia), 1.447 
cm-1 (A. indica) e 1.454 cm-1 (A. mangium) resultam particularmente da combinação de flexão 
aromática de C-H, alongamento de C-O e deformação de C-OH (KONAI et al., 2017). A banda 
de 1.450 cm-1 observada no espectro de M. caesalpiniifolia pode estar relacionada à flexão 
assimétrica de CH3 do material proteico liberado junto com os taninos durante o processo de 
extração em água quente (KUMAR et al., 2012). 
Diversos autores atribuem bandas entre 1.451 a 1.340 cm-1 a deformações 
vibracionais de grupos metileno e metila (BADDI et al., 2004; EASTON et al., 2009; 
SIRVAITYTE et al., 2011). Eles argumentam que a presença simultânea de alongamento 
nítido na região espectral de 2.970 e 2.870 cm-1 e a ocorrência de bandas associadas a 
movimentos de flexão específicos observados de 1.460 a 1.380 e 1.330 cm-1, geralmente 
denominados deformação de guarda-chuva, constituem fortes evidências

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